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DIA 02 – PROCESSO CIVL – TEORIA GERAL DO PROCESSO E PRINCIPIOS PROCESSUAIS

 O Processo Civil é o ramo do direito que contém as regras e os princípios que tratam da jurisdição
civil, isto é, da aplicação da lei aos casos concretos, para a solução dos conflitos de interesses pelo Estado-juiz.
O conflito entre sujeitos é condição necessária, mas não suficiente para que incidam as normas de processo, só
aplicáveis quando se recorre ao Poder Judiciário, sendo-lhe apresentada uma pretensão. Ou seja, se tivermos o
conflito, mas uma das partes não for apresentar a pretensão que quer obter dessa lide, não faz sentido o uso
do Estado-Juiz para resolução do conflito.

 LEI PROCESSUAL CIVIL NO ESPAÇO: O Brasil adotou como regra o princípio da territorialidade,
segundo o qual as normas de processo civil têm validade e eficácia, em caráter exclusivo, sobre todo o território
nacional, ressalvadas apenas as disposições específicas previstas em tratado, convenções ou acordos
internacionais de que o Brasil seja parte.

Obs.: Não confunda as normas de processo com as de direito material, aplicadas à relação jurídica discutida no
processo. É possível que, em um processo no Brasil, o juiz profira sentença aplicando norma de direito material
estrangeiro. Quanto aos processos que correm e as sentenças estrangeiras, a regra é a da total ineficácia em
território nacional, salvo se houver homologação do Superior Tribunal de Justiça! Direito material é o direito
em si, o que está sendo discutido na lide, já o direito processual são os procedimentos adotados para solucionar
essa lide.
 LEI PROCESSUAL CIVIL NO TEMPO: Com frequência, as próprias normas de processo indicam o prazo
de vacatio legis. Se não o fizerem, aplica-se o art. 1º da LINDB (Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar
em todo o país 45 (quarenta e cinco dias) depois de oficialmente publicada). A vigência estende-se até que seja
revogada por lei posterior, que expressamente o declare ou quando com ela seja incompatível ou regule
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

A regra, pois, é que as normas de processo tenham incidência imediata, atingindo os processos em curso,
conforme o princípio do tempus regit actum. Nenhum litigante tem direito adquirido a que o processo iniciado
na vigência da lei antiga continue sendo por ela regulado, em detrimento da lei nova.

a) Isolamento dos atos processuais: A lei nova deve respeitar os atos processuais já realizados e consumados.
O processo deve ser considerado um encadeamento de atos isolados: os que já foram realizados na vigência da
lei antiga persistem, já os que ainda serão praticados deverão respeitar a lei nova. Em suma:

(i) A lei processual atinge os processos em andamento;


(ii) Vige o princípio do isolamento dos atos processuais: a lei nova preserva os já realizados e aplica-se àqueles
que estão por se realizar;
(iii) A lei nova não pode retroagir para prejudicar direitos processuais adquiridos.

 DIREITO PROCESSUAL CIVIL MODERNO – NEOPROCESSUALISMO: A busca atual e os novos rumos do


processo dirigem-se para a universalização da justiça, com facilitação do seu acesso, melhor distribuição dos
ônus da demora do processo, além da tutela de interesses que, por estarem fragmentados entre os membros
da coletividade, não eram adequadamente protegidos.
A isso, deve-se acrescentar a tendência de constitucionalização do direito. Sabe-se que o ordenamento
jurídico é composto de normas estabelecidas de forma hierárquica. O topo da pirâmide é ocupado pela
Constituição Federal, e todas as normas infraconstitucionais devem extrair dela a sua validade. Os princípios
fundamentais do processo civil estão na Constituição, e as normas processuais devem ser interpretadas sob a
ótica constitucionalista, respeitando as diretrizes por ela estabelecidas, sendo tal movimento chamado de
Neoprocessualismo. Nesse sentido reza o art. 1º e art. 8º do NCPC:

Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições
deste Código.

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade,
a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Em suma, o Neoprocessualismo, ou, ainda, o direito processual civil moderno, busca:

a) Facilitação do acesso à justiça: a lei deve adotar mecanismos que permitam a todos levar ao Judiciário os seus
conflitos, reduzindo-se a possibilidade da chamada “litigiosidade contida”, em que a insatisfação não é levada
a juízo.

b) Duração razoável do processo: a demora na solução dos conflitos traz ônus àquele que ingressa em juízo, o
que estimula o adversário a tentar prolongar indefinidamente o processo. Devem-se buscar mecanismos que
repartam esses ônus.

c) Instrumentalidade: o processo é instrumento que deve ser sempre o mais adequado possível para fazer valer
o direito material.

d) Tutela de interesses coletivos e difusos: é decorrência direta da exigência de garantia de acesso à justiça.

e) Universalização: todos os valores aqui mencionados poderiam ser resumidos neste: a busca pela
democratização e universalização da justiça, única situação em que o Judiciário cumprirá idealmente o seu
papel, que é o de assegurar a todos a integral proteção de seus direitos.

f) Busca de formas alternativas de solução de conflitos: ao mesmo tempo em que a Constituição assegura a
todos o acesso à justiça, a lei processual estimula a busca pela solução consensual dos conflitos de interesses e
assegura o uso da arbitragem, na forma legal.

g) Constitucionalização do direito processual: os princípios do processo civil estão, em grande parte, na


Constituição, e as normas devem ser interpretadas sob a ótica constitucional, o que permite falar em um direito
constitucional processual.

h) Efetividade do processo: está relacionada a todos os princípios anteriores. O processo tem de ser instrumento
eficaz de solução dos conflitos. A técnica não deve ser um fim último, mas estar a serviço de uma finalidade,
qual seja, a obtenção de resultado que atenda ao que se espera do processo.
Obs.: Essa visão constitucional do direito processual civil teve um impacto muito grande nos Tribunais
Superiores. Isso porque, ao estabelecer as normas e princípios fundamentais, o NCPC aproximou
demasiadamente a legislação infraconstitucional da CF, levando os juristas a refletir acerca da Súmula 636 do
STF, posto que o STF sempre entendeu que o recurso extraordinário não é cabível em virtude de violação
indireta ou reflexa da CF. O problema é que, prevendo o NCPC em seu texto, os princípios do contraditório, da
ampla defesa, legalidade, publicidade, direito de ação, dentre outros, resulta em eventual violação direta do
NCPC e da CF/88 igualmente, o que causa um risco da potencialização ou ampliação da recorribilidade de
decisões de segundo grau pela via do recurso extraordinário ou recurso especial. O recurso extraordinário tem
como objeto questões de direito constitucional, enquanto que o recurso especial se volta para análise de
questões de direito infraconstitucional Federal.

PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL

 Princípio do devido processo legal: Também chamado de princípio da legalidade diz que ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Desse princípio derivam todos os demais.
Além disso, o Judiciário deve observar as garantias inerentes ao Estado de direito, bem como deve respeitar a
lei, assegurando a cada um o que é seu. O devido processo legal se divide em dois, a saber:
1) Devido processo legal formal: diz respeito ao processo, às garantias que ele deve respeitar e ao regramento
legal que deve obedecer.

2) Devido processo legal substancial: constitui autolimitação ao poder estatal, que não pode editar normas que
ofendam a razoabilidade e afrontem as bases do regime democrático.

 Princípio do acesso à justiça (inafastabilidade da jurisdição): Também chamado de princípio da


inafastabilidade da jurisdição diz que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito. O texto assegura o direito à proteção judicial efetiva.
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados
por juízes, advogados, defensores públicos e membros do MP, inclusive no curso do processo judicial.
Ele se traduz no direito de ação em sentido amplo, isto é, o de obter do Poder Judiciário uma resposta aos
requerimentos a ele dirigidos. Esse direito é amplo e incondicional: o Judiciário não pode se recusar a examinar
e a responder os pedidos que lhe foram formulados.

Obs.: Nos parágrafos do art. 3º, o legislador previu métodos alternativos de solução dos conflitos (a
arbitragem, a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual). A Lei de Arbitragem permitiu
aos conflitantes atribuir a solução a um árbitro, que proferirá sua decisão com força de sentença, sem
necessidade de posterior homologação do Poder Judiciário. O STF decidiu que não há inconstitucionalidade,
nem ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição em relação à previsão dos métodos alternativos de
solução de conflitos.
a) Exceções constitucionais:
A primeira exceção compreende as penas disciplinares aplicadas aos militares: Não caberá habeas corpus em
relação a punições disciplinares militares.
A segunda hipótese é o caso da Justiça Desportiva, estabelecendo que não se permitirá o ingresso na Justiça
Comum, salvo se estiver esgotado o procedimento perante a Justiça Desportiva. A justiça desportiva terá o prazo
máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.
b) Requerimento administrativo
Durante muitos anos no Brasil se entendeu que o prévio requerimento administrativo não era condição para o
exercício do direito de ação. A pessoa poderia perfeitamente ajuizar uma ação na justiça sem ter requerido
previamente aquilo para o órgão administrativo próprio.
Acontece que esse entendimento foi objeto de muita resistência, principalmente pelos juízes de 1ª instância. O
tema chegou ao STF, entendendo que, salvo nas hipóteses em que já se sabe que o pedido será indeferido, o
requerimento administrativo é determinante para aquilatar o interesse de agir. O STF entendeu que isso não
viola o princípio da inafastabilidade do controle judicial. Entenderam os ministros que vedar o acesso à justiça
não é o mesmo que condicioná-lo.
Da mesma forma, o STJ passou a aplicar tal entendimento para as ações exibitórias de documento, em que a
pessoa precisa ver o documento para, após, decidir se ajuíza ou não a ação. O STJ entende que a parte deve
antes, para ter direito à exibição em juízo, comprovar que requereu à instituição financeira ou à concessionária,
por exemplo, a exibição e que esta não foi feita num prazo razoável.
Obs.: EM REGRA, é indispensável o prévio requerimento administrativo do benefício no INSS (não é necessário
o esgotamento da via administrativa). Caso contrário, não há, em regra, interesse de agir, já que havia a
possibilidade de seu pedido ter sido atendido pelo INSS na via administrativa. De efeito, excluiu-se da exigência
do prévio requerimento administrativo pedidos em que seja notório o indeferimento pelo INSS (tese jurídica),
pois nestes casos é certo que a autarquia previdenciária vai indeferir o pedido. Outrossim, as ações de revisão
de benefício previdenciário também dispensam o prévio requerimento, pois cabe ao INSS promover a revisão
de ofício no exercício do dever-poder de autotutela, salvo quando haja a necessidade de alguma apreciação
fática que seja ônus do segurado ou do seu dependente, a exemplo de revisão com base em decisão da Justiça
do Trabalho.
Assim, dispensou-se o prévio requerimento administrativo nas seguintes hipóteses:
a) Tese jurídica notoriamente rejeitada pelo INSS;
b) Negativa comprovada de protocolo do pedido administrativo;
c) Nas ações de revisão de benefício previdenciário, salvo se depender de dilação probatória a cargo do
segurado ou de seu dependente;
d) Apresentação de contestação de mérito pelo INSS resistindo à pretensão deduzida em Juízo;
e) Extrapolação do prazo para tomada da decisão administrativa na Agência do INSS (45 dias);
f)Ações judiciais propostas nos Juizados Itinerantes.
 Princípio do contraditório: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Do contraditório resultam duas exigências: a de se dar ciência aos réus, executados e interessados, da existência
do processo, e aos litigantes de tudo o que nele se passa; e a de permitir-lhes que se manifestem, que
apresentem suas razões, que se oponham à pretensão do adversário. Veda-se assim a decisão-surpresa, em que
o juiz se vale de fundamento suscitado de ofício, sem dar às partes oportunidade de manifestação.

Exceções (contraditório diferido/postergado): O art. 9º traz exceções ao contraditório, oportunidade em que


este será diferido/postergado, ou seja, é exercido posteriormente.
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - À tutela provisória de urgência (risco de perda do direito);
II - Às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III (direito altamente provável);
III - À decisão prevista no art. 701 (ação monitória)
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não
se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir
de ofício.
O direito ao contraditório deve permitir o conhecimento dos atos processuais, a participação/manifestação nos
autos e a real possibilidade de influência na decisão.

(i) Conhecer: Para que se exerça o contraditório, a parte precisa saber o que está acontecendo, através de
citação, intimação.
(ii) Participar: A parte deve poder manifestar-se no processo, a fim de provar suas alegações (direito de produzir
prova). O processo civil difere do processo penal nesse ponto, pois neste o contraditório é obrigatório, devendo
o juiz nomear compulsoriamente um advogado ou um defensor público, caso o acusado não o faça. No processo
civil, o contraditório é uma oportunidade, ou seja, é opcional. Basta que assegure o direito de se manifestar e
provar.
(iii) Influir: O juiz deve apreciar as alegações das partes. Nos termos do art. 10 do NCPC, o juiz pode conhecer
inúmeras matérias de ofício, mas, para que o contraditório se faça presente, é necessário que o juiz ouça as
partes, para que possam influir na decisão.

 Princípio da duração razoável do processo: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são


assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação.
Tal princípio está previsto no art. 4º NCPC, explicitando que ele também se estende à atividade satisfativa: As
partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Esse princípio é dirigido, em primeiro lugar, ao legislador, que deve editar leis que acelerem e não travem o
andamento dos processos. Em segundo lugar, ao administrador, que deverá zelar pela manutenção adequada
dos órgãos judiciários, aparelhando-os a dar efetividade à norma constitucional. E, por fim, aos juízes, que, no
exercício de suas atividades, devem diligenciar para que o processo caminhe para uma solução rápida, de modo
a buscar os melhores resultados possíveis, com a maior economia possível de esforços, despesas e tempo.
a) Distinção com direito à celeridade (garantias processuais): Não se pode confundir razoável duração do
processo com celeridade. O NCPC não prometeu um processo rápido, célere, mas sim um processo em tempo
razoável. Vejamos alguns dispositivos que não são a favor da celeridade:

(i) Art. 219 do NCPC: Contagem dos prazos em dias úteis.


(ii) Art. 220 do NCPC: Os prazos processuais ficam parados de 20 de dezembro a 20 de janeiro.
(iii) Art. 10 do NCPC: Trata do contraditório, não podendo negar que é contrário à celeridade, mas ele
democratiza o processo. O juiz não poder decidir questões de ofício sem ouvir previamente as partes não
acelera, mas atrasa.
b) Reflexos no 233/236, 311, 332, 356, etc., CPC: Há alguns dispositivos no NCPC que visam assegurar a duração
razoável do processo.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, quando:
I - Ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - As alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso
em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor,
a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - Enunciado de súmula do STF ou do STJ;
II - Acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - Enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de
decadência ou de prescrição.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não
houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
c) Indenização e MS contra letargia? Existem medidas que podem acelerar o trâmite do processo, contra a
letargia. Existem autores, em posição minoritária, que defendem o cabimento de mandado de segurança contra
a omissão judicial, bem como diante da constatação de que foi frustrada, de que não foi observada a disposição
que fala dos prazos e da penalidade do juiz (art. 235, NCPC). Outros autores entendem que não cabe mandado
de segurança, mas caberia ação de indenização contra o Estado por letargia da máquina judiciária.
 Princípio da isonomia: Esse princípio vem assegurar que todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza. Sob o aspecto processual, a isonomia revela-se pela necessidade de dar às partes
tratamento igualitário em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais.

O princípio deve, primeiramente, orientar o legislador na edição de leis, que devem dar tratamento igualitário
aos litigantes; depois, deve nortear os julgamentos, orientando o juiz na condução do processo.

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades


processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao
juiz zelar pelo efetivo contraditório.
a) Igualdade formal/processual e igualdade material/real:

(i) Igualdade formal/processual: A igualdade formal consiste no tratamento igualitário a todos, sem levar em
consideração eventuais diferenças entre os sujeitos de direito.

(ii) Igualdade material/real: Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida da sua
desigualdade. Quando as pessoas estiverem em situação de igualdade, devem receber tratamento igualitário;
mas quando forem diferentes, e estiverem em situação de desequilíbrio, isso deve ser considerado.

b) Reflexos: O princípio da isonomia material possui reflexo nos seguintes artigos do NCPC:
(i) Os prazos maiores que a lei concede ao MP e à Fazenda Pública para manifestar-se nos autos. esses entes
têm prazo em dobro para manifestar-se nos autos. Conquanto pareça um privilégio, não há
inconstitucionalidade, porque o legislador considerou que os beneficiários se distinguem dos litigantes comuns,
por atuarem em uma quantidade de processos muito maior.

(ii) Os prazos em dobro concedidos à Defensoria Pública e àqueles que gozam do benefício da justiça gratuita e
são patrocinados por entidades públicas, organizadas e mantidas pelo Estado. Não são todos os beneficiários
da justiça gratuita que recebem o benefício do prazo, mas apenas aqueles representados pela Defensoria
Pública e pela Procuradoria do Estado (o benefício estende-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades
de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de
convênios firmados com a Defensoria Pública.

(iii) Remessa necessária. Trata-se de benefício concedido à Fazenda Pública. As sentenças contra ela proferidas,
em que haja sucumbência, não transitam em julgado, senão depois de reexaminadas pela instância superior.
Mesmo que não haja recurso voluntário das partes, a eficácia da sentença depende de tal reexame. Esse
privilégio se mantém no sistema, e não foi reconhecida a sua inconstitucionalidade. Argumenta-se que, como
os bens da Fazenda são públicos, conviria que as sentenças que lhe impõem sucumbência fossem examinadas
por juízes mais experientes, que compõem os tribunais.

(iv) Execução em face da Fazenda. As execuções contra a Fazenda não podem seguir o procedimento comum,
porque os seus bens, sendo públicos, são impenhoráveis. Daí a execução por quantia contra a Fazenda, salvo as
exceções legais, processar-se com a expedição de precatório, e não por meio de penhora.
(v) Prioridade de tramitação e desnecessidade de se observar a ordem cronológica preferencial de conclusão
para proferir sentença ou acórdão, nos casos de preferência legal. A lei estabelece prioridade de tramitação em
favor da parte ou interessado com idade superior a 60 anos ou que seja portador de doença grave. A prioridade
afasta a incidência do art. 12, que determina aos juízes e tribunais que observem preferencialmente a ordem
cronológica de conclusões para proferir sentença ou acórdão. Não há nenhuma ofensa ao princípio da isonomia,
porque as circunstâncias pessoais das partes ou dos interessados, nos casos mencionados por lei, justificam a
prioridade.

 Princípio da obediência à ordem cronológica dos processos: Não há necessidade de se observar a


ordem cronológica em todos os pronunciamentos judiciais (mas o dispositivo menciona a palavra
“preferencialmente”). O art. 12 faz expressa referência à sentença e a acórdãos. O dispositivo não se aplica,
portanto, aos despachos e decisões interlocutórias, bem como às decisões proferidas monocraticamente nos
Tribunais, já que nestas não há acórdão.

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir
sentença ou acórdão.
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública
em cartório e na rede mundial de computadores.

Exceções:

§ 2o Estão excluídos da regra do caput:


I - As sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido;
II - O julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos
repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - O julgamento de embargos de declaração;
VI - O julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo CNJ;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - A causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências
legais.
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1 o, o requerimento formulado pela parte não altera a
ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão do
julgamento em diligência.
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente
se encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o processo que:
I - Tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de
complementação da instrução;
Vale lembrar que o rol das exceções do § 2º do art. 12 não é taxativo, mas meramente exemplificativo. A ordem
cronológica deve ser preferencial, e não necessariamente observada, podendo haver inversão sempre que haja
justificativa razoável para tanto.

 Princípio da imparcialidade do juiz (juiz natural): dispõe que ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente, e o segundo, que não haverá juízo ou tribunal de exceção. O
juiz natural é aquele cuja competência é apurada de acordo com regras previamente existentes no ordenamento
jurídico, e que não pode ser modificada a posteriori.

a) O princípio do juiz natural e a alteração de competência: Apesar de a regra ser a perpetuação da jurisdição,
ela possui algumas exceções, como, por exemplo, leis novas que suprimam o órgão jurisdicional ou que alterem
a competência absoluta devem ser aplicadas aos processos em curso.

b) Princípio do promotor natural: A CF não se limitou a determinar que ninguém será sentenciado, senão pela
autoridade competente, acrescentando que ninguém será processado, senão por ela. Ao formular essa regra,
deu ensejo a que surgisse grande discussão sobre se teria sido ou não acolhido, entre nós, um princípio do
promotor natural. Promotor natural seria aquele com atribuições previamente conhecidas e fixadas para
acompanhar determinado caso e indicadas em regras anteriormente estabelecidas. Esse princípio consagra uma
garantia de ordem pública, destinada tanto a proteger o membro do Ministério Público quanto a própria
coletividade, a quem se reconhece o direito de ver atuando, em quaisquer causas, apenas o promotor cuja
intervenção se justifique a partir de critérios abstratos e predeterminados, estabelecidos em lei. A matriz
constitucional desse princípio assenta-se nas cláusulas da independência funcional e da inamovibilidade dos
membros da instituição.

c) Princípio do defensor natural: O princípio do defensor público natural assegura ao assistido o direito de ser
patrocinado pelo membro da defensoria pública investido de atribuição legal previamente traçada por critérios
objetivos e abstratos, evitando-se manipulações ou designações casuísticas. Diante da unidade e da
indivisibilidade da defensoria pública, o usuário de seus serviços não pode escolher o defensor público que
atuará na defesa de seus interesses. Designação de defensor dativo para audiência em que Defensor Público
não pode participar e inexistência de violação ao princípio do defensor natural. Juiz negou pedido da Defensoria
Pública para adiar audiência de instrução considerando que, naquela data, o Defensor Público que fazia a
assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada em outra comarca. O magistrado, diante da ausência
do Defensor, designou defensor dativo para acompanhar o réu na audiência. O STF entendeu que não houve
violação aos princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural”.

 Princípio do duplo grau de jurisdição: Examinando o texto constitucional, vemos que não há nenhum
dispositivo que preceitue, de forma expressa, o duplo grau de jurisdição em todos os processos. O que se pode
dizer, no entanto, é que a Constituição Federal, ao criar juízos e Tribunais, estabeleceu um sistema em que,
normalmente, há o duplo grau, que serve para promover o controle dos atos judiciais quando houver
inconformismo das partes, submetendo-os à apreciação de um órgão de superior instância, composto, em regra,
por juízes mais experientes.
Obs.1: Vale lembrar que há hipóteses previstas no NCPC em que não existe o duplo grau de jurisdição e, nem
por isso, ocorre a inconstitucionalidade. Ex: competência originária do STF.

Obs.2: apesar de não possuir previsão expressa em nossa Constituição Federal de 1988, o duplo grau de
jurisdição veio expresso na Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) - Pacto de San José da Costa
Rica.

 Princípio da publicidade: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem; e as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
sessão pública.
A publicidade, portanto, tem uma dupla dimensão:

(i) Publicidade interna: dirigida aos sujeitos do processo.

(ii) Publicidade externa: dirigida a terceiros. É a mais relevante, já que não há maiores problemas com a
publicidade interna.

A publicidade é mecanismo de controle das decisões judiciais, que permite à sociedade conhecê-las e fiscalizar
os seus juízes e tribunais. No entanto, a própria Constituição estabelece alguns casos em que a publicidade
poderá ser restringida por lei, o que regulamenta o art. 189 do CPC.

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.

Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus
advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

 Princípio da motivação das decisões judiciais: determina que serão públicos todos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Em caso de falta de
motivação, qualquer dos litigantes poderá valer-se dos embargos de declaração, solicitando ao juiz que explique
os fundamentos de sua decisão. Ou poderá valer-se do recurso adequado para postular a nulidade da decisão.
Obs.: Apenas os despachos dispensam fundamentação, pois não possuem conteúdo decisório!
1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
que:
I - Se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa
ou a questão decidida;
II - Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
V - Se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar
a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL
 Princípio da persuasão racional (“livre” convencimento motivado): cumpre ao juiz formar o seu convencimento
livremente, examinando as provas produzidas. Mas essa convicção tem de estar embasada e fundamentada nos
elementos que constam dos autos.
Art. 371 do CPC. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver
promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.

 Princípio da boa-fé: O CPC de 1973 já continha, não propriamente um princípio geral de boa-fé, mas a
determinação, incluída entre os deveres de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo, de
que procedessem com lealdade e boa-fé (art. 14, III, do CPC anterior). A novidade é que o CPC atual elevou a
exigência da boa-fé à categoria principiológica, de norma fundamental do processo civil.
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
Obs.1: Importou-se do Direito Civil a regra. Assim, as partes devem portar-se de maneira proba. Não se analisa
o elemento anímico, ou seja, não se analisa a boa-fé subjetiva. O Código disciplina a boa-fé objetiva, consistindo
num atributo do comportamento dos sujeitos do processo, independentemente do elemento volitivo. Isto é,
"basta que determinado ato processual seja apontado como desleal, em uma visão objetiva, para que seu
agente, independentemente de ter agido com boa intenção, seja considerado incurso em má-fé". Assim, o juiz,
na condução do processo, poderá punir as partes que incorrerem em atos procrastinatórios, aplicando multas
por litigância de má-fé, como forma de coibir práticas abusivas e dilações indevidas e, ao mesmo tempo, de
propiciar compensações aos que, de alguma maneira, forem prejudicados com a demora no processo.
Obs.2: Para que haja a condenação ao pagamento da indenização por litigância de má-fé, prevista no art. 81
do novel CPC, é necessário que haja comprovação de prejuízo pela parte? NÃO! Esse é o entendimento do STJ.
Aliás, tal indenização tanto por ser pleiteada pela parte quanto concedida de ofício pelo juiz.

 Princípio da cooperação: Constitui desdobramento do princípio da boa-fé e da lealdade processual.


Exige não apenas que as partes concordem ou ajudem uma à outra — já que não se pode esquecer que há um
litígio entre elas —, mas que colaborem para que o processo evolua adequadamente.
O princípio da cooperação exige do magistrado que observe:
(i) O dever de esclarecer as partes sobre eventuais dúvidas a respeito de suas determinações;
(ii) O de consultá-las a respeito de dúvidas com relação às alegações formuladas e às diligências solicitadas;
(iii) Preveni-las quanto a eventuais deficiências ou insuficiências de suas manifestações.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.
Entretanto, não somente o juiz deve colaborar para a tutela efetiva, célere e adequada. O novo direito
processual defende a necessidade de uma “democracia participativa” no processo, com o consequente
exercício mais ativo da cidadania, inclusive de natureza processual. Nesse sentido o art. 5º do projeto
do CPC estabelece que “as partes têm direito de participar ativamente do processo, cooperando com o juiz e
fornecendo-lhe subsídios para que profira decisões, realize atos executivos ou determine a prática de
medidas de urgência”.
 Princípio da primazia da decisão de mérito: O princípio da primazia da decisão do mérito está voltado
para a superação dos vícios processuais sanáveis, onde o julgador abre oportunidade para que as partes façam
a sua correção, possibilitando a análise do mérito e a consequente solução do conflito por meio
da decisão judicial. Para o NCPC o que importa é a apreciação do mérito pelo magistrado; ou seja, a decisão de
mérito é prioritária em relação à decisão que não é de mérito.
 Princípio da autonomia da vontade: A autonomia da vontade rege as relações privadas, sendo princípio
basilar do Direito Civil. Consiste, ademais, em um dos aspectos/conteúdos/dimensões da liberdade. Poder de
autorregular-se. O princípio tem por objetivo, portanto, tornar o processo ambiente propício, não hostil, ao
exercício da liberdade, sem restrições irrazoáveis ou injustificáveis.
Este princípio é implícito. Há, todavia, uma série de normas expressas que podem ser conduzidas ao princípio
em estudo. Veja-se:
 Consagração do princípio da promoção da autocomposição pelo NCPC: o Estado prestigia a vontade das
partes de conciliar/resolver o feito à imposição de decisão judicial (art. 2o, da nova Lei de Arbitragem).
 Quem determina o conteúdo do processo é a vontade das partes (princípio da inércia e congruência),
devendo esta ser respeitada.
 O NCPC consagra um número expressivo de negócios jurídicos processuais típicos (expressamente
previstos). E negócio jurídico é, por excelência, manifestação da autonomia da vontade. Ex.: escolha consensual
do perito pelas partes; a elaboração do calendário processual conjuntamente pelas partes e juiz.
 O NCPC, em seu art. 190, consagra a possibilidade de negócios processuais atípicos. Este dispositivo
evidencia que as partes exercem função ativa e relevante dentro do processo.
 Prestígio da arbitragem pelo NCPC, cujo processo é inteiramente modulado pela autonomia da vontade
das partes.
 Princípio da proteção da confiança: Alguns autores chegam a dizer que é a dimensão subjetiva da
segurança jurídica. É princípio que impõe a proteção de alguém que acreditou em um ato do Estado e que
depois viu sua crença ser frustrada por um ato do próprio Estado. Esse comportamento do Estado desequilibra
a segurança jurídica.
O NCPC organiza um sistema da precedentes obrigatórios, operando a proteção da confiança em três aspectos:

 Os tribunais passam a ter o dever de uniformizar a sua jurisprudência;


 Os tribunais têm o dever de, mediante a alteração da jurisprudência, resguardar a confiança de quem
acreditava em um entendimento que, até então, era pacífico.
 Em qualquer decisão em que haja uma quebra da estabilidade de um ato normativo (base de
confiança longeva), é prudente que o julgador crie regras de transição entre a posição anterior e a nova. Trata-
se da chamada modulação de efeitos. Um exemplo claro disso é o julgamento da demarcação da reserva
indígena da Raposa Serra do Sol, no qual o STF criou 18 regras de transição.
PROCESSO CIVIL
 PROCESSOS NO DIREITO PRICESSUAL CIVIL: no processo civil as ações se dividem de acordo com o
tipo de provimento jurisdicional requerido, a saber:

AÇÕES DE CONHECIMENTO: são as ações que invocam uma tutela a ser desenvolvida num processo por meio
do qual o juiz possa ter, ao final, a plena cognição do conflito de interesses, proferindo uma sentença na qual
aplicará a lei ao caso concreto. Estaremos diante de uma ação de conhecimento quando o autor requer ao poder
judiciário uma decisão sobre o mérito de sua pretensão, a fim de que um terceiro, o réu, seja compelido a
realizar uma prestação em seu favor, positiva ou negativa. Este processo desenvolve-se mediante a produção
de provas, encerrando-se pela prolação de uma sentença de conteúdo declaratório, condenatório ou
constitutivo.

AÇÕES MERAMENTE DECLARATÓRIAS: as ações meramente declaratórias ou declaratórias propriamente ditas,


na qualidade de ações de conhecimento, visam, assim como as demais ações desse gênero, obter uma
declaração quanto a uma relação jurídica, de maneira a desfazer a dúvida geradora do conflito de interesses.
Portanto, nesse tipo de ação, a pretensão restará satisfeita com a mera declaração judicial, inexistindo a
necessidade de execução do julgado; todavia, o STJ admite a execução da sentença declaratória desde que a
mesma contenha um conteúdo condenatório no sentido de compelir o réu a um fazer, não fazer, entregar coisa
ou pagar quantia.

AÇÕES CONSTITUTIVAS: trata-se de ações que, além de declaração do direito, tem por escopo a criação,
modificação ou extinção de relações jurídicas, como, por exemplo, o divórcio, a investigação de paternidade,
etc.

AÇÕES CONDENATÓRIAS: as ações condenatórias se prestam à imposição de uma sanção, isto é, uma
determinação cogente, sob pena de execução coercitiva, como, por exemplo, a ação de cobrança de dívida.
Assim, além da declaração quanto à existência ou não de uma relação jurídica, a sentença condenatória aplica
ao réu uma sanção como consequência da desobediência ao imperativo legal. Como tais ações têm por escopo
obter a condenação do réu numa prestação em favor do autor, positiva ou negativa, elas originam uma sentença
que valha para o autor como um título executivo.

AÇÕES MANDAMENTAIS E EXECUTÓRIAS: as ações mandamentais e executórias lato sensu se assemelham às


ações condenatórias, diferindo apenas no tocante à parte executiva. Ou seja, enquanto nas ações condenatórias
a efetivação da prestação pressupõe uma fase executiva, nas ações mandamentais e executórias lato sensu a
sentença produz seus efeitos independentemente de qualquer outra etapa posterior ao respectivo trânsito em
julgado, tal como ocorre em mandados de segurança e nas ações que tenham por objeto obrigações de fazer,
de não fazer e de entrega de coisa.

AÇÃO EXECUTIVA: a execução é a tutela utilizada nos casos em que a condenação imposta ao réu encontra
resistência para o seu cumprimento, obrigando nova intervenção jurisdicional, de forma a compelir o réu-
condenado a cumprir o direito anteriormente declarado. Trata-se de um provimento eminentemente satisfativo
do direito do autor-credor, que se desenvolve por intermédio de atos concretos de invasão do patrimônio
jurídico do réu-devedor para o adimplemento da obrigação liquida e certa contida no título executivo, inclusive
com a expropriação de bens para pagamento, se necessário for.

 JURISDIÇÃO: A jurisdição é uma das funções do Estado. O poder do Estado é um só, mas ele o exercita por
meio de diversas funções, das quais nos interessa aqui, a jurisdicional. Por meio dela, o Estado solucionará os
conflitos. A jurisdição é inerte, em regra. A sua movimentação depende de prévio acionamento pela parte
interessada. Com ele, instaurar-se-á um processo, que instituirá uma relação entre juiz-autor-réu, por certo
tempo e de acordo com um procedimento previamente estabelecido por lei. Assim, o poder jurisdicional foi
atribuído ao Estado-juiz, que tem capacidade de impor as suas decisões, com força obrigatória.

O conceito de jurisdição se fragmenta em várias partes. Jurisdição é função atribuída a um terceiro imparcial,
para, mediante um processo, reconhecer, proteger e efetivar situações jurídicas concretamente deduzidas, de
modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para coisa julgada.

Há tempos se compreende que o poder jurisdicional não se limita a dizer o direito (juris-dicção), mas também
de impor o direito (juris-satisfação).

 Características/princípios da jurisdição:

a) Substitutividade: Desde que o Estado assumiu para si a incumbência de, por meio da jurisdição, aplicar a lei
para solucionar os conflitos em caráter coercitivo, pode-se dizer que ele substituiu as partes na resolução dos
litígios para corresponder à exigência da imparcialidade. É a substituição das partes pelo Estado-juiz que permite
uma solução imparcial, muito mais adequada para a pacificação social.

b) Definitividade: Somente as decisões judiciais adquirem, após certo momento, caráter definitivo, não
podendo mais ser modificadas. Os atos jurisdicionais tornam-se imutáveis e não podem mais ser discutidos.

Obs.: - Coisa julgada material: É a eficácia que torna imutável e indiscutível a decisão, não mais sujeita a recurso,
gerando efeitos fora do processo. A doutrina moderna afirma que é uma das qualidades da sentença que torna
imutável a norma jurídica concreta que irá disciplinar a relação. - Coisa julgada formal: É a impossibilidade de
modificação da sentença dentro do processo, como consequência da preclusão dos recursos. Gera efeitos
apenas dentro do processo.

c) Imperatividade: As decisões judiciais têm força coativa e obrigam os litigantes.

d) Inafastabilidade: A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a direito.
Mesmo que não haja lei que se possa aplicar, de forma específica, a determinado caso concreto, o juiz não se
escusa de julgar invocando lacuna.

Obs.: Jurisdição, no conceito tradicional, é o poder atribuído a autoridade judiciária de dizer o direito de modo
imperativo através de decisões insuscetíveis de controle externo e com aptidão de se tornarem indiscutíveis. Já
a jurisdição condicionada, também chamada de instância administrativa de curso forçado, é a imposição do
exaurimento das instâncias administrativas previamente ao ajuizamento da ação.

e) Indelegabilidade: A função jurisdicional só pode ser exercida pelo Poder Judiciário, não podendo haver
delegação de competência, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do juiz natural.
f) Inércia: Em regra, a jurisdição é inerte, isto é, ela não se mobiliza senão mediante provocação do interessado.
O caráter substitutivo da jurisdição, do qual decorre a imparcialidade do juiz, exige que assim seja: é preciso que
um dos envolvidos no conflito leve a questão à apreciação do Judiciário, para que possa aplicar a lei,
apresentando a solução adequada.

g) Investidura: Só exerce jurisdição quem ocupa o cargo de juiz, tendo sido regularmente investido nessa função
por meio de concurso público ou de nomeação de ordem pública. A ausência de investidura implica óbice
intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual da própria existência do processo.

h) Territorialidade: O princípio da aderência ao território diz respeito a uma forma de limitação do exercício
legítimo da jurisdição. O juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê-la dentro do território
nacional, como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio território.

Obs.: O princípio da territorialidade tem diversas exceções previstas em lei, havendo diversas hipóteses nas
quais o juízo tem permissão legal para a prática de atos fora de sua comarca ou de sua seção judiciária. Ex: A
citação pelo correio (regra no sistema atual) pode ser feita para qualquer comarca ou seção judiciária do País;
a citação, intimação, notificação, penhora ou qualquer outro ato executivo por oficial de justiça pode ser feita
em comarca ou seção judiciária contígua, de fácil comunicação, ou nas que se situem na mesma região
metropolitana; etc.

 EQUIVALENTES JURISDICIONAIS

Autotutela: É a forma mais antiga de solução dos conflitos, sendo definida como o sacrifício integral do interesse
de uma das partes envolvida no conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. Vale mencionar
que o fundamento dessa força não se limita ao aspecto físico, podendo-se verificar nos aspectos afetivo,
econômico, religioso, etc. Ainda, a autotutela em nosso ordenamento jurídico é excepcional, sendo raras as
previsões legais que a admitem. Como exemplos, é possível lembrar a legítima defesa; apreensão do bem com
penhor legal; desforço imediato no esbulho.

Insta salientar que a autotutela é a única forma de solução alternativa de conflitos que pode ser amplamente
revista pelo Poder Judiciário, de modo que o derrotado sempre poderá judicialmente reverter eventuais
prejuízos advindos da solução do conflito pelo exercício da força de seu adversário. Trata-se, portanto, de uma
forma imediata de solução de conflitos, mas que não recebe os atributos da definitividade, podendo ser revista
jurisdicionalmente.

Autocomposição: É a solução negocial do conflito entre as partes. A auto composição é um gênero, do qual são
espécies a transação, a submissão e a renúncia.

a) Transação: Há um sacrifício recíproco de interesses, sendo que cada parte renuncia parcialmente de sua
pretensão para que se atinja a solução do conflito.

b) Renúncia: O titular do pretenso direito renuncia a este, fazendo desaparecer o direito pretendido e o conflito.

c) Submissão/reconhecimento: O sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima sua
resistência.
Obs.: O Poder Público também pode realizar a autocomposição. É o que prevê o art. 174 do NCPC:
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação,
com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - Dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da
administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
Mediação: A mediação é forma alternativa de solução de conflitos fundada no exercício da vontade das partes.
Na mediação, o mediador facilita o diálogo entre as pessoas para que elas mesmas proponham soluções. Para
conflitos subjetivos, nos quais exista relação entre os envolvidos ou desejo de que tal relacionamento perdure,
indica-se a mediação. O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior
entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que
eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que
gerem benefícios mútuos.

Conciliação: Na conciliação, o terceiro facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode
sugerir opções de solução para o conflito. Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe
relacionamento duradouro entre os envolvidos, aconselha-se o uso da conciliação. O conciliador, que atuará
preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para
o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes
conciliem.

Arbitragem: As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de
interesses; A decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da
vontade das partes. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, não necessariamente formada em Direito,
escolhida pelas partes. Há a possibilidade de exercer a arbitragem um árbitro ou um Tribunal deles. Limites da
arbitragem: (i) Subjetivo: Somente pessoas capazes podem valer-se da arbitragem. Pessoas físicas, jurídicas,
administração direta ou indireta. (ii) Objetivo: Somente pode versar sobre direitos patrimoniais disponíveis.

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: Jurisdição voluntária é a função exercida pelo Estado, através do juiz, mediante um
processo, em que se solucionam causas que lhe são submetidas sem haver conflito de interesses entre duas
partes. A jurisdição voluntária não apresenta conflito de interesses, não havendo uma coisa a ser julgada. Dessa
forma, não existe uma sentença, mas sim um procedimento, ao contrário da jurisdição contenciosa, onde o juiz
age a partir de um conflito de interesses, julgando um processo e determinando o que deve ser feito.

Características da jurisdição voluntária:

(i) Não é apropriado falar em “partes”, como nos processos de jurisdição contenciosa, mas em
“interessados”, pois nem sempre há conflito;
(ii) O procedimento, como regra geral, é mais sumário que o dos processos de jurisdição contenciosa;
(iii) O princípio da demanda é mitigado, pois o juiz pode, em muitos casos, dar início aos processos de
ofício, como na abertura e cumprimento de testamentos e arrecadação de herança jacente;
(iv) As sentenças definitivas não se revestem da autoridade da coisa julgada material, como nos processos
de jurisdição contenciosa, e podem ser modificadas se ocorrerem circunstâncias supervenientes, desde que
justificadas.
Legitimidade: Em regra, o processo origina-se por iniciativa da parte. Mas há procedimentos que podem ser
desencadeados pelo MP, Defensoria Pública (interdição, por exemplo) ou de ofício pelo juiz (abertura e
cumprimento de testamento e arrecadação de herança jacente, bens de ausentes ou coisas vagas). O MP não
intervirá em todos os procedimentos de jurisdição voluntária, mas apenas naqueles em que estiverem presentes
as hipóteses do art. 178 do CPC. Caso isso ocorra, ele será intimado a manifestar-se no prazo de 15 dias.

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem
jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na CF e nos processos que envolvam:
I - Interesse público ou social;
II - Interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do MP.

 MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO: Mediação e conciliação de conflitos são formas alternativas ao


Processo Judicial. A primeira, consiste em uma técnica privada de solução de conflitos onde busca-se
solucioná-los através da atuação de um terceiro neutro que somente auxilia as partes. Enquanto a segunda,
é utilizada como um sinônimo da mediação. Isto significa que o conciliador intervém auxiliando as partes a
chegar a um acordo, também pode aconselhar e tentar mostrar um resultado.

Princípios que regem a conciliação/mediação:

a) Independência: Rege a atuação do mediador e do conciliador, que têm o dever de atuar com liberdade, sem
sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se
ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento.

b) Imparcialidade: O mediador/conciliador fica impedido de advogar para uma das partes durante 01 (um) ano.
A lei traz essa proibição para conferir caráter ético à conciliação/mediação.
c) Autonomia/Autorregramento da vontade: Quem vai resolver o conflito, no fim das contas, são as partes,
sendo que o mediador e o conciliador são apenas instrumentos.
d) Confidencialidade: a confidencialidade se estende a todas as informações produzidas no curso do
procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação
das partes.
e) Oralidade: a regra é utilizar linguajar acessível. Tem por objetivo que tudo se faça oralmente e não por escrito.
A mediação/conciliação devem se desenvolver em um ambiente pessoal/presencial, para proporcionar a
comunicação oral entre as partes. As regras de experiência revelam que o diálogo oral é muito mais apto à
manutenção de um consenso.
f) Informalidade: todos vestidos da mesma maneira, mesa circular, etc.
g) Decisão informada: O mediador/conciliador tem que cuidar para que o processo de negociação permita a
colheita de informações para que as partes decidam de forma esclarecida e justa. O referido princípio "cria o
dever ao conciliador e ao mediador de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos
e ao contexto fático no qual está inserido". Assim, é uma forma de permitir que as partes celebrem acordos
tendo plena ciência do ato que estão praticando.
Obs.1: Solução de conflitos por Tribunais Administrativos: Uma das características do direito administrativo
atual é a multiplicação dos Tribunais Administrativos. Ex: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
– resolve conflitos relacionados à proteção à concorrência; TED da OAB; Tribunal de Contas; Tribunal de
Contribuintes; Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Todos resolvem o problema por heterocomposição e
nesse ponto se assemelham muito à jurisdição. Porém, o que lhes falta é a definitividade, ou seja, a aptidão para
a coisa julgada e insuscetibilidade de controle externo.
Obs.2: Tribunal Marítimo: Localizado no Rio de Janeiro, sua lei data de 1964 e este tribunal decide fatos e
acidentes da navegação. O NCPC foi aprovado em dezembro/2015 com a previsão de que as decisões deste
tribunal teriam caráter jurisdicional. O dispositivo, todavia, foi vetado pelo Chefe do Executivo, tendo por base
o fato de o Tribunal Marítimo ser puramente administrativo (não jurisdicional). Suas decisões servem,
entretanto, como meio de prova para o processo jurisdicional.

 O QUE É SISTEMA DE JUSTIÇA MULTIPORTAS? Mediação, Conciliação e Arbitragem, cada dia mais, vem
ganhando atenção da doutrina e da legislação como meios para diminuir a sobrecarga de ações sobre o
Judiciário! Em regra, tais meios são tratados como ALTERNATIVAS à Jurisdição, por isso, costumam ser
chamados de meios ALTERNATIVOS de solução de conflitos. Uma visão contemporânea, contudo, sustenta que
esses meios não são alternativas, mas que, na verdade, devem estar INTEGRADOS à Jurisdição, por isso,
compõem um sistema de múltiplos meios de solução de conflitos, de modo que as diferentes espécies de
conflitos sociais encontrem solução no ordenamento jurídico. A expressão SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA
é assim utilizada em alusão à metáfora do átrio do fórum em que haveria várias portas e "a depender do
problema apresentado, as partes seriam encaminhadas para a porta da mediação, ou da conciliação ou da
arbitragem, ou da própria justiça estatal". Desse modo, ante a integração de mediação e da conciliação como
etapas do procedimento comum no Novo CPC, pode-se afirmar que a nova ordem processual civil brasileira
adotou um SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA!
 ARBITRAGEM: É um método de solução de conflitos fora do Poder Judiciário em que um ou mais
árbitros emitem decisões com força de sentença judicial. Caracterizada pela informalidade, a arbitragem é um
método alternativo ao Poder Judiciário que oferece decisões ágeis e técnicas para a solução de controvérsias.
A arbitragem é um procedimento que visa solucionar conflitos das mais variadas áreas (desde que envolva
patrimônio e que o objeto em conflito seja negociável – direitos patrimoniais disponíveis) e que hoje, após a
promulgação da Lei de Arbitragem possui a mesma validade de um processo judicial.

Obs.: Afigura-se absolutamente possível a imediata promoção da ação de execução de contrato que possua
cláusula compromissória arbitral perante o Juízo estatal (única Jurisdição, aliás, dotada de coercibilidade,
passível de incursionar no patrimônio alheio), não se exigindo, para esse propósito, a existência de prévia
sentença arbitral. Todavia, o Juízo estatal, no qual se processa a execução do contrato (com cláusula
compromissória arbitral), não possui competência para dirimir temas próprios de embargos à execução e de
terceiros, atinentes ao título ou às obrigações ali consignadas (existência, constituição ou extinção do crédito)
e das matérias que foram eleitas pelas partes para serem solucionadas pela instância arbitral.
Regras para a escolha dos árbitros
Quem pode ser árbitro? Qualquer pessoa civilmente capaz e que tenha a confiança das partes. As partes que
escolhem quem elas querem como árbitro. As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar,
podendo nomear, também, suplentes.
E se as partes nomearem árbitros em número par? Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes
(os árbitros) estão autorizados a nomear mais um árbitro (para ficar ímpar). Não havendo acordo, requererão
as partes ao órgão do Poder Judiciário a que tocaria, originariamente, o julgamento da causa a nomeação do
árbitro.
Órgão arbitral institucional ou entidade especializada: Em vez de as partes escolherem individualmente os
árbitros que irão julgar a causa, elas podem escolher um órgão arbitral institucional ou entidade especializada.
Órgão arbitral institucional ou entidade especializada é uma pessoa jurídica constituída para a solução
extrajudicial de conflitos por meio da mediação, negociação, conciliação e arbitragem. Desse modo, as partes
poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros ou adotar as regras de um órgão
arbitral institucional ou entidade especializada.
Escolha de árbitros caso as partes optem por um órgão arbitral institucional ou entidade especializada. Se as
partes escolherem um órgão arbitral institucional ou entidade especializada para solucionar a causa, a seleção
dos árbitros será feita, em princípio, pelas regras previstas no estatuto da entidade. Normalmente, tais
entidades possuem uma lista de árbitros previamente cadastrados e a escolha recai sobre esses nomes.

Obs.: com o objetivo de conferir maior liberdade aos envolvidos, prevendo que as partes podem, de comum
acordo, afastar algumas regras do regulamento do órgão arbitral ou entidade especializada a fim de terem maior
autonomia na escolha dos árbitros: As partes, de comum acordo, poderão afastar a aplicação de dispositivo do
regulamento do órgão arbitral institucional ou entidade especializada que limite a escolha do árbitro único,
coárbitro ou presidente do tribunal à respectiva lista de árbitros, autorizado o controle da escolha pelos órgãos
competentes da instituição, sendo que, nos casos de impasse e arbitragem multiparte, deverá ser observado o
que dispuser o regulamento aplicável.
Impedimento e suspeição dos árbitros: Aplicam-se aos árbitros as mesmas causas de impedimento e suspeição
previstas para os juízes no CPC (amizade íntima, inimizade, interesse na causa etc.). No desempenho de sua
função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.

Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários
públicos, para os efeitos da legislação penal.

Obs.: Não é necessária a participação de advogado no procedimento de arbitragem. Mas nada impede
que as partes possam constituir um para que as acompanhe.
Limites da arbitragem:
(i) Subjetivo: Somente pessoas capazes podem valer-se da arbitragem. PF, jurídicas, administração direta ou
indireta.
(ii) Objetivo: Somente pode versar sobre direitos patrimoniais disponíveis.
Obs.: O STJ afastou as dúvidas quanto à aplicabilidade da Lei de Arbitragem a contratos celebrados antes da sua
vigência, editando a Súmula 485, que assim estabelece: “A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que
contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua Edição”.
Espécies de arbitragem:

(i) Arbitragem de direito: Obriga os árbitros a decidirem de acordo com as normas que integram o ordenamento
jurídico pátrio. Prevê que poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na
arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública, e autoriza que a arbitragem se
realize com base nos princípios gerais do direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.

(ii) Arbitragem de equidade: Autoriza o árbitro a dar à controvérsia a solução que lhe pareça mais justa, mais
razoável, mais equânime ainda que sem amparo no ordenamento jurídico. Isso só é possível porque os direitos
em disputa são patrimoniais e disponíveis. Aqui, os árbitros terão uma liberdade de julgamento mais elástica,
já que não estarão obrigados a seguir o que diz a lei, podendo conferir solução contrária às regras do direito se
isso, no caso concreto, parecer mais justo e adequado.

Obs.: Apesar de parecer “estranha” para quem tem contato com ela uma primeira vez, a arbitragem por
equidade pode ser muito útil para determinados tipos de lide envolvendo conhecimentos técnicos muito
especializados, os quais a legislação ainda não conseguiu regular de forma satisfatória. A arbitragem de
equidade terá, sobre a de direito, a imensa vantagem da especialização do árbitro. Basta pensar, por exemplo,
numa arbitragem de equidade envolvendo conflito que diga respeito a uma questão de engenharia, ou química.
A se levar tal lide ao Judiciário, o juiz fatalmente convocaria um perito no assunto para assessorá-lo, e
dificilmente sua sentença teria orientação diversa, quanto aos fatos, daquela apontada pelo perito em seu
laudo. Neste caso, com a arbitragem se poderá entregar a solução da controvérsia diretamente nas mãos do
especialista, retirando-se da composição do conflito o juiz, que funcionaria aqui, em verdade, como um mero
intermediário entre as pessoas e o expert.
Obs.: A arbitragem que envolva a Administração Pública Direta ou Indireta será sempre de direito, não havendo
a possibilidade de os interessados optarem pela equidade em razão do princípio da legalidade. Ademais, deverá
ser observado o princípio da publicidade.

Cláusula compromissória: Trata-se de uma cláusula inserida em contrato. Por meio dela, fica preestabelecido
que, se vier a surgir um conflito, virá a ser resolvido pela arbitragem. É sempre preexistente ao litígio. Proíbe-se
ao juiz conhecer de ofício da convenção de arbitragem. Se uma das partes for a juízo e a outra não invocar a
convenção, reputar-se-á que ambas renunciaram tacitamente à arbitragem, e que preferiram a solução judicial.
Caso, no entanto, o réu invoque a convenção e o juiz verifique que tem razão, julgará o processo extinto sem
resolução de mérito.

É válida a cláusula compromissória que excepcione do juízo arbitral certas situações especiais a serem
submetidas ao Poder Judiciário. O Poder Judiciário pode decretar a nulidade de cláusula arbitral
(compromissória) sem que essa questão tenha sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro? Regra: NÃO.
Segundo o art. 8º, parágrafo único da Lei de Arbitragem, antes de judicializar a questão, a parte que deseja
arguir a nulidade da cláusula arbitral devem formular esse pedido ao próprio árbitro. Exceção: compromissos
arbitrais patológicos. O Poder Judiciário pode, nos casos em que prima facie é identificado um compromisso
arbitral "patológico", isto é, claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula, independentemente do
estado em que se encontre o procedimento arbitral.

Quais as diferenças do compromisso e da cláusula arbitral? A cláusula arbitral, também é conhecida


por cláusula compromissória, é um acordo entre as partes que, em um contrato, decidem submeter-se à
arbitragem caso venham a ocorrer algum conflito naquele acordo. Por sua vez, o compromisso arbitral é tido
por ser um acordo entre as partes, as quais submetem à arbitragem um conflito já existente. Portanto, nesse
caso, apenas após a ocorrência do fato que gerou o litígio é que as partes decidem utilizar-se da arbitragem
como forma de resolução de conflito.

O que é carta arbitral? Atenção, trata-se de NOVIDADE do NCPC. Além das conhecidas cartas de ordem,
rogatória e precatória, o NCPC previu também a carta arbitral! Cuida-se, assim como as demais cartas, de uma
modalidade de comunicação dos atos processuais. É um instrumento jurídico onde formalmente se darão os
pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros. Por meio da carta arbitral, o árbitro ou o tribunal arbitral
solicita que um órgão jurisdicional nacional (juiz de direito ou juiz federal) pratique ou determine o cumprimento
de algum ato que seja necessário para o procedimento arbitral.

Sentença arbitral: A solução do litígio será dada pelo árbitro, por meio de sentença arbitral, que constituirá título
executivo JUDICIAL. O prazo para que a profira pode ser estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem,
mas no silêncio será de seis meses, contados da instituição da arbitragem ou substituição do árbitro. Vale
ressaltar que a sentença arbitral, para produzir seus efeitos, não precisa de homologação judicial. Vale destacar
que não há recurso contra a sentença arbitral, mas, de acordo com o art. 30 da lei de arbitragem:

Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou ciência pessoal da sentença arbitral,
salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte,
poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:

I — Corrija qualquer erro material da sentença arbitral;

II — Esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie sobre ponto
omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão. Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral
decidirá, no prazo de dez dias ou em prazo acordado pelas partes, aditará a sentença arbitral e notificará as
partes na forma do art. 29.

A sentença arbitral terá os mesmos efeitos que a produzida pelo Poder Judiciário, inclusive o da coisa julgada
material, constituindo ainda, se condenatória, título executivo judicial.

 JURISDIÇÃO INTERNACIONAL: Existem questões que podem ser examinadas pela justiça brasileira —
para as quais ela tem jurisdição — e questões que não podem, em regra porque não nos dizem respeito.
Compete às leis estabelecer o que está no âmbito de nossa jurisdição e o que não está. A jurisdição brasileira
encontra óbice na soberania de outros países. O Brasil não pode usar meios de coerção para impor o
cumprimento de suas decisões fora do território nacional. Da mesma forma, a jurisdição de outros países
encontra óbice na soberania nacional.

O princípio da efetividade determina que a Justiça Brasileira só deve se considerar competente para julgar
demandas cuja decisão gere efeitos em território nacional ou em Estado estrangeiro que reconheça tal decisão,
tornando assim sua atuação sempre útil e teoricamente eficaz.

A jurisdição é uma manifestação de poder do Estado. As sentenças estrangeiras são, portanto, emanações de
um poder soberano externo. Por isso, elas não podem ter força coativa entre nós, nem podem aqui produzir
efeitos, senão depois que houver manifestação da autoridade judiciária brasileira, permitindo o seu
cumprimento. Trata-se de exigência que diz respeito à soberania nacional: somente a justiça brasileira pode
decidir quais as sentenças estrangeiras que podem ou não ser executadas no Brasil.

O mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia à sentença estrangeira, fazendo com que ela
possa ser executada no Brasil, denomina-se homologação de sentença estrangeira, que hoje é da competência
do STJ.

 Jurisdição CONCORRENTE da Justiça Brasileira: Os arts. 21 e 22 do CPC enumeram as ações que a lei
atribui à justiça brasileira, sem afastar eventual jurisdição concorrente da Justiça Estrangeira. São ações que, se
propostas no Brasil, serão conhecidas se julgadas. No entanto, admite-se pronunciamento da Justiça
Estrangeira, que se tornará eficaz no Brasil, desde o momento em que o STJ homologar a sentença
anteriormente proferida no exterior.

Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - No Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único: considera-se domiciliada no Brasil a pj estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - De alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou
obtenção de benefícios econômicos;
II - Decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Art. 5º. (...) XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de
cujus";
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de
ser cumprida a obrigação.
Obs.: A Justiça brasileira é absolutamente incompetente para processar e julgar demanda indenizatória fundada
em serviço fornecido de forma viciada por sociedade empresária estrangeira a brasileiro que possuía domicílio
no mesmo Estado estrangeiro em que situada a fornecedora, quando o contrato de consumo houver sido
celebrado e executado nesse local, ainda que o conhecimento do vício ocorra após o retorno do consumidor ao
território nacional. A vulnerabilidade do consumidor, ainda que amplamente reconhecida em foro
internacional, não é suficiente, por si só, para “alargar” a competência da justiça nacional. Nas hipóteses em
que a relação jurídica é firmada nos estritos limites territoriais nacionais, ou seja, sem intuito de extrapolação
territorial, o foro competente, aferido a partir das regras processuais vigentes no momento da propositura da
demanda, não sofre influências em razão da nacionalidade ou do domicílio dos contratantes, ainda que se trate
de relação de consumo.
 Jurisdição EXCLUSIVA da justiça brasileira: As ações de jurisdição exclusiva são as que versam sobre
matéria que só pode ser julgada pela Justiça Brasileira, com exclusão de qualquer outra. Assim, uma sentença
estrangeira que verse sobre qualquer dessas hipóteses será permanentemente ineficaz no Brasil, já que nunca
poderá ser homologada.

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - Conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - Em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha
domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil,
ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Art. 12. (...) § 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados
no Brasil.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

 Cooperação internacional: Com a globalização dos interesses econômicos e a facilidade de


comunicação e de mobilização das pessoas, têm sido cada vez mais frequentes as situações em que
um Estado necessita da cooperação do outro para a melhor aplicação da Justiça, bem como para fazer
valer as decisões por ele proferidas.

Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará:
I –O respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II –A igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso
à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado
requerente;
IV –A existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação;
V –A espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade,
manifestada por via diplomática.
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença estrangeira.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam
resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica.
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - Citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - Colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - Concessão de medida judicial de urgência;
V - Assistência jurídica internacional;
VI - Qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Ainda, são previstas três formas pela qual se dará a cooperação internacional:

I. Auxílio direto: É um mecanismo de cooperação empregado quando um Estado necessita que seja
tomada, no território de outro Estado, providência relevante para um processo judicial que tramita em seu
Judiciário.

Trata-se de um instrumento por meio do qual a integralidade dos fatos é levada ao conhecimento de judiciário
estrangeiro para que profira decisão que ordene ou não a realização das diligências solicitadas. Não se pede,
portanto, que se execute uma decisão sua, mas que se profira ato jurisdicional referente a uma determinada
questão de mérito que advém de litígio em curso no seu território, ou mesmo que se obtenha ato
administrativo a colaborar com o exercício de sua cognição. Não há o exercício de jurisdição pelos dois Estados,
mas apenas pelas autoridades do Estado requerido.

Obs.1: Além dos casos previstos em tratados, o auxílio direto terá os seguintes objetos:

I - Obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou


jurisdicionais findos ou em curso;

II - Colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência
exclusiva de autoridade judiciária brasileira;

III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.

Obs.2: No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de prestação
jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento.

Obs.3: Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da
União, que requererá em juízo a medida solicitada. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser
executada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.
Não cabe ao STJ apreciar pedidos de cooperação por auxílio direto.

II. Carta rogatória: A Carta Rogatória é um dos instrumentos disponíveis da chamada Cooperação
Jurídica Internacional, que pode ser conceituada como a interação entre os Estados com o objetivo de dar
eficácia extraterritorial a medidas processuais provenientes de outro Estado, consistindo em pedidos feitos pelo
juiz de um Estado ao Judiciário de outro Estado, com vistas a obter a colaboração deste para a prática de certos
ATOS PROCESSUAIS (citações, intimações, coleta de provas etc).

No geral, o Estado não é obrigado a prestar a cooperação solicitada, salvo quando o pedido atenda aos requisitos
estabelecidos em seu próprio ordenamento interno ou nos tratados referentes à matéria de que forem parte o
Estado que solicita a colaboração das autoridades de outro Estado (Estado rogante) e o que é solicitado (Estado
rogado).
AUXÍLIO DIRETO CARTA ROGATÓRIA
O auxílio direto consubstancia-se na realização de uma
diligência de natureza administrativa no Brasil ou na busca Visa permitir a prática de um ato processual em outro Estado,
de uma prolação de uma decisão judicial brasileira relativa sendo uma forma de comunicação entre o judiciário de países
a litígio que tem lugar em Estado estrangeiro, que terá diferentes.
impacto em um caso em curso, ou seja, que profira uma No caso da rogatória, o processo está tramitando em um país
decisão de mérito. Visa, portanto, a obter decisão judicial e o ato processual tem que ser cumprido em outro.
estrangeira sobre um processo que tramita no Estado
que pede o auxílio.
Não há decisão judicial do Estado que pede o auxílio. Há decisão judicial do Estado que pede o auxílio.
NÃO HÁ JUÍZO DE DELIBAÇÃO PELO STJ HÁ JUÍZO DE DELIBAÇÃO PELO STJ.
Pedido de auxílio direto julgado no Brasil: encaminhado
Pedido de execução de rogatória no Brasil: Justiça Federal.
diretamente ao Juiz Federal de 1º grau.

III. Homologação de sentença estrangeira: Os critérios para a homologação da sentença estrangeira são
estabelecidos pelas normas do Estado que homologa e por tratados. No Brasil, será executada a sentença
proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:

a) Haver sido proferida por autoridade competente;

b) Ser precedida de citação regular, ainda que verificada à revelia; para homologar sentença de processo
que tramitou NO EXTERIOR CONTRA PESSOA DOMICILIADA NO BRASIL, a citação deve ter sido regular, ou
seja, deve ter-se realizado por CARTA ROGATÓRIA.

c) Ser eficaz no país em que foi proferida;

d) Não ofender a coisa julgada brasileira;

e) Estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado.

f) Não conter manifesta ofensa à ordem pública;


Obs.1: A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário
de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. A pendência de causa perante a jurisdição
brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no
Brasil.

Obs.2: A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou
a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado. É
passível de homologação a decisão judicial definitiva, bem como a decisão não judicial que, pela lei brasileira,
teria natureza jurisdicional.

Obs.3: A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente. A autoridade judiciária brasileira poderá
deferir pedidos de urgência e realizar atos de execução provisória no processo de homologação de decisão
estrangeira.
Obs.4: A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de
homologação pelo STJ.

Obs.5: Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade
judiciária brasileira.

PROCEDIMENTO DE HOMOLOGAÇÃO
A parte interessada apresenta uma petição inicial ao PRESIDENTE DO STJ requerendo a homologação.
A petição inicial deverá obedecer ao disposto no art. 319 do NCPC e ser instruída com a certidão ou
Petição inicial
cópia autêntica do texto integral da sentença estrangeira e com outros documentos indispensáveis,
devidamente traduzidos e autenticados.
Citação da outra A outra parte interessada na sentença será citada para, no prazo de 15 DIAS, contestar o pedido de
parte interessada homologação.
Conteúdo da A defesa só pode versar sobre a AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS, a INTELIGÊNCIA DA DECISÃO e
contestação a OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS. A contensiosidade é LIMITADA.
Pedido não contestado Presidente do STJ.
Competência Houve contestação o processo será distribuído para julgamento pela CORTE ESPECIAL, cabendo ao
Relator os demais atos relativos ao andamento e à instrução do processo.
Tutela de Durante a tramitação do processo de homologação, o Presidente do STJ ou o Relator sorteado poderão
urgência determinar medidas de urgência caso se mostrem necessárias.
O MP terá vista dos autos nas cartas rogatórias e homologações de sentenças estrangeiras, pelo prazo
MP
de 10 dias, podendo impugná-las.
As decisões proferidas pelo Presidente do STJ poderão ser impugnadas mediante AGRAVO
Recursos REGIMENTAL. Salienta-se que, se preenchidos os requisitos da CF e existe interpretação de preceito
constitucional, cabe RE ao STF.
A sentença estrangeira homologada será executada por carta de sentença, no Juízo Federal
Execução
competente.

 COMPETÊNCIA

A competência é estabelecida em lei e determina os limites do poder de julgar. Em suma, é a limitação do


exercício da jurisdição atribuída a cada órgão ou grupo de órgãos jurisdicional. Trata-se da delimitação da
jurisdição, ou seja, o espaço em que cada jurisdição vai ser aplicada. É o alcance do poder do juiz distribuído
por lei.

É incompetente o juiz que não tem o poder de julgar atribuído por lei e, em caso de julgamento, seus atos
poderão ser declarados nulos, assim, se um juiz assume uma vara criminal, não poderá julgar ações de divórcio,
pois a competência a ele atribuída não abrange as ações de família.

 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

Primeiramente, importante ressaltar a diferença entre jurisdição e competência, que, apesar de possuírem
similaridades, são institutos diversos.
Jurisdição é o poder que o Estado detém, constitucionalmente assegurado, para aplicar a lei a fim de resolver
conflitos. Assim, trata-se do poder/dever do Estado de, quando provocado (princípio da inércia), intervir numa
relação entre duas partes para solucionar uma lide.

Se jurisdição é o poder de dizer a lei, competência é a delimitação desse poder, que é estabelecida através das
normas. Assim, competência é uma permissão legal para exercer uma fração do poder jurisdicional.

A jurisdição gera, então, por meio de um representante do Estado (Juiz), uma solução impositiva e definitiva,
substituindo a vontade das partes, vez que a sentença gera coisa julgada, não podendo as partes buscarem o
judiciário para resolver o mesmo conflito.

Por outro lado, a competência representa uma fração da jurisdição. Como expressão de um poder do Estado, o
qual não pode ser fracionado, a jurisdição tem caráter uno e indivisível. Mas, para viabilizar o melhor exercício
da jurisdição, por razões práticas e para melhor administração de justiça, ela é distribuída entre os órgãos
jurisdicionais. Os critérios determinados pela legislação para essa distribuição chamam-se competência.

Assim, em poucas palavras, a jurisdição é o poder/dever do Estado de resolver uma lide quando for provocado
pelas partes, e competência são os critérios determinados pela lei para distribuir a jurisdição, facilitando o seu
exercício.

Enquanto a jurisdição é uma capacidade genérica que todos os sujeitos têm, desde que investidos, a
competência é mais restrita. Todo o juiz possui jurisdição, mas nem todo o juiz possui competência, porque a
competência é analisada a partir do caso concreto, razão pela qual parte da doutrina costuma dizer que a
competência nada mais é do que uma distribuição administrativa da jurisdição.

Vale dizer que as regras de competência buscam atingir dois objetivos principais bastante nítidos: organização
de tarefas e racionalização do trabalho. De fato, seria absolutamente improdutivo fixar nas mãos de todos os
juízes o exercício legítimo sobre todas as demandas judiciais, o que viria a ser evidente fator de piora na
qualidade da entrega da prestação jurisdicional.

Obs.: Antes de se falar em competência, todo o juiz tem jurisdição. Nesse contexto, reconhece-se o fenômeno
da translatio judici. Significa que se tivermos em uma situação de risco e não formos capazes de encontrar o
juiz competente, deve-se lembrar que, na urgência, “cessam-se as regras de competência”, de modo a ser
possível pedir, com base na jurisdição que todo o juiz tem, a medida urgente que se pretende.

O NCPC consagrou o Sistema da Translatio iudicii, segundo o qual deve-se aproveitar ao máximo a eficácia do
processo proposto perante juízo incompetente. Em outras palavras, a incompetência, qualquer que seja ela,
não leva à extinção do processo. Há apenas um deslocamento, ou seja, o envio dos autos à autoridade
competente. O NCPC consagra o referido sistema sempre que possível, de modo que a incompetência não pode
ser um motivo de ineficácia processual. O sistema está associado ao princípio da primazia da decisão de mérito.
Exceções – Há dois casos de incompetência que geram a extinção do processo: (1) Incompetência no plano dos
Juizados Especiais e (2) Incompetência internacional: quando a jurisdição competente é de outro país.
 COMPETÊNCIA INTERNA

Normas Fundamentais da Competência Interna

Tipicidade da competência: A competência tem que ser típica, ou seja, prevista por lei. Embora a
competência tenha que ser típica, admite-se o que se chama de competência implícita, ou seja, há
uma competência prevista em lei (explícita) e outra decorrente dela (implícita). Isso porque não pode
haver vácuo de competência. Ex: a CF não traz os embargos de declaração como de competência do
STF, mas se admite a sua oposição.

Indisponibilidade da competência: O órgão não pode dispor de sua competência, negando-se a julgar
uma causa que lhe cabe ou julgando uma que não seja de sua atribuição, sob pena de violação
escandalosa do princípio do juiz natural. Só a lei pode autorizar a flexibilização da competência, e não
o próprio órgão.

Competência adequada: Não basta que a lei determine a competência. A competência para ser devida
tem que ser adequada para o caso. É preciso fazer um “juízo de adequação”.

Foro: Em sentido geral, foro indica a base territorial sobre a qual determinado órgão judiciário exerce

a sua competência. O STF, o STJ e todos os Tribunais Superiores têm foro sobre todo o território
nacional; os TJ, sobre os Estados em que estão instalados; e os TRF, sobre toda a região que lhes é
afeta, o que normalmente abrange mais de um Estado da Federação. Em primeira instância, perante a
Justiça Estadual, foro é designação utilizada como sinônimo de comarca. Todos os Estados são
divididos em Comarcas, sobre as quais os juízes de primeiro grau exercem a sua jurisdição. Na JF, não
há propriamente divisão em Comarcas: cada Vara Federal exercerá a sua competência dentro de certos
limites, que constituirão o respectivo foro federal.

Obs.: O que é Fórum shopping e Fórum non conveniens? Fórum shopping é a possibilidade de o autor escolher
entre diversos juízos competentes. Ex: dano nacional, em que todas as capitais são competentes. É um instituto
do direito internacional privado. Traz a ideia de um direito de escolha da parte. Como qualquer direito, não
pode ser exercido de maneira abusiva, violando o princípio da boa-fé, sob pena de abuso de direito. A
globalização impulsionou situações como a exposta, principalmente nos casos envolvendo o uso da internet.
Ex: escolho um juízo que não me beneficia em nada, mas prejudica a outra parte. Para combater o fórum
shopping abusivo, a jurisprudência criou a teoria do fórum non conveniens, e determina que o juiz pode repelir
essa escolha, com o reconhecimento que aquele juízo, embora competente em tese, não é o
adequado/conveniente àquele caso.
Juízo: Com foro não se confundem os juízos, unidades judiciárias, integradas pelo juiz e seus auxiliares. Na
justiça comum estadual, o conceito de juízo coincide com o das varas. Uma comarca pode ter numerosas varas,
isto é, diversos juízos. Quando se quer apurar em que comarca determinada demanda deve ser proposta, está-
se em busca do foro competente. Quando, dentro da comarca, procura-se a vara em que a demanda deve ser
aforada, a dúvida será sobre o juízo competente.
Competência absoluta e relativa: As regras gerais de competência, formuladas pelas leis federais, para
indicação do foro competente, podem ser divididas em duas categorias: as absolutas e as relativas. O
legislador, ao formulá-las, teve em vista o melhor funcionamento da organização judiciária, ou o maior conforto
das partes, no ajuizamento da demanda.
Competência relativa: As regras de competência relativa prestigiam a vontade das partes, por meio da criação
de normas que buscam protegê-las (autor ou réu), franqueando a elas a opção pela sua aplicação ou não no
caso concreto. Em razão de sua maior flexibilidade, também a lei poderá modificar tais regras. É o chamado
fórum conveniens (para o direito brasileiro, conhecido como foro concorrente ou de conveniência).
Competência absoluta: As regras de competência absoluta são fundadas em razões de ordem pública, para as
quais a liberdade das partes deve ser desconsiderada, em virtude da prevalência do interesse público sobre os
interesses particulares. Nesse caso, não há flexibilização, seja pela vontade dos interessados, seja pela própria
lei, tratando-se de norma de natureza cogente que deverá ser aplicada sem nenhuma ressalva ou restrição.
Obs.1: A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. A
incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de
ofício. Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. Caso
a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. Salvo decisão judicial
em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra
seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
Obs.2: Somente as normas de competência relativa estão sujeitas à modificação pelas partes. As de
competência absoluta não podem ser modificadas. Entre as principais causas de modificação podem ser citadas
a prorrogação, a derrogação pela eleição de foro, a conexão e a continência, que só se aplicarão em casos de
competência relativa. A incompetência relativa deve ser arguida como preliminar em contestação, sob pena de
preclusão. Não sendo matéria de ordem pública, o juízo não pode reconhecê-la de ofício. Ou o réu alega (o CPC
ainda reconhece ao Ministério Público, nas causas em que atuar, a possibilidade de arguir a incompetência
relativa) e o juiz a reconhece, determinando a remessa dos autos para o juízo competente, ou não, e a matéria
preclui. A incompetência relativa jamais gerará nulidade da sentença, nem ação rescisória, já que, não invocada
no momento oportuno, haverá a prorrogação de competência.

Obs.3: Ainda, o autor não pode alegar a incompetência relativa em razão de preclusão lógica. Isso porque ele
tem, na propositura da demanda, o momento procedimental adequado para se manifestar a respeito da
competência relativa, não sendo logicamente compatível escolher o foro e alegar posteriormente a sua
incompetência. Já o réu, que não possui qualquer participação na escolha do juízo para o qual a demanda foi
distribuída, terá legitimidade para arguir a incompetência relativa, sendo o legitimado tradicional para tanto.
Quanto ao Ministério Público, tanto nas demandas judiciais em que funcionar como réu, como nas que
participar como fiscal da lei, terá legitimidade para arguir a incompetência relativa. A incompetência relativa
não pode ser declarada de ofício.
Obs.4: Somente a incompetência absoluta pode ser reconhecida pelo juiz de ofício. A relativa não pode,
ressalvada a hipótese do art. 63, § 3º, do CPC (antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode
ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do
réu). A primeira constitui objeção processual, matéria de ordem pública, que pode ser reconhecida pelo juiz ou
alegada pela parte, a qualquer tempo. Conquanto o CPC determina que deva ser alegada pelo réu como
preliminar em contestação, nada impede que o seja por qualquer das partes, a qualquer tempo, já que não
sujeita a preclusão. Só não se pode mais alegá-la em recurso especial ou extraordinário, não propriamente
porque tenha havido preclusão, mas por força da exigência específica de tais recursos, que pressupõem o
prequestionamento.
Obs.5: Em razão da própria ratio das normas determinadoras de competência absoluta (proteção de interesse
público), todos os sujeitos processuais são legitimados a arguir a incompetência absoluta, até mesmo porque o
respeito à ordem pública é questão incompatível com a limitação de legitimados que pretendam sua
concretização. Assim, podem arguir a incompetência absoluta o autor, réu, terceiros intervenientes, Ministério
Público como fiscal da lei e até mesmo o juiz de ofício.
ABSOLUTA RELATIVA
CRITÉRIOS Funcional/hierárquico e material Valorativo e territorial
(regra geral) (regra geral)
INTERESSE PROTEGIDO Público Privado
CONHECIMENTO PELO JUIZ De ofício, em qualquer momento Só mediante alegação da parte ou
e grau de jurisdição. do MP
DERROGABILIDADE NÃO SIM: Foro de eleição e conexão e
continência
MOMENTO E MODO PARA Preliminar de contestação ou a Preliminar de contestação, sob
ALEGAÇÃO qualquer momento. pena de prorrogação
VIOLAÇÃO Remessa ao Juiz competente que Validade dos atos praticando,
deliberará sobre os atos havendo prorrogação de
praticados. Cabe rescisória. competência. Não cabe rescisória.
#ATENÇÃO: Não há extinção do
processo.

Critérios para a fixação de competência:

Critério territorial: É utilizada pelo NCPC, para a indicação do foro; e pelas Leis de Organização Judiciária, para
a indicação do juízo competente, sendo, em regra, espécie de competência relativa. Leva-se em conta a
localização territorial, seja do domicílio dos litigantes, seja da situação do imóvel que é disputado por eles.

a) Foro comum: o foro comum previsto pelo ordenamento brasileiro, em regra, é o do domicílio do réu.
Essa regra somente se aplica aos processos fundados em direito pessoal e direito real sobre bens móveis. Tendo
mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. Sendo incerto ou desconhecido o
domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. Quando o
réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este
também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. Havendo 2 (dois) ou mais réus com
diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.

b) Direito real imobiliário: o dispositivo legal criou uma regra de competência absoluta, determinando
o foro do local do imóvel como o absolutamente competente para conhecer ações reais imobiliárias que tenham
por objeto os direitos de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra
nova. Na hipótese de o imóvel estar localizado em mais de um foro, haverá concorrência entre eles, podendo
optar o autor por qualquer um, o que tornará o juízo que receber a petição inicial prevento para conhecer de
qualquer outra ação conexa, ainda que em tese de competência do outro foro, não escolhido pelo autor.

c) Inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de última vontade, impugnação ou


anulação de partilha extrajudicial e ações em que o espólio for réu: Trata-se de regra de foro especial, na qual
o foro preferencial será o do autor da herança, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. No caso de o
autor da herança não ter domicílio certo, o foro competente será o da situação dos bens. Finalmente, apenas
se o autor da herança não tiver domicílio certo e possuir bens em lugares diferentes, o foro competente será do
local de qualquer dos bens do espólio.

d) Réu ausente: será competente o foro do último domicílio do réu para as ações em que este for
ausente, para as ações de arrecadação, inventário, partilha e cumprimento de disposição de última vontade.

e) Réu incapaz: a competência para as ações em que o réu seja incapaz será do foro do domicílio de seu
representante ou assistente.

d) União, Estados e DF: É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a
União ou os Estados e DF. (Se esses Entes forem demandados, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio
do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda).

Obs.: Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele
intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de
atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações.

I - De recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;

II - Sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.

Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi
proposta a ação.

g) Ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união


estável: em regra, o foro competente para essas ações é a do domicílio do guardião de filho incapaz ou,
subsidiariamente, do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz ou; de domicílio do réu, se nenhuma
das partes residir no antigo domicílio do casal.

h) Ação de alimentos: ao estabelecer que o foro competente para conhecer as ações de alimentos é o
do domicílio ou residência do alimentando fez valer o princípio da isonomia real, tratando diferentemente os
desiguais (teoricamente nos limites de sua desigualdade), por meio de proteção à parte hipossuficiente da
relação.
i) Pessoa jurídica como ré: figurando a pj como ré, a competência será do foro onde se localiza sua sede, que
estabelecida em seu contrato social ou estatuto social pode não se confundir com o seu domicílio (poderá
ser o lugar onde funcionam as diretorias e administrações ou um domicílio legal, estabelecido pelos atos
constitutivos da pj). O STJ entende que sendo ré a autarquia federal, a competência é do local de sua sede
ou de sua agência ou sucursal em cujo âmbito de competência ocorreram os fatos que originaram a lide.

J) Direitos previstos no Estatuto do Idoso: para as ações que versem sobre direito previsto no Estatuto do
Idoso, é competente o foro do lugar de residência do idoso, segundo o mencionado dispositivo.

K) Reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos: a regra é de foros concorrentes
entre o foro do lugar do ato ou fato e do domicílio do autor, sendo deste a escolha por qualquer dos dois.
Ainda poderá optar pelo foro do domicílio do réu, aplicando ao caso a regra do foro comum.

Obs.: Segundo o STJ, na hipótese de ação de cobrança de indenização decorrente de seguro DPVAT,
deve ser conjugado de forma que o autor pode optar pelo foro(a) comum, ou seja, do domicílio réu; (b) do
domicílio do autor; (c)ou do lugar da ocorrência. A competência para julgar ação de reparação de dano
sofrido em razão de acidente de veículos é do foro do domicílio do autor ou do local do fato. Contudo, essa
prerrogativa de escolha do foro não beneficia a pessoa jurídica locadora de frota de veículos, em ação de
reparação dos danos advindos de acidente de trânsito com o envolvimento do locatário.

Critério funcional: Abrange a competência hierárquica, que identifica a competência dos tribunais, seja para o
julgamento dos recursos, seja para o julgamento de causas de sua competência originária. Abrangem-se,
também, os casos em que a demanda deve ser distribuída a determinado Juízo, em razão de manter ligação
com outro processo, anteriormente distribuí do a esse mesmo juízo. A competência determinada em razão da
matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.

a) A competência funcional divide-se:

(i) Pelas fases do procedimento: a competência se fixa por fases do processo, ou seja, o juízo que praticou
determinado ato processual torna-se absolutamente competente para praticar outro ato processual
previamente estabelecido. Ex: competência absoluta do juízo para liquidar sentença genérica por ele proferida,
regra somente afastada no caso da liquidação individual da sentença coletiva, quando a competência para a
liquidação individual será do domicílio do autor da liquidação.

(ii) Relação entre a ação principal e as ações acessórias e incidentais: o juízo da ação principal é absolutamente
competente para as ações acessórias e incidentais. Ex: reconvenção, oposição, ação de restauração de autos,
cautelar, embargos à execução, embargos ao mandado monitório, embargos de terceiro.

(iii) Pelo grau de jurisdição: refere-se à competência por graus de jurisdição, que poderá ser recursal ou
originária. Na competência funcional recursal, em razão da natureza do processo ou de seu procedimento, a lei
escalona determinados órgãos jurisdicionais em diferentes graus de jurisdição para conhecer e julgar a
demanda. Na competência originária, há indicação expressa da lei de supressão do primeiro grau jurisdicional,
sendo o Tribunal competente em caráter originário.
(iv) Pelo objeto do Juízo: a competência é determinada pelo objeto do juízo, verificada quando numa mesma
decisão participam dois diferentes órgãos. Ex: procedimento de declaração incidental de inconstitucionalidade,
nos quais a Câmara ou Turma do Tribunal em que são suscitados tais incidentes são competentes para decidir
o processo em si, aplicando a lei ao caso concreto, mas é do Tribunal Pleno a competência para fixar a
interpretação da lei ou decidir a respeito de sua constitucionalidade.

b) Observações importantes:

(i) Ações reais imobiliárias: tratando a demanda de direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão
e demarcação de terras e nunciação de obra nova, a competência será do local do imóvel. A doutrina é uníssona
em afirmar que essa hipótese trata de competência absoluta, improrrogável, portanto. A maioria vê nesse caso
hipótese de competência funcional, justamente pela suposta maior facilidade e eficácia na função a ser exercida
pelo juiz se a demanda tramitar no local em que se localiza o imóvel.

(ii) Ação civil pública: o art. 2º da Lei 7.347/1985 prevê a competência funcional do local do dano para as
demandas coletivas. Evidentemente, não é porque o legislador chama essa competência de funcional que ela
se transforma nessa espécie de competência. O que determina a competência absoluta – e não funcional – do
local do dano é a natureza do direito controvertido (direitos difusos, coletivos individuais homogêneos).

(iii) Foros privilegiados: as pessoas que possuem essa prerrogativa são julgadas, no mínimo, por um tribunal de
segunda instância, a depender da situação. O foro privilegiado protege o cargo, não a pessoa. Acabou o cargo,
acabou o foro privilegiado. Diante disso, a pessoa que possuía o foro passa a ser julgado pelo primeiro grau. No
Brasil, no âmbito criminal, muitos cargos possuem foro privilegiado. Já no âmbito cível, o foro privilegiado é
exceção, isto é, excepcional. Se lermos os dispositivos que constam na Constituição, são raras as hipóteses em
que ela concede foro privilegiado em virtude do cargo. No âmbito cível, basicamente, os foros privilegiados são
em mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção. Tirando essas três possibilidades, todas as
ações cíveis serão julgadas e processadas no primeiro grau.

Critério material: A competência em razão da matéria é aquela determinada em virtude da natureza da causa
(objeto da demanda). É o critério que vai analisar a competência das Justiças Eleitoral, do Trabalho, Federal e
Estadual. Há normas de competência em razão da matéria na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais,
nas leis federais e nas leis de organização judiciária.

(I) Justiça Eleitoral: ela é definida pela causa de pedir. Na primeira instância, a jurisdição eleitoral é exercida
pelo juiz de direito. Discutirá ações envolvendo: a) Sufrágio: ações relacionadas às eleições, plebiscitos e aos
referendos; e b) Questões político-partidárias: criação de partido político, desmembramento de partido; perda
de mandato por infidelidade partidária, etc.

(II) Justiça do Trabalho: a competência na Justiça do Trabalho também se dá com base na causa de pedir.

(III) Justiça Federal: As hipóteses estão fundadas na qualidade das pessoas que participam do processo ou na
matéria nele discutida, razão pela qual é sempre absoluta. Ex: as causas que têm a participação, a qualquer
título, da União; e as fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional.
Obs.1: De qual Justiça é a competência para processar e julgar ação movida por servidor público contratado na
vigência da CF de 1988, sem prévia aprovação em concurso público? DEPENDE! “a competência para processar
e julgar ação movida por servidor público contratado na vigência da CF de 1988, sem prévia aprovação em
concurso público, depende da natureza do regime jurídico adotado pelo ente público para seus servidores. Se
de natureza administrativa ou estatutária, a competência é da Justiça comum. De outra sorte, se o vínculo for
regido pelas disposições da CLT, a competência é da Justiça do Trabalho”.

Obs.2: Conforme entende o Superior Tribunal de Justiça, compete à Justiça Federal apreciar ações que
envolvam direitos indígenas, de suas terras e de suas comunidades, no entanto, quando a demanda versa sobre
direito individual do índio, a competência será da justiça estadual.

Obs.3: Intervenção de ente federal em processo em trâmite na Justiça Estadual: Se o ente federal pede para
intervir em processo em trâmite na Justiça Estadual, os autos devem ser remetidos para a Justiça Federal para
que o juiz federal decida acerca do interesse de intervenção.

Critério baseado no Valor da causa: Atualmente, a relevância da competência fixada pelo valor da causa
encontra-se restrita à questão que envolve o Juizado Especial e os chamados foros regionais (distritais ou
qualquer outro nome que se dê à criação de células divisionárias de comarcas).

a) Juizados Especiais Estaduais: Serão de competência dos Juizados Especiais Estaduais as causas que não
superem 40 salários mínimos. Vale frisar que, ainda que a causa tenha valor inferior a 40 salários mínimos,
sendo competente o Juizado Especial, por opção do autor a demanda poderá prosseguir na Justiça Comum sem
que o juiz possa alegar a aplicação da Lei do juizado especial, exigindo que o autor litigue no Juizado Especial.
Trata-se, em última análise, de uma competência relativa. O contrário, entretanto, não ocorre, não se admitindo
que prossiga perante o Juizado Especial processo que tenha valor da causa superior a 40 salários mínimos, caso
em que, se ocorrer, a ação deverá ser extinta sem resolução do mérito.

b) Juizados Especiais Federais: A competência do Juizado Cível Federal vem prevista na Lei 10.259/2001,
contendo a regra de competência em razão do valor da causa: 60 salários-mínimos, afirmando ainda que apenas
as causas de competência da Justiça Federal até esse valor serão de competência do Juizado Especial Federal.
Nesse caso, trata-se de competência absoluta, não podendo o autor optar pelo ajuizamento da ação na justiça
comum. Segundo entendimento do STJ, havendo litisconsórcio ativo, o teto indicado pela lei deverá ser
calculado de forma autônoma.

c) Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual – Lei nº 12.153/09: determina que a União, no DF e
territórios, e os Estados criarão os Juizados Especiais da Fazenda Pública, que passarão a compor o sistema dos
Juizados Especiais dos Estados e do DF com os Juizados Especiais Cíveis e Juizados Especiais Criminais.

É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de
interesse dos Estados, do DF, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.
Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:

I – As ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por


improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos;
II – As causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações
públicas a eles vinculadas;

III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão impostam a servidores públicos
civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.

Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a soma
de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder o valor referido
no caput deste artigo. No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua competência é
absoluta.

d) Foros regionais (distritais): A competência dos foros regionais é determinada por leis de organização
judiciária, ora sendo fixada em razão da matéria, ora em razão do valor.

Prorrogação de competência:

As hipóteses de prorrogação de competência previstas pelo Código de Processo Civil aplicam-se exclusivamente
às regras de competência relativa, que, justamente por serem de natureza dispositiva, admitem o afastamento
de sua aplicação no caso concreto.

Prorrogação legal: A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência:

a) Conexão: a conexão é o fenômeno processual que ocorrerá sempre que entre duas ou mais demandas
houver a identidade de causa de pedir ou do pedido. Não se deve confundir fenômeno da conexão com a sua
consequência, ou seja, com o seu efeito, que será a reunião dos processos perante um só juízo para
julgamento conjunto. O efeito/consequência da conexão é a reunião dos processos no mesmo juízo, para
processamento e julgamento simultâneo. Geram, portanto, uma modificação de competência. A competência,
por sua vez, só é alterada se relativa. Há casos em que os processos são conexos, mas a competência absoluta
não é a mesma. Nessas situações não poderá haver a reunião das ações, o principal efeito da conexão.
Verificada, portanto, a existência de conexão e a impossibilidade de reunião, suspende-se uma das causas,
enquanto a outra não é decidida. Ex.: causa em primeiro grau e outra em segundo. A principal justificativa da
existência de prorrogação legal de competência é o privilégio da economia processual e da harmonia das
decisões, evitando decisões contraditórias sobre fatos correlatos.

b) Continência: ocorre a continência quando há o concurso de duas ou mais ações parecidas, mas não idênticas,
que tenham as mesmas partes e a mesma causa de pedir, contudo, o pedido de uma é mais amplo que a da
outra. Havendo continência entre dois processos, ainda não sentenciados, NÃO se impõe, necessariamente,
a reunião das ações para decisão em conjunto. Como se sabe, a continência ocorre quando se tem duas (ou
mais) ações com as mesmas partes e a mesma causa de pedir, sendo que o pedido de uma, por ser mais amplo,
abrange o pedido da outra. Uma das inovações previstas pelo CPC 2015 se refere exatamente às consequências
geradas por ocasião da continência. Nem sempre ocorrerá a reunião dos processos. Se a ação que contém
pedido MAIS AMPLO for proposta PRIMEIRAMENTE, a ação mais restrita (proposta depois) deve ser EXTINTA
sem resolução de mérito. De modo oposto, se a ação que contém o pedido MAIS RESTRITO for proposta
PRIMEIRAMENTE, aí sim deverá haver a REUNIÃO dos processos.
c) IDC – Incidente de Deslocamento de Competência: Em casos de grave violação de direitos humanos, em não
havendo movimentação do caso pela Justiça Estadual, desde que o Brasil tenha se comprometido por tratados
internacionais, o Procurador-Geral da República poderá requerer ao STJ a transferência do processo para uma
vara da Justiça Federal. O deslocamento de competência exige “demonstração concreta de risco de
descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante da
inércia, negligência, falta de vontade política ou de condições reais do Estado-membro, por suas instituições,
em proceder à devida persecução penal.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Há conflito de competência quando:

I.Dois ou mais juízes se declaram competentes. (CONFLITO POSITIVO)

II.Dois ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência. (CONFLITO


NEGATIVO)

III.Entre 2 ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos.

Obs.1: Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos
Juízos conflitantes.
Obs.2: Não há conflito se houver diferença hierárquica, pois prevalece o juízo superior. Ex.: não há conflito entre
o STF e qualquer juízo; entre o STJ e TRF/TJ (o STJ é competente); entre TRF/TJ e juiz federal/estadual (o TRF/TJ
é competente).
A competência para julgar o conflito é sempre de um TRIBUNAL. STF (Sempre que estiver envolvido um
Tribunal Superior no conflito); TRF/TJ (Conflitos entre juízes a eles vinculados.); e STJ (Demais hipóteses de
conflitos: TRF/TJ x TRF/TJ; TRF/TJ x juiz vinculado a outro TRF/TJ; conflitos entre juízes vinculados a Tribunais
diversos).
PROCESSO CIVIL
AÇÃO

Já vimos em diversas ocasiões que a jurisdição é inerte. O juiz não age de ofício, como regra. O Estado precisa
ser provocado (lembra-se da característica da inércia da jurisdição?).

E a ação surge, portanto, como o mecanismo pelo qual se provoca o Judiciário a dar uma resposta. Podemos
denominar essa resposta como provimento ou tutela jurisdicional. Quem vai a juízo busca justamente esse
provimento, essa tutela.

É a partir do exercício do direito de ação que a máquina judiciária será movimentada, formando, assim, o
processo, isto é, uma relação processual entre os três personagens (autor-juiz-réu), desenvolvendo-se de acordo com
o procedimento estabelecido em lei, criando condições e com o objetivo de, ao final, o juiz poder decidir sobre a tutela
jurisdicional postulada inicialmente.

Vale lembrar que o direito de ação se reveste de uma faculdade daquele que se sente prejudicado.

Teorias da Ação

Várias são as teorias que surgiram, ao longo da história do pensamento jurídico, a respeito do conceito e da
natureza jurídica da ação. Contudo, considero essencial a compreensão básica de alguns deles, sobretudo por
possuírem considerável incidência nas provas de concursos públicos.

→ TEORIA IMANENTISTA (OU CIVILISTA)

É tida como a primeira teoria surgida acerca da natureza jurídica da ação, que era entendida como a própria
extensão do direito material: violado este, tem o ofendido direito à reparação. É vista como o direito de pedir em
juízo o que nos é devido.

Suponha que, um credor vá a juízo para exigir o seu crédito, o qual não fora satisfeito pelo devedor – para os
imanentistas, temos aí o próprio direito de crédito em movimentação, reagindo à sua violação, e não o direito
autônomo de ir à juízo para que substitua as partes e decida, imparcialmente, a lide.

Portanto, para os imanentistas... Não há ação sem direito e nem há direito sem ação.

→ TEORIA CONCRETA

Ao contrário dos imanentistas, os defensores desta corrente afirmam que o direito material não se confunde
com o direito de ir ao judiciário pedir que tal direito seja tutelado – logo, o direito de ação é autônomo em relação
ao direito que está sendo violado.

No entanto, o direito de acionar o judiciário só existe, só se faz presente quando a sentença favorável àquele
que postula. Logo, para os concretistas... O direito de ação consiste no direito à sentença favorável.

→ TEORIA ABSTRATA

Também discordam dos imanentistas e afirmam que o direito de ação não se confunde com o direito material
em questão.
No entanto, discordam radicalmente dos concretistas pois, mesmo que o autor da demanda tenha obtido um
resultado negativo (sentença desfavorável), houve o exercício do direito de ação – que nada mais é do que o
acionamento do Judiciário para que se movimente e traga uma resposta, mesmo que negativa.

Portanto, para a teoria abstrata... O direito de ação surge como direito a uma resposta de mérito.

→ TEORIA ECLÉTICA

Aqui, o direito de ação não está vinculado a uma sentença favorável (teoria concreta), mas também não é
completamente independente do direito material (teoria abstrata). Ação é o direito a uma sentença de mérito, seja
qual for o seu conteúdo, isto é, de procedência ou improcedência.

No entanto, para que alguém possa exercer tal direito, devem estar presentes as chamadas “condições da ação”
– que são requisitos formais para que o direito de ação possa existir.

Se alguma das condições da ação não for cumprida, o processo será extinto sem resolução do mérito, ou seja,
sem a análise do que foi pedido pela parte. A teoria eclética é a corrente adotada pelo CPC/2015, justamente por exigir
que o exercício do direito de ação não é incondicionado: deverá respeitar algumas condições impostas pela lei!

Quais são as condições da ação exigidas pelo nosso CPC/2015? Para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade.

E se esses requisitos não forem observados, o que ocorre? O juiz não resolverá o mérito.

Portanto, saiba que se o autor ingressa com uma ação não possuindo legitimidade para tanto ou demonstrando
a ausência de interesse, o juiz não analisará o mérito do pedido, extinguindo o processo. Vamos analisar cada uma das
condições da ação?

→ Legitimidade das partes: consiste no atributo jurídico conferido a alguém para discutir uma determinada
situação jurídica litigiosa e atuar no contraditório. O autor e o réu deverão possuir alguma relação com o objeto que
será discutido em juízo!

A ideia da legitimidade para a causa é essa: as pessoas só podem ir a juízo para postular e para defender direitos
que alegam ser próprios, sendo vedado discutir e requerer os direitos de outras pessoas. Contudo, a parte final do
dispositivo faz uma ressalva: é permitido que uma pessoa X acione o Judiciário em nome próprio e na condição de
parte para defender os interesses de Y, que não é parte no processo. É a chamada legitimação extraordinária ou, nos
termos do Código, substituição processual.

Nesses casos, aquele que figura como parte e não é titular do direito discutido será chamado substituto
processual, ao passo que o titular do direito, que não é parte, substituído processual. Existe grande preocupação com
situação do substituído: o que resulta na autorização legal para que ele ingresse no processo como assistente
litisconsorcial, para auxiliar o substituto em diversos atos processuais, como apresentando provas, recorrendo,
peticionando ao juízo quando necessário, dentre outros.


→ Interesse Processual (ou Interesse de Agir) entende-se que essa condição estará cumprida se o autor
demonstrar a necessidade e a utilidade da tutela jurisdicional formulada, bem como a adequação do procedimento
instaurado para obter o resultado pretendido com o ajuizamento da ação.

Não haverá, por exemplo, interesse de agir para a cobrança de uma dívida que ainda não está vencida, porque
pode ser que até a data prevista para o vencimento haja o pagamento espontâneo pelo devedor, tornando, por
consequência, desnecessária a ação. Mas, a partir do vencimento, se a dívida não for paga, haverá interesse de agir.
Também não haveria interesse se o credor da dívida ajuíze uma ação de declaração de dívida para cobrar os valores
que pretende, pois esse não é o procedimento adequado a esse fim, como podemos supor. Como ele pretende cobrar
a dívida e não simplesmente declará-la existente, a via adequada para tal é a ação de cobrança.

Obs.: Havia uma outra condição da ação: a possibilidade jurídica do pedido, que foi extinta com o advento da
nova legislação, em 2015. Significava, grosso modo, que o juiz deveria analisar se o pedido feito pelo autor era possível
– ou não – sob a luz do ordenamento jurídico. Diversos estudiosos criticavam essa condição por entender que essa
verificação representava a própria análise do mérito do litígio, o que era inoportuno em um momento inicial como
a propositura da ação. Portanto, A POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO NÃO É MAIS CONSIDERADA CONDIÇÃO DA
AÇÃO!

Contrapondo-se à teoria eclética, vem ganhando força uma nova teoria a respeito da ação, que vamos analisar agora:

→ TEORIA DA ASSERÇÃO

Propõe que a análise das condições da ação fique restrita ao que foi afirmado pela parte que ajuíza a ação, sem
necessidade de se produzir prova. Em outros termos, essa análise do juiz seria feita à luz das afirmações (ou das
asserções – daí o nome conferido à teoria) contidas na petição inicial – admitindo-se, provisoriamente e
hipoteticamente, que todas as afirmações do autor são verdadeiras, e aí sim procederia à verificação da presença das
condições da ação.

O importante é a afirmação do autor, e não a correspondência entre a afirmação e a realidade, que seria
analisada pelo juiz no momento em que for proferir uma sentença que analise o mérito da ação, o pedido principal.

Se, tornadas as afirmações como verdadeiras, as "condições da ação" estivessem presentes, estaria decidida
essa parte da admissibilidade do processo. Para a teoria em questão, caso seja necessária produzir provas para
verificar a veracidade do que foi alegado, a análise em questão já seria de mérito – com a análise do pedido principal!

Essa é a diferença em relação à teoria eclética, que afirma que ausentes as condições da ação, que podem ser
alegadas a qualquer tempo, haveria uma sentença que julgaria extinto o processo sem a análise do mérito, ao passo
que, para a teoria eclética, se, após a fase inicial de admissibilidade, for detectada a ausência de alguma condição da
ação (como a falta de interesse de agir) a sentença dada seria justamente a de improcedência do pedido.

Durante a instrução probatória no curso de processo referente a ação de cobrança proposta por indivíduo identificado, na
petição inicial, como credor do réu, o juiz verificou que o demandante não era o verdadeiro titular do crédito.
Nessa situação, o juiz deve considerar o autor como parte legítima e examinar o mérito do processo se adotar a teoria da
a) carga dinâmica da prova.
b) substanciação.
c) asserção.
d) exposição.
e) causa madura.
RESOLUÇÃO:
A resposta para o que a questão nos pede está na frase "Durante a instrução probatória (...)" do enunciado. O fato de o
autor da demanda não ser titular do crédito significa sua ilegitimidade para a causa (ou ad causam), o que, pela Teoria Eclética da
ação, deveria resultar na extinção do processo sem resolução do mérito por ausência de condição da ação.
No entanto, como vimos, para a Teoria da Asserção, o magistrado só pode decidir dessa maneira se verificar a carência de
ação durante o juízo de admissibilidade, quando faz uma presunção de veracidade dos fatos relatados pelo autor.
Caso a ausência de condição da ação seja verifica em qualquer momento posterior, isso significará que o magistrado
precisou de uma cognição mais aprofundada, de modo que deverá extinguir o processo com resolução do mérito, ou seja, julgar
o pedido do autor improcedente por lhe faltar legitimidade para cobrar tal crédito do réu.

Elementos da Ação

Funcionando como uma espécie de carteira de identidade das ações, seus elementos servem para identificá-
las. São três: as partes, o pedido e a causa de pedir.

→ Partes: também conhecido como elemento subjetivo da demanda, são aqueles sujeitos que participam da
demanda (da relação de direito material), integrando o contraditório. Fala-se, também, em partes principais, que são
aquelas que formulam (autor) ou têm contra si pedido formulado (réu).

→ Causa de pedir: representa os fatos e os fundamentos jurídicos que irão embasar o pedido. São os dois
componentes da causa de pedir. Quando alguém bate na porta do Poder Judiciário para formular um pedido, é preciso
apresentar:

a. os fatos (causa de pedir remota), que são aqueles acontecimentos concretos e específicos que ocorreram
na vida do autor, atingiram algum interesse seu e que o levaram a buscar o Poder Judiciário, para postular o
provimento jurisdicional.

b. os fundamentos (causa de pedir próxima), que é a justificativa pela qual se entende que o juiz deva acolher
a pretensão e conceder o provimento jurisdicional postulado. Em outros termos, é o direito que o autor quer que seja
aplicado ao caso, é a norma geral e abstrata, é o que diz o ordenamento jurídico a respeito do assunto.

Obs.: Apenas um desses componentes da causa de pedir vai constituir a sua essência e vinculará o juiz na
sentença: OS FATOS (CAUSA DE PEDIR REMOTA)
Pode ser que o autor nem mostre adequadamente os fundamentos jurídicos, apontando a norma equivocada
ou não fazendo isso com clareza. Mas o juiz deverá julgar mesmo sob essa situação, já que o Direito ele conhece. Ele
poderá, inclusive, aplicar norma legal ou direito diferente daquele indicado na petição inicial pela parte autora.
Esse sistema, em que os fatos é que dão os contornos à demanda e consequentemente vinculam o juiz no
julgamento, decorre da adoção da teoria da substanciação!

No sentido diametralmente oposto temos a teoria da individuação, a indicação dos fundamentos jurídicos
também vinculará o juiz quando da elaboração de sua sentença – teoria não adotada pelo nosso sistema.
→ Pedido: trata-se do objeto da ação – é a conclusão da exposição dos fatos e fundamentos jurídicos constantes
na petição inicial. É a pretensão material formulada ao Estado-juízo. O pedido desdobra-se em dois: o imediato e o
mediato.
a. Pedido imediato: é aquele que se refere à providência jurisdicional pretendida: é a sentença ou o acórdão
proferido por um magistrado, que pode se manifestar por meio de uma condenação, uma constituição de direito ou
uma mera declaração. É visto sob o enfoque processual: tem relação imediata com a decisão proferida pelo Poder
Judiciário.

b. Pedido mediato: é aquele que se refere ao bem da vida pretendido: o resultado prático que o autor
pretende obter através demanda submetida ao Poder Judiciário.

Classificação das Ações

Segundo o tipo de tutela jurisdicional pretendida


Tradicionalmente, é possível identificar dois tipos fundamentais de ação com base nesse critério: as de
conhecimento ou cognitivas e as de execução, que formarão os respectivos processos de conhecimento e de execução.
a. AÇÃO DE CONHECIMENTO (OU DE COGNIÇÃO)
Nessa espécie de ação, as partes buscam o pronunciamento de uma sentença que declare entre elas quem tem
razão e quem não a tem, o que se realiza com a indicação - pelo juiz - da regra jurídica concreta que disciplina o caso
que formou o objeto do processo.
O autor e o réu participam da produção de provas com o intuito de provar a existência ou a não existência de
um direito, cada uma delas buscando um provimento judicial a seu favor. Em outros termos, pede-se ao Poder
Judiciário que se profira uma sentença, a qual dirá quem está com a razão, bem como se ele tem ou não direito ao
provimento jurisdicional postulado.
Exemplo: Marcela ajuíza uma ação de conhecimento com objetivo de provar a existência de um crédito que
possui contra Bruna. Perceba que existe uma dúvida, a princípio, a respeito da certeza do direito de crédito.
b. AÇÃO DE EXECUÇÃO
Nas ações executivas, o que se pede são providências concretas, materiais, com vistas à satisfação
(cumprimento) do direito. O juiz não vai mais dizer quem está com a razão, pois esse não é o objetivo da ação de
execução, mas fará valer e concretizar o direito ao seu respectivo titular, por meios adequados.

Exemplo: Se Marcela já possuir, por exemplo, um título de crédito12 em face Bruna, poderá ajuizar uma ação de execução
para cobrar o valor contido nele, o qual já se encontra devidamente provado – assim, ela poderia pedir o bloqueio de valores
contidos em conta corrente de Bruna, a fim de que seja satisfeito seu direito.
c. AÇÃO CAUTELAR
O Código de Processo Civil de 1973, atualmente revogado, previa a possibilidade de o autor propor ações
cautelares para conservar o bem ou o direito a ser disputado na ação principal.
O novo CPC criou as tutelas provisórias, que podem ser de urgência ou da evidência. Dentre elas, pode haver
respectivamente tutelas provisórias de urgência cautelar e tutelas provisórias de urgência antecipada.
Dessa maneira, não mais se exige que o autor proponha uma ação cautelar e uma ação principal. O que ocorre
com a nova sistemática é a formulação de um pedido referente à tutela provisória de urgência cautelar de modo
antecedente ou incidental, num único processo. Portanto, não há mais que se falar em ações tipicamente cautelares
no processo civil brasileiro, sob a égide do CPC/2015! O que permanece, como vimos, são as medidas cautelares!
Classificação segundo a natureza do provimento jurisdicional pretendido
Dentre as ações de conhecimento, podemos identificar três tipos fundamentais: a ação declaratória, a
constitutiva e a condenatória, conforme o tipo de tutela que se pede ao Judiciário
a. AÇÃO DECLARATÓRIA
As ações declaratórias são consideradas mais simples que as demais, porque nelas o juiz se limita a declarar a
existência ou inexistência de uma determinada relação jurídica.
O que se pretende, aqui, obter é uma certeza jurídica sobre algo que tem sido fonte de dúvidas, incertezas ou
insegurança – não é seu objetivo dar, tirar, proibir, vedar, extinguir ou modificar algo. Em outras palavras, esse tipo
de prestação judicial não impõe prestações a outra parte e, por isso, não afeta sua esfera jurídica.
Os exemplos clássicos são a ação de usucapião, cujo autor visa obter certeza quanto à sua propriedade em relação ao
imóvel e a ação de investigação de paternidade que visa esclarecer e torna certo o vínculo de paternidade, como o próprio nome
faz supor. Vamos a outro exemplo? Duas pessoas entabularam um determinado contrato. No curso de sua execução, surgiu dúvida
a respeito da interpretação de uma cláusula. A dava um significado X a ela, ao passo que B interpretava de forma a dar um
significado Y. Com o objetivo de pôr fim à controvérsia, A ajuizou uma ação declaratória, visando obter certeza quanto à exata
interpretação da cláusula controvertida.
b. AÇÃO CONSTITUTIVA
Sua finalidade é modificar uma determinada relação jurídica, seja constituindo-a ou desconstituindo-a.
No primeiro caso, são criadas relações jurídicas até então inexistentes, ao passo que no segundo, tais relações
são desfeitas/extintas, ou seja: desconstituídas.
Um exemplo bem conhecido por todos é a ação de divórcio, que visa a desconstituição de uma relação jurídica
(o estado de casado dos cônjuges) que havia surgido anteriormente.
c. AÇÃO CONDENATÓRIA
É aquela que, além de declarar a existência do direito, objetiva a condenação do réu a prestar uma obrigação
de fazer algo (ou não fazer), entregar alguma coisa ou pagar certa quantia.
Ou seja, o autor visa obter, por meio da sentença, o direito de exigir do réu uma prestação, para que este dê ou
faça algo em seu favor. É o tipo mais comum de ação. Está contida no exemplo que demos – colisão veicular em que
uma parte pede ao juízo a condenação da outra para que os danos lhe sejam ressarcidos.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Pressupostos processuais são requisitos de existência, validade e eficácia do processo, sendo sua presença (no
caso dos pressupostos positivos) ou a sua ausência (no caso dos pressupostos negativos) indispensáveis para que o
juiz profira a sentença de mérito.

Tais requisitos não se confundem com aqueles exigidos para a validade do ato jurídico em geral, quais sejam o
agente capaz, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável e a forma prescrita ou não defesa em lei.

Mesmo com o advento do novo CPC, continuam existindo os denominados pressupostos processuais à
existência e à validade do processo, assim como outros pressupostos que não devem estar presentes, sob pena de
comprometer a higidez do desenvolvimento do processo. São, respectivamente, os chamados pressupostos
processuais de existência, de validade e os negativos. Vejamos:
Assim, não é possível que o juiz profira uma sentença de mérito na ausência dos pressupostos de existência e
validade ou na presença de pressupostos negativos. O que é possível – e até recomendável – é que o magistrado, na
medida das possibilidades de cada caso concreto, busque suprir o vício que compromete a higidez de seu atuar.
São pressupostos de existência do processo:
I. Provocação inicial: Como a jurisdição é inerte, ela precisa ser provocada para ser exercida.
II. Jurisdição: Para existir juridicamente processo, é necessário que algum órgão jurisdicional seja provocado.
III. Citação: Por imposição do princípio constitucional do contraditório, o réu deve ser citado para participar do
processo, viabilizando, assim, sua existência com relação trilateral, entre magistrado, autor e réu.
São pressupostos de validade do processo:
I. Aptidão da provocação inicial
A provocação inaugural, que rompe a inércia da jurisdição, chamada de petição inicial, deve atender aos
requisitos mínimos exigidos pela lei processual civil, até para viabilizar o exercício pleno da defesa.
Nesse sentido, o artigo 319 do novo CPC elenca os seguintes requisitos da Petição Inicial:
Art. 319. A petição inicial indicará:
I – O juízo a que é dirigida;
II – Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV – O pedido com as suas especificações;
V – O valor da causa;
VI – As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Na ausência desses requisitos, o juiz deve conceder prazo para a sua regularização:
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
II. Competência do juízo
Importa verificar se o órgão jurisdicional perante o qual se pretende ver prestada a tutela jurisdicional tem
competência absoluta para atuar no caso concreto. Vejamos o que diz o Código:
III. Imparcialidade do juiz
Além da competência do órgão jurisdicional, importa verificar se o magistrado [a pessoa do próprio julgador]
não tem nenhum interesse na resolução do litígio, isto é, que não seja impedido ou suspeito.
Impedimento
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I – Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou
depoimento como testemunha;
II – De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III – quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV – Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V – Quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI – Quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII – em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação
de serviços;
VIII – em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX – Quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério
Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.
2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia
que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha
diretamente no processo.
Suspeição
E ainda, quanto à suspeição:
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I – Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II – Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar
alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III – quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha
reta até o terceiro grau, inclusive;
IV – Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I – Houver sido provocada por quem a alega;
II – A parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido
Capacidade de ser parte e capacidade de estar em juízo
Trata-se do que, em geral, é chamado de “legitimação processual”, dizendo respeito à regularidade da atuação das
partes em juízo.
IV. Capacidade postulatória
Necessidade da assistência técnica de um profissional do direito, função desempenhada pelos membros do
Ministério Público, da advocacia pública ou privada e da Defensoria Pública.
V. Citação válida
A citação deve observar as exigências mínimas feitas pela lei. Não basta a existência de uma relação jurídica
processual, sendo imprescindível que tal relação seja válida, razão pela qual também existem os pressupostos
processuais de validade elencados acima.
Pressupostos negativos
Os pressupostos negativos, por sua vez, são os seguintes:
I. Litispendência: Trata-se da concomitância de duas “ações” idênticas, repelida pelo sistema.
II. Coisa julgada: Trata-se da sucessão de duas “ações” idênticas, uma já definitivamente julgada, cuja
decisão é imutável.
III. Perempção: Trata-se de inviabilidade de provocar a jurisdição pela quarta vez, depois de já ter havido três
provocações anteriores repelidas pela falta da prática de atos de responsabilidade do autor.
IV. Convenção de arbitragem: A existência de um acordo neste sentido entre as partes inibe a atuação do
Estado-juiz em prol do juízo arbitral.
V. Falta de caução ou outra prestação exigida pela lei: Por vezes, a lei exige que uma das partes faça depósito
ou tome providência que viabilize seu ingresso em juízo e a sua falta acarreta a inviabilidade de
desenvolvimento do processo.

PARTES DO PROCESSO
Quando se fala partes do processo, temos que nos atentar para dois institutos: Capacidade de ser parte e
capacidade processual, a saber:

Capacidade de ser parte - todas as pessoas, sem exceção, têm capacidade de ser parte, porque são titulares
de direitos e obrigações na ordem civil (pessoas físicas ou jurídicas). Ela é estendida a alguns entes despersonalizados:
massa falida, espólio, herança jacente e vacante, condomínio, sociedade sem personalidade jurídica e o nascituro. As
pessoas jurídicas e os entes despersonalizados que tem capacidade se ser parte devem ser representados.

Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


I - A União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;
II - O Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar;
V - A massa falida, pelo administrador judicial;
VI - A herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pj, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus
diretores;
IX - A sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa
a quem couber a administração de seus bens;
X - A pj estrangeira, pelo gerente, representante ou adm. de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada
no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.

Capacidade processual ou capacidade para estar em Juízo – é a aptidão para estar em Juízo pessoalmente.
Somente as que detém a capacidade de fato ou exercício (são pessoas que se encontram no exercício dos seus
direitos). Os civilmente incapazes serão também incapazes de, por si só, estar em Juízo e serão representados ou
assistidos.
Em regra, os incapazes serão representados ou assistidos pelos seus pais, tutores ou curadores e na falta deles
o juiz nomeará curador especial ao:
I - Incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar
a incapacidade;
II - Réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído
advogado.
A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
No primeiro caso, representará ou assistirá o incapaz. No segundo, o réu preso revel possui capacidade
processual, então ele apenas o defenderá e não será o seu representante legal. Existe para assegurar o contraditório,
uma vez que como ele está preso não pode procurar um advogado e nem produzir provas. O réu revel citado
fictamente (por edital ou com hora certa), terá um curador especial também para assegurar o direito de defesa, já
que, sendo ficta a citação, não se sabe se ele efetivamente tomou conhecimento do processo.
O curador especial não é o representante definitivo do incapaz, pois sua atuação está restrita ao processo para
o qual for nomeado.

Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o


processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.

 Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:

I - O processo será extinto, se a providência couber ao autor;

II - O réu será considerado revel, se a providência lhe couber;

III - O terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre.

 Descumprida a determinação em fase recursal perante TJ, TRF ou tribunal superior, o relator:

I - Não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;

II - Determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

Capacidade processual das pessoas casadas - Nas ações que versem sobre direitos reais imobiliários exige-
se o consentimento do cônjuge, chamado de outorga uxória (dada pela mulher) ou outorga marital (dada pelo
homem), para a plena capacidade processual. Como a capacidade processual é pressuposto processual de validade do
processo, quando não for suprima, invalida o processo. Salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de
bens, para os demais regimes de casamento sempre se faz necessário o consentimento do cônjuge.

Obs.1: a participação dos cônjuges também se faz necessária quando uma das partes participa no polo passivo
da ação (réu), tendo o demandante que acionar os dois cônjuges na ação.
Obs.2: nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas
hipóteses de composse ou de ato por ambos praticados.
Obs.3: todas as regras e exceções aplicadas ao cônjuge, também se aplicam a união estável comprovada nos
autos.
Obs.4: se um dos cônjuges, de forma injustificada, recusar-se a consentir, a outorga poderá ser suprida em juízo,
ou quando lhe seja impossível concedê-lo. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido pelo juiz,
invalida o processo.

Deveres das partes: Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e
de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:

I - Expor os fatos em juízo conforme a verdade;


II - Não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV - Cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à
sua efetivação;
V - Declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde
receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou
definitiva;
VI - Não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso (significa deteriorar ou mudar a
essência do bem e consequentemente a sua inutilização).

