You are on page 1of 34

PEDAGOGIA

Ilzia Rita Correia


Patrícia Antônia de Almeida

AINFLUÊNCIA DA ESCOLA NA OCORRÊNCIA DA QUEIXA ESCOLAR

Poços de Caldas
2019
Ilzia Rita Correia
Patrícia Antônia de Almeida

AINFLUÊNCIA DA ESCOLA NA OCORRÊNCIA DA QUEIXA ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Pedagogia da
Universidade do Estado de Minas Gerais
Unidade Poços de Caldas, como requisito
para a obtenção do título de Pedagogo

Poços de Caldas
2019
FOLHA DE APROVAÇÃO

A INFLUÊNCIA DA ESCOLA NA OCORRÊNCIA DA QUEIXA ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Pedagogia - da
Universidade do Estado de Minas Gerais
Unidade Poços de Caldas, como requisito
para a obtenção do título de Pedagogo.

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________
Orientadora
Renata Christian de Oliveira Pamplin

_______________________________________
Orientador
Fabio Riemenschneider

_______________________________________
Prof. banca
Instituição

_______________________________________
Prof. banca
Instituição

Poços de Caldas, _____ de ____________ de 2019.


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me deu força nos momentos difíceis, fé na


superação das dificuldades, saúde e humildade para chegar até o final desta
graduação...
Aos meus pais Roque Lourenço Correia e Vemilda da Silva Correia, pois sem
eles nada seria.
Aos meus filhos Priscila Grazielle Petreca, Mateus Willians Petreca e Amanda
Francine Petreca, que são meus orgulhos,
Minhas netas, Maria Eduarda Petreca, Sophia de Oliveira Salles e Hellena
Vitória Volpe Petreca, Maria Flor Petreca Rossi, que me ensinaram o significado do
verdadeiro amor incondicional,
Minha nora e genros, Letícia Volpe Petreca e Carlos Eduardo Loiola Rossi.
Lázaro Luis Lattaro que me deu força e incentivo não me permitindo desistir.
A minha irmã e incentivadora Rosana Correia Módina,
À Universidade do Estado de Minas Gerais, por esta oportunidade única.
Às escolas que proporcionaram as experiências do estágio confirmando
minha vocação.
Ilzia Rita Correia

Agradeço a Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
A meus pais, Sebastiana Zétula de Almeida e Valter Aparecido de Almeida, e
família pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
A universidade UEMG, seu corpo docente, direção e administração, que
oportunizaram a janela para que eu vislumbrasse o novo horizonte superior, elevado
pela confiança em acreditar no mérito e ética a todos que me ajudaram nesta minha
caminhada.
As escolas que me concederam o privilégio de exercer meu estágio para
exercer a prática da educação.
Patrícia Antônia Almeida
“... ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar possibilidade para a sua
produção ou sua construção.”

(FREIRE, 1996. p.25)


Pedagogia da Autonomia
RESUMO

A indisciplina, a apatia, a dificuldade de aprendizado, entre outras queixas,


em sala de aula, são os maiores e mais antigos problemas inerentes ao processo
educacional. Esse fato incentivou o desenvolvimento da pesquisa, tendo como foco
a influência que a escola tem na ocorrência das mesmas. Por isso, foi desenvolvida
esta pesquisa cujo objetivo é discutir sucintamente a função e constituição da escola
enquanto espaço social e suas diretrizes, que por sua vez, tem sido uma instanciam,
submetida aos propósitos ideológicos dos sistemas organizacionais políticos.
Analisando os conceitos, pretexto ou fundamentação, e possíveis influências da
escola relacionadas as queixas. A pesquisa priorizou a faixa etária compreendida
entre seis e quatorze anos, porque envolve as séries iniciais, que correspondem a
um período de adaptação do discente no ambiente escolar, podendo haver
ansiedade, medo, e retraimento no estudante. O sistema educacional no Brasil,
desde sua criação, controlador do currículo a ser lecionado, falha em relação a
redução do problema, diagnóstico do pretexto e não capacitando os professores a
lidarem com o problema atrelado as queixas. Pedagogicamente, a indisciplina as
dificuldades de aprendizagem e a falta de interesse interferem no funcionamento e
no rendimento escolar. A pesquisa firmou-se em estudo bibliográfico feito a partir da
base de dados do Google Acadêmico, suas obras e arquivos. Espera-se que este
trabalho permita reflexões sobre o assunto e que sirva de apoio e suporte para
futuras pesquisas, contribuindo para o crescimento de toda a sociedade.

Palavras chaves: Queixa Escolar; Pedagogia; Professores; Escola.


Sumário
1.
Introdução...................................................................................................................12
2. Objetivos..................................................................................................................14
2.1 Objetivo G
eral.......................................................................................................14
2.2 Objetivos Específicos...........................................................................................14
3. Metodologia............................................................................................................15
4 Justificativa..............................................................................................................16
5. Referencial Teórico................................................................................................19
5.1 Queixa Escolar.....................................................................................................19
5.2 As queixas (faixa etária de seis a quatorze anos)................................................19
6 Responsáveis..........................................................................................................21
6.1 Aluno....................................................................................................................21
6.2 Individualismo.......................................................................................................21
6.3 Família..................................................................................................................22
6.4 Escola...................................................................................................................23
7 O sistema educacional brasileiro e os seus desafios..............................................25
8 Formação de professores........................................................................................27
9 Olhar pedagógico....................................................................................................32
10 Considerações finais.............................................................................................34
11 Referências bibliográficas ....................................................................................36
12

