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Mee one ieki oe 4 Fear eee fepals de Santo Agostinho—que a empreza andacigsa Temerdria, pela qual Satan se atreveu a atentar contra Pessoa do Filho de Deus, rompeu-Ihe o poder « liberta fi da sua secravidéo—o que esta de achrdo com dl Gizeres de Sio Paulo, quando nos diz que Jenis Crise jaitneelando 0 escrito, de. dfvida que era contra bah ;Mciramente o removeu, cravando-o na Cruz ¢ despojande © principados. e° potestades das trevas, reduen eaptiveiro ao pé do mesmo patibulo (2), Portanto, assim como-no deserto, aos Hebreus, para fe livrarem das pleadas dos répteis venenosos, bastara thes Farge olhos para w serpente de bronse; assim tam Tara 8 preservarem das. violéneias da serpe infernal @ Gaminé-las, basta-thes aos cristios contempiat a Cras de Salvador @ invoear on merecimentos de sua Paizo, ()p Meios’ de Perfeic&io MEIOS INTERNOS PRIMEIRO MEIO © desejo da perfeigio Bente dn dieon mo, — Mees intr. — Fema: FS «pelos 8 anda tr a perein, Bm! groprannte di. Nd pein ahem hn Thom ser scbrendeerl, —— predominant, progrestivo. — Mancira-de exit rms Quantum ovten dbaccuniem dsendi os a potetate daa Went, quanta top Quantum sero cd tertiom, pai Cio oe anti in pastone Chet easeat ni Betetatis wt tradta a Deo, wachinanto iy Seria tea Aaj Michal mertun mera cun ewe sbuue posal Poor sel at te Me 9 ca) Pate OMe ees oa deaa Bilt ico Ah agnim morte sen, a ena BF tow fst ett dctoree un tecbat ioe Seen {nam dents em sine al Sec boca gmt 4 49 a. 2. a 2) Peles gd adeevom vot srl chcoprapbum dere quo ercentrara Mabe iran tit de me pt te aa 4 capelint pinipatu ot potnaten ees tL 4m 2) Patent Movscs ecattovit serpentem ia dererto, ita eoattar leportet Pitium hominis. — Foun. 1m, te = asd wlll setnince a yattocio « in ge I oe ceortee feos » fore oo Comet cabal! i ‘Asses meios so internos ou externe: sie © primeiros com o movimento da = que se dri Be cgarte ree: Or aeanle aa tee : ce trinsecos, que Ihe podem servir para esta Sage consideraremos os me onan oon va Bi real italy baad hea es eae fates ‘ Se Isao onaa caenies patente See Sirf psc, ‘mina pm oer ue Taine rn ar En ka ioliarnaste poe cio @ ae Bere cant ons pera wiro. désses 4 MELos DE PrRrergio 3. — Denejar a perfeiedo 6 absolutamente neces 4 quem pretendle consegut-la: é a preparagao e eomo'q # preliiio da ascensfo da alma Deus. Bastardo para Aemonstrar, algumas reflexdes, “A. vide” intelra do bom. eristio diz’ Santa Agostinho (")—nio é mais do que. um santo deseo Faeseio daguilo que nao tom © que nao lobrign winds a FP Visio que, lograda, the colmari todos os voton.” 0 que do eéa diz 0 santo dontor; também se aplica & pesfeitae compativel com a vide presente: sé nos & possival cones Fla, na proporeio em que a desejamos A perfeigho, 34 0 deixamos dito, ¢ obra de-vontade de caridade, Ora, ninguém quer e'ninguésn ama sendy Aquilo que dese), O deseio & pois, inseparével, da perfeigt, Nio desejar a perfcicio 6 polo. conseguinte, nla ueréta e nada empreender para a édmseguin, deseié-la Pouen, € queréla pouco ¢ para ela encamiuhar-se'cony Ivfoléucin; desejé-ta ardentemente, 6 queréla com andor ¢ nela empenhar-se devéras. “Uma earidade maior —| assevera Santo Tomaz (!)—é indivio de mais veemente Aso, ea gem 0 possue, confere tal desejo aprilio « disposiedo para receber aquilo Por que suspira.” A eonelusin ¢ que devemos ardentemente desgjar a perleiglo, se a quisermos plenamente realizar Dii-se com anseio da alma pela vida. perfeita, @ tuesmo qué@se dé con a fam® corporal (°), apenas com @ Aiferenga que esta diminue e se aquieta com a ingesthe 1) Qula modo widere now potestis,offiiwm vestrum in ded Aerio ait, Tota vita christian toni satctum destderiin wat Goad Guten dcslderas, wondum vider, st cum’ conerit quot sideag Anplearts. — Tract. 4 in Joanne 0. 2) Udi eat majus charitea, Ibi at. majue desideriuut ct deat) artim qvedanemedo fact desiderantem” sptum ot purston ad *asceptioneas desidratl.~ Sum, 1? Po 18s te 6 eRefsicnt fance in corpore, we’ dealdcriem in mente 8, 1U6%t48, In Maly e011. : eum weio: © DESEO pa PuKretoho Le ne eerste cee vies fame dan cous divas vai eovendo 0a ask spacidades mais amplas (*), que sempre mais reelaram. 7 Bemaventurados os que tém fome e séde de justica, = porque serfio saciados (*).” : . Primeiro, porque tal desejo é oragéo, ¢ esta, como precisa de f6rmulas: basta-lhe ver o movimento do an tradit délderum, deter Ye Deve. difforendo : etendit imum, etendento factt enpacem. Desieremus 70, tre, gata tmptendh Sous. AbOUET Troe. 4 te Joma. #6 ) eat qu esi tet jut, quont Spat nara usiar/—dtatth v6 3) Hee et wea’ nostra at deeierendo.eserecamr. Tastuns in. nds_exeect sanctum deaiteriim; quantum deidera:wattra Putaverimas ah amore necll-—-8, AUGUST, Tract, 4 fm Joanne “a primeiro nos amma, com eter: 0s nossos desejos e provoca no é, portanto, senio volver © iniciar, destarte, o exerefe Esensado insistir sibre identidade que ha entre segnindo 0 impulso is. vibra sei0, para falar com pn mais 4 parte superior do qu 1) Ta aharitate 2) Abies sapientin interdum concupiscentia ae Foomden, et pov ceca Gro le redendente ty pen pbetitom experiance Bet (Ps, #9, 8) deter: Cor i Deum van. Deidre wap 200 volun wa bafortorne specie im importa aiguan contrat Picenta, sed simplices nonin a 0 dese} perfeicio; indiquemos, antes, obra, mutuamente se eorrespondam. Sabedoria¢ dos demais bens epi Aontor (3) — tun fa sear 9 so Foren, Le arate perpeta tien eden attra te mierang = inate propter Mforion appetitua sua: mode tendat ta mpriaats bares amie cw corpus spiritual dese am tes exararunt Pevtinere potest, propre Toguenda, mem in eoncupiscent weul tone. cen ed in in rem desideratam Sym, 1.8 PrEretcio © UrSEIO UA. veRPEIGKo 18 w eatilade ()yantecipando nido-os, Desejar a perfeiggo, -se para Deus afim de aml io da. perteigio, / 85 relagies © mesmo sébre @ fo da perBeigho ¢ & propria as qualidedes que’ requer oucordaneia entre os dois elementos do homem, que mero ovimento da vontade na direcdo do objeto desejado.” 