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MANUAL

Formadora Daniela Silva

K.FP.413.01
FICHA TÉCNICA

Tipologia de Recurso: Manual do Formando

Curso: UFCD 8909 Patologias na População Idosa – gastrointestinais, endocrinológicas, genito-urinárias,


musculoesqueléticas, dermatológicas e crónicas

Formadora: Daniela Silva

Autoria: Daniela Silva

Data: 2021

K.FP.413.01
ÍNDICE
FichaTécnica……………………………………………………………………………….…………………………………………………...1

Índice………………………………………………………………………………………………………………………………………………2

Introdução……………………………………………………………………………………………………………………………………….4

Objetivos e conteúdos programáticos........................................................................................................................................... 4

Conteúdos Programáticos…………………………………………………………………………..…………………………………….5

Patologia gastrointestinal e dos órgãos anexos ....................................................................................................................... 8

Sistema gastrointestinal da população idosa ............................................................................................................................ 8

Fatores de risco e sintomas: ............................................................................................................................................................ 10

Principais patologias ........................................................................................................................................................................... 16

Refluxo gastro-esofágico ................................................................................................................................................................... 16

Obstipação: ............................................................................................................................................................................................... 18

Atividades adaptadas aos idosos com problemas gastrointestinais .......................................................................... 20

Patologia endocrinológica e metabólica ................................................................................................................................... 21

Fatores de risco e sintomas ............................................................................................................................................................. 23

Principais patologias ........................................................................................................................................................................... 25

Hipertiroidismo ..................................................................................................................................................................................... 25

Hipotiroidismo ....................................................................................................................................................................................... 27

Gota .............................................................................................................................................................................................................. 29

Atividades adaptadas aos idosos com problemas endócrinos e metabólicos ....................................................... 30

Patologia genito-urinária .................................................................................................................................................................. 32

Modificações do sistema genito-urinário na população idosa ...................................................................................... 32

Fatores de risco e sintomas ............................................................................................................................................................. 34

Principais patologias:.......................................................................................................................................................................... 36

Insuficiência renal ................................................................................................................................................................................ 36

Incontinência........................................................................................................................................................................................... 38

Atividades adaptadas aos idosos com problemas genito-urinários ........................................................................... 41


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Patologia musculoesquelética ........................................................................................................................................................ 43

Alterações musculares e ósseas no idoso ................................................................................................................................. 43

Fatores de risco e sintomas ............................................................................................................................................................ 45

Principais patologias ........................................................................................................................................................................... 46

Artrite reumatoide ............................................................................................................................................................................... 46

Osteoporose ............................................................................................................................................................................................. 52

Atividades adaptadas aos idosos com problemas musculares e ósseas .................................................................. 58

Patologia dermatológica.................................................................................................................................................................... 60

A pele e o envelhecimento................................................................................................................................................................ 60

Fatores de risco e sintomas ............................................................................................................................................................. 62

Principais patologias:.......................................................................................................................................................................... 64

Dermatite de contacto ........................................................................................................................................................................ 64

Micoses ....................................................................................................................................................................................................... 65

Parasitoses ............................................................................................................................................................................................... 67

Cancro da pele: ....................................................................................................................................................................................... 71

Psoríase ...................................................................................................................................................................................................... 74

Úlceras de pressão................................................................................................................................................................................ 77

Atividades adaptadas aos idosos com problemas dermatológicos ............................................................................. 83

Patologias crónicas .............................................................................................................................................................................. 85

Doenças crónicas e a população idosa: fatores de risco ................................................................................................... 85

Principais patologias:.......................................................................................................................................................................... 87

Diabetes ..................................................................................................................................................................................................... 87

Colesterol .................................................................................................................................................................................................. 90

Hipertensão arterial ............................................................................................................................................................................ 92

Atividades adaptadas aos idosos com problemas crónicos ............................................................................................ 93

Bibliografia e Webgrafia ................................................................................................................................................................... 95

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Introdução:
Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração
nº 8909 –Patologias na População Idosa - gastrointestinais, endocrinológicas, genito-urinárias,
musculoesqueléticas, dermatológicas e crónicas, de acordo com o Catálogo Nacional de
Qualificações.

Objetivos:

 Identificar as principais patologias que afetam os idosos, bem como as suas principais
características.

 Escolher e adequar exercícios básicos, de acordo com as orientações dos técnicos


especializados, aos idosos consoante a patologia que apresentarem.

Conteúdos Programáticos
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 Patologia gastrointestinal e dos órgãos anexos

 Sistema gastrointestinal da população idosa

 Fatores de risco

 Sintomas

 Principais patologias

 Refluxo gastro-esofágico

 Obstipação

 Atividades adaptadas aos idosos com problemas gastrointestinais

 Patologia endocrinológica e metabólica

 Sistema endócrino e metabólico envelhecido

 Fatores de risco

 Sintomas

 Principais patologias:

 Hipertiroidismo

 Hipotiroidismo

 Gota

 Patologia genito-urinária

 Modificações do sistema genito-urinário na população idosa

 Fatores de risco

 Sintomas

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 Principais patologias:

 Insuficiência renal

 Incontinência

 Atividades adaptadas aos idosos com problemas genito-urinários

 Patologia musculoesquelética

 Alterações musculares e ósseas no idoso

 Fatores de risco

 Sintomas

 Principais patologias:

 Artrite reumatoide

 Osteoporose

 Atividades adaptadas aos idosos com problemas musculares e ósseas

 Patologia dermatológica

 A pele e o envelhecimento

 Fatores de risco

 Sintomas

 Principais patologias:

 Dermatite de contacto

 Micoses

 Parasitoses
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 Cancro da pele

 Psoríase

 Úlceras de pressão

o Definição, causas e sintomas

o Locais privilegiados para a ocorrência de uma úlcera de pressão

o Fases da úlcera de pressão

o Cuidados a ter com a pele (idoso acamado e numa cadeira de rodas)

 Atividades adaptadas aos idosos com problemas dermatológicos

 Patologias crónicas

 Doenças crónicas e a população idosa

 Fatores de risco

 Principais patologias:

 Diabetes

 Colesterol

 Hipertensão arterial

 Atividades adaptadas aos idosos com problemas crónicos

Patologia gastrointestinal e dos órgãos anexos


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Sistema gastrointestinal da população idosa

O aparelho digestivo ou sistema digestivo, é o sistema que, nos humanos, é responsável por
obter dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários às diferentes funções do
organismo. É composto por um conjunto de órgãos que têm por função a realização da
digestão. A sua extensão desde a boca até o ânus mede seis a nove metros num ser humano
adulto.

O tubo digestivo é composto pelo trato gastrointestinal superior, trato gastrointestinal


inferior e glândulas acessórias.

Trato gastrointestinal superior

O trato gastrointestinal superior é composto pela boca, pela faringe, pelo esôfago e pelo
estômago.

Na boca, ocorre o processo de mastigação que, junto com a salivação, secreção das
glândulas salivares (água, muco e enzima), degrada o amido pela ação da ptialina (que inicia o

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processo de digestão dos carboidratos presente no alimento), em maltose, e ainda faz os
movimentos impulsionatórios que ajudam a deglutir o alimento, fazendo-o passar ao esôfago.

A função básica do Sistema Gastrointestinal ou sistemadigestivo éa de fornecer


nutrientes para nosso corpo para que esse possa exercer suas funções de forma adequada.
Isto ocorre através de um complexo de eventos que serão mais apropriadamente estudados
pela Fisiologia. A anatomia de tal sistema também é complexa. Temos, anatomicamente
falando, um canal alimentar e órgãos anexos, sendo que do canal alimentar fazem parteórgãos
situados na cabeça, tórax, abdome e pelve. Entre os anexos estão as glândulas salivares, o
fígado e o pâncreas. O canal alimentar inicia-se na cavidade bucal, seguindo-se da faringe,
esôfago, estômago, intestinos, reto e ânus.

Fatores de risco e sintomas

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1. Xerostomia ou secura na boca

Pela menor produção de saliva, mau hábito de respirar pela boca, próteses mal
ajustadas. Causas emocionais como ansiedade e medo. A deficiência de saliva não altera o
paladar, mas pode ser causa de dificuldade de deglutição, acelera a deteriorização dos dentes,
dificuldade na mastigação, contribuindo para a má digestão, causa também o mau hálito.

2. A estomatite angular

É comum no idoso, e suas principais causas são: falta de dentes, dentaduras mal
adaptadas. Outra causa menos comum é a deficiência de ferro e riboflavina. A língua grossa
(glossite) está relacionada à deficiência de vitamina B12 e infecção das papilas.

3. Divertículo

O paciente com divertículo tem um saco ou uma bolsa na parede intestinal. Assemelha-
se ao apêndice. Uma pessoa pode nascer com um divertículo ou este pode desenvolver-se
mais tarde. No idoso está relacionado com a constipação. Pode haver mais de um
divertículo. Os divertículos ocorrem mais frequentemente no cólon

Sintomas:

Geralmente não há sintomas, a não ser que os divertículos se tomem infectados. Isto é
conhecido como diverticulite. A inflamação é incrementada pela acumulação de fezes no saco
(diverticulite). Os sintomas são de inflamação que se assemelham aos da apendicite.

Cuidados de Enfermagem

Geralmente o tratamento é cirúrgico, para remoção do divertículo. Observação do


abdome quanto à flacidez ou distensão;

Cuidados de mudança de decúbito enquanto estiver no leito;

Massagens de conforto;

Observação da prescrição médica.


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4. Colecistite

É a causa mais freqüente de dor abdominal intensa entre os idosos. Consiste na


inflamação de vesícula e vias biliares. A inflamação pode originar-se nas próprias vias biliares
ou resultar da propagação ascendente, pelo colédoco de uma inflamação intestinal através da
abertura das vias biliares no intestino. A colecistite pode ser aguda ou crônica. O excesso de
colesterol pode dar origem a cristais, que, conglomerados, originam cálculos. Os pigmentos
biliares podem cristalizar e originar cálculos.

O processo inflamatório da vesícula pode surgir com e sem cálculos, são mais
freqüentes na segunda hipótese.

Sintomas:

Dor espontânea e a palpação sob o rebordo costal direito, isto é, ao nível da vesícula do
fígado. Icterícia se houver obstrução hepática ou colédoco. Nas inflamações crônicas há,
geralmente, um mal estar geral, acompanhado de dispepsia e escurecimento da pele.

Tratamento:

Tratamento da colecistite aguda consiste em repouso no leito e medicamentos se


houver necessidade, serão prescritos pelo médico.

Cuidados de Enfermagem:

Observar para que o paciente ingira sucos e outros líquidos;

Dieta hipocalórica;

Orientar para evitar condimentos e exercícios físicos;

Observar para que o repouso no leito seja cumprido;

Manter boa higiene corporal e do ambiente;

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Medicação conforme prescrição médica.

5. Hemorróidas

São veias dilatadas ou varicoses no canal anal e na parte inferior do reto. No idoso a
fragilidade das paredes venosas e a constipação crônica são as causas mais comuns.

Sintomas:

Eliminação de sangue vermelho vivo nas fezes. Sofre graus variados de desconforto
durante a defecação. A dor é aumentada se a hemorróida tornar-se trombosada. Neste caso, o
sangue, dentro da veia dilatada coagula-se. Outro sintoma de hemorróida é prurido em torno
do ânus.

Tratamento e cuidados:

O tratamento comum da hemorróida é sua remoção por cirurgia. Se o caso for brando,
pode necessitar apenas tratamento sintomático;

Banhos de assento para aliviar o desconforto;

Aplicação local de uma pomada para retrair a membrana mucosa (prescrito pelo
médico);

Aumento da ingestão líquida;

Educação do intestino para esvaziar todos os dias;

Dieta rica em resíduos e fibras. (germens de trigo, farelos, verduras, frutas).

6. Constipação

É o distúrbio gastrointestinal mais comum nos idosos, permanência prolongada de


material fecal nos cólons, devido a um decréscimo na freqüência das evacuações e
dificuldades na eliminação de fezes endurecidas.
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Sintomas:

Sensação de plenitude;

Dor abdominal difusa;

Anorexia;

Pirose;

Eructação, flatulência, mau hálito:

Sintomas gerais de cefaléias, náuseas e vômitos. Alguns pacientes relatam tenesmo ou


defecação dolorosa.

Pacientes idosos imobilizados no leito costumam apresentar constipação intestinal,


inclusive com formação de fecaloma, por vezes associada à confusão mental e desidratação. É
muito importante caracterizar a presença da verdadeira constipação, porque muitos idosos
acreditam que, se a evacuação não for diária, o seu ritmo intestinal já está alterado.
Entretanto, a freqüência da evacuação, desde três vezes ao dia até três vezes por semana é
considerada normal. Urge investigar sobre como e quando o paciente começou a ter
dificuldade para evacuar, se vem mantendo a presença de sangue nas fezes se usa drogas, se
tem antecedentes cirúrgicos e, principalmente, se vem perdendo peso e sobre mudanças
recentes de hábitos alimentares.

Inúmeras podem ser as causas, desde lesão orgânica até, mais corriqueiramente, causas
primeiras ou funcionais, decorrentes de ingestão inadequada de líquidos e fibras, hipotonia da
parede abdominal, alterações na musculatura do assoalho pélvico, uso de drogas, inatividade
física prolongada e negligência em atender ao reflexo da evacuação. A mudança recente no
hábito intestinal faz pensar em neoplasia de cólon ou distúrbio metabólico.

Cuidados de Enfermagem:

Faz-se necessário uma boa anamnese para saber da história do idoso, segundo
observação acima;
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Mudar hábitos alimentares que contemple uma dieta rica em fibras e aumento da
ingestão líquida;

Observação de perdas sangüíneas;

Cuidado com a necrose da hemorróida;

Orientação para higiene rigorosa da região perianal;

Usar o vaso sanitário sempre no mesmo horário, para educação intestinal

Acompanhamento médico faz-se necessário para confirmação diagnóstica.

Cuidados preventivos: Se a digestão inicia pela boca, os cuidados incluem:

visita ao dentista;

boa higiene oral;

Uso contínuo de escova, técnica de boa escovação, incluindo escovação da língua;

Cuidados e higiene com próteses dentárias, se tiver o hábito de tirar ao dormir, deixar
protegida com pano limpo ou recipiente próprio, para evitar poeira, moscas, baratas;

Preparação correta dos alimentos, ingestão líquida suficiente;

Mastigar bem os alimentos;

Redução de peso se necessário;

Manter bom funcionamento intestinal, com caminhadas, exercícios, horário habitual


para ir ao sanitário;

Evitar alimentos após jantar, a fim de reduzir a secreção ácida noturno.

