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MANUAL UFCD 8924

ATIVIDADE PSICOMOTORA COM POPULAÇÃO IDOSA

Formadora: Andreia Dias

K.FP.413.01
FICHA TÉCNICA

Tipologia de Recurso: Manual do Formando


Curso: Curso de Técnico/a de Geriatria
Formadora: Andreia Dias
Autoria: Andreia Dias
Data: 2022

K.FP.413.01
ÍNDICE
FICHA TÉCNICA....................................................................................................................................... 1
ÍNDICE ................................................................................................................................................... 1
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................ 2
OBJETIVOS ............................................................................................................................................. 3
CONTEÚDOS .......................................................................................................................................... 3
1 Isolamento e Imobilidade ................................................................................................................ 4
1.1 Isolamento ............................................................................................................................................ 4
1.1.1 Fatores pessoais e sociais .............................................................................................................. 5
1.2 Imobilidade ........................................................................................................................................... 7
1.2.1 Implicações clínicas da imobilidade............................................................................................... 8
2 Principais problemas motores nos idosos ......................................................................................... 9
2.1 Força Muscular ..................................................................................................................................... 9
2.2 Flexibilidade ........................................................................................................................................ 10
2.3 Velocidade .......................................................................................................................................... 12
2.4 Amplitude de movimentos ................................................................................................................. 13
3 Aspetos Psicomotores no envelhecimento normal e patológico ...................................................... 14
3.1 Aspetos psicomotores no envelhecimento normal ........................................................................... 15
3.2 Aspetos Psicomotores no envelhecimento patológico ...................................................................... 17
4 Principais problemas psicomotores nos idosos ............................................................................... 18
4.1 Tonicidade .......................................................................................................................................... 18
4.2 Equilíbrio............................................................................................................................................. 19
4.3 Lateralidade ........................................................................................................................................ 19
4.4 Esquema corporal e Imagem corporal ............................................................................................... 20
4.5 Estruturação espácio-temporal .......................................................................................................... 20
4.6 Motricidade Global e Fina .................................................................................................................. 21
5 Atividades motoras/físicas a implementar com a população idosa.................................................. 23
6 Atividades de Estimulação sensorial nos idosos .............................................................................. 27
7 Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 28

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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Exemplo de Planificação de atividades motoras ............................................................................... 27
Figura 2 Exemplo de Planificação de atividades sensoriais ............................................................................. 27

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OBJETIVOS
1. Reconhecer as implicações do isolamento e imobilidade na população idosa.
2. Identificar os principais problemas motores e psicomotores nos idosos.
3. Acompanhar o idoso nas atividades motoras básicas e de estimulação sensorial em função
das necessidades dos idosos, de acordo com as orientações da equipa técnica.

CONTEÚDOS

1. Isolamento e imobilidade
o Consequências físicas e psicossociais
2. Principais problemas motores no idoso
o Força
o Resistência
o Flexibilidade
o Velocidade
o Amplitude de movimentos
3. Principais problemas psicomotores dos idosos
o Tónus
o Equilibração
o Lateralização
o Esquema corporal e imagem corporal
o Estruturação espácio-temporal
o Coordenação motora
o Motricidade fina
4. Aspetos psicomotores no envelhecimento normal e patológico
5. Atividades motoras/físicas a implementar com a população idosa
o Preparar atividades motoras básicas em função das necessidades dos idosos
o Acompanhamento dos idosos na prática psicomotora
6. Atividades de estimulação sensorial nos idosos
o Estimulação visual, propriocetiva, auditiva, olfativa e gustativa

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1 Isolamento e Imobilidade

Muitos estudos mostram-nos que a população idosa tende a aumentar exponencialmente se


compararmos com a população mais jovem, e este acontecimento não ocorre só em Portugal. Esse
número faz-nos pensar na importância de futuros profissionais de saúde, como o Técnico de
Geriatria, como forma de dar resposta a esta necessidade que tanto nos preocupa.
Já sabemos, em módulos anteriores, que o envelhecimento ocorre a longo da vida e define-se
como um processo contínuo, gradual e natural, inerente ao ser vivo, à pessoa. As alterações
biopsicossociais que ocorrem ao longo do envelhecimento e que fazem parte deste, não são
uniformes, ou seja, podem ocorrer diferentes alterações em cada indivíduo, e isso depende de
diversos fatores sejam eles ambientais, genéticos, biológicos, psicológicos e sociais.
Para além do processo natural do envelhecimento, juntamos um problema que muitos idosos
têm vindo a sofrer com o passar dos anos, onde a família assume um papel diferente na vida social
e familiar – a solidão e o isolamento social. Ambos, possibilitam o agravamento de doenças
mentais, como a demência e a depressão. É no cuidado, no incentivo e na companhia aos idosos
que entram os/as técnicos/as de geriatria como figura crucial para o bem-estar destas pessoas.

1.1 Isolamento

Conceito de isolamento: Ação ou efeito de isolar, de separar dos demais; separação. Estado de uma
coisa ou de uma pessoa isolada.

A solidão e isolamento são dos problemas que mais afetam a população idosa em Portugal.
Saber como evitar e como combater o isolamento de idosos é crucial para perceber este sentimento
e conseguir ajudar aqueles que o rodeiam.
Existem várias causas que podem levar ao isolamento de idosos e a sentimentos controversos como
a solidão, tristeza e depressão. Além disso, importa perceber que a solidão está ligada à saúde, uma
vez que esta conjuga o estado de completo bem-estar, nomeadamente físico, mental e social.

A saúde tem um papel bastante importante na qualidade de vida do idoso e interfere com o seu
bem-estar.

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o A solidão está intrinsecamente ligada à saúde, uma vez que esta se define pelo estado de
completo bem-estar físico, mental e social.
o A solidão é um sentimento causado por uma ausência de algo ou perda de alguém.
o A solidão pode ter o mesmo impacto que o stresse crónico na nossa saúde cerebral e
também pode afetar os nossos sistemas endócrino e imunológico, o que pode contribuir
para o aparecimento de doenças.
o Estima-se que 70% dos idosos têm um problema de saúde grave associado à solidão e 10%
padecem de solidão maligna, o que compromete sua saúde física e emocional.
o As doenças mais comuns associadas à solidão são a hipertensão arterial, as infeções
repetidas, a ansiedade e a depressão. (fonte: Portugal Sénior).
o Cerca de 400 mil idosos vivem sozinhos em Portugal.

