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ASPECTOS GERAIS DO CULTIVO DA BATATA

José Magno Queiroz Luz


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2021
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1-ORIGEM E IMPORTÂNCIA DA BATATA

A batata (Solanum tuberosum L.), também conhecida como batatinha ou batata-inglesa, é


nativa da América do Sul, da Cordilheira dos Andes, onde foi consumida por populações nativas
em tempos que remontam a mais de 8.000 anos.

Figura 1: centro origem da batata

Foi introduzida na Europa por volta de 1570 provavelmente através de colonizares


espanhóis, tornando-se importante alimento principalmente na Inglaterra, daí o nome batata-
inglesa. Por volta de 1620, foi levada Europa para a América do Norte, onde se tornou alimento
popular (LOPES; BUSO, 1997). Recebe diferentes nomes conforme o local: araucano ou Poni
(Chile), Iomy (Colômbia ), Papa ( Império Inca e Espanha ), Patata ( Itália ), Irish Potato ou
White Potato ( Irlanda ), Potato (EUA) e Pommes de Terre (França).
A difusão da batata em outros continentes ocorreu através da colonização realizada pelos
países europeus, inclusive no Brasil. Inicialmente era cultivada em pequena escala em hortas
familiares, sendo chamada de batatinha, assim como na construção de ferrovias ganhou o nome
de batata inglesa, pôr ser uma exigência nas refeições dos técnicos vindos da Europa. No Brasil,
o cultivo mais intenso da batata, juntamente com outras hortaliças, iniciou-se na década de 1920,
no cinturão verde de São Paulo.
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Atualmente, a batata ocupa o 3º lugar entre os alimentos mais consumidos do mundo,
sendo superada apenas pelo trigo, arroz e milho.
A Ásia produz 80% do volume dos países em desenvolvimento, sendo que só a China
responde por 20% da produção global, destacando-se como maior produtor mundial, o qual
permanece nesta década com uma produtividade próxima de 16 toneladas por hectare.
A batata é considerada a principal hortaliça no país, tanto em área cultivada como em
preferência alimentar. As regiões Sudeste e Sul são as principais produtoras. A área total no
Brasil é por vlta de 100.000 hectares anuais, é destinada ao mercado fresco (65%), à indústria de
chips (15%), à indústria de pré-fritas (12%) e à batata semente (8%).
O estado de Goiás e a região da Chapada Diamantina, na Bahia, têm se destacado no
cultivo de batata, com mais de 5.000 hectares plantados, influenciam ativamente na oferta
nacional e no comportamento de preços. Segundo a ABBA (2017), a área colhida no Brasil vem
reduzindo nos últimos anos, passando de 176 mil hectares em 1999 para 125 mil hectares em
2016. A produção de tubérculos, no entanto, vem se mantendo estável entre 2,5 e 3,0 milhões de
toneladas. Os principais estados produtores são Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio Grande do
Sul, Bahia e Santa Catarina. Enquanto nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo o
rendimento médio de tubérculos é de 29 t ha-1, no Rio Grande do Sul é de 22 t ha-1, Bahia 41 t ha-
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e Santa Catarina 25 t ha-1.

A cultura sofreu grandes mudanças nas últimas décadas, conforme tabela abaixo.

ITEM 1980 2016


Área 160.000 há 125.707 ha
Produtividade 15 t ha-1 ( 5 a 40 t) 25-30 t ha-1
Produtores > 30.000 < 5.000
Produção 30 a 40 regiões 15 a 20 regiões
Trabalhadores > 500.000 empregos < 100.000 empregos
Custo Produção /ha R$ 6.000 a R$ 12.000 R$ 17.000 a R$ 30.000
Área / produtor 1 a 1000 há 10 a 3000 há
Fonte: ABBA

2-BOTÂNICA E FISIOLOGIA
A batata é uma planta dicotiledônea, pertencente ao gênero Solanum, da família
Solanaceae, o qual contém mais de 2.000 espécies, embora somente cerca de 150 produzam
tubérculos. A batata cultivada no Brasil pertence à espécie tetraplóide Solanum tuberosum. Esta
espécie é dividida em duas subespécies, S. tuberosum subsp. tuberosum e S. tuberosum subsp.
andigena.
A batata é uma planta perene, embora cultivada como planta anual. Sua parte aérea é
herbácea, com altura variável entre 50 e 70 cm. O ciclo vegetativo da cultura pode ser precoce
(<90 dias), médio (90-110 dias) ou longo (>110 dias), dependendo da cultivar. O caule
compreende duas partes distintas: uma aérea e outra subterrânea. O caule aéreo é chamado de
"rama", que pode ou não se ramificar. A parte subterrânea do caule são os estolões e estes, por
sua vez, terminam por uma porção que é o tubérculo. As folhas são compostas, sendo formadas
por um pecíolo com folíolo terminal, por folíolos laterais e, às vezes, por folíolos secundários e
terciários. Dependendo da cultivar, as folhas têm tamanho, pilosidade e tonalidade de verde
diferentes. As flores da batateira apresentam a corola gamopétala com cinco pétalas, em cor que
varia de branca à azulada. São distribuídas em inflorescência do tipo cimeira.
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Figura 2: planta de batata. Fonte: CIP

Na superfície dos tubérculos as estruturas mais evidentes são os olhos, cada um contendo
mais de uma gema, e as lenticelas. Vários fatores, como cultivar, tamanho do tubérculo e
condições de cultivo afetam o número de olhos por tubérculo. Cada olho possui uma gema
principal que também produz brotações laterais ou estolões.
Quando o tubérculo é cortado longitudinalmente, pode-se observar a periderme (pele), o
córtex, o anel vascular, a medula externa e a medula interna, esta mais clara, que se comunica
com os olhos.

Figura 3: Tubérculo de batata, corte transversal. Fonte: Pereira & Daniels (2003)

O tubérculo passa por um período de dormência compreendido entre a colheita e o início


de brotação. O período de dormência do tubérculo depende da cultivar, da maturidade do
tubérculo na colheita, das condições climáticas durante o ciclo cultural da planta, das injúrias no
tubérculo e do ambiente de armazenamento.
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A batata possui quatro estádios de desenvolvimento da batateira observados no campo:
a. Estádio I - é o mais curto: do plantio da batata-semente brotada até a emergência
das hastes, o que ocorre de uma a duas semanas, dependendo da cultivar. A planta utiliza a
reserva de nutrientes solúveis no sulco de plantio, inclusive, pode ter efeito deletério. A exigência
de água é mínima e o excesso prejudicial à cultura em início.
b. Estádio II – compreende o intervalo entre a emergência e o início da tuberização,
que se inicia uma quarta (precoce) ou na quinta semana (tardia) após o plantio. Ao final desse
estádio, efetua-se a adubação complementar, em cobertura, seguida pela amontoa. O
desenvolvimento vegetativo se acelera e principia a acumulação de fotossintatos nos tubérculos.
À medida que o sistema radicular se desenvolve, a planta passa a utilizar os nutrientes do solo.
Também aumenta a exigência de água da cultura.
c. Estádio III – prolonga-se do início da tuberização até a planta atingir o máximo
desenvolvimento vegetativo. Esse “pico de vegetação” ocorre na oitava (precoce)ou na décima
semana (tardia) após o plantio. Esse estádio caracteriza-se pelo desenvolvimento acelerado da
parte aérea e pela acumulação de fotossintatos nos tubérculos, alcançando a superfície
fotossintetizante o máximo em extensão e eficiência. Pode ocorrer ou não o florescimento,
dependendo das condições agroclimáticas, sem interferência na produção de tubérculos. Nesse
estádio, é máxima a absorção de nutrientes que devem-se encontrar em forma assimilável pelo
sistema radicular. Também é máxima a exigência de água. Os problemas fitossanitários iniciam-
se, podendo exigir a pulverização com defensivos.
d. Estádio IV – é o mais longo: “do pico de vegetação” até a senescência natural da
planta. Verifica-se substancial incremento em peso nos tubérculos, enquanto a parte aérea se
mantiver ativa, que pode atingir um ganho diário de até uma tonelada por hectare. O
amarelecimento inicia-se na décima segunda (precoce) ou na décima quarta semana (tardia) após
o plantio e termina com a planta seca e os tubérculos maduros. A exigência de água ainda é
elevada, mas vai diminuindo à medida que a senescência se aproxima. Agravam-se os problemas
fitossanitários, exigindo a pulverização com defensivos.
O ciclo completo – do plantio da batata-semente brotada até a secagem da planta – varia
de 14 a 16 semanas dependendo da cultivar, bem como de outros fatores.

Figura 4: Esquema do ciclo fenológico da cultura da batata.


Fonte: Batata Show nº05, ano 02- Setembro/2002.
Diversos fatores determinam a duração do ciclo da batateira, tais como, temperatura,
fotoperíodo, intensidade luminosa, densidade de plantio, cultivar, nitrogênio, entre outros que
interagem e, dessa forma, influenciam na tuberização.
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Tabela 1: Fatores responsáveis pela ampliação do ciclo da batateira.
Fatores Especificação
Comprimento do dia Longo
Temperatura Altas
Intensidade Luminosa Menores
Idade do tubérculo Jovem
Densidade de plantio Baixa
Adubação nitrogenada Elevada
Umidade do solo Sem restrição
Cultivar Tardia
Fonte: Fontes (2005), adaptado de Beukema & Van der Zaag (1990).