Responsabilidade por ato atentatório à dignidade da justiça : Nas hipóteses dos incisos IV e VI,
primeiramente o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida
como ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais
cabíveis, aplicar ao responsável multa de até 20% do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. Não sendo
paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em
julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal.

Quais são os atos atentatórios a dignidade da justiça?

I. Deixar de cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais ou criar embaraços à sua efetivação.

II. Praticar inovações ilegais no estado de fato do bem ou do direito litigioso.

Obs.1: Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o
valor do salário-mínimo.

Obs.2: Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não
se aplica a multa prevista pelos atos atentatórios a dignidade da justiça, devendo eventual responsabilidade disciplinar
ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
Obs.3: O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar.

Responsabilidade das partes por dano processual: Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-
fé como autor, réu ou interveniente.

Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - Deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;


II - Alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - Opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - Proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - Provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Obs.: só podem ser responsabilizados por danos processuais as partes que litigam no processo, ou seja as partes.
Os auxiliares da justiça (peritos, servidores públicos ...) não podem ser responsabilizados por danos processuais.

De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um
por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta
sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. Quando forem 2 (dois) ou mais
os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente
aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.

Obs.: Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o
valor do salário-mínimo. O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado
por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

Obs.: O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé reverterá em benefício da parte contrária, e
o valor das sanções impostas aos serventuários pertencerá ao Estado ou à União. A União e os Estados
podem criar fundos de modernização do Poder Judiciário, aos quais serão revertidos os valores das sanções
pecuniárias processuais destinadas à União e aos Estados, e outras verbas previstas em lei.
Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas

Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes prover as despesas dos
atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a
sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título.

Obs.: Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. A
sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.
O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da
tramitação do processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos honorários de advogado
da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o
pagamento. Salvo quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz
parte; ou na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença; ou na reconvenção.

Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garantia, poderá o interessado exigir reforço
da caução, justificando seu pedido com a indicação da depreciação do bem dado em garantia e a
importância do reforço que pretende obter. As despesas (garantias) abrangem as custas dos atos do
processo, a indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha.

As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do Ministério


Público (enquanto parte do processo e não como fiscal da lei) ou da Defensoria Pública serão pagas ao final
pelo vencido. As perícias poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária,
ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova. Não havendo previsão orçamentária no exercício
financeiro para adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final,
pelo vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público.

Obs.: Quando, a requerimento do réu, o juiz proferir sentença sem resolver o mérito, o autor não poderá
propor novamente a ação sem pagar ou depositar em cartório as despesas e os honorários a que foi condenado.

Despesas com assistente técnico


Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito
adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício
ou requerida por ambas as partes.

Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá
ser:
I - Custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do Poder Judiciário
ou por órgão público conveniado;
II - Paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser
realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de
sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.

Obs.: O juiz após o trânsito em julgado, oficiará a Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido
condenado ao pagamento das despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a
utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público.

Da gratuidade da justiça

O direito à gratuidade da justiça é garantido à toda pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios.
A gratuidade da justiça compreende:

I - As taxas ou as custas judiciais;


II - Os selos postais;
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios;
IV - A indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como
se em serviço estivesse;
V - As despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados
essenciais;
VI - Os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para
apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de
outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX - Os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou
qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual
o benefício tenha sido concedido.
Obs.1: A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e
pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. Se o beneficiário da justiça gratuita perder o processo,
ainda assim será condenado aos ônus da sucumbência (custas, despesas e honorários). Contudo, a exigibilidade do
pagamento ficará suspensa por 5 anos a contar do trânsito em julgado. Se nesse período sobrevier condição que afaste
o preenchimento dos requisitos para concessão, ele deverá efetuar o pagamento. Se não, a obrigação é extinta após
os 5 anos.

Obs.2: A concessão do benefício não afasta o dever de pagar as multas processuais (por litigância de má-fé, por
ato atentatório à dignidade da justiça e as astreintes).

A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução
percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. Conforme o caso,
o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso
do procedimento.

O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para
ingresso de terceiro no processo ou em recurso. Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o
pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.

O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Dos Procuradores

A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. É
lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. Porém, nas ações de habeas corpus e naquelas
cujo valor da causa for inferior a 20 salários-mínimos, nos Juizados Especiais Cíveis, não é exigida a capacidade
postulatória para o ajuizamento.
O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou
prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. Porém, deve independentemente de caução, exibir a procuração
no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. O ato não ratificado será considerado
ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e
danos.

A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o
advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do
pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso
e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. A procuração pode ser
assinada digitalmente, na forma da lei. Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio
instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para
o cumprimento de sentença.

Do Juiz. Dos Auxiliares da Justiça. Do Ministério Público.

Poderes e Deveres do Juiz

Para que seja alcançada a finalidade de pôr um fim nos litígios e entregar uma decisão de mérito justa e efetiva,
foi conferido ao juiz o poder de direção dos processos. Significa dizer que ele vai supervisionar a relação processual e,
se necessário, tomará medidas para que o processo se desenvolva de forma justa e efetiva, observando os direitos e
garantias assegurados aos todos os sujeitos que dele participam.

No entanto, que fique bem claro: isso não o coloca em uma posição superior aos demais sujeitos que participam
do processo. Juiz, autor, réu, Ministério Público, os peritos e todos os outros estão em um mesmo patamar. Todos
devem colaborar, cada qual com a sua função no processo, para que o processo alcance o seu fim desejado.

O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:


I - Assegurar às partes igualdade de tratamento - Este poder-dever guarda íntima sintonia com o princípio da
isonomia processual. Lembra-se quando estudamos que o juiz deve assegurar às partes paridade de tratamento em
relação ao exercício de seus direitos e de suas faculdades processuais, aos meios de defesa, aos deveres e até mesmo
quando aplicar as sanções processuais? Essa é a isonomia formal! Isso não impede, por exemplo, que o magistrado
não possa tratar alguma das partes de maneira desigual, que se encontra em nítida desvantagem se comparada à
outra parte. Essa é a faceta da igualdade material.
II - Velar pela duração razoável do processo - Aqui, o que se pretende é que o juiz cumpra os prazos que a lei
lhe impõe. Sob outra vertente, o juiz também tem o poder-dever de impedir que as partes atrapalhem o andamento
normal do processo através da prática de medidas protelatórias.
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente
protelatórias - Sob outra vertente, o juiz também tem o poder-dever de impedir que as partes atrapalhem o
andamento normal do processo através da prática de medidas protelatórias. caso o juiz perceba que as partes (autor
e réu) se utilizaram do processo para conseguir objetivo ilegal, proibido por lei, caracterizando nítida fraude
processual, deve o juiz proferir uma sentença que impeça os objetivos das partes e, além disso, que aplique as
penalidades pela litigância de má-fé
IV - Determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária - De
nada adiantaria o juiz tomar decisões no curso do processo se não houvesse meios que pudessem dar efetividade ao
seu cumprimento. (exemplo). Que medidas são essas?
Medidas coercitivas: mais intensa nas obrigações de fazer ou não fazer, quando se espera que o devedor
cumpra pessoalmente com o que foi determinado por decisão, o juiz deve adotar medidas coercitivas que o
constranjam a fazer ou deixar de fazer algo – o caso clássico é das multas cominatórias.
Medidas indutivas: ao contrário das medidas coercitivas, as indutivas buscam oferecer ao obrigado alguma
vantagem. Isso mesmo! Tenta-se premiar alguma das partes com alguma vantagem para induzi-la a cumprir a decisão
judicial. À primeira vista, podemos estranhar o que acabamos de ler. Como assim: premiar o devedor que cumprir a
decisão judicial? Isso mesmo! Ex.: se o devedor (agora executado) pagar a dívida no prazo de três dias, os honorários
advocatícios devidos por ele serão reduzidos pela metade.
Medidas mandamentais: são medidas que constituem obrigações e que sujeitam aqueles que não a cumprem
ao crime de desobediência. É o caso da ordem emitida pelo juiz ao devedor para que seja indicada a localização de
seus bens que serão sujeitos à penhora ou para exibir algum documento ou coisa em sua posse.
Medidas sub-rogatórias: são atividades desenvolvidas pelo juiz com o objetivo de obter o resultado idêntico
àquele que deveria ter ocorrido pelo sujeito obrigado, ou o resultado prático equivalente.
V - Promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e
mediadores judiciais - No curso do processo, deve o juiz sempre estimular os meios alternativos de solução de
conflitos, sobretudo a prática da conciliação e da mediação, que deverão ser feitas preferencialmente por
conciliadores e mediadores. Isso não impede que o juiz tente conciliar ou mediar as partes para que cheguem a um
acordo.
VI - Dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito - Seja estabelecido por lei ou pelo
juiz, os atos processuais válidos devem ser praticados dentro de determinado prazo. No entanto, para que a parte
efetivamente possa participar de forma efetiva no processo, o juiz pode dilatar prazos, desde que ainda não estejam
encerrados! O juiz só poderá dilatar, jamais reduzir os prazos estabelecidos por ele ou pela lei! A
redução só é possível com a anuência das partes.
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos
fóruns e tribunais - O juiz deverá manter a ordem durante todo o trâmite do processo, bem como a segurança interna
dos fóruns e tribunais. Caso seja necessário, ele poderá requisitar a força policial.
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da
causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso - O juiz deve determinar que as partes compareçam ao juízo,
pessoalmente, com o objetivo de interroga-las sobre os fatos da causa que não estejam totalmente esclarecidos. caso
a parte não compareça ou se recuse a prestar os esclarecimentos, a ela não será aplicada a pena de confesso, ou seja,
não haverá presunção de que os fatos que o juiz pretende ver esclarecidos sejam verdadeiros.
IX - Determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais - O juiz
deve, sempre que possível, determinar o suprimento e as correções dos vícios processuais (pressupostos processuais,
nulidades, dentre outros) com o objetivo de preservar as condições para que o processo alcance uma decisão de
mérito, entregando às partes uma decisão que solucione o conflito.
X - Quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o MP, a Defensoria Pública e, na
medida do possível, outros legitimados, para se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva -
Devidamente comunicados, os legitimados mencionados acima irão analisar a viabilidade de ajuizar uma ação coletiva,
que irá gerar um único processo e irá beneficiar milhares de pessoas.
Ainda falando dos poderes / deveres dos juízes temos alguns outros pontos importantes, a saber:
 O princípio processual da legalidade estrita – o juiz deve julgar, regra geral, com base na lei. Não deve
julgar de acordo com o seu sentimento de justiça, por meio da equidade. Por mais injusta que se mostre a
aplicação da lei em um dado caso concreto, ele deve respeito ao seu comando e não poderá afastá-la por
conveniência. No entanto, caso haja expressa autorização legal, o juiz poderá efetuar o julgamento por
equidade. Significa que o juiz, desde que autorizado legalmente, pode se afastar do que determina a lei e julgar
da forma que considera mais justa para a parte. Quando isso pode ocorrer? Nos Juizados Especiais Cíveis e nos
processos de jurisdição voluntária.
 Deve o juiz decidir a demanda nos limites que foram propostos pelas partes. Dizendo de outra forma:
é vedado que ele conheça de questões e fatos que não foram mencionados pelas partes ao longo do processo.
 A regra é que a responsabilidade civil do juiz pelos atos praticados no exercício de suas funções
somente se caracteriza quando atua com dolo ou fraude ou quando recusa, omite ou retarda, sem justo motivo,
providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte e não tomada providencia depois de
transcorrido o prazo de dez dias.

Impedimento e Suspeição
No impedimento, a participação do juiz é vedada, porque é muito mais intensa ou direta a sua ligação com o
processo, o que representa um risco maior de perda de parcialidade; já na suspeição, ainda que se recomende o seu
afastamento, o risco é menor, tanto que, caso nenhuma das partes reclame e o juiz, de ofício, não peça a sua
substituição, o processo continuará sendo conduzido validamente por ele.

IMPEDIMENTO
O impedimento representa um risco grave à imparcialidade do juiz que conduz o processo – se verificada
qualquer uma das hipóteses abaixo, ele tem o dever de se afastar, de ofício, transferindo a condução do processo a
outro juiz. Caso não o faça, as partes poderão requerer essa substituição. Tamanha a sua gravidade, costumamos
afirmar que nesses casos há uma presunção absoluta de parcialidade do juiz. O que isso quer dizer? Significa que, caso
incorra em algumas das hipóteses, o juiz é considerado parcial e não se considera qualquer prova em sentido contrário,
que tente provar a sua imparcialidade. Provada a causa de impedimento, o juiz deve ser inexoravelmente afastado do
processo, passando nele a funcionar o seu substituto.

E isso traz algumas consequências: as sentenças proferidas pelo juiz impedido são consideradas nulas 6 e
podem ser objeto de ação rescisória7 mesmo depois de transitadas em julgado.

As causas de impedimento são de cunho objetivo, ou seja, representam algum tipo de vínculo objetivo que o
juiz tenha com o processo ou com as partes. Por isso mesmo, são mais facilmente provadas que as de suspeição,
portanto, o juiz está proibido de exercer jurisdição no processo:

a) em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério
Público ou prestou depoimento como testemunha;

b) de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

c) quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do ministério público, seu
cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive;

d) quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;

e) quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;


f) em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de
contrato de prestação de serviços;

g) em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado
por advogado de outro escritório;

h) quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

Obs.: Há ainda uma hipótese especial de impedimento, que veda a participação de dois juízes que sejam
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, no mesmo processo. Essa regrinha
foi estabelecida com a finalidade de evitar que juízes do mesmo núcleo familiar se influenciem reciprocamente.

SUSPEIÇÃO

A suspeição é tratada como uma forma menos grave de parcialidade do juiz. Tanto que, se o juiz e nenhuma
das partes questionarem tal circunstância no prazo estabelecido (que é de 15 dias do conhecimento do fato), a
matéria preclui, ou seja, não é mais possível alegá-la após o transcurso do prazo. É como se o juiz acabasse tornando-
se imparcial pela falta de alegação das partes no prazo estabelecido.

Nestes casos, o juiz possui vínculos subjetivos com uma das partes ou com seus respectivos advogados, os quais
precisam ser provados por aquele que os alega. Mas como são de natureza subjetiva, a prova costuma ser um pouco
mais complexa. Não é simples uma parte provar que o juiz é amigo íntimo do advogado da parte contrária, por
exemplo.

Costuma-se dizer, também que na suspeição há presunção relativa de parcialidade do juiz. Isso quer dizer o
que? Que se admite prova em contrário, ou seja, pode o juiz provar que não há a incidência de alguma das causas que
geram sua suspeição. Veja só quais são as hipóteses:

a) O juiz for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou seus advogados;

b) O juiz receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo

c) O juiz aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa;

d) O juiz subministrar meios para atender às despesas do litígio;

e) e) Alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou companheiro ou de
parentes destes, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive;

f) O juiz for interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes;

g) O juiz poderá declarar-se suspeito por motivos de foro íntimo, sem necessidade de se justificar;

Obs.1: É possível que o juiz se declare suspeito sem apresentar de forma expressa a razão por se tratar de
motivo íntimo.

Obs.2: De forma semelhante à que ocorre com o impedimento, caso a parte provoque alguma situação que
gere suspeição do juiz, ela não poderá alegar sua parcialidade posteriormente. Por exemplo: a ação de Renato foi
distribuída ao juiz Edson, conhecido por ser rígido em seus processos que envolvem direito de vizinhança. Com o
objetivo de afastar o juiz do processo, Renato ofende o juiz durante a realização de audiência de conciliação,
chamando-o de incompetente com a clara intenção de criar uma inimizade entre ambos e gerar a suspeição. Essa
conduta é inadmissível, pois as partes estariam indiretamente controlando e manipulando a escolha dos juízes no
processo, o que vai contra o princípio do juiz natural!

Incidente de Impedimento e Suspeição

Caso o juiz não declare o seu impedimento ou a sua suspeição, como as partes devem proceder caso desejem
recusar o julgador?

Se a parte descobre alguma causa de impedimento /suspeição, ela tem 15 dias, a partir da data da descoberta,
para apresentar uma petição específica dirigida ao próprio juiz, indicando as razões pelas quais a parte entende que o
juiz não é imparcial. Ela poderá ser instruída com documentos e indicar um rol de testemunhas com o objetivo de
provas suas alegações.

O juiz, ao receber a petição, pode adotar duas posturas possíveis:

a) Reconhecer o impedimento ou a suspeição, acolhendo as razões da alegação da parte, se afastar


espontaneamente do processo, remetendo IMEDIATAMENTE os autos ao seu substituto determinado por lei;

b) Não reconhecer o impedimento ou a suspeição. O juiz, nesse caso:

1) vai determinar a autuação em apartado da petição, formando um incidente de alegação de impedimento ou


suspeição;

2) tem 15 dias para apresentar suas razões e expor os motivos pelos quais não se considera impedido/suspeito,
juntando os documentos e indicando testemunhas para comprovar o que alega

3) remeterá o processo ao tribunal a que está vinculado. O incidente é distribuído a um relator, que deve
declarar se o incidente suspenderá, ou não, o processo principal.

Quanto ao efeito suspensivo:


1) Se o relator não declarar o efeito suspensivo, o processo principal voltará a correr normalmente;
enquanto isso, o incidente é decidido simultaneamente no tribunal.
2) Se o relator declarar o efeito suspensivo, o processo ficará suspenso até o julgamento do incidente.
Após o tribunal analisar as provas poderá tomar 2 iniciativas:
1) Poderá rejeitar o incidente, mantendo o juiz no processo (por não ter verificado algumas das causas que
gerem impedimento/suspeição) e condenando a parte que o suscitou nas despesas processuais
referentes à abertura e procedimento do incidente. (a parte que provocou o incidente tem legitimidade
para recorrer da decisão do tribunal, a qual rejeitou o seu pedido).
2) Poderá acolher o incidente: nesse caso, o juiz será afastado e condenado nas custasprocessuais10
referentes ao incidente e o processo será encaminhado ao juiz substituto
→ o juiz afastado tem legitimidade para recorrer dessa decisão, sobretudo pelo fato de ser condenado a pagar
custas processuais relativas à abertura e processamento do incidente;
→ o tribunal deve indicar, de forma precisa, o momento a partir do qual se verificou o impedimento ou a
suspeição. Qual o objetivo? Para estabelecer a nulidade de todas as decisões tomadas pelo juiz suspeito ou impedido
durante esse lapso temporal.

AUXILIARES DA JUSTIÇA
São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização
judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete,
o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.

Escrivães e Chefes de Secretaria: o escrivão ou o chefe de secretaria14 é o nome que se dá ao servidor


responsável pelos ofícios de justiça ou pelas secretarias de vara. Na prática eles são auxiliados por outros servidores
subordinados, denominados escreventes ou técnicos judiciários. De modo geral, ele é o incumbido da direção dos
ofícios de justiça e compete-lhe executar as suas funções e ordenar os trabalhos e dar comandos aos escreventes e
demais funcionários do juízo. Ou seja, é ele quem organiza a parte administrativa do juízo para que ele funcione
adequadamente.

Oficiais de Justiça: De forma geral, esse servidor cumpre as ordens emanadas do juiz fora da sede do juízo.
Caso o juiz queira, por exemplo, citar alguém para integrar o processo como réu, ele não se deslocará por conta própria
até o endereço indicado. Quem fará isso sob sua ordem será o oficial de justiça! fazer pessoalmente citações, prisões,
penhoras, arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas)
testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora.

Obs.: O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando:
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa.

Esses servidores responderão regressivamente. Basicamente devemos entender isso da seguinte forma: as
partes e terceiros que forem lesados pela prática de alguns desses atos danosos deverão ajuizar uma ação apenas
contra o Estado da Federação (em se tratando das justiças estaduais ou contra a União (Justiça Federal), graças ao
instituto da responsabilidade objetiva do Estado, o qual responderá pelos atos ilícitos cometidos por seus agentes
públicos independente de dolo ou culpa. Caso a ação seja julgada procedente, os entes serão condenados, restando-
lhes uma ação regressiva contra os servidores que causaram o referido dano.

Perito: O perito é o auxiliar da justiça que será requisitado quando o esclarecimento dos fatos depender da
produção de alguma prova técnica ou científica e que seja ligada à área de conhecimento de caráter específico. Perito
O perito é o auxiliar da justiça que será requisitado quando o esclarecimento dos fatos depender da produção de
alguma prova técnica ou científica e que seja ligada à área de conhecimento de caráter específico.

Depositário e Administrador Judiciais: A guarda e a conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados


ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador, não dispondo a lei de outro modo. Por seu trabalho
o depositário ou o administrador perceberá remuneração que o juiz fixará levando em conta a situação dos bens, ao
tempo do serviço e às dificuldades de sua execução. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que,
por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que
legitimamente despendeu no exercício do encargo. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que,
por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que
legitimamente despendeu no exercício do encargo.

Intérprete e Tradutor: O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para: I - traduzir documento
redigido em língua estrangeira; II - verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que não
conhecerem o idioma nacional; III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas
com deficiência auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando assim
for solicitado.

Obs.: Não pode ser intérprete ou tradutor quem: I - não tiver a livre administração de seus bens; II - for arrolado
como testemunha ou atuar como perito no processo; III - estiver inabilitado para o exercício da profissão por sentença
penal condenatória, enquanto durarem seus efeitos.

Conciliadores e Mediadores Judiciais: Auxiliares protagonistas na solução consensual dos conflitos, os


conciliadores e mediadores são sujeitos muito importantes para o processo. O conciliador, que atuará
preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio,
sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. O
conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá
sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para
que as partes conciliem.

LITISCONSORCIO

Litisconsórcio é um fenômeno processual que se configura quando há pluralidade de partes na relação jurídica
processual, em qualquer dos polos (ativo ou passivo). É hipótese, portanto, de cúmulo subjetivo (de partes) no
processo.

No entanto, é importante ressaltar que a formação do litisconsórcio não está sujeita a livre vontade das partes,
já que o CPC/2015 e algumas leis esparsas nos trazem algumas regras para que ele seja formado. Vamos ver que,
em alguns casos, a sua formação é facultativa: ou seja, depende da iniciativa de uma das partes; mas, mesmo nesses
casos, a lei estabelece algumas condições para que isso ocorra! Professor, por que o Código permitiu a pluralidade das
partes em um ou em ambos os polos da relação processual? Simples: imagine a possibilidade de várias ações
individuais discutirem a mesma coisa e, por consequência, juízes diferentes julgando tais situações que guardam
semelhança entre si: Corremos o risco de haver resultados conflitantes se cada uma fosse julgada por um magistrado
diferente.

Classificação do Litisconsórcio

a. ATIVO: Quando há mais de um autor no polo ativo do processo

b. PASSIVO: Quando há mais de um réu no polo passivo do processo

c. MISTO: Quando há mais de um autor no polo ativo E mais de um réu no polo passivo do processo

Quanto ao momento de formação, o litisconsórcio pode ser:

a. INICIAL/ORIGINÁRIO: É o litisconsórcio existente desde o início da demanda, já indicado na petição inicial.

b. ULTERIOR/SUPERVENIENTE: Ocorre quando o litisconsorte não é indicado na petição inicial, sendo o


litisconsórcio, assim, formado em momento posterior ao início da demanda.

Quanto à obrigatoriedade, o litisconsórcio poderá ser:

a. FACULTATIVO: É a situação em que há pluralidade de litigantes por opção das partes; O litisconsórcio
facultativo pode se dar tanto no polo ativo como no polo passivo (várias pessoas podem optar por entrar com uma
ação conjuntamente ou um autor poderá optar por litigar contra vários réus). Duas ou mais pessoas PODEM litigar, no
mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de
obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer
afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.

b. NECESSÁRIO: É a situação em que há pluralidade de litigantes porque a lei ou o objeto da lide determinam.
No primeiro caso, por previsão legal, podemos citar a necessidade de se citar ambos os cônjuges, em litisconsórcio
passivo necessário, quando a ação versar sobre direito real imobiliário, salvo se o regime for de separação absoluta de
bens. Já quando a natureza da relação jurídica controvertida for determinante para a formação do litisconsórcio,
podemos citar o caso de um contrato celebrado entre 6 pessoas, sendo três os contratantes e três os contratados:
sempre que uma delas quiser demandar a pessoa que ocupa a posição contrária no contrato, ela deverá demandar os
três integrantes do polo oposto do contrato.

Obs.: Inicialmente, poderíamos pensar que não exista limites para a quantidade de autores que ingressam com
uma demanda em conjunto: se, entre 200 pessoas existe uma situação que gere comunhão de direitos ou obrigações,
em tese todas elas poderiam formar um litisconsórcio para demandar um banco, por exemplo. No entanto, o CPC/2015
dá poderes ao juiz para limitar a quantidade de litigantes que se encontram em um mesmo polo do processo: O juiz
poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de
sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o
cumprimento da sentença. Esse é um fenômeno a que chamamos de litisconsórcio multitudinário: aquele em que há
um número muito grande de litisconsortes facultativos no processo suficiente para comprometer a celeridade
processual, dificultar o exercício do direito de defesa ou, até mesmo, inviabilizar o prosseguimento da demanda.

Quanto à necessidade de haver uma mesma decisão para os litisconsortes

Aqui, o que está em jogo é a possibilidade de o juiz proferir uma decisão distinta para cada litisconsorte.

a. SIMPLES/COMUM: São os casos em que a decisão não necessariamente será a mesma para os litisconsortes.
Assim, a mera possibilidade de decisões diferentes já caracteriza o litisconsórcio simples.

b. UNITÁRIO: São os casos em que a decisão deverá ser a mesma para os litisconsortes, não podendo se admitir,
para eles julgamentos diversos. No litisconsórcio unitário, os litisconsortes são tratados como se fossem apenas uma
única pessoa.

Efeitos da não formação do litisconsórcio

Caso o litisconsórcio não seja formado, quatro situações diferentes podem acontecer.

a. SE FOR FACULTATIVO: Caso não haja formação do litisconsórcio facultativo, não surgirá efeito algum para o
processo, já que é possível que os litisconsortes ajuízem as ações em separado ou que o autor demande os réus em
ações diferentes.

b. SE FOR NECESSÁRIO: Agora a sua formação é obrigatória. Contudo, os efeitos da sua não formação serão
diferentes se estivermos diante de um caso de litisconsórcio necessário simples ou de um litisconsórcio necessário
unitário.

→ LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO UNITÁRIO: Se não formado, haverá total nulidade da sentença, já que a relação
discutida não poderia ter sido cindida, dividida, o que torna obrigatória a incidência de seus efeitos para todos os
litisconsortes!

→ LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO SIMPLES: Como a relação jurídica discutida aqui é divisível, cindível, a sentença
será considerada válida e surtirá efeitos em relação ao litisconsorte que participou do processo e exerceu o
contraditório. E em relação ao litisconsorte que não participou do processo? A sentença será ineficaz (ou seja, não
surtirá efeitos) em relação àquele que não integrou a relação processual.

→ A decisão será nula quando deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo.
ou seja: no litisconsórcio unitário, a falta de um dos litisconsortes implicará a nulidade da decisão para todos, já que
não pode haver desfechos diferentes para eles, pois a lide é única.

→ A decisão será ineficaz, no litisconsórcio simples, apenas em relação aos litisconsortes que não foram citados,
mas mantendo a validade para os que foram citados e participaram do processo

Obs.: Por fim, se o juiz, antes de proferir a sentença ou em um momento do processo perceber que o autor não
citou o litisconsorte passivo necessário? A solução será a seguinte: o juiz deverá determinar que o autor emende a
petição inicial para que ele inclua, no polo passivo, o litisconsorte faltante, sob pena de julgar extinto o processo sem
resolução do mérito.

Regime Jurídico do Litisconsórcio


O regime jurídico do litisconsórcio diz respeito aos efeitos que os atos ou omissões de um dos litisconsortes
terão sobre os demais: se um litisconsorte poderá ser beneficiado ou prejudicado por ação ou omissão não praticada
diretamente por ele, mas pelo outro.

Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto
no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão
beneficiar.

Temos uma exceção da regra da autonomia, que será mitigada nos casos de litisconsórcio unitário:

a. Se o ato praticado por um litisconsorte unitário é vantajoso...

...Todos os outros litisconsortes serão beneficiados! Veja: se apenas um dos litisconsortes contestou e a tese
apresentada foi acolhida pelo juiz, todos os outros serão favorecidos; do mesmo modo, aquele que apresenta um
recurso e obtém sucesso no tribunal também reverterá a situação dos outros litisconsortes, mesmo que estes não
apresentem recurso!

b. Se o ato praticado por um dos litisconsortes não for benéfico e lhe trouxer algum prejuízo...

...Os outros litisconsortes não serão prejudicados! Se um litisconsorte confessar ou renunciar algo no curso do
processo, seria injusto que os outros litisconsortes necessários suportassem tais efeitos negativos!

Ou seja, no litisconsórcio unitário, a decisão prejudicial que for dada à um litisconsorte só atinge a ele mesmo,
porém se a decisão for favorável, é estendida aos demais litisconsortes, mesmo que estes não tenham pleiteado tal
decisão.

Intervenção de Terceiros

Em regra, uma sentença que é proferida em um processo só deve atingir as partes que nele participam, como o
autor e o réu, que integram a relação processual desde o princípio de sua formação. No entanto, as decisões podem
afetar, indiretamente, outras pessoas que não participaram da relação processual e que mantém relações jurídicas
com alguma das partes.

É por esse motivo que a nossa legislação admite, de forma excepcional, a entrada de terceiros no decorrer de
determinadas demandas, fenômeno que costumamos chamar de INTERVENÇÃO DE TERCEIROS. Importante observar
que o terceiro sempre vai possuir um vínculo (mais ou menos intenso) com o objeto litigioso do processo.

O rol das modalidades admitidas pelo CPC/2015, em sua parte geral são: ASSISTÊNCIA (SIMPLES E
LITISCONSORCIAL), DENUNCIAÇÃO DA LIDE, CHAMAMENTO AO PROCESSO, INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA e AMICUS CURIAE.
Assistência: Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a
sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. A assistência será admitida em
qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se
encontre.

Obs.: para que uma pessoa ingresse em um processo como assistente, é necessário que
ela demonstre interesse jurídico na vitória de uma das partes, que será denominada assistida. Não é qualquer
tipo de interesse que legitima a intervenção do assistente, como o interesse moral, interesse afetivo ou interesse
econômico. Tem de haver interesse jurídico. E como podemos aferir se o interesse é jurídico? Se a decisão judicial
proferida na demanda proposta entre “A” e “B” influenciar a esfera jurídica de “C”, então o interesse é jurídico e está
autorizada a intervenção do assistente.
Obs.: Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for
caso de rejeição liminar. Se alguma das partes impugnar o pedido, alegando falta de interesse jurídico do assistente,
o juiz vai instaurar um incidente para apurar a existência de interesse (ou não). O incidente instaurado para apurar a
existência de interesse do assistente não suspende o processo!
Assistência Simples: Na assistência simples, o terceiro sofre, de forma reflexa, indireta, os efeitos da sentença,
mas não é permitida a sua atuação como parte. O terceiro possui relação jurídica com o assistido, mas não com o
adversário do assistido.

Para simplificar, pode-se dizer que o interesse jurídico do assistente simples depende de três circunstâncias:
I. Que o terceiro tenha uma relação jurídica com uma das partes;
II. Que essa relação seja diferente da que está sendo discutida no processo, pois se for a mesma ele deveria
figurar como litisconsorte, e não como assistente;
III. Que essa relação jurídica possa ser afetada reflexamente pelo resultado do processo.
Como atua como coadjuvante (ou auxiliar) da parte principal, o assistente simples não poderá agir de forma
contrária à vontade do assistido, muito embora possua os mesmos poderes e se sujeita às mesmas obrigações que
ele. Em caso de omissão ou de revelia do assistido (se este não contestar a ação, por exemplo), o assistido será
considerado seu substituto processual, ou seja, atuará em seu nome para defender interesses do assistido.

Existe uma limitação dos poderes do assistido em relação ao assistente, o qual poderá reconhecer a procedência
do pedido (se for réu), desistir da ação ou renunciar ao direito (se autor), e transigir sobre o objeto da demanda,
independentemente da concordância do assistente. E, como não se trata de um direito seu que está sendo discutido
no processo, o assistente simples não sofrerá os efeitos da coisa julgada.

Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - Pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de
produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - Desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
Assistência Litisconsorcial: Na assistência litisconsorcial, o interesse do assistente é muito mais intenso do que
o que ocorre na assistência simples, já que a sentença proferida irá interferir na sua relação com o assistido e a parte
a contrária do assistido. Mas por que isso ocorre? Porque o assistente litisconsorcial é verdadeiro titular da relação
jurídica controvertida, conjuntamente com o assistido. Mais que um terceiro, ele é tratado como litisconsorte da parte
principal: Se um bem pertence a vários proprietários, qualquer deles tem legitimidade para, isoladamente, propor
ação reivindicatória ou possessória contra aqueles que tenham a coisa consigo indevidamente.

Para bem diferenciar as figuras, vamos relembrar o que ocorre na assistência simples: o sublocatário não tem
relação jurídica com o autor da ação de despejo, já que sua relação jurídica é com quem foi celebrado o contrato de
sublocação (o locatário original). Na assistência litisconsorcial, o condômino tem relação jurídica com o invasor, ou
seja, com o réu da ação possessória, e ingressa como assistente do autor. Assim, o assistente e o assistido atuam com
a mesma intensidade no processo, com os mesmos poderes e cada um poderá atuar inclusive contrariamente ao outro
– se o assistido desistir do processo, pode prosseguir o assistente; se o assistido pleitear o julgamento antecipado do
pedido, pode o assistente pedir provas e requerer que se realize audiência de instrução, e por aí vai!

Denunciação da lide: a denunciação da lide é uma ação regressiva, em processo simultâneo e incidente, que
pode ser proposta tanto pelo autor como pelo réu, sendo citada como denunciada aquela pessoa contra quem o
denunciante terá uma pretensão de reembolso caso ele, denunciante, venha a sucumbir (perder) na ação principal.

A denunciação da lide é uma forma de intervenção de terceiros cujo principal objetivo é garantir direito de
regresso no mesmo processo, fundando-se na ideia de economia processual. Serve a denunciação da lide para que
uma das partes traga ao processo um terceiro que tem responsabilidade de ressarci-la pelos eventuais danos advindos
do resultado desse processo. O direito regressivo da parte contra terceiros (ou excepcionalmente contra a própria
parte contrária), portanto, é o fator principal que legitima a denunciação da lide.

Assim, há duas relações processuais, em regra:

(1) Entre as partes primitivas;

(2) Entre uma das partes primitivas (denunciante) e o terceiro contra quem se pede o reconhecimento do direito
de regresso (denunciado).

Obs.: Salienta-se que a denunciação da lide é uma FACULDADE da parte interessada. Se ela não denunciar a
lide, não haverá perda do direito de regresso, mas apenas preclusão do direito de valer-se do instituto e adiantar o
ressarcimento naquele mesmo processo. Assim, nada impede uma ação autônoma para exercitar o direito de
regresso. A denunciação da lide pode ser indeferida quando o Juiz entender que poderá comprometer
substancialmente a duração razoável do processo.
A intervenção de terceiros possui três características principais:
a) É forma de intervenção de terceiros, que pode ser provocada tanto pelo autor quanto pelo réu,
diversamente do chamamento ao processo, que só pode ser requerido pelo réu;
b) Tem natureza jurídica de ação, mas não implica a formação de um processo autônomo. Haverá um processo
único para a ação e a denunciação, ampliando o objeto do processo. O juiz, na sentença, terá de decidir não apenas a
lide principal, mas a secundária. Por exemplo: em ação de acidente de trânsito, em que há denunciação à seguradora,
o juiz decidirá sobre a responsabilidade pelo acidente, e a da seguradora em reembolsar o segurado.
c) Todas as hipóteses de denunciação são associadas ao direito de regresso. Ela permite que o titular desse
direito já o exerça nos mesmos autos em que tem a possibilidade de ser condenado, o que favorece a economia
processual.
Segundo a doutrina, a denunciação da lide é uma demanda incidente, regressiva, eventual e antecipada:
a) Incidente, porque será instaurada em processo já existente;
b) Regressiva, porque fundada no direito de regresso da parte contra o terceiro;
c) Eventual, porque guarda uma evidente relação de prejudicialidade com a demanda originária, considerando-
se que, se o denunciante não suportar dano algum em razão de seu resultado, a denunciação da lide perderá seu
objeto;
d) Antecipada, porque no confronto entre o interesse de agir e a economia processual o legislador prestigiou a
segunda; afinal, não havendo ainda nenhum dano a ser ressarcido no momento em que a denunciação da lide ocorre,
em tese não há interesse de agir do denunciado em pedir o ressarcimento. Razões de economia processual,
entretanto, permitem excepcionalmente uma demanda sem interesse de agir.
Hipóteses de cabimento:
a) Risco de evicção: A denunciação deve ser feita ao “alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo
domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam”.
A evicção, fenômeno civil relacionado aos contratos onerosos, ocorre quando o adquirente de um bem
perde a propriedade ou posse da coisa adquirida, atribuída a terceiro.
b) Direito de regresso decorrente de lei ou contrato: É a hipótese que autoriza a denunciação àquele que
estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar em ação regressiva o prejuízo de quem for vencido
no processo. Ex: Denunciação da lide pelos segurados contra as seguradoras (direito de regresso).

Denunciação da lide sucessiva:


É possível que, feita a denunciação e citado o denunciado, este também entenda ter direito de regresso em face
de outro, e queira, no mesmo processo, fazer uma nova denunciação da lide. Há casos em que existe direito de
regresso sucessivo. Por isso, coloca-se a questão da possibilidade de, no mesmo processo, haver denunciações
sucessivas. O CPC atual admite uma única denunciação sucessiva. Isto é, permite que, feita pelo autor ou réu a
denunciação, o denunciado, por sua vez, requeira a denunciação sucessiva. Mas o denunciado sucessivo não poderá
fazer nova denunciação, devendo buscar eventual direito de regresso em ação autônoma.

CHAMAMENTO AO PROCESSO
É forma de intervenção de terceiros por meio da qual o réu fiador ou devedor solidário, originariamente
demandado, trará para compor o polo passivo, em litisconsórcio com ele, o afiançado ou os demais devedores
solidários. O chamamento ao processo é sempre facultativo, e mesmo que o réu não o faça, poderá reaver dos demais
coobrigados a parte que lhes cabe, em ação autônoma.
Chamante  Chamado
Fiador pode chamar Devedor
Fiador pode chamar Cofiador
Devedor solidário pode chamar Devedor solidário

Há um vínculo de SOLIDARIEDADE entre o chamante e o chamado. A finalidade é possibilitar aos fiadores e


devedores solidários, no processo em que estejam sendo demandados, chamar o responsável principal, ou os
corresponsáveis ou coobrigados, para que assumam posição de litisconsorte, ficando todos submetidos à coisa
julgada. Assim, o título executivo judicial será dirigido a todos que participaram do processo.
Obs.1: O devedor não pode chamar ao processo o fiador, salvo se o fiador renunciou o benefício de ordem
(neste caso, o fiador se equipara ao devedor, enquadrando-se na linha “devedor devedor”).
Obs.2: A grande diferença do chamamento ao processo com a denunciação da lide é que nesta o terceiro não
possui nenhuma relação com o autor da ação; ao passo que naquela o terceiro tem, exatamente, a mesma relação
que o autor da ação tem com o réu, pois ambos são devedores/responsáveis.
Obs.3: O art. 1.698 do Código Civil previu uma nova forma de chamamento ao processo, que não se pode
encaixar em nenhuma das previstas no NCPC. Trata-se do chamamento ao processo que aquele que deve alimentos
em primeiro lugar faz aos demais devedores, que concorrem em grau imediato, quando não tiver recursos para fazer
frente à integralidade do débito.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar
alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas,
poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
O dever de prestar alimentos é divisível, cada devedor responde por sua quota-parte. Inexiste solidariedade
entre eles: se alguém carece de alimentos e tem vários filhos em condições de prestá-los, não pode pretender cobrar
integralmente de apenas um. Só poderá cobrar deste a parte que lhe cabe, proporcional ao número dos filhos.
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: Sabemos que, como regra geral, a pessoa
jurídica (seja uma empresa, seja uma associação ou qualquer outro tipo de PJ) não se confunde com a pessoa física de
seus sócios. São duas personalidades distintas, o que resulta em direitos e obrigações igualmente distintos. Assim, não
se pode imputar a responsabilidade de uma dívida da empresa ao patrimônio de um de seus sócios. O contrário
também é absolutamente vedado. É aí que entra o uso do incidente de desconsideração da personalidade jurídica: o
juiz autoriza, em determinados casos, que se atinja bens dos sócios para pagar as dívidas da sociedade. Para que isso
seja possível, há a inclusão do sócio, no polo passivo, em determinada demanda em que a sociedade seja ré e esteja
sendo cobrada por débitos.
Quem tem legitimidade para requerer a abertura do incidente de desconsideração é a parte OU o Ministério
Público, como fiscal da ordem jurídica. Os quais deverão demonstrar os requisitos para a desconsideração da
personalidade jurídica na lei civil. A desconsideração pode ocorrer em qualquer fase do processo, não havendo que
falar em decadência de um direito potestativo.
AMICUS CURIAE: Amicus Curiae é um termo que vem do latim e significa “amigo da corte”. O amicus curiae,
basicamente, dá a sua opinião sobre a causa com o objetivo de fornecer subsídios para a fundamentação do
magistrado quando for proferir sua sentença, justamente por possuir representatividade em relação ao que se está
sendo discutido no processo – ou seja, ele possui algum tipo de vínculo ao que se discute. Além disso, sua participação
nos debates processuais confere legitimidade ao que for decidido pelos juízes, já que representam alguns segmentos
da sociedade, na maioria dos casos.
Obs.: por que a lei permite que terceiros opinem sobre o tema do processo? Justamente pela complexidade
técnica e/ou jurídica que algumas demandas podem apresentar.
Os requisitos para intervenção do amicus curiae são (deve estar demonstrado, no âmbito do processo, pelo
menos um dos seguintes pontos):
a. RELEVÂNCIA DA MATÉRIA: São processos que discutam matérias que estão ligadas a grandes temas, de
grande importância para a sociedade como um todo, trazendo reflexos econômicos, políticos, sociais ou jurídicos.
b. ESPECIFICIDADE DO TEMA: O objeto da demanda pode exigir conhecimentos particulares e específicos,
justificando a atuação do amicus curiae.
c. REPERCUSSÃO SOCIAL DA CONTROVÉRSIA: Em algumas ações, o julgador não pode observar apenas os
reflexos jurídicos que sua decisão trará, mas deve também considerar os reflexos da decisão sobre a coletividade; por
isso, guarda íntima relação com o requisito da “relevância da matéria”.
O amicus curiae não tem poder recursal: ele não pode apresentar, regra geral, recursos no processo. Entretanto,
temos duas exceções!
a. Embargos de declaração: Aqui, o amicus curiae não ataca a fundamentação da decisão, ou seja, ele não irá
manifestar seu inconformismo. O objetivo desse recurso é o de pedir que o juiz esclareça a decisão quando houver
alguma dúvida, omissão ou contradição na sentença.
b. Recurso contra decisão que julga o incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR): O incidente de
resolução de demandas repetitivas (ou IRDR) tem cabimento quando, estando presente o risco de ofensa à isonomia
e à segurança jurídica, for constatada uma multiplicação de ações fundadas em uma mesma tese jurídica. Com o
objetivo de evitar decisões conflitantes, o juiz ou relator, as partes, o MP ou a Defensoria Pública poderão requerer a
instauração do incidente, que será dirigido ao presidente do tribunal onde a demanda estiver sendo processada. Antes
de decidir a questão, poderá ouvir as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com
interesse na controvérsia – daí vem a legitimidade do amicus curiae para recorrer nesse caso, que possui
representatividade e relevância para participar desse tipo de incidente.
PROCESSO CIVIL
ATOS PROCESSUAIS
ATO PROCESSUAL é toda ação humana voluntária que produz efeito jurídico no processo. Assim, ao produzirem
efeito jurídico no processo, podemos dizer que os atos processuais impulsionam o processo no sentido de obter uma
decisão final. Temos como exemplos de atos processuais: a citação do réu efetivada pelo Oficial de Justiça, o
depoimento prestado por testemunha durante a audiência, a desistência da ação pela parte autora, a juntada de um
documento ao processo pelo servidor do cartório...

Obs.: ato processual é toda ação humana que produz efeito sobre a relação jurídica de direito processual, não
material.

Tradicionalmente, existem vários critérios para classificação dos atos processuais. Nos importa apenas a
classificação dos atos processuais por quem os pratica: atos das partes, pronunciamentos do juiz e atos do escrivão
ou chefe de secretaria. Nos importa apenas a classificação dos atos processuais por quem os pratica: atos das partes,
pronunciamentos do juiz e atos do escrivão ou chefe de secretaria.

Atos das Partes: Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem
imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Como regra geral, os atos das partes
produzem efeitos imediatos, ou seja, os atos processuais das partes não dependem de homologação judicial para
produzirem efeitos, quais sejam: a constituição, a modificação e a extinção de direitos processuais!

Obs.: Há uma exceção muito explorada em concursos públicos: o ato de desistência da ação, que é a
manifestação, feita pela parte autora, do interesse de desistir da ação proposta sem que o juiz analise o mérito do que
foi pedido. Logo, para produzir efeitos, a desistência da ação depende de homologação judicial!

Pronunciamentos do Juiz: compete ao juiz a prática de uma série de atos no decorrer do processo, sobretudo
por ele ser o sujeito responsável por conduzir e dirigir o processo. Pode o juiz praticar, então:

→ ATOS EXECUTÓRIOS, quando ele determina a penhora de algum bem, por exemplo;
→ ATOS DE DOCUMENTAÇÃO, quando ele assina os termos do processo, por exemplo;
→ ATOS PROBATÓRIOS, que são os relacionados a colheita de prova (quando ele ouve testemunhas, por exemplo);
→ ATOS DE CORREIÇÃO, quando ele fiscaliza a atuação dos auxiliares da justiça que se encontram subordinados a
ele, como os chefes de secretaria, por exemplo;
→ Outros tipos de atos.
Os atos que importam para o nosso estudo são os pronunciamentos do juiz, que podem ter três naturezas
distintas: SENTENÇAS, DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS e DESPACHOS.
Sentença: é o pronunciamento por meio do qual o juiz põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução.

Decisão Interlocutória: é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre como
SENTENÇA. Por que dizemos que as decisões interlocutórias possuem natureza decisória? Por elas se prestarem a
resolver questões apresentadas pelas partes.
Despacho: Os despachos são pronunciamentos judiciais que não possuem conteúdo decisório. Por essa razão,
dizemos que eles que dão andamento ao processo e não causam prejuízo às partes ou a terceiros. São despachos
todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.

Obs.: A diferença entre o despacho e a decisão interlocutória se encontra no conteúdo decisório do


pronunciamento judicial.
→ O despacho tem por finalidade a impulsão do processo e não possui conteúdo decisório algum, não
provocando prejuízo às partes;
→ A decisão interlocutória é o pronunciamento do juiz que possui conteúdo decisório e não se enquadra no
conceito de sentença (a qual por sua vez põe fim ao procedimento comum do processo de conhecimento ou extingue
a execução, com ou sem análise de mérito).
Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria: O escrivão ou o chefe de secretaria é o nome que se dá ao servidor
responsável pelos ofícios de justiça (cartórios judiciais) ou pelas secretarias de vara, possuindo por determinação legal
as seguintes funções:

I - Redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu
ofício;
II - Efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe
forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;
IV - Manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto:
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência;
V - Fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho, observadas as
disposições referentes ao segredo de justiça;
VI - Praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.

Forma dos Atos Processuais


A forma dos atos processuais é o aspecto exterior pelo qual eles se apresentam. Os atos e os termos processuais
independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que,
realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

Portanto, preste atenção: como regra geral, a forma dos atos processuais é livre. Isso representa o princípio da
liberdade das formas dos atos processuais. Contudo, a lei pode dispor de modo contrário, ou seja, pode determinar
que certo ato tenha de se subordinar a determinada forma e requisitos de validade.

Uso obrigatório da língua portuguesa

Todos os atos e os documentos que são utilizados e anexados ao processo devem utilizar a língua portuguesa.
E se a parte pretender juntar ao processo, por exemplo, um contrato de transporte marítimo redigido em alemão?
Só será possível a juntada de documento estrangeiro se ele estiver acompanhado de uma versão traduzida em
língua portuguesa e → tramitada por via diplomática OU → tramitada pela autoridade central OU → firmada por
tradutor juramentado.

Atos processuais: negociação e “calendarização”

Tradicionalmente, considera-se que as normas processuais possuem natureza de ordem pública e


cogente, ou seja, possuem observância obrigatória e não podem ser alteradas livremente pelas partes. No
entanto, seguindo uma tendência consolidada ao longo dos anos anteriores o CPC/2015 permitiu que as
partes possam alterar alguns aspectos do procedimento estabelecido em lei, de comum acordo.

Dito de outra forma, as partes têm o poder de mudar algumas regrinhas e normas do processo. É o
que se costuma denominar de convenções ou negócios jurídicos processuais. Há dois tipos de negócios
processuais: os típicos e os atípicos:

a) NEGÓCIOS PROCESSUAIS TÍPICOS

São aqueles negócios processuais previstos em lei, sendo por ela regulado. não é necessário que as partes
regulem a prática destes atos, já que a própria lei o faz.

Veja alguns exemplos:

1. Convenção de arbitragem – é negociação pré-processual típica (que ocorre antes de iniciado o processo)

2. Eleição negocial do foro: as partes podem mudar algumas regras de competência do juízo

3. Acordo para suspensão do processo;

4. Adiamento negociado da audiência;

5. Escolha consensual do perito;

6. Calendarização da prática dos atos processuais;

Obs.: De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando
for o caso. O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos
excepcionais, devidamente justificados. Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a
realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. O CPC/2015, de forma bastante inovadora,
permitiu que as partes e o juiz, de comum acordo, fixem um calendário para a prática dos atos processuais. Isso
mesmo! É como se elas planejassem um agendamento do que irão fazer no decorrer do processo, de modo a evitar o
famoso “tempo-morto” processual.

No entanto, a calendarização dos atos processuais deve observar alguns requisitos:


Deve ser montado DE COMUM ACORDO ENTRE AS PARTES E O JUIZ, os quais ficam vinculados ao que foi
convencionado (só poderá haver mudança em casos excepcionais). Portanto, cuidado com questões que afirmem que
as partes celebrarão o negócio e o juiz apenas homologará o calendário.
AS PARTES NÃO SERÃO INTIMADAS para a prática dos atos e para comparecerem à audiência, pois elas já têm
conhecimento prévio das datas em que ocorrerão.
b) NEGÓCIOS PROCESSUAIS ATÍPICOS
São aqueles negócios processuais não previstos em lei e que podem ser pactuados pelas partes para atender as
suas necessidades e conveniências em relação ao processo e seu respectivo procedimento, antes ou depois do seu
início.
Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará
a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente:

(1) nos casos de nulidade ou de


(2) inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
(3) manifesta situação de vulnerabilidade.

São inúmeras as possibilidades de alterações do procedimento, a saber alguns exemplos:

1. Acordo de produção antecipada de prova;

2. Previsão de meios alternativos de comunicação das partes entre si – ou seja, as partes comunicam umas às
outras acerca da juntada de algum documento, não sendo necessário esperar que o juiz a intime;

3. Pacto de exclusão contratual da audiência de conciliação ou de mediação;

4. Acordo de rateio das despesas com o processo;

5. Ampliação de prazos para resposta, recursos e manifestações em geral;

6. Redução de prazos para resposta, recurso e manifestações em geral.

Tempo dos Atos Processuais

Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. O conceito de dia útil no
processo civil é definido por exclusão: são aqueles que não estão compreendidos nos feriados para efeito forense nem
no período de férias forenses.

Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não
haja expediente forense. Assim, o juiz não poderá marcar audiência de instrução e julgamento no sábado, tendo em
vista que os atos processuais se realizam, no juízo, apenas em dias úteis!

A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do
último dia do prazo. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de
atendimento do prazo

O CPC/2015 estabelece algumas exceções a essas duas regras que acabamos de ver:

I. Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar
grave dano.
II. Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão realizar-se no (1) período de
férias forenses, onde as houver, e (2) nos feriados ou (3) dias úteis fora do horário estabelecido neste artigo.
Comunicação dos Atos Processuais
O cumprimento dos atos processuais exige a informação do destinatário, para tanto há a necessidade de que
sejam comunicados os atos. O art. 236, caput, do NCPC, prevê que o cumprimento dos atos processuais depende de
determinação do juiz competente pela causa. Isso significa dizer que é o magistrado que irá determinar a citação, a
intimação ou a expedição de cartas. Esses atos de comunicação são cumpridos pelo chefe de secretaria ou pelo oficial
de justiça, sob determinação do juiz.
Basicamente temos que compreender esses três institutos:
 A citação é o ato por meio do qual se dá ciência à parte da existência de determinada demanda. Destina-se,
portanto, ao réu, ao executado ou ao interessado.
 A intimação é o ato que comunica a parte sobre atos e termos do processo. Desse modo, podem ser intimados
autores, réus, auxiliares e terceiros interessados.
 A notificação, por sua vez, é usada no NCPC apenas quando tratamos da jurisdição voluntária. Assim, se destina
a comunicar alguém para que manifeste formalmente sua vontade em relação a outras pessoas sobre assunto
juridicamente relevante.
Obs.: prevê a possibilidade de prática de atos processuais por intermédio de videoconferência. Trata-se de
recurso tecnológico que permite a transmissão de sons e imagens em tempo real de pessoas que estão distantes das
unidades judiciárias. Embora não dispense a expedição de cartas, a utilização da videoconferência poderá permitir,
por exemplo, ao magistrado com competência sobre a causa, presidir atos processuais relevantes como ouvir
testemunhas, efetuar acareações etc. Além de menos custoso (e, nesse sentido, constitui ato de economia processual),
permite que o Juiz – destinatário da prova – tenha contato direto com os atos processuais a serem praticados.
Citação
A citação constitui, portanto, forma de possibilitar o exercício do contraditório e da ampla defesa. É necessário
que a parte seja corretamente integrada ao processo para que possa comparecer à audiência e, neste ato, decidir pela
autocomposição, pelo reconhecimento jurídico do pedido ou pela necessidade de apresentação da defesa.
A citação constitui um pressuposto de validade do processo. Até podemos ter um processo sem citação, nesse
caso, ele será existente, mas não será válido. Assim, a citação não é um pressuposto de existência do processo, mas um
pressuposto de validade.
A citação será sempre obrigatória?
Nem sempre! O caput do art. 239 traz duas situações nas quais não será necessário citar o demandado. Nesses
casos, o processo termina antes mesmo de ocorrer o desenvolvimento do procedimento. Recebida a petição inicial,
se o magistrado entender que é caso de indeferimento da petição, por falta de observação dos requisitos necessários,
ou se entender que é caso de indeferimento liminar do pedido, poderá extinguir o processo, no primeiro caso, sem
resolução do mérito e, no segundo, com resolução do mérito, sem mesmo citar a parte contrária. De todo modo, dessa
extinção (com ou sem mérito) a parte autora poderá interpor apelação. Nessa situação será obrigatória a citação do
réu para que, ao invés de contestar a demanda, tome ciência dos fatos e apresente contrarrazões ao recurso.
Obs.: Há, entretanto, uma regra que flexibiliza a citação irregular. Mesmo que a citação não tenha sido feita de
forma correta, caso haja comparecimento espontâneo do réu, teremos a convalidação do ato irregular praticado. A
data do comparecimento será considerada como data de efetiva citação da parte demandada, momento que irá
marcar o início do prazo para a apresentação da contestação.
Uma vez citado, o réu terá prazo para se manifestar. No caso de o procedimento estar na fase de conhecimento,
terá 15 dias para apresentar a contestação. Se não contestar, será considerado revel. Contudo, se ocorrer alguma
irregularidade, não obstante haja sido declarada a revelia, é possível sustentar a nulidade a fim de que o prazo de
defesa seja novamente concedido à parte.

Se válida a citação, o art. 240, do NCPC, prevê três efeitos:


 induzimento da litispendência: O induzimento da litispendência significa que o processo passou existir
e ficar pendente a partir da citação válida. Assim, qualquer tentativa de discutir a mesma matéria em
outro processo será obstada pela litispendência, ou seja, pelo fato de já existir outro processo idêntico
(com mesmas partes, causa de pedir e pedido)
 litigiosidade da coisa: significa que a citação válida implica a caracterização da controvérsia entre as
partes, de modo que a coisa (objeto da discussão processual) se torna litigiosa.
 constituição em mora do devedor: significa que constitui em mora o devedor. A mora, assunto
estudado em Direito Civil, decorre do não pagamento pelo devedor ou do não recebimento pelo credor
no tempo, lugar e formas ajustadas.
Obs.: Outro efeito decorrente da citação, na realidade, do despacho que determina a citação, é a interrupção
da prescrição. A interrupção do prazo prescricional será contada da data da propositura da ação, exceto se o autor
não adotar as providências necessárias para que haja a citação do réu no prazo de 10 dias. Importante observar que
o despacho que ordena a citação interrompe a prescrição e não suspende. O prazo, quando há interrupção, volta à
estaca zero, ou seja, a contagem recomeça. Enquanto isso, a suspensão não “zera” a contagem, o prazo é retomado
no próximo dia útil.
Obs.: TRANSITADA EM JULGADO a sentença de mérito proferida em favor do réu antes da citação, incumbe ao
escrivão ou ao chefe de secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento. Quando o juiz indefere liminarmente o
pedido do autor, ou quando ele indefere a petição inicial, temos uma sentença que põe fim à fase de conhecimento.
Falamos, inclusive, que se houver recurso, a parte ré será citada para apresentar contrarrazões. Contudo, se não
houver recurso, o réu nem ficará sabendo do processo? Justamente com o intuito de evitar o não conhecimento do
processo, haverá intimação da parte ré. Isso mesmo, ele será intimado, não para integrar a lide (caso fosse, seria
citação), mas para que tome conhecimento dos atos praticados no processo.
Formas de citação
A pessoalidade da citação é a regra geral, pois a finalidade é assegurar que o réu tenha efetiva ciência da
demanda contra ele proposta. Em relação às pessoas naturais, a citação deve ocorrer diretamente perante a pessoa
demandada. No caso de pessoas absolutamente incapazes (menores de 16 anos), a citação deve ser dirigida aos pais
ou aos representantes legais. Já os relativamente incapazes (adolescentes entre 16 e 18 anos, ébrios habituais, viciados
em tóxicos e aqueles que não puderem exprimir sua vontade por causa transitória ou permanente) devem ser citados
na figura do representante, que deverá assisti-lo no processo.
Em relação às pessoas jurídicas, a citação é dirigida aos seus representantes, ou seja, aqueles que possuem
poder de administração ou de gerência geral da empresa, conforme constar dos atos constitutivos. Contudo, como,
muitas vezes, a parte autora não tem acesso, com segurança, aos nomes daqueles que são legalmente habilitados a
receber a citação em nome de pessoas jurídicas, admite-se alguma flexibilização. Essa flexibilização deu lugar à
denominada teoria da aparência por intermédio do qual considera-se válida a citação feita a funcionário da empresa.
 Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente,
quando a ação se originar de atos por eles praticados.
 O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade onde estiver situado
o imóvel, procurador com poderes para receber citação será citado na pessoa do administrador do imóvel
encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o locador em juízo.
 A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações
de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação
judicial.
Momento para citação
Em regra, a intimação deve ocorrer em qualquer lugar onde se encontrar o demandado (réu, executado ou
interessado). Há, entretanto, uma regra específica que se aplica ao militar. O militar somente deverá ser citado no
local de trabalho, perante a unidade em que estiver atuando, caso não seja conhecida a sua residência ou nela não
seja encontrado. Esse é seu domicílio necessário de acordo com o que está previsto no Código Civil.
NÃO se fará a citação, SALVO para evitar o perecimento do direito:
I - De quem estiver participando de ato de culto religioso;
II - De cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na
linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;
III - De noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento;
IV - De doente, enquanto grave o seu estado.
Obs.: Antes de mais, nada, entenda que a citação é possível. Caso se trate de uma situação urgente (que possa
causar perecimento do direito) não há impedimento para que haja citação de que quem esteja participando de culto
religiosos, de familiares no período e luto, dos noivos logo após o casamento ou de doentes em estado grave. Note,
contudo, que é a exceção da exceção.
Obs.: Não há impedimento para que haja citação em locais de culto (citação do responsável por determinada
igreja), mas apenas daquele que estiver, naquele momento, participando de um culto religioso.
Ainda no que diz respeito às restrições à citação, cumpre estudar o art. 245, do NCPC. Esse dispositivo estabelece
que não é possível efetuar a citação de mentalmente incapaz ou daquele que está impossibilitado de receber a citação.
Assim, ao se dirigir ao endereço indicado na petição inicial, se o oficial identificar alguma dessas situações, irá
certificar minuciosamente o fato e devolver o mandado ao juiz, que poderá determinar a nomeação de um médico
para examinar a capacidade de quem se quer citar. O médico deverá entregar o laudo no prazo de 5 dias. A nomeação
do médico poderá ser afastada se a própria família apresentar uma declaração de médico atestando a incapacidade
da pessoa.
Seja por laudo de médico nomeado ou pela declaração de médico da família, se restar evidenciada a
impossibilidade de recebimento da citação, ela não deixará de ocorrer, mas ocorrerá na pessoa nomeada como
curadora, que terá por finalidade administrar bens e interesses do incapaz.
Formas para citação
A citação será feita pelos correios, por oficial de justiça, pelo escrivão ou chefe de secretaria, por edital ou por
meio eletrônico. A ideia é buscar o instrumento menos custoso e que seja mais efetivo para a integração do
demandado ao processo.
Com o processo eletrônico, o meio menos custoso, ágil e efetivo é a utilização de meio eletrônico. Contudo,
essa forma citatória depende de prévio cadastro da parte nos sistemas judiciários. Portanto, essa forma de citação
acaba se operando em relação a grandes empresas e órgãos públicos. Em relação a pessoas naturais, raras serão as
possibilidades de citação pelo meio eletrônico.