1.1.1 Fatores pessoais e sociais

Existem fatores pessoais e sociais que contribuem para o isolamento e solidão.

Visão geral:
 Crise de identidade – perda da autoestima, devido à ausência de papel social;
 Mudanças de papéis – adequações a novos papéis decorrentes do aumento do seu tempo
de vida. Essas mudanças ocorrem no trabalho, na família e na sociedade;
 Aposentadoria (reforma) – os idosos devem estar preparados para não ficarem isolados,
deprimidos e sem rumo;
 Perdas diversas – inclui as perdas no campo aquisitivo, na autonomia, na independência, no
poder de decisão, e na perda de parentes e amigos;
 Diminuição dos contactos sociais – esta redução decorre de suas possibilidades;
 Falta de motivação;
 Sintomas depressivos e de ansiedade.

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Visão específica:

 Solidão depois da reforma: A solidão e o isolamento de idosos podem surgir devido ao


término da atividade laboral, uma vez que existe uma mudança no modo de vida e pode
levar à sensação de perda de utilidade social. A reforma está, também, associada à perda de
rendimento, de prestígio, de sentido, de competência, de utilidade e afastamento de alguns
contactos sociais. Deste modo, a reforma favorece e proporciona o isolamento, a inatividade
e, por consequência, a depressão e solidão.
 Isolamento pós-viuvez: A viuvez é, também, muitas vezes associada ao isolamento de idosos.
A perda do cônjuge pode gerar sentimentos de solidão e abandono. Muitas vezes, são os
próprios idosos que se isolam e se privam de atividades sociais. Nesta fase, os amigos têm
um papel muito importante na criação de laços de convívio, de desabafo e de partilha de
experiências.
 Abandono dos idosos pela família: O abandono por parte de familiares faz com que o
sentimento de solidão seja mais acentuado, principalmente se forem abandonados em lares
ou asilos.

Um estudo com mais de 1200 pessoas entre os 50 e os 101 anos concluiu que:

 20,4% são mulheres e 7,3% são homens;


 as pessoas com menor escolaridade apresentam mais solidão (25,8%);
 o sentimento de solidão aumenta com a idade: 9,9% dos 50-64 anos; 26,8% com 85 anos ou
mais;
 é mais frequente nas pessoas viúvas (30,6%) e nas pessoas solteiras (15,8%) do que em
pessoas casadas (9,2%).

Existem fatores de risco comuns para o isolamento social e solidão?


Sim. São vários os fatores de risco para o isolamento social e/ou solidão:

 pobreza ou pressões financeiras: podem impossibilitar a realização de atividades de convívio


ou lazer;

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 institucionalização: a entrada de pessoas para instituições como centros de reabilitação,
centros de dia ou lares de idosos pode dificultar a sua integração social;
 diminuição do estado de saúde: a fraca mobilidade e acessibilidade facilitam o isolamento
social;
 arquitetura residencial: a organização das habitações pode levar ao isolamento físico das
pessoas;
 a ausência do cônjuge, amigos ou colegas: as pessoas que não têm filhos, se reformam, ficam
viúvas, perdem outros familiares ou amigos próximos, ou que são abandonadas pelos
familiares, sobretudo, se forem idosos, têm um risco acrescido de isolamento;
 episódios súbitos negativos: por exemplo, o falecimento do cônjuge, mudança de casa ou
desemprego ou trabalho a partir de casa podem desencadear o isolamento e solidão;
 violência: pessoas que sofrem de maus tratos têm maior risco de ficarem isoladas;
 doença mental: a depressão, por exemplo, representa um fator de risco de isolamento e de
solidão;
 cuidadores informais: estão mais expostos a situações de isolamento, fraca saúde física e
mental e distanciamento do mercado de trabalho.

https://www.sns24.gov.pt/guia/a-solidao-e-o-isolamento-social/

1.2 Imobilidade

Conceito de Imobilidade - característica ou condição do que não se move; qualidade do que não
possui nem apresenta movimento(s); repouso. Ação que consiste em continuar ou ficar muito
tempo num só lugar; paragem ou estacionamento.

Podemos definir Imobilidade como uma situação de repouso prolongado que pode ser
voluntário ou involuntário, parcial ou total.
Hoje fala-se muito de Síndrome de Imobilidade, que consiste num conjunto de alterações
que ocorrem no doente que permanece imobilizado no leito. A Imobilidade a par da solidão e
isolamento são dos problemas que mais afetam a população idosa em Portugal. Saber como evitar

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e como combater o isolamento de idosos é crucial para perceber este sentimento e conseguir ajudar
aqueles que o rodeiam.
Quando se fala de imobilidade pensa-se no indivíduo que está sempre deitado, no entanto,
a redução de força muscular que leva a uma incapacidade de marcha gera também uma Síndrome
da Imobilidade Prolongada, mas neste caso, como é comum nas Instituições que acolhem idosos e
pessoas portadoras de deficiência, de posição sentado prolongada.
O aspeto dinâmico do corpo, ou seja, a capacidade/necessidade que o corpo tem de se
movimentar, é um dos principais responsáveis pela nossa saúde. Qualquer alteração desta dinâmica
afetará, mais cedo ou mais tarde, tanto os músculos como as estruturas responsáveis pelos atos
motores.

Considera-se que:
 Entre 7 a 10 dias - período de repouso;
 Entre 12 a 15 dias – imobilização;
 Mais de 15 dias - decúbito de longa duração.
(KANOBEL, 2004)

Os efeitos da imobilidade são definidos como uma redução na capacidade funcional dos
sistemas ósseo, muscular, respiratório, cardiovascular, urinário e linfático. A imobilidade
prolongada pode alterar também o estado emocional da pessoa, podendo esta apresentar
ansiedade, apatia, depressão, alterações de humor, isolamento social.

