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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS

CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

É outra forma de enxergar administração pública como ideia central, “o governo existe
para atender demandas da sociedade e ele se organiza por meio de políticas públicas”.

A evolução do papel do estado significou a relação diferente que ele passa a ter com a
sociedade. Uma relação em que a sociedade demanda cada vez mais do Estado, pois ela
entrega cada vez mais também sob diversas formas tributárias (tributos, impostos) pelos
quais a sociedade entrega recursos ao Estado para este administrar. Em contrapartida
então a sociedade espera que sejam utilizados os recursos com eficiência, integridade e
transparência para que se reverta para a sociedade.

A forma do estado organizar suas ações, seus planos e suas execuções próprias,
coordenação entre os diferentes atores, alocação de recursos e a entrega de resultado na
ponta, se dá por meio das políticas públicas.

Políticas públicas é a forma do Estado organizar a intervenção dele na sociedade para


atender as demandas da sociedade.

No caso do Brasil, a gente vai falar sobre federalismo.


Ex. um elemento muito definidor na característica das políticas públicas do Brasil ao fato de
termos a forma Federativa de estado.

POLÍTICAS PÚBLICAS - CONCEITOS FUNDAMENTAIS


A palavra “política” tem mais de um significado, ou seja, ela pode dependendo do contexto
ela pode ter significados distintos.

ATENÇÃO!!!
As bancas gostam de explorar os diferentes tipos de significado da palavra “política”.

Política no sentido mais tradicional que a gente conhece, não como política pública mas a
política como o desafio de você encontrar caminhos para uma sociedade que têm
visões diferentes.

SOCIEDADE MODERNA
Se olharmos para a sociedade em que vivemos hoje, a sociedade moderna, vamos
enxergar um conjunto de indivíduos e grupos sociais que vão ter características próprias,
aptidões, interesses diferentes, formações diferentes, capacidades diferentes, diferentes
níveis e tipos de recursos próprios, seja tudo isso como características específicas e
diferenciadas entre si, vão estar em permanente e complexa interação, com
comportamentos direcionados a satisfação de suas necessidades específicas, e essas
necessidades são também diferenciadas.
A sociedade moderna é marcada pela diferenciação e essa diferenciação leva ao conflito
que não quer dizer exatamente luta mas quer dizer “disputa de interesses”, ou seja, visões
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diferentes do mundo, de como deve funcionar o estado, de onde se deve aplicar os


recursos públicos.
São conflitos de interesses que existem dispersos na sociedade, e aí os diversos grupos
vão disputar em alguma medida pela prevalência dos seus interesses, das suas visões de
mundo, dos seus objetivos de uma forma geral.

Dado que esse conflito de interesses existentes na sociedade podemos resolvê-lo de por
dois caminhos, duas formas:
- COERÇÃO: quando um determinado grupo, por intermédio da “força”, ele põe a sua
visão e a sua vontade é sobre os demais, e assim esquecendo por um momento os
aspectos éticos e os aspectos morais, e o sentido geral do que acreditamos de
democracia.
Ainda assim, de uma forma geral e na maior parte dos casos do mundo não é
sustentável, ou seja, o custo da correção tende a ser cada vez mais elevado e
produzir cada vez menos efeito.
- POLÍTICA: é uma forma de você lidar com a convivência entre diferentes, ou seja,
um conjunto de procedimentos pacíficos que permitem essa convivência entre os
diferentes e a definição de determinados rumos. Em um determinado momento a
nação vai para um determinado rumo e em determinado momento vai para outro
rumo, mas isso é definido pela política e não pela coerção.
Tipicamente a palavra “política” tem esse sentido mais geral, ou seja, esse conjunto
de procedimentos ou conjunto de mecanismos que uma sociedade define para
permitir essa convivência entre os diferentes, e ter uma resolução pacífica de
conflitos.
Dado que o conflito existe, a “política” é quem permite a resolução pacífica.

A “política” vai existir em qualquer âmbito hálito, mas tendemos a pensar nela mais
tipicamente no âmbito de um país ou de um estado, vemos os políticos, os
profissionais. Porém a “política” se dá no âmbito de qualquer organização, cidade,
clube de futebol, Sindicato, associação profissional, empresa, condomínio.
Na verdade a “política” como um mecanismo para a resolução pacífica de
conflitos entre visões diferentes, vai estar presente em qualquer agrupamento
humano.
Os mecanismos/instrumentos da política são:
- de persuasão
- de formação de alianças, coalizões
- barganhas (são as trocas)
- acordos
- compromissos
- um cede um pouco, o outro cede um pouco.
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A utilização desses diversos mecanismos/instrumentos que permitem que a


política funcione e se chega à resolução pacífica de conflitos (soluções possíveis),
permitindo então a convivência entre os diferentes daquela sociedade.

A palavra “política” tem vários significados, mas quando se fala de política pública estamos
falando de outra coisa, que se relaciona a essa política mais ampla, porém é outro
conceito.
Os ensinamentos do Klaus Frey falando sobre três significados para a palavra
“política” (são três coisas distintas que têm significados também distintos)
- 1ª dimensão institucional polity
Se refere à "ordem do sistema político”, delineada pelo sistema jurídico. É a estrutura
institucional do sistema político-administrativo.
São as instituições políticas que permitem que os mecanismos/instrumentos funcionem.

É a menos comum de aparecer em provas.

- 2ª dimensão processual politics


tem-se em vista o processo político frequentemente de caráter conflituoso no que diz
respeito à imposição de objetivos, dos conteúdos e das decisões de distribuição.
É a ”política” que tipicamente conhecemos, os acordos, as alianças, os jogos políticos de
uma forma geral.
Tudo isso é o processo político, ou seja, é o conjunto de mecanismos que permitem a
resolução pacífica de conflitos que vão existir tipicamente numa sociedade.

Aparece com mais frequência.

- 3ª dimensão material policy


São as políticas públicas e referem-se aos conteúdos concretos, à configuração
dos programas políticos, aos problemas técnicos e ao conteúdo material das
decisões políticas.
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RESUMINDO…
A palavra “política” tem mais de um significado e tem TRÊS significados
essenciais:
- as instituições políticas
- os processos políticos
- as políticas públicas

ATENÇÃO!
As bancas pedem para distinguimos cada significado.
A banca vai querer saber se você entende o que é política pública.
Querem saber se você sabe diferenciar a policy (política pública) de politics (é a política
tipicamente falando), que é o processo político que visa a resolução pacífica de conflitos,
por meio de seus mecanismos.

Algumas questões vão falar que: “a política pública (policy) diz respeito aos
mecanismos que permitem a resolução pacífica de conflitos”.
ERRADO, porque quem permite isso é a política como processo (politic) ou
tipicamente como a gente diz a política.
Já a política pública (policy) ela decorre e influencia o processo político
(politic), porém ela é o conjunto de decisões um conjunto de ações, um conjunto
de recursos. É a mobilização do estado para levar algum tipo de bem ou serviço
para a sociedade.

POLÍTICAS PÚBLICAS
Esse é o tema realmente da nossa matéria.

DEFINIÇÕES/CONCEITOS DE GRAÇAS RUA

“As políticas públicas (policies) são outputs, resultantes da atividade


política (politics).”

As políticas públicas são produtos resultantes do processo político.


A ideia central é que, existe o sistema político (polity) composto pelo conjunto de
instituições políticas, e esse sistema envolve os diferentes poderes, os partidos políticos,
as alianças que se formam, as regras do jogo, tanto as regras eleitorais como as regras
decisórias propriamente ditas dentro do funcionamento, por ex. do Congresso Nacional,
para formação de leis e emendas daquilo que vai permitir a decisão formal.
E com o sistema político (polity) funcionando ocorre o processo político (politic) existe o
processo político, os atores políticos, os agentes políticos que vão interagir em defesa de
determinados interesses, incluindo os interesses próprios que tem um sentido político,
ou seja, sentido de buscar o poder e de portanto pensar em eleições; mas também um
sentido de defender diferentes interesses de grupos sociais que estão ali representados no
sistema político (polity). E vão se ter os arranjos políticos que vão ocorrer diversas
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disputas dos jogos de poder, as alianças, as colisões. Esse processamento vai resultar em
políticas públicas (policy) que é o produto resultante do processo político (politic) que
ocorre dentro dos limites das instituições políticas.

As instituições políticas delimitam o funcionamento do processo político (politic), e do


processo político (politic) resultam as diversas políticas públicas (policy).

O sistema político (polity) gera políticas públicas (policy).

1º Ponto importante para a gente lembrar:


“As políticas públicas resultam da atividade política”.

“Uma política pública geralmente envolve mais do que uma decisão e


requer diversas ações estrategicamente selecionadas para
implementar as decisões tomadas”.

Para se chegar a uma política pública (policy), ex. Bolsa Família, ela envolve várias
decisões a serem tomadas para permitir que uma política pública exista, inclusive a decisão
dela existir: quanto dinheiro vou gastar? onde é que vai ser aplicado isso? quem é o público
elegível? quais são os órgãos que vão tocar isso? De que maneira a gente vai interagir
U-E-M?
São diversas e diversas questões que precisam ser decididas para levar a formação de
uma política pública (policy). E além disso ela requer diversas ações que serão então
estrategicamente selecionadas para implementar essas decisões que foram tomadas.
Ou seja, você decide e depois você precisa ser capaz de tirar essas decisões do papel
transformando elas em ações.

Ponto importante que já foi cobrado em prova!!!


política pública (policy) não é sinônimo de decisão política.

“Embora uma política pública implique decisão política, nem toda


decisão política chega a constituir uma política pública”.

POLÍTICA PÚBLICA ≠ DECISÃO POLÍTICA


SEMPRE toda política pública (policy) envolve um conjunto de decisões sendo tomadas.
Porém nem toda decisão política faz parte diretamente de uma política pública (policy).

Ex. quando o Presidente da República designa alguém para ser o presidente do Bacen, ou
quando escolhe o Ministro, essas são decisões políticas mas não são políticas públicas
(policy).

A gente diferencia conceitualmente política pública de decisão política, mas toda vez que
se fala de política pública se fala em um conjunto de decisões.
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Para se chegar a Bolsa Família, envolve várias decisões a serem tomadas para permitir
que ela exista, inclusive a decisão dela existir (é parte do ciclo de políticas públicas).

DEFINIÇÕES/CONCEITOS DE ENRIQUE SARAVIA

“Trata-se de um fluxo de decisões públicas, orientado a manter o


equilíbrio social ou introduzir desequilíbrios destinados a modificar
essa realidade”.

Um conjunto de decisões que vão se reverter em ações para interferir de alguma forma na
realidade social para atender a algumas demandas, seja para manter o equilíbrio social ou
para mudar aquele equilíbrio quando este está indesejado.
Ex. posso achar aquele equilíbrio marcado por desigualdades muito elevada não é
adequado, posso fazer políticas públicas que procurem reduzir a desigualdade social,
introduzindo assim uma tentativa de modificar a realidade e não só de manter o equilíbrio
como estava.

“É possível considerá-las (as políticas públicas) como estratégias que


apontam para diversos fins, todos eles, de alguma forma, desejados
pelos diversos grupos que participam do processo decisório”.

Ou seja, pode-se pensar na política pública como um conjunto de decisões públicas e


como um conjunto de estratégias que de alguma forma se reverterão em ações para tentar
mudar ou interferir na realidade conforme o desejo da própria sociedade.

“Um sistema de decisões públicas que visa a ações ou omissões,


preventivas ou corretivas, destinadas a manter ou modificar a realidade
de um ou vários setores da vida social, por meio da definição de
objetivos e estratégias de atuação da alocação dos recursos
necessários para atingir os objetivos estabelecidos”.