Obs.: Com EXCEÇÃO das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas
são OBRIGADAS a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de
citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. Aplica-se à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da administração indireta.
A regra deve ser a utilização do meio eletrônico, contudo, esse meio se mostra impraticável para uma grande
parcela das citações. Pergunta-se: Em segundo lugar, que meio deve ser utilizado? Qualquer um?
Não sendo possível utilizar-se do meio eletrônico para a citação, a citação far-se-á pelos Correios.
A citação será FEITA PELO CORREIO para qualquer comarca do país, EXCETO:
I - Nas ações de estado [exigência da citação pessoal];
II - Quando o citando for incapaz;
III - quando o citando for pessoa de direito público;
IV - Quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;
V - Quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.
Obs.: De acordo com a doutrina5, “as ações de estado são aquelas que concernem à posição da pessoa
diante do ordenamento jurídico”. Abrange exemplos como: ação de divórcio, ação de interdição, ação de
investigação de paternidade, entre outros. Nesses casos, a intimação deverá ser pessoal.

Ainda em relação à citação pelos Correios, temos algumas regras específicas previstas no art. 248, do NCPC. São
regras procedimentais, mas que podem ser exploradas em provas objetivas. O envio da carta será efetuado pelo
escrivão ou chefe de cartório e deverá conter:
• cópia da petição inicial;
• cópia do despacho do juiz determinando a citação;
• referência ao prazo para resposta;
• referência ao endereço do juízo; e
• indicação do cartório;
Além disso, é importante destacar que a carta deve ser registrada, ou seja, é necessário o aviso de recebimento
(AR), no qual será aposta a assinatura do recebedor. É essa assinatura que conferirá certeza de que o documento fora
recebido pelo demandado. Se a pessoa se negar a assinar o recebimento, o carteiro informará a circunstância no verso
do documento e devolverá ao juiz, que determinará a citação por outra forma.
Em regra, esse documento deve ser assinado pelo próprio demandado. Isso é fácil de visualizar quanto o réu é
pessoa natural. E quando for pessoa jurídica? Nesse caso será considerada válida a entrega a:
I. pessoa com poderes de gerência geral, de administração ou estabelecimento; ou
II. pessoa, na empresa, encarregada do recebimento de correspondências.

PRIMEIRAMENTE, DEVE-SE UTILIZAR DA CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO. NÃO SENDO POSSÍVEL, VALE A
CITAÇÃO POR CARTA REGISTRADA A SER ENVIADA PELOS CORREIOS. E na sequência? INTIMA-SE POR OFICIAL DE
JUSTIÇA

O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá:


• Nome e endereço do autor e réu;
• Finalidade da citação, com indicação dos prazos (contestar/embargar);
• Sanção em caso de não observância dos prazos e demais determinações do despacho do juiz (se houver);
• Intimação para comparecer à audiência de conciliação e de mediação (se for o caso);
• Cópia da petição inicial;
• Cópia do despacho que determinou a citação ou da decisão que deferir tutela provisória;
• Assinatura do chefe de secretaria.
De posse do mandado com todos os elementos acima, o oficial de justiça deverá dirigir-se ao endereço do
demandado para citá-lo. Encontrando-o, deverá ler o mandado, entregar a contrafé (leia-se, cópia do mandado, da
petição inicial e do despacho do juiz), assinar o recebimento ou a recusa de receber a contrafé e colher a assinatura
do demandado.

Quando, POR 2 (DUAS) VEZES, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer
vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Nos condomínios edilícios
ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da
portaria responsável pelo recebimento de correspondência.

No dia e na hora designados, o oficial de justiça, INDEPENDENTEMENTE DE NOVO DESPACHO, comparecerá ao


domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.

 Se o citando NÃO estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência,
dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
 A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido
intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.
 Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou
vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
 O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se
houver revelia (toda vez que houver citação ficta, ou seja, por edital ou com hora certa, será necessária a constituição
de curador).
Em sequência, retornado o mandado de citação do oficial de justiça com citação com hora certa, o escrivão, ou
chefe de secretaria, deverá, no prazo de 10 dias, encaminhar ao réu a citação (por carta, telegrama, correspondência
eletrônica) dando ciência da juntada aos autos do mandado de citação.
Obs.: Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, O
OFICIAL DE JUSTIÇA PODERÁ EFETUAR, EM QUALQUER DELAS, CITAÇÕES, INTIMAÇÕES, NOTIFICAÇÕES, PENHORAS E
QUAISQUER OUTROS ATOS EXECUTIVOS. Contudo, no caso de comarcas contíguas e regiões metropolitanas é
desnecessária a expedição de carta precatória, podendo ser cumprido o ato pelo oficial de justiça do juízo.
A citação por edital é subsidiária e somente será utilizada quando não for possível a utilização das demais formas
de citação. Não sendo possível a intimação em meio eletrônico, pelos Correios ou por oficial de justiça, cita-se por
edital. A citação por edital somente se realiza, em regra, quando inviabilizadas todas as outras modalidades. Por se
tratar de forma de citação ficta, em que se tem apenas a presunção de que a comunicação chegou ao conhecimento
do demandado, é necessário antes que sejam esgotadas as possibilidades de realização do ato citatório mediante as
demais modalidades, inclusive a citação por hora certa que, embora também ficta, fornece maiores possibilidade de
que a informação chegue ao destinatário.

A CITAÇÃO POR EDITAL será feita:


I - Quando desconhecido ou incerto o citando (Nesse primeiro caso, não se sabe ao certo quem é o réu
(desconhecido) da ação ou se têm dúvidas de quem possa ser (incerto).;
II - Quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando;
III - nos casos expressos em lei.
§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta
rogatória.
§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também
pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.
§ 3o O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização,
inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de
concessionárias de serviços públicos.
Obs.: A utilização da citação por edital deve ocorrer apenas em último caso, conforme mencionado acima, dado
o caráter ficto e precatório do ato de comunicação. Em razão disso, e devido ao dever de colaboração judicial do autor,
se ele dolosamente requerer a intimação por edital, alegando algumas das hipóteses acima, mas sabendo o endereço
do réu, sofrerá multa no valor de 5 salários-mínimos, que serão revertidos em benefício do réu.

REQUISITOS DO EDITAL

• circunstâncias autorizadoras;
• publicação na internet (site do Tribunal e CNJ), certificando-se nos autos;
• prazo de 20 a 60 dias do edital;
• advertência de nomeação de curador especial em caso de revelia.
SERÃO publicados editais:
I - Na ação de usucapião de imóvel;
II - Na ação de recuperação ou substituição de título ao portador;
III – Em qualquer ação em que seja necessária, por determinação legal, a provocação, para participação no
processo, de interessados incertos ou desconhecidos.
Nesses casos, opta-se pela citação por edital porque, em razão do pedido do autor, podem existir eventuais
terceiros interessados no procedimento, o que justifica a expressa previsão em lei para a utilização do edital.

Intimações

A intimação é um ato de ciência. As partes já estão integradas ao processo e, na sucessão dos atos processuais
praticados, são informadas dos atos praticados no processo. A intimação, contudo, não se limita às partes. É possível
determinar-se a intimação de terceiros, de testemunhas, de peritos etc. Portanto, sempre que se quiser comunicar
alguém sobre determinado ato processual, seja para que tenha ciência ou para que se manifeste, haverá intimação.
É possível distinguir intimação de citação por dois aspectos:
I. A citação é dirigida à integração do demandado ao processo. É o primeiro ato de comunicação à parte adversa.
II. A citação é voltada apenas para a parte.

A intimação poderá ser realizada de forma direta ou indireta.


A regra, até então, era a intimação indireta, por intermédio do Poder Judiciário. Por exemplo, a parte ré junta
aos autos um documento novo no processo, o Juiz profere despacho determinando a intimação da parte contrária
para que se manifeste, no prazo de 5 dias, sobre os documentos. Após, o magistrado fará as devidas deliberações
acerca dos documentos apresentados.
Com o NCPC, a intimação poderá se dar de forma direta, pelo próprio advogado da parte. Por exemplo, o
advogado envia carta registrada informando o advogado da outra parte que juntará documento nos autos.
Posteriormente, com a cópia do registro da carga registrada (AR), junta os documentos com a prova de intimação do
advogado da parte contrária.
Obs.: A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e
fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação
judicial.
As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei. Aplica-se ao Ministério
Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública a obrigatoriedade de manutenção de cadastro nos sistemas
eletrônicos do Poder Judiciário.
O art. 272, do NCPC, fixa que, se não for possível a utilização de meio eletrônico, deve ser utilizada a publicação
em diários oficiais. Em relação à publicação em diário oficial, devem ser observadas algumas regras:
 Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que
pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
 SOB PENA DE NULIDADE, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados,
com o respectivo número de inscrição na OAB, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados.
 A grafia dos nomes das partes NÃO deve conter abreviaturas. A grafia dos nomes dos advogados DEVE
corresponder ao nome completo e ser a mesma que constar da procuração ou que estiver registrada na OAB.
 Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome
dos advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.
 A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do
advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério
Público implicará intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de
publicação.
 O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o respectivo credenciamento para a retirada de
autos por preposto.
Obs.: Se houver algum vício na intimação, é possível que a parte, ao tomar conhecimento efetivo do ato
processual, peticione nos autos cumprindo a determinação para a qual deveria ter sido intimada e, em capítulo
preliminar do ato, efetue o pedido de nulidade.
Se inviável a intimação por meio eletrônico e não houver na localidade publicação em órgão oficial, incumbirá
ao escrivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo os advogados das partes:
I - Pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo;
II - Por carta registrada, com aviso de recebimento, quando forem domiciliados fora do juízo.
Assim, caso o advogado da parte compareça em cartório, o escrivão ou chefe de secretaria poderá intimá-lo de
atos pendentes e, se não for possível, expede-se a intimação pelos Correios. Presumem-se válidas as intimações
dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação
temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos
autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço.
Cartas
A utilização de cartas no curso do processo para fins de comunicação dos atos processuais é bastante comum.
É importante ter em mente que essa carta não se confunde com a carta citatória enviada pelos Correios.
Aqui, vamos tratar de quatro espécies de cartas:
 carta precatória: para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na área
de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por órgão
jurisdicional de competência territorial diversa.
 carta de ordem: A carta de ordem pressupõe vinculação entre os juízos e sempre será expedida pelo
tribunal em face do órgão imediatamente inferior.
 carta rogatória: para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica
internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro
 carta arbitral: para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de
sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo
arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.
As cartas são a forma processual de um juízo pedir auxílio a outro juízo para a prática de um ato processual para
o qual o juízo em que tramita o processo não tem competência para praticá-lo. Portanto, toda vez que se tratar de ato
praticado fora dos limites territoriais do juízo competente será expedida a carta.
Obs.: lembrar da ressalva em relação às comarcas contíguas ou integrantes de mesma região metropolitana,
em que é admissível a comunicação de atos processuais por intermédio do oficial de justiça.
São requisitos essenciais das cartas de ordem, precatória e rogatória:
I - A indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - O inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto;
IV - O encerramento com a assinatura do juiz.
 O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras peças, bem como instruí-la com mapa, desenho ou
gráfico, sempre que esses documentos devam ser examinados, na diligência, pelas partes, pelos peritos ou pelas
testemunhas.
 Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será remetido em original, ficando nos
autos reprodução fotográfica.
 A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a que se refere o caput e será instruída com a convenção
de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação da função.
Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumprimento, atendendo à facilidade das comunicações e à
natureza da diligência. As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expedição da carta e acompanharão o
cumprimento da diligência perante o juízo destinatário, ao qual compete a prática dos atos de comunicação. A parte
a quem interessar o cumprimento da diligência cooperará para que o prazo a que se refere o caput seja cumprido.
A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimento, ser encaminhada
a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato. Ao chegar a carta ao destinatário, se esse verificar que o
ato deve ser cumprido por outro juízo, ao invés de devolver a carta precatória informando a impossibilidade de
cumprimento, deverá remeter a carta precatória ou juízo que será competente para cumpri-la. Paralelamente, deverá
informar o juízo de origem.
O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, DEVOLVENDO-A com decisão motivada quando:
I - A carta não estiver revestida dos requisitos legais;
II - Faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia;
III - O juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
No caso de incompetência em razão da matéria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser
praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente.
JUÍZO DEPRECANTE: Expede a carta precatória
JUÍZO DEPRECADO: Recebe a carta precatória

NULIDADES
A forma no processo é indispensável. É ela que garante a segurança jurídica e a estabilização da lide. A lei
processual estabelece uma série de critérios a fim de que o processo siga uma ordem e seja coerente. Nesse contexto,
devemos concluir que as formalidades exigidas no processo são ínsitas à própria natureza do processo, atribuindo
previsibilidade e segurança ao procedimento.
A “observância da forma no processo serve à segurança jurídica, à igualdade e à liberdade das partes. A sua
infração pode levar à consequência de considerar-se nulo o ato processual”. Veja que os ensinamentos acima afirmam
que a infração à forma PODE (e não DEVE) levar à nulidade do ato processual. Isso ocorre porque é relevante distinguir
forma de formalismo.
Desse modo, o estudo de eventuais irregularidades no processo exige uma análise razoável e proporcional. É
necessário delimitar em quais situações essas irregularidades são prejudiciais e, em quais situações, muito embora
praticadas, não geram prejuízo e devem ser relevadas para que tenhamos uma prestação jurisdicional efetiva.
A fim de estabelecer uma “nota de corte” para definição de que irregularidades podem nulificar o processo e
que nulidades podem ser relevadas, foi estruturado um sistema de invalidades processuais. De acordo com a doutrina,
esse sistema encara a nulidade como a última alternativa, devendo ser adotada apenas se não for possível aceitar o
ato processual como se correto fosse ou se não for possível corrigi-lo.
Há, portanto, duas balizas a serem consideradas: a preponderância da decisão de mérito e a boa-fé. Além disso,
ao contrário do que temos no direito material, em Direito Processual Civil a nulidade depende de declaração judicial,
justamente porque a regra não é a decretação da nulidade. Não existe, portanto, ato processual nulo de pleno direito.
Enquanto não houver pronunciamento judicial, pressupõe-se que o ato processual é válido e eficaz.
As invalidades processuais classificam-se em:
 meras irregularidades;
 invalidades que não podem ser decretadas de ofício;
 invalidades que podem ser decretadas de ofício;
 invalidades que podem ser decretadas de ofício, mas que, se não forem arguidas em momento
oportuno, geram a preclusão.
O art. 276, do NCPC, é expresso ao determinar que, se houver previsão para a adoção de determinada forma, a
parte não poderá requerer, posteriormente, se der causa à irregularidade, a nulidade. Quando a lei prescrever
determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta NÃO pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
A invalidade de determinado ato processual está atrelada ao prejuízo. Dito de outra forma, mesmo irregular o
ato processual, se ele atingir a finalidade para o qual foi praticado, não haverá decreto de nulidade. Quando a lei
prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
O prejuízo deve ser compreendido como algo que atinja a finalidade do ato processual, conforme demonstrado no
caso concreto. Assim, temos a explicitação do princípio da instrumentalidade das formas, pois se o ato processual
atingir a sua finalidade não será considerado nulo, ainda que praticado de outro modo ou até mesmo irregular.
Outro princípio que se relaciona com a nulidade dos atos processuais é o da fungibilidade. Significa dizer que o
juiz deverá procurar, sempre que possível, aproveitar os atos processuais praticados com irregularidades, de forma a
converter o ato nulo em outro válido.
Porém, se a lei prever determinada forma e, em razão da irregularidade, gerar prejuízo, o juiz decretará nulo o
ato processual. Além disso, os atos processuais subsequentes e que estejam relacionados com o ato praticado também
serão afetados. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele dependam, todavia,
a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam independentes.
Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim
de que sejam repetidos ou retificados. O ato NÃO será repetido NEM sua falta será suprida quando NÃO prejudicar
a parte. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser aproveitados,
devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as prescrições legais. Dar-se-á o
aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte.
As nulidades devem ser alegadas sempre na primeira oportunidade que a parte tiver para se manifestar no
processo, sob pena de preclusão. Essa regra não se aplica aos processos cuja nulidade possa ser declarada de ofício
ou nas hipóteses em que a parte foi legitimamente impedida de fazê-lo.
Obs.: Há processos que o Ministério Público, na qualidade de fiscal da ordem jurídica, deve obrigatoriamente
atuar. Logo, se não for intimado, poderá ocorrer a nulidade. A efetiva nulidade dependerá, entretanto, de
manifestação do próprio parquet. o processo será nulo quando o membro do Ministério Público deveria intervir no
processo, mas não o fez por falta de intimação. Nesse caso, o juiz deverá invalidar os atos desde o momento em que
o membro do Ministério Público deveria ter sido intimado. Em que pese essa redação, a nulidade somente poderá ser
decretada se o parquet se manifestar sobre a existência ou a inexistência do prejuízo. Portanto, é possível afirmar que
o prejuízo à ordem jurídica, nesse caso, será avaliado pelo Ministério Público.
VALOR DA CAUSA
Toda e qualquer causa que tramite perante o Poder Judiciário deve conter expressamente o valor da causa.
Ainda que indiretamente, a causa poderá ter repercussão econômica, o que justifica a atribuição de valor à causa.
“valor da causa é a expressão econômica do pedido, devidamente dimensionado à luz da causa de pedir”. Assim, o
que a parte entende como valor econômico decorrente da ação será, em um primeiro momento, o valor da causa.
Portanto, podemos concluir que a fixação do valor da causa é livre, pois cabe à parte determiná-lo de acordo
com alguns critérios que estão previstos no art. 292, do NCPC:
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
I - Na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e
de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
II - Na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição
ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III - Na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
IV - Na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do
pedido;
V - Na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
VI - Na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
VII - Na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII - Na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras.
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.
§ 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao
conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao
recolhimento das custas correspondentes.
PRAZOS
Prazo é o lapso de tempo em que o ato processual pode ser praticado de forma válida. É delimitado por dois
termos: termo inicial (dies a quo) e termo final (dies ad quem).
E se a parte ultrapassar o prazo previsto para a prática de seu ato processual (apresentação de um recurso, por
exemplo, após o termo final)? Passado o prazo, a regra é que não se pode mais praticar o ato processual. Ocorre o que
chamamos de preclusão temporal.
Obs.: Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do ato. Quando a
lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão o comparecimento após decorridas 48 horas.
Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 dias o prazo para prática de ato processual a carga
da parte.
Forma de Contagem dos Prazos Processuais
No CPC/2015, a contagem dos prazos processuais é feita excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do
vencimento, computando-se, na contagem do prazo em dias, apenas os dias úteis! (Lembrando que os dias úteis são
aqueles definidos por exclusão: são os dias que não caem no sábado, domingo e feriados).
Obs.: “Os prazos processuais podem ser fixados em meses, dias, horas, minutos ou outra unidade de medida,
quando houver a possibilidade de sua estipulação pelas partes ou pelo juiz; os prazos contados em dias, sejam judiciais
ou legais, serão contados somente em dias úteis, ou seja, os prazos que forem estipulados em anos ou meses serão
considerados os meses ou anos excluindo-se a contagem dos dias úteis”
Se a citação ou intimação for feita........ Se a citação ou intimação for feita.........
...pelo CORREIO____...a data da juntada aos autos do aviso de recebimento.
...por OFICIAL DE JUSTIÇA____...data de juntada aos autos do mandado cumprido.
...por ATO DO ESCRIVÃO/CHEFE DE SECRETARIA____...a data de ocorrência da citação ou da intimação.
...por EDITAL____...dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz.
...for ELETRÔNICA____...dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ...dia útil seguinte ao
término do prazo para que a consulta se dê.
...em CUMPRIMENTO DE CARTA____...data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 (por carta
precatória, rogatória ou de ordem) ou, não havendo esse, a data de ...juntada da carta aos autos de origem
devidamente cumprida.
...por meio da RETIRADA DOS AUTOS, EM CARGA, do cartório ou da secretaria____...dia da carga.
...pelo DIÁRIO DA JUSTIÇA IMPRESSO OU ELETRÔNICO____...data de publicação do ato.

Forma de contagem de prazo: os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento. Início da contagem é o primeiro dia útil que seguir ao da publicação; já a data da publicação é o primeiro
dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
Agora, vamos a uma seguinte situação hipotética:
O advogado da autora Bárbara, precavido como é, tomou conhecimento do teor do recurso apresentado pelo
réu antes de consultar o sistema informatizado e acabou apresentando suas contrarrazões no dia 04/03/2019. antes
mesmo do início do prazo: o ato será considerado tempestivo32, ou seja, será considerado válido? SIM. Ainda que o
ato processual seja realizado antes do termo inicial do prazo, ele será considerado tempestivo e, portanto, plenamente
válido.
Obs.: Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se
coincidirem com dia em que o (1) expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou (2)
houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. Essa prorrogação não se restringe apenas à indisponibilidade dos
sistemas de informática: no caso de prática de atos processuais de forma física, caso o expediente do fórum seja
reduzido (encerrado antes ou iniciado depois da hora normal), os dias de começo e vencimento do prazo serão
prorrogados para o primeiro dia útil seguinte.
Se houver mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente, ou seja, para cada parte a
fluência do prazo ocorre com a juntada de seu aviso de recebimento ou de seu mandado aos autos, por exemplo.
Suspensão e interrupção: A suspensão é uma pausa no processo, voltando a contar o tempo restante quando
acabar a suspenção. Já a interrupção faz o prazo voltar integralmente ao seu período original.
Prazos Diferenciados
Litisconsortes com Procuradores Diferentes
Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos
contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento. Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas
um deles. Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.
Obs.: Se os advogados dos litisconsortes forem diferentes, mas pertencerem ao mesmo escritório de advocacia,
ainda assim eles terão direito ao prazo em dobro? NÃO! O art. 229 do CPC exige, expressamente, para a concessão do
prazo em dobro, que os advogados sejam de escritórios diferentes. Assim, se os litisconsortes tiverem advogados
diferentes, mas estes forem do mesmo escritório, o prazo será simples (não em dobro).
Obs.: E há aplicação do prazo em dobro no caso dos autos eletrônicos? NÃO! Como os autos eletrônicos ficam
disponíveis para todos os sujeitos do processo ininterruptamente, (vinte e quatro horas por dia), não há razão para
conceder o prazo em dobro aos litisconsortes em tal caso.
Outros Sujeitos Processuais com Prazos Diferenciados
A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir
da intimação pessoal. Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público”. O Ministério público e a Defensoria Pública também possuem prazo em dobre
para manifestação em juízo.
Obs.: Também têm o privilégio de prazo em dobro os escritórios de prática jurídica das faculdades
de Direito reconhecidas na forma da lei e as entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de
convênios firmados com a Defensoria Pública.
Prazos do Juiz
O juiz proferirá:
 Os despachos no prazo de 05 dias;
 As decisões interlocutórias no prazo de 10 dias;
 As sentenças no prazo de 30 dias.
Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos a
que está submetido.
Suspensão dos Prazos Processuais
Todos os anos, os prazos processuais estarão suspensos entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro, durante
parte do recesso do Judiciário. Além disso, ao longo desse período também não serão realizadas audiências nem
sessões de julgamento.
No entanto, é importante reforçar o fato de que, no período em questão, os prazos são suspensos e não
interrompidos. Quando ocorre sua suspensão, os prazos param de ser contados e na sua retomada, voltam de onde
parou - devemos voltar a contar o prazo que “sobrou”!
O período de 20 de dezembro e 20 de janeiro indicado na regra em destaque não se confunde com:
→ as férias forenses
→ os feriados
→ os recessos forenses
Esse período de suspensão dos prazos ocorrerá no período de 20 de dezembro e 20 de janeiro somente a
suspensão dos prazos, nada tendo a ver com as datas de funcionamentos dos Tribunais, que serão por eles reguladas.
É como se fosse uma espécie de férias para que os advogados possam descansar sem se preocupar com os prazos
processuais.
Prazos Próprios e Prazos Impróprios
Os prazos próprios ou preclusivos, geralmente, são os atos praticados pelas partes e por terceiros intervenientes
e devem ser observados sob pena de preclusão temporal, ou seja, os prazos próprios se não realizados
tempestivamente podem ensejar na perda da oportunidade de realizar aquele ato em razão do decurso do tempo. Já
os prazos impróprios, geralmente são os atos praticados pelos magistrados e o seu não cumprimento não gera a perda
da possibilidade de praticar o ato.
Preclusão do prazo – espécies
 Preclusão temporal - - perda da oportunidade de realizar o ato em razão do decurso do tempo
 Preclusão lógica - - perda da oportunidade de realizar o ato que seja logicamente incompatível
com outro ato por ele realizado anteriormente (ex. cumpriu a sentença não poderá recorrer)
 Preclusão consumativa - - perda da oportunidade de realizar uma renovação do ato, ainda que
dentro do prazo (ex. apresentou recurso, ainda que dentro do prazo, não pode oferecer novo
recurso ou novos argumentos).
PROCESSO CIVIL
FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO

O processo começa por iniciativa da parte (art. 2º, do NCPC). Assim, no exato momento em que ação é exercida
há a formação do processo. O exercício da demanda ocorre, de acordo com o art. 312, do NCPC, com o protocolo da
petição inicial em juízo.

Veja: Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da
ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado. Porém, A
existência do processo não está necessariamente condicionada à citação válida do réu ou ao seu comparecimento em
Juízo. Tanto o é que os arts. 330 e 332, do NCPC, disciplinam situações em que podemos ter o indeferimento da petição
inicial (art. 330) ou a improcedência liminar do pedido (art. 332) antes mesmo da citação do réu. A regra, contudo, é
que o processo se forme com o registro da petição inicial.

No que se refere à suspensão do processo. De acordo com a doutrina, suspensão do processo é, apenas, a
suspensão do curso do procedimento, a paralisação da marcha processual, com o veto a que se pratiquem atos
processuais. Antes de começar, é fundamental deixar claro que, em todas as hipóteses que veremos, para que se
efetive a suspensão, será necessário o pronunciamento judicial. NÃO há suspensão do processo sem decisão judicial
que a declare.

SUSPENDE-SE o processo:
I - Pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador;
II - Pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- Pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - Quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica
que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova,
requisitada a outro juízo;
VI - Por motivo de força maior;
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do
Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.
IX - Pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável pelo processo constituir a única
patrona da causa;
X - Quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono da causa e tornar-se pai.
Obs.1: No caso de morte da parte autora devemos, primeiramente, distinguir a natureza da ação. Se for ação
intransmissível, haverá a extinção do processo. Na hipótese de se tratar de transmissibilidade do direito discutido em
juízo, o juiz irá determinar a intimação do espólio, do sucessor ou dos herdeiros, a depender do caso, para que
promovam a continuidade da ação, sob pena de extinguir o processo sem julgamento do mérito. No caso de morte da
parte ré, haverá intimação da parte autora para que, no prazo de, no mínimo, 2 e, no máximo, 6 meses, possa integrar
à lide com o espólio, o sucessor ou os herdeiros.

Obs.2: O NCPC, prevê a suspensão do processo por convenção das partes pelo prazo de 6 meses. Após, o
processo deverá ser retomado, a não ser que as partes novamente postulem a suspensão. Desse modo, de acordo
com a doutrina2, são possíveis sucessivas suspensões do processo por convenção das partes. Registre-se, por fim, que
a suspensão do processo por convenção constitui uma espécie de negócio jurídico processual.

Obs.3: No período de suspensão do processo é vedada a prática de quaisquer atos processuais. Essa é a regra
que se extrai do art. 314, do NCPC. Excepcionalmente, alguns atos podem ser praticados. Isso ocorrerá quando
envolver a realização de atos urgentes para evitar danos irreparáveis. A prática de atos urgente apenas não poderá
ser praticada se o processo estiver suspenso em razão de arguição incidental de impedimento ou suspeição. Nesses
casos, não faz sentido que o juiz, supostamente impedido ou suspeito, decida no processo, ainda que em relação a
matérias urgentes.

Em relação à extinção do processo, temos tão somente dois dispositivos no NCPC: os arts. 316 e 317.

Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença.

Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para,
se possível, corrigir o vício.

Portanto, basta que você saiba que a sentença extingue o processo, com ou sem resolução de mérito. No caso
de a decisão se dar sem análise de mérito, dada a norma fundamental que impõe o dever de o magistrado perseguir
uma solução integral de mérito, é necessário que se intime a parte prejudicada para que, se possível, possa corrigir o
vício. Somente se não for possível corrigir o vício teremos a extinção do processo sem julgamento de mérito.

PROCEDIMENTO COMUM

O NCPC prevê dois tipos de procedimentos: o comum e os especiais. O procedimento comum é a regra geral do
sistema. Desse modo, não existe mais procedimento sumário e ordinário no NCPC, apenas o procedimento comum e
os procedimentos específicos. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, SALVO disposição em contrário
deste Código ou de lei. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao
processo de execução. Nesse primeiro momento vamos tratar do procedimento comum:

PETIÇÃO INCIAL

A petição inicial é o documento por meio do qual o autor provoca a atuação do Poder Judiciário. Com a finalidade
de solucionar determinado conflito!

‘Petição’ significa ato de pedir. Lembra-se de quando falamos que, regra geral, o Poder Judiciário só deve agir
quando provocado pelo autor? Pois então: é a petição inicial que dá início ao processo! Portanto, podemos dizer que
a petição inicial é o primeiro ato do processo, em que alguém apresenta sua causa perante a Justiça e leva ao juiz os
fatos necessários para a análise do direito. O autor “pede” que o Judiciário se pronuncie sobre o conflito que está
sendo levado a ele.

A petição inicial pode ser pensada a partir de quatro momentos:

1º - petição inicial elaborada e assinada.

2º - petição inicial protocolizada no fórum.

3º - petição inicial registrada ou distribuição do processo.

4º - petição inicial despachada, pela primeira vez, pelo juiz.

O primeiro momento não produz efeito jurídico algum. Contudo, a partir do segundo momento, temos a
produção de efeitos. Com a protocolização da petição inicial temos a propositura da ação. Assim, para o autor, com o
protocolo passa a existir a ação. A data do protocolo será relevante para fins de fixação de interrupção da prescrição.

A petição inicial deve observar uma série de requisitos, os quais veremos agora!

REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

Art. 319. A petição inicial indicará:

I - O juízo a que é dirigida;

II - Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no
CPF ou no CNPJ, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - O pedido com as suas especificações;

V - O valor da causa;

VI - As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

Obs.: existem alguns outros documentos indispensáveis a propositura da ação, mas que se utilizam em ações
especificas, tais como: I – a prova escrita sem eficácia de título executivo é documento indispensável na inicial da ação
monitória; II – a certidão de casamento na ação de divórcio; III – a procuração, também é documento indispensável,
mas pode ser juntada posteriormente em casos de urgência.

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao
juiz diligências necessárias à sua obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for
possível a citação do réu.

§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção
de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Desses requisitos, dois são importantes: a indicação do CPF/CNPJ e o endereço eletrônico do réu. O endereço
eletrônico é relevante, pois o NCPC, estabelecem que – com exceção de microempresa e empresa de pequeno porte
– as citações e intimações ocorrem de forma eletrônica (e-mail). Inclusive, estabelecem, na parte relativa às
disposições finais e transitórias, que a Defensoria Pública, o MP, a Advocacia Pública, as empresas limitadas e as
sociedades anônimas devem, no prazo de 30 dias, cadastrar os respectivos endereços eletrônicos para o recebimento
de citações e de intimações.

Se a parte não dispor dessas informações, o juiz deverá auxiliar a parte e se mesmo assim não forem obtidas as
informações, o processo poderá prosseguir sem elas, desde que seja possível localizar o réu.

Obs.: A petição inicial deverá ser escrita e, quando autorizada a apresentação oral (juizados especiais), será
reduzida a termo escrito.

Obs.: O valor da causa constará sempre da petição inicial ou da reconvenção e corresponderá, em regra, à
vantagem econômica que o autor terá em caso de procedência do pedido, observando-se as ações que:

I. Na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora
vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data da propositura da ação;
II. Na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a
resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III. Na ação de alimentos, a soma de 12 prestações mensais pedidas pelo autor;
IV. Na ação de divisão, de demarcação e de reinvindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto
do pedido;
V. Na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
VI. Na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
VII. Na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII. Na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.

O Juiz poderá corrigir, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao
conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao
recolhimento as custas processuais. Lembrando que o réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor
atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão.

PEDIDOS

O pedido corresponde ao objeto da demanda, sendo seu principal elemento individualizador. O pedido atua
como elemento limitador da atividade jurisdicional, tanto que é defeso (proibido) ao juiz proferir sentença não adstrita
aos limites do pedido. São viciadas as sentenças extra petita (fora do pedido), ultra petita (além do pedido) e infra
petita (que não aprecia todos os pedidos).

Os pedidos costumam ser divididos em pedido imediato e pedido mediato, a saber:

PEDIDO IMEDIATO: é o provimento jurídico desejado, o tipo de pronunciamento jurisdicional que se pretende
obter 9sentença declaratória, constitutiva, condenatória, executiva, mandamental etc.).
PEDIDO MEDIATO: é a parte mais visível do pedido, consistente no bem da vida desejado, no efetivo objeto
que se pretende com a ação (dinheiro, carro, casa, guarda dos filhos etc.).

É lícito, porém, formular pedido genérico, a saber:

I. Nas ações universais, se o autor não puder individualizar os bens demandados. Ex. petição de herança
em que se quer um quinhão sem indicação dos bens que compõem o patrimônio;
II. Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato. Ex. acidente de
trânsito em que a vítima ainda está em tratamento médico;
III. Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.

Obs.: há hipóteses em que a lei autoriza, expressamente, o juiz a interpretar ampliativamente o pedido,
concedendo, inclusive, aquilo que não foi expressamente pedido, a saber:

I. Na hipótese de juros legais, nunca os convencionais, sendo que esses devem ser pedidos;
II. Correção monetária;
III. A condenação da parte vencida nas verbas de sucumbência, inclusive honorários advocatícios;
IV. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestação sucessivas, essas serão consideradas
incluídas no pedido independentemente de declaração expressa do ator, e serão incluídas na condenação
enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.

De acordo com o CPC pode ocorrer a cumulação de pedidos, que consiste na possibilidade de a parte fazer, no
mesmo processo, mais de um pedido. Basicamente há duas grandes espécies de cumulação, embora em apenas uma
delas haja propriamente uma cumulação (uma somatória de pedidos), as espécies são CUMULAÇÃO PRÓPRIA e
CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA.

CUMULAÇÃO PRÓPRIA: nela a parte faz mais de um pedido, ainda que entre eles não haja conexão, para que
o juiz aprecie. Essa cumulação própria pode ocorrer de modo simples, de modo que os pedidos não tenham
interdependência entre si e devam ser apreciados separados e autonomamente (ex. indenização por danos morais e
materiais). Ou essa cumulação própria pode ocorrer de modo sucessivo, quando havendo interdependência entre os
vários pedidos, o juiz só apreciará o segundo pedido se, eventualmente, tiver sido acolhido o primeiro deles (ex.
investigação de paternidade c.c. alimentos). Nesta última espécie de cumulação (sucessiva), negado o primeiro pedido,
resta prejudicado o segundo.

CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA: não se trata bem de cumulação, porque, na realidade, à parte, embora faça mais
de um pedido, pretende que apenas um deles seja acolhido (um ou outro). A cumulação impropria costuma ocorrer
de modo eventual, isto é, com a parte fazendo diversos pedidos em ordem preferencial, de modo que o juiz só
apreciará o segundo pedido se, eventualmente, não tiver sido acolhido o primeiro (ex. aposentadoria por invalidez
com pedido subsidiário de auxílio-doença caso não seja concedida a aposentadoria). Embora bastante rara, também
é possível haver cumulação imprópria de modo alternativo, isto é, sem que o autor estabeleça uma ordem de
preferência entre os pedidos cumulados, podendo o juiz decidir qual eventualmente será concedido, restando
prejudicado todos os demais.
Obs.1: havendo cumulação imprópria (eventual ou alternativa), desacolhido o pedido principal, mas acolhido
o pedido subsidiário, não há sucumbência do polo ativo que se sagrou vencedor da demanda. Já na cumulação própria,
desacolhido um dos pedidos, haverá sucumbimento na proporção dos pedidos que foram desacolhidos.

Obs.2: não se deve confundir a cumulação de pedidos imprópria (um ou outro) com o pedido alternativo,
previsto no CPC. Na cumulação de pedidos, a parte formula mais de um pedido para que seja acolhido um ou outro
pedido. No pedido alternativo, o pedido da parte é um só, sendo possível ao devedor, pela natureza da obrigação,
cumprir a prestação de mais de um modo. Sendo alternativo o pedido, quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha
couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor
não tenha formulado pedido alternativo.

É importante observar que existem regras especificas para que se permita a cumulação de pedidos no mesmo
processo e o CPC estabelece 3 requisitos, a saber:

I. Os pedidos sejam compatíveis entre si (esse pedido não é aplicável a acumulação imprópria);
II. Seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III. Seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento;

ADMISSIBILIDADE DA PETIÇÃO INICIAL

O juiz ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos artigos 319 e 320 ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 dias
a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Se o autor não cumprir a
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

A petição inicial será indeferida (sempre sem julgamento do mérito e, portanto, sem que a decisão faça coisa
julgada material), quando:

I. For inepta, ou seja, quando lhe faltar pedido ou causa de pedir, o pedido for indeterminado
9ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico), da narrativa dos fatos não
decorrer logicamente a conclusão, contiver pedidos incompatíveis entre si e nas ações que tenham
por objeto a revisão de obrigações decorrentes de empréstimo, de financiamento ou de alienação de
bens, o autor não discriminar na petição inicial quais são as obrigações controvertidas;
II. A parte for manifestamente ilegítima;
III. O autor carecer de interesse processual;
IV. Não atendidas as prescrições sore o elemento obrigatório que a parte que postula em causa própria
deve declarar na inicial e o descumprimento da decisão que ordenou a emenda da inicial.

Indeferida a petição inicial sem apreciação do mérito, o autor poderá apelar facultado ao juiz, no prazo de 5
dias, retratar-se. Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. Sendo a sentença
reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começara a correr da intimação do retorno dos autos. Caso
contrário, ou seja, se o autor conformar com a decisão que indeferiu a petição inicial, o réu será intimado do trânsito
em julgado da sentença.
PEDIDO
O pedido corresponde ao objeto da demanda, sendo seu principal elemento individualizador. O pedido costuma
ser dividido em duas classes: pedido imediato e pedido mediato.

PEDIDO IMEDIATO: é o provimento jurídico desejado, o tipo de pronunciamento jurisdicional que se pretende
obter (sentenças declaratórias, constitutiva, condenatória, executiva, mandamental etc.)

PEDIDO MEDIATO: é a parte mais visível do pedido, consistente no bem da vida desejado, no efetivo objeto que
se pretende com a ação (dinheiro, carro, casa, guarda dos filhos etc.).

O pedido atua como elemento limitador da atividade jurisdicional, tanto que é defeso (proibido) ao juiz proferir
sentença não adstrita aos limites do pedido. São viciadas as sentenças extra petita (fora do pedido), ultra petita (além
do pedido) e infra ou cita petita (que não aprecia todos os pedidos).

É lícito, porém, formular pedido genérico, a saber:


a) Nas ações universais, se o autor não puder individualizar os bens demandados (ex. petição de herança, em
que se requer um quinhão sem indicação dos bens que compõem o monte partível);
b) Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato (ex. acidente de
trânsito em que a vítima ainda está em tratamento médico);
c) Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
réu.

Obs.: há hipóteses em que a lei autoriza, expressamente, o juiz a interpretar ampliativamente o pedido,
concedendo, inclusive, aquilo que não foi expressamente pedido (cumulação legal de pedidos ou pedidos implícitos):

a) Juros legais, nunca os convencionais, sendo que esses devem ser pedidos;
b) Correção monetária;
c) A condenação da parte vencida nas verbas de sucumbência, inclusive honorários advocatícios;
d) Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação,
enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.

Capítulo à parte no estudo do pedido é o relativo à cumulação de pedidos (cumulação objetiva), que consiste
na possibilidade de a parte fazer, no mesmo processo, mais de um pedido. Basicamente há duas grandes espécies de
cumulação, embora em apenas uma delas haja propriamente uma cumulação, uma somatória de pedidos.

A primeira espécie de cumulação de pedidos é conhecida como cumulação própria. Nela, a parte faz mais de
um pedido, ainda que entre eles não haja conexão, para que o juiz aprecie. Essa cumulação própria pode ocorrer de
modo simples, de modo que os pedidos não tenham interdependência entre si e devam ser apreciados separada e
autonomamente (ex. indenização por danos morais e materiais). Ou essa cumulação própria pode ocorrer de modo
sucessivo, quando havendo interdependência entre os vários pedidos, o juiz apreciará (e poderá conceder) o segundo
pedido se, eventualmente, tiver sido acolhido o primeiro deles (ex. investigação de paternidade c.c. alimentos; rescisão
de contrato c.c. reintegração de posse). Nessa última espécie de cumulação (sucessiva), negado o primeiro pedido,
resta prejudicado o segundo.
A outra espécie de cumulação de pedidos é a cumulação imprópria. Não se trata de bem de cumulação, porque,
na realidade, a parte, embora faça mais de um pedido, pretende que apenas um deles seja acolhido (um ou outro). A
cumulação imprópria costuma ocorrer de modo eventual, isto é, com a parte fazendo diversos pedidos em ordem
preferencial, de modo que o juiz só apreciará o segundo pedido se, eventualmente, não tiver sido acolhido o primeiro,
e assim sucessivamente (ex. aposentadoria com invalidez, com pedido subsidiário de auxílio-doença caso não seja
concedida a aposentadoria).

Obs.: havendo cumulação imprópria (eventual ou alternativa), desacolhido o pedido principal, mas acolhido o
pedido subsidiário, não há sucumbência do polo ativo, que se sagrou vencedor na demanda (teve seu pedido
atendido). Já na cumulação própria, desacolhido um dos pedidos, haverá sucumbência na proposição dos pedidos que
não foram desacolhidos.

Obs.: não se deve confundir a cumulação de pedidos imprópria (um ou outro) com o fenômeno do pedido
alternativo. Na cumulação imprópria de pedidos a parte formula mais de um pedido para que seja acolhido ou um
(aposentadoria), ou outro (auxílio-doença). No pedido alternativo, o pedido da parte é um só (a entrega do carro),
sendo possível ao devedor, pela natureza da obrigação (obrigação alternativa), cumprir a prestação de mais de um
modo (entrega do carro verde ou azul). Sendo alternativo o pedido, quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber
ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda, que o autor não
tenha formulado pedido alternativo.

Há regras especificas para que se permita a cumulação de pedidos no mesmo processo. O CPC estabelece 3
requisitos:
1) Os pedidos sejam compatíveis entre si (esse requisito não é aplicável a cumulação imprópria);
2) Seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
3) Seja adequado para todos os pedidos o mesmo tipo de procedimento.

IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO

Admitida a petição inicial, pode o juiz independentemente da citação do réu, julgar liminarmente improcedente
o pedido (em decisão que aprecia o mérito e, portanto, apta a formar coisa julgada material) quando contrariar:

a) Enunciado de súmula do STF ou do STJ;


b) Acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
c) Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
d) Enunciado de sumula de tribunal de justiça sobre direito local;
e) Quando o juiz verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

Obs.1: destaca-se que a despeito dessa decisão ser proferida sem a citação do réu, ela não viola o princípio do
contraditório e da ampla defesa. Uma vez que é ilícito promover decisão contraria ao réu sem a sua oitiva, porém se
a decisão for favorável, é lícito proferir a decisão sem que a parte ré seja previamente ouvida, exatamente o fato que
ocorre na improcedência liminar do pedido. Do que foi exposto, conclui-se também que nunca poderá haver
julgamento de “procedência” liminar do pedido, visto que, ai sim, estaria violado a contraditória. Uma vez que se
estaria julgando o pedido antecipadamente sem ouvir o réu.
Obs.2: julgado liminarmente improcedente o pedido, interposta a apelação pelo autor, o juiz poderá retratar-
se em 5 dias, caso em que, se se retratar, determinará o prosseguimento do processo com a citação do réu.se contudo,
o juiz não se retratar, mantendo a decisão de improcedência, determinará a citação do réu para apresentar
contrarrazões, no prazo de 15 dias. Conformando-se o autor com a decisão de improcedência liminar e não interpondo
apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.

No caso de improcedência liminar do pedido não haverá imposição de sucumbência em primeiro grau de
jurisdição, uma vez que, não tendo sido o réu citado, não houve qualquer custa e despesa processual por ele paga ou
a necessidade de assistência de advogado para apresentação de defesa. Caso, entretanto, o autor apele e os autos
sejam remetidos ao tribunal, tendo o réu vencedor constituído advogado para apresentar defesa (contrarrazões)
haverá fixação de verbas sucumbenciais de mantida a sentença de improcedência liminar do pedido.

CITAÇÃO

Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação
processual. Como regra, só ocorre uma vez no processo, quando do seu início. Trata-se de pressuposto processual de
existência da relação jurídica processual e, se não realizada de modo válido, pode levar a anulação de todo o processo
e de eventual sentença proferida, ressalvados, os casos de indeferimento da inicial e de improcedência liminar do
pedido.

Obs.: o comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo
a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargo à execução.

Citação não se confunde com intimação. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência dos atos e termos do
processo, seja apenas para cientificá-lo de um andamento processual ou para que ele pratique ou deixe de fazer
alguma coisa.

EFEITOS DA CITAÇÃO

A citação do réu tem efeitos processuais e materiais. Processualmente, a citação induz litispendência e faz
litigiosa a coisa. Em outros termos, é com a citação que se considera completa a relação jurídico processual de modo
que quaisquer outros processos com os mesmos elementos (partes, pedido e causa de pedir) – inclusive os ajuizados
anteriormente àquele em que houver a citação – devem ser extintos por conta da litispendência. E é com a citação
que o bem ou o direito pretendido no processo se torna litigioso. Materialmente, a citação também constitui o devedor
em mora, ressalvado os casos em que ele já tenha incorrido em mora. Considera-se em mora o devedor que não
cumpre a obrigação na data e na forma (tempo e lugar) aprazadas.

Destaca-se que a citação não é o marco interruptivo da prescrição. A interrupção da prescrição se dá com o
despacho positivo da petição inicial (cite-se), mas desde que a parte promova (propicie os meios) para que a citação
do réu se dê nos 10 dias subsequentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicado o ato pela demora
imputável exclusivamente ao serviço judiciário. Não se efetuando a citação nos prazos mencionados haver-se-á por
não interrompida a prescrição. Efetuada a prescrição no prazo, a interrupção da prescrição retroagirá à data da
propositura, isto é, do protocolo da petição inicial.
Como regra, a citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do
procurador do réu. A citação da união, dos estados, do DF, dos municípios e de suas respectivas autarquias e fundações
de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.

A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu (casa, trabalho etc.), o militar em serviço
ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado.

Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito, e certas situações que a lei, por questões de
política legislativa, preferiu preservar o citando. Assim não se fará a citação:

I. De quem estiver participando de ato de culto religioso;


II. De cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 dias seguintes;
III. Dos noivos nos 3 primeiros dias seguintes ao casamento;
IV. De doente, enquanto grave o seu estado.

Obs.: no caso do doente, quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de
receber a citação, o oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência, e o juiz nomeará médico
para examinar o citando e apresentar laudo no prazo de 5 dias, sendo dispensada essa nomeação se pessoa da família
apresentar declaração de médico do citando que ateste a incapacidade deste. Reconhecida a impossibilidade, o juiz
nomeará curador ao citando, observando a ordem legal e restringindo a nomeação à causa, incumbindo a ele –
curador- a defesa dos interesses do citando.

ESPÉCIES DE CITAÇÃO

Há duas grandes espécies de citação: citação real e citação ficta. A citação real tem essa nomenclatura porque,
ao menos em tese, o demandado efetivamente é chamado para se defender. Pode ocorrer por meio de carta,
mandado (oficial de justiça), pelo escrivão ou chefe se secretaria ou eletronicamente. Já a citação ficta consiste em
uma ficção jurídica de que o réu, mesmo não tendo sido encontrado, foi citado para os termos do processo.

 CITAÇÃO POR CARTA (CORREIO): será feita para qualquer comarca do país. Só não será feita, por pura
questão de política legislativa nas ações em que o estado é réu, quando o citando for incapaz, quando o
citando for de direito público, quando o citando residir em local não atendido pelos correios ou quando
o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.
Deferida a citação pelos correios, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da
petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para a resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório.
Há 2 situações expressamente previstas no CPC na qual não é necessária a entrega da carta de citação
nas mãos do citando: a) sendo o citando P.J., será válida a entrega do mandado a quem tiver poderes de
gerencia, de administração ou que seja responsável pelas correspondências; b) nos condomínios edílicos
ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria
responsável pelos recebimentos, que, entretanto, poderá recursar o recebimento se declarar por escrito,
sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente.
 CITAÇÃO POR MANDADO (OFICIAL DE JUSTIÇA): ocorrerá nas hipóteses previstas no CPC, ou em lei, ou
quando frustradas ou não legalmente admitidas a citação pelo correio. Incumbe ao oficial de justiça
procurar o citando e, onde o encontrar, citá-lo: a) lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; b)
portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; e c) obtendo a nota de ciente ou certificando que o
citando não a opôs no mandado.
Nas comarcas contiguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o
oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e
quaisquer outros atos executivos.
 CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO: prevê que, no processo com autos eletrônicos (virtuais), todas as
citações, intimações e notificações, inclusive da fazenda pública, serão feitas por meio eletrônico, e as
citações, intimações, notificações e remessas que viabilizem o acesso a integra do processo
correspondente serão consideradas vista pessoal do interessado para todos os efeitos legais. Mesmo nos
processos tradicionais (autos de papel), as citações, inclusive da fazenda pública, excetuadas as dos
direitos processuais criminal e infracional, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a integra
dos autos seja acessível ao citando.
Ainda tratando da citação por meio eletronico, insta destacar que, com execeção das microempesas e
das empresas de pequeno porte, a União, os Estados,o DF, os Municipios, as entidades da administração
indireta, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em
autos eletronicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas
preferencialmente por esse meio.
 CITAÇÃO POR HORA CERTA: a citação por hora certa é a primeira modalidade de citação ficta e ocorre
quando por 2 vezes o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicilio ou residencia sem o
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da familia ou, em sua falta,
qualquer vizinho de que, no dia últil imediato, voltará a fim de efetiar a citação, na hora que designar.
Nos condominios edilicos ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a referida intimação
feita na pessoa do funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
No dia e na hora desginados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao
domicilio ou à residência do citando a fim de realizar a diligencia:
a) Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausencia,
dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou
subseção judiciária, ou que a pessoa da familia ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente,
ou se embora presente, a pessoa da familia ou o vizinho se recusar a receber o mandado. O oficialde
justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da familia ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe
o nome e fazendo constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se
houver revelia.
b) Se o citando estiver presente, a citação será realizada de modo real.

Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu no prazo de 10 dias,
contado da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondencia eletronica, dando-lhe e
tudo ciencia. Destaque-se que o encaminhamento dessa carta é apenas uma cautela da lei, afinal, o prazo
de contestação já terá começado a fluir a partir da juntada dos autos do mandado de citação, pouco
importando que o réu receba ou não essa carta.

 CITAÇÃO POR EDITAL: somente será utilizada como medida de absoluta exceção e após esgotadas as
tentativas de localização ou citação do réu por outros meios. A citação por edital será feita:
a) Quando desconhecido ou incerto o citando;
b) Quando ignorado, incerto ou inacessivel o lugar em que se encontrar o citando;
c) Nos casos expressos em lei (na ação de usucapião ou na ação de recuperação ou sibstituição de titulo
ao portador);

No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada
também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiofusão. O juiz poderá determinar que a
publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou por outros meios,
considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciária

São requisitos da citação por edital: a) a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença
das circunstâncias autorizadoras; b) a publicação do edital na rede mundial de computadores; c) a
determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 e 60 dias, fluindo da data da publicação única ou
havendo mais de uma, da primeira; d) a advertência de que será nomeado curador especial em caso de
revelia.

Obs.: a parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias
autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 vezes o salário-mínimo, que se reverterá em benefício do
citando, tudo sem prejuízo da anulação do ato e retomada do processo a partir da citação nula do edital.

Obs.: tendo sido realizada citação ficta (hora certa ou edital), e não tendo o réu constituído advogado e se
defendido (o que é absolutamente provável), o juiz dará curador especial ao réu (advogado nomeado nas comarcas
onde não haja defensoria pública) enquanto este não comparecer e constituir advogado, o qual, inclusive, tem
autorização legal para apresentar contestação por negativa geral.

AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais (não for indeferida) e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 dias,
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 dias de antecedência.

O estado deve promover, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, e nesse mister, a conciliação,
a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados,
defensores públicos e membros do MP, inclusive no curso do processo judicial.

Não custa relembrar que o conciliador atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes, e poderá sugerir soluções para o litigio, não lhe sendo licito utilizar qualquer tipo de constrangimento
ou intimidação para que as partes conciliem; enquanto que o mediador atuará preferencialmente nos casos em que
houver vinculo anterior entre as partes, e auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em
conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções
consensuais que gerem benefícios mútuos.

Obs.: poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e a mediação, não podendo exceder a 2 meses
da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.

A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado, enquanto o réu será intimado para
a audiência no momento em que for citado. Essa audiência de conciliação ou mediação é quase que obrigatória e
somente não se realizará quando:

a) Se ambas as partes manifestarem expressamente, desinteresse na composição consensual, caso em que o


autor o fará na petição inicial e o réu, por sua vez, por petição, apresentada com no mínimo 10 dias de
antecedência da data da audiência. Observe, contudo, que havendo litisconsórcio, o desinteresse na
realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes, pois, caso contrário, a audiência
aqui será realizada.
b) Não se admitir a autocomposição, ou seja, quando o litígio versar sobre direito indisponível (ex. ações que
envolvam incapaz).

Visando a frisar a importância dessa audiência, o CPC estabeleceu que o não comparecimento injustificado do
autor ou do réu à audiência de conciliação ou mediação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será
sancionado com multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da
União ou do Estado. A doutrina nos ensina que a sanção é aplicada mesmo nos casos em que uma das partes
manifestou seu desinteresse para tal ato, que, todavia, se manteve designado por conta da querência ou silencio da
outra parte.

Obtida a autocomposição, ela será reduzida a termo e homologada por sentença, que, por resolver o mérito,
faz coisa jugada material.

Obs.: visando evitar o tumulto na pauta e possibilitar a realização do ato em tempo minimamente adequado, o
CPC prescreve que as audiências de conciliação ou de mediação deverão ser designadas de modo a respeitar o
intervalo mínimo de 20 minutos entre o início de uma e o início da seguinte.

RESPOSTA DO RÉU

O direito de defesa, na mesma forma e intensidade que o direito de ação, tem lastro no princípio constitucional
de que não é lícito excluir do poder judiciário lesão ou ameaça de direito. Por isto, todos os direitos, oportunidades e
garantias assegurados ao autor da demanda devem, igualmente, ser assegurados ao réu, sob pena de violação do
princípio da isonomia.

Defender-se, entretanto, não é obrigação do demandado. Diversamente do processo penal – em que haverá
defesa dativa, nomeada pelo juiz, ainda que o réu não queira se defender - , no direito processual civil, o sistema
oportuniza a defesa. Se o demandado vai exercer ou não a oportunidade é pura opção dele (embora eventualmente
arque com as consequências da opção de não ter se defendido – revelia). Eis por que pode ser dito que o direito de
defesa é ônus do demandado (e não obrigação).

As respostas do rés são, como regra, concentradas na contestação, que deve ser apresentada no prazo de 15
dias. É nessa peça processual que deve ser aplicada (quase) toda a matéria defensiva, ou seja, as defesas processuais
(incorreção ao valor da causa, indevida concessão dos benefícios da justiça gratuita, incompetência absoluta ou
relativa, falta de condições da ação etc.) e defesas de mérito (aquela que se funda nos atos ou no direito material
debatido, objetivando a improcedência do pedido do autor).