3-ÉPOCA DE PLANTIO
A batata é uma planta que exige frio, principalmente à noite. A planta exige uma
diferença entre as temperaturas diurnas (amenas) e noturnas (mais baixas) em torno de 10° C, ou
pouco menos – a denominada “termoperiodicidade diária”. Contudo, a alta luminosidade, comum
nos trópicos, compensa as temperaturas diurnas, mais elevadas do que o ideal, além de aumentar
a precocidade. O acúmulo de reservas no tubérculo se dá em função da quantidade de energia que
a planta assimila durante o dia, menos o que ela respira. Quanto mais a planta acumular durante o
dia, como resultado da fotossíntese, e quanto menos ela respirar, maior o acúmulo de reservas. A
temperatura fria à noite colabora para que a planta reduza a respiração e, assim, acumule mais
reservas. As zonas mais frias, portanto, são melhores para a batata. Nos últimos anos, a geografia
da produção da batata está mudando. A mesma vem sendo cultivada em regiões mais quentes, até
a Bahia e em algumas zonas do Nordeste, inclusive, com alto nível tecnológico e produção.
Segundo Filgueira (2008), as exigências climáticas da bataticultura são peculiares e
precisas, ressaltando-se que o fator limitante, nas condições brasileiras, tem sido a temperatura
elevada, mormente a noturna. Quando esta se mantém acima de 20° C, durante 60 noites ou mais,
não ocorre a tuberização. O fotoperíodo também afeta o desenvolvimento, sendo a planta de dia
curto para tuberização e de dia longo para o florescimento. Entretanto a variação fotoperiódica
não constitui um fator limitante no Brasil, como comprova o fato de se plantar e colher nas
quatro estações.
Diante do exposto tem-se as seguintes épocas de plantio:
• Plantio das águas
• Plantio da seca
• Plantio de inverno

4-CULTIVARES
Uma cultivar de batata é uma coleção de plantas idênticas, em termos de genótipo,
originárias de uma única planta matriz, que foi propagada vegetativamente. Portanto, trata-se de
um clone. No Brasil, há cerca de 100 cultivares registradas no Catálogo Nacional de Cultivares,
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sendo que cerca de 30 são
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protegidas. A relação está disponível no site do MAPA:
http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/cultivares/lst1200.htm.
Atualmente no Brasil as principais variedades plantadas são Ágata (45%), Asterix (15%),
Orchestra (13%), Cúpido (7%), Markies (6%), Atlantic e FL (7%). A variedade Camila da
Embrapa, plantada em cerca de 300 hectares, tem despertado o interesse dos produtores de várias
regiões. Avariedade Ágata representa mais de 50% da produção nacional, chegando a produzir
mais de 50 toneladas por hectare. Isso ocorre pois apresenta melhor relação custo/benefício e
manterá essa importância até que outra variedade possa suplantá-la quanto às exigências do
mercado, o qual valoriza apenas o aspecto externo dos tubérculos exigindo bom formato e pele
lisa e brilhante.
As principais características das cultivares mais plantadas e adaptadas às condições
brasileiras, assim como das principais cultivares desenvolvidas no Brasil são descritas a seguir
(Descrição e fotos: ABBA).

ÁGATA
Origem: Holanda
Plantas - Hastes finas, que se espalham muito e cor verde forte; folhas moderadamente grandes e
de cor verde bastante clara; floração pobre, de inflorescências pequenas e flores brancas.
Tubérculos - Ovais; casca amarela e lisa, polpa de cor amarelo-claro; olhos superficiais.
Resistência a doenças - Suscetível à requeima das folhas, à sarna comum, às podridões; pouco
suscetível ao vírus Yn; imune ao cancro.
Qualidades culinárias –consumo fresco, imprópria para fritura.

Figura 5. Variedade Ágata. Foto: ABBA

ASTERIX
Origem: Holanda
Plantas – Variedade semi-tardia, rápida emergência, número médio de hastes, folhagem bem
desenvolvida.
Tubérculos – grandes, formato oval-alongado, olhos bastante superficiais, película vermelha (no
plantio em épocas quentes a pele clareia ficando rosada), polpa amarela, apresentam alto
rendimento e teor de matéria seca.
Resistência a doenças – resistente ao vírus do enrolamento, à Sarna comum, ao vírus X, à
requeima dos tubérculos, à alternária, ao fusarium e ao nematóide de cisto, suscetível aos vírus A
e Yn e à requeirma das folhas e imune ao cancro. Resistente ao enegrecimento interno e danos
mecânicos.
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Qualidades culinárias – tanto para cozimento quanto para fritas, utilizada na fabricação de French
Fries (Pré-fritas congeladas).
OBS: melhor produtividade nas safras de inverno, com irrigação adequada.

Figura 6: Variedade Asterix. Foto: ABBA

ATLANTIC
Origem: EUA (batata-semente produzida e comercializada pelo Canadá)
Plantas - vigorosas, hastes grossas, eretas, ciclo médio de 95 dias e flores de coloração rosa. As
folhas são grandes e verde-claras.
Tubérculos - formato oval-arredondado, película amarela ligeiramente rendilhada, olhos
medianamente profundos, polpa branca. Dormência média.
Resistência a doenças - moderadamente resistente a requeima e muito resistente ao vírus X..
Suscetível ao coração-oco, ao vírus Y e à murchadeira. Pouco suscetível à sarna comum.
Qualidades culinárias - processamento como palitos fritos, porém palitos curtos (tubérculos
arredondados). Especialmente indicada para produção de “chips, por apresentar alto teor de
matéria seca e pelo formato do tubérculo.

Figura 7: Variedade Atlantic Foto: ABBA


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CUPIDO
Origem: Holanda
Planta - Porte médio a alto, com tendência a acamamento, hastes vigorosas de emergência e
desenvolvimento lento. Suscetível à requeima e pinta preta, resistência ao enrolamento (PLRV),
ao mosaico (PVY) e à verruga.
Tubérculo - Oval alongado, pele amarela, polpa amarelo claro. Tubérculos graúdos e uniformes.
Suscetível ao esverdeamento.
Resistência a doenças - muito suscetível à podridão seca provocado por Fusarim sp e à Erwinia
sp. Baixa incidência de lesões de sarna comum.
Qualidades culinárias – cozimento (excelente sabor, de textura firme, sem descoloração). Não se
presta para batata fritas (alto conteúdo de açúcares redutores).
com o uso deste herbicida. A dormência da batata semente é outro ponto de atenção, sua
dormência é bem maior que em Monalisa.

Figura 8: Variedade Cupido Foto: ABBA


MARKIES
Origem: Holanda
Planta: Alta, estrutura de folhagem tipo caule; hastes eretas, moderado coloração de antocianina;
folhas grandes, verde, silhueta semi-aberta a fechada; floração rica, nenhum ou muito leve
coloração de antocianina dentro da corola de flor.
Tubérculos: Oval a oval-alongada; pele amarela, casca moderadamente áspera; polpa de cor
amarelo claro; olhos superficiais.
Brolho: Grande a moderadamente grande, cônico, forte coloração antocianina e forte a moderada
pubescência da base; botão terminal grande a moderadamente grande e forte a muito forte
descoramento de antocianina; de quantidade moderada a pouca pontinhas de raiz.
Maturação: Tardia a muito tardia; dormência longa até muito longa.
Tubérculos:Grandes, forma oval a oval-alongada, uniforme; casca de cor amarela, olhos
superficiais; bastante resistente ao escurecimento por impacto.
Produção: Alta; sortido uniforme.
Matéria seca: Teor alto.
Qualidade de consumo: Bastante consistente quando cozida a farinhenta; pouco enegrecimento
após cozinhar; própria para batatas fritas e batatas fritas de pacote.
Folhagem: Muito boa a boa.
Doenças: Bastante resistente ao Phytophthora das folhas, bastante resistente ao Phytophthora dos
tubérculos; moderadamente resistente ao vírus do enrolamento-da-folha, boa resistência contra
vírus X e bastante resistente ao vírus Yn; resistente à nematoide de cisto Ro1; bastante suscetível
a sarna comum.
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Figura 9: Variedade MARKIES


Foto: Margossian Sementes

ORCHESTRA
Origem: Holanda
Possui uma dormência mediana e pouca dominância apical o que permite armazenar a semente
por longo período e, uma vez tirada da câmara fria, não tem brotação e esgotamento muito
rápido.
É uma variedade originária do cruzamento de Cupido, mas que não apresenta o mesmo
comportamento em relação à brotação; tem outra fisiologia e é de mais fácil no manejo.
Apresenta tubérculos de formato oval, olhos rasos, pele brilhante de excelente qualidade; tem
maior resistência ao esverdeamento e pós-colheita.
Possui ciclo curto a mediano com ramas que se mantém mais firmes e com coloração verde até as
últimas semanas de cultivo. As exigências nutricionais são similares às demais variedades, mas
ainda são necessárias mais observações e pesquisa neste aspecto.
Com relação a doenças, é medianamente susceptível à Requeima e apresenta boa resistência à
Canela, Pinta Preta, Rizoctoniose e Sarna Comum. Com relação às principais viroses, apresenta
muito boa resistência a degeneração por vírus X, Y e enrolamento. Por outro lado, é ligeiramente
susceptível à Fusariose e, portanto, maiores cuidados devem ser tomados em relação a esta
doença.
Apresenta forte sensibilidade ao herbicida Metribuzim (Sencor) que causa queimaduras e atraso
no desenvolvimento se for aplicado em pós emergência.
Apresenta muito pouca formação de Embonecamento e menos ainda de Rachaduras. Em todos os
campos de ensaios realizados não apresentou nenhum dano fisiológico interno

Foto 10. Orchestra (Foto de C. Meijer BV, Holanda)

Fonte: http://www.abbabatatabrasileira.com.br/site/wp-content/uploads/2016/06/Edicao-42.pdf
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BRS CAMILA
Desenvolvida pelo programa de melhoramento da Embrapa em 2015
Possui alto potencial culinário devido à presença significativa de matéria seca.
Tem maior vida útil aos tubérculos depois de colhidos.
Indicada para a cocção e, depois de cozida, apresenta textura firme, sendo adequada para a
cozinha gourmet, na preparação de saladas e pratos finos.
Apresenta elevado potencial produtivo de tubérculos comerciais, alta resistência ao vírus Y da
batata (PVY) e baixa suscetibilidade a desordens fisiológicas nos tubérculos, tem período de
dormência médio e é moderadamente suscetível à requeima e à pinta-preta.
É indicada preferencialmente indicada para as regiões produtoras do Sul do Brasil, enquanto nas
regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste a recomendação é que seu plantio seja limitado às
épocas mais frias.

