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Microeconomia II - 2020.

Comportamento Monopolista

Marcos Puccioni de Oliveira Lyra


marcosplyra@gmail.com
29 de março de 2021
Anteriormente...
 Quando uma firma tem poder de mercado, é capaz de
estabelecer preços acima do custo marginal: é formadora de
preços
 Os dois casos extremos de poder de mercado são a concorrência
perfeita e o monopólio
 O monopólio gera uma alocação ineficiente conhecida como
perda de peso morto ou ônus do monopólio
 Decorrente da redução do número de unidades vendidas
 Em monopólio puro, a firma estabelece um único preço acima do
custo marginal que maximiza seus lucros em que se verifica que
𝑅𝑀𝑔 = 𝐶𝑀𝑔
Objetivo

 Estudar opções de comportamento da firma monopolista


em que esta é capaz de aumentar e explorar seu poder
de mercado
Estrutura da aula

 1) Discriminação de Preços – definição e tipos


 2) Discriminação de Preços de Primeiro Grau
 3) Discriminação de Preços de Segundo Grau
 4) Discriminação de Preços de Terceiro Grau
 5) Vinculação de Produtos
 6) Tarifas Bipartidas
 7) Resumo
Discriminação de Preços –
definição e tipos
O que é a discriminação de preços e quais tipos
existem?
Ônus do monopólio

 Em monopólio puro, o ponto em que o monopolista


produz é ineficiente
 Há consumidores dispostos a adquirir mais unidades de
produto a preços acima do custo de produzi-las!
 Monopolista não vende tais unidades pois o preço de todos
os bens seria reduzido
 Resultado: ônus do monopólio
Ônus do monopólio
Devido ao preço mais alto,
os consumidores perdem
Preço A+B e o produtor ganha
Perda de excedente
A-C.
do consumidor
CMg
Peso morto

Pm
A
B
PC C
RMe

RMg

Qm QC Quantidade
Discriminação de Preços

 A prática de vender diferentes unidades de produtos a


diferentes preços é chamada de discriminação de
preços. Geralmente são identificados três tipos de
discriminação de preços

 Discriminação de preços de Primeiro Grau


(discriminação perfeita de preços):
 Monopolista vende diferentes unidades de produto a
diferentes preços e os preços podem diferir de pessoa para
pessoa
Discriminação de Preços

 Discriminação de Preços de Segundo Grau (fixação de


preços não linear):
 Monopolista vende diferentes unidades de produto a
diferentes preços, mas cada consumidor que adquirir a
mesma quantidade de produto paga o mesmo preço
 Ex: desconto para compra em atacado

 Discriminação de Preços de Terceiro Grau:


 Monopolista vende diferentes unidades de produto a
diferentes preços, mas cada unidade vendida a
determinada pessoa é vendida pelo mesmo preço
 Ex: desconto para idosos e estudantes no cinema
Discriminação de preços
de Primeiro Grau
Como um monopólio pode resultar num mercado sem
ônus do monopólio?
Definição

 Cada unidade é vendida à pessoa que atribui maior


valor ao produto e ao seu preço de reserva
 Preço de reserva: preço máximo que o consumidor estaria
disposto a pagar por um produto
Preço
P1 Preços diferentes implicam maiores
lucros.
P2
P3
P4 CMg

P5
P6

RMg

Q Quantidade
Comparando com o Monopólio
Puro
Preço Com um único P4* (sem discriminação de preços)
haverá menos consumidores, e os que pagavam P1,
P1 P2 ou P3 obterão um excedente.
P2
P3
P4 * CMg

P5
P6

RMg

Q Quantidade
Discriminação de preços de
Primeiro Grau e Bem-Estar
 Não há excedente do consumidor: cada unidade é
vendida ao preço máximo que o consumidor estaria
disposto a pagar
 Não há ônus do monopólio, pois há uma alocação
eficiente: todos os consumidores dispostos a pagar um
preço acima do custo marginal conseguem adquirir o
bem
 Produção se dá no nível em que o preço se iguala ao CMg
 Todo o excedente disponível no mercado é do produtor
 A discriminação de preços de primeiro grau gera uma
solução eficiente no sentido de Pareto
 Lucro do produtor é o maior possível (não pode ser
aumentado) e excedente do consumidor não pode
aumentar sem reduzir o do produtor
O Excedente do Produtor

