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ESTADO DE MATO GROSSO

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO

Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência, efetivando a inclusão
social, respaldada na ética e na moralidade.
EXC ELENT Í SSI MA SENH O RA DO UT O RA J UÍ ZA DE DI REIT O DA VARA

Ú NI C A DA C O MARC A DE ARENÁPO LI S - MT .

Processo n° 84/2007 – Cód. 15746

Assistido: André Ferreira da Silva

ANDRÉ FERREIRA DA SILVA, já qualificado nos autos em

epígrafe, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por

intermédio da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, pelo

Defensor Público e Estagiária abaixo assinados, no uso de suas atribuições

legais, com supedâneo no artigo 500, do Código de Processo Penal,

apresentar suas

ALEGAÇÕES FINAIS

pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos:

O Assistido foi denunciado pela prática do delito descrito

nos artigos 213 c/c art. 224, ‘a’ c/c art. 225, § 1°, I, c/c art. 71,

todos do Código Penal, tipificado como estupro com violência presumida.

A denúncia foi devidamente recebida às fls. 53.

1 Ademilson Navarrete Linhares


Defensor Público
Defensoria Pública, Rua Presidente Costa e Silva, nº. 410 - Centro - Arenápolis – Mato Grosso.
CEP 78.420-000 – Telefone: (0XX65) 3343-2192
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Em suas alegações finais, entendendo estarem presentes

provas suficientes de autoria e materialidade, que ensejariam uma

condenação, a digna Promotora de Justiça pugna pelo julgamento

procedente da denúncia, condenando o Assistido nas sanções do artigo

articulado na denúncia.

É o escorço necessário, momento em que passa este

Defensor Público às suas derradeiras alegações.

DA DENÚNCIA

Narra a peça angular acusatória que, no mês de julho de

2007, no interior da residência do Assistido, nesta cidade, o mesmo

visando o desafogo de sua concupiscência, constrangeu a pratica de

conjunção carnal mediante violência presumida, por várias vezes, a vítima

Maria Andreza Moreira da Silva, de apenas 12 (doze) anos de idade,

consumando o ato sexual.

Pelo exposto, entendendo preenchidos os requisitos, a

ilustre representante do Parquet Estadual, denunciou o Assistido por

infringir os artigos 213 c/c art. 224, ‘a’ c/c art. 225, § 1°, I, c/c art. 71,

todos do Código Penal.

DO INTERROGATÓRIO DO ASSISTIDO E ALEGAÇÕES

TESTEMUNHAIS

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O assistido fora ouvido perante a Autoridade Policial,

às laudas 13/14, acerca do delito ocorrido em desfavor da vítima Maria

Andreza Moreira da Silva , e disse que:

“ co nh e ce Maria And re s s a Mo rre ira da Silv a, mas


nã o sa be inf o rm a r a s ua id a de co rreta ... que a
ad o le s ce nte ve io mo rar na sua co m panh ia po r s ua
liv re e es po ntâne a vo ntad e e que nunca a fo rço u a
m ante r ato s exual co m o m e sm o ; que af irm a que a
ge nito ra d a ad o les ce nte tinh a co nh e cime nto que o
inte rro gad o e s tav a v iv e nd o co m a me s m a; que o
interro ga do af irma que a cha v a que Ma ria
And res sa tinh a 14 a nos de id a d e e nã o 12 a no s .

Em Juízo ele voltou a afirmar que “ não sabia a idade da

vítima ,” que pediu a autorização para a sua genitora, que fez sexo com ela

apenas uma vez, conforme depoimento em áudio (fls. 73).

Insta ressaltar Excelência, que o assistido agiu mediante

erro de tipo , uma vez que não era de seu conhecimento que a vítima era

menor de 14 anos, fato este que configura como elementar da violência

presumida, previsto no art.224, “a”, do Código Penal:

Art. 224- Pre s um e - se a v io lê ncia, se a v ítim a:

a) não é maio r d e 14( quato rz e) ano s .

A denominação “erro de tipo” deve-se ao fato de que o

equívoco do agente incide sobre um dado da realidade que se encontra

descrito em um tipo penal (Fernando Capez- Curso de Direito Penal).

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Trata- se, portanto, de um erro essencial, como sendo aquele que incide

sobre situação de tal importância para o tipo que, se o erro não existisse,

o agente não teria cometido o crime.