Políticas públicas significam um sistema de decisões que visam que se faça “escolhas”,
o que eu faço (ações) ou deixo de fazer (omissões), certamente para interferir na realidade.
E então se vai definir um conjunto de objetivos e estratégias.

OBJETIVO ≠ ESTRATÉGIA
OBJETIVO ESTRATÉGIA
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Onde se quer chegar, o resultado. é o caminho a ser percorrido para se


chegar ao objetivo, resultado.

E vai-se alocar recursos, realizar atividades, para alcançar esses objetivos, cumprindo
então essas estratégias.

DEFINIÇÕES/CONCEITOS DE MARIA PAULA DALLARI BUCCI


já foi cobrado em questão do CESPE

“Coordenação dos meios à disposição do Estado, harmonizando as


atividades estatais e privadas para a realização de objetivos
socialmente relevantes e politicamente determinados”.

Ideia da coordenação dos meios, coordenação da atividade estatal eventualmente se


harmonizando com o que está acontecendo no setor privado, mas visando a realização de
determinados objetivos que foram considerados relevantes pela sociedade e que são
determinados pelo processo político (politic), ou seja, politicamente escolhidos,
politicamente determinados.

As políticas públicas (policy) existem para atender às necessidades da sociedade. Ela


significa um conjunto de tomadas de decisões que organizam atuação do Estado, envolve
a alocação de recursos e a realização de estratégias e ações para alcançar então objetivos
que foram determinados a partir do processo político (politic), trazendo como resultado
políticas públicas (policy) para atender demandas sociais.

A formação de políticas públicas deve ser compreendida como um processo por meio
do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações, que
produzirão os resultados ou as mudanças desejadas no mundo real. CERTO.
O Estado desenha políticas públicas (policy) para que ele possa então alcançar determinados
objetivos (seus propósitos). E o Estado precisa traduzir isso em ação prática, organizando atuação
governamental em um conjunto de programas e ações que devem gerar resultados que ao alcance
dos objetivos, que vão aceitar a realidade, ou seja, aquela realidade que precisava ser atingida, a
realidade social que precisa ser mantida ou modificada.

Define-se política pública como o programa de ação governamental que resulta de um


processo ou conjunto de processos juridicamente regulados e que deve visar a
realização de objetivos sociais relevantes, expressando a seleção de prioridades (as
decisões), a reserva de meios necessários (à alocação de recursos) a sua consecução e o
intervalo de tempo (prazo) para o atingimento dos resultados. CERTO.
Definição de Maria Paula Dallari Bucci.
Define a política pública (policy) como forma de você organizar a ação governamental que resulta
de um processo que parte da política (processo político - politic) que envolve certamente
pessoas jurídicas administrativas que formular leis e decretos que formalizam a política pública
(policy) mas sempre visando atender algum tipo de demanda social, algum tipo de objetivo social
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relevante. A partir disso, vai-se alocar recursos a partir daquilo que for prioritário, que foi escolhido, e
vai-se num determinado prazo trabalhar para atingir os resultados.

COMPONENTES/DIMENSÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ENRIQUE SARAVIA


já foi cobrado em prova!
É o conjunto de componentes que ele identifica como tipicamente associados à definição de
política pública (policy) .
IDCC
- INSTITUCIONAL: “a política é elaborada ou decidida por autoridade
formal legalmente constituída, no âmbito de sua competência, e é
coletivamente vinculante”;

Ou seja, a política pública (policy) é definida por um governo, pode ser


definida dentro do Parlamento (poder legislativo) ou pelo Poder Executivo, ou
pela ação conjunta de ambos, normalmente ganha a forma de uma emenda
constitucional, de uma legislação específica, de um decreto.
A política pública (policy) também é coletivamente vinculante, ou seja, tem
força legal e vincula a todos independente das pessoas na sociedade,
individualmente, gostarem ou não daquela política (porque não precisa que a
sociedade goste para a política valer). Assim a política está valendo, às vezes
a contragosto das pessoas que ainda vão financiar por meio dos “tributos”, ou
seja, alguma medida vai se relacionar com a política pública no mundo real.

- DECISÓRIO: “a política é um conjunto de decisões, relativo à escolha de fins e


meios, de longo ou curto alcance, numa situação específica e como resposta a
problemas e necessidades”;

Toda política pública (policy) envolve um conjunto de decisões, relativo à


escolha de fins (o que eu quero fazer) e meios (o que eu vou utilizar: os
recursos, os atores, os agentes, a forma de execução), envolve um conjunto de
decisões de longo ou curto alcance numa situação específica e como
resposta a problemas e necessidades da sociedade que vão ser atacados por
meio daquela política pública.

- COMPORTAMENTAL: “implica ação ou inação, fazer ou não fazer, mas uma


política significa a escolha de um curso de ação”;
Política pública (policy) envolve você agir ou deixar de agir, fazer ou não fazer,
mas sempre significa você seguir por um determinado curso de ação.
Esse está muito relacionado ao componente decisório, mas ele vai um pouco além,
ele não é só a escolha em si mas é você caminhar por aquele curso de ação que
você escolheu, ter um comportamento coerente com aquela decisão.
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- CAUSAL: “são os produtos de ações que têm efeitos no sistema político e


social”;
Podemos enxergar de duas maneiras:
- a política resulta do sistema político e social processando as demandas e
- ao mesmo tempo, a política vai gerar impactos no sistema político social, vai
gerar determinados efeitos, ela também vai ser a causa de determinados
efeitos.

O processo das políticas públicas mostra-se forma moderna de lidar com as


incertezas decorrentes das mudanças do contexto sócio-político nacional e
internacional, que favoreceu uma concepção mais ágil da atividade governamental,
na qual a ação baseada no planejamento deslocou-se para a ideia de política pública.
Todos os componentes abaixo são comuns às definições correntes de política
pública, EXCETO: IDCC

a) Ideológico: toda política requer um discurso legitimador, ou seja, destinado a


reforçar a convicção dos diversos atores quanto ao acerto das ações
governamentais e à sua orientação para o bem de todos.

b) Decisório: qualquer política envolve um conjunto sequencial de decisões,


relativo à escolha de fins e/ou meios, de curto ou longo alcance, numa
situação específica e como resposta a problemas e necessidades.
Toda política pública envolve uma série de decisões.

c) Comportamental: toda política pode envolver ação ou inação, mas uma política
é, acima de tudo, um curso de ação e não somente uma decisão singular.
Toda política envolve que você deve seguir um curso de ação, que não é só uma
decisão singular mas que corresponde ao comportamento de você seguir por aquele
caminho que envolve uma série de decisões.

d) Causal: toda política é um produto de ações e, por sua vez, provoca efeitos
sobre o sistema político e social.
Existem então essas relações de causa e efeito, a política provoca inclusive efeito
sobre o sistema político e social.

e) Institucional: as políticas são elaboradas ou decididas por autoridades formal


e legalmente constituídas no âmbito da sua competência e são coletivamente
vinculantes.
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POLÍTICAS PÚBLICAS - CICLOS


Entendemos a matéria Administração Pública como a forma que se organiza a atuação do
Estado para resolver os problemas da sociedade.

Conceito de políticas públicas de Graças Rua


“políticas públicas como produto do processo político, ou seja, um produto da
política”.

Existe o sistema político (polity), que é um conjunto de instituições políticas que define
as regras do jogo de funcionamento da política, eles vão permitir o relacionamento de
diferentes atores, de diferentes grupos. E aí vai ocorrer o processo político (politic)
propriamente dito, que se costuma identificar como política tipicamente, as alianças, as
coalizões, as barganhas, as tentativas de persuasão, enfim os jogos que permitem que a
política passe o processamento dos conflitos e levem a tomada de decisão que atendam de
alguma maneira a sociedade.

Então quando olharmos para o sistema político (polity) ele vai receber diversas entradas
(inputs) e também vai receber estímulos internos (withinputs) dos quais vão ser geradas
decisões políticas e políticas públicas (outputs)
Ou seja, o sistema político (polity) recebe algumas entradas e estímulos quem vem de
fora (inputs), e gera estímulos internamente (withinputs) e que vão gerar esses
produtos, as decisões políticas e políticas públicas (outputs)

Os incentivos/estímulos são tipicamente o que chamamos de apoio e demandas que


podem ter:
- incentivos/estímulos externos: é o apoio e a demanda vem de fora do sistema
político - polity (inputs)
- incentivos/estímulos internos: o próprio sistema gera o apoio e a demanda
(withinputs)
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Os apoios e demandas (inputs) que vem de fora (inputs) e os gerados internamente


(withinputs), vão ser processados pelo sistema político (polity) por meio do processo
político e vão gerar essas saídas, que são as decisões políticas e políticas públicas
(outputs)
OBS. Algumas decisões políticas são autônomas e outras fazem parte das políticas públicas.

Lembre-se!!!
Política pública não é sinônimo de Decisão política.

Ex. A escolha do presidente do Bacen pelo o Presidente da República é uma decisão política
mas não é uma política pública (policy).
Depois o presidente do Bacen vai fazer parte da elaboração da política monetária, que é uma
política pública.

Nem toda decisão política integra uma política pública. Mas toda
política pública integra um conjunto de decisões políticas,

Ex. a política pública (policy), Bolsa Família, onde se terão que decidir, quais são os
objetivos? o que se quer alcançar com o programa? quem serão os beneficiados? Qual é a
linha de corte? de onde vem o recurso? quanto se vai gastar? como se financia isso? quais
os critérios de elegibilidade? quais os critérios necessários? como vai ser institucionalizado
ou implementado? quais são os órgãos que vão tocar isso? Vai ser uma ação só da U ou
vai ter uma articulação com E e M? Como se viabiliza administrativamente a identificação
do público que precisa?

As políticas públicas envolvem várias e várias decisões sendo tomadas, ou seja,


um conjunto amplo de decisões que vai permitir um determinado comportamento
do Estado para atender uma determinada demanda da sociedade.

O sistema político (polity) recebe estímulos de APOIO e estímulos de DEMANDA.

INPUTS: APOIOS
Estímulos de Apoio para o funcionamento do processo político ou apoio a uma
determinada visão política
O simples fato de nós como sociedade ajudar o sistema político (polity) a se manter
funcionando, é uma forma de apoio a ele.
É tudo aquilo que mantém o sistema funcionando.

- obediência e cumprimento de leis e regulamentos (apoio geral)

- atos de participação política, como o simples ato de votar e apoiar um partido


político (apoio específico)

- respeito à autoridade dos governantes e aos símbolos nacionais (apoio geral)


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- disposição para pagar tributos e para prestar serviços, como por exemplo serviço
militar (apoio geral)

- envolvimento na implementação de programas governamentais (apoio específico)

- participação em manifestações públicas (apoio específico)

Há vários tipos de apoio mas basicamente são só dois grandes grupos:


- as ações que permitem manter o funcionamento do sistema
- as ações que permitem o direcionamento específico a algum determinado rumo.

INPUTS: DEMANDAS
Estímulos de Demandas são as necessidades da sociedade, é aquilo que a sociedade quer
ver seu atendido, deseja.
É o que você gostaria de receber do sistema.
- Reivindicações de bens e serviços, como: saúde, educação, transportes, segurança
pública, previdência social

- Exigência de desenvolvimento social e econômico

- Demandas por participação no sistema político


oportunidade de você poder atuar, fazendo escolhas, clarificando as suas preferências.

- Exigência de maior controle da corrupção e de mais transparência pública


uma demanda por integridade e acountabillity

- Demandas pela atuação regulamentar do setor público


Para que o setor público atue de forma regular determinadas áreas em que o Mercado não
regula, e se precisa disso para preservar o interesse público.

Os INPUTS ou são Apoios ou são Demandas.


são jogados no sistema político que vai processar e vai sair decisões políticas e políticas
públicas.