Destaca-se, ainda, que, junto à contestação, é lícito ao réu apresentar também a reconvenção, ou seja, poderá
manifestar pretensão própria (formular pedido a seu favor, e não apenas de se defender), conexa com a ação principal
ou com o fundamento da defesa.

CONTESTAÇÃO

A contestação é a resposta do réu por excelência. É a única que, não sendo apresentada, pode implicar graves
consequências advindas da revelia. O réu poderá oferecer contestação, por petição no prazo de 15 dias, cujo termo
inicial será a data:

a) Da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando parte não


comparecer, ou comparecendo, não houver autocomposição;
b) Do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo
réu, quando se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual.
c) Da data de juntada dos autos quando da citação ou da intimação, seja pelos correios, por oficial de justiça
ou por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
d) Do dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz quando a citação ou a intimação for por edital ou
por meio eletrônico.

Incumbe ao réu alegar na contestação toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com
que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir, juntando, ainda, os documentos que
entende necessários para a comprovação dos fatos alegados na defesa. Porém, compete ao réu, antes de discutir o
mérito, alegar as seguintes preliminares de contestação:

a) Inexistência ou nulidade da citação;


b) Incompetência absoluta ou relativa;
c) Incorreção do valor da causa;
d) Inépcia da petição inicial;
e) Perempção
f) Litispendência;
g) Coisa julgada;
h) Conexão;
i) Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
j) Convenção de arbitragem;
k) Ausência de legitimidade ou de interesse processual;
l) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
m) Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Obs.: quando alegar sua ilegitimidade ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, incumbe ao rpeu indicar
o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas
processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. Ao aceitar a nomeação o autor
procederá, no prazo de 15 dias, à alteração da petição inicial para substituição do réu, caso em que deverá reembolsar
as despesas e pagar os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre 3% e 5% do valor da causa,
ou sendo este irrisório, por apreciação equitativa do juiz. Pode também o autor, na alteração que fizer do polo passivo,
manter o primeiro réu como litisconsórcio passivo na demanda.

Dois princípios regem toda a estrutura da contestação: a) o princípio da impugnação especificada dos fatos
alegados na inicial; e b) o princípio da eventualidade.

Pelo princípio da impugnação especificada dos fatos alegados na Inicial, incumbe ao réu manifestar-se
precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas
salvo se: a) não for admissível, a seu respeito, a confissão; b) a petição inicial não estiver acompanhada de prova legal;
c) estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Obs.: essa regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial, que os quais podem apresentar contestação por negativa geral (negando
abstrata e genericamente todos os fatos alegados na inicial, sem atacá-los ponto a ponto).

RECONVENÇÃO

A reconvenção, apesar de ser modalidade de resposta do réu, não se presta, propriamente, para defesa. Na
verdade, o instituto é uma forma de o réu, no mesmo processo, mover uma demanda conexa com a ação principal ou
com o fundamento da defesa. O processo, assim, continua único, mas conterá duas demandas.

A reconvenção não é obrigatória. Nada impede que a parte demandada entenda oportuno ajuizar ação
autônoma, seja simultaneamente, seja após o fim da ação primitiva. O réu pode propor reconvenção
independentemente de oferecer contestação. Contudo, a apresentação da reconvenção não isenta o réu, em
princípio, das consequências de não ter apresentado contestação (ônus), uma vez que as modalidades de resposta
têm objetivos bastantes distintos. Tanto é assim que, se o demandado reconvir e não contestar, poderá ser
considerado revel na ação, salvo os casos em que a reconvenção acaba por fazer as vezes, também de contestação.

Importante salientar que a reconvenção deverá ser apresentada no bojo da própria contestação, ou seja, na
mesma peça processual.

Tratando-se de verdadeiro exercício do direito de ação pelo réu, a reconvenção deverá conter os requisitos dos
artigos 319 e 320 do CPC (inclusive valor da causa de recolhimento de custas). São requisitos para o cabimento da
reconvenção que ela seja conexa (identidade de pedido ou causa de pedir) com a ação principal ou com o fundamento
da defesa apresentado pelo próprio réu\reconvinte, que o juízo seja (absolutamente) competente, tanto para a ação
principal quanto para a reconvenção e que o procedimento de reconvenção seja compatível com o da ação.

A reconvenção não precisa, necessariamente, ter as mesmas partes que a ação principal, a saber:

I. A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro, ou seja, o réu-reconvinte (autor da
reconvenção) pode formar um litisconsórcio passivo entre o autor-reconvindo (réu da reconvenção)
e de um terceiro.
II. A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro, ou seja, o réu-reconvinte
pode formar um litisconsórcio ativo com um terceiro e demandar contra o autor-reconvindo, ou
contra o autor-reconvindo em litisconsórcio com terceiro.

Proposta a reconvenção, o autor será intimado/citado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta
no prazo de 15 dias. Segue-se, daí, instrução conjunta do processo, que culminará em uma sentença que, apesar de
formalmente única, contempla as duas demandas (inclusive com as respectivas verbas sucumbenciais de cada qual).
Ambas as demandas (ação e reconvenção) podem ser julgadas procedentes (com compensação de valores) ou
improcedentes.

Obs.: a reconvenção é autônoma à ação principal e vice-versa. Assim, a desistência da ação ou a ocorrência de
causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.

REVELIA

A revelia é o fenômeno advindo da ausência de contestação de acordo com os ditames legais ou de outro ônus
a que a lei atribua o mesmo efeito. Embora a prática e a lei relacionem o fenômeno da revelia à ausência de
contestação, tanto é revel aquele que não contestar como aquele que contesta fora do prazo, ou em língua
estrangeira, ou via advogado sem procuração etc.

De acordo com o CPC, o principal efeito da revelia é a presunção relativa de veracidade dos fatos afirmados pelo
autor, e não do direito. Assim, mesmo presumidos os fatos verdadeiros, nada impede que o período seja desacolhido
pelo juiz sob o fundamento de que as consequências jurídicas dos fatos reconhecidos por presunção não amparam o
pedido do autor. Outros efeitos da revelia além do principal é a possibilidade do julgamento antecipado de mérito e a
situação dos prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório no
órgão oficial.

A revelia não induz, contudo, a presunção relativa de veracidade dos fatos se:

a) Havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;


b) O litígio versar sobre direitos indisponíveis;
c) A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato;
d) As alegações de fato formuladas pelo autor forem, inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos;
e) Se ocorrendo a citação ficta, em que ao requerido foi dado curador especial, esse apresentar contestação
por negativa geral.
Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar livremente o pedido, ou a causa de pedir. Deve aplicar, no
caso, as regras do CPC. Na hipótese de revelia, o autor poderá até o saneamento do processo, aditar ou alterar o
pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de
manifestação deste no prazo mínimo de 15 dias, facultado o requerimento de prova suplementar.

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

Decorrido o prazo para resposta, com ou sem a apresentação de contestação, o juiz tomará, conforme o caso,
as providências preliminares detalhadas:

a) Se a despeito do réu não contestar a ação, o juiz, verificando a incorrência do efeito da revelia (presunção
relativa das alegações de fato formuladas pelo autor), ordenará que o autor especifique as provas que
pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado. Afinal, não sendo possível presumir como verdadeiros os
fatos alegados na petição inicial, competirá ao autor, comprovar os fatos constitutivos do seu direito, sob
pena de improcedência do pedido. Ao réu revel também será lícita a produção de provas, contrapostas às
alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais,
indispensáveis a essa produção;
b) Tendo o réu contestado a ação, descortinam-se as seguintes variantes rituais: o réu poderá apresentar sua
defesa de mérito direta (apresentando documentos), alegação de fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor (defesa de mérito indireta) e defesa processual preliminar de contestação, em qualquer
das situações o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 dias, permitindo-lhe a produção de provas.

Obs.: A defesa de mérito, por seu turno, pode ser direta ou indireta. Será direta sempre que o réu negar o fato
ou a consequência jurídica do fato e será indireta, nas hipóteses em que o réu aceita o fato, mas a ele alega ou opõe
um fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito alegado.

No tocante às defesas de mérito diretas, estas têm como finalidade desconsiderar a causa de pedir, contrariando
os fatos alegados pelo autor na inicial e/ou a correspondência jurídica quanto àqueles relatos expostos na exordial.
Destarte, tais faculdades podem consistir tanto em combater a narrativa fática quanto a fundamentação de direito,
ou ambas conjuntamente, levadas à apreciação judicial pelo autor.

Por derradeiro, as defesas de mérito indiretas objetivam também atacar o mérito, entretanto não buscam negar
as afirmações feitas pelo autor, mas sim trazer fatos novos visando ampliar a visão fática do juiz quanto aos fatos, que
geralmente não compõem a causa de pedir do autor. Os fatos novos desta modalidade de defesa podem ser:
impeditivos, extintivos ou modificativos.

Verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo
nunca superior a 30 dias. O saneamento das irregularidades processuais é atividade permanente do juiz, a quem
compete, não só nesse momento, mas especialmente nele, prover medidas necessárias para que o processo prossiga
sem vícios (falta de procuração, de recolhimento de custas etc.).

Cumprindo as providencias preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento
conforme o estado do processo. Note-se que em 2 situações não haverá providências preliminares a serem providas:
a) Se o réu não contestar a ação e se operarem os efeitos da revelia;
b) Se o réu contestar a ação e apresentar apenas defesa direta (negativa dos fatos e fundamentos do pedido)
sem qualquer documento.

Nestes dois casos, o processo vai diretamente para a fase a seguir, o julgamento conforme o estado do processo.

JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

Regra geral, após a fase das providências preliminares (com ou sem elas), o procedimento ordinário passa a ter,
apenas, dois caminhos a seguir: a) ou o processo é julgado no estado em que se encontra (com ou sem resolução do
mérito); ou b) avança para a fase instrutória (quando, para a solução do conflito, forem necessárias provas).

Assim, tem-se que a fase do julgamento do processo conforme o estado nada mais representa do que a
oportunidade, excepcional (pois a regra é a colheita de provas), de o estado-juiz dar fim ao processo sem ter que
colher provas.

Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos artigos 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença, a
saber:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - Indeferir a petição inicial;

II - O processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - Verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V - Reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - Verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - Em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e

X - Nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5
dias.

§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor
será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.

§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do
réu.

§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para
retratar-se.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - Acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

II - Decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

b) a transação;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Como já visto, o artigo 485 do CPC contempla situações em que o processo, diante da ausência dos pressupostos
processuais ou das condições da ação (ou presença dos pressupostos processuais negativos) é extinto sem que o
estado-juiz solucione o conflito. Já as hipóteses do artigo 487, II (ocorrência de decadência ou prescrição) e III (o
reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção, a transação, ou a renuncia à
pretensão formulada na ação ou na reconvenção), são situações em que é possível solucionar o conflito sem
necessidade de outras provas.

Não ocorrendo, entretanto, qualquer das situações acima mencionadas, a solução do conflito necessariamente
terá que se dar com fundamento no artigo 487, I do CPC (quando o juiz acolhe ou rejeita, no todo ou em parte, o
pedido formulado na ação ou na reconvenção). E, para tanto, o CPC autoriza o juiz a conhecer diretamente o pedido
proferindo sentença que resolverá o mérito, quando: não houver necessidade de produção de outras provas, ou seja,
quando realmente as provas forem desnecessárias ou quando elas já estiverem nos altos ou quando o réu for revel.

Admite-se, também, que o juiz decida parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcelas deles: a) mostrar-se incontroverso; b) estiver em condições de imediato julgamento. Nestes casos a decisão
é definitiva (faz coisa julgada material), embora parcial, de modo que não dependerá de confirmação na sentença que
apreciar os pedidos sobejantes.

No caso de julgamento antecipado parcial do mérito, a decisão inegavelmente terá conteúdo de sentença, mas
ela não porá fim à fase cognitiva do procedimento comum, que continuará a sua marcha para a resolução dos pedidos
que não estavam em condições de julgamento antecipado. Haverá aqui uma “decisão interlocutória de mérito”.

A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação liquida ou ilíquida. A
parte poderá liquidar (se a decisão for ilíquida) ou executar (se a decisão for líquida, ou já estiver liquidada), desde
logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que
haja recurso contra esse interposto.
FASE SANEADORA

Não sendo possível o julgamento do processo no estado em que se encontra, ou havendo o julgamento
antecipado parcial do mérito, o procedimento comum entra na fase saneadora (que, portanto, só existirá se forem
necessárias provas). Nesse momento o juiz deverá proferir uma decisão de saneamento e de organização do processo
em que:

a) Resolverá as questões processuais pendentes, se houver;


b) Delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de
prova obtidos;
c) Definirá a distribuição do ônus da prova;
d) Delimitará as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
e) Designará, se necessário, audiência de instrução e julgamento.

Trata-se de decisão que visa a sanear o processo (resolver questões preliminares, vícios processuais etc.) e
prepará-lo para a posterior fase do procedimento comum: a fase instrutória (produção de provas). Para isso o juiz
fixará os pontos controvertidos e determinará as provas a serem produzidas (deferindo as pertinentes e indeferindo
as inúteis), designando audiência de instrução e julgamento, caso seja necessária a colheita de prova oral.

Proferida a decisão de saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no
prazo comum de 5 dias, fundo o qual a decisão se torna estável. As partes podem, ainda, apresentar ao juiz, para
homologação, delimitação consensual das questões de fato e de direito consideradas relevantes para a decisão do
mérito e sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos. Essa delimitação
consensual, apenas se homologada, vincula as partes e o juiz.

Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá ser designada audiência para que
o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes
a integrar ou esclarecer suas alegações e, se pretenderem produção de prova testemunhal, apresentar o rol de
testemunhas.

Se não ocorrer a audiência de saneamento acima referida, e caso tenha sido determinada a produção de prova
testemunhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 dias para que as partes apresentem rol de testemunhas. O
número de testemunhas arroladas pelas partes não pode ser superior a 10, sendo 3, no máximo, para a prova de cada
fato, sendo lícito ao juiz limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos fatos
individualmente considerados.

Obs.: essa limitação de 10 testemunhas se aplica as partes e as testemunhas por elas arroladas, não sendo
aplicada para o juiz que poderá determinar, de ofício, a oitiva de quantas testemunhas entender necessário à formação
de seu convencimento.

Obs.: caso seja necessária a produção de prova oral, será designada audiência de instrução e julgamento, cujas
pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1 hora.
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Sendo necessária a produção de prova oral, o juiz, na fase saneadora, designará audiência de instrução e
julgamento, para a qual serão intimadas as partes, os advogados e outras pessoas que dela devam participar
(testemunhas e até mesmo o perito, se for o caso).

Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros
métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem. Isso porque o Estado deve sempre que
possível, promover a solução consensual dos conflitos, e os métodos necessários para tanto deverão ser estimulados
por juízes, advogados, defensores públicos e membros do MP, inclusive no curso do processo judicial.

Não havendo acordo, então será dado início a instrução do feito, colhendo-se a prova oral, a ser colhida,
preferencialmente, na seguinte ordem:

I. O perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos necessários, caso
não respondidos anteriormente por escrito;
II. O autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais; e por fim
III. As testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.

Obs.: nada impede que o juiz altere a ordem de produção das provas para adequar o procedimento às
especificidades da causa.

Obs.: enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os
advogados e o MP intervir ou apartear (pedir a palavra), sem licença do juiz.

Finda a instrução, o juiz dará a palavra a advogado do autor e do réu, bem como ao membro do MP, se for o
caso de intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 minutos para cada um, prorrogável por 10 minutos, a critério
do juiz. Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo que formará com o da prorrogação um só todo de 3º
minuto, portanto – dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.

Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por
razoes finais escritas que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo MP, se for o caso de sua
intervenção, em prazos sucessivos de 15 dias, assegurada a vista dos autos.

Encerrado o debate ou oferecidas as razoes finais, o juiz proferirá sentença oralmente na audiência ou, por
escrito, no prazo de 30 dias.

A audiência pode ser adiada:

I. Por convenção das partes;


II. Se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva necessariamente
participar, desde que comprovado até a abertura da audiência, pois, não o sendo, o juiz procederá à
instrução sem a presença do ator processual faltoso;
III. Por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 minutos do horário marcado.

Em qualquer dos casos, quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
Durante a audiência, compete ao juiz – como presidente do ato – exercer o poder de polícia, competindo-lhe:

I. Manter a ordem e o decoro na audiência;


II. Ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem inconvenientemente (inclusive
advogados, em casos extremos);
III. Requisitar, quando necessário, força policial;
IV. Tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do MP e da Defensoria Pública e qualquer
pessoa que participe do processo;
V. Registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em audiência.

Em todos os casos, o servidor lavrará, sob o ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o corrido na
audiência, bem como, por extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato. Quando o termo não
for registrado em meio eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume próprio. Ademais
subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do MP e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas as
partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática os advogados não tenham poderes. O escrivão ou
chefe de secretaria trasladará para os altos cópia autêntica do termo da audiência.

Obs.: Ademais, a audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou
analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação específica.
Essa gravação poderá, inclusive, ser realizada diretamente por qualquer das partes, independentemente de
autorização judicial.

PROVAS

Prova é o meio utilizado para provar as alegações de uma das partes, a fim de possibilitar o encontro da verdade
real. Nesse sentido, no âmbito do processo civil pode-se designar a prova o meio pelo qual as partes irão demonstrar
a realidade dos fatos em questão para influenciar na livre convicção do juiz. Portanto, pode-se afirmar que as provas
se destinam a comprovação dos fatos, apresentando como objeto os fatos da causa; a finalidade de formar a convicção
do juiz.

O novo Código de processo civil dispõe, em seu artigo 373, que o ônus da prova cabe a quem acusa, ou seja, o
autor. Devendo o réu, na contestação, alegar os fatos impeditivos dos direitos de quem alega. Sendo assim, no
processo civil há a necessidade da existência de provas.

CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS

 Quanto ao sujeito, as provas são: a) reais (quando recaem sobre coisas); ou b) pessoais (quando têm
nas pessoas a fonte de onde advém);
 Quanto ao objeto, as provas podem ser: a) diretas (quando mantem com o fato probando uma relação
imediata, como é o caso do recibo de quitação); ou b) indireta (quando a prova do fato principal se dá
pela prova de fato distinto, que por meio de inferências leva ao fato principal que se pretende provar).
 Quanto a complexidade, as provas podem ser: a) simples (uma só prova para o fato); ou b) compostas
(várias provas para comprovar o fato).
As provas típicas são as provas previstas em leis, isto é, disciplinadas pelo legislador como tal, a saber:

 Prova emprestada;
 Ata notarial
 Depoimento pessoal
 Confissão
 Exibição de documento ou coisa
 Documental
 Testemunhal
 Pericial
 Inspeção judicial
Já as provas atípicas são aquelas não previstas previamente pelo legislador. Tanto quanto as típicas, as provas
atípicas são plenamente válidas no ordenamento jurídico brasileiro, desde que sejam lícitas.

Vale destacar que uma vez produzida, a prova não é do autor, do requerido ou do terceiro interveniente. A
prova é do processo, de modo que nada impede que a parte perca a demanda com base na prova que ela mesma
produziu.

As provas devem recair sobre fatos alegados. Não quaisquer fatos. Apenas os fatos relevantes e determinados
devem ser provados. Fatos irrelevantes não se prova, porque não colaboram para a elucidação do conflito. Há ainda
outros fatos que não dependem de prova, a saber:

 Fatos notórios
 Fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contraria
 Fatos admitidos no processo como incontroversos
 Fatos em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade
As regras sobre o ônus da prova podem ser analisadas por dupla perspectiva. Do ponto de vista subjetivo,
servem como aviso às partes sobre o que cada uma deve provar, sob pena de sucumbência. Já no aspecto objetivo,
asa regras sobre ônus da prova servem como verdadeira regra de julgamento, de modo a permitir que o juiz decida o
processo nas hipóteses em que não há provas das alegações.

As regras sobre o ônus da prova são essenciais para a própria sobrevivência dos sistemas processuais, a ponto
de a doutrina apontá-las como regras de fechamento do sistema. Sem elas, não haveria solução para uma infinidade
de demandas em que as partes tivessem se desincumbido do ônus probatório, fazendo com que os processos
terminassem empatados.

Afinal, não sendo possível obrigar as partes a provar determinado fato, e se nenhuma das partes provar suas
alegações, alguma solução deve haver para a demanda, ainda, mas quando o CPC é claro no sentido de que o juiz não
pode se eximir de julgar por falta de lei, quanto mais por falta d provas. Assim, inventivamente, os sistemas criam
regras de “desempate”, impondo aquele que deveria provar determinado fato a derrota nos casos de ele não ter
cumprido o ônus que a lei lhe carreou.

No brasil, adotamos o critério estático e distributivo do ônus da prova conforme a natureza do fato alegado,
sendo que o ônus da prova incumbe: a) Ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; b) Ao réu, quanto a
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Não provados por qualquer das partes os
fatos alegados conforme a regra apresentada, aquele que não provou perde a demanda.
Três são os modelos de modificação das regras do ônus da prova:

I. Modificação convencional: casos em que as próprias partes, consensualmente (por convenção),


estabelecem modelo diverso do previsto no CPC.
II. Modificação legal: as vezes, quem impõe a inversão é a lei, de modo que competirá ao réu comprovar
que os fatos alegados pelo autor não são verdadeiros, e não ao autor comprovar que os fatos que alegou
são verdadeiros. A inversão legal ocorrerá nas hipóteses em que há presunção legal relativa, como nos
casos de revelia e presunção de paternidade, em que o réu deverá provar não serem verdadeiros os
fatos alegados pelo autor, ou que não é o pai biológico do autor.
III. Modificação judicial: em caráter excepcional autoriza o juiz a distribuir o ônus da prova de modo diverso
ao estabelecido na lei (distribuição dinâmica do ônus da prova). O CPC permite a distribuição diversa do
ônus da prova desde que o juiz o faça por decisão fundamentadas, caso em que deverá dar a parte
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído, quando diante de peculiaridade da causa
relacionada à impossibilidade ou a excessiva dificuldade de cumprir o encargo conforme a regra geral
de distribuição do ônus da prova ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário.

PROVAS EM ESPÉCIE

PROVA EMPRESTADA

O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar
adequado, observando o contraditório. Para que a prova emprestada tenha o mesmo valor do processo em que
colhida, tem-se exigido que apresente 2 requisitos:

I. Que a prova seja colhida em contraditório no processo de origem;


II. Que seja inserida em contraditório no processo destino.

Majoritariamente, tem prevalecido o entendimento de que não é necessário que ambos os processos tenham
as mesmas partes para que se permita o compartilhamento da prova.

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

A produção das provas no processo de conhecimento ocorre, preponderantemente, na fase instrutória do


procedimento (comum ou especial). Grosso modo, realiza-se a fase postulatória, alcança-se a fase saneadora e,
somente após, haverá a produção das provas necessárias para esclarecer os fatos alegados pelas partes.

Há, contudo, situações que exigem que a produção antecipada da prova ocorra antes da fase instrutória
(incidentalmente) ou mesmo antes da existência do processo no qual ela pode ser utilizada (ação autônoma). Será
admitida nos casos em que:

I. Haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos
na pendência da ação. Esse caso é típica medida cautelar, ou seja, autoriza-se a produção da prova para
evitar risco de dano ao processo no qual aquela prova poderá ser utilizada. A produção antecipada de
provas pode ocorrer incidentalmente ou em ação autônoma.
II. A prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de
solução de conflito. Com efeito, se o melhor esclarecimento dos fatos através da produção antecipada
de provas puder conduzi-las a um meio autocompositivo de solução de controvérsias, fica autorizado
que essa antecipação ocorra. Nesse caso, há produção antecipada de provas pode ocorrer sem que
esteja presente qualquer urgência ou perigo da demora.
III. O prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento da ação. Nesse caso, há
produção antecipada de provas pode ocorrer sem que esteja presente qualquer urgência ou perigo da
demora. Com fundamento nesse dispositivo, a produção antecipada de provas pode ocorrer apenas em
ação autônoma, visto que ela deve justificar ou evitar o futuro ajuizamento de ação.

Obs.: a produção antecipada da prova autônoma, em todas as suas modalidades, é da competência do juízo
do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu. Note, contudo, que o juízo estadual tem
competência para produção antecipada de prova requerida em face da união, de entidade autárquica ou de empresa
pública federal se, na localidade, não houver vara federal. Trata-se de típico caso de delegação de competência. Essa
ação autônoma, porém, não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta com base na prova
antecipada produzida.

Obs.: no procedimento da produção antecipada de provas, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra
decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário.

Obs.: como o procedimento aqui em estudo volta-se apenas e tão somente à produção antecipada da prova,
o juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências
jurídicas.

Concluída a antecipação da prova, os autos permanecerão em cartório durante 1 mês para a extração de
cópias e certidões pelos interessados. Findo esse prazo, os autos serão entregues ao promovente da medida.

ATA NOTARIAL

A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do
interessado, mediante ata lavrada por tabelião, que poderá conter com dados representados por imagem ou som
gravados em arquivos eletrônicos. Ou seja, a ata notarial é um instrumento público no qual o tabelião documenta, de
forma imparcial, um fato, uma situação ou uma circunstância presenciada por ele, perpetuando-os no tempo. A ata
notarial tem eficácia probatória, presumindo-se verdadeiros os fatos nela contidos.

DEPOIMENTO PESSOAL

Cabe a parte requerer o depoimento pessoal da outra parte,a fim de que esta seja interrogada na audiência de
instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de oficio. Se a parte, pessoalmente intimada para
prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor,
o juiz aplicar-lhe-á a pena.

O principal objetivo do depoimento pessoal é obter a confissão da parte quanto a matéria de fato, seja a
confissão real (quando a parte realmente assume os fatos), seja a confissão ficta (quando ela não comparece ou,
comparecendo, deixa de responder sem motivo justificado, ou responde com evasivas, as perguntas que lhe são
formuladas).

A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente
preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.

Como regra, a parte não é obrigada a depor sobre fatos:

I. Criminosos ou torpes que lhe forem imputados;


II. A cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
III. Acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de
parente em grau sucessível;
IV. Que coloquem em perigo a vida do depoente, do seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau
sucessível.

Por fim, vale destacar que é vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte e o
depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o
processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.

EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA


O pedido de exibição de documento ou coisa formulado pela parte conterá:
I. A individualização, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;
II. A finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou coma coisa;
III. As circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se
acha em poder da parte contraria.

Em se tratando de exibição contra a parte, o requerido dará sua resposta nos 5 dias subsequentes à sua
intimação, e se afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer
meio, que a declaração não corresponde à verdade.

Tratando-se de exibição contra terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de 15 dias. Se o
terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial,
tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, o de testemunhas, e em seguida proferirá
decisão. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo
deposito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas
despesas que tiver. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se
necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.

Obs.: a parte e o terceiro se escusam (desculpar-se, evitar, justificar) de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se:

I. Concernente a negócios da própria vida da família;


II. Sua apresentação puder violar dever de honra;
III. Sua publicidade redundar em desonra à parte ou a terceiros, bem como a ser parentes consanguíneos
ou afins até o 3º grau, ou lhes representar perigo de ação penal;
IV. Sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar
segredo;
V. Subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz justifiquem a recusa da
exibição;
VI. Houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.

Obs.: note, contudo que, se apenas parte do documento justificar a recusa em exibir, a parte ou o terceiro
exibirá a outra em cartório, para dela ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado.

PROVA DOCUMENTAL

O documento publico faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe se
secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença, quando a lei exigir instrumento público
como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. Quando, no
entanto, o documento feito por oficial público incompetente ou sem a observância das formalidades legais, sendo
subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do documento particular.

Obs.: qualquer das partes pode alegar a falsidade de documento apresentado pelas partes contraria, sendo que
deve-se arguir a falsidade de documento na contestação, na réplica ou no prazo de 15 dias contado a partir da
intimação da juntada do documento aos autos, presumindo-se com o silencio, que o tem por verdadeiro. Uma vez
arguida a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão
principal. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 dias, será realizado o exame pericial, salvo se a parte que
produziu o documento concordar em retirá-lo.

DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS

A utilização de documentos eletrônicos no processo convencional (autos físicos) dependerá de sua conversão à
forma impressa e da verificação de sua autenticidade na forma da lei. Não obstante, o juiz apreciará o valor probante
do documento eletrônico não convertido, assegurando às partes o acesso ao seu teor.

DA PROVA TESTEMUNHAL

A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. O juiz, indeferirá, contudo, a
inquirição de testemunhas sobre os fatos já provados por documento ou confissão da parte, ou que só por documento
ou exame pericial puderem ser provados.

Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.

São incapazes:

I. O interdito por enfermidade ou deficiência mental


II. O que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não
podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir percepções;
III. O menor de 16 anos;
IV. O cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam.

São impedidos:

I. O cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral até o 3º grau


de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou,
tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz
repute necessária para o julgamento do mérito;
II. O que é parte na causa;
III. O que intervém em nome de uma parte, como autor, o representante legal da P.J., o juiz, o advogado e
outros que assistam ou tenham assistido as partes.

São suspeitos:

I. O inimigo da parte ou seu amigo íntimo;


II. O que tiver interesse no litígio.
Obs.: Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas ou suspeitas,
caso em que os respectivos depoimentos serão prestados independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuíra
o valor que possam merecer.

É lícito a parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a suspeição, bem


como, caso a testemunha negue os fatos que lhe são imputados, provar a contradita com documentos ou com
testemunhas, até 3 apresentadas no ato e inquiridas em separado. Sendo provados ou confessados os fatos, o juiz
dispensará a testemunha ou lhe tomará o depoimento como informante (sem prestar compromisso).

O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro as do autor e depois as do réu, e


providenciara para que uma não ouça o depoimento das outras. Essa ordem, contudo, pode ser alterada se as partes
concordarem. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarará ou confirmará seus dados e informará se tem
relações de parentesco com a parte ou interesse no objeto do processo, sendo esse o momento adequado para de
contraditar a testemunha.

Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer a verdade (salvo se incapaz, impedida
ou suspeita, quando será ouvida apenas como informante) do que souber e lhe for perguntado, e o juiz a advertirá
que incorre em sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.

O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes quanto depois da inquirição feita pelas partes. As partes
formularam perguntas diretamente à testemunha – e não por intermédio do juiz como era no CPC antigo -, começando
pela que a arrolou. O juiz não admitira as perguntas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as
questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida. As perguntas que o
juiz indeferir serão transcritas no termo, se a parte o requerer.

PROVA PERICIAL

A prova pericial consiste em exame, vistopria ou avaliação e costuma ser utilizada quando o juiz, para a solução
do conflito, depender de conhecimentos técnicos que não possua. Inclusive, tratando-se de pericia complexa, que
abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte poderá
indicar mais de um assistente técnico.

O juiz nomeará o perito, ficando de imediato o prazo para a entrega do laudo. Incumbe as partes dentro de 15
dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se
for o caso; indicar assistente técnico e apresentar quesitos (o juiz também pode formular quesitos próprios). O perito
pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição; ao aceitar a escusa ou julgar procedente a
impugnação, o juiz nomeará novo perito.

O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames
que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 dias. O perito
protocolará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos com 20 dias antes da audiência de instrução e
julgamento. As partes serão intimadas para que, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo
comum de 15 dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo
parecer.

Obs.: de ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção
de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. Nesse caso haverá apenas
a inquirição de especialista, pelo juiz, sobre o ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento
científico ou técnico. Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto
do seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de
esclarecer os pontos controvertidos da causa.

Obs.: pode o juiz, também, dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem,
sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.
Obs.: podem as partes, de comum acordo, escolherem o perito, indicando-o mediante requerimento, desde
que: a) sejam plenamente capazes; b) a causa possa ser resolvida por autocomposição.
Finalmente, e talvez o mais importante, quem julga a causa é o juiz, não o perito. O juiz apreciará a prova pericial
livremente, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do
laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.

SENTENÇA
A sentença é um conceito que sofreu diversas modificações com o tempo. Inicialmente, no CPC73, a sentença
era vista como a decisão que colocava fim ao processo, encerrando-o. Após reformas no CPC73, a sentença passou a
ser compreendida como a decisão que dava fim à fase de conhecimento e inaugurava a fase de cumprimento da
sentença. Desse modo, na denominada fase sincrética do Direito Processual Civil, a sentença era conceituada como o
ato do juiz que implica o julgamento da ação, com ou sem resolução do mérito. Note que não se fala mais em pôr fim
ao processo.
Cumpre registrar, entretanto, que essa decisão poderá ser proferida por um juiz singular, quando
efetivamente é denominada de sentença ou, pelo tribunal, quando é denominada de acórdão. Ademais, ainda no
âmbito do tribunal, temos a possibilidade de decisões unipessoais por um dos membros dos colegiados (decisões
monocráticas), quando admitido pela lei ou pelo regimento interno.
SENTENÇA TERMINATIVA

Sentença terminativa é aquela que não aprecia o fundo do litígio, extinguindo o processo sem resolução de
mérito. Sobre ela se forma apenas a preclusão temporal (também conhecida como coisa julgada formal), sinalizada
com o trânsito em julgado da decisão, que representa a impossibilidade de rediscussão das questões decididas dentro
do processo em que foi proferida. As hipóteses em que o juiz encerrará a fase de conhecimento sem julgamento
do mérito são:

INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL: São várias as situações nas quais temos o indeferimento da
petição inicial, a saber:

a) a inépcia, ou seja, quando faltar pedido ou causa de pedir, quando o pedido for indeterminado e não for
hipótese legal de pedido genérico, quando dos fatos narrados pelo autor não decorre logicamente a
conclusão e quando a petição contiver pedidos incompatíveis.
b) a manifesta ilegitimidade da parte.
c) a falta de interesse processual.
d) a não indicação do endereço para a citação do réu e o não cumprimento, pelo autor, da determinação de
emenda à inicial.

NEGLIGÊNCIA DAS PARTES (AMBAS): Para caracterização da negligência no processo, basta que este
permaneça parado por negligência das partes por MAIS de 1 ANO, desde que as partes sejam intimadas para que deem
andamento ao processo e não o façam. Nesse caso, o juiz determinará que ambas as partes paguem
proporcionalmente o valor das custas.

ABANDONO DA CAUSA (PELO AUTOR): O abandono da causa pela parte autora configura-se quando a parte,
de forma deliberada, não promove os atos e as diligências que lhe incumbir por prazo SUPERIOR a 30 DIAS, desde que
as partes sejam intimadas para que deem andamento ao processo. Nesse caso, o juiz determinará que a parte autora
arque com as custas do processo e com os honorários do advogado

Obs.: Tanto na hipótese de negligência como na de abandono da causa as partes devem ser intimadas
PESSOALMENTE para se manifestarem no prazo de CINCO DIAS, antes do decreto judicial de extinção.

AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS COMO REQUISITO DE EXISTÊNCIA E VALIDADE DO PROCESSO: os


pressupostos processuais são todos os elementos de existência, os requisitos de validade e as condições de eficácia
do procedimento.

AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE OU DE INTERESSE PROCESSUAL: Para postular em juízo é necessário ter


legitimidade e interesse. Caso a parte que tenha ingressado em juízo não tiver legitimidade ou interesse haverá
extinção da fase de cognição sem análise do mérito da causa.

DESISTÊNCIA DA AÇÃO: Se as partes desistirem da ação, encerra-se a fase de conhecimento do processo sem a
análise do mérito. A desistência da ação poderá ocorrer em três momentos distintos: 1) antes da contestação
(independe de manifestação do réu). 2) após a contestação, mas antes da sentença (depende de consentimento do
réu). 3) após a sentença: não será admissível, embora seja possível à parte recorrente desistir do recurso.
INTRANSMISSIBILIDADE DA AÇÃO: Com o falecimento de uma das partes do processo, há, em regra, a sucessão
processual. Operada a sucessão, o processo seguirá o seu rumo. Há, contudo, situações nas quais o direito somente
poderá ser exercido pelos participantes da relação jurídica material discutida em juízo. Nesse caso, a ação será
intransmissível.

Por fim, consigne-se que o pronunciamento judicial com encerramento da fase de conhecimento sem resolução
do mérito enseja à parte a possibilidade de apelar no PRAZO DE 15 DIAS (que é o prazo padrão para o recurso de
apelação) admitindo-se a RETRATAÇÃO do juiz sentenciante NO PRAZO DE 5 DIAS.

O NCPC, esclarece que a sentença que põe fim à fase de conhecimento sem análise do mérito
não impede que a parte possa novamente propor a mesma demanda. É justamente essa a grande diferença
que temos da decisão sem julgamento de mérito para a decisão com julgamento de mérito. temos a
formação tão somente da coisa julgada formal, de forma que a relação jurídica objeto do litígio não foi
pacificada definitivamente, o que permite a propositura da ação novamente.

Obs.1: Além da regra principal que informa que é possível a repropositura da ação quando a sentença
for sem resolução do mérito, temos duas informações fundamentais: A primeira delas é o fato de que o
ajuizamento de nova ação exige a superação do vício anterior que levou à extinção; já a segunda é o
pagamento ou, pelo menos, o depósito das custas e honorários do advogado da ação anteriormente extinta.
Podemos falar, portanto, em dois condicionantes para que a ação seja novamente proposta.

Obs.2: Se o autor der causa, POR 3 (TRÊS) VEZES, a sentença fundada em abandono da causa, NÃO poderá
propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em
defesa o seu direito.

SENTENÇA DEFINITIVA OU DE MÉRITO

A sentença definitiva é aquela que aprecia o fundo do litígio extinguindo o processo com resolução de mérito.
A sentença definitiva transita formal e materialmente em julgado, sobre ela se formando a coisa julgada. A sentença
definitiva tem autoridade extraprocessual: impossibilita a rediscussão das questões decididas tanto dentro do
processo em que foi proferida como fora dele.

Para a doutrina, a sentença de mérito é aquela em que o juiz acolhe ou rejeita o pedido formulado pelo autor
da ação ou da reconvenção, ditando imperativamente a solução do conflito. As hipóteses de sentença com resolução
do mérito estão explicitamente previstas no art. 487, do NCPC:

Art. 487. HAVERÁ resolução de mérito quando o juiz:


I - Acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - Decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção
ELEMENTOS E EFEITOS DA SENTENÇA

A estrutura da sentença é complexa, pois envolve várias decisões a partir do que foi pedido pelas partes e
daquilo que consta do processo. Como forma de organizar o que foi analisado no contexto do processo, o que será
decidido, as razões da decisão e o que foi efetivamente decidido, temos que a sentença contêm os seguintes
elementos essenciais: relatório, fundamentos e dispositivo.

I - O RELATÓRIO, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - OS FUNDAMENTOS, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

III - O DISPOSITIVO, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem (Trata-se do

momento em que o juiz resume a decisão rejeitando ou acolhendo os pedidos formulados na inicial ou na
reconvenção e que receberá a proteção da coisa julgada).

Obs.: NÃO se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:

I - Se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa
ou a questão decidida;

II - Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;

V - Se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar
a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

Obs.: No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação
efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que
fundamentam a conclusão.

SENTENÇAS QUANTO A EFICÁCIA OU EFEITOS

As sentenças podem ser classificadas em:

I. Meramente declaratórias: quando tem por único escopo declarar a existência ou inexistência de uma
relação jurídica (ex.: investigação de paternidade, ou existência de dívida);
II. Constitutivas ou desconstitutivas: quando tem por finalidade criar, modificar ou extinguir uma relação
jurídica (ex.: adoção, divorcio...)
III. Condenatórias: são as sentenças que reconhecem a existência de uma obrigação, cujo descumprimento
gera uma sanção (cobranças, indenizações...).

Obs.: as sentenças declaratórias e constitutivas têm carga de eficácia completa, satisfazendo o direito da parte
com a simples prolação de sentença (sem necessidade de execução). Já as sentenças condenatórias, em geral, caso a
obrigação nelas estampada não seja satisfeita pela parte adversa, depende de atos de força do poder judiciário a bem
do adimplemento (dependem de execução).

SENTENÇAS QUANTO AO PROLATOR

As sentenças podem ser:

I. Individuais: quando proferidas por um só julgador e, geralmente, em 1º grau de jurisdição;


II. Colegiadas: quando proferidas por mais de um julgador, como ocorre, em regra, nos tribunais
superiores e de 2º grau;
III. Complexas: são as decisões proferidas concomitantemente por mais de um órgão jurisdicional, como é
o caso do julgamento decorrente da aplicação da tese firmada no incidente de resolução de demandas
repetitivas.

SENTENÇA LÍQUIDA

Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, AINDA QUE formulado pedido genérico, a decisão definirá desde
logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a
periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, SALVO quando:

I - Não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;

II - A apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente


dispendiosa, assim reconhecida na sentença.

Em regra, o pedido deve ser certo e determinado, o que implicará, em igual medida, uma sentença certa e
determinada. Mais importante que isso é compreender que o CPC prevê que o magistrado tem o dever de sentenciar
de forma líquida, mesmo que o pedido seja genérico. A definição da condenação somente não será exigida em duas
situações:

1ª SITUAÇÃO: quando não for possível apontar de forma definitiva o montante devido, admite-se
excepcionalmente sentença ilíquida.
2ª SITUAÇÃO: quando o valor devido depender de produção de prova a fim de apurar o valor exato, a ser
realizada na fase de liquidação de sentença.
SENTENÇA DIVERSA DA PEDIDA

É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade
superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. o magistrado deve decidir de acordo com o pedido
formulado pelas partes. Se o juiz julgar em desconformidade com a regra acima, temos a possibilidade de formação
de sentenças ultra, extra ou infra petita. Essa situação é, também, conhecida como o PRIINCIPIO DA CONGRUENCIA.

 Na sentença infra petita o juiz se ESQUECE de analisar parte dos pedidos ou dos fundamentos.
 Na sentença extra petita o juiz INVENTA algo não pedido ou fundamentado no pedido.

 Na sentença ultra petita o magistrado EXAGERA, concedendo em maior extensão aquilo que foi pedido pela parte.

Nos três casos, a consequência é a mesma: a possibilidade de invalidação da sentença prolatada.

Vale lembrar que não é viciada a sentença que dá à parte menos do que ela pediu, mas desde que haja
apreciação de todos os pedidos e alguns deles sejam fundamentalmente negados.

Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:

I - Para corrigir lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;

II - Por meio de embargos de declaração.

III – Nas hipóteses em que a lei defere oportunidade de retratação.

Dito de outro modo, ao lançar a sentença, o magistrado exerce um ato processual que implica a preclusão de
sentenciar. Em face disso, o magistrado não poderá mais alterar a sentença prolatada, a não ser em três situações
específicas: correção de erro material, embargos de declaração ou quando a lei autorizar. Não verificada essas
hipóteses, apenas o Tribunal poderá inovar e modificar aquilo que outrora ficara decidido no grau inferior.

HIPOTÉCA JUDICIÁRIA

A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que determinar a
conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo
de hipoteca judiciária.

A decisão produz a hipoteca judiciária:

I - Embora a condenação seja genérica;

II - Ainda que o credor possa promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja pendente arresto
sobre bem do devedor;

III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.

A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante apresentação de cópia da sentença perante o cartório de
registro imobiliário, independentemente de ordem judicial, de declaração expressa do juiz ou de demonstração de
urgência. No prazo de ATÉ 15 (QUINZE) DIAS da data de realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa,
que determinará a intimação da outra parte para que tome ciência do ato.

A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o credor hipotecário, o direito de preferência,
quanto ao pagamento, em relação a outros credores, observada a prioridade no registro. Sobrevindo a reforma ou a
invalidação da decisão que impôs o pagamento de quantia, a parte responderá, independentemente de culpa, pelos
danos que a outra parte tiver sofrido em razão da constituição da garantia, devendo o valor da indenização ser
liquidado e executado nos próprios autos.
A eficácia da sentença atinge diretamente a relação jurídica que foi objeto de discussão em juízo. Esse é o
efeito imediato e direto da sentença. Contudo, podemos verificar efeitos anexos, como a constituição de hipotética
judiciária.

Estuda-se, em Direito Civil, que a hipoteca constitui um direito real de garantia. Em termos simples, temos a
possibilidade de o credor gravar um bem do devedor com o ônus de responder pela dívida, caso não realize o
pagamento. Essa hipoteca evita que, após o trâmite processual, a parte devedora se desfaça dos bens até o efetivo
cumprimento da sentença. Portanto, com o registro da hipoteca judiciária confere-se preferência de pagamento do
resultado fixado em sentença. Uma vez constituída, a parte devedora será cientificada no prazo de até 15 dias.

REMESSA NECESSÁRIA

De modo geral, a parte que sofreu uma derrota no processo não é obrigada a recorrer. Ela pode
simplesmente se conformar com o resultado e a sentença já começa a produzir seus efeitos, não necessitando
passar necessariamente pelas instâncias superiores. Porém o ordenamento estabelece que a solução judicial de
determinadas hipóteses de litígios apenas será adaptada a transitar em julgado depois de ser examinada,
obrigatoriamente, por dois graus de jurisdição. Nesses casos, a sentença proferida em primeiro grau tem de
necessariamente ser examinada pelo grau de jurisdição superior, mesmo não sendo interposta apelação por qualquer
das partes. É o que o Código denomina de remessa necessária.

A remessa necessária constitui eficácia da sentença e um óbice para a formação da coisa julgada. Não se trata
de recurso, uma vez que independe da manifestação de irresignação da parte prejudicada pela sentença.

São duas as situações que ensejam a remessa necessária, também conhecida como duplo grau de jurisdição
obrigatório. Veja:

I - Proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público;

II - Que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.

Obs.: As sentenças que julgam procedentes os embargos à execução fiscal. Quando os entes públicos possuem
um crédito em face de alguma pessoa, eles ajuízam uma execução fiscal para receber esses valores que não foram
pagos de forma espontânea pelo cidadão, que poderá impugnar a execução por meio dos embargos à execução fiscal.
Se o juiz julgar procedente os embargos à execução fiscal (consequentemente prejudicando o Poder Público), a
sentença será remetida necessariamente ao Tribunal para ser reanalisada. Perceba que, em ambos os casos, as
sentenças são desfavoráveis ao Poder Público!

Obs.: Se a Fazenda Pública não apresenta a apelação contra a sentença que lhe foi prejudicial, o juiz acaba
sendo obrigado a remeter o processo ao Tribunal. Se ainda assim o juiz não o fizer, o Presidente do Tribunal em que
tramita o processo poderá avocá-lo, determinado ele mesmo a remessa dos autos!

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, NÃO interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos
autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.

§ 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a remessa necessária.


§ 3o NÃO se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for
de valor certo e líquido inferior a:

I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;

II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e


fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;

III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de
direito público.

§ 4o Também NÃO se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:

I - Súmula de tribunal superior;

II - Acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

IV - Entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

COISA JULGADA

A coisa julgada constitui direito fundamental assegurado e protegido constitucionalmente. Trata-se de


instrumento que visa conferir segurança jurídica àquilo que foi decidido no contexto do processo civil. A coisa julgada
constitui qualidade agregada ao efeito da sentença que transita em julgado. Doutrinariamente fala-se em coisa julgada
formal e material. A coisa julgada formal é aquela que diz respeito ao processo. A coisa julgada material, por sua vez,
é a que torna indiscutível a relação jurídica que foi decidida na sentença de mérito.

Em face dessa distinção, a doutrina afirma que a coisa julgada formal não é propriamente coisa julgada, mas
preclusão temporal do processo que, uma vez transitado em julgado, não admite mais modificação. Assim, se o
processo for extinto sem resolução do mérito, ele torna-se indiscutível, mas a relação jurídica poderá ser novamente
discutida em juízo em outro processo, uma vez que não se formaria coisa julgada material.

Obs.: A sentença de mérito tem força de lei nos limites daquilo que foi decidido e em relação às questões
expressamente decididas pelo juiz. Assim, é possível que tenhamos questões que dizem respeito ao mérito de
determinado processo, mas que não foram decididas expressamente e, em razão disso, não são qualificadas pela coisa
julgada material. Essas questões não decididas expressamente relacionadas com a causa, mas não podem ser
discutidas no processo, portanto, são qualificadas pela coisa julgada em sentido formal (no processo), mas não sofrem
coisa julgada material. Assim, apenas fará coisa julgada material aquilo que constar do dispositivo da sentença. Desse
modo, eventuais questões incidentais, prejudiciais do mérito da sentença, para que receberam a qualidade de coisa
julgada material, devem constar do dispositivo a sentença.
A coisa julgada vincula às partes em determinado espaço de tempo, desde que permaneça o contexto fático
jurídico que deu origem à decisão qualificada pela coisa julgada material. Desse modo pelo CPC, questões já decidas
não podem ser mais objeto de análise. Portanto, apenas em duas situações é possível analisar questões emanadas
pela coisa julgada material:

I - Se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de
direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;

II - Nos demais casos prescritos em lei.

Obs.: A julgada material vincula as partes envolvidas no processo. Isso mesmo! Conforme estabelece
o art. 506, do NCPC, terceiros não serão prejudicados pela coisa julgada material decorrente da sentença de
mérito de processo do qual não participou. Trata-se, portanto, de limite subjetivo à coisa julgada material.

LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA

A liquidação de sentença constitui um incidente processual, que tem por finalidade apurar quantias ilíquidas
fixadas na sentença. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação,
a requerimento do credor ou do devedor:

I - POR ARBITRAMENTO, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela
natureza do objeto da liquidação;

II - PELO PROCEDIMENTO COMUM, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.

§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover
simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde
logo, o cumprimento da sentença.

§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de


atualização financeira.

§ 4o Na liquidação é VEDADO discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

Na liquidação por arbitramento há a necessidade de que o valor devido seja apurado por intermédio de uma
perícia. Por exemplo, no caso de um acidente de trânsito, há a necessidade de apurar os danos causados a partir da
avaliação do veículo. Essa avaliação se dá por intermédio de arbitramento. Essa forma de liquidação é adotada em
duas situações:

I. convenção das partes; ou


II. exigido pela natureza do objeto da condenação.

Se for o caso de liquidação, o juiz intimará e fixará prazo para que as partes apresentem pareceres e
documentos necessários ao arbitramento. Com a juntada dos documentos, temos:
1º - arbitramento judicial. Quando não for necessária a avaliação por perito, o próprio magistrado poderá
efetuar diretamente o arbitramento.

2º - arbitramento por perito. Quando o magistrado não puder decidir de plano, nomeará perito para
arbitramento do valor devido.

Na liquidação pelo procedimento comum (por artigos), a apuração do valor devido depende de provar fatos
novos. Fala-se em “procedimento comum” justamente porque há todo um procedimento a ser desenvolvido em
contraditório para a apuração do montante concedido na sentença. haverá intimação (na pessoa do advogado) do
requerido, para contestar o pedido de liquidação no prazo de 15 dias. Após, segue-se o procedimento comum, com a
produção das provas e decisão de liquidação.

A outra forma é a liquidação por cálculos, que será utilizada quando for necessário o cálculo aritmético para
apuração do valor devido.

CUMPRIMENTODA SENTENÇA

O cumprimento de sentença é a fase de realização material do que foi previsto na sentença. Trata-se do
procedimento que fará com que a sentença seja aplicada no mundo dos fatos. O cumprimento da sentença será
efetuado por requerimento nos autos feito pelo exequente. Para tanto, o devedor deverá ser intimado:

I. no Diário da Justiça na pessoa do advogado da parte ré;


II. por carta com AR quando o réu for representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador
constituído no processo, a não ser na hipótese de réu revel, cuja intimação ocorre por edital;
III. por meio eletrônico em relação às empresas que são obrigadas a manter cadastro perante os órgãos judiciários.
IV. por edital, quando o réu for citado por edital (desconhecido ou incerto o citando, quando ignorado, incerto ou
inacessível o lugar em que se encontrar o citando) no processo de conhecimento e permaneceu revel ao longo
do procedimento.

Obs.1: Essas hipóteses de intimação acima estudadas não ocorrerão na pessoa do advogado quando, entre a
sentença condenatória e o requerimento para o cumprimento da sentença, decorrer mais de 1 ano. Nesse caso, a
intimação será expedida diretamente à pessoa do devedor por intermédio de carta registrada, não ao advogado.

Obs.2: O cumprimento da sentença NÃO poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do
corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.

Obs.3: nas hipóteses de intimação com carta registrada e por meio eletrônico, se, eventualmente, a
parte devedora alterar o endereço e não informar o Poder Judiciário, será considerada intimada se a
intimação foi enviada ao endereço então cadastrado. Trata-se de uma presunção de intimação devido à falta
de informação que deveria ser prestada pela parte.

TITULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS

Título executivo é a representação documental típica do crédito revestida de força executiva. São títulos
executivos judiciais:
I - As decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de
fazer, de não fazer ou de entregar coisa;

II - A decisão homologatória de autocomposição judicial;

III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;

IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos


sucessores a título singular ou universal;

V - O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por
decisão judicial;

VI - A sentença penal condenatória transitada em julgado;

VII - a sentença arbitral;

VIII - a sentença estrangeira homologada pelo STJ;

IX - A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo STJ;

COMPETÊNCIA PARA OCUMPRIMENTO DA SENTENÇA

O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

I - Os tribunais, nas causas de sua competência originária;

II - O juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;

III - O juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de
sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.

Obs.: Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado,
pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a
obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

PROTESTO
O protesto é uma técnica extrajudicial adotada para induzir o pagamento de determinada prestação. Da
prolação da sentença transitada em julgado o exequente (credor) poderá requerer ao juiz a intimação do executado
(devedor) para efetuar o cumprimento da sentença no prazo de 15 dias. Decorrido esse prazo sem o pagamento,
temos a possibilidade de utilização do protesto da sentença judicial.

Assim, a parte exequente poderá averbar o protesto contra o devedor. Para tanto, será necessário obter
certidão dos autos com as seguintes informações:

I. nome;
II. qualificação;
III. número do processo;
IV. valor da dívida; e
V. data do recurso do prazo para pagamento voluntário.
Essa certidão será fornecida no prazo de 3 dias para que o exequente possa providenciar o protesto
da decisão judicial. Além disso, caso a parte devedora ajuíze ação rescisória em face do protesto
apresentado, poderá ser anotado à margem do protesto originário o ajuizamento da referida ação. Por fim,
uma vez demonstrada a quitação do montante devido, o executado pode requerer o cancelamento do
protesto em cartório, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.

IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

A impugnação ao cumprimento de sentença trata-se de um extenso e importante dispositivo. Primeiramente,


vamos ao prazo! Vimos que o condenado será intimado para, no prazo de 15 dias, efetuar o pagamento espontâneo
do valor devido. Caso não efetue o pagamento, sofrerá multa no valor de 10%, mais honorários também de 10% sobre
o valor da condenação. Decorrido esse prazo, automaticamente inicia-se o prazo para a impugnação ao cumprimento
de sentença.

Transcorrido o prazo [15 dias para pagamento voluntário] sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de
15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios
autos, sua IMPUGNAÇÃO. Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - Falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - Ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - Penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI - Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação,
transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.

No caso de alegação de excesso de execução, deverá o executado, ao impugnar, informar o valor que entende
correto, mediante apresentação de um demonstrativo descriminado e atualizado dos valores. Caso não informe o
valor que entende devido, a impugnação será liminarmente rejeitada.

A impugnação não possui, em regra, efeito suspensivo. Isso significa dizer que uma vez protocolada
a petição de impugnação ao cumprimento de sentença, o prosseguirá. Nesse contexto, o §6º prevê que a
apresentação da impugnação não impede a prática de atos executivos, inclusive atos de expropriação de
bens do executado.

Assim, o magistrado poderá, mesmo tendo uma impugnação em curso, determinar a transferência
de dinheiro para o exequente, alienação de bens etc. Logo: a regra é que a impugnação não tenha efeito
suspensivo. Contudo, admite-se que, no caso concreto, o magistrado conceda efeito suspensivo à impugnação. A
concessão do efeito suspensivo depende: 1º – requerimento do executado; 2º - oferecimento de garantia por
intermédio de penhora, caução ou depósito; e 3º - execução capaz de gerar grave dano de difícil ou incerta reparação.

Obs.: Se presentes as três condições acima, temos a possibilidade de concessão de efeito suspensivo
à execução. Caso em que atos expropriatórios não podem ser executados. Contudo, mesmo com a concessão
do efeito suspensivo, o exequente poderá dar seguimento à execução desde que o próprio exequente
ofereça caução suficiente para garantir a execução.

As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim
como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem
ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS para
formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato.

É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em
pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo. O autor será ouvido no
prazo de 5 (CINCO) DIAS, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a título
de parcela incontroversa. Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de 10% e
honorários advocatícios, também fixados em 10%, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes. Se o
autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS

Trata-se de uma ação específica que tem por finalidade prover a subsistência de quem a pleiteia no polo ativo
da ação, de modo que o cumprimento assume algumas particularidades. rata-se de uma ação específica que tem por
finalidade prover a subsistência de quem a pleiteia no polo ativo da ação, de modo que o cumprimento assume
algumas particularidades. Independentemente da decisão que concede o pedido, é relevante que você saiba que uma
vez determinado pelo juiz o pagamento de verba alimentícia, o réu tem três possibilidades:

1ª – iniciar o pagamento no prazo de 3 dias.

2ª – justificar a impossibilidade de pagamento no prazo de 3 dias (Nesse caso, o juiz irá avaliar a escusa,
deferindo ou não a impossibilidade de pagamento).

3ª – nada fazer.

Uma vez decorrido o prazo de 3 dias para que o réu pague o débito, sem qualquer manifestação, o juiz irá
determinar o protesto em registro da sentença não observada. Registre-se que, ao contrário do que ocorre na
sentença “comum” sobre o protesto judicial, o próprio juiz determinará o protesto, independentemente de qualquer
manifestação do autor alimentando.

Além do protesto temos a possibilidade de prisão civil do réu que não cumprir com pensão alimentícia. Veja:
Se o executado NÃO pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o
pronunciamento judicial, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. A prisão será cumprida em
regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns. O cumprimento da pena NÃO exime o executado
do pagamento das prestações vencidas e vincendas.
Obs.1: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende ATÉ AS 3 (TRÊS)
PRESTAÇÕES ANTERIORES ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. O débito de
natureza alimentar recebe tratamento específico porque é urgente e essencial ao sustento, à vida. Diante disso, cria-
se regra excepcional para viabilizar a prisão do devedor de alimentos como forma de coagi-lo. Por isso que, se o
devedor não estiver pagando as prestações alimentares recentes poderá ser preso, pois, o credor necessita do
alimento agora.

Em relação aos débitos anteriores, não há mais a urgência, pois, por razões lógicas, o credor já teve o alimento
provido por outros meios. Logo, não haveria sentido coagi-lo a pagar dívidas alimentares antigas por intermédio da
prisão. Para essas dívidas existem outros meios previstos dentro do Código para execução forçada.

Nesse contexto, independentemente do número de parcelas devidas, o devedor poderá ser preso caso esteja
inadimplente em relação às últimas três parcelas a contar do ajuizamento da ação e em relação àquelas que vencerem
no curso do processo. Desse modo, mesmo que haja atraso de uma única parcela, mas que se refira aos últimos três
meses ou tenha vencido no curso da ação, admite-se a prisão civil.