A característica do erro essencial é impedir que o agente

compreenda o caráter criminoso do fato .

Assim, a equivocada apreciação de fato (achava que ela

tivesse 14 anos ou mais) somado com o consentimento da vítima para o ato

sexual, fez com que imaginasse estar praticando algo correto.

A testemunha Lafaiete Rodrigues de Paula, que trabalha

como Conselheiro Tutelar, disse que “a vítima aparentava ter 16 ou mais

anos de idade” . Percebe-se, pela imagem do áudio que ele, de forma

categórica, relata que, na data dos fatos, a adolescente era “bem

crescida e desenvolvida” . Ademais, excelência, seu testemunho deve

merecer bastante valor, uma vez que trabalha com crianças e

adolescentes.

Por fim, ele não informou sobre possíveis relacionamentos

sexuais da vítima com o acusado. O que ele deixou claro foi que o Valdenir

tinha relacionamento sexual com a irmã da vítima.

A testemunha Leani Guimarães Veloso ao ser questionada

pelo juiz sobre as características físicas da vítima disse “ela é grande ,

corpo de moça grande , não parece ser menor de 18 anos ”. Percebe- se,

excelência, que o juiz fez questão de explorar bem esses fatos na ocasião

do depoimento em áudio. Ela disse, ainda, que o “acusado não sabia a

idade dela” , que ele ficou sabendo só depois de ter sido preso.
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As demais testemunhas, Orivaldo Mendes de Almeida,

Deusdete Lopes de Souza, Marinalva Ferreira Rosa, Rita de Cássia

Amorim, dizem que “ eles moravam juntos com autorização da genitora da

vítima” . Em momento algum apontavam sobre quantidades de relações

sexuais. Que eles não brigavam e eram harmônicos.

A vítima Maria Andreza Moreira da Silva demonstrou em

seu depoimento que ama muito o Acusado e estão morando juntos até hoje.

No início sua mãe não concordava com o relacionamento, hoje, porém,

ambos os pais aprovam o relacionamento.

Portanto, excelência, pelos depoimentos acima restou

demonstrado o acusado realmente agiu em erro no tocante a idade da

vítima. Tal erro essencial é da modalidade invencível , uma vez que, pelas

características física da vítima, não poderia ter sido evitado, nem mesmo

com o emprego de uma diligência mediana. Dessa forma, ficam excluídos o

dolo e a culpa do Assistido perante a comprovação sólida do erro que

incidiu o Assistido diante das circunstâncias fáticas constantes dos autos .

Sobre a matéria têm-se as seguintes jurisprudências:

“Estupro – Não caracterização – Desconhecimento da


idade da menor pelo réu – vítima de 12 anos de idade
que apresentava compleição física bastante desenvolvida
permitindo supor maior idade – Hipótese, ademais de
incentivo e consentimento do ato pela menor – Presunção
de violência afastada – Sentença procedente – Recurso
não provido”.(TJSP – Ap. 125765-3-Taquaritinga- São Paulo
– 2.ª Câmara Criminal – Rel. Des. Canguçu de Almeida).
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APELAÇÃO CRIME. ESTUPRO. VIOLENTA FICTA.


