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Consumo de Bens de Luxo 2
Consumo de Bens de Luxo 2
Resumo
Abstract
“Le luxe, ce n’est pas le contraire de la pauvreté mais celui de la vulgarité”, Coco
Chanel
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comportamentos e de produtos (Lipovetsky e Roux, 2012, p.46). O luxo é uma forma
de viver e ser que deve ser definida como articulação de uma ética e de uma estética.
Na dimensão ética, o luxo implica a recusa de tudo o que é económico. Por sua vez na
dimensão estética representa o requinte, a subtileza e a procura da perfeição
(Lipovetsky e Roux, 2012, p.179-180).
Em suma, o luxo existe quando o que de melhor se pode obter em termos de,
funcionalidade, matéria-prima, acabamento, durabilidade, exclusividade e execução
do produto ou serviço (Barth, 2010, p.3). Se o produto ou serviço for acessível à
maioria das pessoas, deixa de ser luxo. Assim, o luxo é tudo o que pode significar
privilégio, prestígio, riqueza e estilo.
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diferencia-se pela qualidade, raridade e métodos de fabrico, o segundo, como sendo
produtos de excelente qualidade, contudo menos exclusivos e o terceiro com sendo
objectos fabricados em série, com menor qualidade.
Os produtos e serviços de luxo podem ficar restritos ao próprio indivíduo que
os consume, permanecendo na esfera do consumo privado, sem ter de ser exibido. Por
outro lado, pode também ser consumido com grande visibilidade, de modo a que
todos os demais vejam (Strehlau, 2004, p.22).
De uma forma geral os bens de luxo, só o são realmente quando obedecem a
alguns critérios, a saber, a qualidade da matéria prima e da produção; possuir uma
forte identidade vinculada à marca; qualidades intrínsecas como a raridade e
exotismo; o preço elevado e a distribuição selectiva e limitada.
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existência e com uma origem bem definida (Lipovetsky e Roux, 2012, p.154) são
aquelas que disponibilizam os bens e serviços de luxo para o mercado.
O sector do luxo tem vindo a sofrer uma verdadeira mutação organizacional
(Lipovetsky e Roux 2012, p.18), quando as pequenas empresas independentes e semi-
artesanais, que até então dominavam o mercado, deram lugar a grupos internacionais,
grupos multimarcas, que aplicam métodos e estratégias comprovados nos mercados
de massa, como é o caso do primeiro grupo mundial de marcas de luxo, o grupo Moët
Hennessy - Louis Vuitton (LVHM)1. É uma
nova época do luxo, marcada pela aceleração
dos movimentos de concentração, fusão,
aquisição e cedências de marcas num mercado
globalizado, que se expande cada vez mais
além das fronteiras dos tradicionais mercados
europeus, em especial do francês.
Figura 1 Logótipo da empresa líder no
Para Bourdieu (1979) o consumo mercado de luxo.
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1
Moët Hennessy - Louis Vuitton detém marcas de várias áreas, desde o vestuário, perfumaria,
champagne, vinhos, entre outros.
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identificação-diferenciação em relação a grupos ou classes, leva as marcas a serem
manipuladas e exibidas como signos. A marca torna-se o novo “significante absoluto
da identidade” e antecipa-se aos produto, que era apenas uma forma de acesso à
marca (Lipovetsky e Roux, 2012, p.145).
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determinados bens, evidenciam um grau de prestígio social, que está, geralmente,
associado a uma marca. Dá como exemplo o logótipo da Chanel ou o monograma da
Louis Vuitton, que ficam do lado externo do produto, de forma a ser visto e
reconhecido facilmente (2004, p.22).
Para melhor ilustrar a ideia de luxo enquanto marca, num mercado de
consumo, restringimos a análise apenas a marcas do segmento de vestuário, porque
este representa a maior fatia do mercado de produtos de luxo.
Num mundo globalizado vestir um fato Armani, beber champagne Moët &
Chandon ou conduzir um Mercedes-Benz pode adicionar significado à vida do
consumidor por causa das associações simbólicas que essas marcas acarretam,
todavia, também pode fazer compras nas lojas de fast fashion, como é exemplo a
Zara. Esta afirmação é particularmente válida para a indústria da moda, numa altura
que high fashion e fast fashion convergem-se em virtude do “fenómeno Zara”
(Willems e outros, 2012, p.1487).