6.—Piste movimento da vontade, carateristico do sejo, deve possuit® outras qualidades, para levar & feigio, _ Em primeiro Ingar, 6 preciso que seje sobrenatiral, = produzido pela graca divina e determinado por algum tivo eolhido da fé. A perfeigho ¢ obra que nao pode omem realizar com suas proprias férgas ¢ reqner, ortanto, a intervengio do Espirito Santo, Ora, o homem § tem parte nas operagées sobrenaturais, quando o mével sen ato é da ordem da fé. Sob és duplo aspeto, 0 aténtieo, sincero e eficaz desejo da perfeigio, ultrapassa esforgo e as enengias da uaturera. 7.—Em segundo lugar, deve ser predominante, erir qualquer. cousa & perfeigho, @ renunciar 4 rfeigio; gomo preferir_a Deus qualquer eriatura 6 enuneiar & Deus ('). #0 prineipal empenho que, no vangelho, inculea Nosso Senhor:Buseai primeframente reino de Deus ¢ a sna justiga, tudo o mais vos send. sreseentado (*), Be i Ho é contuso, necesséri que tal predomindneta sia sensivel: € bastante. seja efetiva, i. 6 que nada, em sa. estima ¢ em nossas decisies, prevalega sbbre 0 desejo ‘perfeieio. 8. — Por tiltimo, 6 mistailiséja constante e progressivo desejo. A perfeiglio~ consinte no esfOrgo de se neaminhar para Deus ¢ tender para a caridade con- mada, Interromper ou Iimitar ésse movimento, € ontradizer & propria nogio de perfeigio. Mus nio pode yver mma impulso uenhum, a nfo ser para o que se le soja sensivel: basta que” adeiro ¢ eficax trabalho da com as emogies da sensic do homem. “O-apetite da rituals — diz o Angélien de conenpisetneia, ji iiorum spirituativns bonoram ‘militate ‘anpctitus sperioris partie et in eptritnate bonum consequone ‘ed etiam ud euperistem, Nom TY GUILON?, Max. epira max. 1¥, ¢. 1, que tins este titulo morte le todgs 08 dcsajoe #necessdrid para conseguir a perfeledo 2) Quarife ergo primum repmam. Del.. et hac omnia adi yr sabi, Mateh, vt, 33. a 4 8 DE PRurnigho Parece ter querido o Salvador inculear-nos a neces fille do conhecimento préprio, antes-de dar inicio & bra da perfeicéo, no tépico do Evangelho em que, depois ‘de exortar & rentineia total, aduz 0 sfmile do homem que, esejando editiear, examina primeiro os recursos dispo, niveis; eo do rei que, tenteionando mover guerra, eonta Previamente of seus soldadas e se informa das fozgas do inimigo (°) 3.—Convém insistir preeipuamente sdbré a neces: sidadedo préprio exame para @ pritiea da rentineia que € insepardvel da perfeicdo, consoante a palavra de Noway Senhor: “Se alguém quer vir apés mim, negue-se a si mesmo ().” Como negarse, quando falta o previo, conhecimento de si mesmo? © méximo obstieulo & perfeigho & salvagio—jé o, issemos —é a coneupiseneia, que nos leva de continue! Para as complacéncias do orgulho para os prazeves Sensudis, incessantemente provoesda pelo espetdetilo mundano e pelas obsessies diabolicas. Como eonjurar 6 refrear esas perversas.inclinagées, sem a atenta @ coustante observagio de si mesmo? Por isto, de mode expresso, nos inewlea .o divino Mestre a vigildneia e a ‘oracdo: vigilaneia—para descobrir 0 perigo; oragio Para obter a graca de evité-lo. pee 4. — Por iiltime, enearado 0. assunto por seu Indo egativo, quem ignora sera falta de reflexto « atengag sobre os movimentos. internos, uma das. mais eopiosag Tontes de pevado? A esta causa atribuia Jeremine as ruinas que enchem de tristeza a terra (®). Por las 9 Gue primeiro faz 0 pevador que volta pura Deus 1) Tie. 21, 98 a, 8) Si cute ante post me tenire, Mavtn. eer, 24, 3) Desolations desolate cat omnis terra, qiiligalive cat Gull recogitet corde, — Jer, xxit, 11, 5 - a abncget semetipeut, ete ma a perfeicdo, Sauta Teresa tenha feito do eouhes mento proprio a prinleira estancia do seu Castelo da ma (*)? —Como ji frisimos a respeito do desejo da vida feita, 0 eonhecimento de si mesmo niio é apenas spensiivel requisito de perfeigio: também é meio ieactssimo para nela progreti. A primeira vantagem que oferece o estudo de si smo & 0 de eonjurar, ov, pelo menos, softer o ineipiente vordico das paixdes. Dé-so oom estas 0 mesmo que se di om 0 fogo}pode-se impedir que pegue, on apagilo mando eonmegou'a pegar; mas, quando 0 inctndio 4 mow valta, hii sempre ruinas. Da mesma forma, ilineia remove as ocasides qne sublevam os maus tintos ¢ aealma-cs quando epenas rumorejam; porém, nando ji desencadeados, & eustoso sujeité-los. 6. —Consiste a segunda vantagem em trazer a alma 4 humildade, 86 tem orgutho quem se nio eonhece, verdade que somos propensos ao mal e incapazes de ro bem ¢ estd cheia de faltas a nossa vida, Bscavando nés mesos € que descobrimos 0 que somos © o que lemos diante de Deus, 7.—A terevira © a mais preciosa vantagem & que, a0 irarmos em més mesmos, ai encontramos a Deus, dadeiro objeto ¢ alvo da’ nossa perfeielo, A s6 vista prépria miséria, apenas conseguiria langar a alma no nimo, A luz divina, porém, descobre, a-par do mal, 0 io, Esai, entdo, de si mesma, para se arrojar ¢ ansar em Deus. Vojanse na LiTACAO, excelen- ente desaritos (*) pelo seu piedoso autor, os beneficios Ty Tove eaten rovorme det, ete. Ise, xe, 17. 2) Cueto de aima, w!.3, ©. 8) Ofrsaoigetuto 9&1 do gro 39 o 6.1268 do vo 39, fssavs00 MEO; 0 coxtzctaro OE st ugsiio 101 Para garantir » nada melhor do que subir até Deus, consideragio da prépria indigéneia e corrupsio, Quay ‘mais vivo e mais profundo horror que tem @ si mest ‘tanto mais foge a alma para Deus o nele s¢ abisma, 8.