Obs.2: Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado
sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da
prestação alimentícia. Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando,
sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar
do protocolo do ofício. O ofício conterá o nome e o número de inscrição no CPF do exequente e do executado, a
importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito. Sem
prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos
ou rendas do executado, de forma parcelada, contanto que, somado à parcela devida, NÃO ULTRAPASSE 50% DE SEUS
GANHOS LÍQUIDOS.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE QUANTIA CERTA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente
apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo:

I - o nome completo e o número de inscrição no CPF ou no CNPJ do exequente;

II - O índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - A periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - A especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.

Obs.1: Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo.

Obs.2: às condenações contra a Fazenda Pública não se aplica a multa de 10% em caso de não pagamento
espontâneo no prazo de 15 dias.
A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio
eletrônico, para, querendo, no PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo
arguir:

I - Falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - Ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

V - Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - Qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação,


transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.
PROCESSO CIVIL
TUTELA PROVISÓRIA
A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência e evidência. A tutela provisória de urgência é
subdividida em cautelar ou antecipada, e pode ser requerida em caráter antecedente ou incidental. A tutela
provisória de evidência, contudo, só pode ser requerida em caráter incidental, e diversamente da tutela provisória
de urgência, ela é deferida sem que se tenha de provar a existência de perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.

Obs.1: uma característica comum as tutelas provisórias de urgência, tanto cautelar quanto a antecipada, é a
existência de perigo de dano ou o risco ao resultado útil ao processo (periculum in mora), sem a presença deste
elemento não se concede tutela cautelar (conservativa) ou antecipada (satisfativa). Diverso da tutela provisória de
urgência, a tutela provisória de evidência é deferida sem que se tenha de provar a existência de perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo, na tutela de evidencia o que se tem é a evidência do direito do autor (altíssima
probabilidade de êxito na demanda).

Obs.2: em qualquer dos tipos de tutela provisória requerida em caráter incidental independem do
pagamento de custas. Afinal, tem-se um único processo e, portanto, uma única prestação jurisdicional a justificar a
incidência das taxas judiciais.

Obs.3: O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória,
devendo ser observadas as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. Na decisão
que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e
preciso.

A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada
ou modificada e, salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de
suspensão do processo.
A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para
conhecer do pedido principal. Ou seja, já estando a ação principal ajuizada, sendo, portanto, incidental o pedido de
tutela provisória (urgência ou evidência), basta requerê-la, por simples petição, perante o juiz. Já a tutela provisória
de urgência requerida em caráter antecedente, far-se-á um prognostico da competência para a ação principal,
utilizando-se das regras do juízo competente.

TUTELA DE URGÊNCIA

A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem:

a) A probabilidade do direito;
b) O perigo de dano (tutela antecipada) ou o risco ao resultado útil do processo (tutela cautelar).

Para a concessão da tutela provisória de urgência (antecipada ou cautelar), faz-se mister que no plano fático
inexista risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão, isto é, tem que haver possibilidade de retorno das coisas ao
status quo ante, admitida, inclusive, a reversibilidade in pecúnia. Para aferição dessa condição, o juiz deve atentar
para a aplicação do princípio da proporcionalidade, analisando se há de se preferir a tutela do direito aparente em
detrimento de uma reversibilidade insuficiente.

Obs.: para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória
idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

TUTELA ANTECIPADA E TUTELA CAUTELAR

O poder-dever do magistrado de conceder ou não a tutela de urgência é integrativa da eficácia global da


atividade jurisdicional, motivo pelo qual seu lastro é constitucional, decorrente da garantia de acesso à justiça, que
põe a salvo qualquer situação, mesmo não prevista em lei, que demande tutela jurisdicional. A parte pode solicitar ao
juiz qualquer providência de tutela provisória, mesmo que tal providência não tenha sido prevista previamente pelo
legislador, e por outro lado, o juiz pode concedê-la desde que presentes as situações genéricas nas quais ela tem
cabimento (probabilidade do direito e perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo).

Obs.: o poder geral de cautela do juiz não é ilimitado. Há alguns limites ao manejo de tutela provisória atípica
contra a fazenda pública, visto que é vedada a concessão de tutela provisória em determinados casos (compensação
em matéria tributária, aumento e vantagens a servidores públicos, entre outros).

A tutela cautelar e a tutela antecipada são consideradas espécies do mesmo gênero: tutela de urgência. Logo
possuem alguns pontos em comum e outros divergentes, a saber:

PONTOS EM COMUM

 São concedidas pelo juiz mediante cognição sumária, isto é, sem maiores investigações sobre os fatos
ou sobre o direito posto em debate;
 São provisórias e revogáveis, tendo, portanto, tempo de vida determinado, ambas até a emissão do
provimento principal ou cassação no próprio processo em que concedidas;
 Ambas são concedidas para evitar que o tempo do processo gere a ineficácia da prestação jurisdicional
futura, isto é, para que a prestação jurisdicional principal não seja imprestável quando concedida.

Obs.: por conta das semelhanças, não é incomum ver situações onde não se sabe, ao certo, se a medida é de
urgência antecipada ou cautelar. Com o objetivo de mitigar essas dificuldades e de propiciar a efetiva tutela
jurisdicional a doutrina e jurisprudência tem adotado a fungibilidade entre a tutela cautelar e a tutela provisória.
Assim, se o autor, fizer o pedido de uma tutela de urgência antecipada e a natureza do pedido for cautelar, pode o juiz
conceder a tutela que achar mais conveniente ao pedido, do contrário também é válido.

PONTOS DIVERGENTES

 Na tutela antecipada há uma satisfação fática, isto é, cria-se uma situação idêntica à que seria criada
com a decisão definitiva de mérito (tutela satisfativa). Já o processo cautelar não tem essa natureza
satisfativa, sendo o seu objeto apenas a garantia da eficácia (condições de gerar efeitos) de um outro
processo de conhecimento ou execução (tutela conservativa). A tutela antecipada satisfaz para
garantir, enquanto a tutela cautelar garante para satisfazer;
 Sendo admitida a gradação de graus de probabilidade (da mais intensa para a menos intensa), tem-se
que o grau de convencimento para a concessão da tutela antecipada é maior do que o exigido para a
concessão da tutela cautelar, pois inegavelmente são necessários mais elementos para conceder o
bem da vida ao requerente da tutela, do que uma medida meramente acautelatória, de proteção ao
processo;
 A tutela antecipada não pode ser concedida de ofício. Já as medidas cautelares, desde que já tenha
havido a incoação do processo (provocação do estado), podem ser deferidas sem requerimento.

DIFERENÇAS TUTELA ANTECIPADA TUTELA CAUTELAR

NATUREZA SATISFATIVA CONSERVATIVA

GRAU DE CONVENCIMENTO ALTA PROBABILIDADE PROBABILIDADE

PROTEÇÃO AO DIREITO MATERIAL (À PESSOA, AO DIREITO PROCESSUAL


AOS BENS...)

A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente (concedida no início do processo e de cognição sumária)
ou após a justificativa prévia. Vale lembrar que é possível proferir decisão em tutela provisória de urgência sem a
oitiva da parte contrária. Deve a parte interessada na tutela demonstrar as provas que justifiquem seu pedido, não
estando suficientes os elementos apresentados, nada impede que o requerente da tutela prove, por testemunhas, a
situação de urgência, caso em que se designará uma audiência de justificação para tanto. A parte contraria só será
intimada para essa audiência quando não houver risco de tornar ineficaz a medida liminar a ser deferida, caso
contrário, ela será realizada exclusivamente na presença de requerente da tutela.
Presentes os requisitos legais, o juiz está obrigado a deferir a medida. Não se trata de faculdade ou de ato
discricionário calcado na conveniência e oportunidade da medida, mas, sim, de dever-poder expressamente
consignado na norma processual.
Tanto o deferimento quanto o indeferimento da medida liminar devem ser fundamentados. Decisões vagas
como “presentes os requisitos legais, defiro a medida liminar” ou “ausentes tais requisitos, indefiro” são nulos de
pleno direito. Porém, o indeferimento da medida liminar, seja por qual for o fundamento, não implica na extinção do
processo, pois os requisitos para a concessão da tutela provisória poderão ser provados no decorrer d instrução
processual.
A responsabilidade civil do requerente da tutela provisória de urgência é objetiva, de modo que ele responde
pelos danos que causar ao requerido pela efetivação da medida, independentemente da prova de dolo ou culpa. Basta
que o demandado prove o dano e o nexo de causalidade entre a efetivação da medida e o dano, para fins de
recebimento da indenização. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo
que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - A sentença lhe for desfavorável;
II - Obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do
requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - O juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.

Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao
requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se
busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Recebida a inicial, pode o juiz conceder
ou não a tutela antecipada. Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o juiz
determinará a emenda da petição inicial em até 05 dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem
resolução de mérito.

De outro lado, concedida a tutela antecipada antecedente o autor deverá aditar a petição inicial, com a
complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final em
15 dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar.

Na tutela cautelar, recebida a inicial, o réu será citado para, no prazo de 05 dias, contestar o pedido de tutela
cautelar e indicar as provas que pretende produzir. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor
presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos (revelia), caso em que o juiz decidirá dentro de 05 dias. Contestado o
pedido de tutela cautelar no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.

Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em
que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas processuais. Ou seja, cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente se:

I. O autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;


II. Não for efetivada dentro de 30 dias
III. O juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem
resolução do mérito.

Obs.: se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob
novo fundamento.

TUTELA DE EVIDÊNCIA

Concede-se a tutela de evidência quando se tem um contexto em que é “evidente” o direito de uma das partes,
não faz sentido esperar até a prolação de decisão final no processo para conceder o bem da vida almejado, sendo que,
ainda que provisoriamente e sem caráter de definitividade, o CPC permite a concessão da tutela antes da decisão final.

A tutela de evidência é espécie de tutela provisória que será concedida independentemente da demonstração
de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo.

Será concedida tutela provisória de evidência quando:

I. Ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;


II. As alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III. Se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito,
caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa. Nesse
caso, o juiz também poderá decidir liminarmente sem a oitiva da parte prejudicada;
IV. A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do
autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar duvida razoável.
PROCESSO CIVIL

PROCESSO DE EXECUÇÃO

O processo de execução tem por fim satisfazer o direito que a sentença condenatória tenha proclamado
pertencer ao demandante vitorioso, sempre que o condenado não o tenha voluntariamente satisfeito. Nesse sentido,
o processo de execução fará com que seja cumprido o que foi imposto pela sentença condenatória.

Na execução, diferentemente do que ocorre no processo de conhecimento, não há análise do mérito da


questão. Este já foi decidido no processo de conhecimento. O juiz, na execução, irá, pura e simplesmente, dar
provimento a um direito já garantido ao autor. Logo, são requisitos da ação de execução: o inadimplemento do
devedor e o título executivo (judicial ou extrajudicial).

Princípios

a) Autonomia da execução

O princípio da autonomia está previsto no artigo 614, caput do CPC, sendo que o mesmo está intimamente
ligado ao princípio da iniciativa, onde enseja que o processo de execução não pode ser instaurado ex officio pelo juiz,
mesmo que o título executivo seja fundado em sentença condenatória, ou seja, o processo de execução por título
judicial é outro processo. Atento à sua autonomia e à “abstração das suas origens e da sentença condenatória” e até
por isso, com e pela demanda executória cria-se nova relação processual. Daí dizer que “a execução inaugura outra
espécie de serviços, diferentes daqueles anteriormente prestados, a reclamarem contraprestação digna e suficiente”.

b) Princípio da patrimonialidade

Preceito esculpido no art. 591 do CPC, este princípio alude a responsabilidade patrimonial do devedor a fim de
satisfazer toda a execução, seja com bens presentes ou futuros.

c) Princípio do resultado

Toda execução há de ser específica. É tão bem sucedida quando entrega fielmente ao exequente o bem
perseguido, objeto da prestação inadimplida, e seus consectários.” Portanto, a execução visa tão somente satisfazer
o crédito já declarado quando em processo de conhecimento (título executivo judicial) ou oriundo de um título
executivo extrajudicial.

d) Princípio da disponibilidade

Este princípio reza que o credor poderá desistir da execução, ou de apenas algumas medidas executivas. Pois
bem, a desistência da ação deverá ser homologada pelo juiz sendo que esta decisão será na forma de decisão
interlocutória. Todavia, com relação ao princípio da disponibilidade no processo de execução, há alguns limites
dispostos no CPC.

O processo de execução é uma opção do credor, não uma obrigação. Esse princípio determina que um credor
detentor de um título executivo não é forçado a executá-lo, nem mesmo prosseguir com a execução até o fim, uma
vez que a tenha proposto. Trata-se, portanto, de um direito disponível.
Ao contrário do processo de conhecimento, que após decorrido o prazo de resposta, a desistência do autor está
condicionada à aceitação do réu, no processo de execução a desistência do autor é livre. A diferença se deve ao fato
de que no processo de conhecimento é interesse do réu definir a matéria discutida, enquanto no processo de execução
o direito do autor já existe, é líquido, certo e exigível, e o interesse no processo executório é exclusivo do credor.

e) Princípio da adequação

Este princípio se refere aos meios executórios, onde os mesmos devem se adequar de forma a que a execução
alcance seu fim precípuo: a obtenção da prestação com a consequente total efetivação da prestação jurisdicional.

Uma execução deve ser específica, no sentido que ela deva proporcionar ao credor, dentro das possibilidades,
exatamente o que ele obteria do devedor no caso do adimplemento direto, em que não houvesse a necessidade de
um processo de execução.

É permitido, entretanto, que se substitua uma prestação por seu equivalente em dinheiro, como é o caso de
perdas e danos, em caso que seja impossível se obter a entrega da coisa devida ou houver a recusa da prestação de
fato.

Via de regra, é impossível que o credor exija do devedor cumprir prestação diferente daquela que conste no
título executivo, sempre que for possível que esta seja adimplida. A conversão em perdas e danos caberá apenas
quando for requerida pelo credor ou quando se constatar ser impossível a tutela específica

f) Princípio da Iniciativa

O processo de execução não pode ser instaurado de ofício pelo juiz, ainda que o título executivo seja uma
sentença. Assim sendo, deve a parte impulsionar o processo executivo, pois somente daí que o órgão jurisdicional
estará apto a se pronunciar mediantes os atos executórios, isto é, a desenvolver as atividades executivas.

g) Princípio de que toda execução é real


Este princípio está relacionado diretamente com os bens do devedor, isto é, a atividade jurisdicional executiva
incide sobre os bens do devedor, e não sobre a pessoa do mesmo.
O Princípio da Realidade afirma que o processo de execução recai diretamente sobre o patrimônio e não sobre
a pessoa do devedor. Isso significa que, nos dias de hoje, não se admite mais que a execução incida sobre devedor
com sua prisão civil por dívidas. A exceção, prevista no mesmo artigo da Constituição, é o caso do devedor de
alimentos, que pode ter sua prisão decretada.
O CPC determina que o devedor deverá “responder com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações”, o que reforça ainda mais a ideia de que a execução recai sobre o patrimônio do
devedor. Com isso, caso a execução se frustre, o processo será suspenso até que bens exequíveis do devedor sejam
localizados.

h) Princípio de que a execução tende apenas a satisfação do direito do credor

Toda execução tem por finalidade apenas a satisfação do credor, sendo que a penhora sobre os bens do devedor
deverá somente ser efetuada para satisfazer o montante devido, e nunca mais que isso.
O princípio da satisfatividade determina que uma execução pode apenas alcançar bens do devedor suficientes
para a satisfação do direito do credor, não podendo atingir mais bens do que o necessário para garantir o direito deste.

Só é possível a expropriação total dos bens do devedor em caso de execução concursal de devedor insolvente.
Em execuções singulares, o alcance da execução se limita a parcela necessária para que o crédito ajuizado seja
satisfeito. “A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos
juros, das custas e dos honorários advocatícios”. O CPC determina que “será suspensa a arrematação logo que o
produto da alienação dos bens for suficiente para o pagamento do credor e para a satisfação das despesas da
execução”, ou seja, ao se atingir o valor necessário ao pagamento integral da dívida, as penhoras de bens que excedam
esse valor serão suspensas.

i) Princípio da utilidade da execução

Este princípio deve ser útil ao credor tão somente para efetivar seu direito já reconhecido anteriormente em
tutela cognitiva, e nunca usar o instrumento executório como castigo ou para gerar sacrifício ao devedor.

A utilidade da execução determina que um processo de execução deva ser útil ao credor, não sendo permitido
que se transforme esse instituto em uma forma de punição ao devedor.

Dessa forma, não se tolera a utilização de um processo executório que vise exclusivamente prejudicar o
devedor, sem trazer ao credor a satisfação de seu direito. “não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que
o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução”.
Ora, se o valor do bem objeto da penhora seria suficiente apenas para cobrir as custas judiciais, não restando saldo
algum para o pagamento do credor, não haveria motivo para a expropriação, que importaria em simples castigo ao
devedor. A limitação de arremate de bem penhorado por preço vil é outro exemplo de uma limitação do uso da
execução como forma de punição ao devedor.

j) Princípio da economia

A regra do art. 620 do CPC é clara no sentido de que toda a execução deverá ser ordenada pelo juiz, pelo modo
menos gravoso ao devedor. A economia da execução indica que, havendo mais de uma forma de se cumprir a
execução, deve-se buscar sempre a mais econômica ao devedor, que possa satisfazer plenamente o direito do credor.

k) Princípio da especificidade.

Nesta seara, a obrigação deve ser específica, porém, permite-se a substituição da prestação pelo equivalente
em dinheiro (perdas e danos) nos casos de impossibilidade de obter-se a entrega da coisa devida, ou de recusa da
prestação de fato.”

l) Princípio do ônus.

A regra é de que todas as despesas dentro do processo executório, inclusive os honorários advocatícios do
exequente, são despendidos pelo devedor. Os custos adicionais com a execução, ou seja, o ônus da execução, cabem
integralmente ao devedor. Uma vez que o fundamento do processo de execução é o inadimplemento do devedor,
todos os custos advindos dessa mora recairão sobre ele.
Uma vez iniciado o processo, o executado só restará livre da obrigação após pagar a obrigação principal,
acrescida de seus juros, multas, correção monetária, honorários advocatícios e custas processuais.

Em execuções de títulos extrajudiciais, serão sempre devidos os honorários sucumbenciais, mesmo que não
tenham sido oferecidos embargos. No caso de oferecimento desta oposição, será cabível outra condenação no
pagamento de sucumbência, pelo insucesso da ação incidental.

m) Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana

O princípio constitucional da dignidade humana está previsto no art. 1º, III, do Diploma Maior c/c o art. 649 do
CPC que trata da impenhorabilidade de bens, visando, assim, o preceito de que a execução não deve “causar a ruína,
a fome e o desabrigo do devedor e sua família” pois desta forma, estaria a execução a gerar situações incompatíveis
relacionadas e indo de encontro ao princípio constitucional supramencionado. Então foi neste sentido que o legislador
editou a regra do art. 649, bem como a Lei de Impenhorabilidade dos bens de família.

O processo executório não pode ser capaz de levar o devedor ou sua família à situação de miséria, fome,
desabrigo, ou colocá-lo em qualquer situação indigna.

Com base nesse princípio, o CPC determina no Art. 833, incisos I a XII, que são impenhoráveis:

I – Os bens inalienáveis e os declarados por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II – Os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de


elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III – Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

IV – Os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as


pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao
sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal;

V – Os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou


úteis ao exercício da profissão do executado;

VI – O seguro de vida;

VII – Os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;

VIII – A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX – Os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde
ou assistência social;

X – A quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;

XI – Os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;

XIII – Os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.
Os frutos e os rendimentos de bens impenhoráveis, porém, podem ser objetos de penhora na falta de outros
bens.

Requisitos do Processo de Execução

Toda e qualquer execução forçada deve atender a alguns pressupostos processuais. É um direito do credor valer-
se do processo de execução para ter seu crédito adimplido pelo devedor, porém, o direito de praticar a execução
forçada é de titularidade exclusiva do Estado. Cabe ao credor requerer a atuação do Estado para que seu direito seja
alcançado, por meio de uma ação específica para esse fim, que se subordina aos pressupostos processuais e às
condições da ação, da mesma forma que o processo de conhecimento.

Como condições da ação, a lei determina que é necessário que a parte tenha legitimidade e interesse de agir.
Na execução forçada as mesmas condições se aplicam, mas sua identificação se torna mais simples, uma vez que a lei
só admite esse processo caso o credor possua um título executivo e a obrigação constante nele esteja inadimplida.

Com isso, podemos dividir os pressupostos específicos do processo de execução em duas categorias: i) formal,
existência de um título executivo líquido e certo; e ii) prático, o inadimplemento do devedor, que implique na
exigibilidade da dívida constante no título.

Atenção a esses requisitos, que são indispensáveis e comuns a toda e qualquer espécie de execução:

a) Liquidez: um título é líquido quando é claramente determinada a importância da obrigação, o quantum, ou


seja, quando objeto do título é claramente expresso (ex.: o Valor de uma obrigação de pagar, o Bem a ser entregue
em uma obrigação de dar etc.).

b) Certeza: a certeza de um título existe sempre que não restam dúvidas quanto à existência do direito do
credor.

c) Exigibilidade: o título será exigível sempre que seu pagamento estiver vencido e não depender de nenhuma
contraprestação, condição ou outras limitações.

Observe que, caso sejam necessárias simples operações aritméticas para se definir o quantum de um título,
ainda assim ele será considerado líquido.

O Código de Processo Civil prevê duas formas de realização da execução forçada, o Cumprimento de Sentença
(quando se tratar de título executivo judicial) e o Processo de Execução (quando se tratar de título executivo
extrajudicial).

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E PROCESSO DE EXECUÇÃO

Primeiramente, devemos entender que existe uma divisão dentro do Processo Civil. Existem duas fases
principais: a Fase Cognitiva e a Fase Executória.

Fase de Conhecimento

A Fase Cognitiva tem o objetivo de resolver uma lide na qual ainda não se sabe quem tem razão. Então, vamos
imaginar a situação através de um exemplo. João se sentiu lesado por Pedro e pretende entrar com um processo com
o objetivo de ser indenizado. Para o Poder Judiciário, não está claro se João tem razão e se Pedro realmente violou um
direito de João. Assim, é necessário que João elabore sua petição inicial, que o réu seja citado, tenha a possibilidade
de se defender e que, no final, o juiz prolate uma sentença, resolvendo o conflito.

Todo esse processo é o que chamamos de fase de conhecimento, pois busca averiguar quem tem razão na lide.
Com a sentença, adentra-se na fase executória, por meio da qual o direito de João é exigido, ou seja, no nosso exemplo,
se a sentença beneficiar João, cobra-se de Pedro que pague sua dívida.

Fase de Execução

Já a Fase de Execução ocorre quando a lide já se encontra resolvida: já se sabe quem tem razão, e o que se
procura é garantir ao vencedor do conflito o seu direito. A Fase Executória, que pode ser entendida como a fase de
cobrança da obrigação, pode ser dividida em Cumprimento de Sentença e Processo de Execução.

Cumprimento de Sentença

Agora que já sabemos diferenciar a fase de conhecimento da fase executória, vamos aprender a diferenciar os
dois tipos de fase executória: o Cumprimento de Sentença e o Processo de Execução. Vamos focar, primeiramente, no
Cumprimento de Sentença.

Como vimos, na hipótese em que houve um ingresso através da fase de conhecimento, o Poder Judiciário irá
decidir o conflito. Assim, após todas as etapas judiciais, o juiz irá proferir uma sentença.

A sentença pode ser compreendida como a decisão que dá fim à fase de conhecimento e inaugura a fase de
cumprimento de sentença.

E o que isso significa? Bom, significa que o conflito foi resolvido e que agora o autor possui um título, ou seja,
um direito de cobrança em desfavor do réu (no nosso exemplo, Pedro). Esse título é judicial, ou seja: foi produzido
dentro do processo de conhecimento.

Assim, o processo de Cumprimento de Sentença é desenvolvido nos mesmos autos do processo, pois se
configura como uma mera “continuação” do processo judicial, que teve início na fase de conhecimento. Dessa forma,
não há necessidade de promover uma nova citação do executado, pois ele já faz parte do processo.

Processo de Execução

Já na hipótese do Processo de Execução, o conflito já está resolvido, uma vez que não há necessidade de termos
a fase de conhecimento. Dizemos, então, que o credor (aquele que tem o direito de cobrança sobre outro) porta um
título extrajudicial. O título extrajudicial é aquele que foi produzido fora do processo.

Temos, então, um processo novo, pois o título extrajudicial não advém de um processo judicial anterior. Ou
seja, como o título é concebido fora do processo, são necessários novos autos (um novo processo) para que ocorra a
ação de execução (cobrança) da dívida.

Como há o surgimento de um novo processo, o executado deve ser citado, ou seja, chamado para ingressar na
relação processual. Aqui temos uma diferença em relação ao processo de Cumprimento de Sentença, no qual não há
a necessidade de citação, pois não há um novo processo e, portanto, o executado já integra a relação processual.

Diferenças Processuais entre Cumprimento de Sentença e Processo de Execução


Além das hipóteses de cabimento, há diferenças entre Cumprimento de Sentença e Processo de Execução
quanto aos aspectos processuais.

Comunicação ao executado

Primeiramente, é importante percebermos que, para que acompanhe os atos do processo e para que possa
exercer o seu direito de defesa, o executado deve ser comunicado acerca da existência da fase executória do processo.
Todavia, a forma de comunicação é distinta.

No Cumprimento de Sentença, como o processo judicial já existe e, portanto, o executado já o integra, não é
realizada a citação, e sim a intimação do executado. O objetivo é que ele tenha conhecimento de que há uma ação de
cobrança em face dele.

Já no Processo de Execução, como temos um novo processo, autônomo, é necessário fazer a citação do
executado, para que ele possa integrar a relação processual.

Defesa do executado

Outra diferença relevante diz respeito à forma de defesa do executado. No âmbito do Cumprimento de
Sentença, o executado se defende por meio de Impugnação, enquanto que, no Processo de Execução, o executado se
defende por meio de Embargos à Execução.

Para entendermos algumas das distinções entre os dois mecanismos de defesa, vamos refletir um pouco.

Como o Cumprimento de Sentença é uma consequência da Fase de Conhecimento, o executado já teve


oportunidade de se defender, na etapa de Contestação. Assim sendo, sua defesa agora não é plena, pois vários pontos
que poderiam ser alegados já não podem mais o ser. Por isso, temos uma cognição limitada.

Já no Processo de Execução, como o executado ainda não teve oportunidade de defesa, uma vez que temos um
novo processo, a cognição é plena. Assim sendo, o executado pode alegar qualquer uma das matérias que poderiam
ser alegadas na Fase de Conhecimento.

TÍTULO EXECUTIVO

É possível a execução de título executivo extrajudicial para a obrigação de fazer, de não fazer, para a entrega de
coisa, por quantia certa, contra a Fazenda Pública e de alimentos. Em qualquer dos casos, a execução não é imediata,
mas trata-se de um processo autônomo, cujo procedimento varia de acordo com a obrigação imposta pelo título.

O título executivo extrajudicial é a parte central que fundamenta o pedido do exequente e, como tanto, é
imprescindível que a petição inicial seja instruída acompanhada deste. Em um processo de execução, o título executivo
exerce, simultaneamente, as funções de autorizar a execução, de definir seu fim e de fixar seus limites.

Entende-se que o título executivo tem o poder de autorizar a execução, uma vez que ele é que confirma a
existência do direito do credor, o que é uma condição lógica para que ele busque a satisfação deste judicialmente.

Por definição do limite, compreende-se que o título é que deixa claro e evidente qual é a obrigação do devedor
para com o credor, definido o fim objetivado com a execução. Assim, se for o caso de uma obrigação de pagar quantia
em dinheiro, se tratará de uma execução por quantia certa. Da mesma forma, se a obrigação for de dar, será o caso
de uma execução de entrega de coisa, por exemplo.

Por fim, quando se fala em limites da execução, entende-se que título executivo é capaz de determiná-los
objetiva e subjetivamente. Isso significa que o título é capaz de definir o polo ativo e passivo, bem como o objeto da
execução.

O Código de Processo Civil apresenta uma lista do que considera como título executivo extrajudicial:

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:

I – A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II – A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

IV – O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia
Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;

V – O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido
por caução;

VI – O contrato de seguro de vida em caso de morte;

VII – o crédito decorrente de foro e laudêmio;

VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

IX – A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

X – O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na


respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;

XI – a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais
despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;

XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Alguns aspectos, entretanto, são comuns a todas as espécies de execução por título extrajudicial, dentre eles
podemos ressaltar os seguintes:

a) Petição inicial

Independente da obrigação contida no título executivo extrajudicial, o credor deverá formular seu
requerimento por meio de uma petição inicial. Uma execução nunca se inicia de ofício, apenas mediante petição do
interessado.
Como se trata de uma petição inicial, os requisitos do Art. 319 do CPC devem ser atendidos, além de vir
acompanhada do título extrajudicial que a fundamenta, bem como a causa de pedir e os fundamentos legais.
Adicionalmente, o Art. 798 do CPC indica os requisitos específicos de uma inicial de execução:

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:

I – Instruir a petição inicial com:

a) o título executivo extrajudicial;

b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por
quantia certa;

c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;

d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou

que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua

prestação senão mediante a contraprestação do exequente;

II – Indicar:

a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;

b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no CPF ou no CNPJ;

c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.

Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:

I – O índice de correção monetária adotado;

II – A taxa de juros aplicada;

III – os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados;

IV – A periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

V – A especificação de desconto obrigatório realizado.

Quanto ao objeto da execução, o título executivo, é absolutamente necessário que este seja líquido, certo e
exigível. Não existe a liquidação de um título executivo extrajudicial, como ocorre com o título judicial, na liquidação
da sentença. No caso de um título extrajudicial carecer de liquidez ele não poderá ser executado.

O valor da causa, em uma petição inicial, deve corresponder ao valor econômico da pretensão e vir
acompanhada memória de cálculo discriminada, sempre que se tratar de dinheiro.

Na hipótese de faltar algum elemento essencial à inicial, o CPC determina que o juiz deve conceder um prazo
de 15 dias para que o vício seja sanado, sob pena de indeferimento. Estando em termos, a citação do executado deve
ser determinada pelo juiz.

b) Citação
Qualquer que seja a execução de título extrajudicial, será sempre necessária a citação do executado. Ao
contrário do cumprimento de sentença, no processo de execução não houve uma fase anterior e, portanto, será
indispensável dar ciência do processo e dos termos da petição ao executado.

São admitidas todas as formas de citação previstas no CPC, inclusive a citação por carta. Se a citação for por
mandado, uma vez que se suspeite de ocultação do devedor, ela será feita por hora certa.

c) Efeitos da citação

No processo de execução, a citação válida produz os mesmos efeitos que no processo de conhecimento, e estão
elencados no Art. 240 do CPC, vejamos:

Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa
a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 do Código Civil.

§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo
incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.

§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação,
sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º.

§ 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.

§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos
em lei.

Requisitos do Processo de Execução

Toda e qualquer execução forçada deve atender a alguns pressupostos processuais, a saber:

É um direito do credor valer-se do processo de execução para ter seu crédito adimplido pelo devedor, porém,
o direito de praticar a execução forçada é de titularidade exclusiva do Estado. Cabe ao credor requerer a atuação do
Estado para que seu direito seja alcançado, por meio de uma ação específica para esse fim, que se subordina aos
pressupostos processuais e às condições da ação, da mesma forma que o processo de conhecimento.

Como condições da ação, a lei determina que é necessário que a parte tenha legitimidade e interesse de agir.
Na execução forçada as mesmas condições se aplicam, mas sua identificação se torna mais simples, uma vez que a lei
só admite esse processo caso o credor possua um título executivo e a obrigação constante nele esteja inadimplida.

Com isso, podemos dividir os pressupostos específicos do processo de execução em duas categorias: i) formal,
existência de um título executivo líquido e certo; e ii) prático, o inadimplemento do devedor, que implique na
exigibilidade da dívida constante no título.

a) Liquidez: um título é líquido quando é claramente determinada a importância da obrigação, o


quantum, ou seja, quando objeto do título é claramente expresso (ex.: o Valor de uma obrigação de pagar, o Bem a
ser entregue em uma obrigação de dar etc.).
Obs.: Observe que, caso sejam necessárias simples operações aritméticas para se definir o quantum de um
título, ainda assim ele será considerado líquido, de acordo com o Art. 786, Parágrafo único do CPC.
b) Certeza: a certeza de um título existe sempre que não restam dúvidas quanto à existência do direito do
credor.

c) Exigibilidade: o título será exigível sempre que seu pagamento estiver vencido e não depender de nenhuma
contraprestação, condição ou outras limitações.

RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

O responsável pelo adimplemento da obrigação é o próprio devedor – quer dizer, o patrimônio do devedor -,
mas há certas situações em que outro sujeito, diferente daquele que consta como devedor no título executivo, terá o
patrimônio atingido para a satisfação do direito de crédito. Em outros termos, bens de certos terceiros poderão
responder pela dívida contraída pelo devedor, se se tratar de hipótese prevista em lei. Vejamos, portanto, quais são
as hipóteses legais nas quais o patrimônio de terceiro responsável juridicamente poderá ser atingido pela execução:

I. Do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação


reipersecutória_ é aquela situação na qual o bem que garante a execução é transferido, intervivos, para
terceiro, mas mesmo assim fica como garantia da obrigação inadimplida; portanto, ainda que
transferido, o bem responde pela dívida. Na verdade essa hipótese configura fraude à execução.
II. Do sócio_ em certas situações previstas em lei, o sócio poderá responder de forma solidária ou
subsidiária pelas dívidas da sociedade. O mesmo é valido na hipótese de ser decretada desconsideração
da personalidade jurídica da empresa. O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da
sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade, caso em qie
deverá nomear quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e desembaraçados,
bastem para pagar o débito. Em qualquer caso, o sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade
nos autos do mesmo processo.
III. Do devedor, ainda que em poder de terceiros_ se o bem for de titularidade do devedor, mas estiver sob
o poder de terceiro, obviamente deverá ser atingido pela execução, respondendo pela dívida.
IV. Do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela
dívida_ para que o patrimônio do cônjuge ou companheiro que não contraiu a obrigação seja atingido
é indispensável que a dívida assumida tenha também lhe beneficiado, caso contrário, ou seja, se o
cônjuge ou companheiro conseguir provar que a dívida beneficiou somente o consorte devedor, não
terá seus bens próprios atingidos. Para isso deverá opor embargos de terceiro ou então embargos do
devedor se contra ele foi também interposta a execução – evidentemente, se seu patrimônio responder
pela dívida, nos limites da meação.
V. Alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução__ trata-se da denominada fraude à
execução, figura que se caracteriza pela alienação de bem do patrimônio do devedor, quando houver
ação em curso – a partir da citação – com a finalidade de trazer redução do patrimônio do devedor a
ponto de comprometer o pagamento do crédito, razão pela qual, caracterizada a fraude à execução, a
alienação não produzirá efeitos em relação ao credor.
VI. Cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação
autônoma, de fraude contra credores_ se o devedor alienar bens de seu patrimônio antes do
ajuizamento da ação pelo credor, poderá se configurar fraude contra credores, uma figura da fraude
contra a execução. Em bora em ambas haja a alienação de bens da parte do devedor, há uma sperie de
diferenças entre as duas, das quais destacamos aqui a existência ou não de ação judicial em tramitação.
VII. Do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
VIII. Quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à
insolvência.
IX. Nos demais casos expressos em lei.

Obs.: a fraude a execução é considerada pelo CPC, ato atentatório á justiça, podendo gerar a aplicação de
multa de até 20% do valor do débito, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa que
reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução.

Obs.: no caso de aquisição de bem sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou
as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição de certidões pertinentes, obtidas no domicílio do
vendedor e no local onde se encontra o bem. Isso porque, uma vez averbada a certidão que comprova o ajuizamento
da ação, o adquirente não poderá alegar desconhecimento e sustentar a boa-fé na aquisição de bem que na realidade
responde por dívida do alienante.

EXECUÇÃO EM ESPÉCIE

Como não podia deixar e ser, para dar início ao processo de execução de título extrajudicial, é necessário que
o exequente formule uma petição inicial, que deverá observar os requisitos gerais dos artigos 319 e 320 do CPC. A
inicial do processo de execução, contudo deverá;

I. Ser instruída com o título executivo extrajudicial;


II. Ser instruída com demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de
execução por quantia certa (esse demonstrativo deve ser o mais completo possível, com índices de correção,
taxa de juros, periodicidade etc.)
III. Ser instruída a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
IV. Ser instruída a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe
assegura o cumprimento;
V. Indicar a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
VI. Indicar os nomes completos do exequente e do executado e seus números de CPF ou CNPJ;
VII. Indicar os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível;
VIII. Indicar, nas obrigações alternativas, como se deve ser cumprida a obrigação, quando couber ao credor, por lei
ou por contrato, realizar essa escolha.

Obs.: o CPC também impõe ao exequente uma série de providencias, que visam a preservar interesses de terceiros,
dando-lhe ciência da existência da execução. Incumbindo ao exequente:

I. Requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair
sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II. Requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado
por usufruto, uso ou habitação;
III. Requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja
promessa de compra e venda registrada;
IV. Requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima
fechada. Entre outros.

Assim como ocorre no procedimento comum, verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está
acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a
corrija, no prazo de 15 dias, sob pena de indeferimento.

Por fim, dispõe o CPC que é nula a execução se:

I. O título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;


II. O executado não for regularmente citado;
III. For instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.

Essa nulidade será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de
embargos a execução.

EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE ENTREGA DE COISA CERTA E INCERTA

As obrigações de entrega de coisa certa e incerta se diferenciam entre si quanto a individualização da coisa a
ser entregue: na entrega de coisa certa, há previamente a definição do bem exato que deverá ser entregue, ao passo
que na entrega de coisa incerta há definição somente quanto ao gênero e à quantidade da coisa, mas a sua
individualização caberá a uma das partes, credor ou devedor.

Se a obrigação de entrega de coisa certa for estabelecida em título executivo extrajudicial, o devedor será
citado para em 15 dias, satisfazer a obrigação. Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no
cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo.

Do mandado de citação constara ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de
bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfazer a obrigação no prazo que
lhe foi designado. Assim, não sendo a coisa entregue no prazo assinalado, o oficial de justiça já está legalmente
autorizado a realizar a imissão na posse (bem imóvel) ou a busca e apreensão (bem móvel), sendo, portanto,
desnecessário qualquer requerimento ou pronunciamento judicial nesse sentido.

Obs.: alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente
será ouvido após depositá-la. Se a coisa de deteriorar, não for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do
poder de terceiro adquirente, o exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, a serem
apurados em liquidação.

Se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e considerada a obrigação, prosseguindo-se
a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver. Obviamente, se não houver frutos
ou ressarcimentos a serem realizados, o processo será extinto por pagamento.
Quanto a obrigação de entregar coisa incerta, deverá haver a individualização da coisa, seja pelo credor, seja
pelo devedor, de forma que, uma vez individualizada, o procedimento a ser seguido é o da entrega de coisa certa,
posto que o bem já se tornou certo e individualizado. Se a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela
quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha. Se, contudo, a escolha
couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial.

Pode haver contudo a impugnação, por uma das partes, da escolha feita pela outra parte. Essa impugnação
deverá ser realizada o prazo de 15 dias, e será decidida de plano pelo juiz ou, se necessário, ouvido perito de sua
nomeação.

EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER

Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título extrajudicial, ao despachar a inicial, o
juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida. Se o valor
da multa estiver previsto no título executivo e for excessivo, o juiz poderá reduzi-lo. Quando o objeto da execução for
obrigação de fazer, o executado será citado para satisfazê-la – sob pena de multa – no prazo que o juiz lhe designar,
se outro não estiver determinado no título executivo.

Se a obrigação não for satisfeita, é preciso verificar qual a natureza da obrigação de fazer estipulada pelas
partes. De acordo com a fungibilidade ou não da obrigação é que se verificará o procedimento a ser seguido. Isso
porque, como se busca, prioritariamente, a execução na forma específica, se for possível que a obrigação seja prestada
por outrem, essa opção será sempre preferencial.

Tratando-se de obrigação de fazer coisa fungível, o exequente pode, nos próprios autos requerer:

I. A satisfação da obrigação à custa do executado. Se a obrigação poder ser satisfeita por terceiro, é lícito
ao juiz autorizar, a requerimento do exequente, que aquele seja contratado para satisfazê-la à custa
do executado.
II. A conversão da obrigação em perdas e danos, hipótese em que ela se converterá em indenização.
Optando pelas perdas e danos, a quantia devida será apurada em liquidação, seguindo-se a execução
para cobrança de quantia certa.

Tratando-se de obrigação de fazer coisa infungível, ou seja, que não pode ser realizada por terceiro, o único
procedimento viável é a citação do devedor para cumprir a obrigação no prazo assinalado pelo juiz. Havendo recusa u
mora do executado, sua obrigação pessoal será convertida em perdas e danos, caso em que se observará o
procedimento de execução por quantia certa.

Já a obrigação de não fazer consiste numa prestação negativa do devedor, que deverá se abster de praticar
certa conduta. Logo, o descumprimento da obrigação ocorrerá quando o devedor praticou ato e cuja abstenção estava
obrigado pela lei ou elo contrato. Assim, o executado praticou o ato, o exequente requererá ao juiz que assine prazo
para o executado para desfazê-lo. Fixado o prazo pelo juiz, e o devedor se recusar ou retardar o seu desfazimento, o
exequente requererá ao juiz que mande desfazer o ato à custa daquele, que responderá por perdas e danos. Com
efeito, na hipótese de desfazimento do ato por terceiro trata-se de procedimento igual ao cumprimento da obrigação
de fazer por terceiro, de forma que se aplicam tais procedimentos. Não sendo possível o desfazimento, resolve-se em
perdas e danos, caso em que após a liquidação, se observará o procedimento de execução por quantia certa.

EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE

A execução por quantia é aquela que perseguirá, de forma imediata, o patrimônio do devedor, expropriando
seus bens para a satisfação do direito de crédito, que é o pagamento de quantia. É na execução por quantia certa que
ocorrerão os atos executivos expropriatórios que podem ser a adjudicação de bem do devedor em favor do credor, a
sua alienação ou apropriação de frutos e rendimentos de bens do devedor, tudo para que haja o pagamento do débito.

O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do
valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto
ou indisponibilidade. Trata-se de importante cautela do exequente, pois no prazo de 10 dias de sua concretização, o
exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.

Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo
de 10 dias, o cancelamento das averbações relativas aqueles não penhorados, contudo, o juiz determinará o
cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo. Note que o
exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações indenizará a parte
contraria, processando-se o incidente em autos apartados.

Uma vez ajuizada a ação executiva, o executado será citado para, no prazo de 3 dias, efetuar o pagamento
integral da dívida. Não há, aqui, prazo para pagar ou apresentar bens: deve-se pagar.

Ao despachar a inicial, o juiz deverá fixar, de plano, o honorários advocatícios de 10 %, a serem pagos pelo
executado. No caso de integral pagamento no prazo de 3 dias, o valor do honorários advocatícios será reduzido pela
metade. Caso contrário, o valor do honorários poderá ser elevado a até 20%, quando rejeitados os embargos a
execução, ou caso opostos os embargos, a majoração pode ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se
em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.

Se, depois de citado, o executado não efetuar o pagamento no aludido prazo de 3 dias, o oficial de justiça dará
início imediatamente à penhora e avaliação dos bens, de tudo lavrando-se auto, com a intimação do executado. Como
regra, a penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros indicados pelo executado e aceitos
pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao
exequente.

PENHORA, DEPÓSITO E AVALIAÇÃO

O processo de execução é voltado para a efetivação do direito já reconhecido, e, para alcançar esse fim, se o
devedor não adimplir voluntariamente a sua obrigação, é necessário realizar certos atos para transferir os bens do
devedor para o credor, ou então transformá-los em dinheiro para o pagamento da quantia devida. Nesse sentido, a
penhora é o primeiro ato essencialmente executivo com vistas à expropriação do patrimônio do devedor.

PENHORA
A penhora incidirá sobre parcela do patrimônio do devedor, que seja suficiente não somente para pagar o valor
principal da dívida, mas também os juros, custas e honorários advocatícios.

Contudo, nem todos os bens do devedor estão sujeitos a penhora, como é o caso dos bens que a lei considera
impenhoráveis ou inalienáveis:

São impenhoráveis:

I. Os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;


II. Os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os
de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão
de vida;
III. os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV. os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria,
as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e
destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários
de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
V. os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários
ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI. o seguro de vida;
VII. os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII. a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX. os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde
ou assistência social;
X. a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI. os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII. os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.

Obs.: a impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive aquela
contraída para sua aquisição.

Obs.: os incisos IV e X não se aplicam a hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, pois trata-se de hipótese em que o que está em jugo é o direito de subsistência
do alimentando, de forma que parcela do salário do alimentante poderá ser penhorada para o pagamento dos
alimentos. Ademais, são penhoráveis as importâncias excedentes a 50 salários-mínimos mensais.

Obs.: o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responde por
qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos
pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas em lei. A impenhorabilidade
é estendida para os bens móveis que guarnecem o imóvel de família, como por exemplo os eletrodomésticos. Podem
ser penhorados, contudo, os veículos de transporte, obras de arte, entre outros que forem considerados luxuosos ou
que ultrapassem um padrão médio de vida. Porém, há certos débitos que autorizam a penhora do bem de família:
I. pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou a aquisição do imóvel,
no limite e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
II. pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que,
com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão
pelas dívidas;
III. para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel
familiar;
IV. para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade
familiar;
V. por ter sido adquirido como produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a
ressarcimento, indenização oi perdimento de bens;
VI. por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

Assim, quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o
oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado,
quando este for P.J.. Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório
de tais bens até ulterior determinação do juiz.

Há também, uma ordem legal de penhora de bens, estabelecida pelo CPC, a qual deverá seguir,
preferencialmente, esta sequência. Essa ordem leva em consideração os bens que, de forma mas rápida e eficiente,
satisfazem o direito de crédito do exequente. Logo, é evidente que é prioritária a penhora em dinheiro, depois títulos
de dívida pública, ações listadas em bolsa de valores, veículos, imóveis, entre outros, podendo o juiz, alterar a ordem
prevista de acordo com as circunstâncias do caso concreto.

Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será imediatamente intimado o executado, na
pessoa do seu advogado ou, se não houver advogado constituído no saltos, pessoalmente, de preferência ou via postal.
Obviamente, é desnecessário intimar o executado quando a penhora for realizada na sua presença. É necessário,
também, a intimação do cônjuge do executado quando a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, salvo
se forem casados em regime de separação absoluta de bens.

Tratando-se de penhora de bens indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio


a execução recairá sobre o produto da alienação do bem. Isso significa que o bem indivisível poderá ser expropriado
normalmente, e será restituído ao coproprietário ou ao cônjuge parte do produto da alienação. Em outras palavras,
na alienação do imóvel de 100 mil reais, onde 50 mil faz parte do patrimônio do executado e 50 mil do cônjuge (alheio
a execução), após a venda do bem, 50 mil serão destinados ao pagamento da cota parte do cônjuge. Porém, vale
lembrar, que nesses casos, é reservada ao coproprietário não executado a preferência na arrematação do bem em
igualdade de condições do que seria feito na expropriação.

Efetuar-se-á penhora onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros.
Contudo, a penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresentada certidão da
respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua existência,
serão realizadas por termo nos autos.
Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o
fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento. Deferido o pedido, 2 oficiais de justiça cumprirão o mandado,
arrombando cômodos e móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que
será assinado por 2 testemunhas presentes à diligência, e que deverão ser devidamente qualificadas. Ademais, sempre
que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens.

Uma vez havida a penhora, o executado pode, no prazo de 10 dias contados da intimação da penhora, requerer
a substituição do bem penhorado, desde que comprove que lhe será menos oneroso e não trará prejuízo ao
exequente. Pode também, substituir a penhora por fiança bancária ou por seguro garantia judicial, em valor não
inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de 30%.

Via de regra, há somente uma penhora na execução. Todavia, procede-se à segunda penhora se:

I. a primeira for anulada;


II. executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do exequente;
III. o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens ou por estarem submetidos a
constrição judicial.

Obs.: uma das formas de realizar a penhora é a eletrônica, também conhecida como penhora online. Para
possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem
dar ciência previa do ato ao executado, determinará as instituições financeira, por meio de sistema eletrônico gerido
pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em
nome do executado, limitando-se a indisponibilidade a valor indicado na execução. Tornados indisponíveis os ativos
financeiros do executado, aí sim este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente.
Incumbe ao executado, no prazo de 5 dias, comprovar que: a) as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
ou b) ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.

Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora,


sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar a instituição financeira depositária
que, no prazo de 24 horas, transfira o montante indisponível para a conta vinculada ao juízo da execução. Em qualquer
dos casos, a instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em decorrência da
indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese
de não cancelamento da indisponibilidade do n0 prazo de 24 horas, quando assim o juiz determinar.

AVALIAÇÃO

A avaliação é a atribuição de valor econômico ao bem penhorado. Ela é importante para que se saiba se os bens
penhorados são suficientes para satisfazer o montante da obrigação de pagar a quantia devida mais os valores de
custas e honorários advocatícios.

A regra vigente é que o próprio oficial de justiça faça a avaliação do bem penhorado. Se, contudo, forem
necessários conhecimentos especializados e o valor da execução comportar, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe
prazo não superior a 10 dias para entrega do laudo.
Como regra, somente haverá uma única avaliação do bem, sendo admitida nova avaliação apenas quando:

I. qualquer das partes arguir, fundamentalmente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador;
II. se verificar, posteriormente a avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem;
III. o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação, inclusive com a
realização de nova perícia.

A avaliação, todavia, não se realizará se:

I. uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra;


II. se tratar de títulos, ações ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa;
III. se tratar de veículo automotores ou de outros bens cujo prelo médio de mercado possa ser conhecido por
meio de pesquisas em órgãos oficiais ou anúncios divulgados nos meios de comunicação.

EXPROPRIAÇÃO

Concluída a fase de penhora e avaliação, dá-se o início à fase realmente satisfativa da execução, na qual se
finaliza o processo de execução e cumpre-se, de modo forçado, invadindo o patrimônio do devedor, a obrigação de
devedor frente ao credor.

Obs.: antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a execução, pagando
ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.

ADJUDICAÇÃO

O bem penhorado – móvel ou imóvel – poderá ser adjudicado pelo exequente, transferindo a propriedade do
bem e quitando a dívida. Nessa hipótese, não há alienação do bem, mas mera transferência de domínio, que deverá
ocorrer no valor exato da avaliação do bem, e nunca com valor inferior.

Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o requerente da adjudicação depositará de imediato a diferença,
que ficará à disposição do executado. Se, contudo, o valor do crédito for superior ao dos bens, a execução prosseguirá
pelo saldo remanescente.

Em observância ao princípio do contraditório, requerida adjudicação, o executado será intimado do pedido,


para se manifestar no prazo de 5 dias. Transcorrido esse prazo sem manifestação do executado ou após decididas
eventuais questões surgidas, o juiz ordenará a lavratura do auto de adjudicação.

ALIENAÇÃO

A alienação far-se-á por iniciativa particular ou em leilão judicial eletrônico ou presencial. Não efetivada a
adjudicação, e exequente poderá requerer a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou
leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciário.

Se deferido o pedido, o juiz fixará: o prazo em que a alienação deva ser efetivada, a forma de publicidade, o
preço mínimo, as condições de pagamento, as garantias e, se for o caso, a comissão de corretagem. Ou seja, há
requisitos mínimos que precisam ser respeitados. Efetivada a alienação, expede-se a carta de alienação e o mandado
de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel, ou a ordem de entrega, quando for de bem móvel.
Obs.: no leilão, a regra é que pode oferecer lance quem estiver na livre administração de seus bens. Contudo,
para evitar fraudes ou imparcialidade, a lei expressamente prescreve que não poderão oferecer lances:

I. os tutores, os curadores, os testamenteiros, os administradores ou os liquidantes, quanto aos bens


confiados à sua guarda e à sua responsabilidade;
II. os mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam encarregados;
III. o juiz, o membro do MP e da Defensoria Pública, o escrivão, o chefe de secretaria e os demais servidores
e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos objeto de alienação na localidade onde servirem
ou à que se estender a sua autoridade.
IV. Os servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos direitos da P.J. a que servirem ou que estejam
sob sua administração direta ou indireta;
V. Os leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda estejam encarregados.
VI. Os advogados de qualquer das partes.

Também, não será aceito lance que ofereça preço vil, assim considerado o preço inferior ao mínimo estipulado
pelo juiz e constante do edital, ou, não tendo sido ficado preço mínimo o preço inferior a 50% do valor da avaliação.

EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

A execução busca a penhora e a consequente expropriação de bens do executado a fim de adimplir a obrigação
expressa no título executivo. Ocorre que os bens públicos são impenhoráveis, e, por consequência, não admitem
expropriação decorrente do processo executivo. É essa a característica fundamental que exige um procedimento
diferenciado quando a fazenda pública é executada, adaptada a essa característica. Isso faz com que o pagamento seja
realizado mediante a emissão de precatório a favor de exequente.

Lembrando que aqui estamos lidando com a execução de título executivo extrajudicial. Diferentemente do que
ocorre nas demais ações executivas, a fazenda pública será citada para opor embargos em 30 dias. Ou seja, não há
citação para pagamento conforme ocorre normalmente.

Nos embargos, a fazenda pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no
processo de conhecimento. Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á
precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente.

Obs.: o precatório é exigência para todas as condenações da fazenda publica em obrigação de pagar quantia, e
a ordem de inscrição do precatório é uma exigência do princípio da igualdade, para que não haja preferência de certos
credores em relação a outros. Contudo, se o crédito for de natureza alimentar, o precatório terá preferência sobre os
demais, de natureza não alimentar.

EXECUÇÃO FISCAL

Essa modalidade de execução tem como exequente a fazenda pública, quando o título executivo for a inscrição
de divida em favor de um dos entes públicos: União, Estados, DF, Municípios e Autarquias Públicas. A dívida ativa da
fazenda pública é aquela definida como tributária ou não tributária.
A ação de execução fiscal poderá ser proposta em face do devedor, do fiador, do espólio, de pessoas físicas ou
jurídicas de direito privado e dos sucessores a qualquer título.

Proposta a inicial de execução, indicando o juiz a quem é dirigida e formulando requerimento para a citação,
instruída com a certidão da dívida ativa, se recebida a ação, contará com despacho que determinará:

I. A citação;
II. A penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito, fiança ou seguro
garantia;
III. O arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;
IV. O registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas;
V. A avaliação dos bens penhorados ou arrestados.

Como se observa, é um despacho que concentra uma série de ações, não somente a citação para pagamento.
Se, contudo, o executado não pagar ou não indicar bens ou fiança bancária, deverá ser realizada a penhora que
obedecerá a mesma ordem da penhora normal.

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

A execução de obrigação alimentícia é, em sua essência, uma execução de obrigação de pagar quantia, uma vez
que o alimentante deverá pagar alimentos ao alimentado. Contudo, a natureza do verbo alimentar faz com que esse
crédito receba um tratamento especial do legislador, a partir da atribuição de mecanismos que visam a compelir de
forma mais enérgica, comparado com o regime de execução de pagamento de quantia certa.

Vale ressaltar, desde já, que nessa modalidade de execução é prevista a prisão civil do executado que não
cumpre a obrigação alimentar. A medida extrema, de natureza constitucional, inclusive tem sua razão de ser na
absoluta indispensabilidade do crédito alimentar, pois está relacionado à própria subsistência do alimentando.

Na ação de alimentos fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz
mandará citar o executado ara, em 3 dias, efetuar oi pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das
que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.

A semelhança do que ocorre no cumprimento de sentença, somente a comprovação de fato que gere a
impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento, de modo que se o executado não pagar ou se a
justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial, poderá decretar
a prisão do devedor pelo prazo de 1 mês a 3 meses. Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento
da ordem de prisão. A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns,
e não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas.

Obs.: quando o executado for funcionário público, militar, diretor oi gerente de empresa, bem como empregado
sujeito à legislação do trabalho, e exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da
importância da prestação alimentícia.
EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE

Nesta modalidade de execução de rito especial, a natureza da obrigação não é o determinante, pois trata-se de
obrigação de pagar quantia certa. O que torna a situação atípica é a insolvência do devedor, o que exige um
procedimento executivo diverso daquele das obrigações de pagar quantia certa contra devedor solvente.

A insolvência do devedor, ocorrerá toda vez que as dívidas excederem a importância dos bens do devedor. Em
outros termos, o passivo é maior que o ativo: ainda que o devedor liquidasse todo o seu patrimônio, esse não faria
frente aos débitos existentes.

Considerando, portanto, esse dado de que o patrimônio do devedor é insuficiente para a satisfação de seus
débitos, há necessidade de um processo de execução que não seja somente a penhora e expropriação de bens, pois,
se assim fosse, haveria credores que não obteriam nada, mesmo possuindo um título executivo. A solução adotada
por lei, é a constrição de uma fase preliminar à execução - em realidade um verdadeiro processo de conhecimento,
no qual se apura o estado de insolvência do devedor (qual seu patrimônio e quais seus credores).

Numa primeira fase da execução contra devedor insolvente, os atos realizados não terão natureza executória,
mas sim cognitiva, a fim de se verificar o estado de insolvência do devedor e também estabelecer os seus efeitos. Ou
seja, é prever uma forma de partilha equânime do patrimônio do devedor entre seus credores, após a decretação da
insolvência civil.

Uma vez declarada a insolvência do devedor, haverá produção dos seguintes efeitos:

I. O vencimento antecipado das suas dívidas;


II. A arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer os atuais, quer os adquiridos no curso
do processo;
III. A execução por concurso universal dos seus credores.

Perderá também o devedor o direito de administra os seus bens e de dispor deles até a liquidação total da
massa. A massa dos bens do devedor insolvente ficará sob a custodia e responsabilidade do administrador, que
exercerá as suas atribuições, sob a direção e superintendência do juiz, que desempenhará as seguintes atribuições:

I. Arrecadar todos os bens do devedor, onde quer que estejam, requerendo para esse fim, as medidas
judiciais necessárias;
II. Representar a massa, ativa e passivamente, contratando advogado, cujos honorários serão previamente
ajustados e submetidos à aprovação judicial;
III. Praticar todos os atos conservatórios de direitos e de ações, bem como promover a cobrança das dívidas
ativas;
IV. Alienar em praça ou em leilão, com autorização judicial, os bens da massa.

É possível também que o devedor, que caiu em estado de insolvência sem culpa, requeira ao juiz, se a massa o
comportar, que lhe arbitre uma pensão até a alienação dos bens. Ouvidos os credores, o juiz decidirá.
Quanto a ordem de preferência predomina o entendimento que se pagam, pela ordem, as custas processuais,
os créditos de natureza fiscal e trabalhista, a remuneração devida ao administrador dos bens e, por fim, os demais
credores.

Liquidada a massa sem que tenha sido efetuado o pagamento integral a todos os credores, o devedor insolvente
continua obrigado pelo saldo. E, pelo pagamento dos saldos, respondem os bens penhoráveis que o devedor adquirir,
até que se lhe declare a extinção das obrigações.

