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MODULFORM

MODULFORM

Indústria e Ambiente
Guia do Formando

COMUNIDADE EUROPEIA
Fundo Social Europeu
IEFP · ISQ

Colecção MODULFORM - Formação Modular

Título Indústria e Ambiente

Suporte Didáctico Guia do Formando

Coordenação Técnico-Pedagógica IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional


Departamento de Formação Profissional
Direcção de Serviços de Recursos Formativos

Apoio Técnico-Pedagógico ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade


Direcção de Formação

Coordenação do Projecto ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade


Direcção de Formação

Autor João Vila Lobos

Capa SAF - Sistemas Avançados de Formação, SA

Maquetagem e Fotocomposição ISQ / Cláudia Monteiro

Revisão OMNIBUS, LDA

Montagem BRITOGRÁFICA, LDA

Impressão e Acabamento BRITOGRÁFICA, LDA

Propriedade Instituto do Emprego e Formação Profissional


Av. José Malhoa, 11 1099 - 018 Lisboa

1.ª Edição Portugal, Lisboa, Março de 2000

Tiragem 1 000 Exemplares

Depósito Legal

ISBN

Copyright, 2000
Todos os direitos reservados
IEFP

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo
sem o consentimento prévio, por escrito, do IEFP.

Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, co-financiado pelo Estado Português, e
pela União Europeia, através do FSE.
M.S.06

Indústria e Ambiente
Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral

ÍNDICE GERAL

I - DEMOGRAFIA

• Demografia I.2
• Evolução e distribuição da população I.2
• Componentes da evolução demográfica I.3
• Estruturas demográficas e familiares I.4
• Ordenamento do território I.6
• Resumo I.7
• Actividades / Avaliação I.8

II - CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DOS RECURSOS


NATURAIS

• Considerações gerais II.2


• Caracterização sumária II.2
• Estratégia de conservação II.5
• Gestão de recursos naturais II.7
• Sistemas de áreas protegidas II.7
• Resumo II.10
• Actividades / Avaliação II.11

III - ENERGIA

• A sociedade, o desenvolvimento e a energia III.2


• Fontes de energia III.3
• Transformação da energia III.4
• Energias renováveis e não renováveis III.4
M.S.06

Indústria e Ambiente IG . 1
Guia do Formando
Índice Geral IEFP · ISQ

• A situação energética em Portugal III.7


• Resumo III.8
• Actividades / Avaliação III.9

IV - CONSUMO E POLUIÇÃO

• Conceitos básicos sobre qualidade do ambiente e poluição IV.2


• Formas de degradação ambiental e controlo de poluição IV.7
• Estado do ambiente em Portugal IV.10
• Resumo IV.14
• Actividades / Avaliação IV.15

V - GESTÃO E CONTROLO AMBIENTAL: INSTRUMENTOS


LEGISLATIVOS E ÁREAS DE INTERVENÇÃO

• Licenciamento industrial e impacte ambiental V.2

• Outra legislação relativa à qualidade do ambiente e emissões de


poluentes V.4
• Áreas de intervenção específicas V.5

• Poluição das águas V.11


• Resíduos V.14
• Ruído V.18
• Resumo V.19
• Actividades / Avaliação V.20

BIBLIOGRAFIA B.1
M.S.06

IG . 2 Indústria e Ambiente
Guia do Formando
IEFP · ISQ A - Apresentação Global do Módulo

Gestão e Controlo Ambiental:


Instrumentos Legislativos e
Àreas de Intervenção
Fr.S.03

Indústria e Ambiente
Guia do Formando
IEFP · ISQ Demografia

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Interpretar os principais aspectos demográficos em Portugal;

• Descrever a evolução e distribuição da população;

• Identificar os diversos componentes de evolução demográfica;

• Relacionar os fenómenos demográficos com o ordenamento de território e o


ambiente.

TEMAS

• Demografia

• Evolução e distribuição da população

• Componentes da evolução demográfica

• Estruturas demográficas e familiares

• Ordenamento do território

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.S.06 Ut.01

Indústria e Ambiente I . 1
Guia do Formando
Demografia IEFP · ISQ

DEMOGRAFIA

A concentração da população e o desenvolvimento das actividades económicas


podem, em regra, ser potenciadoras de disfunções ambientais que se traduzem
por exemplo, em acidentes industriais, poluição de meios hídricos e da
atmosfera, produção de resíduos, aumento do ruído, etc.

Assim, para se implementar uma política de ambiente e de ordenamento do


território e também para se encontrar o conjunto de medidas mitigadoras dos
problemas detectados, é fundamental que a distribuição populacional e a
localização das actividades económicas sejam analisadas com profundidade.

A própria evolução destas duas componentes da sociedade deve ser


criteriosamente estudada dado que têm consequências directas ou indirectas
na degradação ambiental.

Com efeito, e a título exemplificativo, os fluxos migratórios provocam dois tipos


de problemas no domínio do ambiente. A urbanização desenvolve-se de forma
anárquica sem o mínimo de preocupação pela qualidade de vida do cidadão.
Por outro lado, aquele fluxo vai conduzir a uma desertificação humana (e a
seguir ambiental) com efeitos graves na agricultura e na sobrevivência do mundo
rural.

Os meios de transporte, a acessibilidade, o turismo e o aumento do sector de


serviços são outros aspectos da sociedade que condicionam o dia-a-dia dos
cidadãos e provocam problemas ambientais, introduzindo alterações por vezes
irreversíveis.

EVOLUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO

Em 1991 Portugal continental registava 9 371 319 habitantes, o que equivale a


uma densidade populacional de 105 hab/Km2. Entre 1981 e 1991 a população
do país manteve-se quase estacionária, tendo-se verificado apenas um aumento
de 34 559 habitantes e uma taxa de crescimento de 0,37%.

Pop. Res. Pop. Res. Var. Pop.


NUT II % %
1981 1991 81 - 91%

NORTE 3 410 099 36.52 3 472 715 37.06 1.84


CENTRO 1 763 119 18.88 1 721 650 18.37 -2.36
LISBOA E VALE DO TEJO 3 261 578 34.93 3 292 108 35.13 0.94
ALENTEJO 578 430 6.20 543 442 5.80 -6.05
ALGARVE 323 534 3.47 341 404 3.64 5.52
CONTINENTE 9 336 760 100.00 9 371 319 100.00 0.37

Fonte: INE - XII e XIII Recenseamentos da população, com tratamento próprio.

Quadro I.1 - Evolução e distribuição da população por NUT II (1981 - 1991)


M.S.06 Ut.01

I . 2 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Demografia

Se confrontarmos os dados constantes do quadro I.1, verificamos que o Algarve


é a região menos populosa do País, mas em contrapartida foi aquela que registou
maior crescimento populacional. Por outro lado, continua a ser patente o
fenómeno de desertificação demográfica iniciado há três décadas.

A maioria dos municípios do país, com excepção da zona litoral a norte de


Setúbal, em virtude das migrações internas e internacionais, começaram, a
partir da década de 50, a ter um declínio demográfico que ainda hoje se verifica.

Assim, a partir de 1960 o crescimento demográfico concentra-se no litoral,


sobretudo nas duas grandes áreas metropolitanas, Lisboa e Porto, mas também
no sul algarvio, resultado da expansão turística a partir daquela época.

A análise da evolução demográfica entre 1981 e 1991 permite destacar os


seguintes aspectos:

• Concentração progressiva da população no litoral;

• Desertificação populacional nos concelhos do interior (Norte, Centro e


Alentejo);

• Crescimento acelerado das duas grandes áreas metropolitanas, sendo a


concentração desse crescimento nos subúrbios e não nas cidades onde
até existe declínio;

• Expansão demográfica partindo destas duas áreas e ao longo dos principais


eixos de comunicação;

• Crescimento dos aglomerados urbanos intermédios.

COMPONENTES DA EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA

De uma forma sucinta importa referir que existem aspectos que são
determinantes para a evolução demográfica.

Neste caso está o crescimento natural resultante de um balanço entre o número


de nascimentos e o número de óbitos num determinado período. Consultando
o quadro I.2, verifica-se que entre 1981 e 1992 o saldo natural sofreu um redução
de 73,3%, passando de 52 282 para 12 370 indivíduos. Este facto ficou a dever-
-se a uma quebra nos nascimentos e um aumento nos óbitos (consequência do
envelhecimento populacional).
M.S.06 Ut.01

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente I . 3


Guia do Formando
Demografia IEFP · ISQ

Número de Nascimentos Número de Óbitos

Quadro I.2 - Evolução dos números de nascimentos e óbitos (1981 - 1992)

Também os saldos migratórios são outro factor a analisar dado que ocorreram
naquela década grandes transformações no padrão da emigração e das
migrações internas: houve variações nas taxas de atracção demográfica,
reorganização interna nas grandes áreas metropolitanas e fenómenos de
acessibilidade (meios de transporte e estruturas) que alteraram as motivações
no dinamismo económico das diversas regiões.

Outro fenómeno marcante e com profundos reflexos na sócio-economia das


regiões foi o retorno de mais de seiscentos mil cidadãos das ex-colónias em
consequência da descolonização a que se juntou o retorno de cidadãos
residentes na Europa ocidental em virtude de crise económica que entretanto
se instalara.

Ainda outro aspecto a considerar é o que se refere à imigração, dado que


Portugal é cada vez mais receptor de cidadãos estrangeiros apesar de ser
ainda predominantemente um país de emigração.

ESTRUTURAS DEMOGRÁFICAS E FAMILIARES

Entre 1981 e 1991 a estrutura etária da população portuguesa sofreu profundas


alterações reforçando-se a tendência já existente na década de setenta para o
envelhecimento demográfico. A proporção da população idosa (65 e mais anos
de idade) aumentou de 11,5% para 13,7%.

As transformações na estrutura etária alteraram bastante a relação entre o


número de jovens e de idosos e a população em idade activa.
M.S.06 Ut.01

I . 4 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Demografia

Estes dois parâmetros são os seguintes entre 1981 e 1991:

• N.º de idosos por cada 100 indivíduos de 15 anos passou de 45 para 69.
• N.º de jovens e de idosos por cada 100 indivíduos em idade activa passou de
58 para 50.

A comparação das pirâmides de idade da população residente entre 1981 e


1991 permite ver com pormenor aquelas transformações (quadros I.3 e I.4).