1.2.1 Implicações clínicas da imobilidade

 Disfunções osteoarticulares: as articulações tornam-se mais rígidas devido ao aparecimento


de fibroses (são como “teias de aranha” que se instalam em redor das estruturas ósseas
dificultando o seu movimento) e o líquido que as “alimenta” (líquido sinovial) diminui. Este
líquido deixa de fluir adequadamente podendo extravasar pelas estruturas à sua volta
causando inchaço articular. A probabilidade de osteoporose aumenta consideravelmente.

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 Disfunções musculares: os músculos perdem flexibilidade, ou seja, capacidade de contrair e
relaxar. Sendo assim, instala-se uma atrofia muscular e consequente perda de força
muscular.

 Disfunções respiratórias: os nossos pulmões utilizam músculos para respirar. Sendo que
existe uma perda de força muscular, a respiração é afetada, principalmente, na posição de
deitado, pois a atuação da força da gravidade dificulta os movimentos respiratórios. Verifica-
se, então, uma diminuição da capacidade vital.

 Disfunções do sistema cardiovascular: diminuição do volume total de sangue, redução da


concentração de hemoglobinas (que pode originar situações de anemia) e diminuição do
consumo máximo de oxigénio.

 Disfunções do sistema urinário e linfático: sendo que ambos os sistemas utilizam o


movimento e a força da gravidade a seu favor, em situações de Síndrome de Imobilidade
Prolongada o seu funcionamento está comprometido, causando: retenção de líquidos e
inchaço – especialmente dos membros inferiores e ventre.

2 Principais problemas motores nos idosos

2.1 Força Muscular

O envelhecimento é um processo onde ocorrem alterações fisiológicas, morfológicas,


bioquímicas e psicológicas, ocasionando perdas e maior dificuldade de adaptação. A redução da
massa e da força muscular decorrentes do envelhecimento (sarcopenia) são aspetos facilmente
observados e tem sido amplamente associados ao declínio funcional do idoso, levando a um maior
risco de quedas, fraturas, internamento e morte.
Fatores como a diminuição nos níveis de atividade física, alimentação deficitária, desordens
hormonais e do sistema nervoso central (SNC), entre outros, têm grande influência na instalação da
sarcopenia. Esse processo ocorre em indivíduos sedentários e também nos fisicamente ativos,

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porém a atividade física praticada desde cedo tem o poder de retardar a perda e o impacto na
funcionalidade e qualidade de vida dos idosos.
A sarcopenia aparenta ser um processo inevitável de origem multifatorial que está
amplamente relacionada ao declínio da capacidade funcional no idoso, podendo ser revertida por
reposição hormonal, suplementação nutricional e pela prática do exercício físico, que se apresenta
como a forma mais poderosa para restabelecer os níveis de força.
Por outro lado, sabemos que sendo um processo complexo, o envelhecimento resulta da
interação de diversos fatores como: fatores genéticos, estilo de vida, doenças crônicas,
determinando o declínio da capacidade funcional. Dentre as doenças mais relacionadas ao
envelhecimento, as mais prevalentes são as alterações sensoriais, as doenças ósseas,
cardiovasculares e o diabetes.
A redução da massa e da força muscular decorrentes do envelhecimento (sarcopenia) são
aspetos observados facilmente no idoso. Essa fraqueza e atrofia muscular, que geralmente acomete
mais membros inferiores, têm sido amplamente associadas ao declínio funcional do indivíduo
longevo, levando assim à perda gradual de equilíbrio estático e dinâmico, tornando maior o risco de
quedas, fraturas, internamento e morte.
As quedas são a principal causa de morte entre idosos. A quantidade de idosos internados
com fraturas causadas por quedas cresce de forma alarmante.
Os gastos do Sistema Nacional de Saúde (SNS) no tratamento de pacientes da terceira idade
aumentam a cada ano. Um simples desequilíbrio pode causar sérios prejuízos à qualidade de vida
daqueles que têm mais de 60 anos e, nos casos mais graves, o acidente pode até levá-los à morte.

2.2 Flexibilidade

A flexibilidade é a capacidade física responsável pela execução voluntária de um movimento


de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites
morfológicos, sem o risco de provocar lesões.
Condições mínimas de amplitude nos movimentos são necessárias para boa qualidade de vida
e, geralmente, a flexibilidade mantém correlação direta com a idade fisiológica das pessoas. Com o

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envelhecimento a flexibilidade tende a diminuir significativamente em virtude de vários fatores
biológicos e sua diminuição poderia ser acentuada também pela inatividade do indivíduo.
A flexibilidade é uma qualidade física básica essencial para a vida das pessoas. Ela está
presente, não somente no desporto, mas também no trabalho, nas atividades de lazer, nas
atividades de higiene, vestir, enfim, desde as atividades mais rudimentares do homem às mais
complexas. Indivíduos com baixa flexibilidade possuem dificuldades para desempenhar essas
atividades. No caso de pessoas idosas, o desenvolvimento de tais atividades torna-se ainda mais
complicado, e, quanto menor for o nível de flexibilidade, maior a dificuldade e desconforto para
realiza-las por mais básicas e simples que algumas destas atividades possam ser.

Fatores influenciadores da flexibilidade:


O grau de flexibilidade de uma articulação tem influência direta com diversos fatores, como:
a) Mobilidade: no tocante ao grau de liberdade de movimento da articulação;
b) Elasticidade: com referencia ao estiramento elástico dos componentes musculares;
c) Plasticidade: grau de deformação temporária que estruturas musculares e articulações
devem sofrer, para possibilitar o movimento;
d) Maleabilidade: modificações das tensões parciais da pele, fruto das acomodações
necessárias no segmento considerado.

Dentre os fatores endógenos apresentados acima, a flexibilidade relaciona-se, principalmente,


à maleabilidade da pele e à elasticidade muscular que são poderosamente influenciadas por alguns
fatores, tais como idade e sexo. Quanto mais velha é a pessoa, menor será sua flexibilidade e
geralmente as mulheres são mais flexíveis que os homens.