Alimentação contendo os quatro grupos de alimentos;

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Procurar ter uma vida tranqüila, com lazer, contato com a natureza. Os problemas
psíquicos e nervosos têm muita interação nos problemas gastrointestinais.

Principais patologias

Refluxo gastro-esofágico:
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O que é Doença do refluxo gastroesofágico?

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma doença digestiva em que os ácidos


presentes dentro do estômago voltam pelo esôfago ao invés de seguir o fluxo normal da
digestão. Esse movimento é conhecido como refluxo e irrita os tecidos que revestem o
esôfago, causando os sintomas típicos da DRGE.

Causas

Quando uma pessoa come, a comida passa da garganta para o estômago através do
esôfago. Uma vez que a comida está no estômago, um anel de fibras musculares impede que o
alimento se mova para trás, em direção ao esôfago. Essas fibras musculares são chamadas de
esfíncter esofágico inferior (EEI).

Se o esfíncter não fechar bem, tudo o que a pessoa comeu, bebeu e até mesmo o suco
gástrico usado na digestão pode vazar de volta para o esôfago. Isso é chamado de refluxo
gastroesofágico. Esse refluxo pode causar irritação na parede do esôfago, gerando os sintomas
característicos da doença do refluxo gastroesofágico.

Fatores de risco

Alguns fatores são considerados de risco, pois aumentam as chances de uma pessoa
apresentar a doença do refluxo gastroesofágico:

Obesidade

Gravidez

Hérnia de Hiato, em que parte do estômago se move acima do diafragma

Tabagismo

Ressecamento bucal

Asma

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Diabetes

Atraso no esvaziamento do estômago

Esclerodermia e outros distúrbios do tecido conjuntivo

Síndrome de Zollinger-Ellison, em que o estômago produz mais ácido clorídrico que o


normal.

A alimentação também está diretamente relacionada à ocorrência da doença. Chocolate,


pimenta, frituras, café e bebidas alcóolicas estão entre os itens que, se consumidos em
excesso, podem contribuir para o refluxo.

Sintomas de Doença do refluxo gastroesofágico:

Alguns sintomas são característicos da doença de refluxo gastroesofágico. Veja:

Azia

Dor no peito

Dificuldade para engolir

Tosse seca

Rouquidão

Dor de garganta

Regurgitação e refluxo de suco gástrico

Inchaço na garganta

Náusea após refeições.

Uma pessoa diagnosticada com DRGE pode ter a sensação de que o alimento pode ter ficado
preso na garganta e pode sentir os sinais da doença aumentar ao se curvar, inclinar para a

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frente, ficar deitado ou comer. Os sintomas também costumam ser piores à noite e podem
ser aliviados com antiácidos.

Obstipação:

Então, o que é a obstipação? Bem, não há ninguém que não tenha sofrido de obstipação
alguma vez na vida. Provavelmente vai reconhecer os sintomas clássicos de obstipação –
fezes duras, dificuldade em ir à casa de banho ou uma sensação de que não conseguiu fazer
tudo. Para alguns, isto é uma ocorrência regular bastante dolorosa, que pode ser diariamente
embaraçoso e inconveniente.

A obstipação afeta cada indivíduo de forma diferente, porque cada um tem hábitos
intestinais diferentes – para alguns defecar duas vezes por dia é completamente normal e
para outros o normal é três vezes por semana. Por isso, alterar os seus hábitos pode ser a
melhor forma de detetar se está ou não obstipado. Há diversos sintomas de obstipação que
são uma boa indicação para saber se está ou não obstipado. Se continuar com dúvidas depois
de os ler pode obter uma indicação mais clara respondendo a algumas perguntas neste teste
online sobre obstipação.

Quais são os sintomas da obstipação?

Há vários sintomas que sugerem que poderá estar obstipado. Estes incluem, entre outros:

fezes duras mais do que três vezes por semana

não evacuar vezes suficientes

dificuldade em defecar, apesar de ir à casa de banho com alguma regularidade.

ir à casa de banho com menos frequência do que o normal

fezes que causam cortes e hemorragias no reto

uma sensação de não ter "esvaziado" tudo depois de ir à casa de banho

dores de estomago ou inchaço


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O que causa a obstipação?

Os alimentos, ou melhor os seus resíduos, vão sendo transformados em fezes conforme


passam do estômago para o cólon. Se permanecerem demasiado tempo no cólon, podem secar
e endurecer, o que resulta em fezes duras difíceis de evacuar. Isto é causado por:

Alimentação esporádica ou em porções muito pequenas

Não ir à casa de banho quando sente necessidade

Exercício físico insuficiente ou problemas de saúde

Desidratação ou ingestão insuficiente de líquidos

Falta de alimentos ricos em fibra

Stress

Em alguns casos, a obstipação é causada por medicação ou outros fatores. Se for este o
caso, consulte o seu médico de família. Deve também consultar o seu médico de família se
sofre de obstipação durante um período prolongado, se aparecer sangue nas fezes, ou se
estiver com obstipação e perder peso repentinamente ou sentir dores de estômago agudas.

A saúde ou falta de saúde do seu cólon e sistema digestivo em geral também podem ter
uma grande influência na obstipação. Assegure-se que tem um cólon e sistema digestivo
saudáveis para reduzir o risco de obstipação.

Atividades adaptadas aos idosos com problemas gastrointestinais

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Se concluir que tem sintomas de obstipação, há várias formas de se tratar. Pode, por
exemplo, utilizar um produto para alívio da obstipação, como o Molaxole, combinado com um
tratamento natural para obstipação a longo prazo, para evitar incómodos desnecessários no
futuro. Isto envolve o planeamento de uma dieta rica em fibras e exercício físico regular
adequados.

Em geral, se sofre regularmente de obstipação, encontra abaixo uma lista de orientações úteis
que pode seguir:

Beber 1 a 1.5 l de líquido diariamente – água, sumos, etc.

Comer bastante fibra – pão escuro (integral, escuro ou claro), pão de fibras, tostas,
flocos de aveia, frutos secos, etc

Comer menos carne vermelha e menos alimentos processados

Seja ativo – caminhar, correr, nadar, andar de bicicleta, ou algo semelhante, todos os
dias

Tenha bons hábitos de casa de banho – ir à mesma hora todos os dias e sem pressas

Sente-se corretamente na sanita

Patologia endocrinológica e metabólica


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Sistema endócrino e metabólico envelhecido

O sistema endócrino humano produz hormônios que interferem em todas as funções do


organismo, além de interagir com o sistema nervoso que se comunica por meio de impulsos
nervosos.

Ao envelhecer, o sistema endócrino sofre diversas alterações, que são normais nesta fase da
vida. Torna-se comum o surgimento tanto de hiperfunções quanto de hipofunções e, são
também, mais difíceis de serrem diagnosticadas e tratadas. Alguns dos hormonios que mais
sofrem alterações em suas concentrações são o hormônio do crescimento (GH), cortisol,
tireóide, melatonina, estrogênio e testosterona.

O GH, hormônio do crescimento ou somatotrofina, é um polipeptídeo produzido na


hipófise anterior. É considerado o hormônio antienvelhecimento, pois sua reposição melhora
o rendimento cardíaco, aspecto da pele, memória, humor, funções sexuais, o sistema imune.
Sua produção é diminuída em 50% em pessoas acima de 60 anos.

Acredita-se que o cortisol é o hormônio acelerador do envelhecimento, pois, com o


avançar da idade, há um aumento dos níveis deste. Uma concentração exagerada causa
diminuição do colágeno e elastina, perda de memória, danos ao sistema nervoso, diminuição
da função imunológica, transtorno no metabolismo da gordura, retenção de líquidos,
problemas de pele, entre outros.

Na tireóide, a produção de triiodotironina, T3, é diminuída devido à redução da liberação


de TSH (hormônio estimulante da tireóide) pela hipófise. A tirocina, T4, sofre menor
influência da queda de TSH. A deficiência causa aumento no colesterol, sonolência, ganho de
peso, diminuição de frequência cardíaca.

A melatonina, que é elaborada na glândula pineal, é um neuro-hormônio que controla a


sensação de sono. É formada ao dormir, e age induzindo o sono. Possui, também, papel

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antioxidante ao reduzir oa níveis de católicos de cortisol, atrasando o processo de
envelhecimento. Pode estimular a produção de GH.

Já os níveis de estrogênio diminuem de maneira progressiva durante a menopausa. Este


declínio provoca prejuízo nos sistemas reprodutor, osteomolecular, muscular, cardiovascular,
venoso. Distribui a gordura na região abdominal, contribui para a osteoporose, falha na
memória e depressão.

A queda na produção de testosterona ocorre a partir dos 40 anos, sendo este um lento e
gradual, denominado deficiência androgênica do envelhecimento masculino. Como
consequência há a diminuição de peso, redução das células de Leydig, diminuição da libido e
da massa muscular, perda de memória, insônia, impotência sexual, ejaculação precoce,
câncer de próstata.

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Fatores de risco e sintomas

O que é a síndrome metabólica?

A síndrome metabólica é um conjunto de doenças que, associadas, vão levar ao aumento do


risco de problemas cardiovasculares. Estas doenças são a obesidade – principalmente
àquela caracterizada com aumento de cintura abdominal, pressão alta, alterações de
colesterol, triglicérides e glicemia.

Fatores de risco:

Os fatores de risco principais são aqueles que levam ao ganho de peso, como alimentação
com excesso de carboidratos simples e gorduras saturadas, além do sedentarismo. Além disso,
o tabagismo pode aumentar o risco cardíaco e potencializar as consequências da síndrome
metabólica ao coração. A história familiar de problemas cardíacos também é importante
quando analisamos o impacto na síndrome metabólica no organismo.

Os sintomas mais comuns da síndrome metabólica são consequência das doenças


associadas, como:

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Ganho de peso: cansaço, dores articulares por sobrecarga, síndrome da apneia
obstrutiva do sono e roncos. Alterações menstruais nas mulheres, como ovários policísticos, e
perda da libido em homens podem também ser sintomas pouco valorizados

Problemas de colesterol: aumento do risco de infarto e derrame, tonturas

Hipertensão: dores de cabeça, mal estar em geral, cansaço e tonturas ou zumbidos

Diabetes e alterações de glicemia: boca seca, perda de peso e muita sede nos casos
mais agudos e nos casos de desenvolvimento mais lento da doença, mal estar geral, tonturas e
cansaço.

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Principais patologias

Hipertiroidismo:

O hipertiroidismo, uma perturbação em que a glândula tiróide está hiperactiva,


desenvolve-se quando a tiróide produz demasiada quantidade de hormonas.

O hipertiroidismo tem várias causas, entre elas as reacções imunológicas (possível causa da
doença de Graves). Os doentes com tiroidite, uma inflamação da glândula tiróide, sofrem
habitualmente uma fase de hipertiroidismo. Contudo, a inflamação pode lesar a glândula
tiróide, de tal maneira que a actividade inicial, superior à normal, é o prelúdio de uma
actividade deficiente transitória (o mais frequente) ou permanente (hipotiroidismo).

Os nódulos tóxicos (adenomas), zonas de tecido anómalo que crescem dentro da glândula
tiróide, eludem por vezes os mecanismos que controlam a glândula e produzem, por
conseguinte, hormonas tiróideas em grandes quantidades. Um doente pode ter um nódulo ou
vários. A este respeito o bócio tóxico multinodular (doença de Plummer), uma perturbação
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em que há muitos nódulos, é pouco frequente nos adolescentes e adultos jovens e o risco de a
sofrer tende a aumentar com a idade.

No hipertiroidismo, em geral, as funções do corpo aceleram-se. O coração bate mais


depressa e pode desenvolver um ritmo anómalo, e o indivíduo afectado pode chegar a sentir
os batimentos do seu próprio coração (palpitações). Também é provável que a pressão
arterial aumente. Muitos doentes com hipertiroidismo sentem calor mesmo numa
habitação fria, a sua pele torna-se húmida, já que tendem a suar profusamente, e as mãos
podem tremer. Sentem-se nervosos, cansados e fracos, e apesar disso aumentam o seu nível
de actividade; aumenta o apetite, embora percam peso; dormem pouco e evacuam
frequentemente, algumas vezes com diarreia.

Os idosos com hipertiroidismo podem não apresentar estes sintomas característicos, mas
têm o que por vezes se chama hipertiroidismo apático ou oculto. Simplesmente tornam-se
fracos, sonolentos, confusos, introvertidos e deprimidos. Os problemas cardíacos,
especialmente os ritmos cardíacos anómalos, observam-se muitas vezes nos pacientes de
idade avançada com hipertiroidismo.

O hipertiroidismo também provoca alterações oculares: edema em torno dos olhos, aumento
da lacrimação, irritação e uma inabitual sensibilidade à luz. Além disso, o doente parece olhar
fixamente. Estes sintomas oculares desaparecem quando a secreção da hormona tiróidea é
controlada, excepto nos pacientes com doença de Graves, a qual causa problemas especiais
nos olhos.

O hipertiroidismo pode adoptar diversas formas que incluem a doença de Graves, o bócio
tóxico nodular ou o hipertiroidismo secundário.

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Hipotiroidismo:

O hipotiroidismo é uma afecção em que a glândula tiróide tem um funcionamento anómalo


e produz muito pouca quantidade de hormona tiróidea. O hipotiroidismo muito grave
denomina-se mixedema.

Na tiroidite de Hashimoto, a causa mais frequente de hipotiroidismo, a glândula tiróide


aumenta e o hipotiroidismo aparece anos mais tarde, devido à destruição gradual das zonas
funcionais da glândula. A segunda causa mais frequente de hipotiroidismo é o tratamento do
hipertiroidismo. O hipotiroidismo costuma verificar-se quer seja pelo tratamento com iodo
radioactivo, quer pela cirurgia.

A causa mais frequente de hipotiroidismo em muitos países em vias de desenvolvimento é


a carência crónica de iodo na dieta, que produzirá um aumento do tamanho da glândula,
reduzindo o seu rendimento (bócio hipotiróideo). Contudo, esta forma de hipotiroidismo
desapareceu em muitos países, desde que os fabricantes de sal começaram a juntar iodo ao sal
de mesa e desde que se utilizam desinfectantes com iodo para esterilizar os úberes das vacas.

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Outras causas, mais raras, de hipotiroidismo incluem algumas afecções herdadas, em que uma
anomalia enzimática nas células da tiróide impede que a glândula produza ou segregue
quantidade suficiente de hormonas tiróideas. Outras perturbações pouco frequentes são
aquelas em que o hipotálamo ou a hipófise não produzem a hormona na quantidade suficiente
para estimular o funcionamento normal da tiróide.