Consideram-se extintas todas as obrigações do devedor, decorrido o prazo de 5 anos, contados da data do
encerramento do processo de insolvência. Para que se de essa extinção de todas as suas obrigações, o devedor deverá
requerer, ao juízo da insolvência, a extinção das obrigações. Feito esse requerimento, o juiz mandará publicar edital,
com prazo de 30 dias, no órgão oficial e em outro jornal de grande circulação.

Durante o prazo de 30 dias, qualquer credor que certamente será prejudicado pela extinção da obrigação
poderá opor-se ao pedido, sob as seguintes alegações: a) não transcorreram 5 anos da data do encerramento da
insolvência; b) o devedor adquiriu bens, sujeitos a arrecadação.

O juiz depois de ouvir o devedor sobre as alegações dos credores, proferirá sentença e, se declarar extintas as
obrigações, esta será publicada por edital, ficando o devedor habilitado a praticar todos os atos da vida civil.

FORMAS DE DEFESA DO EXECUTADO

A existência de defesa do executado, no processo executivo, é indispensável para o exercício do direito


constitucional do contraditório e da ampla defesa. Mesmo sem e tratando de um processo marcado pela certeza
relativa do débito, constituída e representada pelo título executivo, é admissível ao executado defender-se de uma
série de aspectos do processo executivo. De todo modo, é evidente que a extensão das formas de defesa na execução
é mais limitada que aquelas do processo de conhecimento.

EMBARGOS A EXECUÇÃO

Esta é a forma tradicional e clássica de defesa do executado na execução com base em título executivo
extrajudicial. Não custa relembrar, aqui que a defesa do cumprimento de sentença denomina-se impugnação.

Os embargos à execução são uma ação autônoma prevista no Título III, nos art. 914 a 920 do Novo Código de
Processo Civil. Por meio dela, o executado (chamado de embargante) apresenta sua discordância com algum aspecto
da ação de execução ajuizada contra a sua pessoa. Embora seja uma ação autônoma, muitos doutrinadores entendem
que sua natureza jurídica é de defesa, uma vez que serve para combater um processo de execução.

Uma das peculiaridades sobre os embargos à execução é que ele somente será oferecido em procedimentos
executórios fundamentados em um título executivo extrajudicial. Caso a dívida esteja fundada em uma sentença
(título judicial), o meio de defesa será a impugnação ao cumprimento de sentença.

Como visto, os embargos à execução são uma ação autônoma, com viés de defesa, oferecida em processos de
execução fundamentadas em algum dos títulos executivos extrajudiciais. Isso quer dizer que, por se assemelhar a uma
ação autônoma, devem cumprir todos os requisitos de uma petição inicial, inclusive no que diz respeito ao valor da
causa.
Após o ajuizamento da execução pelo credor, o executado poderá opor os embargos à execução para se
defender, no prazo de 15 dias, independentemente de pagamento de caução, oferecimento de depósito ou penhora.
O juiz deverá analisar os embargos a fim de verificar se há hipótese de rejeição liminar do mesmo, o que ocorre
quando: oferecido intempestivamente; nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do
pedido; e se forem manifestamente protelatórios.

Os embargos, por sua vez, serão distribuídos por dependência ao processo de execução principal.

Se houver mais de um executado, vale destacar que o prazo para oposição dos embargos contará
individualmente para cada um deles. Caso os executados sejam um casal, o prazo será contado da juntada do
comprovante de citação do último deles.

Uma das mudanças mais importantes do NCPC sobre os embargos à execução é com relação à possibilidade de
parcelamento do débito.

Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta
por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que
lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de
um por cento ao mês.

No caso acima, o credor será intimado para se manifestar sobre o preenchimento dos requisitos que autorizam
o parcelamento do débito. Enquanto não apresentar manifestação, o devedor deverá depositar as parcelas mensais
em juízo. Se o juiz indeferir o parcelamento, o procedimento seguirá normalmente, sendo que as parcelas já
depositadas serão mantidas e convertidas em penhora a favor do credor.

Sobre os efeitos dos embargos, a regra geral é que não serão suspensivos. Entretanto, se houver requerimento
do embargante, o juiz poderá conceder tal efeito se verificar os requisitos para a concessão da tutela provisória e
desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

Vale destacar que o efeito suspensivo poderá ser concedido parcialmente, de modo que os embargos
prosseguirão no tocante à parte que estiver livre desse efeito. Ademais, seja o efeito suspensivo parcial ou total,
quando este for concedido, não há impedimento para a realização de atos de substituição, de reforço ou de redução
de penhora ou de avaliação de bens.

O que pode ser alegado em embargos à execução?

I. Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação


II. Penhora incorreta ou avaliação errônea
III. Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções
IV. Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis
V. Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução
VI. Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento

Após o recebimento dos embargos, será aberto prazo para que o exequente/embargado possa se manifestar,
em 15 dias. Na sequência, os autos serão encaminhados para o juiz. Esta, por sua vez, irá julgá-lo imediatamente ou,
então, designará audiência para realização e coleta de provas. Após o fim da etapa de instrução, os autos voltam
conclusos ao juiz, momento este em que ele deverá proferir sentença.

OBJEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

A objeção de pré-executividade é um meio de defesa no processo de execução que permite ao executado por
execução irregular apresentar resistência aos atos executórios, trazendo a apreciação do juízo questões de ordem
pública que independem de prova ou se apoiam em prova pré-constituída.

Inicialmente tinha como principal objetivo permitir que o executado apresentasse sua defesa, por simples
petição, nos casos em que fosse possível alegar matérias conhecidas de ofício, independentemente de prévia
constrição patrimonial, que, era à época, pressuposto para a oposição dos embargos à execução.

Com relação à definição do que vem a ser à objeção de pré-executividade, muitos são os conceitos existentes,
os quais apontam com unanimidade o fundamento constitucional do direito de defesa.

Há divergências no tocante a natureza jurídica do instituto, se incidente processual, recurso ou meio de defesa.
Adota-se majoritariamente, o entendimento que reconhece a natureza defensiva e incidental da objeção de pré-
executividade, oposta como defesa pelo executado na mesma relação jurídica processual em que se praticam os atos
executivos, permitindo dedução de matérias que incidirão sobre a execução referida.

A objeção de pré-execuividade surgiu para veicular alegações relacionadas à admissibilidade do procedimento


executivo, questões que o órgão jurisdicional deveria conhecer de ofício, como a falta dos pressupostos processuais e
das condições da ação.

No tocante as matérias que podem ser alegadas através do instituto, que não são reconhecidas de ofício pelo
magistrado, a doutrina e a jurisprudência vêm se desenvolvendo no sentido de aceitar sua arguição, desde que haja
prova pré-constituída, ou seja, não haja necessidade de dilação probatória.

A objeção de pré-executividade pode ser interposta por simples petição nos autos. Segundo parecer do Superior
Tribunal de Justiça, estabelecendo que a nulidade do título executivo seja permitida perante “simples petição”
dispensando outras exigências para interposição de pré-executividade.

Nos primórdios da aplicação do instituto, a manifestação do executado estava restrita ao prazo de vinte e quatro
horas após a citação. Na atualidade, considerando que as matérias atinentes aos requisitos da execução não estão
sujeitas aos efeitos da preclusão, afiguram-se impossível à fixação de prazo para a apresentação da objeção de pré-
executividade, sendo certo que poderá ser oferecida desde o ajuizamento da ação executiva até o trânsito em julgado
da sentença.

Legitimam-se a oferecer a exceção de pré-executividade, em primeiro lugar, o (s) executado (s), ou seja, toda
pessoa que figurar no polo passivo da execução. Por força do que já se expôs em item específico, os responsáveis (v.
G., o sócio e o cônjuge), contra os quais atuam os meios executórios, assumem a condição de parte e se enquadram,
portanto, no título geral. Também os terceiros, no sentido próprio desta condição, legitimam-se a oferecer a exceção
de pré-executividade.
SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO

A suspensão do processo de execução é uma situação provisória e temporária, na sua transição ela não deixa
de existir e de produzir seus efeitos, somente ocorre uma paralisação em seu curso, não podendo ocorrer nenhum
novo ato processual enquanto dure a suspensão. Cessando a causa que a motivou, retoma-se o procedimento a partir
da fase ou momento processual em que aconteceu a paralisação.

Suspende-se o processo: pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador; pela convenção das partes; pela arguição de impedimento ou de suspeição;
pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas; quando a sentença de mérito depender do
julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto
principal de outro processo pendente; e nos demais casos que o CPC e legislação extravagante regulam.

Nesse sentido, enquanto durar a suspensão, não será praticado atos processuais, senão aqueles urgentes,
necessários à preservação dos direitos das partes.

A extinção do processo de execução, via de regra, termina com o esgotamento de seus atos e com a satisfação
do seu objeto que é o pagamento do credor, extinguindo assim o débito. Conforme ilustra o Art. 924 CPC extingue-se
a execução quando: a petição inicial for indeferida; a obrigação for satisfeita; o executado obtiver, por qualquer outro
meio, a extinção total da dívida; o exequente renunciar ao crédito; e, ocorrer a prescrição intercorrente.

A suspensão pode ser própria ou imprópria. É própria quando nenhum ato pode ser realizado no andamento do
processo suspenso; e imprópria quando se incidem atos processuais durante a suspensão. Enquanto todo o tempo
que perdura a suspensão do processo nenhum ato processual é praticado, apenas aquele que for urgente ou
necessário para o fim de preservação dos direitos das partes, pois assim, evitam-se quaisquer danos irreparáveis. A
única exceção é para o caso do inciso III do artigo 313, em que na suspensão do processo pela arguição de impedimento
ou de suspeição, podem-se praticar atos processuais, em que a tutela e a urgência deverão ser requeridas ao seu
substituto legal.

Ao contrário dos fatos extintos, no caso de simples suspensão, tão logo cesse o efeito do evento extraordinário
que deu causa a suspensão, a movimentação do processo se restabelece normalmente. Assim, nenhum prejuízo sofre
os atos processuais anteriormente praticados que permanecem íntegros e válidos à espera da superação da crise.

Destarte, os prazos iniciados antes da suspensão não ficam prejudicados na até transcorrida. Sua fluência se
restabelece depois de cessada a paralisação do feito, apenas pelo restante necessário a completar o lapso legal.

Obs.: Permite o art.313 do CPC, que as partes convencionem a suspensão do processo, que para produzir efeito
depende de ato subsequente do juiz, posto que, no sistema do código, o impulso do procedimento é oficial, isto é, o
andamento do processo não fica na dependência da vontade ou colaboração das partes. As partes devem comunicar
o acordo ao juiz, para que este decrete a suspensão ajustada.

Já as causas de extinção da execução estão elencadas no artigo 924 do CPC, o qual prevê que se extingue a
execução quando:

I. A petição inicial for indeferida;


II. A obrigação for satisfeita;
III. O executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV. O exequente renunciar ao crédito;
V. Ocorrer a prescrição intercorrente.

A extinção só produzirá efeitos quando declarada por sentença. Ou seja, a execução é sempre concluída com
uma sentença, a qual, conforme referido anteriormente, não julga o mérito como faz no processo de conhecimento,
mas tão somente põe fim ao processo executivo.
PROCESSO CIVIL
RECURSOS
As decisões judiciais que ocorrem durante a tramitação processual podem ser impugnadas por certos
interessados. Uma das formas mais importantes de impugnação das decisões judiciais é o recurso, categoria do direito
processual que admite classificação em espécies segundo alguns parâmetros. Fora os recursos, há outras formas de
impugnação de decisões judiciais, que não são espécies recursais stricto sensu, mas que também permitem impugnar
um ato judicial; é o caso, por exemplo, da ação rescisória.

As espécies de decisões judiciais que ocorrem ao longo da tramitação processual são: sentenças, decisões
interlocutórias, despachos e acórdãos. Nem todas elas, contudo, têm a capacidade de trazer um prejuízo efetivo, do
ponto de vista processual, aos interessados, de forma que nem toda decisão judicial é recorrível, uma vez que afastar
o prejuízo sofrido pelo ato judicial é condição para se admitir a sua impugnação pela via recursal.

Assim sendo, somente as sentenças, as decisões interlocutórias e os acórdãos são os atos judiciais recorríveis,
uma vez que os despachos, também chamados de despachos de mero expediente, são atos judiciais voltados somente
a dar andamento ao processo, movendo-o do inicio ao fim da prestação jurisdicional sem conter carga decisória que
possa ser impugnada pela parte. Tem-se assim a primeira delimitação de cabimento dos recursos: sentenças, decisões
interlocutórias e acórdãos. Enfim, recursos é uma forma de certos legitimados impugnarem decisões judiciais, visando
à sua reforma, invalidando, integrando ou esclarecendo, quando esses sofrerem prejuízos com a decisão recorrida.

No direito brasileiro, via de regra, os recursos são julgados pelo órgão judiciário hierarquicamente superior
àquele que proferiu a decisão recorrida, como expressão do denominado principio do duplo grau de jurisdição. Para
algumas situações excepcionais, a própria autoridade judicial que proferiu a decisão é que julgará o recurso.

O recurso é uma forma de reapreciação da matéria já analisada judicialmente, mas deve ocorrer no mesmo
processo em que a decisão recorrida foi proferida, ou seja, antes da extinção do processo ou da formação da coisa
julgada, uma vez que o recurso não dá inicio a um novo e distinto processo, mas tão somente permite nova
reapreciação da questão recorrida no mesmo processo.
É importante definir, desde já, quem são esses sujeitos legitimados a recorrer, a saber:
I. Parte vencida;
II. O terceiro prejudicado, desde que por ele demonstrada a possibilidade de a decisão sobre a relação
jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em
juízo como substituto processual;
III. Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

A propósito, segundo o conteúdo e a espécie da decisão recorrida, busca-se com o recurso a reapreciação do
ato judicial que tenha defeitos de regularidade formal ou de justiça da decisão, também denominados,
respectivamente, de error in procedendo e error in judicando. É a própria parte recorrente que indica em seu recurso,
qual a espécie de erro cometido pelo julgador a quo (que proferiu a decisão recorrida), requerendo ao juízo ad quem
(que julgará o recurso) que declare inválida, ou que reforme, ou que esclareça ou integre a decisão recorrida, segundo
a situação concreta do caso.
PRINCIPIOS DO DIREITO PROCESSUAL RECURSAL

É evidente que os recursos são manifestações do principio do contraditório e da ampla defesa, na medida em
que o recurso é uma forma de defesa na qual o recorrente faz valer mais uma vez as suas alegações e provas, segundo
o cabimento das varias espécies de recursos, e também do principio do duplo grau de jurisdição, que significa a
possibilidade de reapreciação da matéria já submetida a julgamento, uma vez que pode ter havido equívoco do órgão
julgador na anterior analise da questão.

Outro principio processual muito importante nesse âmbito é o da fungibilidade recursal, o qual permite que,
não obstante o recurso utilizado pela parte recorrente não seja a espécie cabível no caso concreto, se o erro não for
grosseiro, houver fundadas dúvidas sobre a hipótese de cabimento, ou seja, duvida objetiva, e se foi respeitado o
prazo do recurso cabível, o órgão judiciário deverá receber a julgar o recurso interposto como se fosse a espécie
correta, aplicando, portanto, a fungibilidade dos meios recursais.

Obs.: a certas situações, denominadas de remessa necessária ou duplo grau obrigatório, em que a fazenda
pública terá, de forma automática, seu pleito reapreciado quando a sentença lhe for desfavorável, em nome de um
suposto interesse público que exigiria a confirmação da decisão contrária aos interesses fazendários. Essa situação,
que independe de manifesta interposição de recurso do ente público, pois é compulsória e automática, não é uma
espécie de recurso, mas simplesmente um duplo grau obrigatório. Ou seja, quando a União, os Estados, o DF, os
municípios e autarquias e fundações de direito público tiverem suas ações julgadas improcedentes, as decisões
somente produziram efeito se confirmadas pelo tribunal, uma vez que ocorre o reexame necessário. Isso significa que
haverá a suspensão dos efeitos da sentença de primeiro grau até a decisão do tribunal.

Temos também o principio da tipicidade ou da taxatividade recursal, onde segundo esse princípio, só é recurso
aquilo que for previsto expressa e taxativamente por lei, limitando as espécies recursais a um rol fechado. O CPC prevê
como recursos:

I. Apelação;
II. Agravo de instrumento;
III. Agravo interno;
IV. Embargos de declaração;
V. Recurso ordinário;
VI. Recurso especial;
VII. Recurso extraordinário;
VIII. Agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX. Embargos de divergência.

Além desse núcleo fundamental, há também previsão de recursos em legislação esparsa, como é o caso
exemplar do recurso inominado, previsto na lei dos juizados especiais.

Outro principio existente no campo dos recursos é o principio da unicidade ou singularidade recursal, onde
determina que cada decisão judicial poderá ser recorrida com um e somente um recurso. Não significa que de uma
decisão judicial caberá sempre o mesmo e único recurso. É possível que um acordão seja recorrível mediante recurso
extraordinário e recurso especial, se a matéria a ser recorrida for de ordem constitucional ou de legislação federal,
respectivamente. Esta é uma exceção na qual de uma única decisão – acordão de tribunal – cabem,
concomitantemente, dois recursos: extraordinário e especial. Para essa situação excepcional, a legislação previu que
primeiro deverá ser julgado o recurso especial e, somente após seu julgamento, o recurso extraordinário.

Existe também, o principio da vedação de prejuízo ao recorrente – reformatio in pejus – que significa reforma
a pior, uma vez que no atual sistema há proibição de que isso ocorra, podendo a parte que interpôs o recurso somente
se beneficiar ou pelo menos, ter mantida a situação jurídica tal como antes da interposição do recurso. O princípio
não é absoluto, uma vez que no processo as matérias de ordem pública podem ser conhecidas de oficio a qualquer
tempo e grau de jurisdição, ou seja, inclusive no âmbito recursal, de forma que a situação do recorrente poderá ser
reformada para pior se o julgador, ao analisar o recurso, acolher matéria de ordem pública em seu desfavor. Outa
situação na qual também não há que se falar em reformatio in pejus é quando há sucumbência reciproca e ambas as
partes recorrem é evidente que nesse caso o provimento de recurso de uma das partes necessariamente levará a
piorar a situação da parte oposta, que, contudo, também recorrerá (essa hipótese é admissível e não viola o princípio
da vedação da reformatio in pejus).

JUIZO DE ADMISSIBILIDADE E JUIZO DE MÉRITO DOS RECURSOS

Os recursos são submetidos a dois tipos de juízo: um preliminar, chamado de admissibilidade recursal, e outro
de fundo, de mérito. Só se passa para o segundo se o primeiro for positivo, ou seja, se estiverem preenchidos todos
os requisitos de admissibilidade recursal.

O juízo de admissibilidade dos recursos é, em regra, feito em dois momentos: quando da interposição do
recurso junto ao órgão que proferiu a decisão recorrida (chamado de juízo a quo), e pelo órgão que jugará o próprio
recurso (chamado de juízo ad quem); já o juízo de mérito é feito somente pelo órgão competente para o julgamento
do recurso (juízo ad quem) – com exceção dos embargos de declaração, em que o órgão julgador do recurso é o mesmo
que proferiu a decisão recorrida.

Para que o recurso seja admitido, é preciso que todos esses requisitos estejam presentes nele:

I. Legitimidade das partes:


II. Interesse;
III. Tempestividade;
IV. Preparo;
V. Regularidade formal
VI. Adequação

LEGITIMIDADE

São legitimados para recorrer:

I. A PARTE VENCIDA, uma vez que ela é diretamente afetada pelo prejuízo causado pela decisão
recorrida e que quer ver alterada a decisão. Se houver intervenção de terceiros, esses se equiparam
às partes e, portanto, também podem recorrer, na qualidade de parte. A única exceção a essa regra é
o amicus curiae (ou amigo da corte ou também amigo do tribunal, é uma expressão em Latim utilizada
para designar uma instituição que tem por finalidade fornecer subsídios às decisões dos tribunais,
oferecendo-lhes melhor base para questões relevantes e de grande impacto. É importante destacar
que o Amicus Curiae é amigo da corte e não das partes) que, como regra, não tem legitimidade para
interpor recursos, salvo embargos de declaração e da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas.
II. O TERCEIRO JURIDICAMENTE INTERESSADO, desde que ele revele um interesse recursal em recorrer
em processo do qual não é parte, justificando que os efeitos da decisão daquele processo lhe atingirão,
fazendo surgir a necessidade de afastar o prejuízo pela via recursal.
III. O MP, quando atuar como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Obs.: o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as
defesas opostas ao credor lhes forem comuns.

INTERESSE

Tal como no interesse de agir, no interesse recursa o recorrente deverá demonstrar que o recurso é
indispensável para afastar a sucumbência ocasionada pela decisão recorrida, ainda que tenha sido uma sucumbência
parcial. Se a sucumbência for recíproca, o interesse recursal atingirá ambas as partes.

TEMPESTIVIDADE

Significa que o recurso deve ser interposto no prazo previsto em lei, sob pena de ocorrer a preclusão temporal
da matéria recorrida (se a decisão for interlocutória) ou a formação da coisa julgada (se a decisão for sentença ou
acordão). Assim ocorre porque se trata de prazo próprio, ou seja, o não respeito acarreta consequências jurídicas.
Esses prazos são também peremptórios, o que significa dizer que não podem ser reduzidos sem a anuência das partes.

De forma geral, os prazos recursais fixam em 15 dias o prazo para interpor ou para responder todos os recursos
com exceção dos embargos de declaração, que devem ser opostos em 5 dias.

Pode a legislação especial impor prazos diferentes para seus respectivos recursos. Dentre esses destacamos:
recurso inominado dos juizados especiais cíveis que são de 10 dias; e os recursos do ECA, que a lei determina que em
todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento e de embargos de declaração, o prazo para interpor a para
responder será sempre de 10 dias.

Obs.: terão prazo em dobro para contestar:

I. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão


prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento. Quanto a esse aspecto, o STJ reza que não se conta em dobro o
prazo para recorrer quando só um dos litisconsortes haja sucumbido.
II. O MP, cuja contagem ter início a partir da intimação pessoal;
III. A união, os Estados, o DF, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público,
cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal;
IV. A Defensoria Pública, cuja contagem terá inicio a partir da intimação pessoal.

Como regra, a intimação se dá por meio eletrônico ou por diário oficial, contudo, se a decisão for proferida em
audiência, os referidos sujeitos consideram-se intimados na própria audiência.

No prazo para interposição de recursos, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de
organização judiciária, ressalvado o dispositivo em regra especial. Ademais, para aferição da tempestividade do
recurso remetido pelo correio, será considerada como data da interposição a data de postagem.

A contagem dos prazos recursais se dá tal como na regra geral dos prazos, ou seja, computando-se apenas os
dias uteis e excluindo-se o dia de início e incluindo-se o dia de termino.

Se durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou
ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do
herdeiro ou do sucessor, contra quem começara a correr novamente depois da intimação. Trata-se, portanto, de
verdadeira causa de suspensão do prazo recursal, desde que a parte efetivamente comprove a ocorrência de uma das
hipóteses referidas anteriormente.

PREPARO

No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o
respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. A falta de recolhimento do
respectivo preparo leva a deserção do recurso.

Obs.: é dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. Isso
porque o porte de remessa e de retorno tem como função ressarcir os custos com o deslocamento dos autos, custo
esse que inexiste quando os autos são eletrônicos.

Como se vê, o preparo deve ser comprovado no ato da interposição do recurso, o que significa dizer quando o
recurso é protocolado. Não obstante, duas situações podem ocorrer:

I. AUSÊNCIA TOTAL DE PREPARO_ o recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o
recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. Se nesse caso, o recorrente
ainda sim, recolher preparo insuficiente, per expressamente vedada a complementação, sendo que o
recurso deverá fatalmente ser declarado deserto.
II. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE__ a insuficiência no valor do preparo, ou seja, a parte recolheu a menor
do que o valor devido, inclusive porte de remessa e de retorno, somente implicará deserção se o
recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 dias.

Ademais, o equivoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção,
cabendo ao relator, na hipótese de duvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vicio no prazo
de 5 dias.
Destaca-se, ainda, que são dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e retorno, os recursos
interpostos pelo MP, pela União, pelo DF, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias e pelos que gozam
de isenção legal (beneficiários da justiça gratuita).

REGULARIDADE FORMAL

Esse requisito revela a necessidade de o recorrente se subordinar às exigências formais que cada espécie
recursal impõe. Muito embora vigore no processo civil o principio de que quando a lei não determina forma
previamente prescrita o ato será valido, algumas exigências de forma são cabíveis em tema de recursos, especialmente
em relação a certas espécies recursais.

ADEQUAÇÃO

Esse requisito está relacionado com a pertinência do recurso usado com a finalidade buscada pelo recorrente,
e basicamente se relaciona com a utilização correta da espécie recursal para impugnar a decisão judicial recorrida.

Quanto a juízo de mérito no recurso, este representa o pedido de correção do erro in procedendo ou error in
judicando, bem como obscuridade, omissão ou contradição na decisão. Os limites do recurso, que são definidos pela
própria parte recorrente, podem ser visualizados com base em sua extensão e profundidade. Extensão significa qual
matéria e em que medida o autor devolve ao tribunal para que seja reapreciado, ao passo que a profundidade diz
respeito aos motivos que podem ser invocados, por que foram ventilados no processo, para justificar a decisão judicial.

A delimitação do objeto do recurso é feita pelo recorrente, mas sempre podendo as matérias de ordem pública
serem reconhecidas na fase recursal, independentemente de constarem expressamente do âmbito devolutivo do
recurso, devendo o juízo ad quem reconhece-las nessa fase.

PRECLUSÃO

A preclusão é uma técnica que tende a impor limites as etapas processuais, e a partir de um determinado marco
processual a parte não poderá mais renovar o ato processual que lhe caberia realizar, precluindo a faculdade
processual de realiza-lo. Nesse sentido, preclusão temporal é a perda da faculdade de realizar um ato processual pelo
decurso do tempo. Conforme já referido, o interessado deverá apresentar recurso no prazo legal que lhe foi fixado;
decorrido esse lapso, não poderá mais faze-lo.

A preclusão ocorre também quando a parte revela, por sua conduta, o desinteresse em recorrer. Se, por
exemplo, dentro do prazo de 15 dias após a publicação da sentença a parte sucumbente cumpre a decisão
voluntariamente, logicamente está indicando que não pretende recorrer, ou seja, depois de cumprir a sentença,
mesmo que reste prazo para a interposição de apelação, essa não será recebida, pois ouve preclusão lógica do direito
de recorrer.

Já a preclusão consumativa significa que, quando a parte protocola o recurso, deverá definir a extensão da
devolução, pois a faculdade de recorrer se consumará com esse ato, sendo-lhe vedado complementar ou corrigir o
recurso uma vez que esse tenha sido interposto.

Obs.: O recurso adesivo é uma manobra judicial que permite que as partes interponham recursos após o
momento apropriado, mas somente se a outra parte entrar com um dos recursos previstos no Novo CPC para o tema.
O recurso adesivo não é um tipo de recurso definido pelo Código de Processo Civil (lei nº 13.105/2015), mas é uma
modalidade de interposição de um recurso subordinado a outro recurso já interposto no processo.

O recurso adesivo, portanto, ocorre quando ambas as partes de um processo são vencedoras e perdedoras,
configurando, portanto, a sucumbência recíproca. Ao existir sucumbência recíproca a partir de uma decisão judicial,
caso uma das partes recorra com uma apelação, a outra parte também poderá interpor apelação sobre a original,
aderindo a segunda à primeira.

Essa manobra jurídica é chamada, portanto, de recurso adesivo. Ele é chamado assim por aderir, estar
subordinado ao recurso principal, autônomo e independente.

Dessa forma, suponha que as partes A (que é autora) e B (que é ré) de um processo recebam, do juiz, uma
decisão. O indivíduo A se encontra satisfeito com a decisão, enquanto a parte B resolve entrar com recurso de apelação
sobre a decisão deferida.

Assim, ambas as partes tiveram a oportunidade de apresentar os respectivos recursos, mas apenas a parte B
realizou a apelação. Ao apelar, o indivíduo B abre a possibilidade da parte A apresentar suas contrarrazões sobre o
recurso. A parte A poderá, caso tenha interesse, apresentar uma apelação própria, dependente da apelação original,
para além da apresentação das contrarrazões sobre a apelação independente. Caso seja interposto o recurso adesivo,
a parte A poderá também apelar sobre a matéria, defendendo seus direitos. Esse recurso que aderiu à apelação
original (realizada pela parte B) é chamado de recurso adesivo.

De forma breve, essa é a natureza e aplicação desse tipo de recurso. Ele possui regramentos próprios que o
Novo CPC determina, como veremos adiante.

O artigo 997 e seus parágrafos determinam quatro hipóteses para cabimento e aceitação desse tipo de recurso:
a sucumbência recíproca, a limitação nos tipos de recurso aplicáveis, o cumprimento da admissibilidade e
tempestividade e a admissibilidade do recurso principal.

SUCUMBENCIA RECÍPROCA__ em primeiro lugar, só é possível aplicar recurso adesivo sobre uma decisão judicial
que cria uma situação de sucumbência recíproca, o que significa que ambas as partes do processo são vencidos e
vencedores. A partir da sucumbência recíproca que define que ambas as partes têm interesse em recorrer da decisão
judicial, mesmo que uma delas não tenha interposto recurso no momento inicialmente propício. É importante lembrar
que o recurso adesivo só poderá ser utilizado pela parte que não entrar, no momento tempestivo, com o recurso
cabível, condicionando o recurso adesivo ao recurso original, interposto pela outra parte.

LIMITAÇÃO NOS TIPOS DE RECURSO APLICÁVEIS__ somente é possível aplicar o recurso adesivo sobre os
recursos de apelação, recurso extraordinário e recurso especial.

CUMPRIMENTO DE ADMISSIBILIDADE E TEMPESTIVIDADE__ O recurso adesivo irá admitir as mesmas


características de admissibilidade do recurso independente original, tendo que respeitar os mesmos regramentos
impostos pelo Novo CPC para funcionar. Dessa forma, caso uma parte deseje entrar com recurso adesivo sobre uma
apelação, por exemplo, deverá fazê-lo no prazo legal de 15 dias úteis, respeitando todos os outros requerimentos de
tempestividade e admissibilidade.
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO PRINCIPAL__ Isso quer dizer que ele deve ser direcionado ao mesmo órgão
competente do recurso principal e independente. A subordinação também vem com outra característica peculiar: a
existência do recurso dependente está condicionada à existência do recurso original. Dessa forma, ele será extinto
caso o recurso principal seja considerado inadmissível ou se a parte desistir do mesmo.

RENÚNCIA E DESISTÊNCIA

É licito que o direito de recorrer seja passível de renuncia pela parte recorrente independentemente da
aceitação da outra parte. Ademais, o recorrente poderá, a qualquer tempo, também sem a anuência do recorrido ou
dos litisconsortes, desistir do recurso.

Destaca-se, contudo, que por expressa disposição legal, a desistência do recurso não impede a analise de
questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquele objeto de julgamento de recursos extraordinários
ou especiais repetitivos.

EFEITOS DOS RECURSOS

Dois ao os principais efeitos dos recursos: devolutivo e suspensivo.

Efeito devolutivo significa simplesmente que a parte recorrente está devolvendo ao judiciário a apreciação da
matéria já julgada uma vez; já o efeito suspensivo significa que os efeitos decorrentes da decisão recorrida ficarão
suspensos até o julgamento do recurso, não tendo, portanto, eficácia imediata esta decisão.

Os efeitos dos recursos variam de acordo com a espécie recursal. Contudo, como regra, os recursos não
impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso, ou seja, os recursos não
tem efeito suspensivo na ausência de dispositivo legal ou judicial em sentido contrário.

A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus
efeitos houver risco de dano grave de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de
provimento do recurso. Esse são, pois, os requisitos legais para a concessão do efeito suspensivo pelo juiz.

RECURSOS EM ESPÉCIE

APELAÇÃO

Trata-se do recurso por excelência, no qual o recorrente impugna sentença de qualquer espécie e conteúdo,
devolvendo ao tribunal a reapreciação da matéria decidida na maior extensão dentre todas as espécies de recursos.
Essa extensão da apelação, é delimitada pela própria parte recorrente, evidentemente, as questões de ordem publica
podem ser conhecidas de oficio pelo juízo ad quem.

Não é possível, contudo, que o recorrente inove na apelação, restando limitado as questões de fato que já
suscitou no juízo inferior, salvo se deixou de faze-lo por motivo de força maior. A apelação é um novo julgamento
daquilo que foi estatuído na primeira instancia, por isso não se pode inovar em relação aos fatos e às provas deduzidas
até então. Se o apelante provar que não conhecia o fato ou a prova, ou que estava impossibilitado de trazê-los ao
processo, admitir-se-á sua dedução em grau de apelação, mas desde que o apelado possa exercer o contraditório e a
ampla defesa e se manifestar sobre a questão nova.
O pedido deduzido na apelação poderá ser de duas espécies: invalidação ou reforma da sentença, segundo o
erro apontado, se in procedendo ou in judicando. E sendo o recurso de apelação julgado, na primeira hipótese, se
provida a apelação, deverá o processo retornar para o primeiro grau para o refazimento do ato considerado inválido,
e, consequentemente, proferida outra sentença; enquanto na segunda hipótese o próprio tribunal reavaliará as
questões de fato e de direito deduzidas no processo emitindo, ao final, acórdão que substituirá a sentença de primeiro
grau, o qual poderá reformá-la ou mantê-la, se provida ou não a apelação, respectivamente.

Formalmente, a apelação será interposta no prazo de 15 dias por petição escrita ao juízo de 1º grau contendo:

I. Os nomes e a qualificação das partes;


II. A exposição do fato e do direito;
III. As razoes do pedido de reforma (erro injudicando) ou de decretação de nulidade (erro in procedendo);
IV. O pedido de nova decisão.

O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias. Se dor interposta apelação adesiva,
o juiz determinara o apelante para apresentar contrarrazões. Após essas formalidades, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. Recebido o recurso de apelação no tribunal e
distribuído imediatamente, o relator, após realizar o juízo de admissibilidade poderá:

I. Decidi-lo-á monocraticamente;
II. Se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão
colegiado.

A apelação em regra é dotada de efeito suspensivo. Contudo, o próprio legislador prevê situações nas quais a
apelação não terá efeito suspensivo, ou seja, a sentença começa a produzir efeitos imediatamente após a sua
publicação. São as apelações que:

I. Homologa divisão ou demarcação de terras;


II. Condena a pagar alimentos;
III. Extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV. Julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V. Confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI. Decreta a interdição.

Não obstante, ainda que a sentença verse sobre uma dessas matérias, é possível que seja concedido efeito
suspensivo ope judicis à apelação. O efeito suspensivo poderá ser atribuído pelo relator se o apelante demonstrar a
probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de
difícil reparação.

O tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I. Sentença que não resolveu o mérito. A doutrina costuma referir-se à essa hipótese como “causa
madura”. Se, contudo, a causa não estiver em “condições de julgamento imediato”, o tribunal, por
obvio, se provida a apelação, devolverá o processo para a primeira instancia para produção de provas
e proferimento da sentença;
II. Decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de
pedir. Trata-se da sentença extra ou ultrapetita, quando, então, o tribunal pode, desde logo,
redimensionar a decisão para que ela seja congruente com o pedido formulado;
III. Constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julga-lo. Nessa hipótese
versa sobre a sentença infra petita, ou seja, aquela que se omite quanto a um dos pedidos formulados;
IV. Decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação;
V. Reformar a sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, hipótese na qual o tribunal, se
possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao
juízo de primeiro grau.

Via de regra, não há juízo de retratação na apelação, vale dizer, uma vez prolatada a sentença, se recorrida, o
juiz não poderá alterá-la com base naquilo que o apelante alegou no curso da apelação. Há, contudo, 3 situações nas
quais essa regra da vedação da retratação na apelação não se aplica, a saber:

I. Indeferimento da petição inicial__ indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz,
no prazo de 5 dias, retratar-se;
II. Improcedência liminar do pedido__ julgado liminarmente improcedente o pedido, o autor poderá
apelar, podendo o juiz retratar-se no prazo de 5 dias;
III. Sentença que não resolve o mérito__ proferida sentença terminativa e interposta apelação, o juiz terá
5 dias para retratar-se.

AGRAVO DE INSTRUMENTO

A finalidade desse recurso, além de evitar a preclusão, é obter, do tribunal, a anulação da decisão interlocutória
do juiz de primeiro grau que traz prejuízo ao agravante, fazendo a situação processual retornar ao estado anterior à
decisão impugnada.

O agravo de instrumento é cabível apenas contra decisões interlocutórias que versem sobre determinadas
questões. Em outros termos, há um rol taxativo de decisões interlocutórias que podem ser impugnadas por meio de
agravo de instrumento. Outras decisões interlocutórias que não constam dessa lista, portanto, não são passiveis de
serem impugnadas por agravo de instrumento, podendo ser suscitadas em preliminar de apelação.

O rol de decisões interlocutórias agraváveis são aquelas que versam sobre:

I. Tutelas provisórias;
II. Mérito do processo;
III. Rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V. Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI. Exibição ou posse de documento ou coisa;
VII. Exclusão de litisconsorte;
VIII. Rejeição do pedido de limitação de litisconsorte;
IX. Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X. Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI. Redistribuição do ônus da prova;
XII. Qualquer questão decidida na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.
XIII. Outros casos expressamente previstos em lei.

O agravo de instrumento será interposto no prazo de 15 dias e será dirigido ao tribunal competente, por meio
de petição escrita na qual constará: os nomes das partes, a exposição do fato e do direito, as razoes do pedido de
reforma (erro in judicando) ou de invalidação (erro in procedendo) da decisão e o próprio pedido, e o nome e o
endereço completo dos advogados constantes do processo. Bem como da cópia da petição inicial, da sentença, de
qualquer documento que embase o recurso.

Na falta da copia de qualquer peça ou no caso de algum outro vicio que comprometa a admissibilidade do agravo
de instrumento, deve o relator considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 dias ao recorrente
para que seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível. Interposto o agravo de instrumento, o juiz
de primeira instancia não terá conhecimento desse fato, afinal, esse recurso é apresentado diretamente no tribunal.

Uma característica do agravo de instrumento é permitir, sempre, que haja juízo de retratação do juiz que
proferiu a decisão agravada. Trata-se, pois, de regime oposto ao da apelação que, com visto, não admite a retratação
do juiz, salvo nos casos expressamente previstos em lei.

Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente:

I. O relator poderá proferir decisão fundamentada;


II. O relator, no prazo de 5 dias: poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir em antecipação
de tutela total ou parcialmente a pretensão recursal, ordenará a intimação do agravado para no prazo
de 15 dias juntar documentação que entender necessária ao julgamento do recurso, e determinará a
intimação do MP para que se manifeste no prazo de 15 dias.

AGRAVO INTERNO

O agravo interno é recurso que o CPC regula em seu art. 1.021. É cabível contra decisões monocráticas proferidas
nos Tribunais, e permite que se garanta a colegialidade típica desses órgãos jurisdicionais. Ele tem como objetivo
atacar decisões monocráticas de relatores nos tribunais, ou seja, em processos na segunda instância.

Dessa maneira, o agravo interno impugna a decisão interlocutória (aquela que não resolve ou extingue a lide)
tomada de forma monocrática pelo relator, levando ao colegiado a matéria para análise e discussão.

A natureza do agravo interno, portanto, é de levar ao colegiado a discussão de uma decisão que, por regra, pode
ser realizada pelo relator sozinho, uma vez que o mesmo tem o poder de fazer alguns tipos de decisão por conta
própria.
Hipóteses de cabimento do agravo interno. As hipóteses estão disciplinadas no art. 1.021 do Novo CPC, que
prevê:

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas,
quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada.

§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15
(quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com
inclusão em pauta.

§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o
agravo interno.

§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação


unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada
entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.

§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista
no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.”

Assim como ocorre com a apelação, o agravo interno será dirigido ao juízo ad quo, ou seja, ao próprio relator
que proferiu a decisão agravada. Recebido o recurso, o relator intimará o agravado para manifestar-se sobre p recurso
no prazo de 15 dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado.

Ao julgar improcedente o agravo interno, é vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da
decisão agravada, afinal, simplesmente repetir a decisão recorrida, a rigor não é fundamentar o agravo. É importante
destacar que quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação
unanime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa ficada
entre 1% e 5% do valor da causa.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Os Embargos de Declaração, também chamados de Embargos Declaratórios, são uma espécie de recurso com a
finalidade específica de esclarecer contradição ou omissão ocorrida em decisão proferida por juiz ou por órgão
colegiado. Em regra, esse recurso não tem o poder de alterar a essência da decisão, e serve apenas para sanar os
pontos que não ficaram claros ou que não foram abordados.

Para entender melhor quando é cabível um recurso de embargos de declaração, confira abaixo as hipóteses
apresentadas no artigo 1.022 do Código de Processo Civil:

I – Esclarecimento sobre dúvida, obscuridade ou contradição na decisão.


II – Omissão. Quando a decisão deixa de apreciar determinada prova, ou deixa de observar precedente de casos
repetitivos.
III – Correção de erro material. Quando há na decisão algum equívoco que possa ter influência.”
Além de servir como recurso, os embargos de declaração também têm como função o prequestionamento da
matéria da lei federal ou matéria constitucional para fins de interposição de recurso especial e recurso extraordinário.
Nesse sentido, o novo Código de Processo Civil modificou um pouco as normas. Além disso, incluiu questões sobre a
utilização desse recurso com fins de prequestionamento.

Os Embargos de Declaração são, na prática, um recurso que possibilita ao jurisdicionado obter respostas claras,
precisas e efetivas, e que podem ser opostos contra qualquer decisão judicial.

A principal mudança no Código de Processo Civil é que, diferente do CPC de 1973, sua apresentação não está
mais restrita apenas a situações em que houver na decisão embargada os vícios de obscuridade, contradição e
omissão. Nesse contexto, o erro material passou a constar expressamente como possibilidade de interposição de
embargos de declaração no novo CPC.

Além disso, outra alteração importante pode ser notada no parágrafo único do artigo 1.022 do novo CPC. Ele
apresenta, de modo não exaustivo, algumas novas hipóteses em que fica configurada a omissão da decisão.

Dessa forma, pela nova regra, considera-se omissa a decisão que deixe de se manifestar sobre tese firmada em
julgamento de casos repetitivos, ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento.

Além disso, na ausência de quaisquer dos elementos essenciais previstos no artigo 489, § 1º do CPC para
fundamentação das decisões, também serão cabíveis embargos de declaração por omissão.

O prazo para interpor os embargos de declaração no novo CPC é de 5 dias. Nesse contexto, é importante lembrar
que a contagem do prazo atualmente é feita em dias úteis e começa após a intimação, publicação ou leitura de
sentença. Além disso, o artigo 1.024 do CPC determina que quanto ao tempo de julgamento, o juiz deverá julgar os
embargos em 5 dias.

Confira abaixo quais são os 3 efeitos dos embargos de declaração.

1. Efeito interruptivo

Uma questão notável diz respeito ao efeito interruptivo da interposição dos embargos de declaração. Conforme
consagrado no artigo 1.026, essa ação interrompe o prazo para a interposição de outros recursos para todas as partes
do processo. Após intimação da decisão dos embargos, o prazo recursal é devolvido.

2. Efeito suspensivo

Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso. É exatamente essa a redação do artigo 1026 do CPC.

3. Efeitos modificativos ou infringentes

Quando os embargos de declaração tiverem efeitos modificativos ou infringentes, a sentença de mérito pode
ser alterada. Pode ocorrer, excepcionalmente, a reformatio in pejus, ressalvando, no entanto, a necessidade de
intimação da parte adversa, que poderá apresentar contrarrazões, sob pena de nulidade. O efeito do provimento dos
embargos de declaração que modifica a decisão recorrida é atípico, já que o saneamento do vício não apenas esclarece
omissão, contradição ou obscuridade, mas também altera o conteúdo da decisão.
Obs.: a interrupção do prazo para a interposição de outra espécie recursal pode levar a parte embargante a
tentar utilizar esse recurso com finalidade protelatória, exatamente para obter maior prazo para interpor o outro
recurso, utilizando-se dos embargos contrariamente à probidade processual, sem que de fato exista obscuridade,
contradição ou omissão a ser sanada. Nessa hipótese, prescreve o CPC que:

I. Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão


fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a 2% do valor da
causa;
II. Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a 10%
sobre o valor da causa e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio da
multa;
III. Não serão admitidos novos embargos de declaração se os dois anteriores houverem sido considerados
protelatórios.

RECURSOS PARA O STF E PARA O STJ


RECURSO ORDINÁRIO
O recurso ordinário, de competência dos tribunais superiores, é um recurso constitucional, previsto nos arts.
102, II, e 105, II, da Constituição Federal.

Trata-se de uma “apelação em segundo grau”, segundo ensina a doutrina, a ser interposta no prazo de 15 dias.
Trata-se de recurso que visa garantir a efetividade do duplo grau de jurisdição. Isso porque, nos recursos de
competência originária, a “primeira análise” se dá diretamente no tribunal. Assim, para o exercício do duplo grau de
jurisdição, temos a figura do recurso ordinário constitucional, que torna o STJ e o STF exercentes da reanálise
constitucional obrigatória dos casos decididos originariamente em tribunais.

Note que nesses recursos não há uma fundamentação vinculada, pois as partes recorrentes podem alegar
qualquer matéria, não havendo prequestionamento. Ademais, à parte é conferida a prerrogativa, inclusive, de pedir a
reanálise de questões e de fatos. Além disso, o efeito devolutivo é amplo, pois as partes podem atacar tanto a matéria
constitucional como a legislação federal ou direito local.

São duas as hipóteses previstas na CF de cabimento do recurso ordinário constitucional para o STF.

A primeira hipótese envolve as ações constitucionais. No caso de ações constitucionais decididas


originariamente no âmbito de Tribunal Superior, do acórdão do tribunal de segunda instância é cabível recurso
ordinário para o STF. Atenção! São recursos que se iniciam perante o Tribunal Superior e, em face desse acórdão, a
parte prejudicada pela decisão tem a prerrogativa de “apelar” por intermédio do recurso ordinário constitucional ao
STF. Assim, esse recurso é cabível apenas em face de julgamento de ações constitucionais originárias do STJ, TSE, TST
ou STM.
A segunda hipótese envolve o julgamento de crimes políticos. De acordo com a doutrina, considera-se crime
político aquele que envolve atos ou omissões que prejudicam os interesses do Estado, do governo ou do sistema
político. Esse crime político pode ser considerado “próprio” quando ameaça a ordem institucional vigente ou
“impróprio” quando é conexo a um crime político.
Recurso ordinário constitucional para o STJ:

II - Julgar, em recurso ordinário:

a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro,
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
Temos, aqui, duas hipóteses de cabimento.

Primeira, como estudado acima, o STF é competente para analisar os recursos em face de acórdãos em ações
constitucionais originárias de Tribunais Superiores. O STJ, por sua vez, detém competência para processar recurso em
face desses acórdãos de ações constitucionais originárias de tribunais de segunda instância. Abrange, portanto, os
TRFs e os TJs.

As regras de processamento do recurso ordinários são remissivas. De acordo com o art. 1.028, do NCPC, aplicam-
se as regras procedimentais no que diz respeito aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento como um todo,
os quais vimos em relação ao recurso de apelação.

Uma vez interposto o recurso ordinário constitucional – que observa o prazo de 15 dias a contar da intimação
do acórdão recorrido – o Presidente ou o vice-Presidente do tribunal determinará a intimação da parte contrária para
que apresente contrarrazões (em iguais 15 dias).

Nessa espécie recursal não temos juízo de admissibilidade, pelo que, escoado o prazo ou acostadas as
contrarrazões, os autos serão encaminhados ao STF ou ao STJ, conforme o caso.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL

O recurso extraordinário (RExt) e o recurso especial (REsp) possuem caráter excepcional e assumem uma nova
importância no NCPC, com a valorização dos precedentes.

Ao estudarmos as várias espécies de recursos notamos que há diversas possibilidades, inclusive de forma
monocrática, de pôr fim ao recurso devido ao fato de que a decisão impugnada está de acordo com a jurisprudência
dos tribunais superiores ou até mesmo dar provimento ao recurso quando a sentença estiver dissonante do
entendimento do STJ e do STF.

Nesse contexto, o RExt e REsp apresentam-se como espécies recursais que não estão voltadas para o reexame
de matéria já decidida no contexto interpartes. Não se colocam para analisar a justiça da decisão de segundo grau.
São recursos voltados para tutelar o sistema, o direito objetivo, não diretamente o direito das partes.

Ambos os recursos possuem algumas características importantes:

I. são recursos excepcionais, de modo que somente podem ser interpostos se esgotadas as vias ordinárias. Se
do acórdão que se pretende recorrer, a parte puder apresentar outra espécie de recurso que não o RExt ou
REsp, deverá apresentá-lo. Esses recursos excepcionais somente podem ser interpostos quando não houver
mais outras possibilidades recursais.
II. todas as decisões são recorríveis. Independentemente de se tratar de uma decisão final ou interlocutória,
cabe o REsx ou REsp, desde que exauridas as demais formas ordinárias de recurso.
III. São recursos que não se prestam a corrigir a injustiça da decisão em razão da inadequada interpretação dos
fatos na decisão recorrida. São recursos que tem por objetivo tutelar a correta interpretação da legislação
federal e da Constituição. Tutela-se, portanto, o direito objetivo.
IV. não são providos, pela legislação (ope legis), de efeito suspensivo. Assim, esses recursos não impedem que
a decisão impugnada produza efeitos, a não ser que o efeito suspensivo seja concedido à luz do caso concreto
(ope judicis).
V. exigem prequestionamento, vale dizer, para que sejam admitidos os RExt e REsp é necessário que haja
enfrentamento no acórdão de questões fundamentadas em norma constitucional ou em legislação federal.

Cabimento de recurso extraordinário

Julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Cabimento do recurso especial

Julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

O NCPC disciplina o procedimento dos recursos especial e extraordinário. Para fins da nossa prova é importante
que conheçamos a literalidade dos dispositivos do NCPC. O art. 1.029 prevê que tanto o RExt como o REsp são
interpostos mediante petição dirigida ao Presidente do tribunal recorrido, devendo conter:

I. exposição do fato e do direito;


II. demonstração de que o recurso está dentro das hipóteses de cabimento acima estudadas; e
III. razões do pedido.

Quando o recurso se fundar em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão,
cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver
sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de
computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso
tempestivo ou determinar sua correção, DESDE QUE não o repute grave.
Quando, por ocasião do processamento do incidente de resolução de demandas repetitivas, o presidente do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça receber requerimento de suspensão de processos em
que se discuta questão federal constitucional ou infraconstitucional, poderá, considerando razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional, até ulterior decisão do
recurso extraordinário ou do recurso especial a ser interposto.

O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado
por requerimento dirigido:

I – Ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do


recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

II - Ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição


do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado

Vamos tratar do processamento inicial do REsp ou do RExt. Com o NCPC, tivemos importante alteração na
legislação processual, em vista da ideia de julgamento coletivo desses recursos, a fim de que tenhamos maior
uniformidade na legislação.

Além disso, esses recursos podem ter o processamento restringido em face de outros julgados sobre o mesmo
assunto, caso em que o RExt e o REsp poderão não ser conhecidos.

A fim de facilitar a compreensão de vocês, vamos tratar do art. 1.030 de forma analítica, abordando todas as
possibilidades. Após, citaremos o dispositivo legal para que você se habitue com a redação do legislador.

Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal recorrido, determina-se a intimação da parte contrária
para que apresente, no prazo de 15 dias, as contrarrazões. Após, os autos serão enviados ao Presidente ou vice-
Presidente do tribunal para análise de admissibilidade do recurso extraordinário ou especial.

Dessa decisão podemos ter várias possibilidades. Vamos analisá-las:

1ª POSSIBILIDADE: negativa de seguimento

São duas as situações de negativa de seguimento do recurso:

a) Se o RExt discutir questão constitucional sobre a qual não foi reconhecida a repercussão geral ou esteja
contrário à repercussão geral já reconhecida.

b) Se o RExt ou REsp estiverem em contradição com acórdão do STF ou do STF decidido em IRDR.

Nesses dois casos, o RExt e o REsp não serão conhecidos. Da decisão do Presidente ou do vice-Presidente
(decisão monocrática) do tribunal recorrido é cabível agravo interno para que seja reanalisada a admissibilidade pelo
órgão colegiado no tribunal.

2ª POSSIBILIDADE: encaminhar os autos ao colegiado para juízo de retratação


Se o Presidente do tribunal recorrido entender que o julgamento do juízo a quo está contrário ao julgamento
do STF ou do STJ em recurso com repercussão geral ou recurso repetitivo, enviará o processo para juízo de retratação
pelos tribunais em segunda instância.

3ª POSSIBILIDADE: sobrestar o processo

Caso, relativamente à mesma matéria, haja IRDR em trâmite, o recurso ficará sobrestado até decisão do STF ou
do STJ no RExt ou REsp que contenha o incidente de resolução de demandas repetitivas.

Da decisão do Presidente ou do vice-Presidente (decisão monocrática) é cabível agravo interno para que seja
reanalisado o sobrestamento pelo órgão colegiado no tribunal.

4ª POSSIBILIDADE: selecionar o recurso para envio ao STF ou ao STJ como processo paradigma de recursos
especiais ou extraordinários repetitivos.
5ª POSSIBILIDADE: juízo de admissibilidade e envio ao STF/STJ

Se não for o caso de julgamento anterior (1ª possibilidade), se não for o caso de retratação pelo órgão julgador
(2ª possibilidade), se não for o caso de sobrestamento (3ª possibilidade) ou de seleção para julgamento de RExt ou
REsp repetitivo (4ª possibilidade), o Presidente ou o vice-Presidente fará o juízo de admissibilidade.

Temos duas possibilidades:

A) Se o juízo de admissibilidade for positivo (houve conhecimento do recurso), os autos serão enviados ao
tribunal superior para processamento.

B) Se o juízo de admissibilidade for negativo (não for conhecido o recurso por ausência dos pressupostos
processuais), a parte poderá pedir agravo na forma do art. 1.042, do NCPC, que já estudamos.

Você deve ter notado que tanto o recurso especial como o recurso extraordinário são interpostos em face da
mesma decisão. Isso ocorre porque a competência recursal do STF (no RExt) é específica e diferente da competência
recursal do STJ (no REsp), que possui hipóteses de cabimento próprias.

Conforme estudamos no início desse capítulo, o STF é o “guardião da CF” ao passo que o STJ é “guardião do
ordenamento jurídico”.

Como não há hierarquia entre os dois tribunais – que possuem esfera de atuação distintas – se estiverem
adequadas as hipóteses de cabimento, é possível interpor conjuntamente o RExt e o REsp.
Você deve ter notado que tanto o recurso especial como o recurso extraordinário são interpostos em face

da mesma decisão. Isso ocorre porque a competência recursal do STF (no RExt) é específica e diferente da
competência recursal do STJ (no REsp), que possui hipóteses de cabimento próprias.

Conforme estudamos no início desse capítulo, o STF é o “guardião da CF” ao passo que o STJ é “guardião do
ordenamento jurídico”. Como não há hierarquia entre os dois tribunais – que possuem esfera de atuação distintas –
se estiverem adequadas as hipóteses de cabimento, é possível interpor conjuntamente o RExt e o REsp.

Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para
apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.
Portanto, em regra, a ordem será, primeiramente, o julgamento do REsp, seguida do julgado do RExt se não
estiver prejudicado.

Há a possibilidade, contudo, de inversão de ordem. O relator do processo no STJ poderá entender que a análise
da matéria constitucional é prejudicial à análise da violação à legislação federal. Nesse caso, o relator poderá
determinar o envio do processo ao STF.

No STF, o relator do recurso poderá acolher a prejudicialidade e determinar o processamento do RExt ou, negá-
la, e determinar o retorno para o processamento do REsp no STJ.

Embora os processos sejam julgados interpartes, o RExt e o REsp destinam-se a outorgar adequada
interpretação ao direito e à formação de precedentes. Assim, o juízo de admissibilidade dos recursos tem de ser lido
no influxo de sua nova função.

Dito de forma simples, não obstante a parte ter ingressado com um REsp, se o relator no STJ entender que o
recurso versa sobre questão constitucional, determinará a intimação da parte recorrente para que, no prazo de 15
dias, demonstre a repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Após isso, o então REsp será encaminhado ao STF para que seja julgado como recurso extraordinário. Isso
mesmo! Não obstante o interesse das partes, reputa-se que o interesse da coletividade, com correta interpretação
constitucional da matéria, se sobreporia, razão pela qual o recurso será julgado como extraordinário pelo STF.

obs.: O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, NÃO conhecerá do recurso extraordinário quando a
questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo. Para efeito de repercussão
geral, será considerada A EXISTÊNCIA OU NÃO DE QUESTÕES RELEVANTES DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO,
POLÍTICO, SOCIAL OU JURÍDICO QUE ULTRAPASSEM OS INTERESSES SUBJETIVOS DO PROCESSO. O recorrente deverá
demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Primeiramente, cumpre observar que processo e procedimento são conceitos distintos. O processo constitui
uma entidade complexa, composto por mais de um elemento. São dois elementos: a) relação jurídica processual; b)
procedimento.

A relação jurídica processual constitui o conjunto de direitos, deveres, ônus, obrigações e faculdades que
relacionam os atores do processo (partes, juiz e auxiliares) entre si. Por exemplo, regras de suspeição e impedimento,
a disciplina da coisa julgada e o ônus da prova são exemplos do elemento relação jurídica processual no bojo do
processo. Assim, a relação jurídica processual diz respeito ao conteúdo (elemento intrínseco) do processo. Trata-se da
“alma” do processo.

O procedimento (conhecido como rito), por sua vez, constitui a forma como os atos processuais se combinam
no tempo e no espaço. Assim, a definição de cada ato do processo, de forma ordenada, é o procedimento.

Em face da distinção acima, temos a possibilidade de estabelecer procedimentos distintos, com base nas
mesmas normas referentes à relação jurídica processual. Essas normas são as mesmas, varia-se o procedimento para
disciplinar questões específicas. Não obstante essas regras específicas, as normas referentes à suspeição e
impedimento, à coisa julgada e ao ônus da prova são os mesmos para todos os procedimentos específicos.

Os procedimentos especiais são ritos diferenciados do procedimento padrão, caracterizados por apresentarem
regras procedimentais atípicas, aplicáveis às situações especificas de direito material. São denominados especiais
exatamente porque se opõem ao procedimento comum.

Isso significa que é preciso reconhecer a situação fática especifica, a qual determinará a escolha de um
procedimento especial. A escolha do procedimento adequado se faz por exclusão: caso não seja hipótese de um
procedimento especial específico, a parte deverá ajuizar a ação pelo procedimento comum, que é residual, portanto,.

Dentro do processo de conhecimento são dois os procedimentos adotados: comum, que é o padrão conforme
estabelece o art. 318, do NCPC. Paralelamente, temos os procedimentos especiais, a partir do art. 539, do NCPC.