TIPOS de Inputs “Demanda”


Basicamente são três tipos:
- Demandas NOVAS
demanda tem haver com ver com “problema da sociedade”, a sociedade demanda algo
porque ela tem uma necessidade, pode ter sido um problema novo que surgiu, um ator
político (grupo social ou grupo político) que não existia e passou a existir e ele quer alguma
coisa, ele tem algum desejo.
tem haver com o surgimento de novas necessidades.
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- Demandas RECORRENTES
é a demanda que se repete.

Bom vamos lá uma vez que o processo político ele avance né ou seja por meio do
processamento então desses apoios e demandas a gente pode enxergar aquilo que a gente
chama de ciclo de políticas públicas que é um conjunto de Fases ou um conjunto de etapas
que Teoricamente seria no mundo da teoria uma política pública persegue Então vamos ter
uma visão geral disso né ou se Teoricamente como a gente já viu cinco políticas públicas
ele ensinasse e se inicia por que existe um problema na sociedade é um problema que
precisa ser resolvido trollagem sendo tratado as políticas públicas como a organização do
estado para resolver problemas ou seja demandas da sociedade uma vez que existam
problemas esses problemas que são de mandas né pode se configurar e demandas eles
vão tentar entrar no que a gente chama de agenda do sistema político os genes quer entrar
na agenda é onde o sistema político vai fazer o seu processamento então se a demanda
por exemplo ela for reprimida ela não entra na agenda né só uma parte dos problemas
nunca chegam entrar na agenda outra parte dos problemas entra na agenda e essa
primeira parte da discussão para que haja uma política pública aí durante o processo
samento pelo sistema político aquilo que tá na agenda vai receber decisões decisão de
fazer ou não de fazer induzidos quando se toma a decisão de fazer uma política pública se
caminha para o próximo passo que o caminho da 1 fase da fórmula ação da política pública
Quando você vai fazer o desenho se vai conceder aquela política pública que vai pensar em
quais são as características Quais são os elementos quem vai ser atendido quem vai tocar
da Oi João VI os recursos quando se vai gastar em quanto tempo se Quer alcançar nos
objetivos Quais são os indicadores uma série de aspectos são o desenho da política pública
depois que você dê exemplo indica pública vem a fase da implementação que é quando
você vai tirar a política pública do papel e fazer essa política acontecer em paralelo a
implementação você tem um acompanhamento seja você muito aquilo que está sendo
realizada a então é embora isso seja identificado como uma fase também de fato é
concomitante ele presentação e depois você teria a avaliação Ou seja você vai avaliar
aquela política pública inclusive para saber se ela tem conseguido resolver os problemas
com os quais ela foi formulada isso fecha o se o que que a gente diz né que ele é ter uma
visão tática mas o mundo real é mais complexo mundo real é bem mais complexo que isso
não é verdade que essas coisas sejam tão sem paradas né como se uma coisa
acontecesse simplesmente depois da outra em uma sequência linear na verdade é a
formulação às vezes alguém perfeito e você já começa a implementação a própria
implementação envolve uma série de decisões que reformulou a política pública durante a
formulação você já pode ter começado Há algum tipo de avaliação que pode avaliar Duran
anti implementação se não precisa esperar a política pública acabar para já fazia avaliações
avaliações de processo por exemplo ou avaliações formativas a gente vai ter aula
específica né para falar sobre monitoramento e avaliação a gente vai avançar ainda mas a
ideia é que a separação que a gente vê do ciclo de políticas públicas ela é Ela tem que
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trazer esse recurso didático Traz esse recurso analítico para você entender diferentes
etapas ele mas a gente não precisa pensar ou não deve pensar nisso no mundo real com o
coisas separadas Ou seja no mundo real a ideia central de formulação implementação e
avaliação são ideias na verdade muito indicadas entre si e existe grande interseção entre
Ok inclusive suas explorar diversas questões de prova Inclusive a tica implementação
A implementação ela envolve uma série de decisões e não simplesmente cumpriu que
alguém formulou Envolve você repensar a política e eventualmente redesenhada durante a
execução da então a gente precisa entender isso ou um processo muito mais complexo
mas do ponto de vista didático o ciclo de políticas públicas ele é extremamente importante e
não à toa ele é cobrado em várias questões de prova vamos lá pessoal vamos fazer a
questões aqui exatamente para gente entender isso como um elemento importante da
análise de políticas públicas e o chamado ciclo da política ou ciclo político necessário
embora presentes em pequenas variações tradicionais abordagem do ciclo político está
com as frases da formulação da implementação e do controle de resultados tem simplifica e
o ciclo falando da formulação da implementação e do controle que é uma forma de você
juntar um autor a mente avaliação beleza e aí com relação ao processo de política pública
julgue os itens a seguir é só essa questão aqui aí de múltipla escolha Mas é uma questão
do SESC Ok vamos lá política pública é sinônimo de decisão política já posso parar né
pessoal a gente já aprendeu que embora seja verdade que toda política pública Depende de
uma série de decisões a gente tem decisões políticas que não envolvem políticas públicas
Então essas coisas não são sinônimos então a gente sabe pessoa que tá errado segunda
as fases de formulação e implementação da política pública são empiricamente distintas
inexistindo quaisquer sobreposições factuais ou temporais entre elas como eu acabei de
falar para vocês isso não é verdade ou seja formulação implementação e avaliação se
misturam se influenciam e durante a implementação você reformular política pública
frequentemente Então existe muita sobreposição sim entre as fases tá errado a seguir
depois é perceber vídeo como poder são capazes de influenciar as preferências dos atores
envolvidos na fase de formulação da política pública são como a gente viu né pessoal uma
política pública nasce a partir do processo político e certamente o processo político e
influenciado por elementos simbólicos ou políticos como prestígio o poder que influenciam
as preferências dos atores estão certamente toda todo desenho de política pública e a
própria decisão de fazer uma política pública vai ser de alguma forma influenciada pelos
elementos políticos como prestígio poder e por último o monitoramento da implementação
que ao acompanhamento do ciclo nada a implementação permite identificar problema
gemas e especificar medidas corretivas para saná-los aumentando a probabilidade de uma
política pública atingir os objetivos pretendidos daí tá correto também né pessoal que a
gente viu é para isso que você acompanha a implementação Como eu disse para você
voltar aqui na da tela do ciclo o acompanhamento monitoramento ele é concomitante a
implementação exatamente para você identificar eventuais desvios E corrigir os rumos e tão
voltando a que essa que tá correta também tão 1 e 2 erradas 3 e 4 corretas e aí vem a ver
em parte final estão certos apenas os itens 3 e 4 então resposta letra D de fato gabarito
oficial do CESPE beleza bom até outra questão só que agora certo errado a elaboração da
política pública leve em consideração a identificação do problema a formação da agenda e
de alternativas seguidas pelos tomadores de decisão a implementação avaliação e a
extinção da política Então porque que eu quis trazer a ser questão pessoal para mostrar
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que quando há uma descrição do ciclo de políticas públicas não necessariamente ela vai
repetir as mesmas palavras
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Evolução da nova Gestão Pública


No início os modelos gerenciais eles focaram muito na importação de valores, de técnicas,
e de conceitos da administração de empresas para o setor público, aquela preocupação em
trazer questões de economicidade, de eficiência, de efetividade, de qualidade. Tudo isso
que é muito importante, que nasceu certamente na administração de empresas e que
depois o setor público foi importando.
Mas dentro daquela evolução vimos a partir de três fases: do gerencialismo puro, do
consumeirismo, e a orientação para o serviço público. Haviam valores que não podiam ser
deixados de lado e que eram próprios do setor público que precisavam ser incorporados,
ser valorizados.
E aí que surge os valores como equidade, acountabillity, como participação social, como
controle social, que são valores que passam se realmente importantes para administração
pública, que não veio exatamente da iniciativa privada mas que são decisivos.
Toda vez que você pensar no setor público, vai pensar certamente em eficiência,
efetividade, qualidade, em vários elementos aí ligados ao desempenho.

Mas se você vai precisar também considerar ao mesmo tempo e em paralelo ou


conjuntamente esses valores que são próprios do setor público e que são inerentes às
características da administração pública das organizações de estados.

Introduzindo esse conceito de participação e de controle social, a sociedade precisa


participar, não tem só o direito mas o dever de participar das escolhas e do controle do que
é feito na administração pública.
As organizações de Estado não são controladas pelo mercado, só podem ser controladas
pela própria sociedade.

ACCOUNTABILLITY, PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL

A noção de accountabillity é bidimensional, abrangendo tanto a capacidade de resposta


quanto a capacidade de punição: Andréas Schedler
- a capacidade de resposta dos governos (answerability), ou seja, a obrigação dos
agentes/oficiais públicos informarem e explicarem seus atos;
- a capacidade (enforcement) das agências de accountability (accounting agencies) de impor
sanções e perda de poder para aqueles que violaram os deveres públicos.

Se tem de um lado essa capacidade de resposta que é a prestação de contas e do outro


uma capacidade de punição que é a possibilidade de responsabilização, ou seja, de dar
consequência aquilo que aconteceu.

Por isso se costuma dizer que o conceito de accountability envolve essencialmente:


- prestar ação de contas: vai garantir que a sociedade possa saber o que está sendo
feito no poder público, ou seja, dado que os agentes públicos sejam eles políticos
ou agentes da burocracia, eles têm que atuar em nome da sociedade. Então eles
precisam prestar contas para sociedade sobre o que eles fizeram, mas isso só se
completa se houver a responsabilização.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS
CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

- responsabilização: é a possibilidade de ter consequências sobre o que acontece


com aquele agente que prestou contas.
- responsividade: significa que os órgãos e os agentes públicos eles são responsivos
à sociedade, eles agem respondendo as escolhas, as demandas, aos interesses da
própria sociedade, e não os interesses próprios.

Então tem-se os dois elementos, a prestação de contas e a responsabilização,


para garantir que haja accountability; e se houver accountability vai haver então
responsividade, ou seja, se faz isso para que os agentes públicos, as organizações
públicas elas sejam responsivas.

Além dessa ideia de que a accountability envolve prestação de contas e responsabilização


e que isso tudo é feito para que os agentes públicos e os órgãos públicos sejam
responsivos, é lembrar sempre disso como uma obrigação

ATENÇÃO!!!
questões de prova que tratam accountability como sendo uma “faculdade” do agente
público, estão sempre errados porque é sempre uma OBRIGAÇÃO.
Toda vez que se delega a alguém algum tipo de atribuição para agir em seu nome e essa
outra pessoa vai atuar em seu nome eventualmente inclusive administrando os seus
próprios recursos, surge uma obrigação de accountability, ou seja, surge o dever de prestar
contas, e esse dever se completa se você puder responsabilizar pessoa; se a pessoa for
responsabilizável pelo que ela fizer, com os seus recursos e em seu nome.
Accountability surge como uma obrigação que nasce a partir da delegação da autoridade
ou da execução de uma atividade para outra pessoa em nome de alguém.

2021/FGV - Accountability é a capacidade de mobilização social e controle participativo,


divisão de poder.
É o mecanismo que garante maior nível de transparência e exposição pública das políticas, por meio da indução
dos dirigentes governamentais à prestação de contas dos resultados de suas ações à sociedade.

Accountability
O conceito de accountability envolve três elementos:
- informação: decorre da prestação de contas
É o que vem da prestação de contas, ou seja, o indivíduo é aquele que recebeu atribuição e
precisa informar a aquele que delegou algo para ele, então o agente público precisa informar
a sociedade do que acontece.
Ele faz a prestação de contas e traz informação.

- justificação: mostra que ele é responsivo.


Mas mais do que informar, ele precisa provar que ele é responsivo, ou seja, precisa justificar
a sua escolha, o seu ato, para mostrar aquele responsivo.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS
CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Ele justifica seus atos, as suas escolhas, mostrando que é responsivo.