Sintomas:

A insuficiência tiróidea provoca uma decadência geral das funções do organismo. Em


acentuado contraste com o hipertiroidismo, os sintomas do hipotiroidismo são subtis e
graduais e podem ser confundidos com uma depressão. As expressões faciais são toscas, a voz
é rouca e a dicção lenta; as pálpebras estão caídas, os olhos e a cara tornam-se inchados e
salientes. Muitos doentes com hipotiroidismo aumentam de peso, têm prisão de ventre e são
incapazes de tolerar o frio. O cabelo torna-se ralo, áspero e seco, e a pele torna-se áspera,
grossa, seca e escamosa. Em muitos casos desenvolve-se a síndroma do canal cárpico, que
provoca formigueiro ou dor nas mãos. (Ver secção 6, capítulo 70) O pulso torna-se mais lento,
as palmas das mãos e as plantas dos pés aparecem um pouco alaranjadas (carotenemia) e a
parte lateral das sobrancelhas solta-se lentamente. Algumas pessoas, sobretudo os adultos,
ficam esquecediças e parecem confusas ou dementes, sinais que facilmente se podem
confundir com a doença de Alzheimer ou outras formas de demência.

Sem tratamento, o hipotiroidismo no fim pode causar anemia, uma descida da temperatura
corporal e insuficiência cardíaca. Esta situação pode agravar-se e aparecer confusão,
estupor ou coma (coma mixedematoso), uma complicação mortal em que a respiração se
torna lenta, o doente tem convulsões e a corrente sanguínea cerebral diminui. O coma
mixedematoso pode ser desencadeado pela exposição ao frio ou por uma infecção, um
traumatismo e medicamentos como sedativos e tranquilizantes, que inibem o funcionamento
cerebral.

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Gota:

É um tipo de artrite que ocorre quando o ácido úrico se acumula no sangue e causa
inflamação nas articulações. A gota também pode ser chamada de Doença dos Reis.

Tipos:

Há dois tipos diferentes de gota:

 Gota aguda: é uma doença dolorosa que normalmente afeta uma articulação

 Gota crônica: consiste em episódios repetidos de dor e inflamação que podem


envolver mais de uma articulação.Gota:

Causas:

A gota é causada pela presença de níveis mais altos do que o normal de ácido úrico na
corrente sanguínea. Isso pode ocorrer se o corpo produzir ácido úrico em excesso ou se o tiver
dificuldade de eliminar o ácido úrico produzido.

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Quando essa substância se acumula no líquido ao redor das articulações (líquido sinovial),
são formados cristais de ácido úrico. Esses cristais causam inchaço e inflamação nas
articulações. A causa exata da gota, no entanto, é desconhecida.

Atividades adaptadas aos idosos com problemas endócrinos e metabólicos

A Organização Mundial de Saúde prevê que, em 2020, o número de idosos atinja os mil
milhões em todo o mundo, o dobro dos que existem actualmente. Este número torna-se
preocupante na medida em que, face a uma sociedade actual que é por excelência consumista,
o idoso tem sido a ser visto como “algo” indesejável, na medida em que, não produzindo, terá
de ser posto de lado, num local onde não incomode.

Actualmente o termo “velhice” é facilmente associado a termos como: autonomia, qualidade


de vida, saúde e actividade/exercício físico. Com efeito vários estudos têm vindo a ser
realizados na tentativa de descobrir a melhor forma de alcançar uma boa qualidade de vida na
velhice, isto porque na verdade, envelhecer é um processo natural da vida das pessoas, e o
importante será, não tentar parar o envelhecimento, mas sim viver com qualidade todo esse
processo. Contudo o envelhecer acarreta perdas significativas para o indivíduo, com a
modificação do seu papel na sociedade, perda da sua ocupação profissional, perda de parentes
e amigos e o aparecimento de doenças crónicas, alterações psicológicas e fisiológicas.

O envelhecer difere de indivíduo para indivíduo e também de país para país, assim como de
uma região para outra.

Na verdade o processo de envelhecimento depende em grande parte dos hábitos de vida


do indivíduo e dos seus comportamentos. O envelhecimento populacional, além das
referências estatísticas elevadas, acarreta consigo implicações de ordem económica, social e
política. O aumento dos indivíduos idosos associa-se a uma sobrecarga da economia a nível
nacional, na medida em que acarretam uma maior utilização dos serviços de saúde.

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Segundo Sobral (2003), a actividade física refere-se ao trabalho muscular capaz de elevar
a taxa metabólica acima do nível considerado de repouso. Ela é inerente ao Homem.

Todos os seres Humanos sentem necessidade de a realizar de forma a poderem prolongar e


sustentar a sua vida.

Para Katch & Katch (1995) actividade física é qualquer movimento corporal, produzido
pela mobilização activa dos músculos, e exercício físico é uma actividade física planeada e
estruturada, que é realizada com um determinado objectivo. Actividade física e Exercício
Físico são portanto dois conceitos distintos, e que importa diferenciar.

Centrando agora atenções no conceito de saúde, este é hoje em dia muito mais do que a
simples ausência de doença, implicando bem-estar físico, psíquico e social. É pois o estado em
que o indivíduo tem a vitalidade e energia suficientes para realizar as suas tarefas diárias e
ocupar o seu tempo livre, sem revelar sintomas de fadiga ou mal-estar.

O mesmo confirma a Organização Mundial de Saúde (OMS) que entende por saúde o
completo estado de bem-estar físico, mental e social e não a mera ausência de doenças ou
males.

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Patologia genito-urinária
Modificações do sistema genito-urinário na população idosa

O aumento da espectativa de vida da população traz consigo o risco de doenças específicas


dos idosos, que tem se tornado cada vez mais frequentes. As alterações funcionais e
anatómicas do sistema urinário e genital podem determinar forte impacto negativo na
qualidade de vida, comprometendo o relacionamento familiar, afetivo e social.

Função renal e envelhecimento:

No decorrer do envelhecimento, observa-se diminuição progressiva do funcionamento dos


rins. Dessa forma, cuidados devem ser considerados quando da prescrição de medicamentos
que apresentam metabolismo e excreção renal aos idosos, particularmente quando seu
uso será contínuo ou por tempo prolongado.

Várias doenças que acometem os idosos podem determinar perda adicional da função
renal, tais como a hipertensão e o diabetes mellitus entre outras, de tal forma que a função
renal deverá ser monitorada com freqüência.

Nos homens, o aumento prostático, comum no envelhecimento, poderá comprometer a


função renal progressivamente, caso determine obstrução urinária por tempo prolongado
sem tratamento.

Envelhecimento e alterações vesicais:

No envelhecimento pode ocorrer deterioração do controle do sistema nervoso central


sobre a bexiga. Isso pode determinar o surgimento de contrações involuntárias da bexiga
e/ou de alterações da sua sensibilidade e contratilidade. Tais alterações podem causar a
síndrome da bexiga hiperativa, que se caracteriza por urgência miccional (desejo
incontrolável de urinar), que pode causar perda urinária involuntária, e aumento da
freqüência das micções, inclusive à noite.
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Caso haja comprometimento da contratilidade vesical, poderá haver dificuldade de
esvaziamento da bexiga, que poderá predispor ao surgimento de infecções urinárias,
incontinência (por transbordamento da bexiga) e aumento da frequência das micções.

Nos homens, o aumento prostático benigno, comum no envelhecimento, poderá causar


sobrecarga funcional sobre a bexiga, que terá que desenvolver contrações com pressões
progressivamente mais elevadas, visando garantir o esvaziamento da urina.

Essa situação, a médio prazo, pode determinar hipertrofia muscular da bexiga, com
diminuição da sua capacidade e elasticidade, e graves conseqüências sobre o habito urinário.
As alterações poderão ser irreversíveis, mesmo após o tratamento da obstrução prostática.

Nas mulheres, a ausência dos hormônios sexuais, que deixam de ser produzidos pelo ovário
após a menopausa, causam alterações progressivas da bexiga e do assoalho pélvico como um
todo. Além da síndrome da bexiga hiperativa, é comum o surgimento de ardor para urinar,
hematúria (sangramento na urina), carúnculas (lesões avermelhadas no orifício uretral, que
podem apresentar sangramento espontâneo ou durante a higiene íntima).

Embora não tenham relação direta com a menopausa, verifica-se aumento da frequência ou
agravamento dos prolapsos vaginais nesse grupo etário.

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Fatores de risco e sintomas

Nas mulheres, a ausência dos hormônios produzidos pelos ovários (estrógenos)


determina diminuição da lubrificação vaginal podendo causar desconforto durante as
relações sexuais. A disfunção sexual pode ser agravada pela diminuição do tônus dos
músculos do assoalho pélvico, que ocorre progressivamente nessa faixa etária.

Nos homens, as causas orgânicas de disfunção erétil tornam-se mais frequentes após os 40
anos e, geralmente, tem evolução progressiva. Incluem doenças vasculares que
comprometem o fluxo de sangue para o pénis, como ocorre na hipertensão arterial, nos
fumantes e nos pacientes com níveis elevados de colesterol ou triglicérides, por exemplo.
Doenças com comprometimento do cérebro e da medula espinhal ou dos nervos, podem
comprometer a transmissão do impulso nervoso para o pénis, causando dificuldades na
ereção.

Isto ocorre, por exemplo, no diabetes, no alcoolismo crônico, após infartos encefálicos
(“acidente vascular cerebral – AVC”) ou após algumas cirurgias, como para o tratamento do
"Câncer da Próstata". Mais raramente doenças endocrinológicas, que causam queda da
produção de testosterona pelos testículos, podem causar impotência.

O uso de alguns medicamentos pode desencadear a impotência, como os utilizados no


tratamento da hipertensão arterial, calmantes, medicamentos para epilepsia e para
tratamento de úlcera do estômago ou do duodeno. Nestes casos, normalmente há recuperação
da ereção com a interrupção do uso da droga.

Existem, também, alguns fatores que interferem na função erétil apesar de não se
relacionarem diretamente com o mecanismo de ereção. Nesses casos, incluem-se infartos
cardíacos, câncer, desnutrição, uso de drogas injetáveis e outras doenças crônicas que
diminuem a capacidade física do indivíduo.

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Infecções urinárias e envelhecimento:

Nas mulheres: As alterações da flora vaginal normal que ocorrem após a menopausa
podem determinar aumento da frequência de infecções urinárias nessa faixa etária. Além
do tratamento com antibióticos, o médico deve considerar o emprego de medidas
complementares, tais como a reposição hormonal tópica, na forma de creme ou óvulo vaginal,
ou mesmo o uso de imunoestimulantes, visando diminuir o risco de recidiva, que pode ser
frequente nessa faixa etária.

Nessa faixa etária, é comum, também, a ocorrência de colonização urinária com bactérias,
sem surgimento de sintomas e sem alterações significativas no exame de urina. Tal situação,
denominanda bacteriúria assintomática da mulher idosa, por vezes não necessita de
tratamento com antibióticos, por se tratar de quadro autolimitado e sem maiores
consequências.

Caberá ao médico decidir quando a paciente deverá ser tratada, com base nas informações
clínicas, nos antecedentes pessoais e outras doenças que a paciente possui, após a análise dos
exames laboratoriais.

Nos homens: De forma diversa do que costuma ocorrer nas mulheres, as infecções
urinárias, em geral, decorrem de doenças bem definidas do sistema urinário, associando-se
frequentemente com distúrbios do esvaziamento vesical.

Nessa situação, as infecções decorrem do resíduo urinário elevado, seja decorrente da


obstrução urinária causada pelo aumento prostático, ou por neuropatias, tais como após
infartos encefálicos (“acidentes vasculares cerebrais – AVC”), doença de Parkinson e
demências.

O sucesso do tratamento das infecções dependerá da melhora do esvaziamento vesical, que


implicará em tratamento medicamentoso contínuo, e por vezes em tratamento cirúrgico.

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Principais patologias

Insuficiência renal:

A insuficiência renal (IR) é a incapacidade dos rins de filtrar o sangue, eliminando


substâncias ruins, como ureia ou creatinina, por exemplo, que podem ficar acumuladas no
organismo quando os rins não estão funcionando bem.

A insuficiência renal pode ser aguda ou crónica, sendo que a aguda é caracterizada
por uma rápida redução da função renal e na crônica ocorre uma perda gradual da função dos
rins, causada por fatores como desidratação, infecção urinária, hipertensão ou obstrução da
urina, por exemplo.

Geralmente, a insuficiência renal aguda tem cura, porém a insuficiência renal


crónica nem sempre tem cura e o tratamento exige realizar hemodialise ou transplante de
rim para melhorar a qualidade de vida do paciente e promover o bem-estar.

Sintomas de insuficiência renal:

A insuficiência renal pode se manifestar através de vários sintomas porque depende se


é aguda ou crónica.

Sinais de insuficiência renal aguda:

Os sintomas mais comuns da insuficiência renal aguda incluem:

Pouca urina, amarela escura e com cheiro forte;

Cansaço fácil e falta de ar;

Dor na parte inferior das costas, que é onde se localizam os rins;

Inchaço das pernas e pés;

Cansaço fácil com falta de ar;


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Pressão alta;

Febre superior a 39ºC;

Tosse com sangue;

Falta de apetite e presença náuseas e vômitos;

Pequenos caroços na pele.

Além disso, podem surgir alterações no exame de sangue e de urina, surgindo a presença
de proteínas na urina e no exame de sangue, valores de ureia, creatinina e potássio elevadas e
sódio inferior ao valor normal. Para saber como é feito o diagnóstico leia insuficiência
renal aguda.

Os sintomas mais comuns da insuficiência renal crónica são:

Vontade de urinar frequentemente, principalmente à noite, acordando para urinar;

Urina com cheiro forte e espuma;

Pressão arterial muito alta que podem causar AVC ou insuficiência cardíaca;

Sensação de peso corporal muito elevado;

Tremores principalmente nas mãos;

Cansaço intenso;

Músculos fracos;

Cãibras frequentes;

Formigamentos nas mãos e pés;

Pele amarelada e perda de sensibilidade;

Convulsões.

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Incontinência:

A incontinência urinária é a perda involuntária do controlo da bexiga ou do intestino, sendo


por isso um sintoma e não uma condição de saúde em si.

Para compreender as causas da incontinência é importante que conheça a «mecânica» do


seu organismo:

Bexiga: É um pequeno reservatório com 6 a 8 cm de diâmetro que pode conter entre


400 a 500 ml de urina. Contrai-se para se esvaziar.

Esfíncteres: Os músculos dos esfíncteres fecham-se para reter a urina e abrem-se para
a deixar sair.