Foto: EMBRAPA

Fonte:https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/141658/1/Luis-Suita-co-autor-BRS-
Camila.pdf

5-PROPAGAÇÃO

A batata é uma hortaliça de propagação vegetativa e, comercialmente, o plantio é feito a


partir de tubérculos. Um campo de produção de batata plantado com uma só cultivar é
constituído por um agrupamento de plantas geneticamente iguais, constituindo-se em um clone.
Nesse processo de propagação, entretanto, o material está sujeito a infecções por
patógenos como fungos, bactérias e, principalmente, vírus que a cada ciclo vegetativo são
transmitidos para a próxima geração, contribuindo para o processo de degenerescência a cultura.
Assim, é de grande importância a utilização de sementes de alta qualidade genética e
fitossanitária para compor a lavoura. No início da produção de batata semente é feito isolamento
de meristemas em cultivo in vitro. As plantas in vitro são levadas para casa de vegetação com
telado onde são aclimatizadas e produzem mini tubérculos chamados de semente génica G0
Segundo a Instrução de Serviço Nº 2, DE 19 DE ABRIL DE 2005, ficam autorizadas
quatro gerações para multiplicação da categoria de semente básica de batata, conforme esquema
abaixo:
1. Semente Genética;
2. Semente Básica G0 (muda, planta in vitro e minitubérculo);
3. Semente Básica G1 (primeira colheita em campo);
4. Semente Básica G2 (segunda colheita em campo);
5. Semente Básica G3 (terceira colheita em campo);
6. Semente Certificada de primeira geração (quarta colheita em campo);
7. Semente Certificada de segunda geração (quinta colheita em campo).
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Obs.: a) quando se tratar de broto, este pertencerá à categoria do tubérculo que o originou.
b) o “G” na categoria básica representa geração, que se estenderá da básica, geração zero
(0) à básica geração três (3).
Para o plantio, é necessário que a batata-semente se apresente em um bom estado
fisiológico e bem conservada, isto é, colhida na época adequada, túrgida e firme. Uma outra
característica essencial é a brotação adequada da batata-semente. A brotação é considerada
apropriada quando os brotos apresentam-se com comprimento próximo de 1 cm. Deve-se evitar o
plantio de tubérculos com um único broto ou com brotos pouco desenvolvidos, que dão origem a
poucas hastes por cova, que além de insuficientes para garantir a produtividade, pode provocar
falhas se hastes forem quebradas ou atacadas por doenças ou pragas. Por outro lado, o plantio de
tubérculos com brotos pouco desenvolvidos pode retardar a emergência, causando um
crescimento desuniforme das plantas, dificultando os tratos culturais.
Espaçamento:
- Batata-consumo: 80 cm entre fileiras e 30-40 cm entre plantas. No verão
trabalha-se com população de plantas de aproximadamente 34mil plantas e no outono inverno
45mil
- Batata-semente: 75 cm entre fileiras e 20-30 cm nas fileiras, o que aumenta a
competição entre plantas, elevando o número de hastes e de tubérculos produzidos (vantajoso).

5-PREPARO SOLO E ADUBAÇÃO

O solo deve constituir um substrato propício ao desenvolvimento da planta, inclusive dos


tubérculos, sendo a batateira, em especial, exigente em relação às propriedades físicas. Assim,
adapta-se melhor a solos de textura média, leves, arejados e bem drenados. Solos sob cerrado, em
regiões de planalto, são excepcionalmente favoráveis à bataticultura, desde corrigidos e
adubados. Contrariamente, solos argilosos, pesados, pouco arejados e com drenagem lenta
prejudicam o desenvolvimento da planta e dos tubérculos (FILGUEIRA, 2003).
O preparo do solo consiste em uma ou duas arações, sendo a primeira mais profunda, a 30
cm, efetuada meses do plantio. Cada aração é seguida por uma gradagem, devendo a última
gradagem ser feita às vésperas do plantio, para facilitar o sulcamento. Este é efetuado na
distância de 80 cm – na produção de batata-consumo, sendo desvantajoso espaçamento mais
largo. A profundidade em relação à superfície deve ser em torno de 12 cm, sendo indesejáveis
sulcos mais profundos (FILGUEIRA, 2003). Caso se efetue calagem, a dosagem recomendada
deve ser dividida em duas, sendo metade aplicada antes da primeira aração e a outra antes da
primeira gradagem. Com isso objetiva-se que o calcário seja distribuído uniformemente. Caso
ocorra compactação, deve ser feita uma subsolagem, para permitir um melhor desenvolvimento
das raízes, evitando a ocorrência de plantas pouco vigorosas (FONTES, 1997).
A batata é uma das culturas oleráceas que melhor toleram a acidez moderada, produzindo
bem na faixa de pH 5,0 a 6,0. Em vista disso, na maioria das situações não é necessária a
correção da acidez; caso necesária, é prudente não elevar o pH acima de 6,0, para não favorecer
a incidência da murcha-bacteriana e da sarna-comum. Se utilizada a calagem, procura-se elevar a
saturação por bases do solo por volta de 60 a 70%. Exemplos: 65% para Agata e 70% para
Atlantic.
A utilização de fertilizantes na cultura da batata é um fator preponderante para se
conseguir produtividades altas. Produtividades de 30 a 50 t/ha são conseguidas quando se faz um
adequado manejo da cultura em seus vários aspectos. Para se calcular a quantidade de adubo a
aplicar, é necessário que seja feita análise química do solo. A análise do solo, aliada ao
conhecimento do tipo de solo da propriedade, as condições tecnológicas do produtor e as
condições climáticas, é uma variável fundamental que deve ser considerada para uma adequada
recomendação de adubação, inclusive podendo modificar recomendações pré-estabelecidas .
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Uma adubação eficiente deve levar em conta a época em que a planta mais necessita de
cada nutriente. Para a cultura da batata, diversos autores já investigaram essa característica,
indicando que a absorção da maioria dos nutrientes segue uma curva quase linear a partir dos 20
dias após o plantio. Durante a primeira fase de desenvolvimento da planta (estágio I), ocorre a
emergência da haste, há predominantemente o consumo dos nutrientes armazenados na batata-
semente e são formadas as primeiras raízes que vão explorar o solo em busca dos nutrientes para
as fases seguintes (DECHEN; CARMELO; DEON,2006).
Obviamente, a resposta da batateira aos fertilizantes é afetada por diversos fatores como
cultivares, densidades de plantio, cultura antecessora, conteúdo de nutriente no solo, regime
pluviométrico e manejo da cultura. Culturas irrigadas, por seu potencial produtivo, necessitam de
maior quantidade de fertilizantes (FONTES, 1999).
Na prática tem se observado as aplicação das faixas abaixo com relação aos
macronutrientes (kg ha-1), para glebas de fertilidade mediana ou baixa.

N: 110-140
P2O5: 500-800 ou mais
K2O: 100-200

O N 60% vai no plantio e o restante na amontoa para variedades que podem iniciar
tuberização mais que uma vez como é o caso de Ágata em função da adubação nitrogenada. Para
variedades que não tem este tipo de problema como Atlantic, produtores mais tecnificados fazem
aplicação de uréia uma vez por semana via pivot. Independente do manejo normalmente a
adubação nitrogenada disponibiliza 3 a 3,5 g N/planta
O P vai todo no plantio, mas há produtores que usam duas adubações de cobertura com
MAP, uma aos 35 e outra ao 50 dias, sendo por volta de 20kg/ha por vez. Outra possibilidade é
aplicação de uma pequena quantidade junto ao N e K na amontoa, exemplo por volta de 200 kg
ha-1 da fórmula N-P-K 20-05-20 em cobertura antes da amontoa.
Metade da adubação potássica pode ser aplicada no sulco de plantio e o restante, em
cobertura, juntamente com o N. Esse parcelamento é especialmente favorável em solos arenosos,
nos quais a perda por lixiviação de K é mais acentuada.
Quanto a outros macros e micros é comum a aplicação de sulfato de magnésio + micro
(10kg ha-1de Bórax, Sulfato de cobre e Sulfato de zinco e 250 gha-1de Molibdato de sódio, no
sulco).
O adubo deve ser distribuído no sulco de plantio e misturado ao solo para evitar seu
contato direto com a batata-semente, pois esse contato pode ocasionar a queima dos brotos e
danificar o sistema radicular das plantas, diminuindo sua produtividade.
Na fase de desenvolvimento vegetativo (estágio II), raízes, caule e principalmente folhas
são formadas, acumulando nutrientes. Com a formação dos tubérculos (estágio III), estes passam
a ser o destino principal dos nutrientes absorvidos e ocorre a translocação das outras partes da
planta para eles (estágios IV e V). A partir do meio do ciclo, aproximadamente aos 60 dias, a
planta já está em pleno processo de crescimento dos tubérculos (estágio IV), e os nutrientes
absorvidos são usados predominantemente essa função. Efetivamente, muito pouco é absorvido
do solo no estágio V, o crescimento e a maturação dos tubérculos se completa com o
esgotamento dos nutrientes da planta toda na senescência (DECHEN et al.,2006).
Segundo Fernandes (2010) em trabalho com as variedades Ágata, Asterix, Atlantic,
Markies e Mondial, verificou que a parte aérea, representada pelas hastes e folhas, teve maior
participação na matéri seca (MS) total das plantas até cerca de 34 DAP, quando correspondeu a
70,1%, 79,4%, 78,4%, 72,2% e 66,4% da MS total acumulada nas plantas das cultivares Ágata,
Asterix, Atlantic, Markies e Mondial, respectivamente. Porém, com o início da tuberização,
alterou-se a força de dreno das plantas, aumentando assim a translocação de fotoassimilados das
folhas para os tubérculos, de modo que, com exceção da cultivar Mondial, o acúmulo de MS nos
tubérculos até aos 55 DAP representava mais de 56,1% do total das plantas, contra menos de
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41,2% da parte aérea, nas cultivares Ágata, Asterix, Atlantic e Markies, ou seja, mais da metade
da MS total da planta já era composta por tubérculos e no final do ciclo a MS dos tubérculos
representou 79 a 87% da MS total das cultivares estudadas, enquanto que no sistema radicular
total da planta ficou em torno de 0,2% em todas as cultivares. As hastes representaram de 2,9 a
7,3% da MS total e as folhas representou de 9,8% a 14,6% da MS no final do ciclo.
A relação entre o acúmulo da MS e teores dos nutrientes estão descritas nas tabelas 2 e 3
a seguir.