Quadro I.3 - Estrutura etária da população de Portugal Continental (1981)

Quadro I.4 - Estrutura etária da população de Portugal Continental (1991)


M.S.06 Ut.01

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente I . 5


Guia do Formando
Demografia IEFP · ISQ

Se for feita uma análise por concelhos poder-se-ão observar significativas


assimetrias intra-regionais resultantes dos fenómenos de migração e
envelhecimento anteriormente referidos. Mas igualmente se poderão referir
algumas preocupações quanto ao progressivo envelhecimento do país e
respectivas consequências sociais e económicas.

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Se a evolução e distribuição da população é fundamental para permitir entender


as tendências demográficas do nosso país, também é indispensável abordar os
aspectos de povoamento e urbanização para reflectir sobre as consequências
ambientais do ordenamento do território.

Com efeito, o aumento da taxa de urbanização, a concentração nos aglomerados


mais importantes, a rarefacção dos habitantes dispersos ou residentes em
localidades de pequena dimensão, só por isso provocam uma diferença
qualitativa no que respeita aos serviços de atendimento (saneamento, água
potável, recolha de lixo, etc.) bem como toda a carência básica de infra-estruturas.
Quer isto dizer que se por um lado foram criados alguns problemas nas zonas
de onde os habitantes saíram, por outro foram crescendo outros diferentes nas
áreas onde passaram a residir. E, como o ritmo de deslocação das pessoas é
superior ao ritmo de superação das carências, pode-se inferir facilmente que a
saturação ambiental resultante não tem mostrado tendências para evoluir
positivamente.

M.S.06 Ut.01

I . 6 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Demografia

RESUMO

Nesta Unidade Temática são referidos os principais aspectos demográficos no


nosso país.

É apresentada uma síntese:

• Da evolução e distribuição da população portuguesa;

• Dos componentes que contribuem para a evolução demográfica;

• Das estruturas demográficas e familiares;

• Da ligação entre distribuição da população e ordenamento do território.


M.S.06 Ut.01

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente I . 7


Guia do Formando
Demografia IEFP · ISQ

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Quais são as principais características da estrutura demográfica em


Portugal?

2. Como está a evoluir a distribuição da população portuguesa e das actividades


sócio-económicas no território nacional?

3. Quais serão as consequências resultantes da demografia em Portugal para


o ambiente, recursos naturais e ordenamento do território?

M.S.06 Ut.01

I . 8 Indústria e Ambiente Componente Prática


Guia do Formando
IEFP · ISQ B - Explor ação P
Exploração eda
Peda gógica das Unidades Temáticas
edagógica

Conservação da Natureza e dos


Recursos Naturais
Fr.S.03

Indústria e Ambiente
Guia do Formando
IEFP · ISQ Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Analisar a importância da conservação da natureza à escala nacional e


mundial;

• Identificar as características do território nacional em termos de recursos


naturais;

• Descrever a estratégia nacional de conservação da natureza e de gestão


de recursos naturais;

• Debater as principais actividades que se desenvolvem nas Áreas Protegidas


e qual o seu alcance.

TEMAS

• Considerações gerais

• Caracterização sumária

• Estratégia de conservação

• Gestão de recursos naturais

• Sistema de áreas protegidas

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.S.06 Ut.02

Indústria e Ambiente II . 1
Guia do Formando
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais IEFP · ISQ

CONSIDERAÇÕES GERAIS

A protecção e conservação da natureza e dos recursos naturais devem ser


entendidas como uma base indispensável para uma equilibrada política de
desenvolvimento e como garantia de melhores condições de vida. Não será,
pois, possível assegurar o desenvolvimento económico/social sem o
compensar com o facto de os recursos naturais serem muitos e com a
capacidade de carga dos ecossistemas.

É na óptica do desenvolvimento sustentável que se enquadra a utilização da


bioesfera pelo Homem de modo a garantir a perenidade dos recursos vivos e
não vivos.

Para a manutenção de um Desenvolvimento Sustentável é indispensável a


conservação de biodiversidade, utilizando os recursos biológicos de modo a
não diminuir a variedade de genes e espécies ou destruir importantes habitats
e ecossistemas.

No âmbito da conservação da natureza deve-se ter em conta a gestão da


utilização humana dos organismos e ecossistemas de modo a que seja
garantida a continuidade da satisfação das necessidades actuais mantendo
em simultâneo o seu potencial para satisfazer de um modo equilibrado as
necessidades das gerações futuras.

CARACTERIZAÇÃO SUMÁRIA

Portugal continental, devido à sua localização geográfica encontra-se na zona


de contacto entre duas regiões biogeográficas – região mediterrânica e região
atlântica. Da conjugação das suas distintas características resulta uma
considerável diversidade biofísica à qual se pode adicionar a intervenção
humana ao longo de séculos.

Estas diferenças marcam o território nacional em termos de património natural,


sendo de salientar alguns habitats particularmente frágeis, raros ou ameaçados,
tais como:

• Costeiros (dunas);

• Aquáticos (zonas húmidas);

• Florestais.
M.S.06 Ut.02

II . 2 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais

Fig. II.1 - Habitat costeiro - Dunas

Fig. II.2 - Habitat aquático - Sapal


M.S.06 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente II . 3


Guia do Formando
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais IEFP · ISQ

Fig. II.3 - Habitat Florestal

Identificados os habitats em situação de vulnerabilidade e inventariados os


recursos naturais existentes, torna-se tarefa indispensável a atenção a ser
dada aos impactos que as actividades em diversos sectores provocam nesses
mesmos recursos. São exemplos de fortes potenciais de degradação da
natureza e de delapidação de recursos naturais a expansão urbana, as
indústrias extractivas e transformadoras, a agricultura e silvicultura, o turismo,
os transportes, a caça, a pesca.

Para se evitarem aquelas disfunções ambientais é fundamental não só um


adequado ordenamento do território e um correcto desenvolvimento
tecnológico, mas, sobretudo, uma alteração dos padrões de consumo e de
produção de forma a alcançar uma utilização racional dos recursos naturais.

No território nacional foram inventariadas:

• 3 000 espécies de flora (124 protegidas; 293 ameaçadas);


M.S.06 Ut.02

II . 4 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais

• 78 espécies de peixes (23 protegidas; 22 ameaçadas);

• 90 espécies de mamíferos (74 protegidas; 40 ameaçadas);

• 29 espécies de répteis (29 protegidas; 9 ameaçadas);

• 17 espécies de anfíbios (17 protegidas; 2 ameaçadas);

• 300 espécies de aves (293 protegidas; 87 ameaçadas).

Entende-se por espécies ameaçadas as que se encontram sujeitas a uma


crescente pressão por parte da sociedade ou por fenómenos naturais que
podem pôr em causa a sua existência. Quando se desenvolvem medidas
para as proteger, essas espécies passam a considerar-se espécies
protegidas.

ESTRATÉGIA DE CONSERVAÇÃO

Conservar e reconstruir a diversidade biológica constitui um imperativo de


segurança face às necessidades actuais e cenários futuros de evolução.

É neste contexto que se desenvolve a estratégia de conservação da natureza


cujo alcance corresponde a todo o território nacional e que engloba medidas
tão distintas como:

• conservação “in situ” de espécies de fauna e de flora, protegidas,


ameaçadas de extinção;

• manutenção adequada de grandes espaços florestais;

• compatibilização da actividade cinegética com as preocupações


ambientais;

• promoção de “códigos de boas práticas” de aquacultura;

• sensibilização (e fiscalização) dos agentes económicos para os impactes


ambientais resultantes da extracção de recursos naturais existentes, e
para a necessidade de recuperação do meio natural no decurso e após
a exploração, etc.
M.S.06 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente II . 5


Guia do Formando
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais IEFP · ISQ

GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS

Conservar implica gerir com racionalidade e tendo em atenção o curto, o médio


e o longo prazo. O desenvolvimento equilibrado de uma sociedade depende
da forma de utilização dos recursos de que dispõe. A correcta gestão destes
recursos deve ser tomada como fazendo parte do sistema económico/social.
Assim, sendo os recursos naturais um factor estratégico do desenvolvimento,
não se pode aceitar uma lógica de exploração e de gestão irracional que
termine na própria delapidação desses recursos a prazo.

SISTEMAS DE ÁREAS PROTEGIDAS

De entre os instrumentos que permitem a implementação de uma política de


conservação da natureza deve salientar-se o estabelecimento de um Sistema
Nacional de Áreas Protegidas. Esta importância resulta de duas vertentes:

• por serem áreas que foram seleccionadas pelas características específicas


em termos de recursos naturais, património ou sensibilidade acrescida para
as quais se requer uma atenção redobrada;

• por serem áreas onde se podem desenvolver projectos exemplares de


conservação desempenhando um papel de demonstração relativamente
ao que deveria ser feito noutras áreas.

A implementação de um sistema nacional de Áreas Protegidas é um meio


para atingir a conservação da natureza, a protecção dos espaços naturais e
das paisagens, a preservação das espécies da fauna e da flora e dos seus
habitats naturais, a manutenção dos seus equilíbrios ecológicos e a protecção
dos recursos naturais contra todas as formas de degradação e de delapidação.

A Reserva Ecológica Nacional (REN) foi criada com a finalidade de possibilitar


a exploração dos recursos naturais e a utilização do território com a salvaguarda
de determinadas funções e potencialidades, de que dependem o equilíbrio
ecológico e a estrutura biofísica das regiões, bem como a permanência de
muitos dos seus valores económicos, sociais e culturais.
M.S.06 Ut.02

II . 6 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais

NORTE

CENTRO

Publicadas em DR

Submetidas à CNREN

Parecer favorável

LISBOA E VALE
DO TEJO Em apreciação

Não apresentadas

ALENTEJO

ALGARVE

Fig. II.4 - Zonas de reserva ecológica nacional

A gestão da REN é assegurada por uma Comissão Nacional (CNREN), estando


actualmente grande parte do território nacional já coberto por uma zonagem
elaborada de acordo com os critérios da REN.
M.S.06 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente II . 7


Guia do Formando
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais IEFP · ISQ

RESUMO

A apresentação do tema “Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais”


foi baseada em algumas considerações teóricas sobre a sua importância para
o desenvolvimento humanizado da sociedade, foi igualmente baseada numa
caracterização do território nacional.

Para se conseguir a conservação da natureza são necessários instrumentos,


os quais foram também objecto de explanação, nomeadamente:

• a estratégia nacional;

• o sistema nacional de áreas protegidas;

• a rede ecológica nacional.