Períneo: É uma sobreposição de músculos esticados como uma cama de rede que
contém a uretra, o ânus e a vagina. Habitualmente, exerce uma força suficiente para apertar os
orifícios respectivos para desempenhar o papel de fecho. O períneo é alvo de modificações nas
diferentes etapas hormonais da vida de uma mulher: gravidez, parto, menopausa. Eis a razão
porque é tão importante tomar consciência do seu períneo para conseguir controlá-lo bem.

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Existe uma diversidade de factores que podem estar na origem de incontinência,
incluindo:

Gravidez ou parto

Infecção

Alterações associadas ao envelhecimento

Defeitos de nascença

Cirurgia

Lesões nervosas

Grande prática desportiva

TIPOS DE INCONTINÊNCIA:

Sob a definição geral de incontinência escondem-se situações muito diversas, desde perdas
muito ligeiras e ocasionais de urina a perdas moderadas e perdas regulares e mais graves.

Estas situações agrupam-se em quatro grandes grupos, de acordo a causa das perdas de
urina:

Incontinência urinária de esforço:

O que se sente?

Caracteriza-se pela perda involuntária de urina durante um esforço, como por exemplo, ao
tossir, espirrar, rir, saltar ou pegar em cargas pesadas.

Como se explica?

Ao serem mobilizados, os músculos abdominais exercem pressão sobre o períneo que, se


estiver um pouco fraco, não consegue impedir que os esfíncteres abram ligeiramente,
deixando passar algumas gotas de urina.

Qual a origem?

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Este é o tipo mais frequente de incontinência urinária, atingindo particularmente mulheres
que passaram por situações de gravidez ou se encontram na menopausa.

Como se explica?

Ao serem mobilizados, os músculos abdominais exercem pressão sobre o

períneo que, se estiver um pouco fraco, não consegue impedir que os

esfíncteres abram ligeiramente, deixando passar algumas gotas de urina.

Qual a origem?

Este é o tipo mais frequente de incontinência urinária, atingindo

particularmente mulheres que passaram por situações de gravidez ou se

encontram na menopausa.

Incontinência urinária de urgência

O que se sente?

Também conhecida por bexiga hiperactiva, caracteriza-se por uma vontade súbita e
irreprimível para urinar, muitas vezes acompanhada de perda de urina (por vezes com grande
volume).

Pode também ocorrer a necessidade de urinar muito frequentemente (mais de oito vezes por
dia) e noctúria (uma vez ou mais por noite).

Como se explica?

Trata-se de uma disfunção que resulta da contracção precoce e sem motivo do músculo
detrusor da bexiga, conhecida como hiperactividade vesical.

Qual a origem?

Este é um tipo de incontinência cuja frequência aumenta com a idade.


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Atividades adaptadas aos idosos com problemas genito-urinários

Especialistas que podem diagnosticar uma incontinência urinária são:

Clínica geral

Urologista

Ginecologista

Geriatria.

Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa
forma, já pode chegar à consulta com algumas informações:

Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram

Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou


suplementos que tome com regularidade

Se possível, peça a uma pessoa a acompanhar.

O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:

Quando os sintomas começaram, e quão grave são eles?

Os sintomas são contínuos ou ocasionais?

O que, se alguma coisa, parece melhorar ou piorar os sintomas?

Quantas vezes é necessário urinar ao dia?

Com que frequência há vazamento de urina?

Há dificuldade para esvaziar a bexiga?

Você já notou sangue na urina?

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Você fuma?

Quantas vezes você ingere álcool e bebidas com cafeína?

Quantas vezes você come alimentos picantes, açucarados ou ácidas?

Também é importante levar as suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela
mais importante. Isso garante que conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes
antes da consulta acabar. Para incontinência urinária, algumas perguntas básicas incluem:

Qual é a causa mais provável dos sintomas?

Que tipos de testes é preciso fazer?

Será que estes testes requerem qualquer preparação especial?

Essa incontinência urinária temporária?

Quais são os tratamentos disponíveis?

Quais os efeitos colaterais do tratamento?

Existe uma alternativa genérica para o medicamento que você está prescrevendo?

Tenho outras condições de saúde. Como posso gerenciar melhor essas condições
juntas?

Não hesite em fazer outras perguntas durante a sua nomeação conforme elas
ocorrerem para você.

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Patologia musculoesquelética

Alterações musculares e ósseas no idoso

O sistema musculosquelético e articular são responsáveis pelo movimento do corpo,


fundamentais para a nossa locomoção, autonomia e realização de todas as atividades diárias.
Com o aumento da idade sofrem várias modificações, pelo que a prevenção deve começar
logo na adolescência.

Alterações fisiológicas a nível muscular:

No homem, o sistema muscular alcança sua maturação plena entre os 20 e 30 anos, mas com
o aumento da idade, a estrutura e a função dos músculos esqueléticos alteram-se.
Estruturalmente, há perda de massa muscular (processo conhecido por sarcopenia) por
redução do número e tamanho das fibras musculares durante a idade adulta e anos seguintes;
muitas células musculares atrofiam e morrem e outras são substituídas por tecido adiposo e
conjuntivo.

O músculo pode apresentar dois tipos de fibras muscular, nomeadamente fibras tipo I
(contração lenta) e fibras tipo II (contração rápida, contribuindo para o tempo de reação e de
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resposta). Com o aumento da idade, o tamanho da fibra tipo II é reduzida o que altera a
resposta corporal apropriada às situações de emergência, como a perda súbita do equilíbrio.

Funcionalmente, as alterações estruturais referidas levam a uma redução da força


muscular e da velocidade de contração, podendo estas também estar relacionadas com
diminuição do processamento de informações e da ativação muscular. Também, verifica-se
uma diminuição da flexibilidade com perda de amplitude dos movimentos.

É importante destacar que o declínio muscular é maior nos membros inferiores, o que
compromete o equilíbrio, a marcha e o ortostatismo (posição de pé).

Alterações fisiológicas a nível ósseo

O osso é um tecido dinâmico, que está em constante remodelação, não uniforme, por toda
vida. O processo de remodelação é realizado por dois tipos especiais de células: os
osteoblastos, células formadoras de osso, e os osteoclastos, células responsáveis pela
reabsorção óssea. Ambos são derivados de células progenitoras da medula óssea, que com
o envelhecimento altera a sua atividade celular modificando a formação de osteoblastos e
osteoclastos.

Nas duas primeiras décadas de vida, predomina a formação, pois há um incremento


progressivo de massa óssea. Nas duas décadas seguintes regista-se o pico de massa óssea,
sendo maior nos homens do que nas mulheres. A partir da quarta década a atividade dos
osteoblastos diminui, ao passo que a atividade dos osteoclastos aumenta. Por conseguinte,
passa a ocorrer perda progressiva, absoluta, da massa óssea até então presente (osteopenia
fisiológica).

Essa perda é de aproximadamente 3,3% ao ano nos homens e de 1% ao ano nas


mulheres. No entanto, no sexo feminino, após a menopausa, essa perda aumenta em até dez
vezes, sendo um fator de risco para ocorrência de osteoporose.

Alterações fisiológicas a nível articular:

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Com o envelhecimento, nas articulações ocorre diminuição do líquido sinovial e da espessura
da cartilagem, como também os ligamentos podem ficar mais curtos e menos flexíveis. Com a
progressiva degenerescência da cartilagem articular e das restantes alterações, regista-se a
instauração de artroses e diminuição da amplitude de movimento das articulações afetadas.

A partir dos 40 anos, verifica-se uma diminuição dos arcos plantares, alterações das
curvaturas da coluna (principalmente aumento da cifose dorsal) e/ou deterioração das
articulações intervertebrais, causando uma diminuição da altura total da pessoa.

Fatores de risco e sintomas

Quais são as principais causas de uma fratura óssea?

Os traumatismos que incidem sobre os ossos com forças superiores a sua capacidade de
deformação são as causas mais frequentes de fraturas. Isso acontece, sobretudo, em quedas,
pancadas e acidentes, mas há também fraturas que ocorrem devido a impactos mínimos ou
até espontaneamente, chamadas fraturas patológicas, as quais se devem a um anormal
enfraquecimento dos ossos, devido à osteoporose ou a tumores ósseos.

Quais são os principais sinais e sintomas de uma fratura óssea?

As queixas mais comuns são dores, inchaço, incapacidade total ou parcial de


movimentos, deformidades e posturas anormais, sinais do traumatismo, como hematomas,
lesões cutâneas, etc. Nas fraturas expostas ou complicadas podem aparecer outros sinas e
sintomas além desses, dependendo do tipo de evento.

A imobilização de um membro fraturado motiva uma perda mineral do osso e, se for nos
membros inferiores, há uma tendência à formação de trombos.

Uma das sequelas mais frequentes das fraturas é a consolidação viciosa, em que o osso
cicatriza numa posição anatômica incorreta.

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Fraturas expostas podem levar a uma infecção óssea especialmente grave devido à baixa
irrigação sanguínea e escassez de células vivas nos ossos.

Na pseudoartrose os topos da fratura não se juntam após um determinado período de


tempo. O tratamento da pseudoartrose exige correção cirúrgica.

Algum tempo depois de uma fratura pode ocorrer necrose (morte de parte do osso), se
ocorrer interrupção dos vasos sanguíneos que levam sangue a essa parte do osso.

Principais patologias

Artrite Reumatóide:
A Artrite Reumatóide (AR) é uma doença crónica, inflamatória, auto-imune que se
caracteriza pela inflamação das articulações e que pode conduzir à destruição do tecido
articular e periarticular. Existe também uma ampla variedade de alterações extra-articulares.

É uma doença crónica porque não tem cura, mas se eficazmente tratada, tem bom
prognóstico vital e funcional. Nos últimos anos, houve uma melhoria substancial no
tratamento desta doença. Por um lado, verificou-se uma melhoria nas estratégias de
tratamento com uso mais eficaz dos medicamentos modificadores de doença já existentes, e
por outro surgiram novos medicamentos.

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Os doentes com AR frequentemente sentem dor e dificuldade em mobilizar as
articulações, mas os sintomas podem ser muito variados. A supressão da inflamação nos
estágios iniciais da doença, ou seja o tratamento precoce, pode resultar em melhoria
substancial do prognóstico a longo prazo.

A AR não é uma doença rara, a sua prevalência (frequência) varia de 0,5-1,5% da população
nos países industrializados. Em Portugal estima-se que afete 0,8 a 1,5% da população. A
ocorrência global de RA é duas a quatro vezes maior em mulheres do que em homens. O pico
de incidência nas mulheres é após a menopausa, mas pessoas de todas as idades podem
desenvolver a doença, incluindo adolescentes.

Qual a causa?

Sendo uma doença auto-imune significa que no doente com AR o seu o sistema imunitário
não está a funcionar adequadamente, havendo produtos do sistema imune que reagem contra
os tecidos do doente.

A causa dessa desregulação do sistema imunitário que acontece na AR é desconhecida, no


entanto, investigações estão a ser feitas nesta área e já foram descobertos alguns factores de

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riscos, como por exemplo o tabagismo. Estudos científicos sugerem ainda que a doença seja
causada pela interacção de factores de risco com a existência de predisposição genética.

A inflamação articular é assim desencadeada pela presença de moléculas (citocinas) que


interagem com alguns glóbulos brancos causando uma reação inflamatória local e sistémica
(em todo o organismo). Este processo traduz-se em edema (inchaço), dor, e, por vezes,
rubor (vermelhidão) e aumento da temperatura nas articulações afetadas, gerando
incapacidade para as mover correctamente.

Que queixas e sintomas os doentes apresentam?

A apresentação pode ser muito variável. A presença de artrite (inflamação nas articulações)
é uma característica fundamental da doença. A inflamação articular causa alterações
características: edema, dor das articulações e, por vezes, rubor e calor. Causa também rigidez,
uma sensação de prisão dos movimentos, especialmente no início da manhã ou depois de
períodos de repouso.

Frequentemente, a doença começa como uma poliartrite simétrica (mais de 4 articulações


inchadas e dolorosas, nos dois lados do corpo). Qualquer articulação com membrana sinovial
(membrana que reveste algumas articulações e que produz um líquido que lubrifica, nutre e
facilita os movimentos articulares) pode ser atingida, mas geralmente afeta primeiro as
pequenas articulações das mãos e dos pés. À medida que a doença progride, mais articulações
podem inflamar, incluindo ombros, cotovelos, ancas e joelhos.

Outra articulação que pode estar envolvida é a primeira articulação cervical, entre a
primeira e segunda vértebras cervicais, resultando em instabilidade da coluna cervical.

Para além dos sintomas articulares, os sintomas constitucionais (por exemplo, o cansaço,
sintomas de gripe, febre, suores e perda de peso) são comuns.

Se não for tratada, a inflamação conduz à destruição progressiva das articulações e sua
perda de função. Podem surgir nesta altura deformidades articulares, algumas muito

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características nas mãos. Ao dano articular, pode adicionar-se perda de massa muscular por
atrofia, podendo levar de forma progressiva a dificuldades motoras.

Os tendões estão envolvidos por bainhas e estas são também constituídas por membranas
sinoviais, podendo ficar inflamadas, tal como as articulações.

Ocasionalmente, o doente pode ter apresentações mais atípicas, o que pode dificultar o
diagnóstico. Nomeadamente quando tem um início súbito ou surge como uma doença mais
sistémica, com perda de peso, febre e fadiga e poucas manifestações articulares. Outras vezes,
os doentes começam por apresentar inflamação articular de grandes articulações (joelho,
cotovelo) e só mais tarde desenvolvem artrite das mãos.

A AR é uma doença que pode afetar muitos órgãos e há outras manifestações da doença:

Olhos: Secura ocular (Síndrome seca secundária, chamada “Síndrome de Sjögren secundária”);
inflamação ocular (esclerite e episclerite).

Pele: úlceras de perna e lesões cutâneas eritematosas (avermelhadas).

Nódulos reumatóides: tumefações subcutâneas (debaixo da pele) não dolorosas que


ocorrem na maioria das vezes nos cotovelos, joelhos e dorso das mãos. Surgem sobretudo em
pessoas com a doença de longa evolução.

Sistema Nervoso: Pode ocorrer compressão de nervos periféricos pelo edema


articular, sendo comum o “síndrome do túnel cárpico”. Mais raramente, pode ocorrer
subluxação atlanto-axial (das duas primeiras vértebras cervicais) o que poderá conduzir a
comprometimento da medula espinhal.

Sistema respiratório: pode ocorrer inflamação pleural (membrana que cobre os


pulmões), e alterações dos pulmões e vias aéreas.