—A difieuldade de chegar a0 conhecimento de ‘mesmo nfo 6 menor do que a sua importéncia, Prové antes do mais, da predomindneia da sensibilidade, ap6s) peeado. Por causa dessa tirania, vé-se 0 homem atraf eonstantemente para fora, solicitade e entretido p corpéreo. Torna-se penosa a reflexio sObre os pensar € movimentos fntimos e eessa com o esfOrgo que det 9.—A_ propria complexidade dos” atos inter agrava a dificuldade. Surgem, a eada memento, peri mentos ¢ aspiragdes miiltiplas, que nos eompelem ps diferentes rumos. Impossivel seguir o rasto de cada destas intimas evolugdes, como nfo hé quem pg seompanhando ‘um e6rrezo ao longo das mont esquisar os mil filetes digua que lhe yao abastecend curs; ow, com simile ainda mais apropriado, retr ‘nos ares os volteios deseritos pola asa do passaro, Além da espontaneidade, que se antecipa & razio, movimentos da alma oferecem anomalias ¢ como q ineessantes contradigies, que fazem de nés um enigny lum mistério para més mesmos. Hi em todos n6s 0s 4 homens de Sio Paulo, um dos quais aspira ao bem ¢ oi 40 mal; e éste iltimo, o mau bomem, para o qual os tem importéncia minima, con-tanto-que logre os fit assume, quando o reputa conveniente, as aparéneias homem bom e destarte, vemo-nos eonstrangidas a exel com Job, nas suas angiistias: “Por que me puseste tropigo ‘E nem é bastante dizer que temos dois homens dentro. nds: multidées dBles & que temos, eonforme af. presses do momento; ¢ uma das noses vergonhas imas é sermos tio Hiconstantes conosco e no lograrmds 6 fando da nossa mobilidade Certamente, se nossos espfritos quisessem reverter bre si mesinos, pelos reflexos e dobras dos sens atos — Slo Franciseo do Sales (*)—meterse-iam em birintos, cuja safda perderiam, sem difvida, e seria folerdyel ateneio pensar quais so os nossos pensa- ntos, eonsiderar as nossas cqnsideracées, ver todas as as vistas espirituais, discernir que estamos diseernindo, ibrar-nos que nos estamos lembrando; seriam enredos eno lograriamos desfazer. Este tratado (da oragio) 6 bis, diffe” mirmente para quem nflo 6 homem de fo.” ‘A obra da perfeiglo nfo difere essencialmente da wrefa da oracio: em ambas, torna-se indispensével 0 mlieeimento interior, ¢ estamos vendo em quantos rodei se complica, 10. —As difiouldades até aqui expostas so involun- is, Outros hé de género diverso, nin menos graves, dependem mais da nossa vontade e procedem da eta tendéncia que temos para nos enganar a nosso prio respeito. As. ilusbes pessoais nfio so a menor das _nossas as. Estamos todos sujeitos a éste singular faseinio je nos esconde f nossa propria vista, No nos eusta eriguar isso nos outros, por mais eegos que sejamos 0, a frequéncia, o espeticulo nos diverte a leviandade, ‘ver de inspirar-nos a seriedade da reflexio, como mister. As ilusdes stio voluntérias ou involuntériaifjconforme pendem ou nf® da vontade, Em ambos os eases, id&ntico 1) Tratado do Amor de Deus, 6, ¢. 1. i, € me toruei pesado a mimi mesmo (*) 1 TD) Quare posvsti me contrdrium Whi, ot factue avn ietipsi gravie! — Job, v1, 20. a a ik 19 M108 gle venratyio stavso ainio: © coxusceimsro br st yeiao 198 4 0 resullado: ficamos sem conhecer-mos. No p1 aso, por néio querermos (+) @ no segundo, por xi Sabermos conhecer-nos (*). Ambas as difieuldades, Poder ¢ do querer, frequentemente se complicain com outra: nio queremos eonhecer-nos, par ser penosa tarefa ¢ ter por efeito constranger-nos; ndo podemos, olf Julgamos nio poder, por ser cousa diffeil, e, nao ra por medo das consequéncias a que gostamon ‘subtrair-nos. Nisto propriamente consiste o estudo de si mesmo. Bate “olhar vigilante e attento exame supéem a quietnde interna, Assim como nada vé 0 dlho corpéreo, em dgna turva & itada, assim também o Otho espiritnal 86 vé, na alma, nquicta, o tumultuoso tempestear das paixbes, mas careee: Ae Inz, para The descobrir eausa ¢ avaliar os efeitos, 12, — Melhor que o esfdrgo humano, a oracéo dé 4 jslma o conheeimento de si mesma. ¥ onipotente a oragdo 6 outrossim 0 eaminho habitual que nos leva mais alto lo que as forcas naturais. Com os raios divinos que faz souvergir sbbre a alma, @ oragio ilumina a fonte de onde 11. —0 menos equivoeo dos testemunhos de: sine ridade é © emprégo dos meios que facilitam & alma estudo de si mesma e que podem reduzinse a stes doiss recolhimento @ oracio. 0 recolhimento habitual 6 indispensivel.a quem q conhecer-se, Consiste em deixar o mundo exterior o del em si mesmo um olhar constante e sossegado. Fazse mister, primeito, retirar-se da multiplicidad que por fora eaptiva, Bate retraimento das cot exteriores reqquer duas condigies: solidio ¢ silencio, se trata, na vide comum, de abstrait-se inteiramente erinturas e sujeitar-se a um siléneio absoluto. Dize tio sdmente, que o trato humeno constitue sério per Para a posse de nds mesmos ¢ que ailo da perteig deve tet por efeito remover ow atenuar ésse perigo, isto © a procura de diversées ruidoeas © conve mundanss, dificilmente se eonciliam com o sosségo di vida interior, que € 0 segundo elemento do verdadel reeolhimento Rotira-se de f6ra a alma para-estar consigo mes interiormente ¢ fixar « atengio sobre os seus movimen fntimos, averiguando de onde procedem e para onde 1) Nothit tntetigere wt bene agerct, — Pal xxx, 4 2) Naw Whi deputatur of culpam quod smvitus ignore ‘tod sealigts querere quod Sonoran. s. AUGUST. Lib. do rb 619. A oragio.garante as demais egndiedes do. eonheci- vento interior. A alma que reza, ‘também é por isso smo, recolhida, vigilante sobre os seus pensamentos iovimentos, ¢ senhora de si, sob o olhar de Deus, Smauspo MkIO: 0 coNmrciaraTO De at 196 MELOS DF PERPEIgTO 197 frit (*). Atemo-nos 4 nomenclatura, que se tornou elissica, dos antigos, completando-a com os dois novos * femperamentos, apontados pela maioria dos modernds — P nervoso ¢ o muscular, 3. —Possuimos todos uma