M.S.06 Ut.02

II . 8 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Como se poderão caracterizar os recursos naturais no território do


continente?

2. Quais são as iniciativas que se poderão desenvolver numa Área Protegida


que tenha como objectivo a conservação da natureza?

3. Como poderão ser usados os recursos naturais tendo como objectivo


fundamental o desenvolvimento sustentável?
M.S.06 Ut.02

Componente Prática Indústria e Ambiente II . 9


Guia do Formando
IEFP · ISQ C - Avaliação

Energia
Fr.S.03

Indústria e Ambiente
Guia do Formando
IEFP · ISQ Energia

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática o formando deverá estar apto a:

• Reconhecer a interdependência entre energia, desenvolvimento e sociedade;

• Identificar as principais fontes de energia;

• Compreender as transformações da energia e o papel da tecnologia nestas


reconversões;

• Distinguir energias renováveis e não renováveis;

• Caracterizar a situação energética em Portugal.

TEMAS

• A sociedade, o desenvolvimento e a energia

• Fontes de energia

• Transformação de energia

• Energias renováveis e não renováveis

• A situação energética em Portugal

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.S.06 Ut.03

Indústria e Ambiente III . 1


Guia do Formando
Energia IEFP · ISQ

A SOCIEDADE, O DESENVOLVIMENTO E A ENERGIA

O que é a energia?

Com efeito ao falarmos de energia, estamos perante um conceito que influenciou


directa ou indirectamente a vida da humanidade ao ponto de o Homem só ter
tomado consciência da sua fulcral importância depois de com ela conviver ao
longo de milhares de anos.

E depois de se aperceber que a energia era um conceito tão determinante


como espaço, ou tempo, logo tentou a sua utilização o mais generalizada
possível, e às vezes, até num sentido pouco ético, como forma de destruição.
A energia aparece, pois, associada ao desenvolvimento social, cultural e
económico do Homem, quer como causa, quer como consequência.

Provavelmente a primeira ideia que aparece ligada ao conceito de energia é o


movimento, que é um fenómeno simples e observável. Assim foi associado ao
campo científico e naturalmente os processos energéticos passaram a ser
objecto de estudo, que ia desde complexos cálculos matemáticos, até
demonstrações de princípios que , sendo explicáveis, abriam novos caminhos
para a compreensão do conceito de energia e sua consequente utilização.

O princípio da conservação de energia e o de termodinâmica abriram o campo


inesgotável das transformações entre as diferentes formas de energia, além de
conterem a explicação dos fenómenos naturais.

Esta evolução científica do conceito de energia,explicada através de princípios


validados ao longo dos séculos sofreu uma “revolução” quando Einstein contestou
a tese de que a energia era considerada como algo que precisava de um suporte
material para a manter a partir do qual se realizará a sua transferência. Definindo
uma equivalência entre massa e energia - E = mc2 - deu um passo fundamental
para o conhecimento da Natureza.

Esta evolução do conhecimento científico permitiu que o homem tivesse uma


melhor explicação do Universo e fosse compreendendo as possibilidades de
transformação de umas energias noutras. Porque na prática, para o Homem,
quer individualmente, quer como membro da sociedade, a energia é algo que
ele pode extrair da natureza, de que necessita para a sua vida diária e de uma
forma pragmática, o homem tem da energia uma noção simplista - é a
capacidade para realizar trabalho.

Esta atitude manteve-se até fins do século XIX, altura em que o conceito
económico, estratégico e militar de energia - e suas potencialidades - vem
alterar a história da humanidade.

Em todas as circunstâncias a energia tem acompanhado a evolução da


humanidade sendo factor determinante para a criação de riqueza das nações.
Na realidade qualquer actividade humana, individual ou colectiva, está inserida
num contexto energético.
M.S.06 Ut.03

III . 2 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Energia

FONTES DE ENERGIA

Com este tema pretende-se apresentar uma classificação das fontes de energia,
tendo em atenção o tipo de utilização para que se dirigem. E nesta abordagem,
para sistematização adequada aos objectivos, faz-se uma divisão entre fontes
exteriores e fontes terrestres, conforme a energia seja externa ao nosso planeta,
ou seja extraída dele.

Para tornar sintética esta apresentação e também mais simplificada, recorremos


a dois quadros (ver figuras III.1 e III.2) onde é feita a distinção entre diferentes
fontes de energia, sem contudo serem abordadas todas as fontes, dado que
existem tantas outras dificilmente mensuráveis ou aproveitáveis (exemplo: energia
de uma tempestade ou de um meteorito).

Fig. III.1 - Fontes Exteriores à Terra

Fig. III.2 - Fontes Terrestres


M.S.06 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente III . 3


Guia do Formando
Energia IEFP · ISQ

TRANSFORMAÇÃO DA ENERGIA

A energia pode manifestar-se de diversas formas, mas o que sempre foi


considerado fundamental para o homem foi conseguir o aproveitamento da energia
e para tal foram sendo concebidas máquinas. O princípio é sempre o mesmo:
aproveitar a conversão ou transformação de uma para outra forma de energia,
onde o movimento ocupa um lugar de relevo.

Em termos esquemáticos poder-se-á sintetizar:

Sistemas Energia
Energias susceptíveis de
de aproveitamento Obtida
Conversão

Como exemplos de energias “aproveitáveis” pode citar-se a hidráulica e a eólica;


e de energia obtida podemos ter a térmica, a eléctrica, a mecânica, etc.

Os sistemas de conversão não são mais que todas as máquinas criadas pelo
Homem para desenvolver aquelas transformações: máquinas frigoríficas, electro-
mecânicas, termo-eléctricas, etc.

Estes conceitos teóricos que tiveram um enorme incremento a partir do século


XVIII com os estudos de termodinâmica, permitiram um desenvolvimento
acelerado da sociedade, nas suas vertentes sociais e económicas, assentes
sobretudo na componente tecnológica.

Assim, as máquinas desempenham um papel fundamental naquelas vertentes,


enquanto “transformadoras” de energia de uma fonte noutra, pelo que o seu
rendimento e o trabalho que geram é cuidadosamente estudado de modo a
maximizar o aproveitamento das transformações.

ENERGIAS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS

Através de tecnologia apropriada, as fontes de energia são transformadas em


proveito do homem sendo factor imprescindível para o desenvolvimento. Neste
contexto, as energias são comercializadas, ou seja, existem entidades públicas
ou privadas que as detêm ou produzem para depois venderem às entidades -
empresas ou cidadãos, que delas têm necessidade para a sua vida diária.

As energias mais comerciais são aquelas que mais facilmente podem ser
transformadas e que dão maior lucro a quem as detém ou produz.

Se por um lado energia é sinónimo de poder, de riqueza, de bem-estar, por


outro lado a sua poupança e distribuição teve em atenção aquelas vertentes e
M.S.06 Ut.03

III . 4 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Energia

nunca os aspectos relacionados com a natureza e o ambiente. Sendo os


recursos naturais a origem fundamental das energias, pode considerar-se um
passo perigoso para a humanidade pensar e usar as energias tendo em atenção
somente a vertente comercial descurando a vertente ecológica.

É neste quadro que se podem dividir as energias como renováveis e não


renováveis. Pela sua designação, pode inferir-se que energias não renováveis -
mais usadas nos circuitos comerciais - são as que derivam da exploração de
recursos acumulados ao longo dos séculos, os quais são finitos, dado que não
é possível a sua reposição em tempo de vida útil à escala humana.

Em contrapartida, as energias renováveis são as que têm origem em fontes


inesgotáveis porque a sua própria capacidade de regeneração é permanente
permitindo uma sistemática reposição da situação inicial.

Como energias não renováveis poder-se-ão referenciar, pela sua importância


económica e social:

• o petróleo;

• o carvão;

• o gás natural;

• o urânio.

A utilização, as origens, a transformação e o comércio destas energias fazem


parte do nosso quotidiano e do conhecimento de base de todos nós, ainda que
indirectamente.

Mas pelo facto de serem recursos finitos e também pelo facto de a sua produção
e consumo conduzirem a problemas ambientais, existe hoje preocupação/
/obrigação de se implementarem medidas para se fazer um uso mais eficiente
da energia, utilizando tecnologias de produção, meios e comportamento de
consumo que permitam uma melhor utilização.

As energias renováveis aparecem em contraponto, por terem origem em fontes


inesgotáveis ou continuamente repostas e ainda por não constituir, quer a sua
produção, quer o seu consumo, atentado ao ambiente; razões pelas quais se
consideram as energias do futuro. Actualmente não está ainda suficientemente
desenvolvida a tecnologia para a sua produção em termos economicamente
competitivos pelo que a sua comercialização ainda é diminuta.

Deste conjunto, poder-se-ão referir, pelo seu contributo para o balanço energético
as seguintes energias:

• a biomassa;

• a hídrica;
M.S.06 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente III . 5


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Energia IEFP · ISQ

• a solar;

• a eólica;

• a geotérmica.

As suas aplicações têm vindo a crescer e dão resposta a utilizações específicas


com êxito (ver fig. III.3):

Água quente
Aplicações Aquecimento
térmicas Vapor de processo industrial

Aplicações Conversão indirecta


eléctricas
Conversão directa (fotovoltaica): electrificação de locais isolados

Aplicações Sistemas ligados à rede


térmicas Fornecimento autónomo a locais remotos

Aplicações Bombagem
eléctricas Aquecimento de fluidos

Indirecta - reciclagem de materiais


Vapor Processo
Caldeiras Aquecimento

Térmica Água sobreaquecida


Água quente sanitária

Directa Digestores - Metano - Aquecimento

Digestores - Motor a gás - Electricidade


Eléctrica
Resíduos sólidos urbanos - Vapor - Turbina eléctrica

Mecânica Etanol - Motor de automóveis

Baixa temperatura - aquecimento de estufas


Térmica Média temperatura - aquecimento da habitação
Rocha quente - calor de processo industrial

Eléctrica Alta temperatura - Vapor - Turbina - Electricidade

Fig. III.3 - Energias e sua aplicação


M.S.06 Ut.03

III . 6 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Energia

A SITUAÇÃO ENERGÉTICA EM PORTUGAL

Portugal não dispõe de recursos energéticos em quantidade suficiente, o que o


torna vulnerável e dependente do exterior no que respeita aos combustíveis
fósseis - carvão, petróleo e gás natural. Quanto aos recursos hídricos, só cobrem
uma pequena parte das necessidades energéticas, designadamente no domínio
de produção de electricidade.