1. INTRODUÇÃO
O tema queixa escolar abordado na pesquisa partiu da realidade que
vivenciamos durante o estágio em nossa graduação em pedagogia. Fazem parte da
queixa escolar: comportamento de agressão, hiperatividade, apatia, desafio,
impulsividade, manifestações antissociais, TDAH ou transtorno de déficit de atenção,
que causam desatenção e impulsividade, entre outros sintomas.
Utilizamos a faixa etária de seis a quatorze anos, porque é um período de
adaptação da criança na escola, no qual o estudante pode sentir ansiedade, medo e
retraimento.
Segundo o conceito de cada autor, apontam diferentes responsáveis como
objetos na pesquisa, desde os alunos, família, olhar individualizados.
A pesquisa sobre a influência das escolas na ocorrência da queixa escolar,
continua no estudo do sistema escolar que quer resultados, mas não dá condições
relevantes para solucionar o problema, as formulações das queixas, explicitando sua
falha através das provas do ENEM, PROVA BRASIL entre outras (BRAY,
LEONARDO, 2011)
A manutenção de métodos de ensino antiquados, os conteúdos
descontextualizados e a divisão dos alunos em turmas consideradas fracas, médias
e fortes, alia-se a falta de revisão do papel da escola com relação a resolução dos
problemas que causam as queixas (PEREIRA, 2004)
A formação dos professores que, desde cursos de nível médio, Magistério,
Normal Superior, Pedagogia, à nível superior, ou ainda, há quem se forme somente
em uma matéria específica, como Matemática ou História. São diferentes currículos,
com a mesma finalidade: ensinar e vivenciar as adversidades do dia a dia, formulado
pela ocorrência das queixas escolares (SCHRAM, CARVALHO, 2000)
Segundo Cassins ET al. (2007), o pedagogo poderia contribuir através de
materiais adequados para que o aluno obtivesse um melhor rendimento escolar se
tornando um cidadão. O pedagogo tem como referência conhecimentos sobre
desenvolvimento emocional, cognitivo e social utilizando os para compreender o
processo de aprendizagem.
Porém para Fontoura, 1994, é importante que o professor se dê conta de seu
papel enquanto educador. É preciso que ele saiba que é um elemento essencial
para o sucesso da escola e o fator decisivo para promover a superação pelo aluno
13

de seus problemas de aprendizagem, podendo reduzir as queixas através da


observação dos seus alunos individualmente.
Nesse sentido, é relevante conhecer a atuação pedagógica, o modo como os
pedagogos pensam e agem com relação as queixas escolares. Saber como foram
preparados em termos de competências e dificuldades é essencial para que possa
compreender os processos de desenvolvimento e condições de aprendizagem dos
alunos com dificuldades (MARTINEZ, 2010).
Espera se que esta pesquisa permita reflexões sobre o assunto,
possibilitando assim um desenvolvimento de novas ações de apoio e suporte as
influências das escolas nas ocorrências das queixas escolares. E ainda, que as
ponderações feitas no decorrer desta pesquisa sirvam para contribuir com projetos
inovadores que visem a auxiliar os futuros professores.
14

2 Objetivos

2.1Objetivo Geral

Manifestar a influência da escola na ocorrência da queixa escolar.


15

3. Metodologia
O método utilizado nesta pesquisa foi conduzido por um delineamento de
pesquisa bibliográfica ancorada no objetivo de discutir a influência da escola na
ocorrência de queixa escolar e é através dela que fundamentamos o trabalho. 
Foram realizadas buscas na base de dados disponíveis no Google Acadêmico,
Scielo e em bibliotecas físicas. Segundo (Gil, 2002) a pesquisa bibliográfica tem
como base o material já elaborado, com os livros e artigos. De acordo, com (Gil,
1999: 71) a principal vantagem de pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquele que poderia pesquisar diretamente. No Scielo, no Google Acadêmico e
biblioteca física: colocamos as palavras chaves queixa escolar; pedagogia;
professor; escola. Expunha o tema queixa escolar em diferentes visões e conceitos
com o objetivo do trabalho.
Utilizamos a faixa etária de seis a quatorze anos, porque envolve alunos de
séries iniciais e ensino fundamental I. Esse é um período de adaptação da criança
na escola que, juntamente com fator próprio da idade -a puberdade, quando os
hormônios afloram – pode levar a criança a sentir ansiedade, medo e retraimento,
fatos geradores de queixa escolar.
16

4.Justificativa
O objeto desta pesquisa se inicia abordando a necessidade de manifestar a
influência da escola na ocorrência de queixa escolar, assim como sua importância
no conceito de diferentes autores consultados.
Como justificativa, destaca-se a necessidade de propor novos olhares sobre a
queixa escolar, procurando compreender suas interfaces e seu impacto no
desenvolvimento humano.
Além disso, os motivos vão além das simples queixas, pois, mostram a
complexidade e transtornos que trazem no desempenho das escolas no dia a dia,
especificando de quem seria a responsabilidade segundo o conceito de cada autor
consultado.
Isto posto, observa-se então que ao olhar para as crianças que acabam
passando grande tempo nas escolas, envolvendo-se em atividades pertinentes às
tarefas formais como: leitura, escrita, pesquisa como também em atividades
diferenciadas ligadas aos espaços informais de aprendizagem: hora do recreio,
excursões, atividades de lazer, encontro com os colegas, convívio social entre
outros saberes que os auxiliam para uma melhor compreensão do espaço que
ocupam.
Neste sentido não podemos deixar de relatar sobre os alunos que não
aprendem ou não apresentam o comportamento que a escola elege como adequado
ou esperado sem rotulá-lo, procurando ajudá-lo em suas dificuldades.
Atento para o fato citado acima, as queixas são elementos simbólicos
utilizados para a expressão pessoal, sempre ancorado na situação real em que
estão inseridos os sujeitos.
Assim como os professores não encontram formação específica que os ajude
entender e como se comportar diante da queixa escolar, esta certamente fará parte
do cotidiano da maioria deles.
Objetivando explorar o sistema escolar brasileiro e seus desafios, discute
suscintamente a função e constituição da escola enquanto espaço social e suas
diretrizes, que por sua vez, tem sido uma instância, submetida aos propósitos
ideológicos, dos sistemas organizacionais políticos.
Este mesmo sistema controla o currículo das aulas a serem lecionadas e são
monitoradas através de provas aplicadas pelo MEC, sendo estas: ENEM, Prova
Brasil, justificando e mostrando sua falha com relação a elaboração do currículo,
17

não colaboram com matérias e nem cursos para os professores lidarem com os
alunos com dificuldade de aprendizado.
Através do olhar pedagógico, compreende-se as diversas formas de
expressão deste fenômeno que é a queixa escolar e não responsabilizar somente o
aluno ou o professor, percebendo que para a solução da queixa deve-se olhar o todo
e não apenas um lado da história.
No âmbito pedagógico, ha necessidade de buscar uma compreensão do que
pensam sobre o ensino e de como os professores percebem situações escolares em
que está envolvido, como exemplo, o currículo recebido pelo MEC que não são
elaborados por pedagogos.
Fomenta expor as dificuldades encontradas e a necessidade de se continuar
produzindo conhecimento, enfatizando que o aluno precisa indicar que existem
lacunas na área e deixar claro que seu estudo tentará preencher essa falta no
conhecimento.
Movida por esse cenário educacional, ha a necessidade de um estudo
empírico que parta do local onde a queixa se inicia, de modo que os aspectos
relativos aos sujeitos diretamente envolvidos (professor e estudante) sejam
analisados.
É relevante contextualizar bibliograficamente o tema, para que se conheça a
visão e o conceito de cada autor consultado. Sendo também importante expor as
dificuldades encontradas e continuar produzindo conhecimento, destacando que,
além disso, é preciso ter sensibilidade para perceber os sinais advindos dos alunos
– suas reações diante do que precisa ser feito -, para que não se perca de vista que
o conhecimento produzido pode trazer soluções para os problemas relacionados ás
queixas escolares.
Nesse sentido tem se a ilusão de que o tema se esgotou, o termo queixa
escolar ainda soa estranho para os trabalhadores da educação, o que denota a
necessidade de novos estudos e reflexões.
Diante do exposto e a fim de situar o leitor, a organização desse trabalho
estrutura-se da seguinte maneira: na introdução, conforme demonstrado,
apresentamos um panorama geral sobre a queixa escolar, bem como os motivos
que balizaram tal estudo.
18