- sanção: é o fato de ele poder ser responsabilizado pelas suas escolhas.


é a responsabilização, ou seja, ele pode ser punido por causa disso.

Os três elementos: prestação de contas, responsabilização e responsividade, se


associam aos outros três elementos que são: informação, justificação e sansão.

ATENÇÃO!!
algumas questões de provas do CESPE dizendo que: “accountability envolve
informação, justificação e sansão” CORRETO.

Accountability
CLASSIFICAÇÕES

CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA O’Donnell


- VERTICAL (controle em níveis diferentes)
Pressupõe uma ação entre desiguais, seja sob a forma do mecanismo do voto
(controle de baixo para cima) ou sob a forma do controle burocrático (de cima
para baixo).
ação entre desiguais porque estão em posições diferentes, ou seja, alguém está acima e
alguém está baixo, não estão no mesmo nível.
Toda vez que se falar em accountability, está falando de alguém que está atuando em
nome de outro, e tem obrigação de prestar contas para esse outro e pode ser
responsabilizado.
Ex. a relação da sociedade com o governo, toda vez que um governante age de uma
determinada maneira que a população não gosta, a população pode simplesmente não
votar nesse governante, e isso é uma forma de accountability democrática; num certo
sentido é política, mas é política do ponto de vista democrático.

Ex. dentro de um órgão existe um diretor que delega algo para um gerente, supervisor ou
funcionário, estabelecendo uma relação de delegação, e precisa ter accountability, ou
seja, quem é funcionário precisa prestar contas à esse diretor, esse diretor pode
responsabilizar aquele agente, isso também é uma forma de de accountability

Ex. no caso do voto, ou seja, um cidadão responsabilize esse governante não votando
mais nele.
Há uma relação entre desiguais (de baixo para cima) e não tem uma relação hierárquica,
e o cidadão exerce accountability sobre o governante.

Ex. o órgão ou ministério tem-se um secretário ou diretor, que delega para alguém a
realização de uma licitação, só que o secretário percebe que houve algum desvio. O
secretário pode avocar aquela licitação para ele, e pode abrir um processo administrativo
disciplinar para responsabilizar aquele indivíduo que conduziu mal a licitação.
Há uma relação entre desiguais (de cima para baixo) e uma relação hierárquica, e o órgão
exerce accountability sobre o secretário.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

- HORIZONTAL (controle em mesmo nível)


Pressupõe uma relação entre iguais, através dos mecanismos de checks and
balances (freios e contrapesos), da mútua vigilância entre os três poderes,
autônomos, do estado.
checks and balances (freios e contrapesos) existem entre os poderes autônomos do Estado:
Legislativo, Executivo e Judiciário.
Ex. o Executivo tem a possibilidade de nomear pessoas para as Altas Cortes, o presidente
nomeia ministros do STF.
O Legislativo pode julgar as contas do Executivo e vice-versa.
O Judiciário pode analisar a constitucionalidade das leis ou de atos administrativos que
foram feitos no legislativo.

Entre os poderes existem, freios e contrapesos, ou seja, os controles mútuos ou a mútua


vigilância, só que que é uma relação entre iguais, estão no mesmo nível.
É o controle no mesmo nível, feito pelos os Tribunais de Contas, CGU.
Ex. quando o TCU fiscalizando o Ministério da Economia ou o Ministério da Saúde, eles
estão numa relação de mesmo nível, ou seja, accountability horizontal.

CLASSIFICAÇÃO CONTEMPORÂNEA
- VERTICAL O’Donnell

- HORIZONTAL O’Donnell

- SOCIETAL
Carla Bronzo Ladeira Carneiro
“Uma concepção alternativa de accountability é fornecida a partir de outros
recortes e configura o âmbito da accountability societal.
Tais perspectivas partem de uma matriz teórica que privilegia a dicotomia
estado e sociedade civil, partilhando da ideia de que o controle da sociedade
sobre ação governamental constitui uma especificidade e merece uma
distinção à parte das perspectivas da accountability vertical ou horizontal,
abrindo vertentes para discussão da accountability societal”.

Poderíamos considerar todos esses controles da sociedade sobre o governo como parte da
accountability vertical (de baixo para cima) assim como voto é um controle do
cidadão-eleitor sobre o governante, mas a ideia é se destacar essas diversas formas de
controle da sociedade sobre a ação governamental que fogem do mecanismo eleitoral e que
são outras coisas, que é o que chamamos de controle social.

Ocorre que um pouco mais adiante houve uma preocupação de se introduzir o conceito de
accountability societal, que é o fato de que a sociedade controla o poder público não só pelo
mecanismo eleitoral, existem vários outros mecanismos de controle social, alguns
institucionalizados e formalizados, e outros não. Por ex. existe ação popular que o cidadão
pode utilizar para questionar algum ato do poder público, existem manifestações, greves com
caráter político; existem também denúncias para imprensa, para o ministério público. Então
existem outras formas da sociedade exercer o controle, por isso se cria essa categoria da
chamada accountability societal.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS
CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Peruzzotti e Smulovitz
Mecanismo de controle não eleitoral, que emprega ferramentas institucionais
(ações legais, participação Instância de monitoramento [conselhos de fiscalização],
denúncias).
Baseia-se na ação de associações de cidadãos, movimentos sociais e
imprensa, objetivando expor falhas do governo, incluir novas questões na
agenda pública e influenciar decisões políticas a serem implementadas pelos
órgãos públicos.

Controle não eleitoral não é exatamente o “voto”.

RESUMINDO…
A visão clássica prevê accountability horizontal e vertical. Já a visão contemporânea prevê
accountability horizontal, vertical e societal.

DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

visão clássica visão contemporânea

accountability horizontal accountability horizontal


NÃO MUDA!!
é a ação entre iguais, é o controle é sempre a mesma coisa. é a ação entre iguais, é o controle
mútuo que existe entre os poderes mútuo que existe entre os poderes
e as agências ou organizações e as agências ou organizações
que pertencem a esses poderes. que pertencem a esses poderes.

accountability vertical

O controle de cima para baixo,


que é o controle burocrático nas
MUDA!
accountability vertical é o desdobramento/subdivisão da organizações, mas também
accountability vertical: somente o controle de baixo
O controle de cima para baixo, - accountability vertical e para cima, é o mecanismo de
que é o controle burocrático nas - accountability societal. controle eleitoral, o “voto”.
organizações, mas também todos
de forma junta os controles da Continua tendo todos porém de forma
sociedade sobre o governo, separada os controles da sociedade
controle de baixo para cima. sobre o governo, controle de baixo
para cima.

accountability societal
todas as outras formas de
controle vertical, o restante de
controle que a sociedade exerce
sobre o governo, que não seja o
voto.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

ATENÇÃO!
Para questões de prova podem abordar a visão clássica ou a visão contemporânea.
Mais comum atualmente aparece a visão contemporânea.

Já caiu em questão discursiva da CGU perguntando porque que o orçamento poderia


ser entendido como um exemplo de accountability horizontal e vertical.

No debate sobre a accountability, diversos autores reconhecem a existência, nas


poliarquias contemporâneas, de mecanismos de controle externos aos poderes
Executivo, Legislativo ou Judiciário.
Examine os enunciados a seguir sobre a accountability societal e depois marque a
resposta correta.
1- A accountability societal é um mecanismo de controle não eleitoral que emprega
ferramentas institucionais e não institucionais CORRETO.
É o controle da sociedade sobre o governo, mas é o controle não eleitoral, e ele pode utilizar
ferramentas institucionais como: uma denúncia ao Ministério Público, ou uma ação popular. Mas
também pode usar ferramentas não institucionais como: manifestações.

2- A accountability societal se baseia na ação de múltiplas associações de cidadãos,


movimentos sociais ou mídia. CORRETO.
É a própria sociedade se mobilizando, se utilizando da Imprensa e de suas organizações para
controlar o governo.

3- O objetivo da accountability societal é expor erros e falhas dos governos, trazer


novas questões para a agenda pública e influenciar decisões políticas a serem
implementadas por órgãos públicos. CORRETO.

4- Os agentes da accountability societal têm o direito e o poder legal, além da


capacidade institucional para aplicar sanções legais contra as transgressões dos
agentes públicos. ERRADO.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Nós como cidadãos não conseguimos punir o agente público. Caso haja alguma irregularidade, eles
devem acionar o respectivo órgão para apurar o ocorrido, ou seja, a accountability societal irá se
socorrer da accountability horizontal, acionando, por exemplo, o TCU ou MP.
O que a gente faz quando identificamos o problema, é fazer denúncia ao TC ou ao Ministério Público,
ou acionar o Judiciário. ou seja, os agentes da accountability societal e a cidadania em geral (os
indivíduos e suas organizações) não têm esse poder legal, não tem essa capacidade institucional
para aplicar sanções, e sim precisa recorrer as organizações. Então frequentemente o accountability
societal, sociedade, vai ser socorrer da accountability horizontal, ela vai pedir ajuda do Ministério
Público, TC, porque ela não consegue sozinha da consequência a isso.

É muito frequente a sociedade precisar dos agentes da accountability horizontal. Se o Poder


Público não está prestando contas, a sociedade não consegue garantir a prestação de contas, assim
ela aciona o TC para ir cobrar, ou se ela verifica uma ilegalidade sendo cometida, deve acionar o MP
por meio de denúncia, e a sociedade está agindo como accountability societal se conectando a
accountability horizontal para garantir a efetividade da prestação de contas e da possibilidade de
responsabilização.

Os mecanismos de accountability são diferentes, mas eles podem se conectar para ter
toda a sua efetividade.

CONTROLE SOCIAL
CONCEITO
• Refere-se ao controle da Administração Pública realizado com a participação da
Sociedade Civil, ou seja, pessoas e instituições que não estão vinculadas à estrutura
governamental.
A ideia central de accountability societal é a ideia do controle da participação social.
Toda vez que se fala de controle social, estamos dizendo que é o controle exercido sobre a
administração pública com a participação da sociedade civil e também de agentes de governo.

• Pode ser realizado tanto pelas instituições da sociedade civil organizada quanto por
cidadãos comuns, ao exercerem uma cidadania ativa e reivindicarem seus direitos.
Ou seja, podem ser organizações, associações, sindicatos, podem ser mecanismos em geral pelos
quais as pessoas se organizam, ou podem ser os indivíduos sozinhos exercendo a sua cidadania
ativa, cobrando informações, se utilizando da lei de acesso à informação, fazendo denúncias,
reclamando nas ouvidorias.

PRESSUPOSTOS
Para que o controle social possa funcionar:
• Estado:
Instituição que assegure aos cidadãos o exercício do poder de controlar a
Administração Pública.
O Estado precisa aceitar isso de fato.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

• Sociedade Civil:
Cidadãos interessados em exercer uma cidadania ativa, avaliando a ação
governamental, manifestando suas opiniões e defendendo seus direitos.
Por outro lado, a sociedade civil precisa atuar.
Se não existir esse controle duplo (estado e sociedade civil), então o controle social não funciona.
Existe uma dicotomia entre estado e sociedade civil mas ambos precisam reconhecer essa
possibilidade e o dever que o próprio cidadão tem, de atuar e exercer essa cidadania ativa.

VANTAGENS
Quais são as vantagens do controle social sobre as formas de controle burocrático exercidas pelas
organizações estatais:
• Legitimidade do controle – o povo que exerce;
É um controle que ele é extremamente legítimo.
Lembrando que a legitimidade vem do “povo”, é um controle que é exercido diretamente pela
própria sociedade.

• Alta capilaridade – através dos cidadãos espalhados pelo país;


Porque o povo está em todo o país. Existem municípios em que os órgãos de controle raramente
chegam, porque não estão estruturados, mas existe lá cidadania, então se tem uma alta
capilaridade. Você consegue estar em todo o país exercendo controle social.