Sistema cardiovascular: Pode ocorrer a inflamação da membrana que cobre o


coração (pericárdio), o que é pouco frequente. Estudos recentes mostram que a AR contribui

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para o aumento do risco cardiovascular, existindo um aumento do risco de enfarte agudo do
miocárdio e acidente vascular cerebral.

Sistema renal: Raramente envolvido, mas pode ocorrer nefropatia tóxica (pela toma
de anti-inflamatórios não esteróides).

Fígado: A presença de hepatomegália discreta (aumento das dimensões do fígado) e


enzimas hepáticas (transamínases) elevadas são comuns.

Outras manifestações: Podem ainda ocorrer distúrbios da tiróide, osteoporose e


depressão.

O aparecimento de outras doenças pode aumentar o risco de desenvolver complicações de


AR e pode aumentar ainda mais a morbidade e mortalidade, por exemplo, desenvolver
diabetes, que associada a AR conduzem a mais complicações cardíacas.

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico deve ser o mais precoce possível, com iniciação rápida do tratamento. Estudos
científicos demonstram que no período inicial da doença há uma oportunidade única para
influenciar o progresso da doença. O desafio para o médico é reconhecer os primeiros
sintomas e encaminhar precocemente.

O diagnóstico é essencialmente clínico; as investigações são importantes na avaliação e


exclusão de outros diagnósticos possíveis.

Algumas das investigações realizadas são inespecíficas, podendo estar alteradas em várias
doenças:

Velocidade de sedimentação e proteína C reativa (parâmetros analíticos que


traduzem inflamação): na AR costumam estar elevadas, mas podem ser normais.

Hemograma: anemia normocítica normocrómica e trombocitose (aumento das


plaquetas) reativa são comuns na doença ativa.

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Fator Reumatóide: Deve ser requisitado em doentes com suspeita de terem AR, ou
seja, naqueles em que se encontrou artrite no exame objectivo. Este é positivo em 60-70% dos
doentes (e 5% da população normal). Pode ser positivo em outras doenças pelo que se deve
ter atenção à sua interpretação.

Anticorpo contra péptidos citrulinados (anti-CCP): Deve ser requisitado se suspeita


de AR, se o paciente é negativo para o fator reumatóide ou na eventualidade de se ponderar
terapia de combinação. Este anticorpo é mais específico do que o fator reumatóide na AR e
pode ser mais sensível na doença erosiva.

Anticorpo antinuclear (ANA): pode ser positivo em cerca de 30% dos pacientes com
AR

Radiografias das mãos e dos pés: Quandorealizados no início da doença, podemser


normais se a doença tiver pouco tempo de evolução. Devem ser repetidos durante a
monitrização da doença.

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Osteoporose:

A osteoporose é uma doença óssea sistémica, (i.e. generalizada a todo o esqueleto), que por si
só não causa sintomas, caracterizada por uma densidade mineral óssea (DMO) diminuída e
alterações da microarquitectura e da resistência ósseas que causam aumento da fragilidade
óssea e, consequentemente, aumento do risco de fracturas.

Se não for prevenida precocemente, ou se não for tratada, a perda de massa óssea vai
aumentando progressivamente, de forma assintomática, sem manifestações, até à ocorrência
de uma fractura.

O que caracteriza as fracturas osteoporóticas é ocorrerem com um traumatismo mínimo,


que não provocaria fractura dum osso normal. Também se chamam, por isso, fracturas de
fragilidade.

Uma vez que o número de mulheres em risco de desenvolver osteoporose pós-


menopáusica aumenta à medida que a população vai envelhecendo, é fundamental identificar
de forma precoce e exacta quais as que se encontram em risco de sofrer fracturas.

Sintomas da Osteoporose

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Habitualmente não ocorrem sintomas clínicos de osteoporose antes da ocorrência de uma
fractura.

A osteoporose é considerada uma doença assintomática. De facto, durante a progressão da


doença, os ossos tornam-se progressivamente mais frágeis sem que os indivíduos afectados o
percebam.

Exceptuando os casos em que o doente efectua o rastreio da doença, o diagnóstico só se


realiza após a ocorrência de uma fractura:

para muitas mulheres pós-menopáusicas, a ocorrência da primeira fractura


osteoporótica é o primeiro sintoma sugestivo da doença;

a ocorrência de fracturas osteoporóticas vertebrais é a complicação da osteoporose


pós-menopáusica mais frequente e muitas vezes a mais precoce;

nesta fase, a micro-estrutura interna do osso pode já ter sofrido uma grande destruição
e a doença encontrar-se num estado bastante avançado;

frequentemente (em aproximadamente dois terços dos casos), as fracturas vertebrais


não são diagnosticadas por não produzirem sintomas ou por os sintomas associados - dor na
região dorsal ou lombar - serem banais e inespecíficos (i.e. surgem em muitas outras situações
clínicas para além das fracturas);

após a primeira fractura , muitas vezes não diagnosticada, o risco de novas fracturas
aumenta, podendo ocorrer múltiplas fracturas vertebrais e consequente aumento da
morbilidade (i.e. das queixas e das perturbações associadas à doença) e da mortalidade;

o diagnóstico e o tratamento precoces da doença são, portanto, fundamentais tendo em


vista a prevenção das fracturas.

Causas da Osteoporose:

A osteoporose decorre de um desequilíbrio entre as células que produzem a substância óssea


(fase que se designa por formação) e as células que destroem a substância óssea (reabsorção),
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ou seja, as células que se encontram envolvidas no ciclo normal renovação (designada por
remodelação) do osso.

A perda de substância óssea torna-se tão acentuada que mesmo as actividades quotidianas
que implicam um esforço mínimo sobre os ossos podem provocar a sua fractura.

A osteoporose, que pela definição operacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) é


sinónimo de Densidade Mineral Óssea (DMO) diminuída, pode ter múltiplas causas, e pode
classificar-se num dos seguintes dois grupos:

Osteoporose primária, quando não há uma patologia subjacente que justifique a sua
ocorrência. Resulta, em princípio, da diminuição de estrogénios após a menopausa e/ou da
aquisição insuficiente de massa óssea durante a fase de crescimento do indivíduo;

Osteoporose secundária, quando a perda óssea é secundária a uma doença, a um


distúrbio alimentar ou a medicação.

Osteoporose primária:

A causa principal da osteoporose primária é a deficiência de estrogénios (hormonas


femininas).

Na osteoporose pós-menopáusica, a perda óssea acelerada deve-se à deficiência de


estrogénios que ocorre na altura da menopausa e é agravada pela idade, afectando todo o
esqueleto. A deficiência de estrogénios é a causa mais importante de osteoporose na mulher
pós-menopáusica.

Na mulher jovem, saudável, a formação e a reabsorção ósseas estão em equilíbrio,


mantendo-se a massa óssea constante. Na mulher pós-menopáusica, a reabsorção óssea
predomina, pelo que se verifica perda da massa óssea e redução da resistência óssea
conduzindo, por fim, à osteoporose e às fracturas.

Aquando da menopausa, os ovários deixam de produzir estrogénio. A diminuição de


estrogénios circulantes promove a perda acelerada de osso das seguintes formas:

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 Pelo aumento da reabsorção óssea

 Pela diminuição da formação de osso

A perda de massa óssea é mais acentuada nos 3-6 anos após a menopausa. Após a perda
acelerada inicial, a perda óssea diminui lenta e gradualmente até aos valores verificados antes
da menopausa.

A perda óssea verificada nos primeiros anos após a menopausa tem a sua maior
repercussão ao nível do osso trabecular (osso constituído por finas lamelas que se
entrecruzam, dando a este tipo de osso uma textura esponjosa, ao mesmo tempo leve e
resistente ao choque) que existe predominantemente nas vértebras e punhos.

Por conseguinte, as primeiras fracturas osteoporóticas numa mulher tendem a ocorrer nas
vértebras ou nos punhos. Como a ocorrência duma fractura vertebral está associada a um
aumento significativo do risco de novas fracturas e da morbilidade que lhes está associada, é
importante a intervenção precoce para prevenção da primeira fractura vertebral.

Uma vez que as fracturas vertebrais são altamente preditivas do risco de fracturas futuras e
da morbilidade associada, é importante a intervenção precoce para prevenção da primeira
fractura vertebral.

Osteoporose secundária

Quer no homem, quer na mulher, a osteoporose e o aumento do risco de fracturas podem


ocorrer omo consequência de diversas situações clínicas:

 Doenças genéticas,

 Hipogonadismo (défice de hormonas sexuais),

 Doenças endócrinas (hormonais),

 Doenças gastrintestinais,

 Doenças hematológicas (doenças do sangue),

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 Doenças auto-imunes (como a artrite reumatóide),

 Deficiências nutricionais,

 Distúrbios alimentares,

 Alcoolismo,

 Doenças crónicas sistémicas, tais como doença renal grave.

Factores de risco para a osteoporose

De acordo com Brown JP e Josse RG os factores de risco major (mais importantes) para a
osteoporose são:

Idade superior a 65 anos

Fractura vertebral anterior

Fractura de fragilidade depois dos 40 anos

História de fractura da anca num dos progenitores

Terapêutica corticóide (cortisona) por via oral ou injectável com mais de 3 meses de
duração

Menopausa precoce (< 40 anos)

Hipogonadismo (défice de hormonas sexuais)

Hiperparatiroidismo primário

Propensão para quedas aumentada

Como factores de risco minor (menos importantes) para a osteoporose, os mesmo autores
indicam:

Artrite reumatóide

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História de hipertiroidismo clínico

Terapêutica crónica com anti-epilépticos

Baixo aporte de cálcio na dieta

Tabagismo (fumador)

Consumo excessivo de cafeína (> 2 chávenas por dia)

Consumo excessivo de bebidas alcoólicas

Baixo peso (índice de massa corporal menor do que 19 kg/m2)

Perda de peso superior a 10% relativamente ao peso do indivíduo aos 25 anos

Imobilização prolongada

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Atividades adaptadas aos idosos com problemas musculares e ósseas

O tratamento dos doentes deve ser sempre individualizado e deve ser realizado de forma
multidisciplinar. Idealmente, todos os pacientes deveriam ter acesso a uma equipa de
profissionais, incluindo médico de familia, reumatologista, enfermeiro, fisioterapeuta,
terapeuta ocupacional, nutricionista, farmacêutico e assistente social. Sempre que necessário
serão pedidas colaborações com outras Especialidades Médicas.

Sempre que tiver dúvidas sobre algum tratamento deve colocá-las ao seu Reumatologista
Assistente. A sua adesão aos tratamentos adequados é fundamental para melhorar o
prognóstico da sua doença.

O tratamento da AR deve envolver modalidades farmacológicas e não farmacológicas.

Medidas Gerais: Um estilo de vida saudável deve ser promovido nos doentes com AR.

Os doentes fumadores devem deixar de fumar.

Em indivíduos com excesso de peso, é aconselhado a perda ponderal para prevenir o


desgaste articular e outras doenças, como hipertensão e diabetes.

A prática de exercício físico deve ser recomendada, mas sempre orientada pela equipa
médica. É aconselhada a realização de exercícios isotónicos e isométricos para fortalecimento
muscular e manutenção da função articular, assim como exercícios aeróbicos para otimização
do sistema cardiorrespiratório.

Quando há suspeita de AR e enquanto se aguarda pela avaliação por especialistas, as


medidas não medicamentosas e tratamento sintomático - como analgésicos não opióides e
medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs) - pode ser instituído. Em qualquer
fase da doença, a utilização de analgesia deve ser considerado como um adjuvante.

O tratamento específico da AR inclui:

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Analgésicos: como por exemplo o paracetamol, ou analgésicos compostos
(paracetamol + tramadol, por exemplo) devem ser oferecidos a pessoas cujo controlo da dor
não é adequado, para reduzir potencialmente a sua necessidade de tratamento a longo prazo
com AINEs.

Anti-inflamatórios (AINEs): como por exemplo o ibuprofeno, diclofenac, naproxeno,


têm indicação para o tratamento sintomático da inflamação na AR, contribuindo para aliviar
os sinais e sintomas desta. Têm um rápido início de ação, mas não alteram a progressão da
doença nem a incapacidade funcional a longo prazo e podem ter toxicidade importante. A
toma simultânea de mais do que um AINE não aumenta a eficácia e resulta em maior
toxicidade. Pode ser necessário adicionar um fármaco inibidor da bomba de protões
adequado (para proteção gástrica). Há diversos disponíveis, o problema é decidir qual
preparação será melhor para que cada doente, visto que as respostas têm variação individual.
De um modo geral, os chamados inibidores da COX 2 (“coxibs”) têm menos efeitos
gastrointestinais e os AINE’s clássicos menos efeitos cardiovasculares. Os AINEs podem
interagir com outros medicamentos ou estarem contra-indicados no seu caso. Pelo que não se
aconselha a toma sem prescrição médica.

Corticosteróides (por exemplo, a prednisolona, prednisona, metilprednisolona), em


doses baixas podem ser usados em combinação com DMARDs, para controlo de sintomas a
curto prazo e a médio e longo prazo para minimizar o dano articular. Pode ser proposto um
tratamento de curta duração com doses mais elevadas de corticóides (administrado de forma
oral, intramuscular ou intra-articulares) para melhorar rapidamente os sintomas em doentes
com diagnóstico recente de AR ou quando surge um surto da doença. Pela existência de
efeitos adversos potencialmente graves (diabetes, osteoporose, cataratas), as doses
recomendadas pelo seu médico devem ser respeitadas.

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Patologia dermatológica

A pele e o envelhecimento

O envelhecimento da pele é uma situação normal que ocorre devido ao aumento da idade e
que leva ao aparecimento de sinais como manhas escuras ou rugas, por exemplo.

Os principais sinais de envelhecimento da pele incluem:

Aparecimento de manchas acastanhadas;

Surgimento de rugas e linhas de expressão;

Aparecimento de flacidez;

Desenvolvimento de pele seca e fina.

Geralmente, estes sinais de envelhecimento são mais comuns nas mulheres devido à
menopausa, mas podem ser retardados com alguns cuidados como passar creme hidratante
todos os dias.

Para atrasar o envelhecimento da pele deve-se ter alguns cuidados como:

Passar creme hidratante à base de lanolina para tratar a pele seca;

Evitar lavar a pele com água quente porque agrava a pele seca;

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Aplicar protetor solar em pouca quantidade no rosto e no corpo diariamente para
evitar o escurecimento das manchas castanhas;

Evitar a exposição solar entre as 11h e as 16h pois o sol leva ao aparecimento ou
agravamento das manchas acastanhadas;

Consumir diariamente alimentos que melhoram a qualidade da pele como aveia ou


espinafre, por exemplo.