Descrevemos as considerações teóricas do significado “queixas escolares”, a


faixa etária de seis a quatorze anos e o porquê, assim como os autores diversos,
que têm visões diferentes responsabilidades das queixas, especificando cada uma.
Seguimos pesquisando o sistema educacional e suas influências nas causas
da queixa, poderia este sistema colaborar para que as queixas amenizassem com
uma reforma preparada por pedagogos e não por políticos ou elites.
A preparação dos professores em sua formação, poderia ser especializado
com cursos extensivos, pós formação, específicos para lidar com os problemas que
causam as queixas escolares, aprimorando o olhar pedagógico.
Descrevemos as considerações teóricas do eu significam as queixas
escolares, observa-se a necessidade de construir e reformar escolas, investir em
formação e valorização dos professores e reestruturar o currículo acadêmico. Além
disso, segundo Patto (1990), Fonseca (1995) e Marinho-Araújo (2006), reflexões
sobre a queixa e o fracasso escolar devem ser promovidas no cenário educacional,
no intuito de rever tal problema sob outros prismas.

Os professores teriam o olhar pedagógico aprimorado, diante dos problemas


que causam queixas escolares, para lidar especificamente com os mesmos, se
tivessem formação especializada, que incluiria extensão e pós formação.
19

5.REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Queixa escolar


Descrevemos as considerações teóricas do que significam as queixas
escolares. A indisciplina, a apatia, a dificuldade de aprendizado entre outros
comportamentos questionados como fora do padrão no âmbito escolar, são
denominadas queixas escolares. Em sala de aula no processo educacional
vivenciados em nosso estágio na graduação em pedagogia nos incentivou a
desenvolver a pesquisa focando discutir a influência da escola na ocorrência de
queixa escolar.

5.2 As queixas (faixa etária de seis a quatorze anos)


Priorizamos a faixa etária compreendida entre cinco e quatorze anos, porque
envolve as séries iniciais, que correspondem a um período de adaptação do
discente no ambiente escolar, podendo haver ansiedade, medo, e retraimento no
estudante.
Compreende-se o funcionamento adaptativo como o “modo que a pessoa
enfrenta efetivamente as exigências comuns da vida e o grau em que experimenta
uma independência pessoal para grupo etário, bagagem sociocultural e contexto
comunitário no qual se insere” (CRUZ e BARRETO, 2005, p. 04).
Para D’Abreu e Marturano (2010, p. 43) queixa escolar se compreende em:
 Comportamentos de agressão
 Hiperatividade
 Desafio
 Impulsividade
 Manifestações antissociais
 O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
20

São classificados como externalizantes, em oposição a padrões de


comportamento internalizantes (retraimento, medo e ansiedade).
No que tange à faixa etária principal das queixas escolares pelos professores
com relação aos alunos, tanto Souza (1989) quanto Marçal (2005) indicam uma faixa
semelhante - de cinco a quatorze anos, por ser um período de adaptação da criança
na escola, o que pode gerar ansiedade, medo e retraimento nas séries iniciais e na
idade da puberdade onde os hormônios estão aflorados gerando os conflitos ou
causas de queixa escolar.
O fato de ter acesso garantido não significa a certeza de um ensino de
qualidade. No processo de escolarização são comuns os problemas na escola em
alunos com idades de 10, 12,13 anos, e com no máximo 5 a 6 anos de
escolarização que não conseguem ler e escrever . (BRAY, LEONARDO, 2011)
21

6.Responsavel pelas queixas

6.1 Aluno
No universo escolar, encontram-se muitas queixas de alunos que não
correspondem ao que se esperam deles, isto é, que aprendam independentemente
da realidade escolar, social, cultural ou econômica onde vivem, os autores acreditam
que as diferenças sociais dificultam os menos favorecidos. (BRAY, LEONARDO, 2011)
Para Trautwein e Nebias (2006) o conceito de queixa escolar está ligado aos
chamados problemas de aprendizagem ou problemas de comportamento, os quais
aparecem no processo de escolarização.
Isto significa que algumas crianças não conseguem, por motivo até então
desconhecido, acompanhar o currículo escolar ou então apresentam agressividade,
apatia ou agitação como principais comportamentos geradores de conflitos no
ambiente escolar. (TRAUTWEIN E NEBIAS, 2006)
A apresentação de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/ hiperatividade)
cujo principais sintomas são desatenção, impulsividade e hiperatividade se
manifestado em ambientes diferentes causando comprometimento funcional.

6.2 Olhar Individual


Machado (2003) fundamenta o olhar individualizado, que compreende apenas
a criança no processo avaliativo em detrimento de seu contexto, resulta muitas
vezes na rotulação da mesma. Por conseguinte, e sob este panorama tem-se uma
ideia de relação causal entre problemas emocionais e dificuldades de aprendizagem.
Para Machado (2003) as queixas escolares podem serem vistas e entendidas
de forma que não foque apenas o aluno, ou seja, sob a ótica das condições de
trabalho e de formação do professor para entender as dificuldades de seu aluno.
Em decorrência disso, há uma maior atenção à relação do professor com seu
aluno não só em termos técnicos, mas também em termos do relacionamento afetivo
e interpessoal que o professor e a escola estabelecem com seu aluno. (MACHADO,
2003)
Com base no exposto pelo autor, Machado (2003), desmistifica explicações
para as queixas escolares que estão atreladas a sua condição social, para as quais
o problema apresentado pelo aluno estaria ligado a sua condição financeira
22

desfavorecida, ou até mesmo a sua raça, se esse for negro, justificando pela
afirmativa que estes não seriam dotados de condições sócio econômicas
necessárias para um aprendizado adequado.