• Menor custo;
Porque não precisa de repartição pública, estrutura pública, pagar salário servidor, porque é a
própria sociedade exercendo.

• Maior eficiência da Administração Pública.


Ou seja, a sociedade organizada e cobrando os resultados, a integridade e a transparência, tende a
fazer com que a administração pública seja mais eficiente no uso dos recursos públicos.

Quando se olha para o controle social no Brasil é interessante porque historicamente não vemos
tanta importância, e essa importância cresceu nas últimas décadas.
O controle social tem muita importância principalmente a partir da CF/88, ela tem relevância dentro
da lógica gerencial que é introduzida pela reforma gerencial de 95.
E é verdade que embora o controle social hoje não seja tão efetivo quanto a gente gostaria, ele é
melhor do que ele jamais foi.
Com o avanço da democracia das instituições democráticas e da noção de cidadania, o controle
social tem-se aprimorado. Ele não é tão efetivo e tão presente quanto gostaríamos, mas ele é
melhor do que jamais foi.

HISTÓRICO
• Pouca relevância nas reformas implementadas desde 1936.
Sempre teve pouca relevância nas reformas administrativas implementadas desde a reforma de
Vargas na década de 30.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

• Previsão de mecanismos na Constituição de 1988, mas baixa efetividade.


Ele ganhou muita importância com a previsão de diversos mecanismos na CF/88 embora ainda
com baixa efetividade mas a constituição trouxe diversos mecanismos de controle social.

• Relevância na Reforma do Aparelho do Estado de 1995.


Ele teve muita relevância no plano diretor da reforma do aparelho do Estado de 95 que enfatiza as
necessidades de que a sociedade esteja no controle no estado.

• Aplicação crescente dos conceitos de publicização, contratualização, preocupação


com resultados, accountability.
Ou seja, cada vez mais a gente tem esse esforço de construção de uma cidadania ativa e do
controle da sociedade sobre os governos.

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL


Existem vários mecanismos para a sociedade pelos quais se exercem a participação e o controle
social:

• Orçamento Participativo:
Quando a sociedade participa das escolhas da locação do recurso público, onde o dinheiro público
vai ser colocado, ou seja, a sociedade participando da escolha, ajudando na implementação,
acompanhando a execução, e a partir daí aprendendo, porque tem-se aí um mecanismo de
aprendizado importante que vem da participação e do controle social, porque a própria sociedade
às vezes ela pressupõe algumas coisas sobre a administração pública, mas quando ela se engaja
na participação e o controle social, ela enxerga as dificuldades, participa das escolhas, participa
das ações, participa também dos erros e dos acertos, e a partir daí ela aprende e continua
melhorando.
Então é o caso do orçamento participativo a sociedade participa das escolhas, do desenho do
orçamento, acompanha a execução, viu o que deu certo e o que deu errado, no próprio ciclo ela já
traz um novo aprendizado. Então não só a organização pública tem a oportunidade de aprender
mas a própria sociedade tem a possibilidade de aprender como fazer melhor a participação e
controle social. Então se tem um ajuste crítico que vai acontecendo a partir da percepção sobre o
que dá certo e o que dá errado, você vai melhorando a cada ciclo.

• Audiências e Consultas Públicas

• Colegiados Públicos (ex.: Conselhos)


são os casos dos conselhos de políticas públicas
Ex. Conselho Municipal da Saúde que fiscaliza a aplicação da saúde em cada município.

• Ouvidorias
participação junto às ouvidorias, pedindo informações, fazendo denúncias e reclamações, dando
informações e sugestões.

• Denúncias (ex: órgãos de controle, imprensa)


Ou denúncias mais gerais para os órgãos de controle ou para a própria imprensa, ou seja
mecanismos institucionalizados e não institucionalizados compondo o accountability societal.
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• Conferências
participação de conferências para tomada de decisão e participação do planejamento público.

• Colaboração Executiva (ex: OS, Oscip, ONGs)


a colaboração executiva nas ações, quando você integra organizações sociais, OSCIP, ou outras
ONGs que atuam em parceria com o estado.

• Ações Judiciais (ex.: ação popular)


a atuação via ações judiciais como é o caso da ação popular, quando você vê algum problema ou
desvio ocorrendo, e você entra na justiça contra isso.

• Fiscalização via entidades representativas


a fiscalização via entidades representativas do cidadão.

• Assessoramento Externo.
ou outras formas de assessoramento externo que permitam aos cidadãos e as suas organizações
auxiliarem e ao mesmo tempo cobrarem, tentar influenciar nos rumos da administração pública.

Considerado um elemento fundamental para o grau de governança democrática, a


accountability refere-se à capacidade financeira e gerencial do Estado de
implementar políticas públicas. ERRADO.
A capacidade financeira e gerencial de implementar políticas públicas é parte, sim, do conceito de
governança, mas certamente isso não é accountability, pois accountability é a capacidade de
assumir o dever de prestar contas e de ser responsabilizável por aquilo que se faz.
Certamente a accountability é parte da governança democrática mas certamente não é
capacidade financeira e gerencial.

A adoção do paradigma do cliente na gestão pública baseado na doutrina do “Public


Service Orientation” busca criar uma cultura que congregue funcionários públicos,
cidadãos e políticos, de modo a obter também a “accountability” dos resultados
obtidos. CORRETO.
doutrina da Orientação para o Serviço Público - PSO, que é estudado na evolução da nova
Gestão Pública
A ideia de que accountability é um valor importante que foi ganhando importância dentro da
evolução da nova Gestão Pública, especialmente na fase da orientação para o serviço público.
Quando houve essa clareza sobre a necessidade de que os cidadãos não são simplesmente
contribuintes e nem simplesmente clientes, eles são cidadãos e portanto têm o direito e o dever de
participar, de fazer escolhas, e de controlar a administração pública.
Essa percepção clara de que precisa ter accountability se quisermos realmente ter uma
administração pública voltada para a sociedade e para o atendimento às necessidades dos cidadãos.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

GOVERNO DIGITAL
EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS

Quando a gente olha lá para o final dos anos 70 e início dos anos 80, em boa parte dos
países, principalmente dos países anglo-saxões, o caso paradigmático é o da Inglaterra,
houve então emergência do que a gente conheceu como nova gestão pública. Surgiu
então essa ideia da qualidade na prestação de serviços públicos, ou seja, uma tentativa de
superar as disfunções dos modelos burocráticos, trazer mais eficiência, ou seja, a ideia de
utilizar melhor os recursos públicos, depois a ideia da qualidade de satisfazer o usuário,
cidadãos, e depois a incorporação de outros valores importantes que garantam a
participação e controle social, seja o controle que a sociedade faz sobre a máquina pública.
E isso surgiu como alguns programas, como um conjunto de programas que foram
evoluindo ao longo do tempo, e embora isso tenha nascido nesse países anglo-saxões,
acabou-se espalhando pela Europa Ocidental e mais à frente se chegou também a América
Latina, Leste europeu, e chegou também ao Brasil nos anos 90.
Vimos que em 1995 se teve a publicação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
Estado (PDRAE).
OBS.: ler esse documento porque são extraídas várias questões de provas.

É um documento oficial do governo brasileiro, que reforça essa ideia da qualidade no


serviço público, na importância de você prestar um serviço olhando para o cidadão, o
usuário do serviço público, reconhecendo que ele é mais do que um cliente, mas ele
também é cliente.

E nos anos seguintes, ou seja, depois começando ainda nos anos 90 do século passado, e
depois nos primeiros anos e primeiras décadas deste século, vimos alguns movimentos
nesse sentido. Temos particularmente dois movimentos que são muito importantes.
OBS.: às vezes as bancas de prova cobram isso.

Foi um movimento de ter essas unidades Integradas de prestação de serviços públicos, em


cada estado do Brasil recebe o nome, mas aquela unidade em que você vai lá e você tem lá
todos os serviços públicos sendo prestados, ou quase todos, onde se tem uma condição de
resolver os seus problemas com padrão de qualidade melhor, uma preocupação usuário,
uma preocupação com limpeza, com conforto, uma comunicação mais clara. Então aquilo
foi um grande avanço certamente, embora esses centros não sejam perfeitos, eles são
muito melhores que as experiências anteriores que tinhamos.
Um pouco mais adiante começou a crescer a lógica do governo eletrônico, ou seja, a ideia
de que você poderia pegar a prestação de serviços públicos e também as formas de
interação, de levar a informação, de receber sugestões, de receber reclamações, dos
usuários, ou seja, interagir com os usuários ou fornecedores, ou com outros órgãos do
governo, por meios digitais, e assim se iniciando esse movimento.
OBS.: algumas questões de prova e foco exatamente esse ponto.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Quando se olha para uma ideia de um governo eletrônico e hoje a gente caminha para
ideia de governo digital, pode-se dizer que isso é uma das grandes evoluções da
administração pública neste século.
EXCELÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA
A excelência na Gestão Pública sendo apoiada pelo governo digital.

Tecnologia e qualidade da Governança


De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico -
OCDE, a governança precisa adaptar-se continuamente em resposta a (diversos fatores
que afetam a sociedade de hoje): pressões como extensão do comércio nacional e
internacional; mudança de poderes entre níveis de governo; difusão de novas
tecnologias e mídia de massa; permeabilidade das fronteiras nacionais; influência de
comunidades globalizadas de valores interesses; e vulnerabilidade das sociedades
face ao terrorismo.

A governança de uma forma geral, precisa responder a mudanças que ocorrem na vida das
pessoas, ou seja, no cenário mais amplo, do ponto de vista econômico, social, tecnológico e
cultural. Isso inclui a difusão de novas tecnologias e mídias de massa que afetam a forma
como os cidadãos interagem entre si, interagem com as empresas, e certamente querem
interagir com os governos também. Então a partir disso você tem a emergência desse
conceito de governo eletrônico.

Governo Eletrônico
• De forma ampla (geral), inclui virtualmente todas as aplicações e plataformas de TIC
(tecnologias de informação e comunicação) usadas no setor público.

• De forma restrita, refere-se ao uso da internet e da web para disponibilizar


informação e serviços aos cidadãos.

• Para a OCDE, governo eletrônico é definido como o uso das TIC, em particular a
internet (mas não só ela), como ferramenta para levar a melhor governo.
é você utilizar as tecnologias para governar melhor, prestar serviços públicos melhores, de
uma forma mais satisfatória.

Benefícios Esperados
E aí se imagina que o governo eletrônico possa trazer uma série de benefícios.
Então se tem um conjunto amplo de benefícios que são esperados daí, e esses benefícios em boa
medida são comprovados cientificamente, ou seja, na prática você alcança esses benefícios.

• Interatividade
O governo eletrônico pode aumentar a interatividade entre os órgãos e principalmente com o
cidadão, ou seja, o usuário de serviço público.

• Eficiência
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pode aumentar a eficiência da máquina pública, ou seja, tem haver com se utilizar melhor os
recursos que se tem, seja recursos de tempo, seja recursos de pessoas, seja recursos materiais.

• Maior acesso aos serviços públicos

Pode-se ampliar o acesso aos serviços públicos, ou seja, aumentar a chance de que os cidadãos e
as empresas consigam acessar os serviços públicos que precisam.

• Incremento da qualidade (simplicidade, rapidez)


Isso deve trazer o incremento da qualidade porque você simplifica a prestação de serviço público e
dá mais rapidez, e isso aumenta a satisfação do usuário, aumenta a qualidade percebida.

• Aumento da participação popular


Ex. quando se cria algum tipo de ouvidoria eletrônica, se aumenta a chance do cidadão enviar por ali
as suas sugestões, as suas reclamações.

