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Educação Física

e Saúde
Material Teórico
Trabalho em Saúde

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Douglas Roque Andrade

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Trabalho em Saúde

• Conceito de Saúde e seus Desdobramentos;


• Importância do Debate Multidisciplinar em Saúde;
• Enquadramento da Educação Física na Área da Saúde;
• Sistema Único de Saúde;
• Atuação dos Profissionais de Educação Física
no Contexto do Sistema Único de Saúde.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar aos discentes os conhecimentos básicos sobre o atual
conceito de Saúde preconizado pela Organização Mundial da Saúde
e seus respectivos desdobramentos, a importância do debate multi-
disciplinar em Saúde, o enquadramento da Educação Física na Área
da Saúde e a atuação dos Profissionais de Educação Física no con-
texto do Sistema Único de Saúde.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Trabalho em Saúde

Conceito de Saúde e seus Desdobramentos


O primeiro conceito universal de saúde foi apresentado na Carta de Princípios
da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicada em 7 de abril de 1948. Nela,
saúde é definida como “O estado de completo bem-estar físico, mental e social e
não somente a ausência de enfermidade ou invalidez”.

A partir dessa recomendação, a classificação de saúde também envolveria o


olhar sobre o direito das pessoas a uma vida plena, sem privações, levando-se em
conta tanto os aspectos biológicos do corpo humano, quanto uma série de variáveis
contextuais, como, por exemplo, Cultura, Economia, Política e aspectos sociais e
ambientais, superando as classificações de saúde objetivas, que estavam atreladas
à ausência de doenças e à harmonia e desempenho das funções biológicas, sem
juízo de valor.

Pela complexidade do conceito, sua representação pode variar entre as pessoas


e as comunidades, de acordo com os seus valores, concepções científicas, religiosas
e filosóficas.

Por outro lado, independente da forma pela qual a saúde possa ser compreendida
por uma única pessoa ou por um grupo delas, também não pode ser vista como um
fenômeno abstrato, utópico.

Para que todos os países alcançassem o “estado completo de bem-estar físico,


mental e social dos indivíduos e as comunidades”, em 1978, a OMS cunhou o
conceito de “atenção primária à saúde”, na Declaração de Alma-Ata:
Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados
em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas
e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos
e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um
custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu
desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e automedicação. Fazem
parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem
a função central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social
e econômico global da comunidade. Representam o primeiro nível
de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema
nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais
proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e
constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência
à saúde. (Declaração de Alma-Ata, 1978).

Outro ponto importante da Carta de Princípios da OMS é a referência ao fato de


a saúde ser dever dos Estados. Esse foi um ponto que se reverteu em uma grande
quebra de paradigma, em vista do considerável número de ações de caridade no
cuidado em saúde.

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Dessa forma, a saúde não seria mais uma ação de caridade – Governos, a partir
de então, deveriam investir mais na elaboração e na implementação de Políticas Pú-
blicas e estratégias, com fins na melhoria das condições de saúde da sua população.

Importância do Debate
Multidisciplinar em Saúde
Ao se compreender a saúde como o reflexo de uma série de variáveis e a
necessidade de se intervir previamente nas doenças e agravos, seu cuidado também
deve ser feito de forma mais ampliada, por meio de ações que possam envolver
distintas especialidades que atuam no cuidado em saúde.

Atualmente, o Conselho Nacional de Saúde reconhece quatorze especialidades


como Área da Saúde: Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem,
Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição,
Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.

Diante do extenso corpo de conhecimentos e do potencial de atuação das distintas


especialidades na promoção da saúde, é muito difícil que apenas um só profissional
consiga atender, de maneira integral, às demandas e às necessidades das pessoas.

Nesse sentido, esforços vêm sendo realizados visando à integração entre saberes
e práticas complementares nas ações de cuidado, que visam à melhoria das condi-
ções de vida de uma determinada população.

Entretanto, o trabalho multiprofissional requer mais do que a disponibilidade de


profissionais de distintas especialidades nas ações de cuidado.

Uma abordagem multiprofissional adequada ocorre, de fato, quando há inter-


relação entre o planejamento e as ações dos profissionais das distintas especialidades
de saúde, de modo que suas potencialidades possam ser trabalhadas de maneira
integrada, aumentando sua chance de resolubilidade.