Excedente do
produtor

Q
Limitações

 A discriminação de preços de primeiro grau é difícil de


ser replicada no mundo real. É improvável haver uma
forma de identificar adequadamente o preço de reserva
de cada consumidor
 Se um consumidor A paga um preço x e B paga um preço
y, ambos os preços correspondentes ao preço de reserva
de A e B, tal que 𝑥 > 𝑦, A terá incentivo para se passar
por um consumidor com o preço de reserva de B. Se não
houver forma de identificar cada consumidor, não será
possível discriminar preços perfeitamente
Discriminação de preços
de Segundo Grau
Como o monopolista pode absorver uma parcela maior
do excedente do consumidor ofertando descontos de
acordo com a quantidade adquirida?
Definição

 Como a discriminação perfeita de preços é


frequentemente inviável, o produtor pode ofertar
preços não lineares
 Ex: desconto por quantidade (atacado x varejo)
 “Leve 4, pague 3”

 À medida que consumidor adquire mais unidades de


determinado produto, seu preço de reserva por
unidades extras diminui
Comparação com o Monopólio
Puro Sem discriminação (monopólio
puro), monopolista produz Q0 a
um preço P0
Preço

P1
Economias de escala permitem:
•Aumento do bem-estar do consumidor
P0
•Maiores lucros

P2
CMe
P3 CMg

D
RMg
Q1 Q0 Q2 Q3 Quantidade

1° faixa 2° faixa 3° faixa


Preços com diferentes
quantidades consumidas
Preço

P1

P2

P3

Q1 Q2 Q3 Quantidade
Discriminação de preços
de Terceiro Grau
Como o monopolista pode absorver uma parcela maior
do excedente do consumidor ofertando descontos para
determinados consumidores?
Definição

 Monopolista vende seu produto com preços diferentes


para pessoas diferentes, porém todas as unidades
vendidas a determinada pessoa são as mesmas
 Ex: desconto para idosos e estudantes no cinema
 Tipo mais comum de discriminação de preços
 Cada grupo de consumidores possui sua própria função
de demanda com diferentes elasticidades
 Grupos com menor elasticidade tendem a pagar preço
mais alto e vice-versa
Decisão de produção do
monopolista
 Vamos estudar o caso em que os consumidores são divididos
em dois grupos
 Dadas as duas curvas de demanda inversa, expressas por
𝑝1 𝑞1 e 𝑝2 (𝑞2 ), podemos escrever a função lucro como:
𝜋(𝑞1 , 𝑞2 ) = 𝑅1 𝑞1 + 𝑅2 𝑞2 − 𝐶 𝑞1 + 𝑞2
𝜋 𝑞1 , 𝑞2 = 𝑝1 𝑞1 + 𝑝2 𝑞2 − 𝐶 𝑞1 + 𝑞2
 Maximizando a função lucro, chegamos a duas condições de
primeira ordem:
𝜕𝜋
= 𝑅𝑀𝑔1 − 𝐶𝑀𝑔 = 0
𝜕𝑞1
𝑅𝑀𝑔1 = 𝐶𝑀𝑔
𝜕𝜋
= 𝑅𝑀𝑔2 − 𝐶𝑀𝑔 = 0
𝜕𝑞2
𝑅𝑀𝑔2 = 𝐶𝑀𝑔
𝑅𝑀𝑔1 = 𝑅𝑀𝑔2 = 𝐶𝑀𝑔
Preços e elasticidades:
demonstração
 Voltando à condição geral de maximização de lucros,
temos que:
1
𝑅𝑀𝑔1 = 𝑝1 1 −
𝜀1
1
𝑅𝑀𝑔2 = 𝑝2 1 −
𝜀2
 Como 𝑅𝑀𝑔1 = 𝐶𝑀𝑔 e 𝑅𝑀𝑔2 = 𝐶𝑀𝑔, temos:
1
𝑝1 1 − = 𝐶𝑀𝑔
𝜀1
1
𝑝2 1 − = 𝐶𝑀𝑔
𝜀2
Preços e elasticidades:
demonstração
 Reorganizando:
1
𝑝1 = 𝐶𝑀𝑔
1
1−
𝜀1
1
𝑝2 = 𝐶𝑀𝑔
1
1−
𝜀2