Tabela 2. Acúmulo máximo de MS e teores de macro e micronutrientes na planta inteira de cultivares de


batata aos 97 DAP.
Cultivares MS N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
kg ha-1 ___________
g kg-1 _______________________ __________
mg kg-1 _________
Ágata 5.268bc 17a 2,7a 27a 6a 1,2c 1,1ab 11ab 14b 287ab 72a 59b
Asterix 7.062a 16a 2,8a 28a 7a 1,5b 1,0b 10ab 23a 200b 85a 56b
Atlantic 5.050c 17a 3,1a 32a 6a 1,8ab 1,5a 11ab 13b 293a 101a 58b
Markies 5.506b 18a 2,4a 31a 7a 1,7ab 0,9b 9b 17ab 217ab 85a 56b
Mondial 6.872a 16a 2,7a 33a 7a 1,9a 1,1ab 12a 14b 294a 92a 66a
CV(%) 12,8 6,8 11,6 8,2 12,2 7,8 18,6 8,7 17,9 15,7 16,3 5,3
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade
FONTE: (Fernandes & Soratto, 2013)

Tabela 3. Absorção máxima de nutrientes pelas plantas durante o ciclo das cultivares de batata na safra de
inverno.
Cultivares N P K Ca Mg S
_________________________________________ -1 ______________________________________
kg ha
Ágata 90bc 14b 166c 34cd 8d 7b
Asterix 117a 18a 230ab 50ab 12b 8a
Atlantic 88c 14b 184c 33d 9c 8a
Markies 98ab 14b 185bc 38bc 10bc 7b
Mondial 115a 18ª 256a 51a 14a 8a
CV (%) 12,1 17,6 19,1 22,3 11,9 17,8
Cultivares B Cu Fe Mn Zn
____________________________________________
g ha-1 _______________________________________
Ágata 52b 89bc 1.531b 408c 295c
Asterix 68a 156a 1.893ab 603ab 375b
Atlantic 50b 81c 1.960ab 544b 270c
Markies 47b 91b 1.476b 513bc 300c
Mondial 74a 88bc 2.563a 632a 435a
CV (%) 14,5 30,8 67,5 20,7 23,2
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade
FONTE: (Fernandes & Soratto, 2013)

Segundo Fernandes & Soratto (2013) a maior eficiência de utilização do K e Mg pela cultivar
Ágata pode ser devido ao melhor emprego desses nutrientes no metabolismo e crescimento, já que os
teores desses nutrientes foram menores nos tecidos dessa cultivar (Tabela 3) e os valores de produção de
MS chegaram a 32 e 659 kg de MS para cada kg de K e Mg absorvidos, respectivamente (Tabela 4).
Plantas com maior eficiência de utilização de nutrientes mantêm os processos de divisão e expansão
celular, mesmo com baixas concentrações de nutrientes nos tecidos (CHIERA et al., 2002; KAVANOVA
et al., 2006).
Os autores afirmam que embora a eficiência de utilização de nutrientes para a maioria das
cultivares estudadas não tenha diferido, ou para alguns nutrientes tenha se observado menor eficiência de
utilização na cultivar Mondial, verifica-se que as cultivares Asterix e Mondial produziram as maiores
quantidades de MS. Esses resultados demonstram que estas cultivares possuem maior produção de MS em
função da maior absorção de alguns nutrientes (Tabelas 2 e 3) e não devido a maior eficiência de
utilização desses no metabolismo e, consequentemente, na produção de MS.
15
Tabela 4. Eficiência de utilização de nutrientes pelas cultivares de batata, para a produção de matéria seca
total das plantas, aos 97 DAP.
Cultivares N P K Ca Mg S
____________________
kg de MS total kg-1 de nutriente absorvido ___________________
Ágata 59a 376a 32a 155a 659a 753ab
Asterix 60a 392a 31ab 141a 589ab 883ª
Atlantic 57a 361a 28ab 153a 561b 631b
Markies 56a 393a 30ab 145a 551ab 787ab
Mondial 60a 382a 27b 135a 491b 859ab
CV (%) 6,8 15,5 7,5 12,7 12,5 16,3
Cultivares B Cu Fe Mn Zn
_____________________
kg de MS total g-1 de nutriente absorvido ______________________
Ágata 101ab 59a 3a 13a 18ab
Asterix 104ab 45a 4a 12a 19ª
Atlantic 101ab 62a 3a 9a 18ab
Markies 117a 61a 4a 11a 19ª
Mondial 93b 78a 3a 11a 16b
CV (%) 11,4 40,7 27,4 16,9 6,5
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade
FONTE: (Fernandes & Soratto, 2013)

Com relação à marcha e acúmulo de nutrientes em batata, um dos trabalhos mais recentes e
completos é o de Fernandes (2010) com as variedades Ágata, Asterix, Atlantic, Markies e
Mondial, verificou que os maiores teores de N ocorreram na seguinte ordem: folhas, raízes, hastes,
tubérculos e os maiores acúmulos de N ocorreram nos tubérculos, seguido das folhas, hastes e raízes. O
acúmulo de N em kg/ha na planta variou de 88 a 117 na planta, sendo de 63 a 95 nos tubérculos.
Da mesma forma as maiores quantidades de P foram acumuladas nos tubérculos, seguido das
folhas, hastes e raízes. As cultivares apresentaram pico de maior absorção de P entre os 53 e 60 DAP,
período em que também ocorreram as maiores taxas de absorção de N demonstrando, que a época
preferencial de absorção de ambos os nutrientes ocorre durante a fase de enchimento de tubérculos o P é
absorvido continuamente pela batateira do início ao final do ciclo. O acúmulo de P em kg/ha na planta
variou de 14 a 18 na planta, sendo de 11 a 16 nos tubérculos.
Quanto ao K os maiores teores de K durante todo o ciclo foram encontrados nas hastes e folhas,
enquanto que os menores teores foram observados nos tubérculos. No entanto, os maiores acúmulos de K,
entre os órgãos das plantas, obedeceram a mesma seqüência observada para N e P, sendo as maiores
quantidades encontradas nos tubérculos, seguido das folhas, hastes, tubérculos-semente e raízes. O
acúmulo de K em kg/ha na planta variou de 166 a 256 na planta, sendo de 95 a 130 nos tubérculos.
Diferente do observado para os nutrientes N, P, e K, houve aumento gradativo nos teores de
Ca dos tubérculos-semente, raízes, hastes e folhas, sendo os maiores teores observados nas últimas
avaliações. Os tubérculos acumularam Ca lentamente até próximo aos 69 DAP, sendo que a partir
dos 76 DAP houve aumento gradativo das quantidades acumuladas até o final do ciclo. O acúmulo de
Ca em kg/ha na planta variou de 34 a 51 na planta, sendo de 4 a 8 nos tubérculos. Esse baixo acúmulo de
Ca nos tubérculos ocorreu principalmente pelo fato que esse elemento é pouco móvel no floema.
Considerando as plantas inteiras, os acúmulos de Mg foram pequenos e semelhantes entre as
cultivares nos primeiros 41 DAP, coincidindo com o período de menor acúmulo de MS. Os baixos
acúmulos de Mg nas fases iniciais de desenvolvimento das plantas ocorreram devido às pequenas
absorções desse elemento. O acúmulo de Mg em kg/ha na planta variou de 8 a 14 na planta, sendo de 4 a
8 nos tubérculos.
As quantidades totais acumuladas de S nas plantas inteiras, não diferiram entre as cultivares
desde o plantio até aos 76 DAP, atingindo no final do ciclo as quantidades máximas estimadas de 7,
8, 8, 7 e 8 kg ha-1 nas cultivares Ágata, Asterix, Atlantic, Markies e Mondial, respectivamente. Na
fase de crescimento vegetativo houve baixa absorção em S em todas cultivares. O acúmulo de S em
kg/ha na planta variou de 7 a 8 na planta, sendo de 5 a 6 nos tubérculos.
Quanto à extração de micronutrientes observou-se a seguinte seqüência: Fe>Mn>Zn>Cu>B,
com valores médios de 1.885, 540, 335, 101 e 58 g ha-1, respectivamente. A exportação pelos
tubérculos obedeceu a seguinte ordem nas cultivares Ágata, Asterix e Atlantic: Fe>Zn>Mn>B>Cu,
16
respectivamente, com valores médios exportados de 282, 121, 54, 35 e 27 g ha-1. Nas cultivares
Markies e Mondial observou-se alteração na ordem de exportação, e o Cu (67 g ha -1) foi mais
exportado do que B (30 g ha-1).
De maneira geral, aproximadamente 60% do total de B extraído pelas cultivares de batata
foram exportados pelos tubérculos. Os nutrientes Cu e Zn apresentaram valores intermediários com
exportação de 43% (Cu) e 35% (Zn) da extração total. No entanto, as menores proporções foram
observadas para os micronutrientes Fe e Mn, com valores ao redor de 13% e 10%, respectivamente.
De maneira geral, notou-se que a cultivar Mondial que apresentou elevada produtividade,
normalmente, foi mais exigente em termos extração, porém, apresentou baixa exportação, diferente
da cultivar Ágata que apresentou na maioria das vezes extração inferior as observadas na Mondial e
Asterix, mas proporcionou altas exportações. Asterix tevecomportamento diferente dessas cultivares,
apresentando tanto extração como exportaçãorelativamente alta em comparação às demais cultivares.
A seqüência de extração de nutrientes, em todas as cultivares, foi: K >N > Ca > P > Mg > S >
Fe > Mn > Zn > Cu > B.
A seqüência de exportação de nutrientes foi: K > N > P > Mg > S > Ca> Fe > Zn > Mn > B >
Cu. Nas cultivares Markies e Mondial o Cu foi mais exportado que o B.
Das quantidades totais de macronutrientes extraídas pelas plantas das cultivares de batata,
aproximadamente 86%, 66%, 6%, 83%, 62% e 61%, respectivamente do K, N, Ca, P, Mg e S foram
exportados pelos tubérculos.
Para os micronutrientes as quantidades exportadas pelos tubérculos representaram em torno
de 13%, 35%, 10%, 60% e 43% do total extraído dos elementos Fe, Zn, Mn, B e Cu,
respectivamente.
A adubação foliar na cultura da batata é recomendada apenas como suplementação para
correção de um problema nutricional identificado via análise de plantas, de um ou mais
nutrientes.
A adubação foliar ocorre o fenômeno da absorção de solutos pelas superfícies das folhas,
sendo utilizada atualmente para aplicar nutrientes minerais, aminoácidos, hormônios e açúcares.
Apresenta enorme potencial agronômico e econômico para a cultura da batata.
Comparativamente à absorção pelas raízes, o aporte de nutrientes por via foliar é menor, o que
tem direcionado, tradicionalmente, seu uso para suprir aqueles nutrientes exigidos em menores
quantidades pelas culturas, como os micronutrientes. Caso seja possível realizar aplicações em
maior freqüência, pode-se obter respostas positivas também no suprimento de macronutrientes.
Por outro lado, uma vez que a aplicação é direcionada ao principal centro metabólico das
plantas (folhas), a aplicação por via foliar resulta em maior velocidade na resposta e na correção
de deficiências. As inúmeras intervenções realizadas durante o ciclo da batata visando aplicar
defensivos sobre a folhagem permitem que se incluam fertilizantes nas pulverizações, fazendo
com que a nutrição foliar possa ser utilizada como importante ferramenta de suporte à nutrição da
cultura, sem custos adicionais na aplicação.