Nestas circunstâncias, a obrigatoriedade de importação conduz a uma


acentuada dependência quer em termos estratégicos, quer em termos
económicos, tornando difícil a gestão de recursos energéticos em Portugal.

Assim, os objectivos da política energética são definidos em três prioridades:

• diversificação de fontes energéticas;

• aumento de eficiência energética;

• utilização crescente de tecnologias de renovação.

Acrescem a estas outras linhas de actuação que visam a diminuição do impacto


no ambiente e a redução do consumo.

A situação energética em Portugal condiciona fortemente o seu desenvolvimento


económico e social abrangendo quase em igual percentagem a indústria, os
transportes e outros sectores.

Em termos comparativos (a título de exemplo) pode analisar-se o quadro seguinte


referente ao consumo de energia eléctrica por habitante nos países das OCDE
(fig. III.4).

Fonte: Agência Internacional de Energia, * Estimativa

Fig. III.4 - Consumo de energia eléctrica por habitante na OCDE (1985)


M.S.06 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente III . 7


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Energia IEFP · ISQ

RESUMO

A apresentação do tema “Energia” foi baseada numa abordagem que contempla:

• conceitos teóricos;

• os aspectos económico-sociais relacionados com o uso da energia;

• a vertente tecnológica que permite o aproveitamento/uso de energia;

• a actuação mais adequada para redução de consumos e protecção


ambiental.

M.S.06 Ut.03

III . 8 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Energia

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Dê exemplos de transformação de energia.

2. Descreva o funcionamento das máquinas que asseguram as conversões de


energia.

3. Defina conceitos de movimento, atrito, trabalho,rendimento através de


exemplos práticos.

4. Verifique algumas “máquinas” (motores, baterias, etc.) concebidas para a


conversão de energia e descreva a sua actividade.

5. Esclareça a evolução do conceito de energia e sua importância para a


sociedade.

6. Indique exemplos de diversas formas de energia.

7. Qual o papel das máquinas associado à energia como suporte da


humanidade. Dê exemplos.

8. Defina e dê exemplos da utilização de :

• petróleo

• carvão

• gás natural

• energia nuclear

9. Refira exemplos de problemas ambientais resultantes da produção e


utilização de:

• petróleo

• carvão

10. Defina as noções de:

• biomassa

• energia hídrica

• energia solar

• energia eólica

• energia geotérmica
M.S.06 Ut.03

Componente Prática Indústria e Ambiente III . 9


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Energia IEFP · ISQ

11. Esclareça como se produz energia através de:

• biomassa

• água

• sol

• vento

• calor

12. Dê exemplos de aplicações de energias renováveis.

13. Dê exemplos práticos de actuações que visem poupar energia:

• em termos nacionais / regionais

• a nível do cidadão

14. Enumere formas de poupar energia.

15. Esclareça quais as melhores formas de utilizar os diversos combustíveis.

M.S.06 Ut.03

III . 10 Indústria e Ambiente Componente Prática


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IEFP · ISQ Conceitos e Objectivos

Consumo e Poluição
Fr.S.03 UT.01

Indústria e Ambiente
Guia do Formando
IEFP · ISQ Consumo e Poluição

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Definir qualidade ambiental, poluição e meio receptor;

• Caracterizar as diversas fontes de poluição;

• Indicar os principais tipos de poluentes;

• Caracterizar o desenvolvimento sustentado;

• Reconhecer aspectos de degradação ambiental e distinguir os seus níveis


de gravidade;

• Descrever as principais intervenções que visam o controlo da poluição.

TEMAS

• Conceitos básicos sobre qualidade do ambiente e poluição

• Formas de degradação ambiental e controlo de poluição

• Estado do ambiente em Portugal

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.S.06 Ut.04

Indústria e Ambiente IV . 1
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Consumo e Poluição IEFP · ISQ

"Sem uma protecção adequada do meio ambiente, o desenvolvimento será


prejudicado; sem desenvolvimento, os esforços da protecção ambiental
fracassarão"

(in Relatório do Banco Mundial sobre o Desenvolvimento, 1992)

CONCEITOS BÁSICOS SOBRE QUALIDADE DO


AMBIENTE E POLUIÇÃO

Nos últimos anos tem-se assistido a um interesse crescente relativamente ao


ambiente e muitas palavras "novas" começaram a fazer parte do vocabulário do
homem comum. Palavras tais como ecologia, ambiente, smog fotoquímico,
efeito de estufa, camada de ozono, marés negras, etc., passaram a ser
referidas no dia-a-dia, o que significa que, gradualmente, tem-se vindo a tomar
consciência dos problemas ambientais concretos, muitos dos quais foram
consequência directa ou indirecta do desenvolvimento tecnológico necessário
para satisfazer determinados padrões de conforto e qualidade de vida da sociedade
humana moderna.

Poderá perguntar-se por que razão devemos, nesta altura, preocuparmo-nos


com os problemas de poluição, ecologia e impacto ambiental?

Na realidade, o homem habita há muitos séculos este planeta – em atmosferas


contaminadas com poeiras e gases, e com linhas de água igualmente
contaminadas – e sempre desenvolvendo actividades geradoras de diversos
tipos de detritos e resíduos.

Contudo, a crescente preocupação actual da sociedade é justificada, uma vez


que a urbanização e a industrialização juntaram grandes concentrações de
indivíduos em áreas relativamente pequenas. Assim, as concentrações dos
poluentes emitidos em muitas das actividades humanas vieram a atingir níveis
bastante elevados, a ponto de terem efeitos adversos sobre as plantas, os
animais e, mesmo, sobre a saúde humana.

De facto, as concentrações de determinados poluentes são tão elevadas à


escala global que apresentam potenciais riscos e consequências irreversíveis
para o próprio planeta.

Grande parte da industrialização da sociedade actual é, de facto, resultado da


manutenção de padrões de qualidade de vida e de conforto que são
característicos da civilização tal como a conhecemos, não sendo possível, nem
desejável, em muitos casos, uma regressão. Com efeito, e ao contrário do que
se pensava numa dada época não muito distante, tem-se vindo a notar, com
uma nitidez cada vez maior, que não é a escassez dos recursos energéticos,
mas sim a degradação do ambiente que pode pôr em questão os sistemas
actuais de organização da produção industrial. A manutenção de hábitos de
consumo com as características actuais significa um aumento desregulado de
lixos, uma acumulação de resíduos provocando uma situação que começa a
ameaçar o Homem, a sua saúde, bem como a sua sobrevivência a longo prazo
se não forem introduzidas alterações nestes hábitos.
M.S.06 Ut.04

IV . 2 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Consumo e Poluição

Assim, a forma de evolução futura é a do desenvolvimento sustentado, ou seja,


a evolução pela manutenção do equilíbrio entre o desenvolvimento da
civilização “industrial” e a minimização dos seus efeitos nocivos para o
ambiente. Surge a noção de desenvolvimento sustentável: produzir e consumir
hoje sem pôr em causa as necessidades de produção e consumo das próximas
gerações.

Para o cidadão comum, a noção de qualidade do ambiente prende-se com a


existência de ar limpo, água pura, paisagem agradável, onde se pode viver
confortavelmente ou gozar um descanso bem merecido.

Esta noção, apesar de simplista, enquadra-se na seguinte definição de


qualidade ambiental:

A qualidade ambiental consiste numa medida da


aptidão do ambiente para satisfazer as
necessidades do homem e garantir o equilíbrio
do ecossistema.

Note-se que esta noção de qualidade do ambiente centra-se fundamentalmente


no homem.

De facto, enquanto um ecossistema pode existir e ser estudado


independentemente do homem, o ambiente é percebido como tendo boa
qualidade quando permite uma variedade de usos pelo homem e má qualidade
quando impede determinados usos.

Assim, por exemplo, um rio não poluído pode ser utilizado para captação de
água para consumo humano e de rega, pesca e recreio aquático, além de
suportar um ecossistema rico e diversificado, ao passo que um rio poluído não
permite nenhuma destas actividades.

Muitas vezes, o conceito da qualidade ambiental associa-se, por oposição, ao


conceito de poluição, o que significa que um ambiente poluído tem má qualidade
enquanto um ambiente de qualidade é essencialmente não-poluído.

Uma definição de poluição poderá ser a seguinte:

A poluição consiste na descarga para o ambiente


de matérias ou energia originadas por
actividades humanas, em quantidade tal que
altera significativa e negativamente as
qualidades do meio receptor.

A poluição tem múltiplas origens, formas e consequências, podendo classificar-


-se quanto ao meio afectado, quanto ao vector (modo de transporte), quanto à
fonte poluente, quanto aos efeitos, quanto ao tipo de substâncias poluentes,
etc.
M.S.06 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente IV . 3


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Consumo e Poluição IEFP · ISQ

TIPO DE FONTE POLUENTE

- Fontes pontuais, com origem bem definida: esgotos urbanos,


ou unidades industriais com as suas chaminés e descargas de
efluentes.

- Fontes difusas, com origem numa área extensa ou múltiplas


fontes dispersas: drenagem de terrenos agrícolas, veículos
automóveis numa zona urbana ou numa estrada, extracção de
materiais em pedreiras.

- Fontes fixas (ex: fábrica) e fontes móveis (ex: automóveis).

TIPO DE ENTIDADE RESPONSÁVEL PELA POLUIÇÃO

- Empresas: efluentes e resíduos das unidades industriais e


comerciais.

- Autarquias: efluentes urbanos e lixos domésticos.

- Explorações agro-pecuárias: efluentes pecuários e drenagem


de terrenos cultivados.

Quadro IV.1 - Fontes poluentes

TIPO DE VECTOR DE POLUIÇÃO

- Efluentes líquidos: urbanos, domésticos, industriais;

- Efluentes gasosos: dos escapes de veículos, das chaminés


industriais;

- Resíduos: urbanos, industriais, hospitalares, tóxicos, perigosos;

- Ruído;

- Radiações.

TIPO DE POLUIÇÃO QUANTO AO MEIO RECEPTOR

- Poluição da água e das massas de água: do mar, das águas


continentais superficiais e das águas subterrâneas;

- Poluição do ar;

- Poluição dos solos;

- Poluição urbana.