Evitar fumar porque o cigarro promove o aparecimento de manhas escuras na pele;

Beber pelo menos 1,5 L de água por dia para hidratar a pele.

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Fatores de risco e sintomas

O envelhecimento de uma pessoa está diretamente relacionado com os seus genes, hábitos
de saúde (positivos ou negativos), com o meio ambiente onde se insere (familiar e
profissional) e com o acumular de experiências de vida que tem tido.

Quando se é novo, existem poucas diferenças físicas entre um indivíduo e o seu grupo de
amigos. No entanto, quando as pessoas ultrapassam os 65 anos de idade, as diferenças são
muito maiores que as suas semelhanças: alguns poderão estar em plena forma física, ao passo
que outros poderão estar acamados e a sofrer de doenças crónicas.

As causas que conduzem ao envelhecimento do corpo humano ainda são consideradas


um grande mistério, mas o homem está sempre em constante evolução e aprendizagem e os
progressos da ciência possibilitam encarar o futuro com confiança. Os cientistas afirmam que
a idade cronológica tem pouca influência sobre a idade biológica, pois a idade é apenas um
marcador de tempo que diz pouco sobre o estado geral de saúde de cada um e o respetivo
grau de envelhecimento em que se encontra.

A complexidade do envelhecimento dificulta a identificação de quem está a envelhecer


corretamente daqueles que o fazem menos bem. Será a boa saúde transmitida através dos
genes, como os olhos azuis e os cabelos loiros? Ou poderá ser um produto do meio ambiente e
estar diretamente relacionada com o tipo de alimentação que uma pessoa faz, com a
quantidade de substâncias químicas ou doenças infecciosas a que está exposta, ou ao exercício
físico que realiza? Ambas desempenham um papel muito importante, apesar de não ser
possível saber quem tem uma influência mais poderosa.

O poder dos genes

Os genes são indicadores da saúde e da longevidade de uma pessoa, mas são apenas uma
pequena parte da história. Se os seus pais ou avós viveram relativamente bem até aos 90 anos
de idade, existem muitas possibilidades que você também venha a atingir esta marca, desde
que cuide corretamente do seu corpo.
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Por outro lado, se um pai ou uma mãe morrem de doenças cardíacas, o cancro da próstata ou
da mama, é possível que um filho esteja geneticamente predisposto a sofrer também de uma
destas doenças.

É de realçar que um homem sem predisposição genética para doenças cardíacas, pode ter
problemas coronários se fizer uma má alimentação como, por exemplo, uma dieta rica em
gorduras. Este tipo de regime alimentar entope as artérias que transportam o sangue do
coração e conduz ao estabelecimento de uma vida sedentária.

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Principais patologias:

Dermatite de contacto:

A dermatite de contacto é uma reação inflamatória que ocorre na pele devido à exposição
a um componente que causa irritação ou alergia. Erupção cutânea, coceira, vermelhidão e
descamação são sintomas comuns, mas não é contagiosa ou oferece risco de vida. Pode
aparecer logo na primeira vez em que entramos em contato com o componente; ou após
algum tempo de contato. O facto de ser agudo ou crónico dá-se pelo tempo de duração da
doença: mais de seis semanas é agudo e menos de seis semanas, crónico. Se um primeiro
contacto já der lesão é a dermatite de contacto por irritante primário; quando precisa de
mais de uma exposição, é chamado dermatite de contato alérgica.

Algumas causas comuns de dermatite de contacto são sabonetes, detergentes, cosméticos,


perfumes, bijuterias ou até mesmo plantas. Algumas ocupações que envolvem exposição a
substâncias químicas podem desencadear dermatite de contato.

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O tratamento da dermatite de contacto bem sucedido consiste basicamente em identificar
o que está a causar a reação. Se se pode evitar o agente agressor, a erupção geralmente
resolve-se. Medidas como compressas húmidas e cremes com propriedades anti-
inflamatórias podem ajudar a acalmar a pele e reduzir a inflamação.

Micoses:

As micoses superficiais da pele, em alguns casos chamadas de “tineas”, são infecções


causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e os cabelos. Os fungos estão em toda
parte podendo ser encontrados no solo e em animais. Até mesmo na nossa pele existem
fungos convivendo “pacificamente” conosco, sem causar doença.

A queratina, substância encontrada na superfície cutânea, unhas e cabelos, é o “alimento”


para estes fungos. Quando encontram condições favoráveis ao seu crescimento, como: calor,
humidade, baixa de imunidade ou uso de antibióticos sistêmicos por longo prazo (alteram o
equilíbrio da pele), estes fungos reproduzem-se e passam então a causar a doença.

Manifestações clínicas das micoses superficiais da pele:

Existem várias formas de manifestação das micoses cutâneas superficiais, dependendo do


local afetado e também do tipo de fungo causador da micose. Veja, abaixo, alguns dos tipos
mais frequentes:

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Tinea do corpo (“impingem”): forma lesões arredondadas, que coçam e se iniciam
por ponto avermelhado que se abre em anel de bordas avermelhadas e descamativas com o
centro da lesão tendendo à cura

Tinea da cabeça: mais frequente em crianças, forma áreas arredondadas com falhas
nos cabelos, que se apresentam cortados rente ao couro cabeludo nestes locais (tonsurados).
É muito contagiosa.

Tinea dos pés: causa descamação e coceira na planta dos pés que sobe pelas laterais
para a pele mais fina.

Tinea interdigital (“frieira”): causa descamação, maceração (pele esbranquiçada e


mole), fissuras e coceira entre os dedos dos pés. Bastante frequente nos pés, devido ao uso
constante de calçados fechados que retém a umidade, também pode ocorrer nas mãos,
principalmente naquelas pessoas que trabalham muito com água e sabão

Tinea inguinal (“micose da virilha, jererê”): forma áreas avermelhadas e


descamativas com bordas bem limitadas, que se expandem para as coxas e nádegas,
acompanhadas de muita coceira.

Micose das unhas (onicomicose): apresenta-se de várias formas: descolamento da


borda livre da unha, espessamento, manchas brancas na superfície ou deformação da unha.
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Quando a micose atinge a pele ao redor da unha, causa a paroníquia (“unheiro”). O contorno
ungueal fica inflamado, dolorido, inchado e avermelhado e, por consequência, altera a
formação da unha, que cresce ondulada. Veja mais.

Intertrigo candidiásico: provocado pela levedura Candida albicans, forma área


avermelhada, húmida que se expande por pontos satélites ao redor da região mais afetada e,
geralmente, provoca muita coceira.

Parasitoses:

Os parasitas intestinais incluem diversos tipos de micro-organismos. A principal forma de


contaminação é a via fecal-oral a partir da água ou alimentos contaminados.

A sua prevalência é variável consoante a zona geográfica e depende das condições


sanitárias e climatéricas. São mais comuns na África subsaariana, seguida da Ásia e América
Latina.

Trata-se de um conjunto de doenças muito comuns em todo o planeta. A Organização


Mundial de Saúde estima em cerca de 3,5 biliões o número de pessoas afetadas por parasitas
intestinais, das quais 450 milhões são crianças.

Em termos mundiais, os parasitas mais frequentes são os do grupo dos helmintas nemátodes,
principalmente o Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os Ancilostomas.

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Existem poucos dados relativos à prevalência destas infeções em Portugal. Alguns estudos
do final da década de 80 e início de 90 sugeriam uma diminuição do número de casos,
relacionada com a melhoria das condições de higiene e sanitárias. Estudos mais recentes
continuam a mostrar uma importante redução da prevalência das parasitoses intestinais,
mantendo-se a Giardia lamblia como o parasita mais prevalente.

Com base nestes dados podemos estimar que em Portugal a taxa de parasitismo intestinal é
baixa, sendo devida principalmente a Giardia lamblia e alguns helmintas, dos quais o Trichuris
trichiura parece ser o mais prevalente.

Quais as causas das Parasitoses?

É importante referir que existem mais de 100 tipos diferentes de parasitas intestinais, que
podem entrar no corpo através do nariz, da pele, dos alimentos, da água ou através de picadas
de insetos.

De um modo geral, os parasitas aproveitam-se da fragilidade do organismo, instalam-se


no intestino, depositam os ovos na margem do ânus e esses ovos podem depois ser
disseminados através das mãos, brinquedos ou outros objetos. Quando uma criança entra em

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contacto com outra que está infetada, ou com um brinquedo contaminado, e leva as mãos à
boca, os ovos dos parasitas podem entrar no organismo através do aparelho digestivo.

Os principais fatores de risco para as parasitoses intestinais são:

morar ou viajar para áreas geográficas onde os parasitas são mais comuns

má higiene das mãos e da água

a idade (crianças e idosos são mais suscetíveis)

institucionalização (por exemplo, crianças que frequentam centros de acolhimento)

diminuição das defesas (como acontece na infeção pelo VIH/SIDA)

Como se manifestam as Parasitoses?

A maioria das parasitoses intestinais é bem tolerada pelo paciente quando as suas defesas
são normais, evoluindo sem queixas ou apenas com sintomas gastrointestinais inespecíficos
(dor abdominal, vómitos e diarreia), frequentemente associados a perda de peso.

A infeção causada por cada parasita pode apresentar aspetos particulares que, em muitos
casos, permitem orientar o diagnóstico.

Por exemplo, no caso da parasitose causada por Giardia lamblia, a infeção pode ocorrer
sem quaisquer sintomas, ou com um quadro de diarreia aguda com ou sem vómitos e diarreia
crónica. A diarreia crónica associa-se frequentemente a sintomas de malabsorção intestinal
(fezes fétidas, flatulência, distensão abdominal), perda de apetite, má progressão no
crescimento, perda de peso ou anemia.

No caso da infeção por Ascaris lumbricoides, podem ocorrer também queixas inespecíficas de
dor ou desconforto abdominal e sintomas de malabsorção quando a infeção é prolongada. Na
fase de migração larvar pode haver envolvimento pulmonar, sob a forma de pneumonite

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transitória aguda, com febre e alterações laboratoriais, que pode ocorrer semanas antes das
queixas gastrointestinais.

A obstrução intestinal alta é a complicação mais frequente em infeções por um número


volumoso de parasitas. A migração dos vermes adultos através da parede intestinal pode
provocar colecistite, colangite, pancreatite ou peritonite.

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Cancro da pele:

O melanoma é uma neoplasia (cancro) cutânea, que tem origem na transformação maligna
dos melanócitos normais da pele.

Recentemente tem-se verificado um aumento do número de novos casos, sobretudo nos


países ocidentais.

A pele é composta por diferentes tipos de células.

Este tipo de neoplasia tem origem nos melanócitos que são um tipo de células cutâneas (da
pele), responsáveis pela produção de pigmento cutâneo - melanina.

Para perceber melhor o melanoma é útil conhecer a pele e os melanócitos. É importante


perceber qual a sua função, como crescem e o que acontece quando surge o seu potencial
maligno.

Aqui encontra informação sobre o melanoma cutâneo, embora existam outros tipos em
outras localizações.
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A PELE

A pele é um dos maiores órgãos do corpo.

A principal função da pele é proteger o nosso organismo das lesões causadas pela luz solar,
funcionando também como primeira barreira de proteção contra feridas e infeções. Ajuda,
ainda, a regular a temperatura corporal, armazena água e gordura e intervém na produção de
vitamina D.

A pele é composta por duas camadas principais, a epiderme e a derme, que estão
separadas por uma membrana basal.

A epiderme, que é mais exterior, é composta por várias camadas ou estratos que contêm
diversos tipos de células.

Além dos queratinócitos, que são as células mais comuns, tem também na sua composição
melanócitos, células de Langerhans, células de Merkel e células inflamatórias.

A epiderme é mais espessa nas superfícies palmar (mãos) e plantar (pés) e menos espessa,
por exemplo, nas pálpebras.

A derme tem na sua composição vasos sanguíneos e linfáticos, folículos pilosos e glândulas
de diversos tipos. Algumas destas glândulas produzem suor, que ajuda a regular a
temperatura corporal, mantendo-a sensivelmente constante ou com poucas variações,
independentemente da temperatura exterior. Outras glândulas produzem sebo, uma
substância oleosa que contribui para a hidratação da pele. O suor e o sebo atingem a
superfície da pele, através dos poros, pequenos orifícios localizados na superfície da pele.

MELANÓCITOS E SINAIS:

Os melanócitos são células cutâneas responsáveis pela produção de melanina.

Os percursores dos melanócitos (ou seja, as células que darão depois origem aos
melanócitos) iniciam o seu desenvolvimento durante o primeiro trimestre da vida fetal,

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migrando do seu local de origem para outras localizações nomeadamente meninges,
membranas da mucosa (oral, anal, retal, intestinal, etc...), esófago, globo ocular e pele.

O melanoma pode ter origem em qualquer uma destas localizações onde existem melanócitos,
embora o local mais frequente seja a pele. Neste caso, o melanoma tem origem nos
melanócitos presentes entre a junção da epiderme com a derme.

Os melanócitos produzem melanina, o pigmento que dá à pele a sua cor natural.

Quando a pele é exposta ao sol, os melanócitos são “ativados” e produzem mais pigmento,
fazendo com que a pele fique mais escura, bronzeada.

Por vezes, surgem na epiderme proeminências de grupos de melanócitos bem circunscritos,


chamados sinais ou nevos.

Os sinais da pele são bastante comuns. Podem ser rosados, castanhos claros ou escuros, ou
de uma cor muito parecida com o tom normal da pele. As pessoas com pele escura tendem a
ter sinais escuros.

Os sinais podem ser planos ou ter relevo/volume. A sua forma é, em geral, redonda ou
oval e normalmente têm menos de 1 cm de diâmetro (semelhante à borracha de um lápis).

Normalmente os sinais ou nervos estão presentes desde o nascimento. No entanto, podem


aparecer mais tarde e desaparecer espontaneamente com a idade, sem que isso tenha
qualquer relação com malignidade.

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Psoríase:

Psoríase é uma doença autoimune de longa duração caracterizada por manchas na pele.
Estas manchas são geralmente avermelhadas, pruriginosas e escamosas. A gravidade é
variável, desde manchas pequenas e localizadas até ao revestimento total do corpo. Algumas
lesões na pele podem espoletar alterações psoriáticas nesse local, processo que se denomina
fenómeno de Koebner.