RELAÇÕES CONSENTIDAS. VÍTIMA COM TREZE
ANOS DE IDADE. TIPICIDADE AFASTADA NO CASO
CONCRETO. PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA NÃO
CARACTERIZADA. Discussão que diz respeito à presunção
de violência expressa no art. 224, I, do CP. Já entendida
como absoluta, hoje deve ser tida como relativa, tendo em
vista a realidade social vigente, a qual não pode ser negada
pelo operador do direito. Necessidade de busca da
interpretação que mais se aproxima dos princípios
norteadores do Direito Penal, atentando-se especialmente à
necessária ofensividade que a conduta deve oferecer ao bem
jurídico penalmente tutelado para que o agente mereça a
reprimenda estatal. Considerando-se que o tipo penal no qual
em tese teria incidido o réu protege a liberdade sexual, para
que se entenda que há tipicidade sem o emprego de violência
real ou grave ameaça, deve-se reconhecer que o sujeito
passivo que se entregou sexualmente a outrem não possuía o
discernimento necessário para de tal forma dispor de seu
corpo. Assim, aquela menor com a vida sexual desregrada,
experiente, que já manteve relações com diversos parceiros
e que, como mostra a triste realidade, muitas vezes é
entregue à prostituição, tem plenas condições de entender o
que significa consentir na prática sexual. Porém, não é
apenas o consentimento nestes casos que determina a
atipicidade do fato, a qual também deve ser reconhecida
quando aquele é prestado por menina com idade próxima aos
quatorze anos de idade que, ainda que não se possa
considerar devassa, possui o discernimento necessário em se
tratando de temas sexuais, o que se verifica na hipótese dos
autos. Caso em que restou incontroverso que réu e vítima
mantiveram quatro relações sexuais, todas de forma
consentida. Ainda, caracterizado que o envolvimento entre
os mesmos era de afeto, indo além do caráter meramente
sexual, tendo a ofendida destacado sua intenção de casar
com o acusado. Cumpre ressaltar que mesmo que a vítima
tivesse pouco acesso às informações do mundo, não se pode
presumir seu desconhecimento acerca de sexo, observando-
se que ia até a casa do acusado para manter relações sexuais
com o mesmo e escondeu sua gravidez até que a genitora
passasse a desconfiar de seu comportamento. Neste
contexto, é de ser mantido o afastamento da presunção de
violência, visto que entendimento contrário iria de encontro
à finalidade da norma, que é justamente proteger a
liberdade sexual daqueles indivíduos que não possuem a
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capacidade de validamente dela dispor, o que não se verifica


na hipótese dos autos. APELAÇÃO MINISTERIAL
DESPROVIDA. (TJRS; ACr 70019940857; Santa Cruz do
Sul; Sétima Câmara Criminal; Relª Desª Naele Ochoa
Piazzeta; Julg. 08/11/2007; DOERS 13/12/2007; Pág. 139)
(Publicado no DVD Magister nº 18 - Repositório Autorizado
do STJ nº 60/2006 e do TST nº 31/2007)

APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 214 C/C ART. 224,


ALÍNEA 'A' NA FORMA DO ART. 71, TODOS DO
CÓDIGO PENAL. ABSOLVIÇÃO. POSSIBILIDADE.
ERRO DE TIPO. RECURSO PROVIDO. 1. Ao imaginar que
se tratava a vítima de maior de 14 anos, resta patente que
incidiu o suplicante em erro de tipo. Uma vez que tal
instituto afasta a consciência e a vontade do agente, acaba
por excluir, consequentemente, o dolo quanto a prática do
ato imiscuído na norma penal repressiva. Ressalte-se que,
ainda que o apelante tenha incorrido em erro de tipo
escusável, não haveria capitulação possível para sua conduta,
uma vez que apenas poderia responder pelo suposto crime
em sua modalidade culposa, inexistindo tal previsão legal
para o crime de estupor. 2. Recurso a que se dá provimento.
(TJES; ACr 27060004408; Primeira Câmara Criminal; Rel.
Des. Alemer Ferraz Moulin; Julg. 12/09/2007; DJES
02/10/2007; Pág. 48) (Publicado no DVD Magister nº 18 -
Repositório Autorizado do STJ nº 60/2006 e do TST nº
31/2007)

APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 213 C/C ART. 224,


ALÍNEA A C/C ART. 226, INCISO III, NA FORMA DO
ART. 71, TODOS DO CÓDIGO PENAL. 1. Preliminar:
Nulidade do laudo de exame de conjunção carnal. Rejeitada.
2. Preliminar: Ilegitimidade do ministério público. Rejeitada.
3. Mérito. Absolvição. Possibilidade.Erro de tipo. 4. Recurso
provido. Unanimidade. 1. A jurisprudência pátria indica que
as nulidades referentes aos laudos da natureza do ora
contestado devem ser argüidas em momento oportuno, sob
pena de preclusão, uma vez receberem tratamento de
nulidade relativa. Ademais, nos termos do art. 572 do código
de processo penal, o apelante não logrou demonstrar
qualquer prejuízo advindo da suposta nulidade argüida, ou
mesmo qualquer influência desta na apuração da verdade
substancial, assim como na decisão da causa, devendo,
portanto, prevalecer o princípio do pas de nullité sans grief.
2. 3. Ao imaginar que se tratava a vítima de maior de 14