5.1. Importância dos principais nutrientes na cultura, incluindo sintomas de carência e de


excesso:

Diversas características dos tubérculos podem ser influenciadas pelos nutrientes presentes
no solo. Em geral, N e K tendem a aumentar o tamanho do tubérculo, enquanto P tende a
aumentar o seu número. Outras características, como resistência a danos, coloração, conteúdos de
matéria seca, açúcares redutores, lipídeos, fibras, vitaminas, alcalóides dentre outras, podem ser
influenciadas pelos nutrientes. De maneira geral, uma planta bem nutrida apresenta menor
suscetibilidade às doenças (FONTES, 1999). A figura 13 mostra uma lavoura na qual não foi
feita adubação em algumas linhas.
Em geral, para a produção de uma tonelada de tubérculos são necessárias as seguintes
quantidades de nutrientes (Tabela 4).
17

Tabela 5: Quantidade de nutrientes exigidas para a produção de 1 (uma tonelada de tubérculo.


Macronutrientes Kg/t Micronutrientes g/t
Nitrogênio 3,0 - 5,0 Boro 0,6 -1,5
Fósforo 0,3 - 0,5 Zinco 3,0 - 5,0
Potássio 4,0 - 6,6 Ferro 2,0 - 4,0
Cálcio 0,5 - 1,5 Cobre 1,3 - 2.0
Magnésio 0,1 - 0,3 Manganês 1,7 - 2,1
Enxofre 0,3 - 0,8 Molibdênio 0,03- 0,04
Fonte: EMBRAPA (1997).

▪ Diagnose foliar
A análise do tecido foliar da batateira é feita em laboratórios especializados e pode ser
utilizada para diagnosticar o estado nutricional de uma determinada lavoura. A amostragem deve
ser feita aos 36-40 dias após a emergência, coletando-se ao acaso na área plantada em torno de
50 folhas (4ª folha a partir do ápice da planta) que devem ser imediatamente colocadas para secar
a 70ºC durante 48 horas.

▪ Sintomas de deficiências
A seguir, são apresentados os sintomas de deficiências de vários nutrientes na cultura da
batata, que geralmente são provocados por uma adubação inadequada.

1) Macronutrientes (Fig.10):

a) Nitrogênio: O nitrogênio é absorvido pelos vegetais nas formas de amônio (NH4+) e


nitrato (NO3-). Pelo fato do nitrogênio ser um nutriente com alta mobilidade na planta, os
primeiros sintomas de deficiência surgem nas folhas mais velhas, uma vez que as partes
jovens se tornam os drenos para esse elemento. Assim, a deficiência deste elemento é
evidenciada pela clorose pálida das folhas inferiores podendo estender para a planta
inteira. Em caso de severa eficiência pode ocorrer queda das folhas. As folhas ficam
eretas, com menor ângulo de inserção. As plantas são pouco vigorosas, apresentam
crescimento lento, com hastes finas e internódios curtos, produzem poucos e pequenos
tubérculos.
Para corrigir essa deficiência, é muito comum a utilização de adubos nitrogenados como
uréia, sulfato de amônio e nitratos de cálcio, potássio e amônio.

b) Fósforo: O fósforo é absorvido da solução do solo e utilizado pela planta como o íon
ortofosfato (H2PO4-). O fósforo também é um elemento muito móvel na planta, devido a
isso, os sintomas de deficiência ocorrem inicialmente nas folhas mais velhas, as quais
apresentam bordas com áreas amareladas. Os folíolos não expandem normalmente, ficam
enrugados, com coloração verde escura, sem brilho e curvados para cima. Em caso de
deficiência severa, pode aparecer cor púrpura na parte abaxial das folhas inferiores. O
sistema radicular e os estolões são reduzidos em número e comprimento e a produção de
tubérculos é pequena. As plantas têm o crescimento reduzido, ocorre redução do ciclo
vegetativo. A correção pode ser feita com aplicação de superfosfato simples e triplo e de
mono-amônio fosfato (MAP).

c) Potássio: O potássio é absorvido na forma iônica (K+) e assim permanece nas plantas,
não formando compostos. O potássio também é muito móvel na planta, as margens e os
ápices das folhas mais velhas, inicialmente amareladas, adquirem coloração amarronzada
18
e, finalmente, tornam-se necrosados. É comum o aparecimento de inúmeras manchas
negras pequenas entre as nervuras nas margens dos folíolos. As bordas das folhas
curvam-se para baixo, os internódios tornam-se mais curtos e as plantas têm um
crescimento reduzido.
A fonte mais barata de potássio é o cloreto de potássio, mas, pelo seu alto teor de cloreto,
muitos produtores preferem substituí-lo por sulfato de potássio.

d) Cálcio: O cálcio é absorvido como Ca+2 e é um importante componente da parede celular,


sendo imprescindível para o crescimento apical, tanto das raízes como da parte aérea. O
cálcio é um elemento de baixa mobilidade na planta, por isso os sintomas iniciam-se nas
folhas mais novas, as quais desenvolvem-se pouco, ficam com as margens das folhas
encurvadas para cima, com clorose e necrose marginal e coloração verde-pálida. A planta
cresce pouco, podendo haver morte da gema apical e a planta emite, de forma intensa,
novas brotações nas inserções das folhas. Podem ser observadas necroses escuras no
interior dos tubérculos.
O suprimento de cálcio se dá pela calagem, gessagem ou nitrato de cálcio.
e) Magnésio: O magnésio é absorvido pelas plantas como cátion divalente (Mg2+). Por se
tratar de um elemento móvel na planta, os sintomas de deficiência aprecem
primeiramente nas folhas mais velhas. Ocorre inicialmente um amarelecimento nas áreas
internervais e clorose dessas folhas, que podem evoluir para áreas necróticas deprimidas,
de coloração marrom. O suprimento de magnésio pode ser através da calagem, quando
utilizado calcário dolomítico, ou com aplicação de sulfato de magnésio.
f) Enxofre: O enxofre é absorvido da solução do solo pela planta na forma de sulfato (SO4-
2
), sendo pouco móvel na planta. A deficiência de enxofre se manifesta nas folhas mais
novas como uma clorose que inicia em manchas e evolui para a folha inteira. Caracteriza-
se também por um lento crescimento das folhas mais novas.

2) Micronutrientes (Fig.11):

a) Boro: O boro é absorvido da solução do solo como ácido bórico [B(OH)3] e não sofre
quelatização, como os micronutrientes catiônicos. O boro é imóvel quanto à
redistribuição na planta e, por isso, os sintomas de deficiência ocorrem nos pontos de
crescimento. Com a morte do broto apical, ocorre a indução das gemas laterais e a
formação de uma planta muito ramificada. . Os internódios ficam curtos e os folíolos
tornam-se quebradiços devido ao acúmulo de amido e também ocorre o enrolamento dos
folíolos para cima em semelhança com o ataque do vírus do enrolamento. Tubérculos
produzidos em condições de deficiência de boro podem ser mal formados, pequenos ou
com falhas de formação no interior podendo apresentar rachaduras internas e coração-oco
com maior freqüência, têm baixa conservação, demoram mais a brotar. Fontes minerais
de boro às plantas são a ulexita, ácido bórico e bórax ou borato de sódio, entretanto, como
é fácil ocorrerem casos de toxidez localizada com a má distribuição a lanço, deve-se dar
preferência às aplicações foliares de produtos que contém o boro, geralmente
acompanhado de cálcio, à fertirrigação ou à utilização de fertilizantes que contenham
boro, como formulados NPK ou termofosfatos.
19

Nitrogênio: Clorose pálida das folhas Fósforo: Áreas amareladas nas bordas das
mais velhas, que se estende para a folhas mais velhas. Folhas novas verde escuro e
planta inteira. Plantas pouco vigorosas curvadas para cima. Plantas com crescimento
e tubérculos pequenos. reduzido e redução do ciclo vegetativo.

Potássio: Amarelecimento e necrose


das margens e/ou próximo às nervuras Cálcio: Necroses escuras no interior dos
das folhas mais velhas. As bordas das tubérculos. Nas folhas novas, clorose e necrose
folhas curvam para baixo. Internós dos bordos foliares com curvamento para cima.
mais curtos.

Magnésio: Amarelecimento das


regiões entre as nervuras das folhas Enxofre: Clorose que inicia em manchas e
mais velhas. Com o prosseguimento da evolui para a folha inteira. Normalmente o
deficiência, podem ocorrer lesões sintoma inicia pelas folhas mais novas.
necróticas nas áreas com clorose.

Figura 10: Sintomas de deficiências de macronutrientes nas folhas da batateira.


Fotos: Stoller do Brasil; Fonte: Batata Show nº16, ano 06- Dezembro/2006.

b) Zinco: O zinco é absorvido da solução do solo na forma de cátion bivalente (Zn+2). A


deficiência de zinco se manifesta com a inibição do crescimento, ocorrência de
internódios curtos e o desenvolvimento de folhas novas eretas e deformadas, com limbos
foliares estreitos e voltados para cima. As folhas se formam muito próximas umas das
outras e têm tamanho reduzido, ficando a planta com um crescimento totalmente fora dos
padrões normais. O zinco está presente em diversas formulações de adubos NPK e em
alguns termofosfatos. Uma fonte bastante solúvel para aplicação ao solo ou pulverizações
foliares é o sulfato de zinco.

c) Manganês: A principal forma absorvida do manganês


+2
é a bivalente (Mn ). Sua deficiência provoca clorose internerval, mais visível no terço
superior das plantas, ocorrem áreas necróticas nas margens das folhas novas e
curvamento para baixo dos folíolos. Também podem surgir pontos marrons necróticos,
principalmente ao longo das nervuras das folhas novas. Entretanto, a fitotoxicidez pelo
seu excesso tem sido mais comumente observada, principalmente em solos ácidos e
úmidos, muitas vezes em reboleiras encharcadas. Neste caso, as plantas apresentam
lesões necróticas irregulares nas folhas; o caule exibe lesões necróticas alongadas,
sintomas que podem facilmente ser confundidos por doença causada por fungo, vírus ou
20
bactéria. Outro sintoma típico deste distúrbio é a queda das folhas, de baixo para cima;
estas não se desprendem totalmente do caule, dando à planta um aspecto de guarda-chuva
fechado. O crescimento é paralisado e as plantas podem morrer. A deficiência de
manganês pode ser corrigida com aplicações foliares de produtos específicos,
quelatizados ou não.

d) Ferro: O ferro é absorvido da solução do solo tanto na forma bivalente (Fe+2) quanto
trivalente (Fe+3) ou quelato (Fe-quelato). Sua deficiência ocorre quase que apenas se for
induzida por outros fatores, como calagem excessiva ou aplicação exagerada de adubos
fosfatados. Trata-se de um elemento pouco móvel na planta. As folhas novas apresentam
inicialmente clorose internerval, evoluindo para coloração verde-amarelada a amarelo-
esbranquiçada e necrosamento das bordas e pontas das folhas com o desenvolvimento da
planta e a persistência da deficiência.
A aplicação foliar de produto que contenha ferro em forma solúvel ou quelatizada corrige
facilmente problemas de deficiência deste elemento. Sulfato ferroso é fonte de ferro, e
tem efeito acidificante sobre o solo.