Existem cinco tipos principais de psoríase: em placas,


gutata, inversa, pustulosa, e eritrodérmica. A psoríase em placas, ou psoríase vulgar,
corresponde a 90% dos casos. Manifesta-se geralmente através de manchas avermelhadas
com escamas na superfície. As regiões do corpo mais frequentemente afetadas são as costas,
os antebraços, tíbias, à volta do umbigo e o couro cabeludo. A psoríase gutata apresenta
lesões em forma de gota. A psoríase pustulosa apresenta pequenas bolhas de pus não
infeciosas. Na psoríase inversa formam-se manchas avermelhadas nas pregas da pele. A
psoríase eritrodérmica ocorre quando o eritema se alastra pelo corpo e pode-se
desenvolver a partir de qualquer um dos outros tipos. Na maior parte dos casos, a partir de
determinado momento a doença afeta também as unhas das mãos e dos pés, incluindo
corrosão da unha e alterações na cor.

A psoríase não é contagiosa. O mecanismo subjacente envolve a reação exagerada do


sistema imunitário às células da pele. Pensa-se que a psoríase seja uma doença genética
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desencadeada por fatores ambientais. Os gémeos verdadeiros são três vezes mais
suscetíveis de serem ambos afetados, quando comparados com gémeos falsos, o que sugere
que os fatores genéticos predispõem a pessoa para a psoríase.

Os sintomas geralmente agravam-se durante o inverno e com determinados medicamentos,


como betabloqueadores ou anti-inflamatórios não esteroides. As infeções e o stresse
psicológico podem também ter um papel. O diagnóstico geralmente baseia-se nos sinais e
sintomas.

Não existe cura para a psoríase. No entanto, existem vários tratamentos que podem
controlar os sintomas.

Estes tratamentos podem incluir pomadas corticosteroides, pomadas de vitamina D3, luz
ultravioleta e medicamentos imunossupressores como o metotrexa. Cerca de 75% dos casos
podem ser controlados apenas com o uso de pomadas. A doença afeta entre 2 e 4% da
população. Homens e mulheres são afetados com igual frequência.

A doença pode ter início em qualquer idade. A psoríase está associada a um maior risco de
desenvolver artrite psoriática, linfomas, doenças cardiovasculares, doença de Crohn e
depressão. A artrite psoriática afeta 30% das pessoas com psoríase.

Sinais e sintomas

Na maioria dos casos, apenas a pele é acometida, não sendo observado qualquer
comprometimento de outros órgãos ou sistemas. Em aproximadamente 30% casos há artrite
associada.

Como é uma doença que afecta a pele, órgão externo e visível, esta doença tem efeitos
psicológicos não negligenciáveis. Com efeito, como a forma como cada indivíduo se vê está
relacionada com a valorização pessoal numa sociedade que é, muitas vezes, mais sensível à
aparência exterior que a outras características da personalidade, o melhor cuidado a ter com
uma pessoa afectada por esta doença é dar-lhe apoio psicológico (ternura, carinho, afeto,
atenção...).

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Mais de 70% dos pacientes apresentam prurido moderado ou intenso. Comprometimento
articular atinge cerca de 25% dos casos. O abscesso de Munro pode ser visto em 60% dos
exames histopatológicos.[12] Mais de 70% relatam dores nas articulações e 30%
desenvolvem artrites.[13]

Manifesta-se com a inflamação nas células da pele, chamadas queratinócitos, provocando o


aumento exagerado de sua produção, que vai se acumulando na superfície formando placas
avermelhadas de escamação esbranquiçadas ou prateadas. Isso em meio a um processo
inflamatório e imunológico local. O sistema de defesa local, formado pelo linfócitos T, é
ativado como se a região cutânea tivesse sido agredida. Em consequência, liberam substâncias
mediadoras da inflamação, chamadas citocinas que aceleram o ritmo de proliferação das
células da pele.

Os lugares de predileção da psoríase são os joelhos e cotovelos, couro cabeludo e região


lombossacra - todos locais freqüentes de traumas ( fenómeno de koebner).

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Úlceras de pressão:

As úlceras por pressão (úlceras de decúbito, úlceras da pele) são lesões cutâneas que se
produzem em consequência de uma falta de irrigação sanguínea e de uma irritação da pele
que reveste uma saliência óssea, nas zonas em que esta foi pressionada contra uma cama, uma
cadeira de rodas, um molde, uma tala ou outro objecto rígido durante um período prolongado.

Causas:

A pele conta com uma rica irrigação sanguínea que leva o oxigénio a todas as suas
camadas. Se essa irrigação for interrompida durante mais de 2 ou 3 horas, a pele morre, a
começar pela sua camada externa (a epiderme). Uma causa frequente de irrigação sanguínea
reduzida na pele é a pressão. O movimento normal faz variar a pressão, para que a circulação
sanguínea não fique obstruída durante um longo período. A camada de gordura por baixo
da pele, especialmente sobre as saliências ósseas, actua como uma almofada e evita que os
vasos sanguíneos se tapem.

As pessoas que não podem mexer-se correm maior risco de desenvolver úlceras por
pressão. Este grupo compreende as pessoas paralisadas, muito debilitadas ou recluídas. São
também susceptíveis as que não são capazes de sentir incómodo ou dor, sinais estes que
induzem ao movimento. A lesão de um nervo (por uma ferida, uma pancada, diabetes ou
outras causas) diminui a capacidade de sentir dor. Um coma também pode diminuir esta
capacidade de percepção. As pessoas com desnutrição precisam da camada protectora de
gordura e a sua pele, privada de nutrientes essenciais, não se reconstitui correctamente. Além
disso, nestas pessoas o risco de desenvolverem úlceras por pressão aumenta.

Se a pressão interrompe o fluxo sanguíneo, a zona de pele privada de oxigénio de início fica
avermelhada e inflamada e, depois, ulcera. Embora a circulação sanguínea seja apenas
parcialmente interrompida, a fricção e outro tipo de dano da camada externa da pele podem
também causar úlceras. Roupas inapropriadas, lençóis enrugados ou a fricção dos sapatos
contra a pele podem contribuir para a lesionar. A exposição prolongada à humidade (muitas

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vezes por sudação frequente, urina ou fezes) pode danificar a superfície da pele, tornando
muito provável a úlcera por pressão.

Sintomas:

Habitualmente, as úlceras por pressão provocam uma certa dor e comichão e nas pessoas
com a sensibilidade afectada podem, inclusivamente, desenvolver-se úlceras graves e
profundas sem que se note dor.

As úlceras por pressão classificam-se por estádios. No estádio 1 a úlcera não está
realmente formada: a pele, intacta, está simplesmente avermelhada. No estádio 2, a pele está
avermelhada e inflamada (muitas vezes com bolhas) e a sua destruição começa nas suas
camadas mais externas. No estádio 3, a úlcera abre-se para o exterior através da pele,
deixando expostas as camadas mais profundas. No estádio 4, a úlcera estende-se
profundamente através da pele e da gordura até ao músculo. No estádio 5, o próprio músculo
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é destruído. No estádio 6, o mais profundo dos estádios da úlcera por pressão, vê-se até o osso
subjacente, danificado e por vezes infectado.

Quando a pele se rompe, a infecção converte-se num problema. A infecção retarda a cura das
úlceras superficiais e pode constituir uma ameaça mortal nas úlceras mais profundas.

Prevenção:

As úlceras por pressão são dolorosas e podem pôr em perigo a vida do paciente. Prolongam
o tempo de convalescença em hospitais ou centros de recuperação e aumentam o custo.

A prevenção é a prioridade máxima e as úlceras por pressão profundas quase sempre


podem ser evitadas com uma atenção intensiva dada ao paciente. A prevenção das úlceras
implica frequentemente a participação de assistentes e de familiares, além da de enfermeiros.
A cuidadosa inspecção diária da pele das pessoas acamadas permite detectar a vermelhidão
inicial. Qualquer sinal de vermelhidão indica a necessidade de uma acção imediata para evitar
que a pele rebente.

As saliências ósseas podem ser protegidas com materiais moles, como o algodão ou a lã
esponjosa. Podem-se pôr almofadas nas camas, nas cadeiras e nas cadeiras de rodas para
reduzir a pressão. A quem não se pode mexer sozinho, deve-se mudar a posição com
frequência; a recomendação habitual é fazê-lo de duas em duas horas e manter a sua pele
limpa e seca. Quem tem de passar muito tempo acamado pode usar colchões especiais (cheios
de ar ou de água). Para os pacientes que já apresentam úlceras por pressão em diferentes
partes do corpo, o uso de colchões de ar ou de espuma de borracha com relevo em forma de
«suporte para ovos» pode diminuir a pressão e proporcionar alívio. Os que têm muitas úlceras
por pressão profundas, podem precisar de um colchão com suspensão de ar.

Tratamento:

Tratar uma úlcera por pressão é muito mais difícil do que evitá-la. Felizmente, nas suas
primeiras etapas, as úlceras por decúbito costumam sarar por si só logo que se elimine a
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pressão sobre a pele. Melhorar a saúde geral tomando suplementos de proteínas e de calorias
pode ajudar a acelerar a cura.

Quando a pele rebenta, protegê-la com um parche de gaze pode ajudar a curá-la. As gazes
cobertas com vaselina têm a vantagem de não se colarem à ferida. No caso de úlceras mais
profundas, o uso de ligaduras especiais que contêm um material gelatinoso pode favorecer o
crescimento de pele nova. Se a úlcera parecer infectada ou supurar, enxaguá-la, lavá-la
suavemente com sabão ou usar desinfectantes como o iodopovidona pode eliminar o material
infectado e morto. No entanto, limpá-la friccionando-a demasiado pode atrasar a cura. Por
vezes, o médico precisa de eliminar (desbridar) a matéria morta com um escalpelo (ou
bisturi). Em vez deste podem ser utilizados agentes químicos, mas regra geral o seu efeito não
é tão completo como o que se obtém utilizando o escalpelo.

As úlceras por pressão são difíceis de tratar. Alguns casos requerem o transplante de pele
sã para a zona danificada. Infelizmente, este tipo de cirurgia nem sempre é possível,
especialmente nas pessoas de idade, frágeis, que manifestam desnutrição. Acontece com
frequência, quando uma infecção se desenvolve no mais profundo de uma úlcera, serem
administrados antibióticos. Os ossos situados por baixo de uma úlcera podem infectar-se;
esta infecção (osteomielite) é extremamente difícil de curar, pode passar para a corrente
sanguínea e propagar-se a outros órgãos, tornando necessário o tratamento com um
antibiótico durante muitas semanas.

Cuidados a ter com a pele (idoso acamado e numa cadeira de rodas):

Os doentes ou idosos acamados são mais suscetíveis a desenvolveram escaras


simplesmente porque passam muito tempo sentados ou deitados e muitas vezes na mesma
posição. A formação de escaras está diretamente relacionada com a pressão que é colocada
sobre determinadas partes do corpo e que acaba por reduzir a circulação sanguínea. Se a
posição da pessoa não é mudada regularmente, o fornecimento de sangue pode tornar-se
tão baixo que se dá a formação de escaras – feridas abertas e dolorosas. Saiba como preveni-
las.

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Uma vez que os acamados passam grande parte do dia deitados, é importante garantir o
seu conforto e higiene, ambas igualmente importantes na prevenção de escaras. Opte sempre
por lençóis 100% algodão que, para além de combaterem a transpiração, podem ser lavados a
temperaturas elevadas.

Para evitar as escaras num acamado, é crucial que os lençóis sejam mudados diariamente e
que estes se mantenham sempre esticados – para além de serem incómodos para uma pessoa
acamada, os lençóis enrugados podem limitar a circulação e contribuir para a formação de
escaras.

Uma das coisas mais importantes que podem ser feitas para evitar as escaras num acamado
é a constante alteração da sua posição. Uma pessoa acamada deve mudar de posição (ou ser
ajudada a mudar de posição) de duas em duas horas. No caso de estar sentado numa poltrona
ou cadeira de rodas, tente mudar de posição a cada 15 minutos.

Outra forma de evitar as escaras numa pessoa acamada é através da utilização de


almofadas. Um acamado deve evitar estar deitado diretamente sobre o osso da anca,
principalmente quando estiver posicionado de lado, optando sempre por apoiar-se numa
almofada para assegurar que o peso do corpo esteja sobre as nádegas em vez de sobre o osso
da anca. As almofadas também devem ser usadas para manter os joelhos e os tornozelos
afastados; sendo ainda posicionadas sob a barriga da perna, de forma a levantar ligeiramente
os tornozelos.

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As escaras têm uma maior tendência para se desenvolverem nas zonas mais ossudas do
corpo, ou seja, para prevenir, é importante estar atento às seguintes áreas: calcanhares, ancas,
cóccix, omoplatas, costas, joelhos e nuca.

Assegurar a higiene pessoal de um acamado é crucial não só para o seu bem-estar e


dignidade, como para evitar a formação de escaras. Dar banho a um acamado permite a quem
dele cuida observar o estado da sua pele, aplicar um creme hidratante para evitar que a pele
seque demasiado e administrar pequenas massagens que ativam a circulação, o que é sempre
benéfico para a prevenção de escaras num acamado.

Se verificar a existência de uma ou mais escaras no acamado, é crucial que sejam tratadas
imediatamente, de forma a prevenir infeções. As escaras devem ser limpas com água e sabão
ou uma solução antissética, seguida da aplicação de uma pomada antibiótica e depois tapadas
com gaze esterilizada. Se, após uma semana, a ferida não estiver cicatrizada, se a zona
adjacente estiver sensível, vermelha ou inchada ou se a pessoa se queixar de dores, consulte o
seu médico.

Existe já uma grande variedade de equipamento anti-escara que pode ser extremamente
benéfico para uma pessoa acamada. As almofadas anti-escara, os colchões anti-escara e os
diferentes apoios localizados anti-escara (específicos para determinadas partes do corpo)

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foram concebidos de forma a reduzir ou eliminar a pressão das zonas mais suscetíveis à
formação de escaras, assim como para o alívio de escaras já existentes.

Atividades adaptadas aos idosos com problemas dermatológicos

Banho diário com água morna e sabonetes suaves: Deve-se evitar o uso de água
muito quente e sabonetes agressivos, pois podem ressecar a pele e piorar a inflamação.
Sabonetes de cores neutras, sem perfume e sem antibacterianos são mais indicados.

Não esfregar a pele e utilizar roupa de algodão folgada: Deve-se evitar o uso de
esponjas, toalhas ou outros utensílios durante o banho para friccionar a pele, pois acabam
ressecando a superfície cutânea. Deve-se lembrar que o trauma pode produzir novas lesões de
psoríase, bem como facilitar a penetração de microrganismos na pele. Deve-se utilizar roupas
100% de algodão, folgadas, para evitar a fricção com a pele. Elas devem ser lavadas com
detergente suave, sem perfume.

A exposição moderada ao sol é considerada benéfica.