paixio dominente, temos vida préprin e feigdes pessonis, que constitnem a’ nossa individualidade, Imprimimos 0 nosso cunio em tudg © que produzimos: quando perpetramos o mal, e qmasi sempre seguindo uma tendneia, uma {ntime inclinagdo que nos 6 prépria ¢ que dé aos nossos aio tim istintivo geral e como que uma eancela pessoal, elo, esta repetida marea e, por assim dizer, éste eunk impresso na mir parte de nossos atos maus, constiti nosso defeito dominant. Fisicamente, carateriza-se temperamento — dos Inumores linfétices, 6 tardo © frouxo; a ealorificacko, fraca, Gomina as demais fungées; os sentidos Nagnrosos; carecem de vivacidade os movimentos; ® profundo o sono. No fisico, anunciase éste temper mento pela corpuléneia, earnes abundantes ¢, com Frequéncia, mal desbastadas. Pesada © earnosa a mio. O PE ofereee larga base © aguenta caminhadas longa, com- 4. —Seus principios geradores podem reduzirae ‘stes dois: o temperamento e 0 hibito, ‘© temperamento parece resultar dos elementos qu predominam na eonstituigio do oxganismo, No mundo material, os, antigos <6 adiaitiam quatro elementos: gua, ar, terrae fogo— resultantes da combinagdes indies do frio © do bimido (Sirus), d qnente ¢ do liimido (ar), do quente ¢ do séeo (Fogo «lo Frio e do séeo (terra). Na influéucia disses clement deséobriram a razio das compleicées fisieas e das qua idades'a vida. Completando HipSerates, referin Galen ‘is quatro eombinagies os humores do corpo e elusida com maior verosemelhanca os quatro temperamentoss ppredominincia da pituita davia origem ao temperamen Flenmétioo; s do saugue, ao sanguineo; a da bilis, colérieo © a da. atrabilis, ao melancélico (°). Os fistologistas ¢ os fildsofos modernos imagina ‘agrupamentos denominaghes, que nos exeusainos 1) Namerons Fsotogstas o mens repudinn 4 velha el Peso dox quatro temperamcntos atsibuen a inthehe ene Eada lo terme a modification « digpouigis de nett aller, ho elebro no ae. 16, polo mbar e pelas deacberina astimican's fnaigien, didn or tenperamesnn eat Sores eins, ou iienneasia, reultants ns da predenahaos toe criss casculres (aunguttco ou lntitico), da. ates, atrvoge do sistema muscular: « outros de afestes particulars deter, das nas diferentes rogibes. do corpo, ou da Vieposigho de cette Kant 56 reeonhece dois temperamentos, que situa ma alma, dos quis ew lennon crf, pages ay ea ie correspondents ow tempermentos BEG de ea se podem egrupar desta maneira “_ voce: se fener Ge emai ie Binesio Peter, adoriris an Kane eae tear sor Fla prepondntuea on plo quiets rab ok een cecttien's Meant Cie ee ater Bees ier’: prsnoigeaavon ation 1) taxont, (Anthrop. §. 10% 211) di © scquinte qb sindtieo dn elasstiengdo. don setigon Bervado o# dementor Segunda oo bonatee snlmalidade;, Romano, ou, hertico: descnvot Yio enide, (stinea) —Prrurtas Tory, found to e qullibrio perfeitos; Frigio, ou inrte: subsistev equilibeioy Quen geco(linde maduee) Samocs. ‘Temp. sgl onco aceutuado e desenvolvimento: de ambos gp elemeutos, Quests himilo. uvmteds) Bess Temp, callie = USNORL, Anthrop, § 107, ‘Denwa: Frio © boeo, (Yernice) “Avmawiin: ‘Temp. melaneii eS ee ee tanto-que se ande a passos vagarosos, Suporta o frio muito mais que o calor. ‘© rasto chefo, bem provido de sangne, mas sem muito colorido nem expresso, Os eabelos so lisos, eastanhoe fesenros ou einzentos, ’ No moral, 6 calmo o fleumético, sosegaio” @ facilmente satisteito. Nao tem grandes vicios nem grandes virtudes. Gosta da estabilidade e nfo altera facilmente os seus hibitos, 1 paciente, embora ninguém leve em conta a sua pacitncia. Quando se exalta, pervebese que 6 foxo de palha, eedo extinto, 86 qnando 0 levam ao extrémo que se invita ¢ se revolta; torna-se, entdo, terrivel e sua cflera 6 cega¢ cruel. Tambem hi que sem abandonar a impassibilidade, tomam resolugdes extremas e as lovam a cabo com aguele mesmo sangue frio que Thes susteve a paciénela por muito tempo. ae Do ponto de vista intelectual, tem a imaginagio adormeeida, a rerio quasi se néo éruue acima do senso comum e da vida pritica. H insensivel ds espectlagdes ¢ & metafisiea. As invengdes quasi nada Ihe devem. As belas artes, sem The sere totalmente extranhas, nfo escolhen Vigosa € & imaginagio, terno o sentimento, viva ¢ Inteira a sensacdo, f4cil e pronto o espirito, o qual perde, aliis, em profundidade o que em superficie obtém; 9 juizo inspirase mals na sensibilidade que na razio, Quando falta a inteligéneia, vése arrastado o sanguineo ‘somo que por uma torrente. © cariter 6 flexivel e acomodaticio. O édio 6 impressfo passageira, Habitual 6 0 amor, porém varisvel, ineonstante, buscando menos o objeto que o prazer. Da indo ao idolo da paixio; protesta contra o obsticulo que Jhe retarda o prazer on impée trabalho e dor. 1 amével © Brato, mas, no fundo, gosta mais de reeeber que dar. Him Suma: @ volipia—volipia sentimental, yolipia artistien © mais que tudo a volipia carnal é 0 distintivo de semo- Thante temperamento, Os recursos para o bem sio consideréveis, Uma exortagio patética faz derramar ligrimas, Uma censara Aelicada enternece. Suspira-se pelo eéu, teme-se ainda dais o inferno. O que é difieil conseguir € a persoveranga; l@btida, no entanto, a poder de eombates ¢ de preeangoey interiores ¢ exteriores, entre os fleumiticos os seus representantes. Em Ihe © saméio € 4 mortitiasio dos sentidos « a prion faltende « inicligensis, dewky Beimktiee » Iniciar il do amor de Deus, compendiados neste convite do Mestre: = > cretinismo, ESe alguém quer vir apés mim, a si mesmo renuneie, Ads fleumiétiens, itil serd a exortagio do Rvangelho: Parregue todos os dias a sua cruz ¢ siga-me (})." j Piatis:violdsia’o relna Cowal ¥ cae: nworilentee gi aie femberamento colic ou bili, atribulde & ateetaame Predomindncia da bilis, tem como sinais um forte ‘bougo, miisculos vigorosos, yrande atividade ¢ muito —Constitae 0 temperamento sanguineo a pred : poh race n cs tee Dies ori RAGEaen A lor mo conjunto do organism, respiragio profinda, 4 ; mindneia do sangue e a exuberdncia de vide Tmpressionabilidade © calor, agilidade e elegancia movimentos, vigor e justa proporgio dos membros, faces alinhadas © réseas, alhar vivo e caricioso, eabelos louras’ ‘ou eastanios — tais os sinais ordindrios désta compleigio. 