Quadro IV.2 - Formas de poluição


M.S.06 Ut.04

IV . 4 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Consumo e Poluição

TIPO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS POLUENTES

- Substâncias inorgânicas: metais pesados, ácidos e bases


fortes, gases e sais, que são substâncias com variados graus
de toxicidade, originadas fundamentalmente na actividade
industrial, e que ocorrem em efluentes gasosos, líquidos e
resíduos;

- Matéria orgânica biodegradável: restos de comida,


excrementos, papéis ou resíduos vegetais, abundantes em todos
os tipos de resíduos e efluentes líquidos (por exemplo,
domésticos, agro-industriais, têxteis, pasta de celulose, etc.) e
que, podendo não ser propriamente perigosos em si, induzem
diversas formas de degradação ambiental, como sejam a
deficiência de oxigénio nas águas e nos solos, a produção de
cheiros desagradáveis e o desenvolvimento de bactérias;

- Matéria orgânica não-degradável (ou dificilmente degradável):


na sua maioria, são substâncias sintéticas, tais como plásticos
ou produtos químicos diversos de origem artificial, que
apresentam vários graus de toxicidade, podem ter efeitos nocivos
sobre o ambiente e ocorrem em efluentes líquidos ou gasosos,
ou em resíduos da indústria, agricultura, transportes, usos
domésticos e comerciais.

Quadro IV.3 - Substâncias químicas poluentes

Deve notar-se ainda que algumas das matérias consideradas como poluentes
também podem ter origem natural. São exemplo disso as situações de existência
de um elevado teor de sólidos suspensos nas águas que tanto pode ter origem
num efluente industrial como na erosão do solo por efeito da chuva.

Um outro exemplo semelhante é a existência de teores elevados de partículas


em suspensão na atmosfera, as quais tanto podem ser devidas à libertação de
gases de processos de queima como a fenómenos naturais de desgaste de
superfícies pela acção de ventos.

Quando a causa natural é dominante, o problema não é geralmente considerado


como uma verdadeira forma de poluição.

Se bem que definir qualidade ambiental e poluição seja simples, a sua


quantificação é, de facto, complexa.

Como é que se mede se uma água é ou não boa para uma determinada utilização?
Ou se a poluição atmosférica é prejudicial para a saúde?

Em geral, e em termos práticos, a qualidade do ambiente ou a carga poluente


de um efluente podem medir-se através da análise de uma série de parâmetros
característicos da situação em causa.
M.S.06 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente IV . 5


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Consumo e Poluição IEFP · ISQ

Como se verá, posteriormente, essas análises vão desde a simples medição


de temperatura, ou do pH, até à análise de determinados compostos químicos
em muito baixas concentrações, como, por exemplo, dioxinas ou compostos
organoclorados que requerem análises por vezes muito dispendiosas através
de técnicas sofisticadas com recurso a equipamentos laboratoriais que só
existem em laboratórios muito bem equipados.
Para os diferentes parâmetros analíticos, a legislação, quer nacional quer
comunitária, estabelece através de normas de boa qualidade do ambiente, os
níveis que cada poluente não deverá ultrapassar.
Como se verá, estas normas podem ser fixadas quer em relação às próprias
emissões de poluentes, quer em relação ao meio receptor, tendo por base, em
geral, critérios de efeitos toxicológicos sobre a saúde, ou outros.
Tradicionalmente, as normas sobre a concentração dos poluentes em termos
de qualidade do ambiente prevêem habitualmente dois níveis de rigor, a saber:
o valor máximo admissível (VMA) ou valor-limite, destinado a garantir a
salvaguarda da saúde humana no curto prazo; e o valor máximo recomendado
(VMR) ou valor-guia, que se destina a garantir a saúde das populações e o
equilíbrio ecológico a longo prazo.

FACTORES BIOLÓGICOS

- Microorganismos ditos patogénicos, induzidos por outras


formas de poluição, particularmente importantes na poluição da
água e nos resíduos hospitalares, entre outros;

- Eutrofização, que significa literalmente "excesso de alimento"


e se manifesta pelo excessivo crescimento de algas e plantas
aquáticas num meio com excesso de nutrientes (geralmente
fósforo e azoto) provenientes de fontes poluentes.

FORMAS DE ENERGIA

- Calor: energia térmica emitida por qualquer processo que use


energia (no caso de sistemas de arrefecimento de grandes
instalações de combustão, como as centrais térmicas, é gerada
poluição térmica, nomeadamente no meio hídrico);

- Ruído e vibrações: originados pelo funcionamento de quaisquer


máquinas e equipamentos (podem provocar incómodo, stress,
afecções psicológicas e auditivas, e, até, danos em edifícios);

- Campos electromagnéticos: gerados por sistemas eléctricos,


podem provocar efeitos nocivos nos seres vivos e no homem;

- Radiações: para além das causas naturais, as radiações são


geradas também por diversos equipamentos, principalmente por
instalações nucleares (hospitalares, de produção de energia,
militares) e respectivos resíduos, e podem causar efeitos nocivos
múltiplos, tais como queimaduras e efeitos mutagénicos, e
induzir o aparecimento de cancros.

Quadro IV.4 – Poluentes biológicos e energéticos


M.S.06 Ut.04

IV . 6 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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FORMAS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E


CONTROLO DE POLUIÇÃO

A importância de um fenómeno de poluição, assim como de qualquer outra


forma de degradação ambiental, está relacionada não só com a sua esfera de
influência e gravidade a curto prazo, mas também com a possibilidade de
recuperação das consequências e efeitos nocivos.

Assim, para acompanhar a evolução de degradação ambiental e também para


se recolher a informação indispensável para uma acção curativa é necessário
proceder-se ao controlo da poluição.

Por controlo da poluição designam-se geralmente diversos tipos de intervenções


como sejam: monitorização (vigilância); tratamento de efluentes (remediação);
reciclagem; medidas internas; tecnologias limpas; fiscalização; prevenção e
descontaminação.

Monitorização

A monitorização consiste na recolha sistemática de dados, quer em relação


às emissões poluentes (efluentes líquidos ou gasosos, resíduos industriais
ou urbanos), quer em relação à qualidade ambiental (ar, água, solo, ruído).

A monitorização pode ser efectuada através de medições contínuas com


aparelhos automáticos que recolhem dados constantemente – o que é comum
nos postos das redes de monitorização das qualidade do ar ou da qualidade
das águas superficiais – ou por medições pontuais, mediante colheita de
amostras isoladas – o que é vulgar no caso do controlo da qualidade das águas
de consumo humano, águas balneares ou monitorização de efluentes gasosos.

Por outro lado, os aparelhos de monitorização podem ser fixos (instalados em


chaminés de fábricas, em cidades ou em rios) ou móveis (montados num
laboratório móvel).

Alguns dos parâmetros que definem a qualidade do ambiente ou dos efluentes


podem ser analisados automaticamente no local, enquanto outros requerem
uma amostragem significativa, a conservação e o acondicionamento das
amostras colhidas, e a análise posterior em laboratório especializado e com
recurso a técnicas mais ou menos sofisticadas, manuais ou instrumentais.

Tratamento de Efluentes

O tratamento de efluentes é a forma mais tradicional de reduzir a poluição.


Os sistemas de tratamento são muitas vezes designados como sistemas "de
fim de linha" (end-of-pipe) ou "a jusante do processo", uma vez que o objectivo
destas medidas é reduzir a poluição após ela ter sido produzida.

Exemplos destas medidas são o tratamento de efluentes líquidos urbanos ou


industriais em ETAR (estações de tratamento de águas residuais), sistemas de
incineração de resíduos industriais, sistemas de tratamento de efluentes gasosos
M.S.06 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente IV . 7


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Consumo e Poluição IEFP · ISQ

tais como torres de lavagem ou filtros de despoeiramento, isolamentos e barreiras


acústicas para minimizar os efeitos da poluição sonora, etc.

Qualquer que seja a medida considerada, e por muito eficiente que ela ou os
equipamentos utilizados na sua concretização sejam, todas têm a desvantagem
de deixar uma certa poluição residual, uma vez que não existem sistemas
eficazes a 100%. Verifica-se ainda que, em muitos casos, estas medidas não
fazem mais que transferir a poluição de uma componente do ambiente para
outra, com consequências por vezes até mais perniciosas. Por exemplo, o
tratamento de gases ácidos por torres de lavagem origina águas extremamente
ácidas, assim como o despoeiramento de gases origina frequentemente grandes
quantidades de partículas sólidas por vezes tóxicas e sem aparente destino
final.

Daqui resulta que o tratamento de efluentes não constitui, por si só, uma resposta
para muitos problemas de poluição. Na realidade, só por meio de uma abordagem
integrada que assegure o respeito pelas diversas componentes do ambiente
que podem ser afectadas, e, de preferência, pela utilização de tecnologias que
reduzam a quantidade de poluição gerada, é que se pode garantir a manutenção
de boa qualidade do ambiente em muitos processos e situações reais.

Reciclagem

A reciclagem consiste na recuperação de produtos residuais ou subprodutos


do processo de produção, transformando-se assim um resíduo potencialmente
poluente num outro produto ou num recurso ainda útil. A reciclagem aplica-se
tanto a produtos sólidos como líquidos e gasosos, ainda que impliquem a
utilização de uma forma completamente diferente do processo que lhes deu
origem. Exemplos de reciclagem a nível de lixos urbanos são as recolhas
separativas de vidro (em vidrões), de cartão e papel (em "papelões") e metais
ferrosos e não-ferrosos, que são respectivamente utilizados para o fabrico de
novas embalagens de vidro, papel e cartão e peças metálicas fundidas. No
caso de situações industriais, são inúmeros os exemplos de produtos e sistemas
de reciclagem que se fazem ao nível de sais inorgânicos, solventes orgânicos,
metais, pós, etc.

Medidas Internas

As medidas internas consistem em acções executadas no interior das


empresas industriais que, sem alterar significativamente os processos
produtivos, recuperam como matéria-prima substâncias que, de outro modo,
seriam rejeitadas e poluiriam o ambiente, sendo uma forma de reciclagem interna
às unidades industriais.

Como exemplos podem apontar-se a filtragem de fibras na indústria têxtil ou de


celulose na indústria de pasta de papel.

Tecnologias “Limpas”

Consiste na utilização da nova tecnologia mais sofisticada e menos poluente


em processos produtivos inovadores de forma a que, para os mesmos níveis de
M.S.06 Ut.04

IV . 8 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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produção resultem em menores quantitativos de poluição do que os processos


clássicos. As tecnologias limpas requerem menores quantidades de matérias-
-primas, energia, água e outros recursos, o que implica que tenham custos de
produção mais baixos, embora tenham custos iniciais de investimento superiores.

