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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

CAMPUS PROFESSOR ALEXANDRE ALVES


LICENCIATURA PLENA EM LETRAS/INGLÊS

MARCOS SOUZA LIMA

FONÉTICA: a importância de seu estudo no processo de ensino


aprendizagem de uma língua.

PARNAÍBA
2011
MARCOS SOUZA LIMA

FONÉTICA: a importância de seu estudo no processo de ensino


aprendizagem de uma língua.

Monografia apresentada como Trabalho


de Conclusão do Curso de Licenciatura
Plena em Letras-Inglês, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Licenciada em Letras-Inglês, sob a
orientação da professora Elaine do
Nascimento Sousa.

PARNAÍBA
2011
MARCOS SOUZA LIMA

FONÉTICA: a importância de seu estudo no processo de ensino


aprendizagem de uma língua.

Monografia apresentada como Trabalho


de Conclusão do Curso de Licenciatura
Plena em Letras-Inglês, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Licenciada em Letras-Inglês.

APROVADA EM: ______/ ______/ _________

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________________________
Professora Orientadora Especialista Elaine do Nascimento Sousa
Universidade Estadual do Piauí - UESPI

_________________________________________________________________
1°Membro

_________________________________________________________________
2°Membro
À minha meus pais Silvestre e Dolores, à
meus irmãos, aos meus sogros Aleixo e
Antônia, à minha esposa Renata e filhos
Erick Marcos e Erika Vitória (in
memoriam), e por fim à principal
responsável pela realização deste sonho,
Minervina Meneses, que guiou e orientou
meus passos. Este é o meu
reconhecimento pela confiança que todos
vocês em mim depositaram, obrigado.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade única de aprender, conhecer e


conviver com pessoas tão diferentes. À confiança recebida de minha família, pais,
esposa, irmãos e amigos. À minha madrinha, a principal responsável por esta
conquista, só tenho a agradecer. A meus colegas de classe que me influenciaram
nesta caminha, me aguentando, são eles, Mayrla Sales, José Carlos, Mello Santos,
Valdelino Junior e Roseane Souza. A Renato César pela força com a formatação e
outras dicas e aconselhamentos no decorrer deste longo percurso. À Pe Carlos
Seixas, quem pacientemente colaborou para que tivesse mais tempo disponível para
meus trabalhos. Aos professores que compartilharam um pouco do muito
conhecimento adquirido por eles. Por fim à minha orientadora, professora, mestre e
amiga Elaine do Nascimento Sousa, que pacientemente não me deixou desistir, e
gentilmente doou parte de seu tempo para contribuir com esta realização em minha
vida. A todos, muito obrigado por fazerem parte de minha vida.
Você não precisa de braços longos para
abraçar o mundo; Você precisa do Inglês
(Ricardo Schütz)
RESUMO

Um dos objetivos deste trabalho é mostrar a importância do estudo da fonética no


aprendizado de uma língua, assim como a utilidade dos símbolos fonéticos para a
produção oral da língua. Será focado o desenvolvimento da língua inglesa a partir de
sua origem, até chegar a ser a língua mais falada no mundo. Neste contexto será
abordado como se deu o inicio do aprendizado do Inglês no Brasil, e como este
processo vem se desenvolvendo no decorrer dos anos, bem como as habilidades
comunicativas necessárias para este aprendizado, onde serão focadas apenas duas
(speaking e listening) que se relacionam diretamente com a parte oral da língua.
Este trabalho teve como base uma pesquisa bibliográfica, onde o foco foi autores
mais atuais, tais como, Davies (2006), Ogden (2009), e Schütz (2007) dentre outros
citados no corpo deste trabalho. Para um melhor entendimento a cerca do tema
abordado, buscou-se conceituar e exemplificar as situações onde a fonética se faz
presente.

PALAVRAS–CHAVES: Linguagem. Fonética. Ensino/Aprendizagem Comunicação.


ABSTRATCT

This paper aims to show the importance of the study of phonetics in learning a
language, as well as the utility of phonetic symbols for the oral production of
language. It will focus on the development of the English language from its origin until
when it became the most spoken language in the world. In this context will be
addressed as how was the beginning of learning English in Brazil, and how this
process has evolved over the years, as well as the communication skills necessary
for this learning, which will be focused on only two (speaking and listening) that
directly relate to the oral part of the language. This study was based on a
bibliographic search, where the focus was more current authors such as Davies
(2006), Ogden (2009), Yule (2010) and Schütz (2007) and others cited in the body of
this work. For a better understanding about the subject matter, we attempted to
conceptualize and illustrate situations where phonetics is present.