6.3 A Família
Há uma tendência a responsabilizar o aluno e a sua família pelo fracasso
escolar - ou seja, há um discurso institucionalizado que estabelece uma relação
necessária entre, de um lado, o fenômeno fracasso escolar, e do outro, a atuação
direta da família e as características psicológicas do indivíduo. (MEIRA E ANTUNES,
2003)
Por essa razão, para entendermos corretamente o sentido e as ocorrências
da queixa escolar, é indispensável investigarmos atentamente não só os atores
primários (o aluno, a família e o professor), mas também o contexto social e
institucional implicado na queixa.(MEIRA E ANTUNES, 2003)
Segundo Meira e Antunes (2003) é essencial que a família acompanhe todo o
processo que a criança vivencia e forneça o suporte emocional, juntamente, com
informações e orientações. Isto porque o apoio familiar é um diferencial na solução
das queixas escolares.
Soma-se ao empenho familiar, a necessidade do posicionamento de
professores e demais profissionais da instituição escolar estarem pautados em um
olhar diferenciado, no que tange o aluno que apresenta determinada dificuldade de
aprendizado. Olhar esse que vise proporcionar um ambiente no qual o aluno se sinta
bem, consequentemente melhorando sua capacidade para aprender. (CASARIN E
RAMOS, 2007)
Na estigmatização das famílias (sobretudo daquelas em situação de
vulnerabilidade socioeconômica), na ausência de espaços para reflexão entre
educadores e pais e na falta de uma postura escolar baseada na escuta da criança o
foco de intervenção em relação aos problemas apresentados tradicionalmente ainda
é o atendimento individualizado das crianças e dos seus familiares. (MEIRA E
ANTUNES, 2003)
Para Meira e Antunes (2003), é de suma relevância se questionar acerca do
significado da escola e dos estudos, não só para o aluno, mas também para sua
família e professores que devem estar preparados para o trabalho com alunos.
23

Apresentam dificuldades e histórias diferentes que irão refletir em seus


estudos e aprendizagem. Com isso, a escola e professores devem estar atentos ao
universo existencial que circunda o seu aluno, o qual, por sua vez influi em seu
próprio ato de estudar. (MEIRA E ANTUNES, 2003)

6.4 Escola
Patto (1999) considera que a queixa escolar tem sido uma preocupação
frequente no processo de escolarização. Entretanto, há de se fazer menção que, tais
dificuldades enfrentadas pelas crianças podem ser agregadas por uma cadeia de
relações, como as que acontecem na escola, na família, com os professores e as
que perpassam o contexto socioeconômico.
A escola pode ser um lugar de “produção de queixa escolar”, onde a queixa
abrange a produção histórica social, sendo a escola marcada por desigualdades
sociais e econômicas entre os grupos e classes se manifestando como fracasso
social. (BRAY E LEONARDO, 2011)
Bray e Leonardo (2011), quando um ou mais alunos apresentam dificuldades
de qualquer ordem, que tenham surgido no contexto escolar é papel da escola tomar
todas as providências na tentativa de solucionar o problema.
Deve-se seguir também uma visão ampla e buscar medidas que estejam
dentro de suas possibilidades, enquanto instituição educativa e de ensino. (BRAY E
LEONARDO, 2011)
Em geral, os estudos apontam uma característica comum entre alguns
profissionais que lidam com estudantes com histórico de queixa escolar, tanto em
escolas quanto em serviços de atendimento, em relação aos eventos que
desencadeiam a queixa:
a) o processo de formação do saber técnico-institucional que já se encontra
no modelo de formação profissional de professores, pedagogos e psicólogos;
b) a estrutura das relações de poder-saber que se encontra nas escolas e nos
serviços de atendimento. Com isso, poderemos superar o discurso de patologia e
formulação dos atores escolares. (BRAY, LEONARDO, 2011)
Em rigor, o discurso hegemônico hoje adota um modelo extraído da Biologia e
da Psicologia, mas ignora as dimensões institucionais, históricas, sociais e político-
econômicas que perpassam esses fenômenos. (BRAY, LEONARDO, 2011).
24

Isso faz com que a dimensão propriamente pedagógica do fracasso se perca


e questões que estão diretamente associadas à dimensão política e social sejam
ignoradas (BRAY, LEONARDO, 2011).
Marçal e Silva, (2006) também apontam a participação da escola na
produção das dificuldades escolares das crianças. Apesar de a escola ser um
espaço de aprendizagem e formação, tem sido também palco de exclusão do aluno
que não consegue aprender, o que a torna reprodutora do fracasso escolar.
Toda escola funciona bem, mas há miscigenação de alunos. Existem
professores além de outros indivíduos na escola, que se deparam com a justificativa
que se opõem a necessidade de solucionar os problemas. (BRAY, LEONARDO, 2011)
Em rigor, a escola não está constituída por um discurso que, por si só, seja
crítico em relação à própria produção do fracasso. Este traço característico da
prática institucional escolar tem muitos aspectos, os quais se expressam, por
exemplo, na desvalorização do lugar do professor (tanto na sua formação como no
seu reconhecimento social). (MARÇAL, SILVA, 2006)
Segundo FACCI (2007), não se deve culpar o aluno pelo não aprendizado
escolar, sua família, ou professor, pois resulta numa explicação simples e ideológica.
25

7.Sistema Educacional No Brasil e Seus Desafios


Criado constitucionalmente pelo governo federal, em 1946 para garantir a
gratuidade do ensino primário e a manutenção da mesma, na sequência dos
estudos para aqueles que comprovassem falta de recursos, o sistema educacional,
no Brasil, contribui com problema relacionado as queixas escolares. (NOVO, 2018)
Através de experiências e políticas de ciclos, surgiu a preocupação com o
fracasso escolar no séc. XX e início do séc. XXI. Assim, diversos caminhos levaram
ao fracasso escolar, sendo as políticas educacionais que estão atreladas aos altos
índices de reprovação e evasão nas escolas de ensino fundamental no Brasil.
(FERNANDES, 2003)
Nas avaliações, que desencadeiam e rotulam as desigualdades entre as
classes sociais, onde prevalecem culturas identificadas com os currículos escolares.
Com isto tem tentadas diversas políticas, para acabar com o fracasso escolar, onde
se observa alto nível de reprovação. (FERNANDES, 2003)
Pelos dados do IBGE notamos que os resultados da taxa de rendimento
escolar (aprovação e reprovação) e o desempenho dos alunos SAEB e na PROVA
BRASIL, indicaram em 2007 em escolas brasileiras, a média para as Séries Iniciais
do Ensino Fundamental foi de 4,2. (BRAY, LEONARDO, 2011)
Os índices de desempenho escolar brasileiro estão longe, quando há como
meta um ensino de qualidade, em que todos os alunos possam ter acesso aos
conhecimentos científicos. (BRAY, LEONARDO, 2011)
Na realidade as propostas político-pedagógicas buscam solução para o
fracasso escolar, pelas mudanças no sistema de avaliação. Na opinião de autores
renomados a avaliação é essencial para construção de escolas democráticas.
(FERNANDES, 2003)
A escola deve promover ao aluno o aprendizado onde o cidadão passe a ter
plena consciência de sua liberdade se tornando um cidadão crítico, a lutar por seus
direitos e deveres por um Brasil melhor. (FERNANDES, 2003)
No Brasil as origens do conhecimento e da compreensão do papel social da
escola estão interligadas em diferentes propostas com percurso a reverter o
fracasso escolar com o passar dos tempos. Nas propostas de ciclos, onde sua
relação com o fracasso escolar tem o intuito de reverter o problema da reprovação,
através de políticas públicas de educação. (FERNANDES, 2003)
26