Nesse sentido, o trabalho multiprofissional não é tarefa fácil. Por se tratar de for-
ma coletiva de atuação, requer a capacitação permanente dos profissionais envolvi-
dos, privilegiando tanto o estudo, quanto a discussão de casos prévios atendidos por
equipes multiprofissionais, para que protocolos de atuação possam ser estabelecidos.

Também cabe destacar que a atuação de uma equipe multiprofissional não seja
pré-determinada. As demandas e necessidades individuais deverão ser o norte para
o planejamento e a execução das atividades conjuntas entre os profissionais das
distintas especialidades, de forma harmoniosa, complementar e progressiva.

Por fim, a Literatura sugere outros dois fatores importantes para o sucesso
do trabalho multiprofissional: ambiente de trabalho favorável à implementação

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UNIDADE Trabalho em Saúde

das ações integradas, reconhecendo-se que o trabalho multiprofissional não se


dá apenas pela disponibilização de profissionais de distintas especialidades, e
autonomia dos profissionais nas ações, de modo que os potenciais e os saberes de
cada especialidade possam ser trabalhados de forma inter-relacionada.

Enquadramento da Educação Física


na Área da Saúde
Registros sobre as associações entre o movimento humano e os indicadores
de saúde remontam ao tempo das antigas civilizações. Um exemplo clássico está
na célebre frase atribuída ao médico grego Hipócrates: “Caminhar é o melhor
remédio para o homem”.

Mesmo assim, as primeiras evidências científicas sobre os benefícios à saúde


proporcionados pela prática regular de atividade física surgiram apenas nos anos
iniciais da década de 1950, em pesquisas lideradas pelo Prof. Jeremy Morris. Com
o desdobramento das hipóteses e o aprofundamento do conhecimento sobre os
benefícios da atividade na vida das pessoas, a atividade física é, atualmente, um dos
tópicos de maior atenção no debate em saúde.

É importante dizer que as primeiras evidências científicas sobre os benefícios da


atividade física apareceram em uma época que também ficou marcada por diversas
transições na sociedade, desde a ascensão das cidades e dos grandes centros
urbanos até a alteração nos modos de produção e nas relações profissionais, o
que, por consequência, também acarretou alterações nos modos de viver.

Todas essas transformações demográficas, sociais e econômicas, ocorridas a


partir das décadas iniciais do século XX, alavancaram um fenômeno conhecido
como “Transição Epidemiológica”, que se refere às alterações nos perfis de
morbidade, invalidez e mortes verificados entre essa época e os dias atuais, em
que as doenças infecciosas (e. g. Tuberculose, Malária, Dengue, Varíola) deixaram
de ser a principal causa de mortes, para que esse papel fosse assumido pelas
Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), com foco particular nas Doenças
Cardiovasculares, no Câncer, no Diabetes Tipo II e nas Doenças Respiratórias.

Ao se reconhecer a importância da atividade física como estratégia terapêutica


não medicamentosa, seja na promoção da saúde, seja no tratamento de doenças,
o debate em saúde tornou-se ampliado nos Cursos de Graduação em Educação
Física, sobretudo após 2000.

É importante dizer, que a partir da década de 2000, inúmeros esforços passaram


a ser feitos pelo Ministério da Saúde na promoção da atividade física, em particular,
com a introdução de Políticas Públicas Permanentes e a de Profissionais de Educação
Física (PEF) no Sistema Único de Saúde (SUS).

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A Resolução 7, de 31 de março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para os Cursos de Graduação em Educação Física, é importante na
aproximação entre o Curso e a Área da Saúde, sobretudo, ao apontar:
Art. 3º A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção
acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação o
movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do
exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da
dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde,
promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da
educação e da reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do
lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas,
recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou ve-
nham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.

Art. 4º, § 1º O graduado em Educação Física deverá estar qualificado para


analisar criticamente a realidade social, para nela intervir acadêmica e
profissionalmente por meio das diferentes manifestações e expressões do
movimento humano, visando à formação, a ampliação e o enriquecimento
cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de um
estilo de vida fisicamente ativo e saudável (RESOLUÇÃO 7 de 31 março
de 2004 Conselho Nacional de Educação, 2004).

A partir dessas e de outras importantes bases da Resolução 7, surgiram,


em diversas partes do país, os primeiros Cursos de Bacharelado em Educação
Física, com o objetivo de formar profissionais para a atuação na Área da Saúde,
possibilidade de atuação, aliás, muito ampla.