 Considerando que 𝑝1 > 𝑝2 , temos:


1 1
𝐶𝑀𝑔 > 𝐶𝑀𝑔
1 1
1− 1−
𝜀1 𝜀2
1 1
1− > 1−
𝜀2 𝜀1
Preços e elasticidades:
demonstração
1 1
<
𝜀2 𝜀1

𝜀2 > 𝜀1
 Logo, como 𝑝1 > 𝑝2 , podemos concluir que grupos com
menores elasticidade tendem a pagar preço mais alto e
vice-versa
Decisão de produção do
monopolista
Preço

P1

P2

Q1 Q2 QT Quantidade
Caso Especial: nenhuma
venda no mercado menor
O Grupo 1, com
Preço demanda D1, não está
disposto a pagar o
CMg suficiente para que
seja rentável discriminar
P* preços.

D2

RMg2

D1

RMg1 Q* Quantidade
Maximização de lucros com
curvas de demanda linear
 Suponha que o monopolista se defronte com um
mercado em que há duas curvas de demanda linear
dadas por 𝑞1 = 𝑎 − 𝑏𝑝1 e 𝑞2 = 𝑐 − 𝑑𝑝2 , custos marginais
iguais a zero e custos fixos F
𝜋 = 𝑝1 𝑞1 + 𝑝2 𝑞2 − 𝐹
 Podemos obter as curvas de demanda inversa
reorganizando as curvas de demanda:
𝑎 − 𝑞1
𝑝1 =
𝑏
𝑐 − 𝑞2
𝑝2 =
𝑑
 Reescrevendo a função lucro:
𝑎 − 𝑞1 𝑐 − 𝑞2
𝜋= 𝑞1 + 𝑞2 − 𝐶
𝑏 𝑑
Maximização de lucros com
curvas de demanda linear
 Maximizando a função lucro:
𝜕𝜋 𝑎 − 2𝑞1
= =0
𝜕𝑞1 𝑏
𝜕𝜋 𝑐 − 2𝑞1
= =0
𝜕𝑞2 𝑑
 Podemos encontrar as quantidades e preços que
maximizam lucros:
𝑞1∗ = 𝑎ൗ2
𝑞2∗ = 𝑐ൗ2
𝑝1∗ = 𝑎ൗ2𝑏
𝑝2∗ = 𝑐ൗ2𝑑
Maximização de lucros com
curvas de demanda linear
 O que ocorreria caso o monopolista fosse forçado a
vender por um único preço, se comportando como um
monopólio puro?
 A curva de demanda enfrentada pelo monopolista seria
dada por: 𝑞 = 𝑎 + 𝑐 − 𝑏 + 𝑑 𝑝.
 Reorganizando, função de demanda inversa seria:
𝑎+𝑐−𝑞
𝑝=
𝑏+𝑑
 Podemos reescrever a função lucro como:
𝑎+𝑐−𝑞
𝜋 = 𝑝𝑞 − 𝐹 = 𝑞−𝐹
𝑏+𝑑
Maximização de lucros com
curvas de demanda linear
 Maximizando o lucro, obtemos:
𝜕𝜋 𝑎 + 𝑐 − 2𝑞
= =0
𝜕𝑞 𝑏+𝑑
 A quantidade e preço que maximizam lucro são dadas
por:

𝑎+𝑐
𝑞 =
2
𝑎 + 𝑐
𝑝∗ =
2(𝑏 + 𝑑)
Maximização de lucros com
curvas de demanda linear
 Com discriminação de  Sem discriminação de
preços preços
𝑞1∗ = 𝑎ൗ2 𝑎+𝑐
𝑞∗ =
𝑞2∗ = 𝑐ൗ2 2
𝑎+𝑐
𝑝1∗ = 𝑎ൗ2𝑏 𝑝∗ =
2(𝑏 + 𝑑)
𝑝2∗ = 𝑐ൗ2𝑑

 Quando o monopolista passa a se comportar como em


um monopólio puro, a quantidade total produzida não
muda (𝑞 ∗ = 𝑞1∗ + 𝑞2∗ )
Exercício

 Considere um monopolista que se defronta com dois


mercados distintos caracterizados pelas funções inversas de
demanda 𝑝1 = 90 − 4𝑞1 e 𝑝2 = 170 – 10 𝑞2 e custo total
𝐶 = 40 + 20𝑄, lembrando que 𝑄 = 𝑞1 + 𝑞2 .
 a) Ache as quantidades maximizadoras de lucro
escolhidas pelo monopolista para cada mercado
 b) Ache os preços nos dois segmentos e o lucro do
monopolista
 c) Considere que o monopolista resolva não discriminar
preços (monopólio puro), ache preço, quantidades e
lucro (considere 𝑝 = 𝑝1 = 𝑝2 )
 d) Compare os dois resultados, qual lucro é maior,
quando o monopolista discrimina preços ou não?
Exercício

 a) Ache as quantidades maximizadoras de lucro


escolhidas pelo monopolista para cada mercado
𝜋 = 𝑅1 + 𝑅2 − 𝐶

𝜕𝜋
= 𝑅𝑀𝑔1 − 𝐶𝑀𝑔 = 0
𝜕𝑞1
𝑅𝑀𝑔1 = 𝐶𝑀𝑔

𝜕𝜋
= 𝑅𝑀𝑔2 − 𝐶𝑀𝑔 = 0
𝜕𝑞2
𝑅𝑀𝑔2 = 𝐶𝑀𝑔
Exercício

 a) Ache as quantidades maximizadoras de lucro escolhidas


pelo monopolista para cada mercado
 Encontrando a quantidade produzida para o mercado 1

𝑅1 = 𝑝1 . 𝑞1 = 90 − 4𝑞1 𝑞1 = 90𝑞1 − 4𝑞1 2

𝑅𝑀𝑔1 = 90 − 8𝑞1

𝐶 = 40 + 20𝑞1 + 20𝑞2

𝐶𝑀𝑔 = 20

𝑅𝑀𝑔1 = 𝐶𝑀𝑔

90 − 8𝑞1 = 20

𝒒𝟏 = 𝟖, 𝟕𝟓
Exercício

 a) Ache as quantidades maximizadoras de lucro


escolhidas pelo monopolista para cada mercado
 Encontrando a quantidade produzida para o mercado 2

𝑅𝑇2 = 𝑝2 . 𝑞2 = 170 − 10𝑞2 𝑞2 = 170𝑞2 − 10𝑞2 2


𝑅𝑀𝑔2 = 170 − 20𝑞2
𝐶𝑀𝑔 = 20

𝑅𝑀𝑔2 = 𝐶𝑀𝑔
170 − 20𝑞2 = 20
𝒒𝟐 = 𝟕, 𝟓
Exercício

 b) Ache os preços nos dois segmentos e o lucro do


monopolista
 Encontrando o preço
𝑝1 = 90 − 4𝑞1
𝒑𝟏 = 𝟗𝟎 − 𝟑𝟓 = 𝟓𝟓
𝑝2 = 170 − 10𝑞2
𝒑𝟐 = 𝟏𝟕𝟎 − 𝟕𝟓 = 𝟗𝟓
Exercício

 b) Ache os preços nos dois segmentos e o lucro do


monopolista
 Encontrando o lucro

𝜋 = 𝑅𝑇1 + 𝑅𝑇2 − 𝐶𝑇
𝜋 = 𝑝1 . 𝑞1 + 𝑝2 . 𝑞2 − 40 − 20𝑞1 − 20𝑞2
𝜋 = 55 . 8,75 + 95 .7,5 − 40 − 20 . 8,75 − 20 .7,5