Flexibilidade na terceira idade:


A flexibilidade é um componente da aptidão física que, em decorrência da inatividade física, é
perdida rapidamente. E como grande parte dos idosos, são fisicamente inativos, essa perda torna-
se mais evidente ainda.
Idosos, geralmente, são menos flexíveis, e consequentemente possuem menor mobilidade
articular e elasticidade muscular. A flexibilidade está presente em muitas atividades do ser humano,

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e para retardar os efeitos do envelhecimento sobre a mesma, exercícios específicos para melhora e
manutenção, devem ser praticados.
A qualidade de vida e o bem-estar das pessoas estão diretamente ligados à flexibilidade, em
virtude da correlação desta com a motricidade humana.
Os alongamentos, que são práticas regulares e orientadas, além de combater o estresse, e
reduzir as tensões musculares, ajuda na coordenação motora global, melhorando assim as
capacidades para outras atividades do cotidiano.
Essas afirmações evidenciam que idosos que apresentam boa flexibilidade conseguem
desempenhar sua atividade diária com maior facilidade, tornando-os mais independentes com
relação a estas atividades e consequentemente aumentando sua autoestima, motivação e algo
muito importante para o indivíduo desta idade: a autonomia funcional.
Os músculos, tendões, ligamentos e tecidos conectivos tendem a melhorar suas propriedades
elásticas mediante programas regulares de exercícios que englobem amplitudes de movimento
acima das habituais, com repercussões benéficas em diversas dimensões.
O trabalho de flexibilidade se difere em duas modalidades: flexibilidade ativa que atua sobre a
elasticidade muscular, no componente elástico e miofilamentos, onde ficam os maiores causadores
da redução da flexibilidade dos idosos. E o alongamento, que propicia a manutenção da flexibilidade
por trabalhar em níveis submáximos ao limite articular.
Portanto devemos diferenciar e ter bem claro em mente que o alongamento somente mantém
os níveis flexibilidade, enquanto a flexibilidade melhora os níveis deste componente.

2.3 Velocidade

A diminuição da força dos membros inferiores, diminuição da velocidade dos passos, dores
provenientes de artrose do quadril, são identificados como fatores de risco para quedas. As
alterações que ocorrem no padrão de marcha são apontadas como um dos motivos que provoca a
queda.

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Uma das alterações é a diminuição da velocidade de marcha em relação ao jovem, onde os
passos são mais curtos e o tempo de duplo apoio aumenta, buscando-se maior estabilidade, porém
paradoxalmente, esta estratégia está relacionada a indivíduos com maior risco de queda.
A diminuição da velocidade da marcha também está associada ao avanço da idade e diversos
são os fatores que podem explicar este comportamento, como a busca de estabilidade do corpo,
diminuição na flexibilidade das articulações, principalmente do tornozelo, joelho e quadril,
alterações na proprioceção, mudança das capacidades sensoriomotoras.
A projeção do tronco à frente, a qual está associada a alterações de parâmetros espaciais e
temporais, gerando instabilidade e provocando um balanço alterado do tronco no sentido antero-
posterior, é apontada como outro fator que altera o padrão de marcha em idosos.
O indivíduo idoso apresenta maior aceleração horizontal da cabeça, transformando-a numa
plataforma menos estável para o sistema visual. A velocidade de contato do calcanhar é maior que
no adulto jovem, havendo redução do poder de absorção mecânica no joelho, além da ativação dos
isquiotibiais ser tardia, aumentando o risco de deslize e queda.
Ocorre também diminuição do comprimento do passo, aumento do tempo na fase de apoios
simples e duplo, ocorrendo menor força propulsiva na fase de impulsão, o que faz o idoso buscar
um padrão de marcha mais seguro.
Tentando aumentar a estabilidade o indivíduo aumenta também a largura de seus passos,
com o objetivo de diminuir a oscilação lateral do tronco que também ocorre nesta população e
aumenta a dificuldade para transpor obstáculos.

2.4 Amplitude de movimentos

O idoso dos nossos dias cresceu numa era industrial e tecnológica, onde a presença de carros,
elevadores e escadas rolantes reduziram em muito a quantidade de movimento corporal realizado
no quotidiano, por cada indivíduo.
Ao ritmo que as sociedades vão evoluindo, ao nível tecnológico, poder-se-á prever uma
redução cada vez mais acentuada da ação do corpo, pois cada vez mais as máquinas realizarão as
atividades pela pessoa.

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Por outro lado, a institucionalização dos idosos em lares e residências sénior retiram ainda
hoje responsabilidade e movimentos a quem lá passa a residir. Em pessoas saudáveis admite-se que
a capacidade e a liberdade de executar movimentos geram conforto, levando ao bem-estar.
Com o envelhecimento, surge um aumento da densidade na cartilagem e nos tecidos ao seu
redor, além da tendência à perda da elasticidade dos músculos, ao desenvolvimento da artrite e de
outras patologias do aparelho locomotor, que intensificam a restrição do movimento articular,
reduzindo a flexibilidade
A perda de flexibilidade e da elasticidade muscular durante o processo de envelhecimento são
as causadoras da diminuição da mobilidade articular e consequente amplitude de movimentos, no
idoso. A amplitude de movimento de joelhos diminui com a idade e isso leva à ocorrência de quedas
em idosos.

3 Aspetos Psicomotores no envelhecimento normal e patológico

Ao longo de todas as fases da vida, a idade marca a passagem do tempo, que é expressa através
corpo. Socialmente, o envelhecimento é um processo marcado por desgaste, limitações, perdas
físicas e de papéis sociais.
Na maioria dos casos, as perdas, manifestam-se em problemas de saúde que são vistos, em
grande parte, na aparência do corpo. Nessa etapa, o ser humano fica mais sujeito às perdas
evolutivas em vários domínios, em virtude de sua programação genética, de eventos biológicos,
psicológicos e sociais característicos de sua história individual.
Além destas alterações típicas da idade, os idosos seguem também um processo de
envelhecimento psicomotor, ao qual denominam de retrogénese psicomotora, e que é
acompanhada de alterações funcionais específicas psicomotoras.
Como já vimos as alterações psicomotoras características do processo de envelhecimento
encontram-se relacionadas com limitações ao nível da força, da resistência, da flexibilidade, da
velocidade e ainda da amplitude de movimentos.
Neste sentido, é importante manter o equilíbrio, a coordenação do movimento e a destreza.
Nesta fase, verifica-se também uma redução das capacidades cognitivas que se relacionam com o

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tratamento da informação. Os processos atencionais são especialmente afetados, bem como o
processo de seleção e programação da resposta motora.
As características do movimento realizado por determinado idoso podem ser completamente
distintas quando comparadas com outro idoso, mesmo que ambos sejam da mesma idade. Contudo,
de um modo geral, os idosos realizam movimentos bastante mais lentos e com enorme variedade
de performances, além de que os tempos de reação e de movimentos são mais extensos e
igualmente variáveis.

