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Primeira fase:
Designação: decadentista
Características:
Tédio 2ºfase
Enfado
1ºfase
Cansaço
Segunda fase:
Características:
Estilo enérgico
Designação: intimista/pessimista/abúlica
Características:
Incapacidade de realização
A exaltação da vida moderna é a verdadeira matéria épica deste heterónimo. Neste sentido,
elogia/canta o cosmopolitismo e exalta euforicamente a máquina, a força, a velocidade, a
agressividade e o excesso, entregando-se numa histeria de sensações. Assim, o arrebatamento
(êxtase) do canto faz-se através de poemas extensos, com versos livres e longos, num estilo
esfuziante e torrencial, num ritmo alucinante, como forma de cantar a grandiosidade da
matéria épica.
Caeiro é o seu mestre, mas Campos é “o filho indisciplina das sensações “. Ora, depois de se
entregar à histeria das sensações, parecendo esgotar-se e cai numa apatia melancólica e
abulia, numa profundo reflexão existencial. Neste sentido, revela uma acentuada consciência
de si mesmo. A solidão, a abulia e o cansaço tomam conta do heterónimo, aproximando-o do
seu criador (Pessoa) na dor de pensar e na nostalgia da infância perdida.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
Bailando no mar!
De facto, a linguagem do sujeito poético com o decorrer do poema vai perdendo o fôlego, pois
inicia-o com lembranças da sua infância, mas efetivamente muda a sua postura passando para
o presente. Assim, os quatro primeiros versos transportam o sujeito poético para o passado, a
sua infância, onde acaba por se recordar das suas lembranças. Contudo, no verso 13 o “eu” faz
a mesma citação, mas com um significado distinto, despertando a sua dor resultante da
consciência da irrecuperabilidade do passado.
A partir do verso 11 o “eu” entra numa fase metafísica, ou seja, entra numa fase em que
começa efetivamente a pensar. Porém, o verso 12 (“Meu Deus, que fiz eu da vida?”) tem
presente uma interrogação, que desperta no sujeito poético um momento de reflexão, sendo
através desta questionação que Álvaro de Campos se aproxima dos seus leitores. Esta
insistência constante dele traduz-se numa forte dor, o que nos distancia da fase futurista
presente nos grandes poemas cheios de vida e vitalidade.
Em suma, o heterónimo de Fernando Pessoa divide a sua poesia em 3 fases, estando presente
neste poema a fase abúlica.
Correção:
O poema “Que noite serena!” ilustra claramente uma fase poética de Álvaro de Campos (que se
afasta do amplo fôlego) que se afasta da “Ode Triunfal”, exemplo do cantar laudatório do
triunfo da máquina, numa perspetiva futurista e sensacionista.
Concluindo, Campos, doente do vício de pensar, como o seu criador Fernando Pessoa,
intelectualiza as vivências experimentadas e revela, então, um profundo abatimento,
desencanto e cansaço em relação à vida.