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anos, resta patente que incidiu o suplicante em erro de


tipo. Uma vez que tal instituto afasta a consciência e a
vontade do agente, acaba por excluir, consequentemente, o
dolo quanto a prática do ato imiscuído na norma penal
repressiva. Ressalte-se que, ainda que o apelante tenha
incorrido em erro de tipo escusável, não haveria capitulação
possível para sua conduta, uma vez que apenas poderia
responder pelo suposto crime em sua modalidade culposa,
inexistindo tal previsão legal para o crime de estupro. 4.
Recurso a que se dá provimento. (TJES; ACr
051.02.000009-0; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des.
Alemer Ferraz Moulin; Julg. 07/06/2006; DJES
22/06/2006) (Publicado no DVD Magister nº 17 -
Repositório Autorizado do STJ nº 60/2006 e do TST nº
31/2007)

ESTUPRO COM VIOLÊNCIA PRESUMIDA. ERRO DE


TIPO. VÍTIMA COM FISIOGENIA DE MULHER
ADULTA. EXCLUSÃO DO DOLO. ATIPICIDADE DA
CONDUTA. Comprovada, de forma satisfatória, que o
agente desconhecia a verdadeira idade da vítima menor, e
constatado que ela possuía maturidade física inusitada para
a idade, e de se reconhecer a ausência de dolo do agente,
por erro de tipo, a teor do disposto no art. 20, caput, do
Código Penal. Recurso conhecido e improvido. Absolvição
mantida. (TJGO; ACr 24679-3/213; Proc.200301653555;
Jataí; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Itaney Francisco
Campos; Julg. 20/04/2004; DJGO 05/05/2004) (Publicado
no DVD Magister nº 15 - Repositório Autorizado PENAL.
ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.
VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS DE IDADE. VIOLÊNCIA
PRESUMIDA RELATIVA. ERRO DE TIPO. ABSOLVIÇÃO.
Mantém-se a sentença a quo absolutória, uma vez que não
existem nos autos elementos suficientes para se ter como
certo o fato de o réu conhecer a idade da vítima. Ocorre o
erro de tipo, se ausente uma das elementares do crime.
Apelação criminal conhecida e não provida, por maioria. -
Para configuração do crime de estupro, por violência
presumida, face ser a vítima menor de 14 anos, necessário
que o acusado tenha conhecimento deste fato. - Não
havendo nos autos provas de que o autor soubesse da
menoridade da vítima, e sendo certo que esta permitiu a
conjunção carnal, a dúvida deve beneficiar o réu. - Sentença
absolutória mantida. (TJDF; APR 1844697; Ac. 111605; DF;
Segunda Turma Criminal; Rel. Des. Getulio Pinheiro; Julg.
20/08/1998; DJU 22/04/1999; Pág. 53) (Publicado no DVD
Magister nº 17 - Repositório Autorizado do STJ nº 60/2006
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e do TST nº 31/2007)do STJ nº 60/2006 e do TST nº


31/2007)

“Estupro – Violência presumida – Presunção relativa –


Vitima amasiada, com experiência em matéria sexual –
Conduta incompatível com a innocentia consilii – Presunção
de inocência afastada – Absolvição decretada – Recurso
provido O fundamento da ficção legal de violência, no
caso de adolescentes, é a innocentia consilii do sujeito
passivo, ou seja, a sua completa insciência em relação
aos fatos sexuais, de modo que não se pode dar valor
algum a seu consentimento”. (TJSP – Ap. 127.011-3 –
Itapeva – Rel. Des. Gonçalves Nogueira).

INFORMAÇÕES SOBRE O CONTEXTO FAMILIAR DA

VÍTIMA

Ademais, a família da vitima é bem problemática. É de

conhecimento de todos que a mãe da vítima, Lenir Moreira, conhecida por

“ Paraguaia ” tem envolvimento com prostituição no município de Nova

Marilândia. Seu pai, Adenilson Agrícola da Silva, tem várias passagens pela

polícia, que, inclusive, cumpre pena na Cadeia Pública de Arenápolis. Seu

irmão também já esteve preso em Arenápolis. Assim, diante deste

contexto familiar a vítima e sua irmã vivem pelas ruas, ficando de cidade

em cidade, sendo, assim, uma menina-moça promíscua, afeita às coisas do

sexo.