3.1 Aspetos psicomotores no envelhecimento normal

No processo natural do envelhecimento, haverá características anatómicas, funcionais e


psicossociais distintas. As alterações anatómicas são principalmente as mais visíveis e manifestam-
se em primeiro lugar. A pele que resseca, tornando-se mais quebradiça e pálida, perdendo o brilho
natural da jovialidade. Os cabelos que embranquecem e caem com maior frequência e facilidade
não são mais naturalmente substituídos, principalmente nos homens.
O enfraquecimento do tónus muscular e da constituição óssea leva a mudanças na postura do
tronco e das pernas, acentuando ainda mais as curvaturas da coluna torácica e lombar. As
articulações tornam-se mais endurecidas, reduzindo assim a extensão dos movimentos e
produzindo alterações no equilíbrio e na marcha.
Nas vísceras, produz-se uma alteração causada pelos elementos glandulares do tecido
conjuntivo e certa atrofia secundária, como a perda de peso. Quanto as alterações orgânicas que
ocorrem com o aumento da idade cronológica podem ser citadas as mudanças que ocorrem nas
dimensões corporais, tais como: a estatura, o peso, a composição corporal.
Apesar do alto componente genético na determinação do peso e da estatura dos indivíduos,
outros fatores, tais como a dieta, a atividade física, aspetos psicossociais e as doenças, estão
envolvidos nas alterações desses componentes durante o envelhecimento. Existe uma diminuição
da estatura, com o passar dos anos, decorrente da compressão vertebral, com o estreitamento dos
discos intervertebrais e da cifose.

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Quanto ao peso e a composição corporal sofrem alterações a partir dos 45/50 anos,
estabilizando se aos 70 e declinando aos 80 anos, resultado de fatores multifatoriais, tais como
hormonais, dependência funcional, uso excessivo de medicamentos, sedentarismo. Estudos
evidenciam que o aumento da gordura, nas primeiras décadas do envelhecimento, e a perda dela,
nas décadas mais tardias, parece ser o padrão mais provável de comportamento da gordura
corporal no envelhecimento.
Na parte fisiológica, as alterações, na maioria das vezes, podem ser observadas pela lentidão
do pulso, do ritmo respiratório, da digestão e assimilação dos alimentos. Porém, acima de tudo, o
próprio individuo sente a decadência de sua capacidade de satisfação sexual. O orgasmo torna-se
cada vez mais difícil para ambos os sexos, contudo, a atividade sexual não desaparece, apenas torna-
se menos intensa e frequente. Acompanhando as alterações morfológicas e estruturais do
envelhecimento, ocorre o comprometimento funcional, sendo abordadas principalmente as
alterações cardiorrespiratórias; é próprio da fase da velhice a dilatação aórtica e a hipertrofia e
dilatação do ventrículo esquerdo do coração, associados a um ligeiro aumento da arterial; há uma
diminuição da eficiência do músculo do miocárdio, e a dinâmica da respiração fica diretamente
afetada, em razão das modificações na caixa torácica e no parênquima pulmonar.
A capacidade pulmonar decresce também a partir dessa idade, o que leva a uma redução de
oxigenação do sangue.
Outras alterações motoras acentuam a diminuição da agilidade, redução da coordenação,
diminuição do equilíbrio, redução da flexibilidade e da mobilidade articular e o aumento da rigidez
da cartilagem, dos tendões e dos ligamentos. Esta condição está relacionada com a sarcopenia
(perda de massa, força e função musculares em consequência do envelhecimento), “que
compromete todas as atividades do dia-a-dia dos idosos”, como andar, subir e descer escadas, ir às
compras e cozinhar.
Além das alterações no corpo, o envelhecimento traz ao ser humano uma serie de mudanças
nos aspetos psicossociais. O envelhecimento social da população traz uma modificação no status do
idoso e no relacionamento dele com outras pessoas em função de diversos aspetos, tais como crise
de identidade (o que levara o idoso a uma perda de sua autoestima); mudanças de papéis (na
família, trabalho e sociedade); reforma (os idosos sentem-se mais inúteis apos pararem de
trabalhar); diminuição dos contatos sociais (que se tornam reduzidos com a saída do emprego) e

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perdas diversas que vão da condição económica ao poder de decisão, a perda de parentes e amigos,
da independência e da autonomia.
Quanto as alterações psicológicas que poderão resultar do processo de envelhecimento,
podem ser ressaltadas desde a dificuldade de se adaptar a novos papéis, a falta de motivação e
dificuldade de planejar o futuro, a necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais;
ate a dificuldade de se adaptar as mudanças rápidas que tem reflexos dramáticos nos idosos, a
alterações psíquicas que exigem tratamento, como, por exemplo, depressão, hipocondria,
somatização, paranoia; baixas autoimagem e autoestima.

3.2 Aspetos Psicomotores no envelhecimento patológico

A nível de nutrição, vários estudos provaram que 15% dos idosos estão em situação de risco,
o que, é espantoso visto que quase 90% de idosos têm excesso de peso ou obesidade. Para além da
questão do isolamento, a desnutrição pode ser causada pelo acesso limitado aos alimentos, à
incapacidade de preparar as refeições, por problemas económicos e por uma locomoção reduzida.
As doenças crónicas também influenciam esse fator, sendo que “quanto mais velha for a
pessoa, mais patologias pode ir acumulando, o que aumenta a probabilidade de terem problemas
a nível alimentar, agravando o risco de desnutrição”. Quanto à hidratação, mais de um terço dos
idosos estão desidratados. “Há a ideia que o mecanismo que nos defende da desidratação – a sede
– perde progressivamente eficácia com a idade e, por outro lado, não se verifica muito, nesta faixa
etária e em Portugal, o hábito de se beber água”, o que pode levar à obstipação e problemas renais.
O consumo excessivo de sal, que se verifica em mais de 85% dos idosos, pode estar ligado à
hipertensão arterial e aos acidentes vasculares celebrais (AVC).
Por outro lado, todos estes indicadores agravam-se com o isolamento, o que, configura uma
ideia dos idosos em Portugal, que estão nas suas casas ou apenas em centros de dia, com níveis
excessivamente baixos de atividade física e altos de uma alimentação desadequada.