Boro: Morte de pontos de Cobre: Manchas Ferro:


crescimento. Brotação de escuras nos pecíolos e Amarelecimento das
gemas laterais e enrolamento nervuras, e deformação folhas novas com as
dos folíolos para cima. do limbo foliar. nervuras ainda verdes.

Manganês: Clorose
internerval com áreas Zinco: Folhas novas eretas com
necróticas nas margens limbos estreitos e as bordas voltadas
das folhas e curvamento para cima. Internódios curtos.
para baixo dos folíolos.
Figura 11: Sintomas de deficiência de micronutrientes nas folhas da batateira.
Fotos: Stoller do Brasil; Fonte: Revista Batata Show Nº 17, Ano 7 - Abril/2007.
21
6. TRATOS CULTURAIS

Irrigação

Necessidade hídrica na safra de inverno = 550 a 600 mm. No verão depende do regime
pluviométrico.
Para Batata indústria, como o objetivo é ter mais sólidos e menos água, o turno de rega entre uma
irrigação e outra é maior, no entanto, em geral tem 20 dias a mais de ciclo no campo, portanto,
iguala a necessidade hídrica da batata-consumo.

Do plantio até amontoa = irrigações leves = 6 mm a cada 2 dias = promove o desenvolvimento de


raízes e emergência das plantas. No plantio a irrigação é então até a profundidade máxima de
20cm, considerando que o solo foi arado e gradeado e está seco (ausência de chuvas); Na
emergência até 10 cm de profundidade, pois as raízes estão se formando e a fonte principal de
energia para a planta é o próprio tubérculo-semente (plantado a 10 cm de profundidade);

Da amontoa até aproximadamente 40 DAP = mais ou menos 10 mm, a cada 2 dias = já ocorreu o
desenvolvimento sistema radicular e com isso a distância entre as raízes e a superfície do solo é
maior além de que a amontoa deixou uma camada a mais de terra sobre a leira. Atingir até15 cm
de profundidade.

Aos 40 DAP a planta e sistema radicular bem desenvolvidos, portanto, é necessário levar
umidade em uma camada mais profunda do solo, daí irrigações mais pesadas 12 mm a cada 3
dias.

Aos 60 DAP os tubérculos já estão desenvolvidos e em crescimento, daí o cuidado para não
haver excesso de água no solo o que leva abertura de lenticelas e é a fase crítica para a bacteriose
canela preta na lavoura, portanto, irrigar 14 mm, mas com intervalo de 3 dias até o período de
dessecação. Da tuberização até a colheita atingir até 20 cm de profundidade. Devido à amontoa
esta profundidade do solo realmente umedecida variará entre 20 e 30 cm.

Após a dessecação na batata consumo, irrigar 6 mm a cada 2 dias, para manter a umidade no solo
e evitar o escurecimento da pele da batata e facilitar a colheita.
A batata para indústria normalmente não é dessecada, portanto, deve ser irrigada normalmente
até o dia da colheita.

Quando a colheita for mecanizada recomenda-se irrigar 8 mm na noite anterior para evitar o
atrito de torrões secos com a batata o que causa danos a pele do tubérculo.

Vale lembrar que a necessidade hídrica depende do tipo de solo e da época de plantio.
A irrigação pode coincidir com outros manejos, exemplo aplicação de defensivos, nesse caso
pode adiantar ou atrasar a irrigação e caso atrase, deve se irrigar com alguns milímetros a mais
para compensar.

Segundo Marouelli (1997), a necessidade de água ou evapotranspiração total da cultura varia


entre 350 a 600 mm/ciclo dependendo principalmente das condições climáticas predominantes e
duração do ciclo da cultivar. A eficiência de utilização de água varia entre 4 a 7 kg de tubérculos
por metro cúbico de água, ou seja, são necessários 1.000 litros de água para produzir 4-7 kg de
batata.

Ter cuidado com encharcamento do solo, pois:


22
- Favorece várias doenças de solo (murcha-bacteriana, sarna-pulverulenta e canela-preta/
podridão-mole);
- Favorece coração-oco (em tubérculos graúdos) e coração-negro (em solos mal drenados
com problemas de oxigenação).
- Promove a lixiviação dos nutrientes para além do sistema radicular.

Por outro lado, a deficiência de água no solo:


- Tubérculos sujeitos ao ataque de patógenos menos exigentes em água, como
Rhizoctonia solani.
- Favorece a ocorrência de sarna-comum.
- Menor desenvolvimento da planta
- Favorece a ocorrência de embonecamento

Amontoa
A amontoa é um trato cultural imprescindível em bataticultura, pois estimula a
tuberização aumentando a produtividade, já que os tubérculos-filhos se formam acima e ao lado
da batata-mãe, ou seja, dentro da leira formada. Previne o esverdecimento, ocasionado pela
exposição à luz, e protege os tubérculos contra fitopatógenos e insetos-praga. Também melhora a
eficiência da adubação NK, aplicada em cobertura, seguida pela incorporação. Essa prática
também é importante, pois controla plantas infestantes e escarifica o solo permitindo maior
aeração e penetração de água. Efetua-se a amontoa uma única vez, quando as hastes das plantas
estiverem com 25 a 30 cm de altura, aproximadamente aos 25-30 dias após o plantio, no entanto,
está cada vez mais comum a amontoa mais precoce de 15 a 20 dias para diminuir ferimentos nas
hastes e consequentemente diminuir a probabilidade de incidência de doenças principalmente
canela preta (Pectobacterium sp.). A amontoa caracteriza-se pelo “chegamento” de solo, em
ambos os lados da fila de plantas, formando uma leira ou camalhão com cerca de 25-30 cm de
altura de seção trapezoidal, com base estreita na parte superior e larga na inferior (Figura 13).

Figura 13: Operação de amontoa sendo efetuada em batatal.

Manejo de plantas infestantes e soqueiras


A cultura de batata não deve sofrer interferência direta ou indireta de plantas daninhas
para garantia da sua qualidade e produtividade. Elas interferem diretamente no desenvolvimento
da cultura, por meio da competição, podendo ainda liberar substâncias inibidoras de crescimento,
denominadas aleloquímicos. Indiretamente elas servem como hospedeiras de muitas pragas e
patógenos. Em geral, é na primeira metade do ciclo vegetativo que ocorre o efeito mais adverso
23
das plantas infestantes à cultura, reduzindo marcadamente a produção. Assim, é necessário
manter a cultura no limpo nos primeiros 30 a 50 dias, época em que, normalmente se faz a
amontoa. No final do ciclo da cultura, as plantas infestantes não afetam diretamente o
rendimento, mas interferem no processo de colheita, principalmente se esta for mecânica.
Para o controle químico existem opções de herbicidas que podem ser aplicados em pré-
plantio, pré-plantio incorporado, pós-plantio em pré-emergência da batata e pós-emergência da
batata via pulverizador ou sistema de irrigação. Na prática o herbicida mais utilizado em pré-
emergência é o Metribuzin para folhas largas. A amontoa funciona também como um controle
mecânico e após esse trato cultural e se necessário pode ocorrer o uso de um graminicida
(Fluazifop).
O solo para aplicação de herbicidas em pré-plantio ou pré-emergência não deve conter
torrões e deve apresentar, preferencialmente, teor de umidade inicial próximo da capacidade de
campo. Em áreas com baixa agressividade de plantas daninhas, devem ser usados,
preferencialmente, herbicidas de pós-emergência.

Dessecação das ramas


A dessecação das ramas permite também regular o tamanho das batatas-sementes e
uniformizar o secamento ou maturação das plantas, facilitando a colheita mecânica, o que vale
também para batata consumo. A época de realizar a dessecação é muito importante, pois é
necessário maximizar a produção de batata-semente sem, entretanto, reduzir o valor destas.
Recomenda-se dessecar as ramas quando a cultura apresentar uma maior freqüência de
tubérculos do tipo II (33 a 45 mm) e III (23 a 33 mm). A aplicação deve ser efetuada pela manhã,
preferencialmente, para que o dessecante possa ser logo ativado pela luz solar diminuindo as
possibilidades de pequena translocação dos mesmos, com conseqüente resíduo nos tubérculos.
Antes da colheita deve-se aguardar 10-15 dias após a aplicação do dessecante, possibilitando que
a película se torne resistente ao esfolamento
Até o momento, os melhores resultados obtidos para a dessecação tem sido com o uso de
produtos químicos, que atuam como herbicidas de contato, destruindo a parte aérea da planta sem
causar danos mecânicos aos tubérculos-semente.

7. CONTROLE FITOSSANITÁRIO

Segundo levantamento da ABBA em 2020, a ocorrência dos principais problemas fitossanitários


(pragas e doenças) nas regiões produtoras foi assim distribuída:
-pouca ocorrência: Murchadeira, Crinivírus, Nematoide Pipoca, Vírus Y, Sarna Prateada,
Spongospora e Mosca Branca e Mosca Branca
-média ocorrência: Sarna Comum, Nematoide de Pinta, Fusariose, Rizoctoniose, Traça e Tripes;
-alta ocorrência: Canela Preta, Requeima, Pinta Preta, Bicho Mineiro e Larva Alfinete.