Nesse sentido dispõe a jurisprudência:

“Es tupro – Vio lê ncia pre s um id a – Pre s unção


re lativ a – Vitim a am as iad a, com e xpe riê ncia em
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m até ria se xual – Co nd uta inco m patív e l co m a


inno centia co nsilii – Pres unção d e ino cê ncia
af as tad a – Abs o lv ição de cre tad a – R e curs o
pro v ido O f und am e nto d a f icção le gal d e v io lê ncia,
no caso de ado le s ce nte s , é a inno centia co nsilii d o
s uje ito pas s iv o , o u se ja, a sua co m ple ta ins ciê ncia
e m re lação aos f ato s se xuais , d e mo do que não s e
po d e d ar v alo r algum a s e u co ns e ntim e nto ”. ( TJ SP
– Ap. 127.011- 3 – I tape v a – R e l. De s . Go nçalv e s
N o gue ira ).

NÃO CONFIGURAÇÃO DA CONTINUIDADE DELITIVA

A defesa também insurge com a continuidade delitiva apontada pelo

Ministério Público, uma vez que o laudo pericial de fls. 61/62 sequer conseguiu apurar

se houve conjunção carnal, conforme quesito de nº 1. Por outro lado, nenhuma

testemunha refere-se, de forma convincente, sobre relações sexuais entre a vítima e o

acusado, apenas limitam em dizer que estavam juntos. Assim, não há provas que

demonstrem que o réu praticou o delito de forma continuada.

Em contato com o Conselho Tutelar, foi comunicado a

esta Defensoria Pública, que tem atribuição nas questões que envolvem

crianças e adolescentes, que o Assistido encontra-se em União Estável

com a vítima. Ambos possuem um filho e o acusado está trabalhando. As

próprias palavras do conselheiro, que chegaram a me comover, foram as

seguintes:

“Dr. a Andreza (vítima) nunca mais deu


problema para nós. Assim que foram morar
juntos tudo virou uma maravilha. Hoje eles
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têm um filho. Ela parou de perambular pelas


ruas e de se envolver em prostituições”.

INFORMAÇÕES SOBRE O ASSISTIDO

Trata- se de um jovem de 19 anos, trabalhador,

humilde, de baixa escolaridade, sem antecedentes criminais e que não

tinha a menor idéia que estava comentendo um crime. Em momento algum

procurou prejudicar o andamento do processo. Sempre contribuiu para

apurar a verdade real na medida que confessou que teve relações sexuais,

sendo também sincero em dizer que agiu em erro acerca da idade da

vítima.

PREJUÍZO CASO OCORRA CONDENAÇÃO

No caso de haver uma futura condenação decorrente

deste processo, o prejuízo será ainda maior tanto para o Assistido quanto

para a vítima, senão vejamos.

Como já fora dito, inclusive pelas testemunhas a vítima na época

estava grávida, ou seja, estava esperando um filho do Assistido, e ele sabedor de seus

deveres paternos, estava trabalhando para dar uma vida digna para seu filho e para a

genitora deste.

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Com o decorrer do tempo, a criança nasceu, e está na companhia

de seus pais.

Atualmente, o filho do Assistido e sua genitora precisam dele,

não só por uma questão legal, mas principalmente pela necessidade emocional, até porque

segundo ela, eles vivem de forma harmônica.

A vítima não se considera auto-suficientes na criação

de seu filho, e, conforme já ficou demonstrado no decorrer do processo, a

família dela é problemática demais para criar este bebê.

Portanto, fica evidente que a condenação destruirá

toda a família, sem mencionar que a sentença para o réu terá força de uma

sentença de morte, por se tratar de crime de estupro.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Defensoria Pública a Vossa

Excelência o julgamento improcedente da denúncia para que seja o

Assistido André Ferreira da Silva ABSOLVIDO , quanto ao crime pelo qual

fora denunciado, com supedâneo no artigo 386, inciso III, do Código de

Processo Penal, haja vista não constituir o fato infração penal por haver

provas robustas acerca do erro de tipo.

b) Acolhendo os pedidos formulados, lastreados em boa

razão jurídica, esse juízo estará andando bem no mister de distribuir

verdadeira JUSTIÇA !

São os termos em que pede


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DEFERIMENTO

Arenápolis/MT, 17 de novembro de 2008.

ADEMILSON NAVARRETE LINHARES

Defensor Público Substituto

SUELEN DIANI LIMA SILVA

Estagiária da Defensoria Pública

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