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4 Principais problemas psicomotores nos idosos

Durante o processo de envelhecimento muitos processos tornam-se lentificados, bem como


as respostas psicomotoras. Com a idade, todo processo e mais lento, parece que devido a menor
capacidade do sistema nervoso central.
A diminuição das respostas é atribuída a todas as etapas do processo. Os órgãos preceptivos
dos sentidos necessitam de maior intensidade nos estímulos ou “sinais” para possam capta-los,
demonstrando a necessidade de um nível maior de excitação do sentido para que possa captar o
sinal.
O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional do corpo e das suas
partes e encontra-se dividido em sete fatores psicomotores, que são: tonicidade (tónus muscular),
equilíbrio, lateralidade, esquema corporal (noção do corpo e imagem corporal), estruturação
espácio-temporal, praxias globais (coordenação motora geral) e praxias finas (coordenação motora
fina/motricidade fina).

4.1 Tonicidade

O tónus é considerado como sendo o estado de tensão permanente dos músculos que tem
origem reflexa, varia quanto a sua intensidade e segue as diferentes ações sinérgicas; sendo
reforçado ou inibido, com a função de ajustamento postural.
Assim a tonicidade e considerada como o alicerce fundamental para o desenvolvimento
motor, pois e através do tónus que se estabelece o contato com o mundo exterior e e através dele
que a tonicidade garante as atitudes, as posturas, as mimicas, as emoções, etc., emergindo a
motricidade humana.
Sendo assim, o tónus e fundamental no desenvolvimento motor, pois assegura a preparação
da musculatura para as múltiplas e variadas formas de atividade postural. É impossível separar
motricidade da tonicidade, pois toda motricidade parte de uma tonicidade preparando-a, apoiando-
a e inibindo-a, ocorrendo a autorregulação.
A motricidade e composta por uma sucessão de tonicidades que resulta na equilibração e na
postura humana. Relacionando a tonicidade com o processo de envelhecimento, pelo princípio de
retrogénese dos fatores psicomotores, o tónus muscular sofre uma diminuição e o ultimo fator a

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ser alterado. A explicação está na relação neurológica do tónus com a força muscular, ou seja, ao
fortalecer o musculo ocorre o aumento do tónus muscular, e o inverso é verdadeiro, afirmando que
a força muscular é proporcional a tonicidade; com isso, entende-se que no processo de
envelhecimento com a diminuição progressiva da força muscular ocorre também a diminuição da
tonicidade.

4.2 Equilíbrio

O equilíbrio e a capacidade de manter-se sobre uma base reduzida de sustentação do corpo,


através de uma combinação adequada de ações musculares e sob a influência de forcas externas.
O equilíbrio é classificado em duas formas: estático e dinâmico. O equilíbrio estático apresenta
maior dificuldade em ser mantido, pois exige concentração e as mesmas características da
imobilidade; seu controle e importante para a aprendizagem e aquisição motora, suas formas de
ação referem-se à capacidade de sustentar-se em diferentes situações.
Enquanto o equilíbrio dinâmico está relacionado com as funções tónicas motoras, com os
membros e os órgãos, tanto os sensoriais como os motores. Dessa forma, exigindo, ao contrário do
estático, uma orientação controlada do corpo em situação de deslocamento no espaço com auxílio
da visão.
Podemos então dizer que a equilibração é composta pelo conjunto das aptidões estáticas e
dinâmicas, envolvendo não só o controlo postural, como também o desenvolvimento das aquisições
da marcha, tendo em conta as relações com o meio envolvente. Por todos os problemas
psicomotores das pessoas idosas, conjugadas com perturbações afetivas originam o desequilíbrio
que muito afetam o idoso.

4.3 Lateralidade

A lateralidade é definida como a sensação interna de que o corpo tem dois lados que não são
exatamente iguais. O corpo humano caracteriza-se pela presença de partes anatómicas e

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globalmente simétricas. Tal simetria anatómica redobra-se através de uma assimetria funcional, no
sentido de que certas atividades são efetuadas apenas por uma destas partes.
A lateralidade e a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho,
ouvido, perna. A lateralização cortical e a especialidade de um dos dois hemisférios quanto ao
tratamento da informação sensorial, ou quanto ao controle de certas funções.
Ela ocorre em função de um predomínio que autoriza a iniciativa de um dos dois hemisférios:
a organização do ato motor, o qual culminara na aprendizagem e consolidação das praxias. A
lateralidade representa o predomínio normal de um lado do corpo. Seu fortalecimento é importante
para o idoso, já que se constitui a base da orientação espacial e coordenação geral.

4.4 Esquema corporal e Imagem corporal

Esquema corporal é uma perceção do todo ou um conhecimento imediato que temos do


nosso corpo, estando ele estático ou em movimento, fazendo relação das suas diferentes partes
entre si e, sobretudo, o relacionando com o espaço e os objetos que nos circundam. Os primeiros
contatos corporais que o ser humano percebe, realiza e manipula são de seu próprio corpo, e o meio
da ação, do conhecimento e da relação.
A construção do esquema corporal, em outras palavras, é a organização das sensações
relativas a seu próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior (ARAUJO, 2003),
informações essas unidas para dar imagem real do próprio corpo e do que podemos fazer com ele,
tornando a estruturação do esquema corporal mais complexa que a orientação cinestésica.
Nos idosos, devido à redução das capacidades cognitivas que se relacionam com o tratamento
da informação, os processos atencionais são especialmente afetados, bem como o processo de
seleção e programação da resposta motora aos espaços e objetos que os rodeiam.