• Fomento à transparência
Tem-se mais chance de tornar pública aquelas informações que são importantes para a sociedade.

• Incentivo ao controle social


Toda vez que se fala de controle social, fala-se do controle que é exercido por meio ou com a
participação de agentes da sociedade civil.
É a ideia de accountability.
Então se cria a ideia de mais mecanismos para que o controle social seja exercido, de novo com a
perspectiva também na nova Gestão Pública.

• Fortalecimento da governança
A governança é a capacidade de atuar, de formular, de implementar e de avaliar as políticas públicas
em prol da sociedade em benefício da sociedade.

• Redução de custos
Ou seja, se precisa de menos gente, menos instalações, menos papel, menos equipamentos. Então
isso vai aumentar sua eficiência certamente.

• Promoção da cooperação interorganizacional


Ou seja, a integração entre as organizações públicas.

• Organização das informações dos órgãos do governo


Sistematizar isso.

• Segurança da informação
Vemos várias situações em que se teve um incêndio, ou um desastre, e aquelas informações físicas
são perdidas ou são facilmente acessadas, enfim se corre um risco. A ideia é que por meios digitais
se possa ter um melhor controle, um aumento da segurança da informação.

Essa série de benefícios se relaciona ou ela é exercida a partir de 3 tipos de transações que
compõem o governo eletrônico.

Governo Eletrônico
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Esses três tipos de transações existem de lado a lado.


O governo eletrônico engloba 3 tipos de transações eletrônicas:

• G2G (Government to Government): relação intra ou inter-governos;


É governo para governo, relação intra ou inter-governos.
a relação que existe “dentro” ou “entre” governos.

Ex. se eu tiver uma integração, do Ministério do Trabalho com a Receita Federal, é um


relacionamento de governo para governo (inter-governos).
Se tiver uma integração do Poder Executivo com o Poder Legislativo (TSE), que tem dados
biométricos, isso também é um relacionamento de governo para governo (inter-governos).
Se tiver uma integração de uma Agência Governamental que está na União com uma Agência
Governamental que está no estado ou município, é entre governos (intra-governos) mas também
é de governo para governo (inter-governos).

Pode ser de dois lados, as transações podem ocorrer em uma via de mão dupla.
U —- se relacionando com o —- E/M.
E/M —- se relacionando com a —- U.

• G2B (Government to Business): transações entre governos e fornecedores;


É governo para os negócios, transações eletrônicas entre governos e fornecedores.
Fala-se de “negócios”, da relação do governo com as empresas, com seus fornecedores.

Pode ser de dois lados, as transações podem ocorrer em uma via de mão dupla.
Governo —- vai falar com —- os fornecedores
fornecedores —- vão falar com —- o Governo

• G2C (Government to Citizen): relações entre governos e cidadãos.


É governo para os cidadãos, relações entre governos e cidadãos.
Quando se falar “para o cidadão”, aí sim ele está falando com uma “pessoa física”, é um cidadão
propriamente dito.

Pode ser de dois lados, as transações podem ocorrer em uma via de mão dupla.
Governo —- vai falar com —- os cidadãos
cidadãos —- vão falar com —- o Governo

OBS. tem três tipos de transações e cada uma vai de um lado para o outro e vice-versa.
E então a ideia é que no fundo se tem seis tipos de fluxo a partir desses três tipos de transação.

ATENÇÃO!!
várias questões de prova exploram esse ponto.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A gente tende a pensar muito em governo eletrônico como a prestação de serviços via
internet, e é mesmo um grande canal, de fato, do governo digital. Mas quando se olha de
uma forma mais ampla, veremos que se tem outras formas de se utilizar tecnologias de
informação e comunicação para prestar o melhor governo e não são necessariamente via
internet e ainda assim é um governo eletrônico.

Governo Eletrônico no Brasil


Exemplos
• Certificação digital
• Portal da Transparência
em que se busca levar informações para os usuários dos serviços públicos sobre as
despesas públicas.
• Votação eletrônica
votação na urna eletrônica.
• Pregões eletrônicos
• Portal da Previdência Social

Então se tem vários mecanismos pelos quais você está utilizando as tecnologias de informação e
comunicação (TIC) para então funcionar melhor a prestação de serviços.

Há três tipos de transações no governo eletrônico. É um exemplo de government to


government:
a. Sistema de Convênios − SICONV. G2G - é de governo para governo
Convênios são estabelecidos entre as esferas de governo;
O SICONV é um sistema de governo que permite administrar o convênio da União com o município.
b. Matrícula escolar informatizada. G2C - é para o cidadão
c. Sistema de registro de Boletins de Ocorrência. G2C - em regra é para o cidadão
d. Divulgação de editais de compras públicas. G2B - é para os fornecedores
e. Receitanet. G2C - é para o cidadão prestar as informações para a receita

Estratégia de Governo Digital


“A Estratégia de Governo Digital 2020-2022 está organizada em princípios, objetivos e
iniciativas que nortearão a transformação do governo por meio de tecnologias
digitais”.
Estratégia atual de governo digital, tem-se uma estratégia aprovada no Governo Federal para viger
de 2020 até 2022.

“Buscamos oferecer políticas públicas e serviços de melhor qualidade, mais simples,


acessíveis a qualquer hora e lugar e a um custo menor do cidadão”.
Se vê todo um esforço de desburocratização e de utilização das novas tecnologias para que os
serviços sejam prestados de uma forma que possam satisfazer o usuário.
Ou seja, não é porque você vai ser digital que você vai cobrar caro por isso ao cidadão, pelo
contrário, você quer ser mais eficiente.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

No fundo se enxerga muito claramente duas ideias da nova Gestão Pública: a ideia da eficiência, de
custar menos para o cidadão, mas também essa ideia de resolver o problema e deixar os cidadãos
satisfeitos, é um serviço que ele consegue acessar de casa à noite sem precisar se deslocar para
uma repartição pública. Ou o fato de ele conseguir ter acesso às informações públicas sem ter que
solicitar, isso já está na internet, no aplicativo. Se precisa comunicar ou solicitar alguma coisa, quer
fazer uma reclamação, ele faz isso pelo celular também. Não precisa agendar para tirar o passaporte
e sim agenda pelo celular; vai prestar informações para a declaração do imposto de renda faz isso
via internet.

“Decreto 10.332/2020, além de legitimar, dá publicidade ao plano estratégico junto a


todos os órgãos e à sociedade.”
traz seis pontos que são muito importantes:
- Centrado no cidadão
O governo é centrado no cidadão, ou seja, o foco é o cidadão, se organiza em função disso,
e não se organiza em função das próprias estruturas administrativas, ou dos processos de
trabalho, ou dos sistemas governamentais, pelo contrário, você trabalha com foco no
cidadão, tudo que você faz está relacionado ao cidadão.
- Integrado
é um governo que precisa ser integrado, ou seja, a ideia de fragmentação prejudica a
eficiência e a qualidade. E o que se quer é que os órgãos públicos interajam entre si para
prestar o melhor serviço.
- Inteligente
Um governo que seja inteligente, ou seja, que traga racionalidade, onde se elimine tudo
aquilo que seja ineficiente.
- Eficiente
ter um governo que seja mais eficiente no uso do recurso público.
- Confiável
um governo que seja confiável, ou seja, as informações que estão ali são incríveis na e você
consegue acessá-las, utilizá-las.
- Transparente e aberto
Você acessa e você confia.

Esses elementos são integrados entre si, mas eles mostram claramente as ideias centrais da
atual estratégia de governo digital quando se olha para o poder executivo Federal.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA

GOVERNABILIDADE
● Refere-se às condições sistêmicas do exercício do poder, e envolve as
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os
poderes, o sistema partidário, o sistema de intermediação de interesses.
Poder político que, para ser exercido, envolve várias relações entre os diversos poderes, os atores
políticos, as características pelas quais os interesses da sociedade são trazidos ao sistema político,
agenda política, a arena política para serem discutidos, as relações não só as que existem entre os
poderes, mas entre os diferentes atores, os partidos políticos.
Um governo tem governabilidade quando consegue exercer esse poder político e tomar decisões,
desse modo, ele tem autoridade política.
A sociedade possui diferentes interesses (interesses difusos diferentes), e cada grupo/ator social tem a
sua visão de mundo, as suas preferências, as suas ideias sobre onde devem ser alocados os recursos
públicos, que tipo de decisão política deve ser tomada. Apesar dessas diferenças, um governo eleito
deve caminhar num determinado rumo, precisa interagir com o Congresso. Pensando no caso
brasileiro, o Presidente da República precisa interagir e construir bases de governabilidade com o
Congresso para que as suas propostas sejam levadas adiante.
Apesar disso, a base da governabilidade não está no Congresso, ela está no povo, pois é a
legitimidade do governante perante o povo que dá a ele governabilidade. Mas essa governabilidade
passa sim pelo Congresso, pela capacidade do governo de fazer alianças, coalizões, arregimentar,
negociar e construir caminhos com o sistema político para que ele possa exercer a sua autoridade e
tomar decisões políticas. Não se está falando em desenhar políticas públicas, traçar planos e agir,
está-se falando do campo das decisões, das escolhas políticas. Esse é o campo da governabilidade.

● “A capacidade de governar deriva da relação de legitimidade do Estado e do


seu governo com a sociedade civil” (Bresser Pereira).
Legitimidade é uma palavra-chave no conceito de governabilidade, uma vez que o governo só terá
condições de exercer o poder e a autoridade política se tiver legitimidade perante a sociedade civil, que
é a fonte da governabilidade.

● “Condições de legitimidade de um governo para empreender as


transformações necessárias” (Caio Marini).
As palavras que precisam ser associadas ao conceito de governabilidade são: legitimidade, essa
capacidade de exercício do poder ou condições sistêmicas para exercer o poder, considerando o
funcionamento do sistema político e a forma pela qual são construídas as relações entre os poderes, os
partidos e os atores políticos para a tomada de decisões que sejam consideradas legítimas perante a
sociedade.

Entre outros aspectos, a governança trata das condições sistêmicas sob as quais se
dá o exercício de poder em determinada sociedade. ERRADO. é governabilidade.

2021/FGV - Governabilidade é capacidade política para legitimar as políticas públicas do


país.
É a capacidade política de governar, que é resultante da relação da legitimidade do Estado e do seu governo
com a sociedade.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

GOVERNANÇA PÚBLICA
Governança tem a ver com a condição de retirar uma decisão política do papel e colocá-la
em prática para alcançar determinado objetivo.

● Refere-se à maneira pela qual o poder é exercido na administração dos


recursos econômicos e sociais, tendo em vista o desenvolvimento do país, o
desenvolvimento nacional (Banco Mundial).
Ou seja, a governança é a maneira como os recursos que se tem são administrados para que os
objetivos sejam alcançados. Nesse caso, o objetivo é o desenvolvimento econômico e social nacional.
A definição de poder refere-se à forma como o poder é exercido ao administrar os recursos
econômicos e sociais.

Governabilidade, pois esta tem a ver com a autoridade política para exercer o poder político, ou seja,
para fazer as escolhas que a sociedade considera legítimas.
Uma vez que essas escolhas legítimas tenham sido feitas, elas precisam ser transformadas em
realidade, é a governança.
Por isso, a governança tem um caráter instrumental, é um conjunto de instrumentos necessários para
fazer as coisas acontecerem. Há tanto uma capacidade interna quanto externa. A capacidade interna
são as condições econômicas, administrativas, gerenciais e técnicas de fazer as políticas públicas
acontecerem. A capacidade externa diz respeito a fazer alianças com a própria sociedade, fazer
parcerias com a sociedade, mobilizar outros atores sociais para que juntos possam colaborar com a
realização de políticas públicas.