Seu conhecimento técnico pode ser aplicado nas etapas de planejamento,


execução e avaliação de ações baseadas na atividade física, com fins na promoção
da saúde e na qualidade de vida, em suas diversas fases.

As ações em saúde de um PEF podem se dar de forma individual ou integrada


às equipes multiprofissionais, em ações nos distintos níveis de atenção à saúde,
podendo envolver, ainda, atividades de caráter comunitário (e.g., atividades de
prevenção, como grupos de caminhada) e/ou clínico (e.g. atividades que possam
apoiar um programa de tratamento, como no caso dos grupos de cardiopatas).

Os PEF podem, também, prescrever ações para grupos específicos, como, por
exemplo, atletas, pessoas que têm DCNT (e.g. obesos, diabéticos e pessoas que
vivem com o HIV) e pessoas que possuem determinados tipos de deficiências.

É importante, dessa forma, que os futuros PEF tenham conhecimento sobre as


condições de saúde no país: em 2007, 72% das mortes no país eram atribuídas
às DCNT, com particular predominância das Doenças Cardiovasculares, sobretudo
nas populações de baixa renda. Mesmo que o Brasil tenha sido pioneiro na adoção
de uma série de políticas e estratégias voltadas à prevenção das DCNT, apenas
uma pequena parcela da população brasileira atinge os níveis recomendados de
atividades físicas para a promoção de saúde.

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UNIDADE Trabalho em Saúde

Sistema Único de Saúde


O Movimento da Reforma Sanitária, composto por médicos, profissionais e
políticos atuantes na Área da Saúde Pública, e constituído na década de 1970, foi
muito importante na disseminação do direito à saúde, preconizado pela OMS. Sua
atuação visava a transformações em todos os aspectos da saúde no país, de modo
que as condições de vida da população brasileira pudessem ser melhoradas.

Com a decadência do Sistema de Saúde baseado na Previdência e a abertura


política do país, as bases do SUS foram estabelecidas pela Constituição Federal
brasileira de 1988, destacando-se que:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo


ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fis-
calização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado
de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas,


sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

Dois anos depois, em 1990, por meio da Lei 8.080 (também conhecida como
Lei Orgânica da Saúde), o SUS foi implantado, tendo como base a atenção primária
à saúde, assim como os Princípios a seguir:
• Descentralização: no âmbito do SUS, à União compete a formulação de
Políticas Públicas e o financiamento da Saúde Pública (historicamente, o Go-
verno Federal arca com metade dos investimentos em Saúde e os estados
e municípios com a outra metade). Aos estados, cabe a implementação das
Políticas Nacionais e Estaduais, assim como a organização do Atendimento à
Saúde em seu território. Aos municípios, a responsabilidade sobre a gestão das
ações e Serviços de Saúde oferecidos em seu território. Quando um determi-
nado município não possui os Serviços de Saúde, convênios entre municípios
próximos podem ser pactuados, de modo que o Atendimento integral à Saúde
seja possível;
• Equidade: relaciona-se à igualdade e à justiça. Esse conceito pode ser exem-
plificado pelo atendimento de uma determinada pessoa de acordo com sua
necessidade. Em um hospital que adota a classificação de risco, a prioridade

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no atendimento é definida por critérios combinados de ordem de chegada,
urgência e gravidade. Políticas Públicas direcionadas a populações específicas
(e.g. pessoas com deficiência, índios e quilombolas e pessoas em situação de
rua) também respeitam o princípio da equidade;
• Integralidade: o SUS deve estar preparado para atender as pessoas compre-
endendo sua condição integral de ser humano (e.g. não apenas demandar es-
forços na tentativa de compreender os mecanismos das doenças). Demandas e
necessidades de saúde devem ser atendidas levando-se em conta os contextos
social, cultural e econômico em que as pessoas estão inseridas;
• Participação Social: representa a inserção da população brasileira na
formulação de Políticas Públicas em defesa do direito à saúde. Além disso,
atribui importância a instâncias populares na fiscalização e no controle das
ações do Estado, considerando as especificidades de cada região brasileira;
• Universalidade: refere-se à possibilidade de todos os cidadãos serem atendidos
em qualquer nível do SUS, sem nenhum tipo de distinção (e.g. cor da pele,
sexo, gênero, condição econômica). Nesse sentido, ao ampliar o acesso aos
serviços, um princípio fundamental da cidadania é respeitado.