Hidratantes e protetor solar ajudam a prevenir novas lesões. Devem ser utilizados
cremes hidratantes sem perfume em todo o corpo, logo após o banho e várias outras vezes ao
dia.

Evitar a automedicação ou o uso de remédios caseiros: Existem vários tratamentos


disponíveis para psoríase e muitos deles precisam de acompanhamento médico, por isso, a
automedicação deve ser evitada. Os remédios caseiros podem não ser seguros ou até
interferir no tratamento prescrito pelo seu médico. * Evitar o sobrepeso: O tipo de
alimentação não interfere na evolução da psoríase, mas deve-se lembrar que esta doença pode
estar associada a problemas como aumento nas taxas de glicose no sangue, aumento nos
níveis de colesterol e triglicérides, que aumentam o risco de problemas cardíacos. Assim,
deves-se adotar uma dieta rica em fibras e líquidos, evitando alimentos gordurosos, carnes
vermelhas e alimentos ricos em carboidratos (macarrão, pão, farinha branca e açúcar).

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Drogas em geral, como o tabaco, o álcool, drogas injetáveis, betabloqueadores (anti-
hipertensivos), antimaláricos e alguns antiinflamatórios e certos analgésicos devem ser
evitadas.

O stress na grande maioria dos pacientes, pode desencadear ou agravar a evolução da


doença. Psicoterapia é frequentemente recomendada.

Deve-se evitar variações climáticas bruscas e informar sempre sua doença e que remédios
utiliza quando em consulta médica ou odontológica para que cuidados sejam tomados pelo
profissional.

Vários tipos de alívios temporários estão disponíveis e sua eficácia varia dependendo do
caso. A psoríase não tem um curso previsível, cada caso tem o seu próprio curso. É uma
doença crónica, para toda a vida e o paciente deve aprender a conviver adequadamente com a
doença, controlando-a de forma a levar sua vida normalmente.

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Patologias crónicas

Doenças crónicas e a população idosa: fatores de risco

Os idosos constituem a população mais acometida pelas doenças crónicas. A


incidência de doenças como hipertensão arterial, diabetes, cancro e patologias
cardiovasculares eleva-se com a idade. Esse aumento parece dever-se a interação entre
fatores genéticos predisponentes, alterações fisiológicas do envelhecimento e fatores de risco
modificáveis como tabagismo, ingesta alcoólica excessiva, sedentarismo, consumo de
alimentos não saudáveis e obesidade.

O envelhecimento faz parte natural do ciclo da vida. É, pois, desejável que constitua
uma oportunidade para viver de forma saudável, autónoma e independente, o maior tempo
possível.

O envelhecimento deve ser pensado ao longo da vida. O ideal é, desde cedo, ter uma
atitude preventiva e promotora da saúde e da autonomia na velhice.

A prática de actividade física moderada e regular, uma alimentação saudável, não


fumar, o consumo moderado de álcool e a participação na sociedade são factores que
contribuem para a qualidade de vida em todas as idades e, em particular, no processo de
envelhecimento.

O sistema de saúde dispõe, numa perspectiva individual, de uma rede de prestação


de cuidados de saúde (com serviços integrados, centrados em equipas multidisciplinares e
com recursos humanos devidamente formados), com uma componente de recuperação global
e de acompanhamento das pessoas idosas, designadamente através da rede de cuidados
continuados, que, por sua vez, integram cuidados de longa duração.

Uma boa saúde é essencial para que as pessoas mais idosas possam manter uma
qualidade de vida aceitável e possam continuar a assegurar os seus contributos na sociedade.

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Pessoas idosas activas e saudáveis, para além de se manterem autónomas, constituem um
importante recurso para as suas famílias, comunidades e até para a economia do país.

Porém, nem sempre é possível viver o envelhecimento em plena saúde. A maioria


das pessoas chega a idosa com doenças crónicas e não transmissíveis. As patologias
incapacitantes mais frequentes nas pessoas idosas são as fracturas, incontinência,
perturbações do sono, perturbações ligadas à sexualidade, perturbações de memória,
demência (nomeadamente doença de Alzheimer, doença de Parkinson), problemas auditivos,
visuais, de comunicação e da fala.

Mas isso não significa, necessariamente, que se tornem incapazes de lidar com a sua
evolução ou que não possam prevenir o aparecimento de complicações.

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Principais patologias:

Diabetes:
Que tipos de diabetes existem?

- Diabetes Tipo 1

- Diabetes Tipo 2

- Diabetes Gestacional

- Outros tipos de Diabetes

Existem outros tipos de diabetes além do Tipo 1, Tipo 2 e Gestacional, mas esses ocorrem com
muito menor frequência. São eles:

Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults): costuma ser confundido
com a diabetes do tipo 2. A maior incidência concentra-se em pacientes entre 35 e 60 anos. A
manutenção do controle de glicemia é o principal objetivo do tratamento do portador de
diabetes tipo LADA. Um aspecto que deve ser levado em conta, refere-se à progressão para a
necessidade de terapia com insulina.

Diabetes tipo MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young) que afecta adultos jovens
mas também adolescentes e crianças. Apresentam-se com características de diabetes tipo 2 e
são causadas por uma mutação genética que leva a uma alteração da tolerância à glucose.

Diabetes Secundário ao Aumento de Função das Glândulas Endócrinas (Ex: doença de


Cushing, acromegalia ou gigantismo, feocromocitoma, glucagenoma)

Diabetes Secundário a Doenças Pancreáticas (Exemplos: pancreatite crónica,


Destruição pancreática por depósito de ferro denominado hemocromatose)

Resistência Congênita ou Adquirida à Insulina

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Diabetes Associado a Poliendocrinopatias Auto-Imunes

Diabetes Relacionados à Anormalidade da Insulina (Insulinopatias)

A Diabetes Tipo 1, também conhecida como Diabetes Insulino-Dependente é mais


rara (a sua forma juvenil não chega a 10% do total) e atinge na maioria das vezes crianças ou
jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos. Na Diabetes do Tipo 1, as
células ß do pâncreas deixam de produzir insulina pois existe uma destruição maciça destas
células produtoras de insulina. As causas da diabetes tipo 1 não são, ainda, plenamente
conhecidas.

Contudo, sabe-se que é o próprio sistema de defesa do organismo (sistema imunitário) da


pessoa com Diabetes, que ataca e destrói as suas células b.

Estas pessoas com Diabetes necessitam de terapêutica com insulina para toda a vida porque
o pâncreas deixa de a poder fabricar. A causa desta Diabetes do tipo 1 é, pois, a falta de
insulina e não está directamente relacionada com hábitos de vida ou de alimentação errados,
ao contrário do que acontece na diabetes Tipo 2.

A Diabetes tipo 2 tem como principais fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a


predisposição genética.

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É, sem dúvida, o tipo mais comum de Diabetes. É causada por um desequilíbrio no
metabolismo da insulina.

Na Diabetes tipo 2 existe um défice de insulina e resistência à insulina, significa isto


que, é necessária uma maior quantidade de insulina para a mesma quantidade de glicose no
sangue. Por isso as pessoas com maior resistência à insulina podem, numa fase inicial,
apresentar valores mais elevados de insulina e valores de glicose normais. À medida que o
tempo passa, o organismo vai tendo maior dificuldade em compensar este desequilíbrio e os
níveis de glicose sobem.

Embora tenha uma forte componente hereditária, este tipo de Diabetes pode ser
prevenido controlando os fatores de risco modificáveis.

A Diabetes Gestacional é a que ocorre durante a gravidez. Esta forma de diabetes


surge em grávidas que não tinham Diabetes antes da gravidez e, habitualmente, desaparece
quando esta termina.

Contudo, quase metade destas grávidas com Diabetes virão a ser, mais tarde, pessoas com
Diabetes do tipo 2 se não forem tomadas medidas de prevenção.

A Diabetes Gestacional ocorre em cerca de 1 em cada 20 grávidas e, se não for


detectada através de análises e a hiperglicemia corrigida com dieta e, por vezes com insulina,
a gravidez pode complicar-se para a mãe e para a criança. São vulgares os bebés com mais de
4 Kg à nascença e a necessidade de cesariana na altura do parto. Podem, por exemplo ocorrer
abortos espontâneos.

Existem alguns tipos de Diabetes que não se enquadram em nenhuma das categorias
anteriores, e que são pouco frequentes.

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São causados por alterações conhecidas como defeitos nas células beta, alterações na ação da
insulina, doenças do pâncreas, endocrinopatias diversas, entre outros.

Colesterol:

O colesterol é uma substância que o nosso organismo consegue produzir e que circula no
sangue. É necessário a várias funções vitais, como a produção de vitaminas, hormonas e faz
parte das paredes das células. Mas quando está em excesso no sangue torna-se perigoso e
pode aumentar o risco de vir a desenvolver doenças cardiovasculares.

Sabia que em Portugal cerca de 70% da população adulta tem o colesterol elevado? Ou
seja, 2 em cada 3 portugueses têm o colesterol elevado. Já pensou se é um deles?

Colesterol bom e colesterol mau

O colesterol é transportado pelo organismo por uma proteína. A combinação destes chama-se
lipoproteína. Existem dois tipos: HDL e LDL

Lipoproteína de alta densidade (HDL), é conhecida como o “bom colesterol”. É um


verdadeiro sistema de limpeza que transporta o colesterol das artérias para o fígado onde é
eliminado.

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Lipoproteína de baixa densidade (LDL), é conhecida como o “mau colesterol”. É prejudicial
para a saúde do seu coração. Transporta o colesterol do fígado para os tecidos do seu corpo.
Se houver demasiado LDL ou “mau colesterol” no seu corpo, ele pode acumular-se nas suas
células e na parede das artérias.

Uma das principais causas do colesterol elevado é a ingestão elevada de gorduras


saturadas. Quando o colesterol LDL está elevado este vai acumular se na parede das artérias,
diminuindo o seu diâmetro, o que provoca um aumento da pressão sobre o seu coração e faz
com que lhe seja mais difícil bombear o sangue para todo o organismo, o que aumenta o risco
de doenças cardiovasculares. Estas doenças são a principal causa de morte no mundo
ocidental e também em Portugal. Apesar disso, a boa notícia é que bastam pequenas
alterações na sua alimentação e no seu estilo de vida para manter os níveis normais de
colesterol, ou para ajudar a reduzi-lo se este estiver elevado.

Conhecer o número do seu colesterol

Saber quais são os valores do seu colesterol HDL e LDL é o principal passo para poder adotar
um estilo de vida saudável para o seu coração. Pode conhece-los fazendo uma simples análise
ao sangue.

Quais são os níveis normais de colesterol no sangue?

Diversos estudos sugerem que o mais importante é que o nível LDL seja inferior a 115 mg/dl.
Deve procurar, também, ter o nível de colesterol total abaixo de 190 mg/dl. O nível de HDL
deve ser superior a 35 mg/dl nos homens e superior a 45 mg/dl nas mulheres.

Outras causas do colesterol elevado?

Uma ingestão elevada de gordura saturada e de gorduras trans são uma das principais
responsáveis por ter o colesterol elevado, embora hajam muitos outros fatores que também
contribuem para os níveis elevados de colesterol no sangue:

Hereditariedade

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Fumar

Idade

Diabetes

Etnia

Hipertensão arterial:

A circulação do sangue, que tem por destino chegar a todos os tecidos e células do
organismo, implica que haja alguma pressão sobre as paredes das artérias. Esta pressão, que é
normal e até essencial para que o sangue atinja o seu destino, é a chamada “tensão arterial”.

Existem, no entanto, uma série de factores — de ordem genética ou ambiental — que podem
fazer com que esta pressão sobre as paredes das artérias aumente em excesso. Estamos,
então, perante um cenário de hipertensão.

Em Portugal, existem cerca de dois milhões de hipertensos. Todavia, deste número,


apenas:

 50% sabe que sofre desta patologia;

 25% está medicado;

 11% tem a tensão efectivamente controlada.

Exactamente por existir uma percentagem tão elevada de doentes cuja hipertensão não é
controlada ou corrigida, é que a HTA é um dos principais factores de risco no aparecimento de
doenças cardiovasculares.

Como surge a hipertensão

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Imagine que as suas artérias são como mangueiras: em estado saudável, o sangue flúi com
facilidade pelo seu interior, não encontrando qualquer obstáculo ao longo do trajecto que
percorre até às células.

No entanto, se nestas “mangueiras” o sangue encontra-se sobre pressão, o coração tem de


esforçar-se mais para fazer circular o sangue. Nestes casos, o esforço pode levar a que a massa
muscular do coração aumente, fazendo com que o volume do coração se torne maior — a
chamada hipertrofia.

Numa primeira fase, o aumento muscular cardíaco não representa qualquer problema.
Contudo, com o passar do tempo, esta hipertrofia pode levar a insuficiência cardíaca, angina
de peito ou arritmia.

Atividades adaptadas aos idosos com problemas crónicos

Meça a pressão arterial regularmente

Uma vez que a hipertensão arterial geralmente não tem sintomas, controle os níveis da
pressão arterial com regularidade.

No caso de adultos saudáveis, recomenda-se a medição da pressão arterial, pelo menos uma
vez por ano.

Já a população obesa, diabética, fumadora ou com antecedentes familiares de doença


cardiovascular, deve proceder a um controlo mais frequente e de acordo com as indicações
médicas.

Pratique actividade física, mas evite esforços excessivos

A prática de uma actividade física regular consegue, em muitos casos, uma descida
significativa dos níveis da tensão. Escolha exercícios que compreendam movimentos cíclicos
(como a natação, a marcha, a corrida ou a dança) e evite esforços físicos bruscos (por

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exemplo, levantar pesos ou empurrar objectos pesados) que aumentam a pressão arterial
durante o esforço.

Coma de forma saudável e evite o sal

Deixe de utilizar sal de mesa (se ainda o faz) e substitua-o por condimentos alternativos, como
ervas aromáticas ou sumo de limão. Evite também todos os alimentos naturalmente salgados
ou aos quais tenha sido adicionado sal durante a sua preparação: caso dos enchidos,
enlatados, comidas pré-preparadas, aperitivos ou águas minerais com gás. Evite as
bebidas alcoólicas e, se tem excesso de peso, procure reduzi-lo através de uma dieta
moderada.

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Bibliografia e Webgrafia
KEROUAC, Suzanne – El pensamento enfermeiro. Barcelona: Masson, 1996. ISBN 84-
4580365-4.

LOFF, Ana Margarida – Relações Interpessoais. Enfermagem em Foco. Lisboa: SEP. N.º
13, Ano IV (Nov./Jan. 1994), p. 56

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