● Conjunto das “condições financeiras e administrativas de um governo para


transformar em realidade as decisões que toma” (Bresser Pereira).
Ou seja, a ideia de transformar as decisões em realidade, de fazer as coisas acontecerem.

● “Capacidade técnica, financeira e gerencial de implementar transformações”


(Caio Marini).
Ou seja, é a capacidade de fazer as coisas acontecerem, de transformar as coisas em realidade, de
implementar transformações. Isso significa formular, implementar e avaliar políticas. A capacidade de
fazer isso diz respeito à governança. É ter condições para administrar os recursos econômicos e
sociais.

2021/FGV -Governança é a capacidade técnica para viabilizar e implementar políticas


públicas.
Capacidade que determinado governo tem para formular e implementar suas políticas.

Aumentar a governança do Estado significa aumentar sua capacidade administrativa


de gerenciar com efetividade e eficiência, voltando-se a ação dos serviços do Estado
para o atendimento ao cidadão. CORRETO.
A ideia da governança como a sua capacidade de realizar as coisas, de fazer com que os serviços do Estado
atendam às necessidades da sociedade, é a capacidade de gerenciar, não de tomar decisões legítima;, e não a
sua autoridade política para lidar com diferentes interesses na sociedade, isso seria governabilidade. A
governança diz respeito a tirar as decisões do papel e fazer as coisas acontecerem, a sua capacidade interna e
externa de fazer as mudanças na realidade, através das políticas públicas.

Segundo o Banco Mundial:


Governança é “a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos
recursos econômicos e sociais do país, com vistas ao desenvolvimento”.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Esse banco elenca alguns elementos considerados fundamentais para que um país tenha boa governança.
Dimensões para a boa governança:
• Administração do setor público;
• Quadro legal, ou seja, a regra do Direito prevalecendo;
• Espaço de participação e accountability;
• Espaço de informação e transparência em relação à sociedade;

• Primeira dimensão: ADMINISTRAÇÃO DO SETOR PÚBLICO


“Cuida da melhora da capacidade de gerenciamento econômico e de prestação de
serviços sociais. Ressalta-se que a preocupação com questões de capacidade
burocrática já estava presente na experiência anterior com programas de
ajusteestrutural”. (Matias Pereira)
Tem a ver com a capacidade de gerenciamento econômico, de prestação de serviços sociais, ou seja, a
preocupação com questões de capacidade burocrática, que já vinham de longa data, mas é um dos pontos
centrais. Para desenvolver políticas públicas, é preciso ter uma burocracia, é preciso ter capacidade burocrática
para gerenciar os recursos econômicos e sociais disponíveis para levar resultados à sociedade.

• Segunda dimensão: QUADRO LEGAL


É preciso que haja um ordenamento legal que seja válido.
“Trata do estabelecimento de um marco legal – um elemento crítico em face da
‘síndrome da ilegalidade’, em que muitos países em desenvolvimento seriam
caracterizados”. (Matias Pereira)

“Envolve regras conhecidas previamente (ou seja, um Estado de direito), cujo cumprimento
é garantido em órgão judicial independente, e de procedimentos para modificá-las,
caso não sirvam mais aos propósitos inicialmente estabelecidos.” (Matias Pereira)
Prevalência do estado de direito, ou seja, age-se de acordo com as regras, com a Constituição, com as leis. Se
a sociedade quiser alterar essas leis, isso será feito pelo parlamento. Enquanto não houver alteração, está
valendo isso, e o cumprimento dessas regras é garantido por um sistema judiciário independente.

• Terceira e quarta dimensões: PARTICIPAÇÃO e ACCOUNTABILITY


INFORMAÇÃO e TRANSPARÊNCIA
Participação, accountability, informação e transparência são insumos da relação do Estado com a sociedade.
“Consideradas fundamentais para aumentar a eficiência econômica, envolvem a
disponibilidade de informações sobre as políticas governamentais, a transparência
dos processos de formulação de política e alguma oportunidade para que os
cidadãos possam influenciar a tomada de decisão sobre as políticas públicas”.
(Matias Pereira)
Ou seja, é a sociedade conhecer o que acontece e poder ajudar no direcionamento em relação ao que vai
acontecer.
Existe a capacidade interna do Estado de promover as políticas públicas, mas existe também a necessidade de
relação com a sociedade, quando se fala em governança democrática, ou seja, governança num país
democrático. É preciso que haja caminhos para que a sociedade possa conhecer e interferir nos rumos, ou seja,
estar à frente das decisões políticas que serão tomadas e das políticas públicas que acontecerão.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Governança sempre será associada à ideia da capacidade de tirar as decisões do papel, de


ter característica instrumental, ou seja, os instrumentos adequados para tirar as decisões do
papel.
Por isso, costuma-se dizer que a governança pública é…
caracterizada pelos aspectos adjetivos ou instrumentais da governabilidade,
ou seja, uma vez que haja governabilidade, isto é, condições para o exercício
legítimo do poder político do Estado, a governança será a capacidade
financeira, técnica e gerencial do Estado - e dos seus governos em especial -
para formular, implementar e avaliar as políticas públicas.
Essas capacidades são os instrumentos para fazer as coisas acontecerem.

Governança é diferente de governabilidade porque esta engloba os aspectos substantivos,


isto é, a decisão política em si. Já aquela (governança) aborda o que é adjetivo, o que dará
possibilidade disso acontecer, do que é instrumental para as decisões virarem realidade, ou
seja, a capacidade de formular, implementar e avaliar políticas públicas que correspondam
às decisões políticas legítimas tomadas por um determinado governo que tenha
governabilidade.

● O termo governança envolve um processo complexo de tomada de decisão


que “antecipa e ultrapassa o governo”.
porque ele precisa estar em contato com a sociedade e criar espaços para que a sociedade possa
conhecer o que acontece e influenciar no que acontece, tomando decisões também. A sociedade deve
participar da formulação, da implementação e da avaliação das políticas públicas.

Fatores envolvidos (Matias Pereira):


• Legitimidade do espaço público em constituição, espaço público onde a sociedade
possa atuar nos caminhos da construção das políticas públicas;
• Repartição do poder entre governantes e governados;
• Processos de negociação e articulação entre os atores sociais;
• Descentralização da autoridade e das atividades ligadas ao ato de governar.

Ou seja, a sociedade pode envolver-se de várias formas nas escolhas, na execução e na avaliação de
políticas públicas.

● O sentido de governança passou a abarcar com frequência crescente a ideia


de coordenação entre agentes e órgãos estatais e entes não governamentais
em geral (Leonardo Secchi).
É a dimensão externa da governança. Esta pode ser entendida como a capacidade interna de ter uma
burocracia qualificada, leis acontecendo, capacidades econômica, técnica e gerencial para formular,
implementar e avaliar políticas públicas. Mas também se entende governança como a articulação entre
o Estado e a sociedade para a realização dessas políticas públicas, partindo do pressuposto de que o
Estado sozinho não consegue fazer e precisa da ajuda da sociedade. Podem ser formadas redes de
políticas públicas, parcerias público-privadas e outras formas de coordenação entre Estado e
sociedade, ou seja, entre atores governamentais e sociais para realizar políticas públicas. Uma rede de
política pública pode ter União, estados e municípios, mas também pode ter imprensa, associações,
sindicatos, movimentos sociais, profissionais liberais, empresas, todos articulados para a realização de
políticas públicas. Isso também é entendido como governança.

ATENÇÃO!!!
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A prova poderá cobrar o conceito completo de governança ou cada uma dessas partes, e ambas
estarão corretas. Se a questão abordar que governança é a capacidade de coordenação entre Estado
e sociedade ou entre atores governamentais e atores sociais, estará correto.

● um padrão horizontal de relacionamento entre atores públicos e privados,


atuando de forma articulada para a formulação e a gestão de políticas públicas
(Leonardo Secchi).
Esse padrão é horizontal porque não existe hierarquia numa rede, uma vez que os atores estão lado a
lado.

● O conceito abre espaço para a ação coordenada entre setores estatais e não
estatais desde a definição das prioridades públicas até a execução e avaliação
das políticas (Leonardo Secchi).

● Assim, parte-se do reconhecimento de que tanto a LEGITIMIDADE quanto a


EFETIVIDADE da atuação pública dependem dessa integração de esferas
estatais e particulares…

● … o que pode ser realizado de diversas maneiras, incluindo REDES DE


POLÍTICAS PÚBLICAS e PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS.
Ou seja, formas de coordenar a ação do Estado com a ação da sociedade civil.

ATENÇÃO!!!
Algumas questões de prova recentes associaram a palavra legitimidade à ideia de governança.
A legitimidade para o exercício do poder político é uma condição central da governabilidade.
Mas a legitimidade de um governo também tem relação com a governança, porque só um poder
legítimo consegue fazer parcerias, contar com a sociedade. Há uma relação entre os conceitos, por
isso algumas questões de prova estão cobrando isso.

A governança, entendida como regras do jogo e arranjos institucionais que dão


sustentação à cooperação, à coordenação e à negociação, pouco se relaciona à
implementação das políticas públicas, ao contrário da formulação das políticas
públicas, que está fortemente imbricada com tal conceito. ERRADO
Governança diz respeito à capacidade de um governo para formular, implementar e avaliar políticas públicas,
isto é, fazer as políticas públicas acontecerem, deste modo, a governança relaciona-se às três etapas.
A governabilidade diz respeito a saber lidar com os diferentes conflitos de interesses existentes na sociedade,
com as diferentes visões de mundo dos grupos sociais, e dar um determinado rumo que seja considerado
legítimo por essa mesma sociedade. Isso não quer dizer que todo mundo precise concordar com o governo para
ele ser legítimo. Se ele foi eleito democraticamente, e exerce o seu poder de acordo com a legislação, ele terá
legitimidade. Isso está dentro do conceito de governabilidade, as relações que ele vai fazer com o Congresso
para permitir isso acontecer com os grandes atores sociais e atores políticos, mas ainda dentro desse campo do
exercício da autoridade política, de tomar as decisões políticas.
Após as decisões políticas serem tomadas, elas precisam ser retiradas do papel, aí entra o conceito de
governança, que envolve a capacidade interna, essa capacidade da burocracia qualificada, da capacidade
técnica, gerencial e econômica de fazer as coisas acontecerem. Como o governo não consegue fazer isso
sozinho, vem o outro aspecto da governança, que é a capacidade externa de se articular com a sociedade e
com atores sociais para formular, implementar e avaliar políticas públicas.
A execução das políticas públicas precisa de uma boa governança.
O conceito de governança relaciona-se à formulação, implementação e avaliação, ou seja, todas as etapas do
ciclo de políticas públicas.
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EVOLUÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA - REFORMAS ADMINISTRATIVAS


A Reforma Gerencial de 1995, do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, trazia quatro grandes
objetivos gerais, e um desses objetivos era aumentar a governança do Estado. Já havia a definição de
governança como a capacidade de pegar as decisões e transformá-las em realidade, e implementar as
condições que a sociedade precisa, demanda de um determinado governo.

ATENÇÃO!!!
Se a questão de prova indagar se a reforma gerencial tinha por objetivo resolver um problema de
governabilidade ou de governança, a resposta é governança. Ou seja, dar capacidade ao Estado para que ele
pudesse formular, implementar e avaliar políticas públicas em benefício da sociedade, visando a promoção do
desenvolvimento social e econômico.