São exemplos da aplicação de tecnologias limpas na indústria a utilização de


queimadores que geram baixos teores de óxidos de azoto em sistemas de
combustão e a produção de pasta de celulose branqueada sem a utilização de
cloro.

Fiscalização

A fiscalização consiste simplesmente na verificação do cumprimento das


normas referidas na legislação, que é praticada geralmente por organismos
oficiais ou entidades credenciadas pelo Estado para esse fim.

Prevenção

As acções de prevenção pretendem evitar as actividades poluentes ou os


riscos de acidentes industriais ou ecológicos, antes de tais situações
ocorrerem, o que é muito mais eficaz e muito mais económico que tomar medidas
correctivas ou curativas, após o acontecimento dos problemas.

Na realidade, é sempre mais barato tomar as medidas necessárias para não


poluir do que tentar recuperar um meio degradado, o que, em muitos casos, já
não é possível. Além disso, qualquer que seja o tipo de poluição, quanto mais
cedo forem identificados os problemas, mais barato é pôr em prática as medidas
correctivas adequadas. Uma "ferramenta" utilizada neste sentido são os estudos
de avaliação dos impactes ambientais que procuram prever, as consequências
que resultarão para o ambiente da concretização de um dado projecto. Assim,
é possível prever a priori os problemas resultantes e, pela tomada de medidas
adequadas, minimizá-los ou, de preferência, eliminá-los.

Recuperação ou Descontaminação

Estas acções consistem na "limpeza" do ambiente após ter ocorrido um


episódio de poluição. Em geral, referem-se a três tipos de acções diferentes,
a saber:

• recuperação do sítio de uma indústria ou estaleiro que deverá ficar tal


qual antes do início de actividade, por exemplo, fecho de minas ou pedreiras;

• descontaminação na sequência de acidentes ou episódios de poluição


aguda, como sejam marés negras resultantes de derrames, deposição de
substâncias tóxicas, etc.;

• recuperação de um sítio após ter-se verificado uma poluição de longa


duração, como sejam a contaminação de solos devida à existência de
armazenagem de hidrocarbonetos, contaminação de rios por detritos, etc.
M.S.06 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente IV . 9


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Consumo e Poluição IEFP · ISQ

ESTADO DO AMBIENTE EM PORTUGAL

A situação em Portugal no que respeita ao estado do Ambiente é objecto de um


relatório anual onde são apresentados os principais dados quantitativos e
qualitativos que caracterizam a evolução de qualidade do ambiente e das
principais pressões ambientais.

Merece destaque o facto de o sistema de recolha e tratamento de informação


disponibilizar já dados com um grau de fiabilidade e de actualidade que permite
a intervenção oportuna dos agentes económicos e sociais bem como dos
técnicos aos vários níveis. Releva-se também o facto de se ter desenvolvido um
sistema de indicadores que dão a este relatório uma forma mais globalizante
permitindo uma visão geral dos problemas sem perder o rigor necessário à
definição das áreas mais carenciadas.

Desta forma, conseguem equacionar-se as principais pressões que originam


degradação ambiental e/ou poluição, o estado do ambiente resultante dessas
pressões (e sua evolução), e quais as medidas que devem ser tomadas para
resolver, minorar ou prevenir os problemas.

Para uma análise mais aprofundada remete-se para essas fontes. A título de
exemplo poder-se-ão referenciar os seguintes aspectos:

248,869
250,000 244,820
245,000
240,000
235,000 232,487
230,000
225,000
220,791
220,000
215,000
210,000
205,000

1990 1991 1992 1993

Fig. IV.1 - Emissões antropogénicas dos gases responsáveis pelo efeito de estufa
(Gg poluente)
M.S.06 Ut.04

IV . 10 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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1 180,000 CO 1686,229
1 160,000 1 146,934
1 140,000
1 109,001
1 120,000
1 086,448
1 100,000
1 080,000

1990 1991 1992 1993

Fig. IV.2 - Emissões antropogénicas dos gases responsáveis pelo efeito de estufa
(Gg poluente)

CO2
62,000 60,954

60,000
57,365
58,000 55,925
56,000
53,158
54,000
52,000
50,000
1990 1991 1992 1993

Fig. IV.3 - Emissões antropogénicas dos gases responsáveis pelo efeito de estufa
(Gg poluente)

Nota: Verifica-se alguma dificuldade no controlo de emissão destes poluentes.

100
Percentagens

80

60

40

20
1992/93 1993/94 1994/95

> C4 - Extremamente Poluída


C4 - Muito Poluída
C3 - Poluída
C2 - Fracamente Poluída
C1 - Boa Qualidade

Fig. IV.4 - Evolução das classes de qualidade das águas superficiais.

Nota: Poder-se-á constatar que as medidas tomadas ainda não produziram os


efeitos desejados.
M.S.06 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente IV . 11


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Consumo e Poluição IEFP · ISQ

Total de Protegidas Ameaçadas


espécies

3 000 124 Total Extintas Em perigo Vulneráveis Raras


293 18 100 155 20

Total de Protegidas Ameaçadas


espécies

90 74 Em Insuficiente
Total perigo Extintas Vulneráveis Raras Indeterminadas Conhecimento
293 12 1 4 20 10 8

Total de Protegidas Ameaçadas


espécies
Autóctones 23 Em Insuficiente Comercialmente
Introduzidas Total perigo Vulneráveis Raras Indeterminadas conhecimento ameaçadas
Total 22 3 5 9 2 2 1

Quadro. IV.5 - Espécies de plantas que ocorrem em Portugal Continental e estatuto das
espécies ameaçadas.

Nota: A flora e a fauna também são objecto de monitorização tendo em vista as


necessárias medidas de protecção.

Periferias Lisboa
20%
24%
Lisboa
47%
Urbana
51%

Rural Rural
25% estradas
a) b) 33%

Fig. IV.5 - a) Distribuição da população exposta a níveis sonoros Leq ]65,75] db(A)
b) Distribuição da população exposta a níveis sonoros Leq > 75 db (A).

Nota: O ruído é a incomodidade relativa a ambiente de que mais se queixa a


população portuguesa.
M.S.06 Ut.04

IV . 12 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Consumo e Poluição

A)

B)
Fig. IV.6 - A) Produção de resíduos urbanos e respectiva capitação
B) Percentagem de população servida por serviços de recolha de resíduos urbanos

Nota: Os resíduos constituem actualmente um dos principais problemas


ambientais no nosso país. Se a percentagem de população servida por serviços
de recolha e tratamento de resíduos urbanos tem vindo a aumentar, já no que
respeita a resíduos industriais a evolução não tem sido tão positiva.
M.S.06 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente IV . 13


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Consumo e Poluição IEFP · ISQ

RESUMO

Nesta Unidade Temática foram desenvolvidos os conceitos de qualidade ambiental


e de poluição e foram referidos vários exemplos de formas de poluição, agrupadas
por tipo de fonte, tipo de entidade responsável pela sua geração, tipo de vector
de poluição e ainda quanto ao meio receptor.

Apresentaram-se os principais tipos de poluentes agrupados como substâncias


químicas, factores biológicos e formas de energia.

Foram ainda enunciadas formas de acção e controlo da poluição, em particular:


monitorização, tratamento de efluentes, reciclagem, medidas internas,
tecnologias menos poluentes, fiscalização, prevenção, recuperação ou
descontaminação.

M.S.06 Ut.04

IV . 14 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Consumo e Poluição

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Analise as figuras A, B e C, e escolha a que lhe parecer mais adequada ao


conceito de qualidade ambiental. tendo em consideração os conceitos de
poluição, desenvolvimento sustentado e ambiente receptor. Justifique a sua
escolha.

Esquema A Esquema B

Esquema C

2. Identifique os dois níveis de rigor previstos nas normas sobre a concentração


dos poluentes em termos de qualidade do ambiente, completando o seguinte
quadro:

Destina-se a garantir a Destina-se a garantir a


salvaguarda da saúde saúde das populações e
humana a curto prazo. o equilíbrio a longo prazo.

Qual a distinção entre estes dois níveis de rigor?

3. Considere uma unidade industrial de dimensão média situada dentro de um


perímetro urbano. Escolha a sua produção (por exemplo: metalomecânica).

a) que tipo de poluição será gerada?


b) que intervenções preconizaria para controlar a poluição?
M.S.06 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente IV . 15


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IEFP · ISQ Área de Operações

Gestão e Controlo Ambiental:


Instrumentos Legislativos e
Àreas de Intervenção
Fr.S.03 UT.02

Indústria e Ambiente
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IEFP · ISQ Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Interpretar genericamente a principal legislação nacional e comunitária sobre


ambiente nas seguintes áreas:

• Licenciamento Industrial;
• Impacte Ambiental;
• Qualidade das Águas;
• Qualidade do Ar;
• Resíduos;
• Ruído;
• Atmosferas Interiores.
• Enunciar as principais implicações da legislação nas mais importantes áreas
de intervenção no domínio do ambiente.

TEMAS

• Licenciamento industrial e impacte ambiental

• Outra legislação relativa à qualidade do ambiente e emissões de poluentes

• Áreas de intervenção específicas

• Poluição das águas

• Resíduos

• Ruído

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.S.06 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 1


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Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção IEFP · ISQ

Depois de um período algo longo de inexistência de legislação relativa ao


ambiente, o quadro legislativo nacional relativamente a este assunto encontra-se
hoje muito mais completo, dada não só a transposição da legislação comunitária
para o direito nacional, mas também a publicação de diplomas que têm
progressivamente vindo a fazer a actualização de anteriores diplomas.

O texto legislativo fundamental do ambiente em Portugal é a Lei de Bases do


Ambiente, Lei n.º 11/87, que estabelece os princípios-base das leis-quadro que
se lhe seguiram e resulta da atenção dada pela Constituição da República a
este assunto, em particular nos artigos 9.º e 66.º.

Ainda assim, mesmo antes da publicação deste texto normativo fundamental,


já existiam, em Portugal, algumas leis e normas relativas ao ambiente. No
entanto, esta legislação era desprovida de um carácter sistemático e não reflectia,
necessariamente, a essência da legislação comunitária, ao contrário do que se
verifica actualmente.