KEYWORDS: Language. Phonetics. Teaching/Learning. Communication.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

CAPÍTULO I - BREVE HISTÓRICO ACERCA DA ORIGEM E O


DESENVOLVIMENTO DA LÍNGUA INGLESA ......................................................... 12
1.1 Língua Inglesa: Origem e desenvolvimento ...................................................... 12
1.2 A origem da língua inglesa ............................................................................... 13
1.3 O inglês como língua do mundo ....................................................................... 18
1.4 Uma rápida história do ensino de inglês no Brasil ............................................ 20

CAPÍTULO II - LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO, RELACIONADAS COM O


ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA ESCOLA ......................................................... 24
2.1 A Linguagem e a Comunicação ........................................................................ 24
2.2 A Língua Estrangeira / Inglesa na sala de aula ................................................ 28
2.3 Como se dá e o que dizem a LDB e os PCN’s sobre o ensino do Inglês
enquanto língua nas escolas ..................................................................................... 31
2.4 Como se dá a formação dos alunos ................................................................. 33

CAPÍTULO III - A IMPORTÂNCIA DA FONÉTICA NO DESENVOLVIMENTO DA


PRONUNCIA NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA .................................................. 36
3.1 A relação entre a pronúncia e a prática auditiva (listening) da LI em
concordância com a fonética. .................................................................................... 36
3.2 A importância do “listening”............................................................................... 38
3.3 A importância do “speaking”, Speaking skill ou Habilidade da Fala .................. 39
3.4 Qual o objetivo da boa pronúncia? ................................................................... 40

CAPÍTULO IV - POR QUE OS ALUNOS DEVEM ESTUDAR FONÉTICA? ............ 42


4.1 O que é fonética e fonologia ............................................................................. 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 55


9

INTRODUÇÃO

Desde que os anglo-saxões chegaram à Inglaterra e plantaram as


primeiras sementes de língua inglesa, e depois quando Rei Alfredo, O grande, lutou
contra os vikings a fim de garantir a sobrevivência da língua inglesa, colocando-o no
lugar do latim, é notável a importância de se comunicar em inglês.
As comunidades humanas, desde suas mais remotas origens, sempre
souberam se comunicar oralmente. Assim sendo, a fala é a mais importante das
características que distinguem o homem dos demais animais e que lhes possibilitam
se organizar em sociedade. Muitas vezes um povo ou pais aprendia a língua de
outro de forma forçada sendo vítima de invasão e de posterior dominação.
Durante décadas, o ensino de pronúncia em aulas de inglês como
segunda língua e língua estrangeira foi negligenciado, pois se achava que os
aprendizes assimilavam a pronúncia da língua estudada naturalmente. Contudo, a
partir do advento das metodologias comunicativas e, consequentemente, o foco na
competência comunicativa, o estudo da pronúncia ganhou mais atenção e espaço
durante as aulas.
Se tomar o idioma inglês, língua referencia dos Estados Unidos da
América (EUA) – uma das maiores economias do mundo – como é usado nos dias
de hoje, percebe-se que a cada dia mais e mais pessoas começam a estudar a
língua inglesa como forma de poder ”falar” uma segunda língua visando um bom
emprego e também como o propósito de se comunicar com pessoas de outros
países e aproveitar a oportunidade de mergulhar em outras culturas.
No entanto o que se vê são inúmeras pessoa procurando os cursos de
idiomas a fim de ter o aprendizado desejado, que é poder entender e se fazer
entender dentro de uma comunicação com um falante nativo ou não, uma vez que
as escolas públicas se limitam a ensinar na maior parte do ano letivo o verbo tobe
(ser, estar), verbos regulares e irregulares, pronomes e tempos verbais, resumindo-
se assim em gramática pura esquecendo-se que a pronúncia correta também faz
parte do aprendizado de uma língua.
A importância de se aprender a fonética ao se estudar uma língua deve-
se ao fato de, geralmente, pensar na palavra como ela é escrita e não em como ela
é pronunciada ou percebida por um ouvinte. Davies (2006) explica que estudar
10

fonética, portanto, é olhar para aquilo que não se enxerga, mas que é a essência da
língua.
Percebe-se que muitos estudiosos apoiam e orienta sobre a iniciativa do
estudo da fonética em busca de melhorar a comunicação dentro da segunda língua
em questão, o Inglês. Mesmo assim de acordo com Schumacher et al. (2002, p. 37),
diz que:

[...] o “componente pronúncia tem sido frequentemente negligenciado nas


salas de aula e nos materiais didáticos. Além do mais, quando esse
componente é abordado em livros-texto, ele tende a ser trabalhado
isoladamente, sem integração com outras habilidades linguísticas e a
maioria das atividades são controladas ou descritivas”