O conceito de governabilidade, percebe-se, olhando para a sociedade e notando a diversidade existente no


âmbito das sociedades modernas, em geral, diferentes atores políticos, que têm diferentes interesses em
políticas públicas, cada grupo, tendo suas preferências, visões de mundo, interesses, pontos de vista,
necessidades,e características diferentes e próprias, irão disputar, dentro da arena política, por meio do
processo político, no âmbito das instituições políticas, um caminho a ser seguido, orientando, assim,
determinadas políticas públicas.
Assim, apesar disso tudo, o governo precisa dar um rumo para o que seja, um país ou um município, por
exemplo, tendo autoridade política, optando por uma alternativa que, possivelmente, agrade, se não a todos, à
maioria, transformando essa decisão política em válida para toda a sociedade. Isso vai depender da capacidade
de articulação política do governo em questão com os partidos e atores políticos, e representantes eleitos dessa
sociedade, que estão no Parlamento. Desse modo, um governo tem governabilidade porque tem legitimidade,
legitimidade essa que parte do povo e permite ao governo exercer plenamente sua autoridade em tomar
decisões políticas que sejam consideradas legítimas.
No entanto, para governar, isso não é suficiente, de modo que é possível possuir governabilidade, porém não
governança, que é a outra capacidade governativa fundamental a esse equilíbrio, por isso precisa ter as duas se
quiser governar. precisa ter condições legítimas para exercer a autoridade política, mas também precisa ter
capacidade de fazer essas decisões se transformarem em realidade no mundo, para as pessoas, vai desenhar
as decisões políticas em políticas públicas, vai formular, implementar e avaliar, e continuamente vai gerir
políticas públicas que permitam ao Estado atender as demandas da sociedade, entregar os serviços públicos e o
desenvolvimento econômico e social, administrar os recursos públicos para promover o desenvolvimento.
Nesse equilíbrio a autoridade para executar encontra a força e possibilidade de realização, trazendo essas
decisões para a realidade material de forma concreta, por meio da implementação, por exemplo, de políticas
públicas. Por esses motivos é importante refletir acerca da história dos aspectos instrumentais.

Quando se fala em governança pública, se fala também do conceito de governança


aplicado a organizações públicas.

Governança possui, também, uma dimensão externa, e não apenas interna (capacidade
econômica, técnica e administrativa). Essa noção tomou força com a emergência das
Reformas Gerenciais, por volta dos anos 80, fim dos anos 70. Exala disso a compreensão
de que o Estado, em si, não basta para gerenciar absolutamente tudo e atender a todas as
necessidades sociais sozinho, de modo que firma parcerias com a própria sociedade, em
uma articulação externa, com atores da sociedade e entidades não governamentais na
execução de políticas públicas, sendo esse também um formato de governança, dividindo
essas obrigações e envolvendo nesse processo a própria sociedade.
O Estado se socorre da sociedade para que em conjunto realizem políticas públicas. E terão
os mecanismos das parcerias público-privadas, os acordos feitos com organizações sociais
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

ou organização civil de uma forma geral, com atores não governamentais, articulações com
imprensas, sindicatos, com movimentos sociais para que possa formular e implementar e
avaliar políticas públicas.

O termo governança pode ser entendido como:


a. conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais
a prestarem contas dos resultados de suas ações, garantindo-se maior transparência
e a exposição das políticas públicas.
Prestação de contas e o sentido geral de accountability estão ligados e sustentam a boa governança num lugar
democrático, mas o conceito de governança não pode ser restringido à noção de accountability, de modo que é
esse é apenas uma das características da governança.

b. a forma com que os recursos econômicos e sociais de um país são gerenciados,


com vistas a promover o desenvolvimento.
De acordo com o Banco Mundial, a forma como os recursos econômicos e socais são administrados, quando
tendo em vista o desenvolvimento, é considerado uma das definições de governança.

c. as condições do exercício da autoridade política.


O exercício da autoridade política advém da legitimidade perante o povo e o sistema político, e assim
“governabilidade”.

d. um conceito que está relacionado estreitamente ao universo político-administrativo


anglo-saxão.
Boa parte dos textos associam a noção destacada à de accountability, não sendo, necessariamente, atrelada à
ideia de governança.

e. o reconhecimento que tem uma ordem política.


Tal ideia se aproxima ao conceito de governabilidade.

GOVERNANÇA PÚBLICA
● Caracterizada pelos aspectos adjetivos ou instrumentais da governabilidade,
ou seja: dadas determinadas condições de exercício legítimo do poder político
pelo Estado, a capacidade financeira, técnica e gerencial deste último - e dos
seus governos em especial - de formular, implementar e avaliar as políticas
públicas.
A governabilidade, dentro da perspectiva apresentada, seria, então, os aspectos substantivos ou
materiais, a decisão política, em si. A governança estaria, assim, para os aspectos adjetivos ou
instrumentais, ou seja, as condições instrumentais necessárias para tornar uma decisão tomada
legitimamente pelo poder político e transformá-la em realidade.
Chegando-se assim, mais uma vez, à conclusão de que a capacidade interna, mais a externa de
formular, implementar e avaliar políticas públicas para promover o desenvolvimento e levar serviços
públicos e atender a demandas da sociedade
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

GOVERNAR
Realizar escolhas em nome da sociedade e executar as decisões e as políticas públicas
Para que o mencionado acima possa ocorrer, é necessário um conjunto de meios, de instrumentos para tal.
Para governar são necessárias ambas as intituladas “capacidades governativas” mencionadas acima, a
governabilidade e a governança. Pode-se observar uma sem a outra em alguns momentos, mas um governo
carece de ambas para se sustentar e governar, ir adiante.

GOVERNANÇA CORPORATIVA
E a Governança Corporativa?
É possível pensar o conceito de governança dentro de organizações públicas. Para tal,
lança-se mão de conceitos advindos da iniciativa privada, configurando, assim, a ideia de
“governança corporativa”.
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TEORIA DE AGÊNCIA
define que sempre que alguém é contratado para atuar em nome de outrem, estabelece-se
uma relação agente-principal, e que nessa relação o principal contrata o agente, que
executa um conjunto de ações para atender ao interesse do principal.
No entanto, cada um dos elementos dessa relação possui, nisso, interesses próprios, que
nem sempre estão alinhados entre si, podendo haver conflitos de interesses, havendo
casos que, a depender da configuração de conflitos dos interesses envolvidos na dinâmica,
o agente passa a atuar em defesa do seu próprio interesse, mesmo estando em desacordo
com o interesse primordial do principal, deixando-o à distância.
A noção da assimetria de informações consiste em crer que o agente, em regra, possui
mais conhecimento acerca da realidade do caso que o principal, podendo usar isso a seu
favor na defesa de seus interesses em detrimento dos interesses do principal.
Assim, somando conflito de interesse entre as partes destacadas à assimetria de
informações enfrentamos um “problema de agência”. Assim, os esforços das
organizações de organizam em torno da necessidade de construir uma governança
corporativa que minimize os conflitos de interesses e a assimetria de informações, para
combater, assim, o problema de agência.

2021/FGV - Ao eleger representantes por meio do voto, a população espera que eles
promovam políticas que sirvam ao interesse da sociedade. No decorrer dos
respectivos mandatos, no entanto, nem sempre esses representantes cumprem com
o prometido, buscando muitas vezes maximizar os interesses pessoais em
detrimento dos sociais. Com base na literatura sobre governança pública, apresenta
esse desalinhamento como Conflito de agência.
Conflito de agência: divergência entre o agente (representantes) e o principal (povo)

Accountability: dever de prestar contas

Problema dos feixes de contrato: problema na segurança institucional que permitiria a organização dos fatores
de produção e a redução dos custos de transação

Externalidades positivas: acontecimentos positivos

Free-riders: interessados

A governança corporativa entra em cena na intenção de alinhar/minimizar os possíveis


interesses divergentes e diminuir a assimetria de informações, fazendo com que os
gestores/agentes atuem na mesma direção dos proprietários/principais, combatendo assim
o problema de agência, que o proprietário conheça melhor as informações e se estão sendo
tomadas de forma correta pelo agente, adequada para atender os seus interesses.
Os agentes atuam da mesma forma que o proprietário gostaria.
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CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

● Está relacionada à gestão de uma organização, sua relação com os acionistas


(os shareholders) e com as demais partes interessadas (os stakeholders).

● O conceito baseia-se em mecanismos de solução para o conflito de agência,


que decorre da assimetria de informações e de conflito de interesses entre os
atores.

● A GOVERNANÇA CORPORATIVA consiste em um conjunto de instituições,


regulamentos e padrões culturais, que normatiza a relação entre as
administrações das organizações e os acionistas e demais grupos aos quais
os administradores devem prestar contas.
Embora tal conceito seja aplicado ao ambiente corporativo, não se resume a ele, podendo
ser aplicado ao ambiente público, a sociedade ocupando o lugar de “principal” e as
organizações de “agentes”, sendo a minimização do conflito de agência também o objetivo.
Essa aplicação da governança corporativa à pública é muito plausível.

Setor Público e Setor Privado


“A governança nas organizações públicas e privadas apresenta significativas
similitudes. Levando-se em consideração que o setor público e o privado
possuem focos específicos (diferentes), observa-se que são comuns entre eles:
as questões que envolvem a separação entre propriedade e gestão,
responsável pela geração dos problemas de agência; os instrumentos
definidores de responsabilidades e poder (que estão na mão do administrador); o
acompanhamento e o incentivo na execução das políticas e objetivos
definidos; entre outros.”

“Verifica-se, em um sentido amplo, que os princípios básicos que norteiam os


rumos dos segmentos dos setores privado e público são idênticos”
- transparência
- equidade
- cumprimento das leis
- prestação de contas (accountability)
- conduta ética
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São os princípios norteadores que irão preencher tanto os requisitos da governança pública quanto da
corporativa, sendo “o mesmo” em nível de fundamental, sendo as execuções, porém, bastante
distintas. Princípios que busquem minimizar o mencionado conflito de agência, tentar ter um
alinhamento de interesses e diminuir a assimetria de informações.

Princípios (IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) TEPR


- Transparência: “mais do que obrigação, é desejo de informar para gerar
um clima de confiança interna e externamente à organização.”
- Equidade: “não só entre sócios de capital, mas também com todas as
partes interessadas.”
- Prestação de Contas: “quem recebe um mandato tem o dever de prestar
contas de seus atos, escolhas e ser responsabilizado.”
- Responsabilidade Corporativa: “considerações de ordem social e
ambiental.”

BENEFÍCIOS para o Setor Público:


● Aumento do valor público para a sociedade, conforme as necessidades dos
cidadãos.
aumentam as chances de atender as demandas da sociedade.
● Aperfeiçoamento do desempenho das entidades públicas.
● Atração de investimentos e capital a custos mais baixos.
Os investidores colocam dinheiro no país onde existam uma boa governança.
● Criação de condições para que serviços públicos de qualidade sejam
oferecidos à sociedade de forma permanente.
ter mais eficiência, mais efetividade em atender as necessidades da sociedade.

As eleições e o voto são mecanismos de accountability horizontal.


As eleições e votos são mecanismos de accountability vertical, de baixo para cima.
O accountability horizontal ocorre entre órgãos e atores que estejam no mesmo nível, sendo um exemplo disso
os três Poderes, os controles mútuos que existem entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, eles
exercem “freios e contrapesos”.

Uma alta demanda social por accountability afeta, negativamente, a capacidade de


governança.
Accountability é um dos pilares da boa governança.

Sem legitimidade, não há como se falar em governabilidade.


A legitimidade também importa na governança, mas é fundamental e essencial na governabilidade.
Um governo sem legitimidade não tem autoridade política e portanto não tem governabilidade e perde as
condições de governar.

Instâncias responsáveis pela fiscalização das prestações de contas contribuem para


o desempenho da accountability vertical.
Quem fiscaliza a prestação de contas, tipicamente, são os tribunais de contas, que fazem parte da
accountability horizontal.

Uma boa governabilidade garante uma boa governança.


Uma capacidade governamental não garante, por si só, a outra, podem até, em algum momento, operarem
sozinha, mas são ambas igualmente necessárias para que seja possível governar.

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