A legislação ambiental que existe actualmente no nosso país corresponde a


um complexo sistema de Decretos-Lei, Regulamentos, Portarias, Normas, etc.,
que foi concebido tendo em atenção princípios ou conceitos fundamentais:

• acção curativa;
• acção preventiva;
• princípio do poluidor pagador;
• controlo da poluição na origem;
• evitar transferência de poluição;
• responsabilidade partilhada.

LICENCIAMENTO INDUSTRIAL E IMPACTE AMBIENTAL

O interesse da legislação nesta Unidade Temática em particular, resulta da


importância da integração dos aspectos relacionados com o ambiente na política
industrial, e da valia da legislação na implementação das medidas ambientais.

O Decreto-Lei n.º 282/93 e o Decreto Regulamentar n.º 25/93, da mesma data,


aprovam um novo REAI – Regulamento de Exercício de Actividades
Industriais.

Para as instalações classificadas na lista do Decreto-Lei n.º 186/90 e Decreto


Regulamentar n.º 38/90, relativos à Avaliação do Impacte Ambiental, que
fundamentalmente incluem a indústria de grande dimensão, ou aquela que
desenvolva actividades consideradas de particular perigosidade, e os grandes
empreendimentos, é ainda necessária a elaboração e apresentação de um Estudo
de Impacte Ambiental (EIA) que deverá incluir a definição e a descrição do
projecto, sua operação e manutenção, descrição da situação de referência,
análise dos impactes ambientais, análise de risco, análise comparativa de
alternativas ao projecto, conclusões, recomendações e medidas mitigadoras.
M.S.06 Ut.05

V . 2 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção

Fig. V.1 - E.T.A. - Estação de Tratamento de Água


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Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 3


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Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção IEFP · ISQ

OUTRA LEGISLAÇÃO RELATIVA A NORMAS DE QUALIDADE


DO AMBIENTE E EMISSÕES POLUENTES

No que diz respeito à actividade, propriamente dita, das instalações industriais


já em laboração plena, existe actualmente um conjunto de normas e directivas
em relação às quais há que verificar conformidade, tanto no que diz respeito
aos efluentes e subprodutos gerados pela actividade industrial, como pelas
condições ambientais a que estão sujeitos os trabalhadores envolvidos e as
populações mais expostas em áreas limítrofes.

Relativamente aos efluentes líquidos gerados pela indústria, há que ter em


consideração o Decreto-Lei n.º 236/98, que resulta da transposição de um
conjunto de Directivas comunitárias relativas a critérios e normas de qualidade
das águas, para consumo humano e outros tipos de utilização, e especifica as
Normas Gerais de Descarga de Águas Residuais.

Nesta legislação encontra-se ainda implícito o princípio do poluidor/pagador,


que consta igualmente do Decreto-Lei n.º 352/90, ou Lei do Ar. Esta lei refere
em pormenor as obrigações relativas aos efluentes gasosos, equipamentos de
exaustão, chaminés, autocontrolo de emissões, relatórios periódicos dos
quantitativos emitidos para a atmosfera, etc.

Posteriormente foi publicada a Portaria n.º 286/93 que estabelece valores-


-limite de emissão de poluentes a partir de chaminés industriais, quer gerais,
quer sectoriais, condições de emissão que requerem monitorização em contínuo,
condições para medições pontuais, assim como os montantes das taxas a
pagar por poluente emitido.

Esta portaria inclui ainda valores-limite e valores-guia para os poluentes mais


comuns no ar ambiente, como sejam, as partículas totais em suspensão, dióxido
de enxofre, dióxido de azoto, monóxido de carbono, ozono e chumbo.

Relativamente aos resíduos gerados pela actividade industrial há que ter em


atenção o que estabelecem os princípios e responsabilidades dos industriais
relativamente aos resíduos, a classificação dos resíduos segundo a sua
perigosidade, a necessidade de declarar a sua existência às entidades
competentes, as possibilidades de eliminação. Existe uma portaria
complementar que estabelece os critérios relativos à deposição de lamas de
depuração, provenientes de ETAR, nos solos, assim como a sua utilização na
agricultura, bem como um vasto conjunto de diplomas sobre vários aspectos
relacionados com os resíduos industriais.

Além destes regulamentos deve ser ainda observado o Regulamento Geral


do Ruído, consignado no Decreto-Lei nº251/87 (alterado pelo DL - 292/89), e
legislação subsequente, que estabelece os níveis de ruído permitidos no decurso
da actividade industrial e nas imediações fabris. O aspecto do ruído no que diz
respeito à exposição dos trabalhadores envolvidos tem já muito a ver com as
questões relacionadas com os aspectos de higiene e segurança, numa área
em que estes aspectos se interpenetram com os do ambiente.
M.S.06 Ut.05

V . 4 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção

A este respeito importa salientar o Regulamento Geral de Segurança e


Higiene do Trabalho nos Estabelecimentos Industriais, e a Norma
Portuguesa NP 1796, que estabelecem os valores máximos admissíveis
de substâncias potencialmente tóxicas nos locais de trabalho.

ÁREAS DE INTERVENÇÃO ESPECÍFICAS

Poluição atmosférica

A indústria transformadora é considerada como um dos maiores causadores de


poluição atmosférica, de que deriva a imagem de indústria "suja" que perdura
desde os primórdios da revolução industrial. No entanto, muitas outras
actividades humanas são, de facto, responsáveis pelo aumento da poluição
atmosférica, em particular os sistemas de transporte, que contribuem para a
maior parte da poluição atmosférica que se verifica nas grandes cidades com
muito tráfego automóvel, como é o caso de Lisboa e Porto.

Contudo, há, na realidade, uma contribuição importante da indústria, em particular


da indústria pesada, como sejam a produção termoeléctrica de energia, o fabrico
de cimento, a indústria química e petroquímica pesadas, a refinação de petróleo,
o fabrico de aço, etc.

Actualmente a indústria transformadora nacional está sujeita a valores-limite de


emissão, como consta da Portaria n.º 286/93, que se referiu anteriormente.

Existem várias metodologias, ou critérios, para fixar valores-limite relativos à


qualidade do ar. Para o caso do ar ambiente e para as atmosferas de trabalho
resulta evidente que os critérios terão que ser os efeitos dos poluentes sobre a
saúde humana e efeitos toxicológicos sobre a saúde (ou a manutenção desta)
dos indivíduos expostos.

Contudo, este critério, se bem que evidente nas situações anteriores, já não
resulta assim no caso das emissões gasosas a partir das unidades industriais.
Isto deve-se a que as emissões gasosas industriais ocorrem geralmente a partir
de chaminés com alturas mais ou menos grandes, mas a um nível de altura no
qual não é possível encontrar indivíduos expostos.
M.S.06 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 5


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Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção IEFP · ISQ

Bragança
Viana do Castelo

Vila Real

Porto

Viseu
Aveiro
Guarda

Coimbra

Leiria Castelo Branco

Portalegre
Santarém

Emissões de SO2 por


Évora
agrupamento de
concelhos de NUT I
(toneladas/ano)

≤ 100
Beja
1 000 a 5 000

5 000 a 15 000

15 000 a 20 000

20 000 a 40 000

0 50 km > 40 000
Faro

Fonte: DGQA

Fig. V.2 - Emissões nacionais de So2. (Ano de 1995)


M.S.06 Ut.05

V . 6 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção

Neste caso, os valores-limite são fixados não tanto pelos efeitos toxicológicos
dos poluentes, mas pelo estado de avanço das tecnologias, ou seja, os valores-
-limite de emissão são os correspondentes ao nível de emissões que é gerado
pela melhor tecnologia disponível (best available technology) para o processo
industrial em causa.

Bragança
Viana do Castelo

Vila Real
Porto

Viseu

Aveiro Guarda

Leiria

Coimbra Castelo Branco

Santarém Portalegre

Évora

Emissões de NOx por


agrupamento de
concelhos NUT III
(toneladas/ano)

Beja ≤ 1 000

1 000 a 2 000

2 000 a 7 000

7 000 a 10 000

0 50 km > 10 000
Faro

Fonte: DGQA

Fig. V.3 - Emissões nacionais de NOx (Ano de 1995)


M.S.06 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 7


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Viana do Castelo

Porto

Aveiro

Figueira da Foz
Coimbra
Castelo Branco

1 Centrais Térmicas
2 Cimenteiras
3 Indústria Química
Barreiro 4 Pasta de papel
Lisboa
5 Refinarias
Setúbal
6 Siderurgias
Localidades

Sines

Faro 0 20 40 60 80 100
Esc.
Quilómetros
Fonte: IM

Fig. V.4 - Principais fontes potenciais de emissão


M.S.06 Ut.05

V . 8 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção

É evidente que os valores-limite de emissão, quer os de aplicação geral, quer


os de aplicação sectorial, terão que ser medidos para se avaliar a conformidade
com o disposto na legislação.

Neste sentido são definidas taxas de emissão, ou seja, "caudais" de emissão


de poluentes acima dos quais será necessário dispor de monitorização em
contínuo.

Isto abrange, na prática, grandes instalações industriais, com um caudal de


gases elevado e um teor de poluentes igualmente elevado e é extensivo a
partículas totais em suspensão: dióxido de enxofre, óxidos de azoto, monóxido
de carbono, compostos fluoretados, compostos clorados e ácido sulfúrico.

No caso de taxas de emissão inferiores às indicadas será necessário realizar


medições pontuais. O Decreto-Lei estabelece ainda que, caso se faça
monitorização em contínuo, haverá que efectuar também medições pontuais,
para efeitos de calibração, no mínimo uma vez por ano.
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Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 9


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PORTO
Bragança
Viana de Castelo

PORTO

Tapada do Outeiro

ESTARREJA

Coimbra
ESTARREJA

Castelo Branco

Pego

LISBOA Carregado
Redes Autónomas
LISBOA
BARREIRO / SEIXAL
Setúbal
Estações de
Medição

BARREIRO / SEIXAL SINES


A Instalar

Sistema de Informação da Qualidade do


Moura Ambiente

Direcção Geral da Qualidade do Ambiente

Serviço de Documentação e Informação


Loulé
SINES Data: 23 de Janeiro de 1991
Faro

Madeira

Fig. V.5 - Rede de medida da Qualidade do Ar


M.S.06 Ut.05

V . 10 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

Em termos da qualidade da água dos rios, de onde é captada uma grande parte
da água para consumo humano e também para usos industriais, verifica-se que
cerca de 75% tem uma qualidade boa ou aceitável, 20% está medianamente
poluído com fortes restrições ao uso da água, enquanto os restantes 5% está
extremamente poluído, e impróprio, para qualquer utilização.