Vem de longa data no Brasil, o tema das políticas de não retenção e os


estudos levando a promoção automática se fortaleceram na década de 50. Os
educadores e pesquisadores assumiram com otimização as propostas de promoção
automática, porém caminhando lentamente ao caminho da importância de modelos
de outros países. (FERNANDES, 2003).
Apesar de estimulado ao desenvolvimento, o Brasil sucumbiu diante do
elevado nível de reprovação. Assim no início e final dos anos seguinte, os estudos
econômicos passam a influenciar as pesquisas em educação, mostrando através de
estudos a teoria do capital humano, onde educação e mercado de trabalho
caminham juntos. (FERNANDES, 2003)
Em 1961, promovida pela UNESCO, aconteceu a 1ª Reunião Internacional de
ministro de educação em Genebra que opinava a países do 3ª mundo a promoção
automática com problema na zona rural. (FERNANDES, 2003)
Mais tarde com as experiências dos Ciclos Básico de Alfabetização - CBA
marcam a transição entre as experiências de promoção automática e as do ciclo.
Onde são geradas as justificativas teóricas com as experiências dos CBA, para a
adoção de ciclos ao longo do ensino fundamental . (FERNANDES, 2003)
O currículo é também formalizado pela BNCC (Base Nacional Comum
Curricular) controlado pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), através do PISA
(Programa Internacional de Avaliação de Estudante) e pelo ENEM (Exame Nacional
do Ensino Médio). (MEC, 2011)
No século XX, o problema do acesso da população em idade escolar nas
escolas públicas do ensino fundamental está solucionado, se tornando um grande
avanço para a educação brasileira. (FERNANDES, 2003)
Para se criar uma escola com proposta de funcionamento, devem-se levar em
conta as mudanças que aconteceram antes e agora no século XXl, entender a
maneira como os ciclos de alfabetização estão concebidos.
Não se esquecer que a seriação e a reprovação não podem resultar no
fracasso escolar, para professores, diretores e orientadores,para construir outra
escola, que está para ser construída. (FERNANDES, 2003)
Assim conclui-se que a escola deve, ser instrumento de transformação social
transmitindo conteúdos científicos e da realidade do aluno, promovendo cidadãos
com consciência crítica e libertadora, para lutar por uma Pátria melhor para todos
nós. (BRAY, LEONARDO, 2011)
27

As concepções que responsabilizam o indivíduo pelos problemas escolares


não passa de ideologias que precisam ser questionadas, já que ocultam a realidade
das queixas escolares, apresentado pois, compreende-se que qualquer forma de
culpabilidade individual se torna reducionista e converte-se em uma armadilha
ideológica condizente com os princípios neoliberais. Em poucas palavras,
entendemos por ideologia o mesmo que para quem a ideologia é forte arma de
segurança e manutenção social, por isso só interessa a quem quer manter as coisas
como estão. (MEIRA E ANTUNES, 2003)
28

6. Formação de Professores
Retomando o pretexto e ou fundamentação, uma delas também está na
formação do professor no Brasil.Sendo um assunto amplo e complexo,formalizado
no final do séc. XlX com a criação das Escolas Normais para formação de docentes
para o ensino das primeiras letras em curso específico. (GATTI, 2010)
As Escolas Normais eram de nível secundário, a partir de meados do sec. XX
passou a ensino médio. A partir da Lei n. 9.396 de 1996 postula-se a formação do
curso de nível superior com prazo dez anos para ajustes. (GATTI, 2010)
Somente no início do sec. XX que surgiu a preocupação para formação dos
professores secundários denominado “3+1” (final do ensino fundamental e ensino
médio), considerando que o número de escolas era pequeno tais como número de
aluno. quanto a o c u r s o d e P e d a g o g i a , f o i r e g u l a m e n t a d o e m 1 9 3 9 .
(GATTI, 2010)
Com a publicação da Lei n. 9.294/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – em dezembro de 1996, alterações são propostas tanto para as
instituições formadoras como para os cursos de formação de professores. Surge
o curso licenciatura, o qual bastava se formar em uma matéria específica e já
poderia lecionar (GATTI, 2010).
Quanto aos cursos de graduação em Pedagogia, somente
e m 2006, depois de muitos debates, o Conselho Nacional de Educação
aprovou a Resolução n. 1, de 15/05/2006, com as Diretrizes Curriculares
Nacionais. (GATTI, 2010)
Propondo cursos como licenciatura e atribuindo a estes a formação de
professores para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental,
bem como para o ensino médio na modalidade Normal. (GATTI, 2010)
Esta graduação dá atribuições a vários eixos, mas mantendo o foco na
formação de docentes de anos iniciais. Esse curso deveria propiciar:
[...] “a aplicação ao camp o d a e d u c a ç ã o , d e c o n t r i b u i ç õ e s ,
e n t r e o u t r a s , d e c o n h e c i m e n t o s como o filosófico, o histórico,
o antropológico, o ambiental-ecológico, o psicológico, o
linguístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural”;
englobar (art. 4º, parágrafo único) a formação de habilidades de
planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e
avaliação de tarefas próprias do setor da Educação, de
p r o j e t o s e experiências educativas não escolares; a produção e difusão
do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em
contextos escolares e não escolares. O licenciado em Pedagogia deverá
ainda: estar apto no que é especificado em mais dezesseis incisos
do artigo 5º, d e s s a R e s o l u ç ã o , e c u m p r i r e s t á g i o c u r r i c u l a r
29

e m c o n f o r m i d a d e a o inciso IV, do artigo 8º. Estas postulações


criaram tensões e impasses p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o
curricular desses cursos, ainda não bem equacionadas.”
(GATTI, 2010, p. 1358)