4.5 Estruturação espácio-temporal

A Estruturação espácio-temporal é composta de duas dimensões: a Organização Espacial e a


Organização Temporal.
A habilidade motora relacionada a organização espacial depende do desenvolvimento dos
órgãos da visão, pois e através dela que são fornecidas as referências do corpo bem como sua

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inserção no espaço; alem das sensações cinestésicas que informam a localização do corpo em
relação a esse meio ambiente.
Possuímos duas ambientações, o espaço físico absoluto, que existe independentemente de
seu conteúdo e de nos e, o espaço psicológico, o qual esta associado à nossa atividade mental,
revelando-se de forma direta ao nível da consciência.
No cotidiano, utiliza-se com frequência os dados sensoriais e preceptivos relativos ao espaço
que nos cerca; tais dados contem as informações sobre as relações entre os objetos no espaço,
porem, e a nossa atividade preceptiva, baseada na experiencia do aprendizado, que lhe prove
significado.
Em resumo, podemos dizer que a organização espacial depende, portanto, ao mesmo tempo
de nossa estrutura corpórea, da natureza do meio que nos cerca e de suas características. Para um
melhor desenvolvimento dessa capacidade são necessárias informações provenientes do sistema
auditivo.
Ao analisar esta habilidade na terceira idade, observa-se que com o envelhecimento pode
ocorrer uma diminuição paulatina na organização corporal do idoso; seja pela diminuição ou maior
dificuldade em captar informações propriocetivas (em decorrência de alterações fisiológicas do
envelhecimento nos órgãos sensoriais como visão e audição e alterações nos propriocetores
musculares e articulares); ou pelo estilo de vida de alguns idosos, onde há maior privação de
estímulos ou ainda pela combinação de ambos.
Já a organização temporal, está mais associada aos órgãos da audição, e atua combinada com
outros órgãos dos sentidos como a visão e as sensações propriocetivas (do próprio corpo).
Em suma, a Organização temporal refere-se à noção de adaptação rítmica, sendo a capacidade
de seguir ritmos diferentes; de orientação temporal, o qual e a capacidade de lidar com moções de
tempo como antes, depois e agora; e da estruturação do tempo, que a capacidade de conduzir
movimentos segundo seu ritmo e sua duração tão difíceis na população idosa.

4.6 Motricidade Global e Fina

Sabe-se que com o envelhecimento ocorre uma diminuição no desempenho motor, bem
como alterações no controlo motor em vista das alterações estruturais e funcionais no organismo
com o aumento da idade.

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Definem a motricidade/praxia global como a capacidade de realizar movimentos voluntários
que são pré-estabelecidos para um determinado objetivo. Ela está relacionada com a realização e a
automização dos movimentos globais complexos, que se desenrolaram num determinado tempo,
exigindo a atividade conjunta de vários grupos musculares.
A praxia global e a colocação em ação simultaneamente de grupos musculares diferentes,
verificando a execução de movimentos globais e voluntários. O movimento motor global e um
movimento sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e assim por diante.
No envelhecimento ocorre perda neuronal no córtex do giro precentral e no cerebelo.
Presumindo que devido a essas alterações ocorra a diminuição da praxia global por estar
relacionado a estas áreas.
A manipulação de qualquer objeto necessita de certas habilidades, estas configuram-se
como essenciais. A pessoa que produz o movimento precisa saber movimentar-se no espaço com
desenvoltura, habilidade e equilíbrio, alem de ter domínio do gesto e do instrumento.
Nesta capacidade o nível de desenvolvimento terá que ser alto, pois os movimentos novos
e complexos serão assimilados com mais rapidez, economizando esforços e energia, obtendo assim
uma precisão nos resultados de execução dos movimentos.
A praxia considerada como aspeto particular da coordenação global, fina está localizada nos
lóbulos frontais, compreendendo as tarefas motoras sequenciais finas. Por ser responsável pela
coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção e das manipulações de
objetos, e por exigir o controle visual, esta área e responsável também pelas funções de
programação, regulação e verificação das atividades apreensivas e manipulativas mais finas e
complexas.
Afirma-se que esses movimentos específicos utilizam pequenos músculos e a mão é
considerada como o principal órgão deste fator, por ser a unidade motora mais complexa.
Assim, a coordenação óculo-manual pode ficar comprometida, ocasionando uma diminuição
da destreza manual e da coordenação motora, especialmente da coordenação motora fina,
prejudicando os movimentos realizados pelas mãos.
A coordenação motora fina envolve o movimento executado principalmente pelas mãos e
dedos, através de uma atividade de movimento pequena com mínimo de força, mas grande precisão
ou velocidade. No idoso, a velocidade de movimentos simples e repetitivos diminui, o controle dos

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movimentos de precisão é alterado, causando dificuldades em realizar as atividades básicas de vida
diária.
Assim, o comprometimento temporário ou permanente na realização de habilidades
motoras finas com as mãos é visto como uma das principais problemáticas do envelhecimento.
Todavia, no envelhecimento esse fator psicomotor é o primeiro a sofrer de lapidação por constitui-
se de uma atividade complexa aos demais fatores, acredita-se que essa diminuição se deve as
alterações degenerativas das estruturas do olho durante o processo de envelhecimento.

5 Atividades motoras/físicas a implementar com a população idosa

a) Como combater o isolamento e a solidão de idosos?

A velhice não é sinónimo de solidão ou isolamento. Há várias atividades que proporcionam


o convívio e a ocupação dos tempos livres.
Algumas atividades que vão contribuir para que o idoso não se sinta sozinho:
 Procure novas amizades – conhecer pessoas e fazer novas atividades é uma das melhores
formas de combater o isolamento e a solidão nos idosos.
 Faça voluntariado – tornar-se voluntário por uma causa em que acredita pode trazer
inúmeros benefícios para si. Terá a oportunidade de conhecer novas pessoas, fazer parte
de um grupo que partilha os mesmos ideais e viver novas experiências.
 Invista nas suas relações sociais – organize jantares ou almoços de família ou de amigos
e tire o máximo proveito destes eventos. Divirta-se, distraia-se e promova o convívio
social.
 Frequente um curso – a velhice também não significa inutilidade. Experimente aprender
uma língua nova ou frequentar o curso com que sempre sonhou. Assim, para além de se
sentir motivado, terá também a oportunidade de integrar um novo grupo.
 Adote um animal de estimação – Os animais de estimação, em especial os cães e gatos,
trazem vários benefícios e um deles é a prevenção da solidão. Ter um animal de

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estimação é sinónimo de uma companhia constante. Além disso, é possível que faça
novas amizades enquanto passeia o seu animal de estimação.

