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M.iteo.07 - Atividade - Fichamento 3
M.iteo.07 - Atividade - Fichamento 3
M.ITEO.07 – FICHAMENTO 3
1 REFERÊNCIA
2 RESUMO
possessão espiritual vem do ponto de vista ético. Tem levantado dados dos
praticantes para entender de dentro aquilo em que acreditam, e o que sentem. O
fenômeno da possessão ocorre em todo o mundo em diversas religiões, já o aspecto
do transe ocorre em todas as religiões. Às vezes essas manifestações são tidas
como uma manifestação mais demoníaca, em outras, são vistas como divinas. Mas
estão no mundo inteiro, em diferentes religiões e culturas, em muitas são o ponto
central do sistema de crenças.
A tradição da antropologia europeia sempre percorreu uma regulamentação
não oficial de que o trabalho de campo tem que ser feito em diferentes contextos,
por exemplo no exterior, para experienciar a visão do outro. Um dos debates nos
anos 1990 na Antropologia era de que somente se pode encontrar o outro fora da
nossa própria terra natal. Estudantes, para se iniciarem em Antropologia, tinham que
viver fora do seu contexto, sozinhos, fora do país. Contudo isso vem mudando nas
últimas décadas, porque agora um estudante pode fazer seu trabalho de campo em
grandes cidades. Porém também é possível a Antropologia feita dentro de casa,
como pesquisando pessoas que moram nas ruas da sua própria cidade, assim é
possível identificar o outro também.
O suporte do povo brasileiro faz com que a pesquisa de campo seja possível,
inclusive porque os brasileiros gostam de falar sobre religião. Em Nova York há um
controle maior ao se falar de religião porque muitas das práticas são ilegais, então,
normalmente, não gostam de falar com pessoas estranhas sobre suas práticas, ao
contrário, no Brasil, as pessoas são mais abertas, algo também da própria cultura do
brasileiro, o que beneficia o desenvolvimento de pesquisas. Contudo no Brasil
também é difícil obter informações iniciais sobre determinados cultos e cerimônias,
como sobre os locais e conseguir de fato realizar as entrevistas, os brasileiros se
colocam abertos a realizar, mas não cumprem com o acordado, não respondem
mensagem ou ligações, e não confirmam ou não comparecem para as entrevistas,
entende-se que o brasileiro não tem seriedade com compromissos, o que limita
bastante porque o prazo para o desenvolvimento é delimitado e curto. Já as
pesquisas desenvolvidas em especial em São Paulo, tem o dificultador do trânsito
no deslocamento. Entretanto um grande aspecto positivo é a liberdade de culto no
Brasil, o que propicia que a maioria das cerimônias sejam abertas ao público, e os
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praticantes não têm receio sobre as suas praticas por não serem ilegais, como em
outros países.
Até o momento a antropóloga tinha realizado 23 entrevistas gravadas, o que
percebe como uma quantidade representativa. Também tinha coletado material
literário em bibliotecas e sites brasileiros, contudo ainda sem ter compreensão das
possibilidades do resultado final, visto a necessidade ainda de compilar os dados e
discutir o resultado com outras pessoas da área, porém tem plano de elaborar um
livro sobre os resultados.
Sobre impactos de gênero na pesquisa a entrevistada relata que entrevistou
um ancião no Equador, que respondia a um intermediário e não a ela, por ser
mulher, as quais são ignoradas pelos homens nesta cultura, um modelo tradicional
onde é reforçado o comportamento que homem só se dirige ao homem, que
somente se confia em homens. No Brasil, ocorreu situação similar quando
entrevistava um pai de santo, que não quis ser entrevistado sozinho, e durante
algumas perguntas passou a responder ao intermediário e não a entrevistadora.
As religiões que a antropóloga estuda são a Umbanda, Candomblé e o Centro
Espírita, existe uma mistura de algumas funções, ritos e conceitos entre elas, mas
há diferenças de estrutura hierárquica, cerimonial, e até mesmo no rito da
possessão espiritual.
Sobre o perfil do aluno brasileiro, a antropóloga descreve que ministrou para
diferentes públicos no Brasil, de graduados, pós-graduados, equipes de apoio, e
profissionais de saúde, de psicologia e psiquiatria, neste último grupo o interesse era
mais sobre a percepção quanto a saúde mental e os fenômenos estudados, pelo
prisma da teorização e investigação. No Departamento de Antropologia, de
universidades de Florianópolis e Porto Alegre as experiências foram mais alinhadas
aos objetivos da pesquisa, com perguntas interessantes e até desafiadoras, com um
nível relativamente bom. A entrevistada define que o nível intelectual dos estudantes
de Antropologia no Brasil é similar ao da Europa.
A expectativa para este projeto é desenvolver uma nova forma de
entendimento sobre a possessão espiritual e o transe, não associando a doenças
mentais. Busca-se atingir o público em geral, e fazer com que esse estudo não se
restrinja ao campo acadêmico, desenvolvendo um novo modo de compreensão da
possessão. Nesta linha, a entrevistada relata que participou de conferência dirigida a
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pessoas que tratam de doenças mentais para explanar que a possessão espiritual
não está relacionada à saúde mental, e que busca seguir nessa defesa, trazendo
essa contribuição ao debate científico acadêmicos em todo o mundo. Quanto ao
material pesquisado no Brasil a primeira oportunidade de divulgação dos dados será
uma exposição de ideias na conferência da International Association for The History
of Religions (IAHR) em Toronto, em uma mesa redonda sobre o tema Mente, Corpo
e Religião. Posteriormente um capítulo de um livro sobre mediunidade, e enfim uma
monografia.
3 CITAÇÕES
4 QUESTIONAMENTOS E DESDOBRAMENTOS