Para adentrar a concepção de um profissional que tem condições de


confrontar-se com problemas complexos e variados, estando capacitado para
construir soluções em sua ação, mobilizando seus recursos cognitivos e afetivos.”
(GATTI, 2010)
Vai desde cursos de nível médio, Magistério, Normal Superior, Pedagogia, à
nível superior, ou ainda, há quem se forme somente em uma matéria específica,
como Matemática ou História. São diferentes currículos, com a mesma finalidade:
ensinar. (SCHRAM, CARVALHO, 2000)
No entanto, independentemente de sua formação, a queixa escolar é uma
situação que a maioria dos professores vão passar um dia. Ela permeia tanto
escolas públicas, quanto particulares (SCHRAM, CARVALHO, 2000)
Tanto professores experientes como novatos, tanto os de formação em nível
superior quanto os de nível médio. As queixas vão desde o comportamento dos
alunos até o modo como é gerido o sistema educacional. (SCHRAM, CARVALHO,
2000)
Quando se fala em formação do professor, estamos falando de um sujeito que
já foi aluno, durante sua formação básica, e mais uma vez, é aluno, mas com o
intuito de se tornar professor. Nenhum professor novato é inexperiente. (SCHRAM,
CARVALHO, 2000)
O que não lhe falta durante o exercício da docência, é experiência. Porém,
como apresenta Freire (1996, p.6) “formar é muito mais do que puramente treinar o
educando no desempenho de destrezas”. (SCHRAM, CARVALHO, 2000)
Além do todo o conteúdo ensinado durante sua formação, como
planejamento, metodologias, avaliação, há também o currículo real, que, de acordo
com Ferraço (2002), “refere-se à diversidade de ações, Inter/ações, super/ações e
ressignificações produzidas e compartilhadas nos cotidianos escolares." (SCHRAM,
CARVALHO, 2000)
Apesar dessa vivência escolar que todos passam, na maioria dos casos, o
primeiro contato de fato com a docência, é durante os estágios obrigatórios. Ainda
assim, aquela turma observada não é de responsabilidade dele. Qualquer queixa
30

observada na sala, quem vai resolver é o professor regente. (SCHRAM, CARVALHO,


2000)
Somente quando o professor termina seus estudos, e é contratado por
alguma escola, é que toda a sua capacidade é posta à prova. A partir daí, não há
mais tempo para improvisos, como havia nos estágios, ou auxílio da faculdade nos
momentos de dúvidas. (SCHRAM, CARVALHO, 2000)
Para os alunos, para a família, para a escola, para a direção escolar ou você
é um professor ou não é. Porém, a formação do professor não é algo estático, não é
como um produto que acabou de sair da fábrica. A formação do professor é
contínua, é como algo que precisa ser lapidado, sempre. Como disse:

[...]Ninguém começa a ser professor numa certa terça-feira às 4 horas da


tarde... Ninguém nasce professor ou marcado para ser professor. A gente
se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a
prática "(FREIRE, 1995, p. 58).

Passado o desafio do primeiro contato com a sala de aula, dos primeiros


imprevistos, o professor se depara com outra realidade, diferente daquela que lhe foi
ensinada durante a faculdade.(FREIRE, 1997).
Segundo Veenman (1988), quando o professor assume uma sala de aula, há
o que ele denominou como de choque de realidade, ou seja, a ruptura entre os
ideais elaborados durante os cursos de formação inicial e a realidade da profissão
docente.
Nenhum currículo de formação de professor o prepara para assumir salas
superlotadas ou com falta de material didático. É exigido muita criatividade do
docente para lidar com essas situações. (FREIRE, 1997).

[...]Creio que uma das razoes que explicam este caso em torno do que
ocorre no espaço-tempo da escola, que não seja a atividade ensinante, vem
sendo uma compreensão estreita do que é educação e do que é aprender.
No fundo, passa despercebido a nós que foi aprendendo socialmente que
mulheres e homens, historicamente, descobriram que é possível ensinar. Se
tivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser possível
ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências
informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas
nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal
administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação.
(FREIRE, 1996. p 25).
31

O modo como o professor reage aos imprevistos durante sua docência, como
alunos desmotivados, um ambiente desorganizado, ou baixos salários, é o estopim
para começarem a se queixar dos seus alunos. O mesmo pode ocorrer de aluno
para professor: quando um aluno encontra um professor desmotivado, ele pode
perder o interesse na aula. E acaba virando um círculo vicioso, onde professor e
aluno não conseguem se entender. (PACHANE, PEREIRA, 2004)
A relação professor-aluno é também um reflexo de como a família vê o
professor. Quanto mais valorizado é o professor pela família, mais o aluno se sentirá
incentivado a estudar. Mas se a família não o trata bem, se toda vez que surge
alguma cobrança ela o denigre, o aluno também não vai respeitá-lo . (PACHANE,
PEREIRA, 2004)
Quando a relação professor-aluno é conflituosa, gera-se um mal-estar entre a
família a escola e o professor, e muitas vezes, o que era apenas um mal-entendido,
acaba se tornando algo mais sério, o aluno começa a apresentar dificuldades, e não
consegue concluir aquela etapa de ensino. (PACHANE, PEREIRA, 2004)

[...] Uma dificuldade de aprendizagem, é igualmente, um problema de


ensino, e sua análise deve focalizar a relação ensino aprendizagem como
uma unidade, sem culpabilização de um ou de outro. Quando não são
satisfeitas as necessidades afetivas, estas resultam em barreiras para o
processo ensino-aprendizagem, e, portanto, para o desenvolvimento, tanto
do aluno, como do professor. (MAHONEY E ALMEIDA. 2005, p 11-30)

A reflexão sobre a prática docente continua sendo o melhor caminho para


aprender a lidar com as queixas escolares. De acordo com Pachane e Pereira
(2004), as queixas escolares não incluem as práticas escolares, o que dificulta ou
impede uma compreensão ampla e contextualizada do fracasso escolar.
Com isso, são mantidos métodos de ensino antiquados, conteúdos
descontextualizados e a divisão dos alunos em turmas consideradas fracas, médias
e fortes, sem qualquer revisão do papel da escola na manutenção do fracasso.
(PACHANE, PEREIRA, 2004)
Seminários e congressos são os principais meios para se adquirir um
aperfeiçoamento de sua prática. Segundo Freire (1996) onde quer que haja
mulheres e homens há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o
que aprender.(PACHANE, PEREIRA, 2004)