Estes níveis são francamente insuficientes tanto mais que se contabilizarmos


as disponibilidades em termos de volume de água, mais de metade dos recursos
hídricos nacionais estão consideravelmente afectados por poluição, em particular
nas zonas de grande concentração urbana, e nos seguintes rios: Ave, Almonda,
Alviela, Douro, Guadiana, Leça, Lisandro, Liz, Nabão, Tejo, Trancão, Sado e
Sisandro, onde os níveis de poluição são particularmente críticos, devido a
causas diversas que incluem deficiências ou inexistência de saneamento básico,
efluentes domésticos e agro-industriais.
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Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 11


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Principais cursos de água


e faixas costeiras
com situações graves
de poluição hídrica

0 50 km

Fonte da base cartográfica: IGC/DGQA

Fig. V.6 - Poluição Hídrica


M.S.06 Ut.05

V . 12 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção

No que diz respeito às águas subterrâneas existem, de momento, muito poucos


estudos sistemáticos que permitam caracterizar com rigor a situação embora
se saiba que a sua qualidade é afectada, principalmente pelas seguintes ordens
de problemas:

• intrusão salina de água do mar, devido à captação de água em furos acima


da capacidade de resposta dos lençóis litorais;

• contaminação dos lençóis subterrâneos por águas superficiais poluídas,


descarga de efluentes no solo e contaminação dos solos por resíduos.

Num estudo recente, estimava-se a carga poluente bruta num valor superior a
45 milhões de habitantes-equivalentes (um habitante-equivalente é, por definição,
igual à carga poluente produzida por uma pessoa, por dia, em média). Destes,
11 milhões correspondem a efluentes de origem doméstica, sendo os restantes
de origem agro-industrial.

Como a grande maioria dos efluentes não sofre qualquer tratamento ou passa,
simplesmente, por sistemas que não funcionam devidamente, as cargas
poluentes são muito superiores ao permitido pela legislação actual, estimando-se
em cerca de 10 vezes.

Por estes dados conclui-se que a situação da poluição hídrica é preocupante,


pondo em causa um recurso essencial como é a água, afectando a saúde das
populações, os usos da água e mesmo as actividades económicas.

As áreas que se consideram críticas para uma correcta gestão dos recursos
hídricos, sendo por isso áreas privilegiadas de intervenção, são as seguintes:

• recuperação e defesa das margens dos cursos de água;

• extensão da gestão da água às águas subterrâneas;

• implementação de um sistema regional de gestão de recursos hídricos por


bacia hidrográfica com meios técnicos e humanos próprios, assim como
autonomia administrativa;

• aplicação do princípio do utilizador/pagador e dos instrumentos económicos


associados como meio de tornar o sistema de gestão das águas
tendencialmente auto-suficiente;

• reforço dos sistemas de apoio e incentivos para autarquias e para a indústria


no sentido de porem em prática as necessárias medidas de controlo de
poluição e reconversão para tecnologias limpas.

Na indústria actual é perfeitamente impensável instalar uma nova unidade sem


que esta disponha dos sistemas eficientes adequados ao tratamento dos seus
efluentes líquidos e das suas águas residuais, por forma a que possam ser
respeitados valores-limite de descarga, sem o que não é concedido o
licenciamento industrial; ou mesmo preferencialmente, que sejam consideradas
medidas internas que levam à geração das menores cargas e menores
quantidades de efluentes possíveis.
M.S.06 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 13


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Naturalmente, estas considerações aplicam-se, com as devidas reservas, às


unidades industriais já existentes à data de publicação da respectiva legislação.

Outro incentivo para o tratamento dos efluentes líquidos industriais consiste na


possibilidade de recuperar água à saída das unidades de tratamento, o que
deverá ser conjugado com medidas internas que levam à geração das menores
cargas e menores quantidades de efluentes possíveis, no sentido de reduzir os
custos de produção referentes à utilização de água para os processos industriais.

RESÍDUOS

Dentro dos resíduos distinguem-se habitualmente os resíduos sólidos urbanos


(RSU) originados fundamentalmente no sector doméstico, comércio e serviços
e os resíduos tóxicos e perigosos, de origem industrial ou hospitalar.

A produção de RSU a nível nacional tem vindo a aumentar como consequência


do aumento da população e da quantidade de resíduos por habitante,
estimando-se a sua produção em 3 milhões e quatrocentas mil toneladas/ano,
sendo os distritos do litoral que apresentam os valores mais elevados de
capitação, o que corresponde à localização das grandes cidades.

No que diz respeito ao destino final, estima-se que 28% vão para aterro sanitário
(aterro em que as camadas de resíduos são colocadas em camadas alternadas
com terra), 10% para compostagem (fabrico de composto como aditivo e correctivo
de solos) e os restantes 62% para lixeiras sem qualquer tratamento.

Os resíduos tóxicos incluem na sua composição substâncias tóxicas e


apresentam propriedades tais como corrosividade, inflamabilidade ou reactividade
com água ou outras substâncias, o que os torna extremamente nocivos para o
ambiente. A quantidade bruta destes resíduos produzida em Portugal ultrapassa
um milhão de toneladas/ano, verificando-se as maiores produções junto dos
grandes complexos industriais, a saber, Barreiro, Estarreja, Seixal e Sines. M.S.06 Ut.05

V . 14 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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Produção de
resíduos sólidos
por concelho
(toneladas/ano)

≤ 1 000

1 000 a 10 000

10 000 a 50 000

50 000 a 100 000

< 100 000


0 50 Km

Fonte: DGQA

Fig. V.7 - Resíduos Perigosos


M.S.06 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 15


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É de realçar que uma quantidade considerável destes resíduos é constituída


por lamas de depuração provenientes de ETAR (Estações de Tratamento de
Águas Residuais).

A maior parte dos resíduos, é simplesmente descarregada no solo ou subsolo


sem qualquer tratamento, o que implica graves riscos de contaminação dos
solos e dos lençóis subterrâneos de água. Apesar de projectada há já vários
anos, continua a não existir qualquer estação de tratamento de resíduos
industriais. Nestas circunstâncias, os industriais das unidades que as produzem,
como responsáveis pelos mesmos, têm que providenciar o seu transporte para
instalações no estrangeiro capazes de os eliminar, o que acarreta, naturalmente,
custos elevados.

M.S.06 Ut.05

V . 16 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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Produção de resíduos
sólidos urbanos por
concelho
(toneladas/ano)

< 5 000

5 000 a 10 000

10 000 a 25 000

25 000 a 50 000

0 50 km > 50 000

Fonte: DGQA

Fig. V.8 - Resíduos Sólidos Urbanos (Ano de 1980)


M.S.06 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 17


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Algumas (poucas) unidades fabris dispõem de pequenas instalações de


incineração para eliminar alguns dos seus resíduos. Em muitas situações a
instalação de unidades desta natureza para incinerar resíduos produzidos por
diversas unidades industriais análogas, por exemplo, em regime cooperativo,
poderá ser uma solução vantajosa, visando assim atenuar os elevados custos
de investimento.

Contudo, há que ter em atenção que a incineração obriga a um planeamento


rigoroso de cargas e de operação e ainda um eficaz sistema de tratamento e
depuração dos gases resultantes, sem o qual não poderá funcionar.

RUÍDO

Mais de metade das queixas em matéria de ambiente que os cidadãos nacionais


dirigem às autoridades competentes dizem respeito ao ruído, o que demonstra
que esta componente ambiental não pode, de modo algum, ser considerada
como menos importante que as anteriormente referidas.

As principais causas do agravamento do ruído no nosso país são o crescimento


descontrolado das zonas urbanas, o aumento do tráfego rodoviário, os escapes
dos veículos, em particular dos motociclos, a industrialização progressiva, a
mecanização crescente de actividades outrora manuais e o incremento das
actividades de lazer nocturno, além do descuido relativamente a medidas
elementares de protecção.

Como se sabe, o ruído pode levar à surdez e causar fortes estados de stress.

O Regulamento Geral do Ruído impõe, a nível industrial, níveis de ruído que


obrigam a seleccionar máquinas com reduzidas emissões de ruído, ao isolamento
acústico de maquinaria ruidosa e ainda à colocação de painéis e barreiras
acústicas, devendo ainda complementar-se estas medidas com aparelhos de
protecção individual para os trabalhadores expostos, de acordo com as portarias
mais recentes que obrigam à manutenção de fichas audiométricas para os
mesmos trabalhadores.
M.S.06 Ut.05

V . 18 Indústria e Ambiente Componente Científico-Tecnológica


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RESUMO

Nesta Unidade Temática, foram referidas as principais áreas de intervenção


sobre o ambiente, no que diz respeito à actividade industrial, ou seja, em termos
das obrigações das empresas industriais no sentido da protecção do ambiente,
minimizando assim os eventuais danos causados pelo desenvolvimento da
actividade industrial.

Estas áreas de intervenção dizem respeito àquelas componentes do ambiente


geralmente mais afectadas pela actividade industrial e que são:

i) a poluição atmosférica, que resulta das emissões de gases que devem ser
obrigatoriamente medidas e tomadas as acções necessárias para garantir o
respeito dos valores-limite;

ii) a poluição das águas que resulta igualmente do lançamento em cursos de


água de efluentes líquidos sujeitos igualmente a valores-limite de
concentração de determinados poluentes;

iii) os resíduos originados pela indústria transformadora, que têm de estar


isentos de substâncias tóxicas e perigosas;

iv) o ruído que constitui um problema geral das actividades industriais, pelo que
se encontram definidos níveis máximos de ruído nas actividades industriais
e ainda se torna necessário efectuar o rastreio audiométrico regular dos
trabalhadores expostos.
M.S.06 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Indústria e Ambiente V . 19


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Gestão e Controlo Ambiental: Instrumentos Legislativos e Áreas de Intervenção IEFP · ISQ

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Indique as principais características da actual legislação nacional no domínio


do ambiente?

2. Refira que documentos legislativos teria de consultar para conhecer e


assegurar o cumprimento das normas que regulamentam emissões de
efluentes líquidos de um unidade industrial?

3. Considere uma unidade industrial nova que se pretende instalada. Que


questões devem ser abordadas e que passos deveriam ser desenvolvidos
para o efeito?

M.S.06 Ut.05

V . 20 Indústria e Ambiente Componente Prática


Guia do Formando
IEFP · ISQ Bibliografia

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B . 2 Indústria e Ambiente
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