A moda é um fenómeno considerado cíclico, temporário, adoptado pelos
consumidores por um determinado tempo, tornando evidente que o ciclo de vida para
a moda é muito pequena. É neste contexto que o conceito fast fashion vai continuar a
afectar a indústria do vestuário de moda e terá um efeito directo sobre a forma como
os consumidores compram e reagem às tendências (Bhardwaj e Fairhurt, 2013).
Contudo, a Alta Costura e a high fashion continuam a influenciar a direção das
tendências semestrais. A fast fashion afecta a todos os indivíduos, uma vez que é mais
acessível que as anteriores, e não apenas um segmento específico da população. Esta
evolução permite um acesso aos consumidores a tendências da altura, a um preço
cada vez mais barato. De facto, um produto ou serviço já não precisa de ser caro para
ser um bem de luxo. Apesar de tudo, assim como bens de luxo são símbolos da
identidade pessoal e social, marcas de retalho de moda hoje em dia também começam
a cumprir esse papel. Uma das razões que pode explicar a quebra de barreiras entre os
dois tipos de moda, pode residir no facto de que as marcas luxo são fontes de
inspiração para as marcas de comércio a retalho e que estas recorrem por vezes a
designers das marcas de luxo para criar linhas, como forma de colaborações especiais,
como é o caso da H&M (Willems e outros, 2012, p.1488).
O uso de vestuário de marca pode então ser encarada como uma forma de
diferenciação. A exibição de sinais que evidenciam uma determinada marca pode
facilitar a aceitação ou a definição de determinado status. Todavia estudos
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desenvolvidos por Berger e Ward (2010) demonstram que os sinais subtis
providenciam também eles formas de diferenciação. O uso extensivo de logótipos ou
padrões característicos é uma forma importante que algumas marcas usam para
facilitar a sua identificação. Por sua vez outras marcas apostam em sinais mais subtis
que só os indivíduos com conhecimento na área são capazes de identificar. Exemplos
de sinais subtis poderão ser as solas vermelhas dos sapatos da marca Christian
Louboutin ou o logótipo da Chanel.
Quando um produto não tem uma marca definida, este é percebido pelo
consumidor como genérico em virtude da sua função. Existe uma mitologia latente do
produto que vai além dos seus atributos e usos, abrange todas as percepções, crenças,
experiências e sentimentos associados ao produto e à marca (Barth, 2010, p.8).
5. Conclusão
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que ele mais se identifica (Barth, 2010, p.11). Os consumidores tendem a preferir
marcas com, dimensões de personalidade marcantes e específicas que enfatizam
certos aspectos da sua própria personalidade (Willems e outros, 2012, p.1488).
Concluindo, o luxo é um tema extremamente complexo. Quer pela dificuldade
em definir o seu conceito, uma vez que cada autor tem uma definição diferente e cada
individuo tem uma percepção diferente consoante o meio em que se insere. A
preocupação com a aparência e a realização de desejos associados ao simbolismo das
marcas levam os indivíduos a adquirir bens de luxo.
6. Bibliografia
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LUXO, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, disponível em:
http://www.priberam.pt/DLPO/luxo (consultado a 7 de Dezembro de 2013)
LVMH, Home, disponível em http://www.lvmh.com/ (consultado a 28 de Novembro
de 2013)
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32, pp. 343-355
RIBEIRO, Raquel Barbosa (2010), Sociologia do Consumo aplicada ao Marketing e
à Comunicação, Lisboa, ISCSP-UTL
RIBEIRO, Raquel Barbosa (2011), Consumo e classes sociais em Portugal: auto-
retratos, Lisboa, Causa das Regras
STREHLAU, Susane (2004), “O luxo falsificado e suas formas de consumo”,
Fundação Getulio Vargas, São Paulo
WILLEMS, Kim e outros (2012), “From Armani to Zara: Impression formation based
on fashion store patronage”, Journal of Business Research, vol. 65, pp. 1487-1494
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