2) Regnum catordmeeim patitur, et violenti rapiuns stud, Matth. x1, 12 so frequente e dno, rosto séeo de bem mareados tragos, thos chamejantes, tez amarelada, eabelos pretos quasi apres erespos, fala aspera e imperiosa. Em se lhe © prundo a sade, pende o bilioso para o melancélico on abiliaio. Se ee eae % Marrow oe eke ’ swore sent: a : Lae A perspicdicia e a rapidex de exame, a justera vio ¢ fiinebre véa. Ve tudo preto — como diz.o tulgo! SE aa a seri poesia, mas suas formas dmmétien ou eleginen, ans ra cen aga So a oe orm dni sage flip ergot de iteligencin froquentemente se enconta latisiea desvenda-lhe algumas veres os sens horizontes, nag pessoas dotadas déste temperamento. Ai delag Derdo algo da sun seronidade. ‘eavecerem de espirito © de razio! Sao entao vabecndas, © moral tem seu quinhio de influéncia. Inquietatio, pretensiosas, violentas, insofredveis, eapazes de todos os wonfianga, ciume, viuganga sueedem-se no eoragio do Alesiancos. Erabiliério ¢ 0 couvertem num antecipado. inferno, ‘0 moral, com efeito, ndo 6 menos aeentuado, O autor pende para a solidao ¢ quando nada o softeia nesta ‘tos grandes feitos, 0 ongulho ea ambigao, a eonstincia, ida fatal, para o suiefdio, violencia que rompe os ebsticulos ou a hipocrisia que 0 sobretudo aos melancéticos que Noss Senhor eontorna, a arte de faseinar os homens on dominé-los Bige esta suave exortacio: “Na paciénein possniteis as todo @sse eonjunto de qnalidades © defeitos, fazem dos sas amas) Diliosos benfeitores ov flagelos du humanidade. 9. lpeactenta netvad te ohigsid sa ioe Para se refrearem ou se renunciarem, devem itavio do sistema neryoso. Manifestase exteriormente ‘as pigadas de Quem disse: “Aprendei de mim que magreza dos membros ¢ pela saliéneia dos mtiseulos ‘manso e hnmilde de eoracéo () - ae das veins. Sica e descornda a pele. O pulso intermitente, ‘8. — O temperamento melaneélico ou attabilidrio Cy Mito is menores variagies da temperatura e @ todas aa —dois termos que tém idéntieo sentido — parece devidd bcdes da alma, Caprichoso 0 apetite, enosa a digestio ‘ certas disposigies dés viseeras abdominals; xo menos, gitado o sono. O miais love ruido faz estremecer, Calmo, afecdes destas partes do organismo determinam fiza-o 0 menor esforco; exaltado, eréuse eapaz de tide frequéncia humor térvo e triste. Alegam-se, como sinai volubilidade do falar, a frequéncia e rapidez dos exteriores, estatura esguid, membros alongados S, a vivacidade das impresses denotar, por via de Aesearnados, plso tardo e forte, movimentos enérgicos cape eee comedidos, lentidio com algo de tristeza, ae Pode a inteligéncia aliar-se a uma rara ¢ transbordante: eee eaten ice sobre te omy de ibilidade, Por desgraca, a extrema impressionabilidade —como penilem sdbre as éguas os ramos do saleneivo nervos invadesthes 0° moral tornando.os_ volves, te gelid,ol Se soruncln tan ee Se Cae sonstantes, exagerados. O que mais os comove é¢ a Torie anser, meditabund, inquieto ot abatid, Settee ne ue es en Coes ee Jo de sensagies novas do que 4 lembranca de passadas Siena = Eee pePt naiver ns ie corr Heanrlanslice etteitde sites eres cit MvIgN oR RSET TITe Smacxbo azio; 0 cONNRCIMENTO OF st MEsxO 218 bem. Deus, porém, nio vé sempre virtnde no que o home enfeita com @sse nome. Aos seus olhos, essas virtudes d femperamento so vicios muitas veses: a ealma dg fleumético 6 preguiga; a generosidade e benevoléneia do sanguineo, disfareado alm@jo de prazer; o zilo do bilioso, Satisfagio da atividade absorvente; 0 recolhimento a melanedlico, devaneio epoista; os ‘ardores do. nervosa, ‘comogies sensuais, Convém, pois, como veremos logo mais, estar mul ‘atento para santificar a tendéneia da natureza ¢sublimé-la 4 categoria de virtude auténtice “E inerivel — assevera grave autor espiritual (*) — qmanto o pundonor, a compleigéo e o. temperament Preponderam e dominam no exereicio da virtude, Provém ‘sso do fato de se nao distinguir suficientemente o genio © 8 virtude que se the conforma, eonfundindo-se ambos com muita facilidade, Pois virtndes ha que tem com 6 Particular temperamento de certas pessoas tio natural Semelhanea que se deixam quasi todos iludir por especiosa aparincla de santidade, oriunda da eompleigao © mut facilmente reputam virtude o que é mero temperamento.® s do Purgatirio—sio outras tantas tascinagies timas que exerce Deus nes almas © mediante as qu leas convida ao seu gmor. sta tendéncia se manifesta de muitas maneiras, que odemos resumir nas trés seguintes, A primeira 6 a fécil e forte eonvieyfo produzida no pirito pela verdade que, mais do que nenhama outra, © centro da traci. A segunda € uma sorte de vox interna que eonvida ai ¢ insta frequente, suave ¢ fortemente. A terocira eonsiste no fntimo impulso que Teva, sem ber por que nem eomo, a tal on tal género de agio, j& percé do interno gdsto que se no tem, ao menos em grat nal, pelas otras cousas da piedade; jé por interior jecessidade ow instinto que provoea fome e séde sobre- aturais; j4, finalmente, por uma intuitiva persasio que ens est4 queréndo isso da alma. 5.