9 Olhar Pedagógico
32

Segundo Cassins e colaboradores (2007), o pedagogo contribui através de


materiais adequados para que o aluno tenha um melhor rendimento escolar e se
torne um cidadão. O pedagogo tem como referência conhecimentos sobre
desenvolvimento emocional, cognitivo e social utilizando os para compreender o
processo de aprendizagem.
A forma preventiva acontece através da observação e orientação a todos os
envolvidos e a remediativa requer ajustes e mudanças ocorrendo por meio de
intervenções, por exemplo, para profissionais como fonoaudiólogo, oftalmologista e
de outras especialidades quando necessário. Deste modo as atuações do pedagogo
visam primordialmente contribuir para a melhoria da escola em geral. (CASSINS et al.,
2007)
Desse modo a escola é o espaço para proporcionar o desenvolvimento total
do ser humano, através de intervenções que promovam uma mudança com o
propósito de incentivar os educadores para tomada de decisões. (CASSINS et al.
2007)
Portanto, deve-se pensar em uma concepção de queixa escolar não só como
um processo individual, relegando a dificuldade do aluno a um problema extrínseco
a ele, ou resultante apenas de um dos fatores implicados na aprendizagem, mas faz-
se necessário o trabalho dirigido às relações interpessoais na escola visando à
reflexão e conscientização de funções, papéis e responsabilidades dos envolvidos.
(CASSINS et al. 2007)
Vale ressaltar que dar a palavra ao docente, ou seja, escutá-lo, refletir com
ele é talvez o primeiro passo para facilitar a aproximação e admitir que a instituição
educativa pode ser parte ativa no manejo da dificuldade do aluno e do professor.
(FONTOURA, 1994).
Nesse sentido, faz-se necessário um trabalho intersetorial que envolva todos
os profissionais visando um compartilhamento de saberes, ações e
responsabilidades, como na atuação de Ferreira Neto (2011), na qual os
profissionais do âmbito da saúde trabalharem conjuntamente com os da escola que
solicitou a intervenção. (FONTOURA, 1994).
Assim, com essa possibilidade de intervenção intersetorial pode haver uma
resolutividade para a questão da responsabilidade dos problemas de aprendizagem,
que passa a ser compartilhada. (FONTOURA, 1994).
33

Para Fontoura (1994) é importante que o professor se dê conta de seu papel


enquanto educador. É preciso que ele saiba que é um elemento essencial para o
sucesso da escola e o fator decisivo para promover a superação pelo aluno de seus
problemas de aprendizagem.
Em suma são nesses espaços que a Psicologia Escolar se insere,
possibilitando a fala de todos os envolvidos no processo de escolarização e
educação. Além disso, o papel da psicologia está em provocar questionamentos
para que esses sujeitos sejam conscientes de suas influências sobre a sociedade,
formando assim, cidadãos que exerçam seus direitos e deveres. (MARÇAL E SILVA
2006)
Observa-se a necessidade de construir e reformar escolas, investir em
formação e valorização dos professores e reestruturar o currículo acadêmico. Além
disso, segundo Patto (1990), Fonseca (1995) e Marinho-Araújo (2006), reflexões
sobre a queixa e o fracasso escolar devem ser promovidas no cenário educacional,
no intuito de rever tal problema sob outros prismas.
34

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS


O objetivo desta pesquisa é discutir a influência da escola na ocorrência de
queixa escolar por olhares diferenciados, através dos autores utilizados, sistema
educacional, formação dos professores e olhares pedagógicos.
Os resultados revelam que (Bray e Leonardo, 2011), (Trautwen e Nebias,
2006), as queixas escolares, ou seja, indisciplina, apatia, dificuldade de aprendizado
entre outros comportamentos questionados como fora do padrão no âmbito escolar,
como oriundos apenas deles próprios, isto é, partem do pressuposto de que os
problemas escolares estão diretamente relacionados somente à criança. (Machado,
2009) relaciona os fenômenos escolares com o olhar individual, aspectos que estão,
na verdade, envolvidos diretamente com a organização e a estrutura social (modo
de produção e condições socioeconômicas).
(Meira e Antunes, 2003) responsabilizam a idealização do ambiente familiar,
onde se busca a compreensão do afeto, da livre expressão dos sentimentos, da
unidade familiar, da riqueza verbal e das trocas emocionais que acontecem de forma
constante e de maneira mais livre neste contexto, e o significado e as experiências
que a criança traz para a escola, provenientes deste espaço familiar, que se
distingue do escolar pela adoção de uma linguagem particular, frente ao uso do
tempo e das atividades mais estruturadas e sistematizadas.
(Bray e Leonardo, 2011), (Marçal e Silva, 2006), (Facci, 2007) citam a escola
como causa. Apesar de a escola ser um espaço de aprendizagem e formação, tem
sido também palco de exclusão do aluno que não consegue aprender, o que a torna
reprodutora do fracasso escolar, isto nos levou a pesquisa do sistema educacional.
O sistema educacional nos esclarece que, as concepções que culpabilizam o
indivíduo pelos problemas escolares não passa de ideologias que precisam ser
questionadas, já que ocultam a realidade das queixas escolares, apresentado pois,
compreende-se que qualquer forma de culpabilidade individual se torna reducionista
e converte-se em uma armadilha ideológica condizente com os princípios
neoliberais. Em poucas palavras, entendemos por ideologia o mesmo que para
quem a ideologia é forte arma de segurança e manutenção social, por isso só
interessa a quem quer manter as coisas como estão.
Convém esclarecer que a compreensão das educadoras, baseada, até hoje,
numa visão individualizada e naturalizada das queixas escolares, expressa que essa
é uma maneira de a sociedade organizada no modo de produção capitalista
35

reproduzir, por meio de ideologias e de forma reacionária, as explicações para o


fracasso escolar e, consequentemente, continuar a produzi-lo. Salientamos que o
fracasso escolar é, antes de tudo, um fracasso de nossa sociedade desigual
econômica e socialmente.
Os dados também nos indicam que as queixas apresentadas pelos educadores
do ensino privado são as mesmas que apresentam os do ensino público. Nas
escolas privadas, as dificuldades no processo de escolarização também aparecem
como um desafio a superar no cotidiano educativo. Com isso, pretendemos afirmar
que todos os educadores das duas redes escolares, no exercício de sua função
educativa, deparam-se com as mesmas dificuldades/ queixas escolares.
Acreditamos que somente com o conhecimento de elementos teórico-
metodológicos pautados numa perspectiva crítica dos fenômenos educacionais será
possível superar a tendência subjetivista, nesse momento dominante na atuação dos
educadores e dos psicólogos diante dos problemas escolares.
O desafio está em introduzir essa perspectiva crítica nos cursos de graduação
e pós-graduação, já que Souza (2000) nos mostra como o discurso crítico ainda não
se concretizou no modo de explicar a queixa escolar. Por isso, entendemos que
outras pesquisas sobre essa temática devem ser desenvolvidas, na tentativa de
desmistificar e desmentir a ideia de que é no indivíduo, ou seja, no aluno, que se
encontram as explicações para os problemas no processo de escolarização.
O importante a destacar é que o olhar pedagógico, quanto às contribuições das
teorias referenciadas, promoveu reflexões e avanços neste processo, agregando
com isto, valores além dos aspectos profissionais.
Espera se que esta pesquisa permita reflexões sobre o assunto,
possibilitando assim um desenvolvimento de novas ações de apoio e suporte para
os futuros docentes. E ainda, que as ponderações feitas no decorrer desta pesquisa
sirvam para contribuir com projetos inovadores que visem a auxiliar os futuros
pedagogos, pois sem educação não haverá solução.
36