𝝅 = 𝟖𝟐𝟖, 𝟕𝟓
Exercício

 c) Considere que o monopolista resolva não discriminar preços


(monopólio puro), ache preço, quantidades e lucro
 Curvas de demanda inversa com discriminação de preços:

𝑝1 = 90 − 4𝑞1

𝑝2 = 170 − 10𝑞2

Invertendo-as, temos:

90 − 𝑝1
𝑞1 =
4

170 − 𝑝2
𝑞2 =
10
Exercício

 c) Considere que o monopolista resolva não discriminar


preços (monopólio puro), ache preço, quantidades e
lucro
 Com a passagem para o monopólio puro, temos que 𝑝 =
𝑝1 = 𝑝2 :
90 − 𝑝
𝑞1 =
4

170 − 𝑝
𝑞2 =
10

Como 𝑞 = 𝑞1 + 𝑞2 :

90 − 𝑝 170 − 𝑝
𝑞= +
4 10

𝑞 = 39,5 − 0,35𝑝
Exercício

 c) Considere que o monopolista resolva não discriminar


preços (monopólio puro), ache preço, quantidades e
lucro
 Invertendo:
𝑝 = 112,9 − 2,9𝑞

Maximizando o Lucro

𝜋 = 𝑅𝑇 − 𝐶𝑇 = 𝑝. 𝑞 − 𝐶𝑇 = 112,9 − 2,9𝑞 𝑞 − 40 − 20𝑞

𝜋 = 92,9𝑞 − 2,9𝑞2 − 40

𝜕𝜋
= 92,9 − 5,8𝑞 = 0 → 𝒒 = 𝟏𝟔
𝜕𝑞
Exercício

 c) Considere que o monopolista resolva não discriminar


preços (monopólio puro), ache preço, quantidades e
lucro
 Invertendo:
𝑝 = 112,9 − 2,9𝑞

𝑝 = 112,9 − 2,9.16

𝒑 = 𝟔𝟔, 𝟓

𝜋 = 𝑝. 𝑞 − 40 − 20𝑞 = 16𝑥66,5 − 40 − 20𝑥16

𝝅 = 𝟕𝟎𝟒
Exercício

 d) Compare os dois resultados, qual lucro é maior,


quando o monopolista discrimina preços ou não?

 Quando o monopolista discrimina preços seus lucros


aumentam passando de 704 para 828,75
Vinculação de Produtos
Definição

 Quando um monopolista não pode discriminar preços,


uma alternativa para aumentar seus lucros é a
vinculação de produtos
 Vinculação de produtos: prática de vender dois ou mais
produtos em conjunto. Venda casa e bundling são
exemplos
 Venda casada: quando a compra de um produto está
condicionada à compra de outro
 Ex: Microsoft Office

 Bundling: quando um desconto é oferecido quando dois ou


mais produtos são comprados em conjunto
 Ex: Combos em restaurantes
Condições para vinculação

 A vinculação pode estar atrelado à:


 Redução de custos
 Complementariedade dos bens
 Para que a vinculação de produtos seja vantajosa para o
produtor, é preciso que:
 Consumidores sejam heterogêneos: A possui demanda
relativamente alta para um bem e baixa para outro em
relação à B
 Demanda entre os produtos seja negativamente
correlacionada: se A possui preço de reserva relativamente
alto para um bem, deve ter baixo para o outro
 Discriminação de preços não seja possível
Exemplo

 Suponha que João e Maria possuam diferentes preços de


reserva para demandar licenças para os softwares MS
Word e MS Excel, apresentados na tabela abaixo em
reais:

Tipo de Word Excel


consumidor
João 120 100
Maria 100 120
Exemplo

 Se a Microsoft optar por vender cada licença


separadamente, precisaria ofertar ambos por R$100
cada para que João e Maria adquiram os dois produtos.
A receita obtida seria R$400

 Agora suponha que a Microsoft opte por vender a


licença para os dois softwares em pacote. Se o valor do
pacote for R$220, ambos os consumidores irão adquirir a
licença e a receita será R$440.
Exemplo

 No exemplo anterior, podemos observar que quando as


licenças são vendidas separadamente, o valor da licença
é dado pelo consumidor com o menor preço de reserva

 A venda em pacote permite que o consumidor extraia


um excedente maior

 E o que aconteceria caso um único consumidor tivesse


preços de reserva mais altos para ambos os bens?
Exemplo 2

Tipo de Word Excel


consumidor
João 100 100
Maria 120 120

 Neste caso, o máximo que João estaria disposto a pagar


num pacote com as duas licenças é R$200
 Uma venda em pacote seria inviável e a Microsoft
poderia obter uma receita máxima de R$400
 Para que a venda em pacote ocorra, é importante que
as demandas sejam heterogêneas e que a demanda
entre os produtos seja negativamente relacionada
Tarifas Bipartidas
Definição

 A tarifa bipartida (ou tarifa em duas partes) é uma


forma de precificação em que é cobrada uma tarifa de
entrada e outra por unidade consumida
 Ex: parques de diversão, serviços de streaming de vídeo
(quando há cobrança de tarifa adicional por conteúdo),
aluguel de salão de festas no clube...
 Quando não é possível discriminar preços, esta
estratégia permite ao monopolista capturar o excedente
do consumidor
 Vamos estudar o caso em que há um único consumidor
ou grupo de consumidores
Caso 1: 𝑝 > 𝐶𝑀𝑔
Preço
Se o produtor cobra uma tarifa de
utilização P* acima do CMg, ele
T* obtém uma receita abaixo do total
do excedente do consumidor

P*
Lucro com utilização
CMg

Q* Quantidade
Caso 1: 𝑝 = 𝐶𝑀𝑔
Preço A taxa de utilização P* é determinada
de modo que CMg = D. A taxa de
T* entrada T* é igual ao
excedente do consumidor.

CMg
P*

Quantidade
 Quando há um consumidor (ou um grupo de
consumidores), estabelecer uma tarifa de utilização ao
nível do custo marginal garante que não haverá perda
de peso morto: todas as unidades possíveis de serem
produzidas a preços que não representam prejuízos ao
produtor são vendidas
 Para extrair o lucro máximo, o produtor estabelece uma
tarifa de entrada que iguale o excedente do consumidor
Outras práticas
 Algumas outras podem ser adotadas pelo monopolista
para manter ou expandir seu poder de mercado:

 Preços predatórios: estabelecer preços que representem


sacrifícios de lucro no curto prazo para forçar um
concorrente a deixar o mercado ou impedir a entrada
de outro
 Sobreinvestimento: investir mais do que seria lucrativo
no curto prazo para afastar possíveis entrantes
 Contratos de exclusividade com distribuidores: eleva os
custos de possíveis entrantes
Resumo

 Um monopolista pode adotar algumas estratégias para


expandir seus lucros: discriminar preços, praticar
vinculação de produto, cobrar tarifas bipartidas,
estabelecer preços predatórios, realizar
sobreinvestimento e firmar contratos de exclusividade
 A discriminação de preços pode se das através da
cobrança de preços iguais ao preço de reserva de cada
consumidor, oferecendo desconto por quantidade
adquiridas ou para determinados consumidores (ou
grupos)
 Em todos os casos é possível aumentar o lucro do
monopolista
Resumo

 A vinculação de produto permite obter lucros maiores


quando há consumidores heterogêneos e a demanda
entre os dois ou mais produtos do pacote forem
negativamente relacionadas
 A tarifa em duas partes permite que o monopolista
extraia todo o excedente do consumidor

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