—f mister conhecer de modo perfeito a tendéncia dominante para exeretla ¢ dar & alma a sua_plena ciéneia para o bem. ei ‘Ti virias vezes temos feito reparar quanto é difieil eticar a virtude ¢ realizar a perfeicio; quem nutre 0 oprsito deo conseguir tem 0 dever de niio omitir hm. melo, Ora, se ha eousa que torne facil a tarefa ceonhecer ® seguir a tendéncia que para 1é eonduz. Ainda mais dbvia a conelusio, se eonsiderarmos ax ferentes modalidades dessa tendéncia. ‘Tem a natureza fterminado pendor para © mal, mas possue também posta inelinagio para o bem, Quanto mais se excreita 0 ador para o mal, tasto mais se enfara o g6sto do bem; or igual, quanto mais se intenstica a tendéncin para tem, tauto mais se eoibe a propensdo para o mal. Ativar, Ho conseguinte, a tendéncia doininante que nos impele ra a virtude, © refrear 0 defeito capital, sio deveres ‘gual importineis. 4.—0 mais poderoso impulso para o bem procede! a grasa. Deus que habita nas almas pela graca, chama-ag, atrai-as ¢ governa-as a seu modo por um secreto encanta apropriado a cada uma eo mais das vezes oposto @ ftend@ncia natural. As virtndes cristis, ora esta. ord aquela; a £6, @ esperanca, a caridade, a humildade, @ obediéneia, a mansidio, a paciéneia, a prudéncia, a) dnstica, & mortifiengf, ete.; 0s mistérios os dive aspetos da vida do Salvador e da Redenedo; a era, a Enearistia, 0 zélo da gléria de Deus ¢ da salvagio dag almas, a vida oculta; tal on tal observancia: a oragko, 6 siléncio, a vida regular, a leitura espiritual; a devogdo a! Nossa Senhora ou a qualquer Sauto, a comiscragio pe 4) aUitiens, Mas. spir. Ls 5m. 5 i La i Na at a i 7 ] ‘ 4 : “usios or resrereio 7.—Camprenos estudar a tendéneia dominant com 0 propésito de Ihe garantir © livre exerofeio © The facilitar a expansio, A tendéneia natural dilata-se espontaneamente; mi 56 com atengho ¢ esforco & que se eonsegue transformala em virtude real © sobrenatural. Como ja 0 temos dita, impende cultivar as virtudes que se harmonizaim com as ‘nclinagdes da naturesa, euidando, porém, de simultan mente incorporar nos atos, motives sobrenaturais, para santificar as tendéucias e as dostrezas do. temperamento, H sinal de auténtica espiritualidade atentar no que se faz sem esférco, para fielmente referir a Deus 0 que simpatia e o temperamento farinm por conta da natureem, “Ha mister uma extraotdindria atengio interna) quando se praticam virtndes que tém muita afinidad com a natural compleigéo, para que sejam virtudes genainas © nio meramente de fachala, Manifest 6 a Tarlo, porquanto, se faltar essa particular atengio, @ temperamento abundante e dominante nos levard por sen préprio péso a fazer aquilo mesmo que requer a virtnde que se the assemelha; tomarlhed o lugar, tas nin & alma, a intengio, o motivo; pois, visto ser a compleigig uma expressdo ¢ imagem demasiado ingénua da virtude que lhe é como que simpétiea — por exemplo: o tempera. mento Dilioso © ardente, que se dediea a0 proximo, 6 expresso natnral do verdadeiro zélo, 0 quo se pod também dizer dos mais temperamentos — obraré sdzinha. ; com inshnuar-se nas ages aparentemente mais singelas, torné-las-6 terrenas e animais, deixando-Thes apenas @ exterior, com a enganadora mascara da virtude (1), Ainda mais: nao 26 é preciso santificar as tendénoias) eMacitidades naturais, orientando-as para Dews; mas € om, além disso, é methor remmeiar internainente ao que provém da naturezs, para manter, diante de Deus, o 2) iitont, Mas. spin. Us 5, m. 8, 04 fmvwpo mio: 0 cosmrcttesro me st xR8M0 ennho sobrenatural do ato, pois, perante Dens, 86 6 obra, nossa o a que livremente anuimos 8.—Mnis se prtalece a atragio divina e mais se Ailata, pela docilidaie em the seguir os impulsos, pelo exercivio ¢ pela oracio, A fidelidade com que atendemos a essa vor interna fe nos sujeitamos a Osse intimo impulso, torna-os mais frequentes ¢ mais penetrantes. Deus, qnando fala 4 alma e nela atua, 6 como que distreto amigo que faz contic déncias a outro amigo e vai proporeionando a confianga, 4 atenefo que se the dé. Nesse intimo comércio, tudo s4o olicadezas —delicadeza que inciuz a dar com abundancia, quando hé cordial acothimento; delieadeza que se retira com eiume, quando ha repulsa. “O agdsto que se sente nas inspiragdes —esereve Sio Franciseo de Sales (*) —conduz muito para a gloria de Dens, ¢ desde entio por éle entramos a agradar & divina Majestade: porque se bem esta deleitagiio nko seja ainda cabal consentimento, 6 uma certa disposigio para fle: ¢ se é bom sinal e cousa mui til ouvir com gésto a palavra de Deus, que & como que uma inspiracio exterion, fambém seré cousa itil e do agrado de Deus, comprazer. os nia inspiragio interior, Rste 6 0 prazer de que fala Hesposa santa, quando diz: A minha alma se liquidow, quando falow 0 mew amado... Resolvei-vos, Filotéia, & ccitar de coracko todas as inspiragies, que Deus for Bervido conceder-vos: e quando vierem, recebei-as om subaixadores do Rei do eéu... Ouvi com sosségo suas Propostas, considerai o amor com que sois inspirada, ¢ a ‘aricia da santa inspiragio, Consenti-as, porém, com pleno, amoroso ¢ constante Sensentimento A santa inspiragio} porque desta satte Deus a quem nao podeis obrigar, se dard por muito brigndo ao vosso afeto... Tendo dado o eonsentimento, & 1) Introd. @ vida devota, 2 Yn 18. 