No contexto do SUS, a atenção primária à saúde é conhecida como “Atenção


Básica” (AB). Suas estruturas, como os Postos e Centros de Saúde e as Unidades de
Saúde da Família, são consideradas a porta de entrada no Sistema para, dependendo
dos casos, receber encaminhamento para os serviços de maior complexidade (e.g.
Hospitais e Clínicas Especializadas). A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB),
lançada em 2012, é o documento que rege a atuação da AB no país e a confirma
como prioridade na rede de atenção à saúde.

Por articular a AB com o conceito de promoção da saúde, a introdução do SUS


também rompeu com o modelo de atenção à saúde centrado na doença, que tem
maior foco nas ações de hospitalização e medicalização.

Além de não estarem alinhados às premissas da OMS, parte importante do


insucesso dos antigos Sistemas de Saúde vigentes no país também se deu ao
alto custo que procedimentos mais complexos de hospitalização e medicalização
trouxeram aos cofres públicos.

É amplamente reconhecido na Literatura que estratégias de promoção de saúde,


baseadas em importantes aspectos como Educação, Reflexão e Práticas, são mais
impactantes na saúde e qualidade de vida das comunidades e, ao mesmo tempo,
menos custosas.

A Estratégia Saúde da Família (ESF), implantada pelo Ministério da Saúde, em


1994, sob o nome de Programa de Saúde da Família, é considerada a principal
estratégia de expansão das ações da AB. Prova disso é que mais da metade da
população brasileira está coberta por suas ações (53,4%).

Nela estão presentes as equipes de Saúde da Família (EqSF), que são compostas
pelos profissionais:

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• Médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família


e Comunidade;
• Enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família;
• Auxiliar ou Técnico de Enfermagem; e
• Agentes comunitários de saúde.

No sentido de complementar as ações das EqSF, em 2008, foram criados os


Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) que, com o objetivo de ampliar a
oferta de saúde na rede, podem contar com o trabalho dos seguintes profissionais:
• Médico Acupunturista; Assistente Social; Profissional de Educação Física; Far-
macêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Geriatra; Médico Gine-
cologista/Obstetra; Médico Homeopata; Médico Internista (Clínica Médica);
Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocu-
pacional; Médico do Trabalho; Médico Veterinário, Profissional com formação
em Arte e Educação (Arte Educador) e Profissional de Saúde Sanitarista.

Respeitando-se o princípio da descentralização, a composição dos NASF é


definida pelos Gestores Municipais, de acordo com as necessidades locais e com
a característica das EqSFs que serão apoiadas. A atual regulamentação dos NASF
está na Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011.

Entretanto, os desafios do SUS são muito grandes, pois é o único Sistema de


Saúde Público gratuito e universal que atende uma população de mais de 200 mi-
lhões de pessoas.

Para além das formas de atuação mais conhecidas, como, por exemplo, as
ações territoriais dos Agentes Comunitários de Saúde, o atendimento e as ati-
vidades de grupos nas Unidades Básicas de Saúde, assim como procedimentos
e tratamentos prestados nos hospitais, o SUS também é responsável por outras
importantes ações, como as que privilegiam a saúde do trabalhador, a assistência
farmacêutica e a vigilância em saúde (que envolve as vigilâncias ambiental, epide-
miológica e sanitária).

Atuação dos Profissionais de


Educação Física no Contexto
do Sistema Único de Saúde
Diante do esforço permanente de consolidação do acesso à AB no país, por
meio da ESF, a introdução de PEF no SUS ocorreu de forma lógica.

A versão de 2006 da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) pode ser con-
siderada um dos principais pilares para a introdução dos PEF no SUS, destacando-se:

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Art. 10. São temas prioritários da PNPS, evidenciados pelas ações de
promoção da saúde realizadas e compatíveis com o Plano Nacional de
Saúde, pactos interfederativos e planejamento estratégico do Ministério
da Saúde, bem como acordos internacionais firmados pelo governo
brasileiro, em permanente diálogo com as demais políticas, com os outros
setores e com as especificidades sanitárias: (…)

III - práticas corporais e atividades físicas, que compreende promover


ações, aconselhamento e divulgação de práticas corporais e atividades
físicas, incentivando a melhoria das condições dos espaços públicos, con-
siderando a cultura local e incorporando brincadeiras, jogos, danças po-
pulares, dentre outras práticas (Ministério da Saúde. Portaria Nº 687, de
30 de março de 2006. Política Nacional de Promoção da Saúde, 2005).