 Ação de Consignação em Pagamento art. 539 a 549


 Ação de Exigir Contas art. 550 a 553
 Ações Possessórias art. 554 a 568
 Ação de Divisão e da Demarcação de Terras Particulares art. 569 a 598
 Ação de Dissolução Parcial de Sociedade art. 599 a 609
 Ação de Inventário e da Partilha art. 610 a 673
 Embargos de Terceiro art. 674 a 681
 Oposição art. 682 a 686
 Habilitação art. 687 a 692
 Ações de Família art. 693 a 699
 Ação Monitória art. 700 a 702
 Homologação de Penhor Legal art. 703 a 706
 Regulação de Avaria Grossa art. 707 a 711
 Restauração de autos art. 712 a 718
 Procedimento de Jurisdição Voluntária art. 719 a 770

Cumpre registrar, ainda, a existência de procedimentos especiais na legislação extravagante. Cite-se a Lei de
Ação Civil Pública, a Lei do Mandado de Segurança, as leis dos juizados, entre outras.

No processo de execução também encontramos procedimentos comuns e específicos.

Os procedimentos comuns são três: processo de execução para pagar, processo de execução para fazer ou não
fazer e processo de execução para entrega de coisa.

Temos, entretanto, procedimentos especiais de execução, a exemplo do processo de execução de alimentos,


processo de execução contra a Fazenda Pública, processo de execução contra o devedor insolvente.

Fungibilidade dos procedimentos

Fungível é aquilo que pode ser substituído, ao passo que infungível é aquilo que é insubstituível. Um
procedimento especial pode ser renunciado para que a parte demande pelo procedimento comum?
Durante muito tempo prevaleceu o entendimento de que o procedimento era fixado em favor da lei, de forma
que a parte não poderia optar pelo rito, pois se tratava de matéria de ordem pública. O entendimento atual, via de
regra, é no sentido de que os procedimentos especiais são fungíveis, de modo que é possível abrir mão do
procedimento especial para demandar pelo procedimento comum.

Por exemplo, a parte poderá abrir mão do procedimento específico da ação de alimentos para propor ação pelo
procedimento comum. Como esse procedimento não gera prejuízo à parte contrária, é admissível a fungibilidade.

Contudo, temos algumas situações em que nosso sistema não admite a absorção do rito especial pelo
procedimento comum, de modo que não são fungíveis. Isso ocorre quando houver impossibilidade de tutela do direito
a não ser pelo procedimento especial e quando houver expressa disposição legal vedando a utilização do
procedimento comum.

Por exemplo, o procedimento específico do inventário e da partilha, cujos direitos não podem ser tutelados pelo
procedimento comum. Outro exemplo está no procedimento dos juizados especiais federais (Lei nº 10.259/2001) e
de Fazenda Pública (Lei nº 12.153/2009), nos quais veda-se expressamente a utilização do procedimento comum.

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

A ação de consignação em pagamento é um procedimento específico por intermédio do qual o devedor destaca
uma parcela de dinheiro ou um bem para quitar determinada obrigação. Em regra, o cumprimento da obrigação ocorre
junto ao credor. Contudo, em determinadas situações, o credor poderá não receber o valor devido ou podemos ter
dúvidas sobre quem é o devedor. Para esses casos, a forma do devedor se “livrar” da obrigação é a consignação em
pagamento.

De acordo com a doutrina, a consignação em pagamento: é a ação que visa à liberação do devedor de
determinada obrigação. O objetivo do demandante é a obtenção de declaração judicial no sentido de que não se
encontra mais obrigado – de que o depósito realizado satisfaz os requisitos legais do pagamento devido. O consignante
(o devedor) tem por finalidade obter uma sentença declaratória da extinção da obrigação que foi cumprida.

O cabimento da ação de consignação está disciplinado no Código Civil. Isso mesmo, conforme o art. 335, do CC,
a ação em consignação de pagamento é cabível:

I - Se o credor NÃO puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - Se o credor NÃO for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III – Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de
acesso perigoso ou difícil;

IV - Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

As obrigações passíveis de consignação em pagamento são:

 obrigações de pagar quantia; e


 obrigações de dar ou entregar.
Não há, portanto, consignação em pagamento de obrigação de fazer ou de não fazer. Isso ocorre porque não é
possível depositar a obrigação de fazer ou de não fazer.

Consignação extrajudicial

Essa modalidade de obrigação é possível apenas no caso de pagamento de quantia (não sendo aplicada nas
obrigações de dar, quando extrajudicial). Além disso, para que seja adotada, é necessário conhecer o
endereço do credor, de modo que não poderá ser adotada nas hipóteses de incognitio, ou seja, quando
houver dúvida em relação a quem irá receber ou quanto ao objeto do pagamento.

Conhecendo o credor e a pessoa do credor, o devedor efetuará depósito do valor em rede bancária e, mediante
pagamento de uma taxa, o gerente do banco determinará a notificação do credor. Diante dessa notificação, o credor,
no prazo de 10 dias, poderá:

1ª opção: levantamento do valor consignado: O levantamento implica a quitação, não sendo admissível cobrar,
posteriormente, eventuais diferenças.

2ª opção: inércia: Após o decurso do prazo de 10 dias, a lei atribui ao silêncio o efeito de quitação da dívida.

3ª opção: responder à notificação não aceitando o valor consignado: Esse “não aceite” independe de motivo.

Obs.: atente-se que o silencio do credor significa quitação, não lhe sendo lícito, depois cobrar a diferença
judicialmente. Ocorrendo, todavia, recusa do credor (que deve ser manifestada por escrito ao estabelecimento
bancário), tem-se por frustrada a consignação extrajudicial, sendo lícito ao devedor, dentro de 1 mês (período no qual
permanece afastada a mora pelo depósito do valor), propor a ação judicial de consignação, instruindo-se a inicial com
a prova do depósito e da recusa. Não proposta a ação nesse prazo de 1 mês, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante.

Obs.: no caso de prestações periódicas, e que, portanto, vencerão ao longo do processo, consignada uma delas,
pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde
que o faça em até dias contados da data do respectivo vencimento.

Consignação judicial

A consignação em pagamento na forma judicial será efetuada nas seguintes hipóteses:

Quando for frustrada a consignação em pagamento extrajudicial;

Quando envolver obrigação de entrega; e

Quando o devedor optar por tal modalidade diretamente.

Quanto ao ajuizamento da petição inicial de ação judicial de consignação em pagamento, além dos requisitos
obrigatórios do art. 319 e 320 do CPC, deverá também o devedor expressamente requerer:

I. o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 dias corridos do deferimento,
salvo quando a quantia já foi depositada extrajudicialmente. Se esse o depósito não se realizar, o
processo será extinto sem resolução do mérito;
II. a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Se se tratar de obrigação de entrega de coisa indeterminada, cuja individualização deve ser feita pelo credor,
será este citado pera exercer o direito dentro de dias, se outro prazo não constar de lei ou de contrato, ou para aceitar
que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega,
sob pena de depósito.

Uma vez citado, o credor poderá apresentar contestação. Todas as matérias de natureza processual podem ser
alegadas em sua defesa e, em relação ao mérito da ação consignatória, o CPC define expressamente quais as matérias
podem ser alegadas pelo credor em sua defesa, quais sejam:

I. não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida


II. foi justa a recusa;
III. o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV. o depósito não é integral. Nesse caso, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante
que entende devido, não se admitindo, portanto, uma alegação genérica de que o valor depositado não
corresponde a integralidade do débito.

Obs.: não é possível a alegação de outras matérias, havendo, aqui, limitação legal da cognição judicial (o juiz
está impedido de conhecer das alegações na via da consignação). Se a parte credora quiser arguir, por exemplo, teoria
da imprevisão ou qualquer outra matéria não indicada acima, deverá fazê-lo por ação autônoma.

Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 dias, salvo se corresponder a prestação
cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. Ainda nessa hipótese de insuficiência do depósito, poderá o réu
levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o
processo quanto à parcela controvertida.

AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

Esta ação é voltada para que se obrigue aqueles que administram bens e direitos alheios a prestar contas de
suas administrações, nas hipóteses de já não terem feito isto voluntária, espontânea, correta e extrajudicialmente.

Embora a necessidade da prestação de contas possa decorrer do dever legal de administrar bens (tutor, curador,
inventariante) ou de contrato (mandatário, depositário etc.), o procedimento especial aqui tratado se presta,
exclusivamente, a tutelar as obrigações derivadas do dever contratual de prestar contas.

Para os casos de dever legal, há disposição própria afastando a necessidade de manejo da ação, considerando
que as contas deverão ser prestadas nos próprios autos onde houve a nomeação do administrador.

Aquele que firmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça
contestação no prazo de 15 dias. Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razoes pelas quais exige
as contas instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.

Após a citação o réu pode ter 3 comportamentos distintos: prestar as contas, não se manifestar (revelia) ou
contestar o pedido do autor.

I. Se prestar diretamente as contas, finda-se a 1ª fase e tem início a 2ª fase, já que não será necessária a
definição do dever de prestar as contas (o réu reconheceu a obrigação e já as prestou). O autor terá 15
dias para se manifestar sobre as contas prestadas, prosseguindo-se com o julgamento no processo no
estado em que se encontra, ou, se for o caso, com a fase instrutória, assim como no procedimento
comum.
II. Se o réu, regularmente citado não contestar o pedido (revelia), haverá o julgamento antecipado do
mérito.
III. Se o réu contestar o pedido, negando o dever de prestar as contas, o processo prosseguirá visando a
aferir se o réu deve ou não ser condenado a prestar contas.

Obs.: a decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 dias, sob
pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. Apresentando as contas no prazo de 15 dias, o autor
em mesmo período pode se manifestar sobre elas, prosseguindo o processo para a faze instrutória. Tanto as contas
prestadas pelo autor (caso o réu não às apresente), como as contas prestadas pelo réu, podem, a mando do juiz, serem
realizadas perícia contábeis se necessárias para verificação de sua exatidão.

AÇÕES POSSESSÓRIAS

As ações possessórias voltam-se à proteção da posse diante da ocorrência de esbulho, turbação ou ameaça.
Desde que estas ofensas tenham ocorrido em menos de um ano e um dia, o sistema autoriza o manejo do rito especial,
marcado pela possibilidade de concessão de medida liminar para restituir ou preservar imediatamente a posse
ofendida.

O legitimado ativo das ações possessórias é o possuidor ou seus sucessores, independentemente de ser
proprietário do bem. Quem é mero detentor do bem não poderá ajuizar ação possessória.

Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes
a propriedade.

Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse
em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Para entender as espécies de ações possessórias, é fundamental compreender quais os tipos de violações ao
direito de posse autorizam o ajuizamento dessas ações. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação, restituído no caso de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Daí se extrai que a turbação é a perturbação da posse, o esbulho é a perda da posse e a ameaça, o risco iminente
de turbação/esbulho da posse. São essas as três espécies de violação ao direito de posse que geram o interesse
processual ao possuidor de manejar as ações possessórias.

Para evitar que a qualificação do tipo de risco que a posse sofre possa gerar problemas processuais ao possuidor
na classificação do tipo de tutela pretendida, o legislador adotou expressamente o princípio da fungibilidade aplicável
as ações possessórias, autorizando que a propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente aquela cujos pressupostos estejam provados.

Obs.: No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas (geralmente em
casos de invasão coletiva de imóveis urbanos e rurais), serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem
encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do MP e, se envolver,
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, a Defensoria Pública. Nesses casos, o oficial de justiça procurará
os ocupantes no local por apenas uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. Em contrapartida, o
juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação possessória e dos respectivos prazos
processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região
do conflito e de outros meios.

A posse não se confunde com a propriedade. Logo, nas ações possessórias, não se está a discutir se o autor é
ou não titular do domínio, mas tão somente a proteção da sua posse em face de turbação, esbulho ou ameaça da
parte do réu. O direito de propriedade somente poderá ser discutido em sede de ação petitória (reivindicatória, ação
de imissão de posse etc.), não sendo permitido fazê-lo no bojo de ação possessória.

As ações possessórias constituem procedimento especial basicamente porque o legislador pretendeu dar um
tratamento diferente para uma dada situação fática relacionada com o direito de manutenção ou reintegração da
posse. A peculiaridade dessa ação é que deverá ser intentada no prazo de 1 ano e 1 dia da turbação ou do esbulho. Se
a turbação ou o esbulho ocorreu há mais de 1 ano e 1 dia, a ação não poderá seguir o rito especial das ações
possessórias, mas sim o rito comum, sem perder, contudo, o seu caráter possessório.

Esse lapso temporal entre a turbação e o esbulho e o ajuizamento da ação é também conhecido como posse
nova e posse velha, a primeira dentro do prazo de 1 ano e 1 dia, e a segunda, depois desse prazo. A contagem do prazo
inicia-se com a consumação da turbação ou do esbulho.

Obs.: o fato de ter passado mais de 1 ano e 1 dia da consumação da turbação ou do esbulho da posse do legitimo
possuidor não significa que este não poderá requerer tutela jurisdicional em defesa de sua posse; significa tão somente
que não poderá fazê-lo pela via da ação possessória, cuja característica fundamental é a possibilidade de concessão
de medida liminar, mas pela via da ação ordinária de conhecimento.

MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE

Ao ajuizar a ação possessória de manutenção ou reintegração de posse, além da obediência a todas as exigências
do art. 319 e 320 do CPC, incumbe ao autor provar:

I. Sua posse;
II. A turbação ou esbulho praticado pelo réu;
III. A data da turbação ou do esbulho;
IV. A continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de
reintegração.

Proposta a ação possessória, e estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu,
a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; caso contrário, determinará que o autor
justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.

Obs.: o caso de ação possessória ajuizada contra as pessoas jurídicas de direito público, não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.
A liminar é fruto de cognição superficial do juiz, a fim de proteger imediatamente o direito do possuidor legitimo.
A concessão da medida liminar não põe fim ao processo, mas somente antecipa, de forma satisfativa, o provimento
final de mérito pretendido pelo autor. Boa aparte da doutrina sustenta que se trata de tutela de evidência, sendo
desnecessária, portanto a comprovação da necessidade ou urgência na reintegração/manutenção de posse.

Se o juiz não tiver elementos probatórios suficientes que justifiquem a concessão da liminar inaudita altera
parte (sem a oitiva da parte), poderá determinar a realização de uma audiência de justificação, com a presença do réu,
para melhor formar o seu convencimento. Após o juiz manifestar sobre a liminar, concedido, ou não o mandado liminar
de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 dias subsequentes, a citação do réu para, querendo,
contestar a ação no prazo de 15 dias.

INTERDITO PROIBITÓRIO

O possuidor direto ou indireto que tenha justo receito de ser molestado ne exercício de sua posse, poderá
requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante proibitório em que se comine ao téu
determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.

É o denominado interdito proibitório, que tem função preventiva a fim de evitar que a posse seja turbada ou
esbulhada. Em realidade, trata-se de imposição de uma obrigação de não fazer, e se admite a cominação de pena
pecuniária no caso de descumprimento da decisão judicial.

A ameaça que justifica a concessão do interdito proibitório deve ser real, séria, indicativa da possibilidade de
que, em breve espaço de tempo (iminente), venha a posse ser turbada ou esbulhada (acampamento nas proximidades
do local, realização de atos preparatórios da invasão etc.).

EMBARGOS DE TERCEIRO

Terceiro é aquele que não é parte do processo. Isso significa que, via de regra, não poderá ter a posse ou a
propriedade de seus bens atingidos por decisão judicial proferida em processo alheio. Para sanear a situação em que
o bem de terceiro é indevidamente atingido por constrição judicial, surgem os embargos de terceiros.

A lei considera terceiros, para fins dos embargos aqui em estudo:

I. O cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, salvo se o
bem foi indivisível, quando o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à
execução recairá sobre o produto da alienação do bem;
II. O adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação
realizada em fraude à execução;
III. Quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de
cujo incidente não fez parte;
IV. O credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso
não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em
julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 dias depois da adjudicação, da
alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Obs.: caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo
pessoalmente, facultando-o, portanto, a interposição de embargos de terceiros.

Na petição inicial dos embargos de terceiros o embargante deverá respeitar os requisitos do art. 319 do CPC e,
ainda, deverá fazer a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo
documentos e rol de testemunhas. Poderá o juiz facultar que a prova da posse seja produzida em audiência preliminar,
a ser designada.

A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas
constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da
posse, se o embargante a houver requerido. Não obstante, o juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de
reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.
Obs.: não se admite nos embargos cumulação de pedidos, tipo indenização por danos morais, desconstituição
de ato praticado em fraude contra credores etc.)
OPOSIÇÃO
A oposição nada mais é do que uma ação de um terceiro contra aqueles que, em outra demanda, litigam pelo
bem ou direito sobre o qual o terceiro entende ser o titular.
Embora autônomas, tais relações jurídicas tem certa relação de prejudicialidade, pois que a procedência da
oposição, com a destinação do bem ou do direito reclamado ao terceiro/opoente, torna dispensável e prejudicado o
julgamento da ação principal, que pela falta de objeto (o bem foi destinado ao terceiro) será extinta sem julgamento
do mérito (carência superveniente). Esse é motivo pelo qual o CPC determina o que cabendo ao juiz decidir
simultaneamente a ação originaria e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar.
Importante notar que o princípio inspirador da previsão da oposição no nosso sistema é o da economia
processual. De ato, já que se decidirá se o direito ou bem pertence a alguns dos opostos na ação principal, a celeridade
advinda da colheita e a apreciação simultânea das provas recomendam a apreciação conjunta também da oposição.

A oposição somente tem cabimento até a prolação da sentença no processo entre os opostos. E assim mesmo
tinha de ser, pois a definição de quem é o titular do direito ou do bem na ação principal torna despicienda a oposição,
devendo o pretenso terceiro demandar diretamente contra aquele que venceu a demanda primitiva.

Sendo a oposição uma ação do terceiro (opoente) contra os litigantes na ação principal (opostos), o
procedimento de ingresso é o mesmo de toda demanda: petição inicial. A única diferença da oposição com uma ação
comum é que, em virtude de sua relação de interdependência com a ação, será ela distribuída por dependência àquela,
isto é, ao mesmo juízo da causa primitiva, a quem incumbirá o julgamento de ambos os processos. Ademais, os opostos
serão citados na pessoa de seus advogados já constituídos nos autos da ação primitiva, para contestar o pedido no
prazo comum de 15 dias.
Obs.: admitido o processamento, a oposição será apensada aos autos e tramitará simultaneamente à ação
originária, sendo ambas julgadas pela mesma sentença. Contudo, se a oposição for proposta após o início da audiência
de instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a unidade da
instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo.

Obs.: diferença entre oposição e embargos de terceiro. Embora com certa similitude, a oposição não deve ser
confundida com o procedimento especial dos embargos de terceiros:

I. Nos embargos de terceiros, há constrição judicial sobre o patrimônio alheio; na oposição, o opoente
não sofre embargo ao seu patrimônio.
II. Nos embargos, busca-se liberação de bens; na oposição, reconhecimento de direito sobre o bem;
III. Nos embargos, regra geral, o réu é o autor da ação em que se deu a constrição; na oposição, aqueles
que litigam na ação primitiva pelo bem ou o direito pretendido pelo opoente são réus.

Obs.: diferença entre oposição e denunciação a lide. As relações jurídicas formadas na denunciação
diferenciam-se das da oposição por dois motivos. Primeiro porque, na oposição, as duas relações jurídicas processuais
estão em dois processos que, embora interdependentes (apensados), tem autonomia procedimental (petição inicial,
contestação etc.), salvo no tocante à sentença conjunta; já na denunciação à lide, apesar da existência também de
duas ou mais relações jurídicas processuais, ambas correm dentro da mesma base procedimental, dentro do mesmo
processo e, consequentemente, tem os atos processuais praticados dentro dos mesmos autos (da mesma forma que
a reconvenção). E segundo porque enquanto na oposição há uma relação de prejudicialidade, por força legal, entre as
relações jurídicas processuais, isto é. A oposição, em regra, é julgada primeiro que a ação, dando-se esta por
prejudicada em caso de procedência da oposição, na denunciação à lide a relação inicial sempre será julgada em
primeiro lugar, pois que somente há de se falar em direito de regresso (e consequentemente em denunciação) se o
denunciante tiver sido vencido na relação jurídica primitiva.

A denunciação da lide é a modalidade de intervenção de terceiros pela qual o autor e/ou o réu (denunciantes)
formulam, no mesmo processo, pedido de tutela jurisdicional em face de um terceiro (denunciado), viabilizando, desde
logo, o exercício de eventual direito de regresso em face dele (terceiro/denunciado) na eventualidade de virem (autor
e/ou réu) a sucumbir em juízo.

A denunciação possui três características, tidas como fundamentais. Trata-se de uma forma de intervenção de
terceiros que pode ser postulada tanto pelo autor quanto pelo réu, o que a diferencia do chamamento ao processo,
uma vez que este só pode ser pleiteado pelo réu. Possui natureza jurídica de ação, entretanto, não há a constituição
de um processo autônomo, pois a denunciação apenas amplia seu objeto, notadamente por dar origem a uma lide
secundária. Por fim, registra-se que em todas as hipóteses que se admite denunciação estão vinculadas ao direito de
regresso, viabilizando que o denunciante o exerça nos mesmos autos, primando pela economia processual.

Assim, conforme exposto, em consonância com o artigo 125 e seus incisos do CPC, a denunciação pode ser
pleiteada tanto pelo autor, quanto pelo réu, nas seguintes hipóteses: i) ao sujeito alienante imediato, no processo
relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que a evicção lhe
resulta; ii) ao sujeito que estiver obrigado por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem
for vencido no processo.

AÇÃO MONITÓRIA

A ação monitoria visa, basicamente, à formação de um título executivo judicial em favor do credor. Para o
cabimento da ação monitoria é indispensável que haja prova escrita da obrigação desprovida de força executiva. Sem
a existência dessa prova escrita, não poderá o credor se valer do procedimento especial da ação monitoria. Deve,
nesse caso, ajuizar ação de conhecimento, pelo rito comum, para o reconhecimento do seu direito.

Obs.: caso a prova escrita tenha eficácia de título executivo extrajudicial, o titular do direito pode optar pelo
manejo, diretamente de execução de título extrajudicial. Todavia também pode se valer do título como prova escrita
para fins de ajuizamento da monitória. Neste último caso a monitória teria por escopo a obtenção de título executivo
judicial, considerando que o cumprimento de sentença tem medidas executivas mais incisivas do que a execução de
título extrajudicial.

Para fins monitórios, a prova escrita é aquela capaz de, prima face, em juízo de evidencia, revelar a existência
da obrigação, independentemente do fato de o documento ser bilateral, unilateral, plurilateral etc. O que vale é a
capacidade de a prova convencer o juiz da existência da obrigação em juízo sumário, bom exemplo é o cheque
prescrito, que seria um título executivo se não fosse atingido pela prescrição.

A petição inicial, instruída com a prova escrita, deve conter, conforme o caso:

I. A importância devida, instruindo-a com memória de calculo;


II. O valor atual da coisa reclamada;
III. O conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido.

Esses são elementos obrigatórios da inicial, sendo que a inicial que não os conter poderá ser indeferida.

Se o juiz, de plano, constatar que há dúvidas quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo
autor, o juiz irá intimá-lo para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento comum. Estando a
petição inicial em termos, sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento,
de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu o prazo de 15 dias
para o cumprimento da obrigação e o pagamento de honorários advocatícios de 5% do valor atribuído à causa.

Obs.: é admissível ação monitória em face da Fazenda Pública. Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados
os embargos monitórios no prazo de 15 dias, haverá, conforme o caso, remessa necessária, e, a seguir, o processo
passa para a fase de cumprimento de sentença.

Se o réu não opuser embargos ao mandado monitório haverá a conversão imediata, independentemente de
decisão judicial que analise novamente a verossimilhança da prova escrita (isto já foi feito na decisão inicial que
determinou a expedição do mandado monitório), do mandato inicial em mandado executivo (conversão do mandado
monitório em título executivo judicial). Viabiliza-se, a partir daqui, o início da fase de cumprimento de sentença.
Tratando-se de obrigação de pagamento de quantia, o devedor será intimado para fazê-lo em 15 dias, sob pena de
incidência de multa de 10%. Caso seja obrigação de entrega de coisa ou obrigação de fazer e não fazer, o juiz fixará
prazo para cumprimento da obrigação sob pena de busca e apreensão ou multa.

Np âmbito da ação monitoria, o devedor pode se defender através dos embargos ao mandado monitório (é a
contestação nesse procedimento). A propositura dos embargos não requer qualquer tipo de caução e a principio o
processamento se dará nos próprios autos do processo (só será tratado em autos apartados, se houver parcelas
incontroversas parciais).

Por fim, resta consignar que está sujeito a multa de 10% do valor atribuído a causa e revertida em favor da
parte contrária:

I. O autor de ação monitória proposta indevidamente e de má-fé;


II. O réu que de má-fé opuser embargos à ação monitória.
PROCESSO CIVIL
JUIZADOS ESPECIAIS
Os Juizados nada mais são do que procedimentos especiais, que segue um sistema procedimental sumarizado.
Trata-se de procedimento especial previsto em lei extravagante.

Por intermédio da sumarização procedimental, procura-se comprimir etapas do processo com a finalidade de
que a prestação jurisdicional seja mais célere. Temos um esforço para concentrar o rito a fim de que tenhamos um
processo sendo analisado em menos tempo. Isso não significa que a cognição será sumária, ou seja, não significa que
o juiz decidirá com base na probabilidade do pedido da parte (tal como temos nas tutelas provisórias), significa apenas
a opção pela redução do procedimento. A cognição permanece sendo profunda ou completa.

Para que você tenha ideia da estrutura do procedimento, podemos identificar 8 fases no procedimento comum:

1) petição inicial
2) citação
3) audiência de conciliação
4) contestação
5) réplica
6) saneamento
7) audiência de instrução
8) sentença
Nos juizados especiais, por sua vez, temos:

1) petição inicial
2) citação
3) audiência de conciliação
4) audiência de instrução (oportunidade em que é apresentada a contestação)
5) sentença
Note que temos a concentração de atos processuais.

Os Juizados possuem fundamento no art. 98, I e §1º, da CF:

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por
turmas de juízes de primeiro grau;

§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.

Juizados Especiais Cíveis JEC


Juizados Especiais Federais JEF
Juizados Especiais de Fazenda Pública JEFP
JURISPRUDÊNCIA NOS JUIZADOS
Como para cada estado temos a criação de uma turma específica de uniformização de jurisprudência, é
importante que tenhamos uma forma de tornar o entendimento uniformizado ao longo de todo o território nacional
e não apenas dentro do respectivo estado. Atualmente, em face dessa realidade peculiar, temos três instrumentos de
uniformização de jurisprudência:

 FONAJE/FONAJEF;

De caráter não vinculante, não é órgão do sistema judicial, pois trata-se de órgão mantido pela associação de
magistrados federais e estaduais. Esse Fórum Nacional dos Juizados Especiais tem por finalidade congregar
entendimentos dos Juizados do país inteiro. De um lado, temos o FONAJE que abrange os juizados cíveis (JEC) e de
Fazenda Pública (JEFP); do outro, temos o FONAJEF, que envolve os juizados federais (JEF). Esses órgãos emitem
enunciados interpretativos para orientar a atuação dos Juizados.

 Resolução STJ 3/2016; e

Os Juizados Especiais não estão vinculados ao STJ pelo que estabelece a nossa Constituição. O STJ, nesse
contexto, estabeleceu que toda vez que o sistema do Juizados não observar a jurisprudência do STJ, do IRDR ou
precedentes de caráter vinculante, caberá reclamação para os Tribunais de Justiça (das decisões do JEC). Essa
resolução é vinculante.

 art. 985, I, do NCPC.

Nesse dispositivo, temos a disciplina do IRDR (Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas), segundo o
qual vamos aplicar esse incidente para os Juizados. O incidente de resolução de demandas repetitivas constitui aposta
para a redução do volume de demandas perante o Poder Judiciário. O IRDR é cabível para prevenir a efetiva repetição
de processos que envolvam a mesma situação de direito e o risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. Nesses
processos que se repetem, a ideia é parar todas as ações semelhantes, com a finalidade de que o Tribunal possa
estabelecer um entendimento único para mesmas controvérsias. Após a fixação da tese, automaticamente todos os
processos parados voltam a correr com a adoção da tese decidida pelo órgão ad quem. Essas decisões são vinculantes.

PRINCIPIOS INFORMADORES DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Princípio da Oralidade

O princípio da oralidade fixa a prevalência da “palavra falada” sobre a “palavra escrita”. São vários os exemplos
de aplicação dessa oralidade nos Juizados Especiais. O art. 9º, §3º, da Lei do JEC, estabelece a possibilidade de o
mandato de procuração ao advogado ser conferido verbalmente quanto aos poderes gerais de foro. Extraímos outro
exemplo do art. 13, §3º, da Lei do JEC, que permite a realização de atos processuais na forma gravada, a fim de agilizar
a prática de atos processuais. Do mesmo modo, o art. 14, §1º, da Lei do JEC, fixa que os pedidos podem ser formulados
oralmente, competindo ao cartório registrar isso da forma documental. Por fim, o art. 52, IV, da Lei do JEC, ao tratar
da execução, viabiliza o requerimento do cumprimento de sentença de forma verbal, sem maiores formalidades.
Princípio da Simplicidade e Informalidade

Nos Juizados não há espaço para formalismos inúteis e desnecessários. Além disso, uma das finalidades dos
Juizados é aproximar o cidadão do sistema de Justiça, razão pela qual é orientado pelo princípio da simplicidade e da
informalidade. Entre os exemplos, podemos citar o art. 13, da Lei nº 9.099, o qual prevê que a validade do ato se
verifica quando preencher a finalidade, independentemente da forma utilizada. Além disso, o inc. II, do art. 18,
autoriza que as cartas de citação sejam entregues na recepção do citando.

Princípio da Economia Processual

Os juizados observam o princípio da economia processual que aposta na celeridade. Ao prever, no art. 38, a
dispensa do relatório de sentença, temos um exemplo de que há economia na prática de atos processuais para se
obter maior velocidade na tramitação processual. A economia é sinônimo de conferir velocidade ao processo.

Princípio da Celeridade

O princípio da celeridade também é norma expressa no JEC. Entre os exemplos, temos o art. 10, da Lei nº 9.099,
que veda a utilização de intervenção de terceiros nos Juizados Especiais. Em princípio, não cabe intervenção de
terceiros, pois quanto mais terceiros houver, mais lentidão processual haverá. Há, entretanto, uma mitigação em face
do NCPC, que prevê a necessidade de considerar, no procedimento dos Juizados, a admissibilidade do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica.

Princípio da Conciliação

A conciliação é fundamental nos Juizados. A primeira audiência nos Juizados é a de conciliação. A parte é citada
para participar da audiência conciliatória. Somente se cogita a contestação, ou o prosseguimento do procedimento,
caso não tenhamos êxito na transação.

A “OPÇÃO” PELOS JUIZADOS ESPEPCIAIS É FACULTATIVO OU OBRIGATÓRIO?

Discute-se se a utilização do procedimento dos Juizados é obrigatória ou facultativa. Dito de outro modo, se o
processo se encaixar nas hipóteses de cabimento do trâmite diferenciado dos Juizados, a parte é obrigada a seguir
esse rito ou poderá realizar o seu trâmite perante o procedimento comum. O exercício do direito de ação no Juizado
Especial Cível é facultativo para o autor.

Essa faculdade, contudo, traz uma consequência importante. Feita a opção pelo JEC, caso a condenação supere
o montante fixado para o Juizado, a parte, no momento da opção, renuncia ao valor excelente, no caso, ao valor que
exceder a 40 salários-mínimos.

Para os Juizados Especiais de Fazenda Pública e Federais, o rito é obrigatório para as ações que não
ultrapassarem o limite de 60 salários-mínimos. Assim, se a parte ingressar com uma ação cujo valor superar o
montante de 60 salários-mínimos, temos situação de incompetência, não de renúncia. Nesse caso, dada a
incompetência legal do juizado, o processo deverá ser remetido para o Poder Judiciário Comum, estadual ou federal,
a depender do caso.
JUIZADOS ESPECIAIS CIVEIS

O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor
complexidade, assim consideradas:

I - As causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário-mínimo;

II - As enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil (trata das causas que devem ser processadas
pelo rito sumário, a saber aquelas, qualquer que seja o valor, atinentes a a) arrendamento rural e de parceria
agrícola, b) cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio, c) ressarcimento por danos
em prédio urbano ou rústico, d) ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre, e)
cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de
processo de execução, cobrança de honorários de profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação
especial e g) que versem sobre revogação de doação.);

III - a ação de despejo para uso próprio;

IV - As ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.

§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:

I - Dos seus julgados;

II - Dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário-mínimo, observado o disposto
no § 1º do art. 8º desta Lei.

§ 2º Ficam EXCLUÍDAS da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e
de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade
das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.

§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite
estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

FICAM EXCLUÍDAS DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL AS CAUSAS DE NATUREZA

• alimentar

• falimentar

• fiscal

• de interesse da Fazenda Pública

• relativas a acidentes de trabalho

• relativas a resíduos

• relativas ao estado e à capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial

Em relação à competência de foro, devemos conhecer o art. 4º, da Lei nº 9.099/1999. Ou seja, uma vez
definido que o processo deve ser ajuizado perante os Juizados, devemos analisar em qual deles a ação será ajuizada:
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:

I - Do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou
econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;

II - Do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;

III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

A regra geral para determinar o foro competente para ação que tramite perante os juizados é a que prevê que
a ação poderá ser ajuizada, a escolha do autor:

I. no domicílio do réu;
II. no local onde o réu exerça suas atividades (profissionais ou econômicas); ou
III. no local onde o réu mantenha filial.

Discute-se a possibilidade de conexão e continência de processos que tramitam perante os Juizados Especiais
Cíveis. Onde ambos os institutos implicam a reunião do processo para julgamento conjunto. Afinal, aplicam-se ao
Juizado Especial as regras de conexão e continência?

Se idênticos os elementos da ação, teremos a extinção de um dos processos por litispendência. Quando as
demandas são semelhantes, ou seja, quando há identidade parcial dos elementos da ação, justifica-se que as ações,
por economia processual, sejam reunidas para julgamento conjunto.

Assim, quando houver conexão – ações com causa de pedir ou pedidos iguais – devem ser reunidas para
julgamento conjunto. Do mesmo modo, quando houver continência – há igualdade de partes e de causa de pedir,
porém, o objeto de uma é menor que o objeto da outra – o julgamento também será conjunto. As causas de
competência dos Juizados Especiais em que forem comuns o objeto ou a causa de pedir poderão ser reunidas para
efeito de instrução, se necessária, e julgamento.

Não existe conexão e continência se um dos processos estiver nos Juizados e outro estiver tramitando perante
a Justiça Comum.

Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos

O art. 5º prevê o princípio inquisitivo para a determinação de provas. Vale dizer, o juiz poderá determinar, de
ofício, a realização de determinada prova, quando envolver processos que tramitam perante os Juizados Especiais:

Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las
e para dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica.

O art. 6º, na sequência, prevê que, ao decidir, o juiz deve adotar a decisão mais justa e conforme a equidade,
levando em consideração os fins sociais da lei e as exigências do bem comum.

Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da
lei e às exigências do bem comum.
O art. 7º é fundamental. Ele trata dos conciliadores e dos juízes leigos que atuam perante os Juizados. O
dispositivo especifica pré-requisitos básicos para que determinada pessoa possa ser conciliadora ou juíza leiga. Veja:

Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente,
entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experiência.
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais,
enquanto no desempenho de suas funções.
Quem for admitido como conciliador ou como juiz leigo, se for advogado, ficará impedido de atuar perante o
juízo que estiver vinculado. Por exemplo, se o conciliador for advogado em Cascavel não poderá atuar perante a 1ª
Juizado Especial Cível de Cascavel/PR, ou seja, não poderá exercer a advocacia perante esse Juizado. Nada impede que
atue em outras varas ou juizados daquela comarca.
Partes
Art. 8º NÃO poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de
direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.
A regra é que apenas as pessoas naturais capazes possam ser autores em processo perante os Juizados. Assim,
em regra, as pessoas jurídicas estão excluídas, contudo, temos exceções.
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial:
I - As pessoas físicas capazes, EXCLUÍDOS os cessionários de direito de pessoas jurídicas;
II - As pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno
porte;
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;
IV - As sociedades de crédito ao microempreendedor.
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de
conciliação.

Uma grande dúvida em relação à utilização dos Juizados é a necessidade de contratar advogado. Como sabemos,
há um limite de valor de 40 salários-mínimos para que a ação tramite perante os Juizados. A partir desse valor, as
causas de até 20 salários-mínimos exigem comparecimento pessoal da parte, sem a necessidade de que esteja
acompanhado por advogado. Por outro lado, demandas acima de 20 salários-mínimos (porém, limitadas até 40
salários-mínimos) exigem a assistência por advogado.
Além disso, o mandato de procuração – com fundamento no princípio da oralidade – poderá ser concedido de
forma verbal, com poderes gerais de foro. Caso se trate de mandato com poderes especiais, será exigido mandato
especial.

Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa
jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao
Juizado Especial, na forma da lei local.

§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.

§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, SALVO quanto aos poderes especiais.

§ 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto
credenciado, munido de carta de preposição com poderes para transigir, sem haver necessidade de vínculo
empregatício.

Para encerrar o ponto relativo às partes, é importante que conheçamos os arts. 10 e 11 da Lei nº 9.099/1995:

Art. 10. NÃO se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. ADMITIR-
SE-Á O LITISCONSÓRCIO.

Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.

ATOS PROCESSUAIS

Tal como o procedimento comum, os atos processuais são públicos. Quanto ao horário para a prática dos atos
processuais, não se aplica a limitação de horários que temos no NCPC, que prevê que os atos processuais podem ser
praticados das 6 às 20 horas. Assim, ao contrário do NCPC, os atos processuais podem ser praticados em horário
noturno.

Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados.

§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.

§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de
comunicação.

§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas,


datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.

§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem.

Pedido

Em relação aos requisitos da petição inicial, ao contrário do procedimento comum, os requisitos são simplificados.

Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.

§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:


I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;

II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;

III - o objeto e seu valor.

§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.

§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas
ou formulários impressos.

O art. 15 estabelece que o pedido poderá ser alternativo ou cumulado. Isso significa dizer que a parte pode
formular pedido alternativo (vários pedidos para que apenas um deles seja atendido) ou cumulativo (vários pedidos
para que todos sejam admitidos).

Observa-se que o procedimento dos Juizados é mais simples. Assim, uma vez apresentado o pedido, ainda que
não haja distribuição ou autuação, a parte contrária será citada para comparecer ao juízo. Logo, a citação não se dá
para a apresentação da contestação, mas para que o réu compareça para participar da conciliação.

Art. 16. Registrado o pedido, INDEPENDENTEMENTE de distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado


designará a sessão de conciliação, a realizar-se no PRAZO DE QUINZE DIAS.

Art. 17. Comparecendo inicialmente AMBAS as partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação,
dispensados o registro prévio de pedido e a citação.

Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação formal e ambos serão
apreciados na mesma sentença.

Obs.: No procedimento comum, o réu poderá contestar a ação quando citado e, no mesmo ato, apresentar o
pedido de reconvenção. A reconvenção nada mais é do que o réu formular pedidos contra o autor. Veja, a regra é que
o autor faça pedidos e o réu se defenda dos pedidos contra ele formulados. No pedido de reconvenção, o réu irá
formular pedidos contra o autor. Nos Juizados, temos uma espécie de reconvenção mais simples, denominada de
pedido contraposto. A ideia é a mesma. A partir do momento em que o réu for citado, ele poderá formular pedidos
contrapostos ao do autor, além de apresentar a sua defesa.

Citações e Intimações

Em relação à comunicação dos atos processuais, temos dois dispositivos. A citação, disciplinada no art. 18, da
Lei do JEC, e a intimação, prevista no art. 19. A citação é o ato de integração da parte ré à ação. É o ato por intermédio
do qual o réu é trazido ao processo para se defender. Essa citação poderá ocorrer de diversas formas:

Art. 18. A citação far-se-á:

I - Por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;

II - Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado;

III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que,
não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano.

§ 2º NÃO se fará citação por edital.

§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.

Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de
comunicação.

§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes.

§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se


eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação.

Revelia

A revelia é a contumácia do réu em não responder ao processo após integrado à lide. Caso o réu não compareça
à sessão de conciliação ou à sessão de instrução e julgamento, quando ele deverá apresentar a contestação, há a
revelia.

A consequência principal da revelia é que os fatos alegados pela parte autora serão considerados verdadeiros.
Isso, contudo, não impossibilita que o juiz decida de forma diferente em razão dos elementos que constam dos autos.
Isso não significa, portanto, que o juiz tenha que decidir favoravelmente ao autor.

Conciliação e do Juízo Arbitral

O réu será citado para se apresentar à audiência de conciliação. Nos dispositivos que se seguem vamos analisar
as regras relativas a essa audiência. O presidente da sessão, que será o conciliador ou juiz leigo (que não é o juiz
togado) informará às partes sobre as vantagens da conciliação e as consequências para o processo, especialmente
para a pretensão da parte autora que não poderá mais deduzir o mesmo pedido judicialmente.

se as partes chegarem a um acordo, será deduzido um termo de conciliação pelas partes acompanhadas do
conciliador e do juiz leigo. Posteriormente, esse termo é submetido à homologação judicial pelo juiz togado. Além
disso, por força da Lei 13.994/2020, essa audiência poderá ser realizada com emprego de recursos tecnológicos, como
o WhatsApp, o Skype, o Zoom. Não obstante já houvesse algumas práticas específicas em alguns tribunais no Brasil
utilizando esses recursos para a realização de audiências, agora temos a institucionalizando do meio.

Primeiro, temos a confecção do termo de conciliação, do qual participam as partes e o conciliador ou o juiz
leigo; após, esse termo é submetido à homologação pelo juiz togado.

Caso o réu, devidamente citado, não comparecer à audiência de conciliação, o conciliador ou o juiz leigo
enviarão o processo diretamente para o juiz togado a fim de que seja proferida a sentença considerando a revelia e,
portanto, a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte autora.

Caso o réu compareça, mas não seja obtida a conciliação, há duas possibilidades:
1º - seguimento com o processo perante os Juizados; ou
2º - instituição de arbitragem.
Instrução e Julgamento
Dentro da simplicidade exigida nos processos que tramitam perante os Juizados, temos que a audiência de
conciliação deve ocorrer em sequência à instrução e, posteriormente, à sessão de julgamento.

Nesse contexto, de acordo com o art. 27, da Lei do JEC, se não resultar em prejuízo à defesa, passa-se à instrução
do processo. Na instrução, o réu apresentará verbalmente contestação e serão produzidas as provas.

Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imediatamente à audiência de instrução e julgamento,
DESDE QUE não resulte prejuízo para a defesa.

Parágrafo único. NÃO sendo possível a sua realização imediata, será a audiência designada para um dos QUINZE
DIAS subsequentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes.

Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida
a sentença.

Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que possam interferir no regular prosseguimento da
audiência. As demais questões serão decididas na sentença.

Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a
parte contrária, sem interrupção da audiência.

Resposta do Réu

Em relação à resposta, temos duas regras:

Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, EXCETO argüição de suspeição
ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.

Art. 31. NÃO se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos
limites do art. 3º desta Lei, DESDE QUE fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.

Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a designação da
nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.

Provas

Em relação às provas, as regras são semelhantes às estudadas no procedimento comum. De acordo com o art.
32, todos os meios de provas são admitidos, ainda que não previstos expressamente na legislação. Contudo, conforme
estabelece o art. 33, da Lei do JEC, o juiz poderá limitar ou excluir provas excessivas, impertinentes ou protelatórias.

Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei, são hábeis para
provar a veracidade dos fatos alegados pelas partes.

Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, AINDA QUE NÃO requeridas
previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
Art. 34. As testemunhas, ATÉ O MÁXIMO DE TRÊS para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e
julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, INDEPENDENTEMENTE de intimação, ou mediante esta, se assim
for requerido.

§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes
da audiência de instrução e julgamento.

§ 2º NÃO comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata condução, valendo-se,
se necessário, do concurso da força pública.

Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a
apresentação de parecer técnico.

Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção
em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.

Art. 36. A prova oral NÃO será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos
nos depoimentos.

Por fim, registre-se que o conciliador não poderá conduzir a audiência de instrução, mas apenas o juiz leigo, sob
a supervisão do juiz togado.

Sentença

Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes
ocorridos em audiência, dispensado o relatório.

Parágrafo único. NÃO se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.

Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes
ocorridos em audiência, dispensado o relatório.

Parágrafo único. NÃO se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido (caso
a sentença seja fixada em valor superior aos 40 salários mínimos, no que exceder a esse limite, a sentença será
ineficaz).

Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz
togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização
de atos probatórios indispensáveis.

Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz
togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização
de atos probatórios indispensáveis.

§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.


Ao contrário do que vimos na primeira instância, na qual é admissível a atuação sem advogado nas ações cujo
valor da causa não ultrapasse 20 salários mínimos, perante a turma recursal as partes devem, necessariamente, se
fazer presentes por intermédio de advogados.

O recurso deve ser interposto no prazo de 10 dias, a contar da ciência da audiência e está sujeita a preparo, a
ser depositado no prazo de 48 horas a contar da interposição do recurso.

Atenção! A parte toma ciência da sentença. A partir daí inicia-se o prazo de 10 dias para interposição do recurso.
A partir do momento que a parte apresenta o recurso, ela terá prazo de 48 horas para pagar as despesas do processo
perante a turma recursal.

E se o valor do preparo não foi depositado? O recurso será considerado deserto.

Pago o valor relativo ao preparo, a Secretaria do tribunal intimará a parte contrária para apresentar
contrarrazões no prazo de 10 dias.

TODOS os recursos possuem efeito devolutivo. Significa dizer que todos os recursos enviam (devolvem) a
matéria para que o órgão ad quem (no caso, a turma recursal) faça nova análise. Essa é a regra para os processos que
tramitam perante os Juizados Especiais. Contudo, no caso de comprovação que o recurso e a demora na decisão
possam implicar dano irreparável à parte, admite-se a concessão de efeitos suspensivos ao recurso.

Embargos de Declaração

Os embargos de declaração estão disciplinados no NCPC e trata-se de recurso que, diferentemente dos demais,
não tem por finalidade cassar ou reformar a decisão proferida. Pretende-se, com os embargos de declaração,
esclarecer, integrar, corrigir e completar a decisão prolatada. As hipóteses de cabimento são as seguintes:

No âmbito dos Juizados, o recurso poderá ser interposto oralmente ou por escrito, no prazo de 5 dias
e são cabíveis contra as sentenças.

Para encerrar as regras referentes aos embargos, você deve lembrar que a interposição do recurso de
embargos interrompe o prazo para interposição de outros recursos. Assim, julgado o recurso de embargos de
declaração, todo o prazo será restituído à parte para que possa apresentar outros recursos, como a apelação à turma
recursal.
Extinção do Processo

Art. 51. EXTINGUE-SE o processo, além dos casos previstos em lei:

I - Quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo;

II - Quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;

III - Quando for reconhecida a incompetência territorial;

IV - Quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei; (Art. 8º NÃO poderão ser
partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas
públicas da União, a massa falida e o insolvente civil).

V - Quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de trinta dias;

VI - Quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do
fato.

§ 1º A extinção do processo INDEPENDERÁ, em qualquer hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.

§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que a ausência decorre de força maior, a parte poderá
ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.

Execução

Em relação ao procedimento de execução no âmbito dos Juizados, temos dois dispositivos para analisar. Apenas
a título de esclarecimento, o art. 52 trata da execução de sentenças dos juizados (cumprimento de sentença). O art.
53, por sua vez, trata da execução de título extrajudicial.

A regra é a adoção do procedimento de cumprimento de sentença e de execução previstos no NCPC.

Contudo, nos incisos do art. 52 temos a fixação de uma série de particularidades que devemos conhecer.

Vamos a elas:

i) Nos juizados não há procedimento de liquidação de sentença, pois todas as sentenças devem ser líquidas e
prontamente executáveis. Desse modo, se necessário algum cálculo para apurar juros ou mora, por exemplo, os
próprios servidores serão encarregados de fazê-lo, sem a necessidade de envio do processo a peritos calculistas.

ii) Como as audiências devem ocorrer de forma concentrada, temos a possibilidade de a sentença ser prolatada
na própria sessão, caso em que a parte será intimada para cumprir a sentença logo que houver o trânsito em julgado.
Caso o réu não cumpra, o vencedor da ação poderá requerer a execução verbalmente, sem a necessidade de nova
citação do executado.

iii) No caso de obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer, o cumprimento poderá ser induzido pela fixação
de multa diária (astreintes), que podem ser majoradas e, caso não haja cumprimento, o juiz irá convertê-las em perdas
e danos. Contudo, nessas obrigações, a determinação do cumprimento por terceiros ou a conversão em perdas e
danos possui caráter excepcional e somente poderá ser determinada se não houver meio para forçar o réu a cumprir
a tutela específica (obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer).

iv) Em relação à alienação de bens no âmbito dos juizados, devemos saber que, uma vez penhorados, os bens
devem ser alienados por particulares até a data da alienação pública (praça ou leilão). Se o preço pretendido na
alienação for inferior ao valor da avaliação, as partes devem ser ouvidas e, caso o pagamento seja parcelado, é
necessário oferecer caução.

v) Admite-se a oposição de embargos à execução nos juizados nas seguintes situações: falta ou nulidade da
citação no processo, se ele correu à revelia; manifesto excesso de execução; erro de cálculo; e causa impeditiva,
modificativa ou extintiva da obrigação, superveniente à sentença.

Em relação ao processo de execução de título executivos extrajudiciais, para que possam ser executados perante
os Juizados Especiais, eles NÃO podem ser superiores a 40 salários mínimos. Em relação ao procedimento, novamente
adotamos as regras gerais do NCPC.

Quanto às especificidades, é importante que tenhamos em mente que o procedimento comporta quatro fases:

1. penhora;

2. audiência de conciliação;

3. embargos;

4. rejeitados os embargos, executa-se com observância da regra do cumprimento de sentença.

Despesas

Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO, do pagamento de
custas, taxas ou despesas.

Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas
processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência
judiciária gratuita.

Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados
os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado,
que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do
valor corrigido da causa.

Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, SALVO quando:

I - Reconhecida a litigância de má-fé;

II - Improcedentes os embargos do devedor;

III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do devedor.

LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA

Os Juizados Especiais da Fazenda Pública são criados com uma finalidade específica: conciliar, processar e julgar
causas cíveis de interesses dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios, quando o valor da causa não
atingir 60 salários mínimos.

Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de
interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ATÉ O VALOR DE 60 (SESSENTA) SALÁRIOS
MÍNIMOS.

§ 1º NÃO se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:

I – As ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por


improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos;

II – As causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações
públicas a eles vinculadas;

III – As causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão impostam a servidores públicos
civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.

§ 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a
soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder o valor referido no caput
deste artigo.

O §2º traz uma regra específica que trata de obrigações parceladas. Por exemplo, se o Estado-membro tiver um
crédito de 10 parcelas de R$ 6.000,00 não poderá demandar perante a Fazenda Pública, pois o total de parcelas,
vencidas e vincendas (a vencer), ultrapassa o limite de 60 mínimos.

Pergunta-se: Um crédito de 60 parcelas de R$ 2.000,00 cada, poderá ser exigido perante o Juizado Especial de
Fazenda Pública? Sim, poderá! Embora o montante total da dívida ultrapasse o limite de 60 salários mínimos, devemos
considerar apenas a soma das 12 parcelas vincendas e eventuais vencidas. Se esse somatório não atingir mais de R$
57.240,00, poderá ser exigido perante o Juizado.

Quanto ao §4º, ele determina que a competência do Juizado, embora fixada em razão do valor da causa, é
absoluta, ou seja, não poderá ser convencionada pelas partes. Desse modo:
§ 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta.

Art. 5o Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:

I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte;

II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como autarquias, fundações e
empresas públicas a eles vinculadas.

Em relação às regras processuais aplicáveis aos Juizados de Fazenda Pública, cumpre observar os arts. 6º a 12
da Lei. Como você vai notar ao desenvolvermos os assuntos, a legislação é pontual e remissiva. Pontual, pois a
disciplina é bem específica; e remissiva, pois reporta-se ao Código de Processo Civil.

Em linhas gerais, as regras processuais são as seguintes:

I. Aplicação do NCPC em relação às citações e intimações;


II. Inexistência de benefício do prazo em dobro.
III. A citação deve ocorrer com antecedência mínima de 30 dias.
IV. Admite-se a conciliação, a transação e a desistência nos processos que tramitam perante os Juizados de
Fazenda Pública.
V. Admite-se, em caráter excepcional, a realização de prova técnica (perícia) devendo o expert apresentar
o laudo em até 5 dias antes da audiência.
VI. Não há reexame necessário nos Juizados de Fazenda Pública.
Obs.: A regra do duplo grau de jurisdição obrigatório, compreendida como exigência para a eficácia da sentença
condenatória em face da Fazenda Pública não se aplica aos processos que tramitam perante os Juizados de Fazenda
Pública.
Com a sentença de mérito, há de se verificar se procedentes e, nesse caso, se haverá necessidade de
cumprimento. O cumprimento depende da natureza da sentença. Vale dizer, você deverá analisar se a sentença foi
condenatória para o pagamento de quantia, se ela determina uma obrigação de fazer, ou de entregar coisa, ou se
prevê uma declaração de uma relação jurídica. Esses exemplos evidenciam que o cumprimento ocorrerá de formas
diferentes.
 obrigação de fazer;
 obrigação de não fazer; e
 obrigação de entregar coisa certa.

O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em julgado, que imponham obrigação de fazer, não
fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado mediante ofício do juiz à autoridade citada para a causa, com cópia da
sentença ou do acordo. Note que o cumprimento se dá mediante a expedição de um ofício do juiz determinando a
observância do que foi decidido. Apenas isso! Cada ação especificamente considerada poderá conter uma dessas
obrigações a serem observadas.

Art. 13. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento
será efetuado:
I – No prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega da requisição do juiz à autoridade citada para a
causa, independentemente de precatório, na hipótese do § 3o do art. 100 da Constituição Federal; ou

II – Mediante precatório, caso o montante da condenação exceda o valor definido como obrigação de pequeno
valor.

Note, portanto, que temos a adoção da sistemática de pagamento por intermédio de precatórios ou de
requisições de pequeno valor (RPV). A depender do valor da condenação, vamos adotar uma ou outra forma de
pagamento. Para que você tenha ideia das faixas de valores, confira a tabela abaixo:

Quando estivermos diante do RPV, o ente federativo que foi condenado ao pagamento de quantia certa é
obrigado a efetuar o pagamento. Caso não o faça, vamos aplicar a regra do §1º que prevê a aplicação da penalidade
de sequestro de valores do Estado para dar cumprimento ao decidido judicialmente.

Obs.: Existem algumas regras, e a primeira é que não é admissível o fracionamento do valor da condenação para
receber uma parcela em RPV e o restante em precatório. Por exemplo, não poderá a parte que obteve uma
condenação contra a Fazenda Pública Federal, no importe de 100 salários mínimos, requerer que 60 salários sejam
pagos na forma do RPV e os 40 restantes sejam pagos na forma do precatório. Nesse caso, TUDO deve ser inserido
como pagamento em precatório.

A segunda regra prevê que, se o valor ultrapassar o montante, haverá automática inserção na modalidade de
precatórios para pagamento, a não ser que a parte credora abra mão da diferença. Por exemplo, a parte obtém um
crédito em favor da União Federal no montante de 61 salários mínimos. Nesse caso, o pagamento dar-se-á, em regra,
pelo precatório, exceto se a parte aceitar o recebimento de apenas 60 salários mínimos, abrindo mão do valor
excedente.

A vantagem do RPV é a agilidade no pagamento e a possibilidade de sequestro em face do não pagamento, o


que não ocorre no caso do precatório que tende a demorar sensivelmente mais para que haja efetivo pagamento pelo
Poder Público.

Dada a possibilidade de conciliação nos Juizados de Fazenda Pública, a lei reserva dois artigos para disciplinar a
atuação dos conciliadores. Esses conciliadores terão por finalidade eliminar eventuais barreiras na comunicação e na
compreensão dos fatos que estejam, eventualmente, impedindo a parte de chegar a uma solução amistosa para a lide.

Temos, ainda, disciplina relativa aos juízes leigos que terão a responsabilidade de conduzir a audiência sob a
supervisão do juiz e também de minutar a sentença, que será, posteriormente, objeto de homologação judicial.
No caso da conciliação, a ideia do instituto é chegar à autocomposição, ao acordo. No caso do juiz leigo, a
pretensão é conferir agilidade no processamento e no julgamento das ações que tramitam perante os Juizados.

O art. 15 estabelece alguns requisitos para as pessoas que pretendem atuar na função:

Art. 15. Serão designados, na forma da legislação dos Estados e do Distrito Federal, conciliadores e juízes leigos
dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.

§ 1o Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre
os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 2 (dois) anos de experiência.

§ 2o Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante todos os Juizados Especiais da Fazenda
Pública instalados em território nacional, enquanto no desempenho de suas funções.

Art. 16. Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, conduzir a audiência de conciliação.

§ 1o Poderá o conciliador, para fins de encaminhamento da composição amigável, ouvir as partes e testemunhas
sobre os contornos fáticos da controvérsia.

§ 2o NÃO obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a instrução do processo, podendo dispensar novos
depoimentos, se entender suficientes para o julgamento da causa os esclarecimentos já constantes dos autos, e não
houver impugnação das partes.

No âmbito dos Juizados, não temos um órgão superior (ad quem) responsável pelo exercício do duplo grau de
jurisdição. A regra seria, portanto, o encaminhamento do recurso diretamente ao Tribunal. Isso, contudo, faria perder,
em grande parte, a vantagem dos Juizados, que é a celeridade.

Em face disso, a saída encontrada foi a adoção de Turmas Recursais, compostas por juízes que exercem
mandatos temporários de até dois anos, sem possibilidade de recondução, a não ser que não haja, na sede, outro juiz
para o exercício da função.

Cria-se, assim, um sistema recursal específico para tratar dos recursos contra as decisões dos Juizados Especiais
de Fazenda Pública.

O próprio dispositivo fala em “turmas”, no plural, indicando que são criadas mais de uma turma para o exercício
da análise dos recursos. Isso ocorre dado o volume de trabalho e também para que sejam assegurados os princípios
informadores do sistema processual dos juizados, especialmente o da celeridade.

Entre as possibilidades de recurso admitidas, temos o pedido de uniformização de interpretação entre decisões
díspares das Turmas. Assim, quando houver divergência de entendimento entre Turmas do mesmo Tribunal sobre
aspectos de direito material, o pedido poderá ser suscitado com vistas à fixação de entendimento a ser adotado no
âmbito de todo o Tribunal.

Note que a regra para o julgamento do pedido de uniformização de jurisprudência é a reunião das Turmas
conflitantes para fixação do entendimento jurídico prevalecente.

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