A seguir tem-se a descrição dessas doenças e insetos pragas:

Doenças Fúngicas

Requeima (Phytophthara infestans)


A requeima, causada pelo oomiceto Phytophthora infestans, é considerada uma das doenças mais
importantes na cultura da batata sendo altamente destrutiva podendo comprometer todo o campo
de produção em poucos dias em regiões onde há predominância de clima úmido e fresco.
Controle:
- Resistência genética do cultivar;
- Uso de batata-semente sadia;
24
-Eliminar restos de cultura, refugo de tubérculos e plantas voluntárias das proximidades da
lavoura;
-Evitar plantar em locais sujeitos a longos períodos de alta umidade;
-Reduzir o risco de infecção dos tubérculos em lavoura, destruindo a rama infectada duas
semanas antes da colheita
- Aplicar fungicidas preventivamente com intervalos de 7-10 dias (mancozeb, maneb,
clorotalonil, cimoxamil e cúpricos)

Pinta-preta ou Mancha-de-alternária (Alternaria solani)


A doença é encontrada em todas as regiões produtoras de batata e, junto com a requeima,
é uma das principais doenças da cultura. Sua incidência é maior nos períodos de verão, com
temperatura e umidade elevadas.
▪ Controle:
- Evitar plantar tubérculos infectados.
- Pulverizar fungicidas apropriados, quando surgirem os primeiros sintomas nas folhas.
- Usar cultivares com baixa suscetibilidade.
- Praticar rotação de culturas por pelo menos dois anos.
- Controle químico: mancozeb, maneb, clorotalonil, tebuconazole e outros triazóis, azoxistrobin e
cúpricos
- Manter a cultura com boa nutrição com ênfase ao N. Manter a “planta verde”

Rizoctoniose, Crosta-preta (Rhizoctonia solani)


Este patógeno ocorre com relativa freqüência em batateira. Está presente em todas as
regiões produtoras do mundo, principalmente em solos muito cultivados e onde a rotação de
culturas não é praticada.
▪ Controle:
- Plantar tubérculos sadios com brotos verdes e bem vigorosos;
- Selecionar cultivares resistentes ou menos suscetíveis
- Evitar plantios profundos e solos mal drenados;
- Adubação balanceada sem excesso de N;
- Controlar a irrigação
- Praticar rotação de culturas especialmente com gramíneas (milho, aveia, sorgo, etc.).
- Controle químico

Podridão-seca e olho-preto ( Fusarium spp. )


▪ Condições favoráveis:
- temperatura entre 15-25°C;
- umidade relativa do ar entre 50 e 70%;
- Sobrevivência: tubérculos contaminados deixados no solo. O fungo mantém-se aderido em
plantas assintomáticas, podendo infectar tubérculos com injúrias causadas pela colheita
Penetração: via ferimentos ou estolões, não penetra diretamente
▪ Controle:
-Evitar plantar tubérculos podres.
-Colheita de preferência em dias secos e evitar exposição dos tubérculos ao sol por longos
períodos.
- Evitar colher tubérculos imaturos.
- Reduzir ao mínimo os ferimentos nos tubérculos durante a colheita e o armazenamento.
- Manter adequada ventilação no depósito.
- Evitar contaminação do armazém e da lavoura.
- Praticar rotação de culturas com gramíneas (milho, aveia, sorgo, etc.).
- Controle químico com tiabendazol ou tiofanato metílico
25
Sarna-pulverulenta (sarna, espongóspora) (Spongospora subterranea)
▪ Condições favoráveis:
- temperaturas baixas;
- solos úmidos
- Sobrevivência: cistos no solo por mais de dez anos
▪ Disseminação: água livre (chuva e irrigação)
▪ Penetração: via ferimentos ou lenticelas, não penetra diretamente.
▪ Controle:
- Usar variedades resistentes, principalmente em áreas com histórico da doença
- Plantar tubérculos sadios.
- Cuidados com a irrigação, o ideal é manter a irrigação apenas em 75% da capacidade de
campo do solo.
- Manter uma boa estruturação do solo
- Manter uma área que tenha inóculo da doença sem cultivo de batata por alguns anos.
- Recomenda-se a rotação de culturas especialmente com gramíneas e demais plantas não
hospedeiras.
- Desinfestar implementos agrícolas que tenham sido usados em áreas infestadas com o
patógeno.
- Controle químico com fluazinam (fenilpiridinilamina)

Sarna-prateada ( Helminthosporium solani)


▪ Condições favoráveis:
-alta umidade;
- multiplicação do fungo à partir de 3°C (intensidade aumenta com a
temperatura).
- Sobrevivência: esporos no solo e em tubérculos
▪ Disseminação: Batata-semente e solo (menor importância)
▪ Controle:
- Usar semente certificada e sadia;
- Após retirada da câmara fria, deixar os tubérculos secarem em ambiente de baixa
umidade antes do plantio;
- Não existem variedades resistentes. Cultivares de pele lisa e escura se mostram mais suscetíveis
por evidenciarem mais os sintomas;
- Colher o mais rápido possível após a morte das ramas;
- Fazer rotação de culturas;
- Eliminar a soqueira;
- Controle químico: o produto mais indicado é o thiabendazole. Entretanto, várias cepas desse
fungo já adquiriram resistência ao produto, fazendo com que o tratamento não seja sempre
eficaz.

Pythium ou Podridão Aquosa (Pythium debarianum, P.ultimum, P. Splendens)


▪ A Podridão aquosa ou Pythium, causada por vários fungos de solo (Pythium
debarianum, P.ultimum, P. Splendens), é uma doença cuja incidência tem sido cada vez
mais relatada, porém existem poucos estudos sobre desenvolvimento, sintomatologia e
controle da mesma. Controle:
- Evitar que os tubérculos fiquem expostos ao sol;
- Evitar danos mecânicos na colheita, transporte e beneficiamento;
- Controle químico: não existem fungicidas registrados para esta doença na cultura da batata.
26

Doenças Bacterianas

Murchadeira da Batata ou Murcha-bacteriana (Ralstonia solanacearum)


Trata-se da mais desafiadora doença da batateira.
▪ Controle:
- Recomenda-se o plantio em áreas livres do patógeno, de solos mais arenosos e bem drenados;
- Utilizar cultivares que apresentam maior resistência;
- Fazer o controle de plantas daninhas hospedeiras, principalmente as da família
Solanaceae (maria-pretinha, joá, jurubeba e outras);
- Plantar batata-semente de boa qualidade, de preferência certificada;
- Controlar a irrigação, evitando excesso de umidade no solo.
- Praticar rotação de culturas principalmente com gramíneas (milho, sorgo, aveia);
- Controlar nematóides e insetos de solo;
- Fazer o teste-do-copo para diagnosticar rapidamente a bactéria:
Quando a incidência na lavoura for pequena e as plantas apresentarem sintomas iniciais de
murcha deve-se:
a) remover a planta, incluindo raízes e tubérculo;
b) queimar e enterrar todo o material em local afastado da lavoura e de águas de irrigação;
c) regar as covas de onde as plantas foram removidas e as ferramentas usadas nessa remoção com
uma solução de formol comercial ( 1 litro de formol comercial/9 litros de água).

Canela-Preta, Talo-Oco, Podridão-Mole do Tubérculo (Pectobacterium spp.)


▪ Controle:
- Plantar tubérculos livres de podridões em solos bem drenados;
- Fazer rotação de culturas com gramíneas;
- Fazer adubação balanceada;
- Controlar a irrigação;
- Evitar danos mecânicos às plantas e aos tubérculos;
- Fazer a colheita de preferência em dias secos e evite a exposição dos tubérculos ao sol por
longos períodos;
- Separar e destruir os tubérculos podres logo após a colheita;
- Evitar embalar ou armazenar tubérculos molhados;
Manter ventilação adequada no armazém.

Sarna Comum (Streptomyces spp.)


▪ A “sarna comum” é uma das doenças que afetam os tubérculos, a mais conhecida pelos
bataticultores brasileiros. Controle:
- Utilizar batatas-semente certificadas.
- Evite plantar tubérculos com sintomas de sarna.
- Aumentar o tempo entre cultivos sucessivos de batata.
- Manter níveis de umidade no solo apropriados ao desenvolvimento das plantas.
- Evite aplicar quantidade excessivas de calcário.
- Evite rotação de culturas com beterraba, cenoura, batata-doce, rabanete e repolho.
Realizar com gramíneas por 4 a 5 anos
- Plantar em solos com pH menor que 5,0.
- Efetuar adubações equilibradas.
- Controle químico com fluazinam (fenilpiridinilamina)
27
Doenças Viróticas
Enrolamento-da-folha, PLRV (Potato leafroll vírus)
Manejo: não existem métodos de cura para as viroses da batata, que possam ser utilizados pelos
agricultores. A sanidade das lavouras somente pode ser obtida com medidas preventivas e,
sobretudo, pela implantação de sistemas eficientes de produção de batata-semente, que tornem
acessível ao produtor tubérculos-semente sadios ou, pelo menos, com baixos percentuais de
infecção por vírus (DANIELS; SCHONS, 2003). Algumas medidas preventivas:
- Adquirir, rotineiramente, tubérculos-sementes certificados para fazer a sementeira - cerca de
10% da semente utilizada no plantio comercial.
- Instale a sementeira o mais distante possível de outras lavouras de batata.
- Erradique da sementeira todas as plantas, inclusive infestantes, com sintomas de doenças ou
com outras anormalidades, removendo inclusive os tubérculos.
- Controle de pulgões com inseticidas apropriados, pois esses insetos transmitem o vírus
causador da doença.

Mosaico Potato virus Y- PVY


O PVY vírus é causador da moléstia conhecida por “mosaico” devido às variações na
tonalidade de verde entre as nervuras dos folíolos apicais. Esses sintomas podem se manifestar
nas formas “leve”, “severa” ou “pinheirinho”, sendo que as perdas variam de 30 a 100% em
função das raças. Tanto as variações de sintomas como de perdas podem estar associadas não só
com variedades de batata mas também com raças do PVY. Assim como o PLRV, o PVY tem
transmissão preferencial através de pulgões.
Nos últimos anos tem crescido problema com crinivirus transmitido por mosca branca.