29 DH PeRvRreio hecessério com todo 0 euidado procurar 0 efeito, e vir & exeencio da inspiragio, que o remate da verdadeira virtude: porque ter 0 consentimento no coragdo, sem vir a efeito déle, seria plantar uma vinha, e nfo querer que esse fraio,”” A agio nfo & s6 testemunho de fidelidade: 6 ainda ‘meio de aumentar em nés a graga interior que estimgla’ a0 bem. Obrar no sentido da tendéncia, mesmo que esta se nfo manifeste, 6 sogredo para tornicla mais viva forte, Para despertar a vor interna que se calou, nada. melhor do que fazer o que ela insinuava. Finalmente, a oracio, que faz chover todos os bens, atrai, sobretudo, a graca especial que conduz a Deus. # Prineipalmente na oragéo que se revela e ayiva a sobrenatural atragio e, para hem dizer, as almas interiores que ream sio as finicas que eonhecem e segnem a acd. de Deus, 9. — Ponhamos aqui termo ao que respeita ao segundo meio interior, que ¢ 0 conhecimento de si mesmo. Deixamos demonstrado quanto & necessirio ése conhecimento para entrar © progredir na vida perfeita, e qual a sa efichein, Para descobrir © superar os obstienlos, para mostrar 0 alvo ¢ aplicar as forgas. Estendemo-nos sdbre os doix principais aspetos que interessam 4 perfeichio, a saber: 0 Gefeito © a tendéncia dominante, mostrando, pela relagies que tém com a perfeigéo, quanto importa conheed-los—o: primeiro, para combaté-lo, ¢ a segunda, para expandila, \ CAPITULO XXI TEROEIRO MELO ‘A unio a Deus I. 4 ORAGAO 1.° DA omagho em anean Diferentes aspetos da unio m Deus: a aragdo « a presenga de Deus Detinigho da oragéo, — Suu uecesaldade para n vida perflte, Patavras ¢exemplos de Norse Senhor. — Easing dos Apéetolon © dg8 Doutores,— Pritiea dos Sautor e proceder dav alma Poor ds oraglo, eousoaate 34 proninate do Raeadar, — Part lar eflefeia no que respelta A perteigho, — dle pedir Ste ber supremo 1.—Depois de ter a alma em si avivado o desejo da perfeiedo e tomado conhecimento dos Sbiees que Ihe apori 4 concupiseéncia e dos recursos que Te facultardo a natureza ea graca, que mais The resta sendo voltar-se para ‘Deus, afim de se eneaminhar para Ale ¢ chamé-lo e atrai-lo dentro de si mesma? fiste movimento para Deus coustitue a oragio no sentido mais amplo. Contudo, reservaremos breve éste ftermo, para designar a palavra quer exterior, quer intims, qe divige a Dens a alma, quando se retira das oeupagies habituais e toda a atengio concentra neste eoléquio com a, majestade divina. Preferimos, pelo eonsegainte, o titulo generico de unite a Deus, por nos facultar a nitida especifieagio de pontos de vista diversos, -Ainda assim, eumpre observar que s6 enearamos aqui fesse unido como o esforeo que faz a alma por alcancar & Dens ¢ nele repousar; pois, tomada em eonjunto e no seu MEION DE PERPRIGAO § que, ordinariamente, niio # possivel © pecado sem a ajuda da oragio. Ora, a lei primeira da petfeigio 6 a. salvaguarda da earidade pela vitérin sdbre as’ tentagdes © pela fuga do pecado, A oragio 6, pois, indispenstvel para a vida perfeita. _ 4 —De todas as exortagies, slo mais instantes © tuts antorizadas as de Nosso Senhor, no Evangelho; Nao eessa de inculear a nevessidade ‘co poder da oracto, “Vigiai e orai—diz ()—para que nfo entreis em tentacho.” “Vigiai © orai para que possais eseapar (2)” 4s calamidades que ameacam aos homens nos detradeiros tempos, “Cumpre:orar sempre e nunca desinimar (*),” Vai até 0 ponto de ensinar o que devemos pedir, im foragio que se evolaré dos lébios de todos os eristiag ¢ que mereceré 0 uome de Oragho Dominical (*). Por tltimo, as palavras, Jess acrescenta 0 piso do. exemplo, Tneessante a. sua oragho. Aos diseipulos dara, eontudo, provas exteriores: sobe go monte para orar (*), passa Inteira a noite em stiplieas que dirige ao Pai (*), 5.—Slio Paulo reitera os eonvites © exemplos do Mestre, com exortar constantemente & oragio, “Tomai 0 capacete da salyagio © a espada do espitito, que é a palavra de Dens —recomenda ao Hfésios (°)— com toda @ oragio ¢ sfipliea, rezando constantemente,” Enos 1) Pigitate et orate ut wom iateetis in fentatloneme-— Math zu ti. 2) Figitate omei tempore ovanes et digni habeanint fugere fata omnia, —Lae, x31, 3. nna 3) Oportet semper orare et now aeficeres= Tne: tl, 1 4) Slo argo von orabitis: Pater nosier... — Matth. 3, 8 5) acendit in monten.solue orare,-—Matth, XI, 2. 8) ttt éa montem orare teat pernoctans in faiione Dek tae. vi 12 ¢ 1) Galeam enttis csrumite, et plate spirtus, quod et terbum Det, dor omeem orationey et obsecralionom ovartes oft fempore in spel Bph 93, 17 “1, 8 pros vxuto Colosseuses (+) :Perseverai ta oragio, yelando com agies de graga.” B aftida gos Tessalonicenses (*): “Orai sem cesar; em tudo dai grgca, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jests\para eonvosco.” Sio Pedro (*), depois de Tembrar que vem perto o fim de tudo, terescenta: “Séde prudentes ¢ espertai-vos na oragtio.” Vé-se na doutrina do Sulvador, profundamente ineuleada aos Apéstolos, que a oracho 6 a condicho © 0 alicerce da vida erista, Por isso, eonstante ¢ undnime 6 0 ensino dos Doutores acérea déste ponto eapital. Impossivel alogar um, s6-mestre da vida espiritual que oragko nfo confira a primazia entre ox meios de perfeiggo de que dlispde 0 homem, 6.— Por isso 6 que os santos, os que fazem, da perfeigdo 0 seu ‘inieo empenho, passam todos a vida na oraglo, Sentem-se ai na fonte da graga, ¢ em si mesmos realizam o dizer de Santo Hilério (+): “A vida inteira do santo & uma oragio”; ¢ 0 de Santo Agostinho (* “Aqnele sabe viver bem que sabe orar bem.” Homem de raglio, homem de Deus, homem perfeito: trés expresses que tém, na lingnagem crista, idéntico sentido. ‘Hssa & razdo pela qual, desde que se esforea a alma por se desprender do mal, ou, quando ja volvide par Deus, aspira a subir € deseansar no verdadeiro Bem, os iretores espirituais que a ovintam nesse desprendimento fe nessa aseensio, The reeomendam a oragio e The medem © progresso pela sinceridade e fervor eom que reza, 7.—E tio nepessiria ¢ a oragio quanto eficaz para 4 obra da. perfeigo, 1) Oration! instate.