Infelizmente, são muitos os idosos que, devido à sua condição de mobilidade, não
conseguem praticar as atividades sugeridas. Aliás, a maior parte das pessoas que sentem a sua
mobilidade afetada acabam por ficar a maior parte do tempo em casa, agravando o sentimento de
solidão.
A solução para o isolamento pode ser simples…
A palavra-chave é ouvir. Ouvir o idoso e não apenas concentrar os esforços nos cuidados
físicos. Conversar e apurar o estado afetivo do utente é necessário para a garantia da sua qualidade
de vida e prevenção do isolamento.

Numa sociedade cada vez mais centrada em si própria, por vezes é difícil sairmos da nossa zona de
conforto e “perdermos tempo” a ouvir o próximo. Mas experimente: experimente ouvir e conversar
com alguém que precisa. Além de estar a ajudar uma pessoa com carências afetivas, irá sentir-se
melhor consigo. É esta a nossa sugestão.

b) Como combater a imobilidade dos idosos?

Se o problema é a imobilidade, a solução será o movimento!


A isto chamamos Cinesioterapia, como “(…) terapia pelo movimento, sendo a utilização de
diferentes formas de atividade motora como meio de tratamento de enfermidades.”
É uma técnica baseada em conhecimentos anatómicos, fisiológicos e princípios biomecânicos,
que visa oferecer às pessoas uma prevenção e reabilitação eficaz. O seu principal efeito será a
manutenção e desenvolvimento do movimento direcionado à funcionalidade.
Assim, colocamos na Cinesioterapia um papel terapêutico fundamental que necessita de
conhecimentos profundos para ser aplicada, normalmente utilizada por profissionais como:
Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e Técnicos Superiores de Reabilitação.

Prevenir a síndrome de imobilidade:

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 Posicionamentos corretos e alternados frequentemente
 Mobilizações articulares
 Cinesiterapia Respiratória
 Técnicas de relaxamento e massagem
 Hidratação/ nutrição adequada
 Levante precoce e diário
 Recurso a ajudas técnicas

Para a manutenção e a melhora nos índices de flexibilidade, são conhecidos alguns métodos
de treinamento. A seguir destacamos os principais:
 Método ativo ou de flexibilidade dinâmica: o trabalho é realizado contraindo os músculos
agonistas, até a máxima extensão dos músculos antagonistas. O movimento deverá ser conduzido
lentamente indo até o máximo de elasticidade muscular que uma determinada área permite e
depois voltando na posição inicial.
 Método passivo ou estático: os movimentos são realizados com o auxílio de outra pessoa,
devendo a musculatura permanecer relaxada. Esta posição deverá ser adotada por um determinado
período.
 Método misto: contraindo os músculos agonistas contra uma força externa, oferecendo
maior relaxamento dos músculos antagonistas.

No entanto, o treinamento de flexibilidade para idosos deve ser diferenciado com relação a
outras faixas etárias. O trabalho de flexibilidade, devido ao aumento das tensões sobre os ossos,
deverá ser realizado com cautela e adaptação prévia aos movimentos a serem trabalhados a fim de
evitar lesões ou desconforto.
Temos que ter em mente que o ser humano por natureza prefere a realização de atividades
prazerosas, e, muitas vezes o treinamento de flexibilidade pode tornar-se desconfortável e
monótono, afastando assim, principalmente os idosos de sua prática e prejudicando
consideravelmente o processo de envelhecimento.

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Dentre as várias formas possíveis para manutenção, desenvolvimento e treinamento da
flexibilidade fazem-se necessários alguns cuidados especiais e o acompanhamento de profissionais
de educação física para a prática destes treinamentos quando direcionados para idosos é de
fundamental importância para a obtenção dos resultados desejados.
Dessa forma podemos concluir que o treinamento da flexibilidade pode ser, então, um forte
aliado para o idoso no que diz respeito a sua mobilidade e melhora da sua capacidade funcional,
autonomia, independência. Além de auxiliar para incrementar sua expectativa de vida, tem a
capacidade de contribuir para adiar algumas debilidades que atingem os idosos, e como
consequência disso, melhora consideravelmente a qualidade de vida e níveis de saúde em idosos
inseridos em programas regulares de exercícios físicos que abordam em sua programação
treinamentos específicos para a flexibilidade.
A atividade física com o objetivo de reduzir problemas na marcha de idosos, diminuindo o
risco de queda é efetiva diminuindo significativamente sua incidência, evitando lesões limitadoras.
A marcha apresenta diversas alterações decorrentes do processo de envelhecimento e
implicações na qualidade de vida e capacidade funcional do idoso. As pesquisas apontam que
exercícios físicos regulares trazem importantes benefícios para a marcha e diminuição do risco de
quedas, por isso a avaliação da marcha é fundamental para que se desenvolva um programa de
treinamento adequado de acordo com as necessidades inerentes do organismo do idoso.

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Figura 1 Exemplo de Planificação de atividades motoras

6 Atividades de Estimulação sensorial nos idosos

A/o Terapeuta deve basear a sua intervenção na adaptação das atividades, de uma forma que,
se dado indivíduo não conseguir realizar algo de um modo, deve realizá-lo de outro, atingindo os
objetivos por etapas.
Com a população idosa em especial, o/a terapeuta, permite ajudar a consciencializar a
existência de competências, que muitas vezes estão ocultas, potenciando-as cada vez mais.
A a população idosa pode constituir um grande benefício para as sociedades, no sentido em
que pode partilhar as suas experiencias, habilidades e sabedoria, constituindo-se assim, um recurso.
Deste modo, é dever das sociedades o desenvolvimento de sistemas que promovam a
participação da população idosa no maior número de atividades, potenciando a autonomia de todos
eles.

Figura 2 Exemplo de Planificação de atividades sensoriais

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