11. REFERÊNCIAS

BRAY, Cristiane Toller; LEONARDO, Nilza Sanches Tessaro. As Queixas


Escolares Na Compreensão De Educadoras De Escolas Públicas E Privadas.
Psicologia Escolar E Educacional, Maringá, v. 15, n. 2, Des.  2011.   Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S141385572011000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:
29/12/2018.

CASSINS Ana Maria; JUNIOR Eugenio Pereira de Paula; VOLOSCHEN


Fabíola Deconto; CONTI Josie; HARO Maria Elizabeth Nickel; ESCOBAR Miriã;
BARBIERI Vanessa; SCHMIDT Vanessa. Manual De Psicologia Escolar-
Educacional Curitiba E Editora Unifocado, 2007.Disponível em:
http://crppr.org.br/download/157.pdf Acesso em: 29/12/2018.

CASARIN, Nelson Elinton Fonseca; RAMOS, Maria Beatriz Jacques. Família E


Aprendizagem Escolar. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 24, n. 74, 2007. 
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862007000200009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  30/12/2018.

FERNANDES, Cláudia de Oliveira-UNIRIO. Fracasso Escolar E Escola Em


Ciclos: Tecendo Relações Históricas, Políticas E Sociais. GT: Educação
Fundamental / n.13. Agência Financiadora; CAPES. 2003

FERREIRA NETO, J.L. Psicologia, Políticas Públicas E O SUS. São Paulo:


Escuta; Belo Horizonte, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia Da Autonomia: Saberes Necessários À Prática


Educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1997.

FREIRE, Paulo. A Educação Na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991,

FONTOURA, Helena Amaral da. Ouvindo Professoras De Alunos Com


Dificuldades De Aprendizagem: Um Estudo. Revista Brasileira de Educação
Especial, Marília, v. 01, n. 02, 1994.   Disponível em:
<http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
65381994000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 30/01/2019.

GATTI, Bernardete Angelina. A Construção Da Pesquisa Em Educação No


Brasil. Brasília: Plano Editora, 2002. Série Pesquisa em Educação, v. 1.

GATTI, Bernardete Angelina. Formação De Professores No


Brasil:Características E Problemas. Campinas, 2010. Disponível em
<https://www.redalyc.org/html/873/87315816016/>Acesso em 24/04/2019

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo:


Atlas 1999.
37

JODELET, D. Representação Sociais Um Domínio Em Expansão. (2001) In:


______ as representações sociais. Tradução: Lilian Ulup. Rio de Janeiro: EDUERJ.
2001. p. 17-44.

MACHADO, A. C. A.; Os Psicólogos Trabalhando Com A Escola:


Intervenção A Serviço De Quê? In: MEIRA, M. E. M.; ANTUNES, M. A. M. (Orgs.).
Psicologia escolar: práticas críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p 63-85.

MAHONEY Abigail Alvarenga. ALMEIDA Laurinda Ramalho de. Afetividade E


Processo Ensino-Aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. Psic. dá Ed., São
Paulo, 20, 1º sem. de 2005, pp. 11-30. Disponível
em:<http://www3.ceunes.ufes.br/downloads/2/apmorila-MAHONEY,%20ALMEIDA.
%20afetividade%20e%20processo%20ensino-aprendizagem%20contribui
%C3%A7%C3%B5es%20de%20Henri%20Wallon.pdf. >Acesso em: 05/01/2019.

MARÇAL, V. P. B; SILVA, S. M. C. A Queixa Escolar Nos Ambulatórios


Públicos De Saúde Mental: Práticas E Concepções.Psicologia Escolar E
Educacional, v.10 n.1 Campinas jun. 2006. Disponível em: <http://pepsic.bvs-
psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
85572006000100011&lng=pt&nrm=is > Acesso em: 05/01/2019.

MARTINEZ Albertina Mitjáns. O Que Pode Fazer O Psicólogo Na Escola?


Em Aberto, Brasília, v.23, p39-56, 2010. Disponível em:
<http://www.emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/
1634/1298> Acessado em: 06/01/2019.

MEIRA, Marisa Eugenia Melillo; ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino. (Org.)


Psicologia Escolar: Práticas Críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
MEC, Brasil. 2011. Disponível em <https://www.mec.gov.br/> Acesso em
18/04/2019

NOVO, Benigno Nuñes. A Realidade Do Sistema Educacional Brasileiro.


Disponível em <https://jus.com.br/artigos/65928/a-realidade-do-sistema-educacional-
brasileiro> acesso em 18/04/2019.

PACHANE, Graziela Giusti, PEREIRA, Elisabete Monteiro de Aguiar. A


Importância Da Formação Didático-Pedagógica E A Construção De Um Novo
Perfil Para Docentes Universitários.Campinas, 2004

PATTO, M. H. S. A Produção Do Fracasso Escolar: Histórias De


Submissão E Rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

SOUZA, Beatriz. de Paula. Apresentando A Orientação À Queixa Escolar.


In: SOUZA, B. de P. (Org.). Orientação À Queixa Escolar. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2010. p. 97–117.

SOUZA, Beatriz de Paula. Orientação À Queixa Escolar: Considerando A


Dimensão Social. Psicologia Ciência Profissão, Brasília, v. 26, n. 2, jun.  2006.
Disponível em:
38

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932006000200012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  13/01/2019.

TRAUTWEIN, Carmen T. G.; NEBIAS, Cleide.A Queixa Escolar Por Quem


Não Se Queixa: O Aluno. Mental, Barbacena, v. 4, n. 6, jun.  2006. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-4427200
6000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  27/01/2019

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Três enfoques na pesquisa em ciências


sociais. Introdução À Pesquisa Em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1987. p.
31-79.

You might also like