— Colom, 6, 2 2) Sine intermisione orate. Tx emibue gration agite. ae 1 enim eatuntag Dei in Christo emt. omnibue wb Thos. y, 17-18 1) Bstote prudentes et vigiate in orationibu —1 Petr. 1,7 4 Sonct oujunque vit ettaomais oratia, — Tats im Pac, 2c 5) eete movi rivere, qui rerte moet orave,~~ Home dy 00, As almas que aspiram 4 vida perfeite importa conveneam dessa eficfcis. Se hesitam ne que pedem Deus, poneo reeeberao e perderdo o Animo; ao eontré 4 esperanca torna mais forte o impulso ¢ centuplica energias. Para mostrar 0 poder impetratério da oragio, nada melhor do que as préprias palavras do Salvador (1) : I ‘vos digo: pedi, e dar-se-vow-a; buseai, ¢ achareis; batel, abrirso-vos-é. Porque todo 0 que pede, recebe; 0 qu Duusea, acha; ¢ a0 que bate, abrir-se-Ihe-é. Qual de vis 60 pai que, se 0 filho pedir peixe, Ihe daré em ver de peixé uma serpente? Ou se pedir um ovo, the dard escorpidio? Se vis, sendo maus, sabeis dar boas dacivas. ‘Yossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dara Espirito bom aos que Iho pedirem.”— Em verdade, em verdade vos digo que, se pedirdes algama cousa 20 Pt fem mou nome, éle vo-la eoncederd. At6 agora nada tendes Bedido em men nome; pedi, © reeebereis, para que sei ‘completo 0 vosso wizo (2).” 8, —Basta examinar o aio da oracio para Gescobrin| se a ranio da sua efiedeia, pelo menos no que respeita perfeigio. Se algo pode tornar perfcito o homem é 0 volver Para Deus, contempli-lo, desejélo, pedirthe bens obté-los. sso movimento, ésse desejo, se brado que Deus onve—6 a oragéo, 1 ‘A oracfio, ja 0 temos dito, ergue a alma e aproxim de Dens; por outro lado, a perfbigio é 0 arremésso di 1) Bt ego dico vobie: Petite of dabitur wbie; querita finvenictis; palsate, t aperitur eobia. Obnis gu petit ccipt, ui quart event, ef pulsante aporetur, ete. —Liwe Xr, 9°18, 3) Amen, amen Aico eobis, oi quid petieritia Patrom tn nomi 1mco, dadit wobis, Uaquomodo now petstie quidguam in nomine Petite et acepietis, ut gadiem vestrum sit plenum. — Je Evy, 2324. ee a ee que procura-unir-se a Deus, Rezar é, pois, trabalbar diatamente por se tornar perfeito, Assim, por si meswya, a oragio traz como consequéneia exercicio da perfeigd, sua pritica e seu progresso, © & idente.que, na medida em que rexa, se vai tornando feito o home Chega-se a esta mesma’ eonelusio quando’ se eosideram as condicdes da. oragio infalivel, matro, no dizer dos teGlogos: pedir para sslrios ou ‘iteis 4 salvacio , Finalmente ca a eonfianga ¢ perseversnga, na petigdo que tem por objeto a perfeigéo estilo satisfeitas as duas primeiras condigdes, xin, porém, mais aviva a confianea eomo a promessa Deus faz de outorgar a consa desejada; e fail &, por al, a perseveranca, quando se vai no enealgo do mais cioso dos bens, com a solidamente fundada esperanga © conseguir, Possuir a Deus pela caridade 6 0 alvo supremo das S oragies e, se hé bem que Dens almeja conewder, cipuamente é&se, Nunea, portanto, ser mais cfieaz @ cio nem possuird maior garantie de ser ntendida, como nndo se objetivar na perteigio, que ¢ a unio a Deus inflamada earidade 9.— Pecanios, pois, com 16 e constincia, éste bem Fano prometido aos nossos desejos: io hé nenhuim ‘Ho necessirio seja, nem mais garantido, “Pedi a bemayenturanca — respondia Santo Agosti © 4 viuva ProWi(4}) que descjava saber o que era 1) Ora veatum vitam. Ione enim habere omnes homines int Nam et qui pessins et petdte vivunt, malta mode ita efverent endom modo we esse eel posse fiers beatoe putarent. Quid ergo @ oportet te orare nisi id quod euyint et malt et ont, aod aa Derveniunt nonnisi bonit Quid sit Leatum est, 4 mattis multe ioputata, sed! now ad maton et ad wlta ut quid totus? Brvotter wntos or prereicia preciso pedir —por que suspiram ainda os que vivem desordem © mo crime, euidando ali encontrar a felie Que poderieis pedir, senoo que as bons “eos igtialmente desejam, mas que 6 os hons consegniriot que & necessirio para ser feliz? Muito se tem slisput sobre tal assanto: no se faz, eontudo, mister recore essa turba de disputantes, nem suber 0 que disseram, divina Bseritura compendia em breves palavras 4 vordade: “Ditoso 0 povo que tem a Dens como Senhor! ©) Para consegnirmos ser désse povo, ¢ contemplar Senhor, ¢ viver com Ble para todo o sempre, cumpre Possuir a caridade que é 0 fim da lei e que procede coracio puro, da coneiéneia rete © da fé sincera (2).! Quem ha que nil reconheea nesse qnadro @ perf Crist, com as suas delicadezas e as sts esperangas! Scriptura Dei erariteraue dictum ott: Betws popalas ei {at Dominus Deus tpua? tn ipso Popale wt simer, wigs ad ontenplondan, ot evi 0 sine fine tleendin. prvenive po “fins pracy ext eharitas de corde putt, ct censientn ‘voy F6 nom Hite" Bp, 130, 43 4)" Pa, osu, 16 2) 1 im. 3,8 4 CAPITULO XXII 1 A ORAGHAO As dificuldades da oracio « 10 as pistaagins 6 uo eansistem, — Paden proceder do espirito — ow do corned. aN parte que Ao dembnio cabs, — DistragGes voluntdriaa € involumtitiag, — Mcioe de obviar a umas ¢ outras, oraglo, topa w alma com dificuldades que + cumpre assinalar. Reduzemase a estas duas: distragées securas, As primeiras estorvam a atengio do espfritos fardam as ségundas o movimento do coragio. As distraghes sio pensamentos que nos alhelam da aco, Costa governar a mente e mantéla demorsdo mpo no. mesino objeto. Essa volubilidade mais se enteia quarido rezamos, e é difeil eonté-la, Golfaam em prbotdes as lembrangas, os sonbos, as imagens, usurpando Tngar do objeto tnieo, sdbre o-qual n vontade quisera ‘ atencio, el que de pensamentos fteis sobrevém ra embaracar a oraio e empolgar a mente, Consoante fexpressio de Santo Agostino (), foge de si mesmo 0 spirit, em. que seja possivel tracar-Ihe limites que no 7) dieaahrigy AMS! goss ep tia ca Aa pi icodon en Pilea ives tltor ees pat iis to ub fc coca gn suum et ret we tenes at es Boone = x veafieeat oocaion tufDue me acted ocee_cveeieg, guibonTeflngatenviattnes eunt et! sages fom mous eile huceadart Deo sno. Pip estat ccatat retio iter Mitts ortioncs In Pantin. 85; ©.

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