Com este particular adendo à importância da promoção de atividades físicas no


contexto do trabalho multiprofissional, a inserção de PEF no SUS se deu a partir
da implantação dos NASF, em 2008.

Desde o início das atividades do PEF no SUS, pesquisas vêm sendo feitas para
identificar os potenciais e as limitações de sua atuação, de modo que o serviço
possa ser reorganizado com base nas demandas mais recorrentes, e as estratégias
para promoção da atividade física vêm sendo fortalecidas.

Estudo recente aponta que a maioria dos PEF inseridos nos NASF do estado
de São Paulo trabalha com atendimento em grupos, independente da condição de
saúde dos participantes.

Atividades como ginástica e caminhada foram as atividades mais frequentemente


lideradas pelos PEF. Entretanto, o mesmo estudo aponta que a atuação dos PEF
ainda é muito pequena nas escolas e em atividades mais amplas de caráter educativo.

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UNIDADE Trabalho em Saúde

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Práticas Corporais e Atividades Físicas na Perspectiva da Promoção da Saúde na Atenção Básica
CARVALHO, Fabio Fortunato Brasil de; NOGUEIRA, Júlia Aparecida Devidé. Práticas
corporais e atividades físicas na perspectiva da Promoção da Saúde na Atenção Básica.
Ciênc. Saúde Coletiva, Brasil, v. 21, n. 6, p. 1829-1838, 2016.
Interventions by Physical Education professionals in Family Health Support Units in São Paulo
ROMERO, Alexandre et al. Interventions by Physical Education professionals in
Family Health Support Units in São Paulo, Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde v. 21, n.1,
p. 55-66, 2016;
História do Conceito de Saúde
SCLIAR, Moacyr. História do Conceito de Saúde. Physis: Rev. Saúde Coletiva, Rio
de Janeiro, v. 17, n.1: p. 29-41, 2007.

 Leitura
Plano Nacional de Atividade Física
BRASIL. Plano Nacional de Atividade Física.
https://goo.gl/3bPDtC

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Referências
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais
para os cursos de Graduação em Educação Física. Resolução Nº 7 de 31 de
março de 2004. Brasília, DF, mar 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/cne/arquivos/pdf/ces0704edfisica.pdf>. Acesso em: 22 de jan de 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Portaria


Nº 687, de 30 de março de 2006. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/
docs/legislacao/portaria687_30_03_06.pdf>. Acesso em: 22 de jan de 2018.

Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde. Alma-Ata,


URSS, 6-12 de setembro de 1978. Disponível em: <http://dssbr.org/site/wp-con-
tent/uploads/2011/07/Declara%C3%A7%C3%A3o-Alma-Ata.pdf>. Acesso em:
22 de jan de 2018.

MALTA, Deborah Carvalho et al. Cobertura da Estratégia de Saúde da Família


(ESF) no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde – 2013, Ciência & Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, RJ. 21, v.2, p. 327-338, 2016.

MALTA, Deborah Carvalho et al. Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS):


capítulos de uma caminhada ainda em construção. Ciência & Saúde Coletiva,
Rio de Janeiro, RJ, n. 21, v. 6, p. 1683-1694, 2016.

ROMERO, Alexandre et al. Interventions by Physical Education Professionalism


Family Health Support Units in São Paulo. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde, Recife,
PE, n. 21, v. 1, p. 55-66, 2016.

SCABAR, Thaís Guerreiro; PELICIONI; Andrea Focesi; PELICIONI, Maria Cecília


Focesi. Atuação do profissional de Educação Física no Sistema Único de Saúde:
uma análise a partir da Política Nacional de Promoção da Saúde e das Diretrizes do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF. J Health Sci Inst., São Paulo, SP,
n. 30, v. 4, p. 411-418, 2012.

SCLIAR, Moacyr. História do Conceito de Saúde. Physis: Rev. Saúde Coletiva,


Rio de Janeiro, n. 17, v. 1, p. 29-41, 2007.

VELLOSO, Cid. Equipe Multiprofissional de Saúde, p. 24-26, disponível em:


<http://www.cehmob.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Equipe-multiprofis-
sional-de-saude.pdf>. Acesso em: 22 de jan de 2018.

Site visitado
Disponível em: <https://pensesus.fiocruz.br/>.

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