Doenças causadas por nematóides


A batata é uma das culturas mais prejudicadas pelos nematóides fitoparasitos. Mais de
uma dezena de espécies de nematóides são altamente daninhos à batata e, no Brasil, quatro delas
se destacam: duas espécies de nematóides das galhas (Meloidogyne incognita e M. javanica) e
duas de nematóides das lesões (Pratylenchus brachyurus e P. coffeae).
As medidas preventivas são sempre mais eficientes e econômicas que os tratamentos
curativos. Incluem-se entre elas, o uso de batata-semente certificada e demais cuidados especiais
devem ser tomados com relação a água de irrigação, que pode introduzir e disseminar os
nematóides. A rotação de culturas é um processo acessível à maioria dos produtores e visa à
diminuição do nível populacional dos nematóides através do cultivo de plantas não hospedeiras
em áreas infestadas. A adição de material orgânico favorece as propriedades físico-químicas do
solo, as plantas crescem adequadamente e são mais tolerantes ao ataque de nematóides. Demais,
propicia o crescimento das populações de inimigos naturais dos nematóides e sua decomposição
libera compostos altamente tóxicos a eles. Em áreas infestadas tanto por espécies de
Meloidogyne, o controle químico constitui-se, embora de altíssimo custo e alta toxicidade, em
alternativa eficiente de controle.

Principais pragas prejudiciais à cultura da batata


A cultura da batata é acometida por diversas pragas tanto de parte aérea como de solo.
Dentro dessas pragas estão insetos mastigadores, sugadores e ainda ácaros fitófagos.
O dano direto das pragas na batata deve-se: à alimentação nas folhas, causando redução
da área fotossintética; à alimentação nas raízes e estolões, causando redução na área de produção;
à alimentação nos tubérculos causando redução de produção quali-quantitativa. O dano indireto é
devido à transmissão ou à predisposição da planta para a infecção de doenças viróticas,
bacterianas e fúngicas. Os principais insetos mastigadores a afetarem a cultura são larvas
subterrâneas que perfuram os tubérculos, como bicho-alfinete (Diabrotica speciosa), bicho-
arame (Conoderus scalaris), bicho-tromba (Phyrdenus muriceus) e traça-da-batata (Phthorimaea
operculella) e outros. A mosca-minadora (Liriomyza huidobrensis) produz larvas que cavam
28
galerias nas folhas. Os insetos sugadores são afídeos (Mizus persicae e Macrosiphum
euphorbiae, etc.). Tais insetos sugam a seiva da planta, porém o dano maior é ocasionado por
serem eficientes vetores de viroses. Além desses citados, a cultura também é atacada por mosca-
branca (Bemisia tabaci), por cigarrinhas (Empoasca spp.). Como ácaro fitófago, o mais
importante é o ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus).

8. ANOMALIAS FISIOLÓGICAS

Além dos problemas fitossanitários, a batateira está sujeita a certas anomalias de origem
não-parasitária, que afetam os tubérculos. Deve-se ter cuidado especial para evitar a falta ou o
excesso de água no solo, principalmente no período de tuberização, e fazer adubação balanceada,
utilizando-se espaçamento adequado, de acordo com a cultivar.

Esverdeamento: Expostos á luz natural ou artificial, mesmo indireta, os tubérculos


desenvolvem uma coloração externa esverdeada devido à formação de clorofila. Internamente,
ocorre substancial elevação no teor do glicoalcalóide solanina, substância tóxica ao homem e
responsável pelo sabor desagradável. O consumidor, compreensivamente, não aceita tubérculos
esverdecidos. Para prevenir o esverdecimento faz-se amontoa cuidadosa.
▪ Embonecamento: os tubérculos mostram crescimento secundário, o que ocasiona
formatos grotescos, que dificultam a utilização culinária, tornando-os sem valor comercial.
Variações acentuadas no teor de água do solo, com período de deficiência seguido por um
excesso – como ocorre em batais não irrigados, no plantio das águas -, são a causa principal.
Temperatura elevada no solo, mesmo com adequado suprimento hídrico, fotoperíodo longo e
excesso de N são fatores predisponentes.
▪ Chocolate ou mancha-ferruginosa: o interior dos tubérculos apresenta manchas de
coloração ferruginosa (chocolate) irregularmente distribuídas pela polpa, visíveis em corte
transversal. Trata-se de uma anomalia favorecida por temperaturas elevadas no solo durante a
formação dos tubérculos e por oscilação hídrica, especialmente quando ocorre período
prolongado de seca seguido por chuvas abundantes.
▪ Coração-oco: os tubérculos apresentam uma cavidade no centro da polpa, provocada pelo
crescimento muito rápido da parte externa. Essa anomalia pode ocorrer em solos de alta
fertilidade, ou quando aplica excesso de nutrientes, o que provoca a produção de tubérculos de
tamanho exagerado e, também, quando são feitas irrigações pesadas, continuamente. Reduzir o
espaçamento de plantio dentro das fileiras e controlar adubação são medidas preventivas.
▪ Coração-preto: é uma mancha escura, de formato irregular, no centro do tubérculo. É
resultante da asfixia, motivada por deficiência de oxigênio, não possibilitando a respiração
normal do tubérculo. Pode ocorrer em solos excessivamente argilosos, pesados e úmidos, nos
quais a circulação de ar é deficiente. Também acontece, por arejamento insuficiente, durante a
estocagem e o transporte, especialmente em temperaturas elevadas. Preventivamente deve-se
evitar que os tubérculos permaneçam muito tempo em solos quentes e úmidos, após a
senescência da planta o armazenamento e o transporte devem ser conduzidos com boa circulação
natural ou forçada de ar e em temperatura amena.
▪ Esfolamento: tubérculos apresentando película esfolada foram colhidos prematuramente,
ou seja, fisiologicamente imaturos. São indesejáveis devido ao aspecto e por não resistirem ao
manuseio e ao armazenamento. A colheita antecipada, quando da dessecação das ramas, somente
deve ser efetuada após a película se tornar firme. Um teste prático, realizado no campo, é atritar o
tubérculo entre os dedos polegar e indicador, observando-se a resistência ao esfolamento. Caso a
película ainda se apresente frágil, deve-se aguardar a colheita por mais alguns dias.
Além dos distúrbios citados, existe ainda:
▪ Rachaduras - Ocorrem durante o crescimento acelerado dos tubérculos, quando a parte
interna do tubérculo cresce mais rapidamente do que a parte externa. As rachaduras deste tipo,
normalmente longitudinais, cicatrizam e tornam-se cada vez mais superficiais à medida que o
29
tubérculo cresce. Fatores que favorecem o crescimento rápido do tubérculo, como chuva ou
irrigação pesada após um período muito seco e adubação nitrogenada desbalanceada, são as
principais causas das rachaduras.
A figura 14 mostra alguns distúrbios fisiológicos ocorrentes em batata.

Figura 14: Distúrbios fisiológicos em batata: Esverdeamento (A); Embonecamento (B);


Coração-oco (C); Esfolamento (D); Rachaduras (E). Fotos: ABBA

8. COLHEITA, CLASSIFICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

A batata deve ser colhida quando as hastes estiverem completamente secas e os


tubérculos com a película firme, sem desprender-se o que ocorre 10 a 14 dias após a morte da
parte aérea da planta. O ciclo até a colheita, após a secagem natural da planta varia geralmente de
90 a 115 dias, no caso da cultivares européias e brasileiras, no centro-sul. Os tubérculos colhidos
30
perfeitamente maduros, com película resistente, são superiores e apresentam maior capacidade de
armazenamento. Na ausência de chuvas, inclusive, podem permanecer dentro das leiras durante
alguns dias, após a maturação. Quando se desja antecipar a colheita, pode-se efetuar a desfolha
química, com a conseqüente redução no tamanho dos tubérculos e na produtividade.
A colheita da batata pode ser manual, semi-mecanizada ou mecanizada, dependendo da
área e do nível tecnológico do produtor.

Beneficiamento e Classificação
A conservação da batata, após a colheita, dependerá em grande parte da maturidade
fisiológica do tubérculo. Aqueles que apresentam podridões ou defeitos graves são eliminados
ainda no campo e, posteriormente, durante inspeções efetuadas no galpão onde sofre uma
lavagem e secagem. Após é selecionada, classificada manualmente e/ou mecanicamente e
ensacada. Depois de ensacada pode ser armazenada e transportada
A classificação é a separação dos tubérculos de acordo com seu tamanho e aparência ou
tipo, sendo por grupo (variedade ou cultivar), classe (calibre ou diâmetro) e tipo ou categoria
(limites de defeitos).
Classe I: maior ou igual a 85mm
Classe II: maior ou igual a 45 e menor que 85mm
Classe III: maior ou igual a 33 e menor que 45mm
Classe IV: menor que 33mm

SACO DE 50 Kg Proporção paga no preço


Especial – Ø > 45mm 100%
Especialzinha - Ø 33 a 45mm 70%
Primeira - Ø 30 a 33mm 50%
Segunda - Ø 23 a 30mm 50 – 120%*
Terceira - Ø < 23mm 50 – 120%*
Diversa ou boneca. 50%
* Estas classes são muito usadas para aperitivo/pickles e portanto, nas festas de final de
ano e no mês de maio (mês das noivas) há uma grande demanda, podendo o preço chegar a 20%
a mais que a Especial.

Proporção ideal na produção Realidade


Especial – Ø > 45mm 85% 70%
Especialzinha - Ø 33 a 45mm 05% 05%
Primeira - Ø 30 a 33mm 00% 03%
Segunda e terceira 00% 02%
Diversa ou boneca. 10% 20%

Os preços de batata variam bastante ao longo do ano e os preços médios também variam
de um ano para outro, conforme gráficos a seguir elaborados pela ABBA.

Preço de Atacado / saco 50 kg / Batata lavada / Preço médio em R$ / Classificação: Especial


31
Preço de Batata – 2002 a 2021
Preço de Atacado / saco 50 kg / Batata lavada / Preço médio em R$ / Classificação: Especial
R$
240
230
220
210
200
190
180
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Monalisa-BH Monalisa-Campinas Bintje-BH Bintje-Campinas Asterix-BH


Asterix-Campinas Lisa/Suja-BH Ágata-BH Ágata-Campinas Cupido-BH
32

9. LITERATURA CONSULTADA
ABBA. 2014. Associação Brasileira da Batata. Disponível em:
<http://www.abbabatatabrasileira.com.br.

BORGES, M; LUZ, JMQ. 2008. O CULTIVO DA BATATA NO BRASIL: Aspectos gerais da


cultura. Itapetininga: ABBA. 156p. (Apostila e CD ROM).

FERNANDES, AM. 2010. Crescimento, produtividade, acúmulo e exportação de nutrientes


em cultivares de batata (solanum tuberosumL.). Botucatu: UNESP. 144p. (Dissertação).

FERNANDES, AM; SORATTO, RP. 2013. EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DE


NUTRIENTES POR CULTIVARES DE BATATA. Bioscience Journal. Uberlândia, v. 29, n. 1,
p. 91-100.

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