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Origem
As Boas Práticas de Fabricação
(BPF), em língua portuguesa, cor-
respondem às Good Manufacturing
Practices (GMP), da Food & Drug
Administration (FDA) e da Organi-
zação Mundial da Saúde (OMS).
A primeira edição das GMP da
FDA foi editada em 1963 e a da
OMS em 1967. Desde então, as em-
presas industriais farmacêuticas do
mundo ocidental passaram a con-
viver com periódicas atualizações
e freqüentes aperfeiçoamentos no
processo de verificação do cumpri-
mento destes regulamentos.
As GMP/BPF estabelecem
obrigações que devem ser atendi-
das pelas empresas produtoras de
medicamentos, no pressuposto que
saibam como e por que cumpri-las.
Por isso, a leitura de um texto, por
um leigo, tem o sentido de uma
cartilha do tipo “bom senso” ou de
“boas maneiras”. A leitura de ques-
tionários utilizados em auditoria
ou inspeção e os resultados apon-
tados revelam complexidade ainda
maior, pois somente profissionais
com elevado grau de conhecimento
entendem o pressuposto dos ques-
tionários e o conteúdo implícito dos
resultados apontados.
Nos primórdios das GMP/BPF, o
conceito das mesmas estava muito
próximo de recomendações empí-
Os primórdios da harmonização
Nas últimas cinco décadas o mundo ocidental está em acelerado e am-
plo processo de harmonização regulatória aplicado à indústria farmacêutica.
A OMS constitui a base dos processos de harmonização da legislação
e regulamentos para a medicina, a farmácia e a saúde pública. Desde sua
criação em 1948, inúmeras atividades foram e estão sendo desenvolvidas
pela OMS no sentido de alcançar o máximo grau possível de saúde para
todos os povos. Essas atividades são desenvolvidas por comitês asses-
sores que contam com especialistas em assuntos sanitários de inúmeras
categorias profissionais, de todos os continentes, cobrindo, predominante-
mente, assuntos científicos e técnicos.
O marco de referência do processo de harmonização em blocos eco-
nômicos está na formação da Comunidade Econômica Européia (CEE),
criada em 1957. Desta surge o primeiro ato, considerado referência em
nossos dias. Trata-se da Diretriz EEC 65/65 de 26 de Janeiro de 1965, que
estabeleceu os critérios básicos de harmonização para os países membros
da CEE no setor industrial farmacêutico.
O processo mundial de harmonização regulatória é decorrência direta
Legislação
como resultado de avanços terapêuticos e de desen- são convidados a nomear observadores para atender aos
volvimento de novas tecnologias para a fabricação Grupos de Trabalho (GT). Os GT se reunem duas vezes
de produtos medicinais; por ano, na mesma semana e no mesmo local da reunião
• Facilitar a adoção de pesquisas técnicas aperfeiçoa- da Comissão Diretora.
das e desenvolvimentos atualizados ou substituição As autoridades das farmacopéias, as indústrias de
de práticas atuais, que possibilitem o uso mais eco- medicamentos de venda livre e de genéricos são tam-
nômico dos recursos materiais, animais e humano, bém convidadas para enviar representantes a alguns dos
sem comprometer a segurança; GT, muito especialmente de tópicos de qualidade.
• Facilitar a disseminação e a comunicação da in- A missão do Grupo de Cooperação Global (GCG) é
formação sobre diretivas harmonizadas e seu uso tornar disponíveis as informações da ICH a qualquer país
para encorajar a implementação e a integração de ou indústria. O GCG foi criado em março de 1999, consti-
padrões comuns. tuído por um representante de cada membro da Comissão
A Comissão Diretora da ICH é composta de 14 Diretora, um da IFPMA, um da OMS e um do Canadá.
membros, sendo dois de cada membro fundador e dois O princípio utilizado no trabalho da ICH inclui o
da IFPMA. Ela se reúne, no mínimo, duas vezes por desenvolvimento do consenso científico, amplo procedi-
ano e a coordenação é rotativa, de acordo com o local mento de consulta do documento em fase de harmonização
onde ocorre a reunião. e compromisso de internalizá-lo após a harmonização.
Para cada um dos tópicos técnicos que for selecio- Os tópicos selecionados para harmonização são
nado para harmonização, a Comissão Diretora designa distribuídos em quatro grupos, a saber:
um Grupo de Trabalho de Especialistas (EWG) para • Qualidade - desenvolvimento farmacêutico e
revisar as diferenças em exigências entre as três regiões especificações;
e desenvolver um consenso exigido para conciliar estas • Eficácia - programas de testes clínicos e monitora-
diferenças. Cada uma das seis partes nomeia dois espe- mento da segurança em seres humanos;
cialistas, sendo que um destes é designado relator e atua • Segurança - avaliação da toxicidade pré-clínica e
como chairperson. A OMS, o Canadá e a EFTA também estudos relacionados;