A situação precária do ensino da pronúncia na sala de aula de LE se deve


às crenças de que a pronúncia não é um tópico relevante, que os alunos podem
“pegar” sem esforço esse tipo de informação, e que ensinar pronúncia é algo muito
difícil.
Observa-se que estas crenças têm sido constantemente questionadas,
fazendo com que o ensino da pronúncia ganhe um novo fôlego e não se limite
apenas ao desenvolvimento da competência linguística, mas também das
competências discursivas, sociolinguísticas e estratégicas. Para que o ensino do
inglês possa ser tratado de outra forma e não como a língua da gramática apenas.
(ODDEN (2005) citando MORLEY (1994)).
Para implementar o ensino da pronúncia na sala de aula de LE, são
necessária várias medidas, como sugere Odden (2005, p. 12).Esta primeira medida
não será tratada neste trabalho, mas certamente merece muita atenção.

Primeiro, os professores dá área precisam dominar os conceitos básicos de


fonética e fonologia, aplicados ao ensino da língua”, neste caso o Inglês.
“Segundo, faz-se necessário um esforço para o desenvolvimento de
metodologias, técnicas e materiais para o ensino da pronúncia. Terceiro, é
importante que sejam feitas pesquisas para investigar vários aspectos
fonológicos das línguas estrangeiras. Finalmente, necessita-se de estudos
controlados que investiguem se determinados procedimentos de ensino
influenciam o desenvolvimento da pronúncia dos aprendizes.

Este trabalho visa orientar os profissionais de educação voltados para a


língua inglesa (LI), a atentarem para a importância do estudo da fonética nas
escolas de Ensino Médio e Fundamentá-la fim de fornecer uma formação onde o
11

mesmo possa estar apto a falar e escrever com nexo mostrando domínio de
vocabulário e pronuncia assim como ter a capacidade de identificar a ideia principal
em um diálogo entres falantes da língua ou não e que haja um aprendizado
satisfatório da língua estrangeira – o inglês -, no que diz respeito à comunicação
oral.
Portanto, este trabalho tem como objetivo principal mostrar o estudo e
prática da fonética como uma importante ferramenta no aprendizado da língua
inglesa, bem como demonstrar que a fonética ajuda no aprendizado e facilita a
comunicação quando o emissor faz uso da pronuncia correta das palavras.
Pretende-se de forma mais específicas,
 Descrever como o aluno deveria está exposto à língua inglesa para melhor
desenvolver sua fala e seu aprendizado.
 Demonstrar a importância que as habilidades têm para o processo de
aprendizagem de uma língua.
 Mostrar que o estudo da fonética é importante para o desenvolvimento da
pronúncia.
Este trabalho será estruturado em quatro capítulos que seguem uma
ordem cronológica de informação. No primeiro capítulo tratará sobre a língua
Inglesa, no que diz respeito a sua origem e desenvolvimento, assim com será feito
um breve resumo de como inglês se tornou a língua do mundo e como começou o
ensino da LI no Brasil.
O segundo capítulo mostrará conceitos e exemplos relacionados à
linguagem e comunicação, e fará a inserção de ambas no processo de ensino da LI
dentro da sala de aula. Buscou-se embasamento nos PCN’s e na LDB para discorrer
sobre como anda o ensino da língua inglesa as escolas do Brasil. Ao tempo que se
fará um autoquestionamento sobre como os estudantes estão aprendendo a LI.
O terceiro capítulo discorrerá sobre a importância da pronuncia e de sua
dependência com as habilidades comunicativas speaking e listening, em especial. O
último capítulo abordará a fonética e sua importância, inserida no contexto de sala
de aula.
12

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO ACERCA DA ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DA


LÍNGUA INGLESA

Aquele que não conhece uma língua estrangeira,


não conhece a sua própria.
(Johann Wolfgang)

Neste primeiro capítulo será aborda de forma superficial, o contexto


histórico de origem e desenvolvimento da língua inglesa, mostrando como a mesma
chegou a ser a língua mais falada do mundo. Assim como a contribuição das
invasões na área da atual Inglaterra e a contribuição de Alexandre “O Grande” para
que o inglês não fosse extinto. Neste capítulo também discorrerá sobre a Lingua
Inglesa no Brasil através de seu marco histórico e do processo de ensino desta
língua.

1.1 Língua Inglesa: Origem e desenvolvimento

A língua seja ele escrita ou falada, hoje é a principal forma de


comunicação entre pessoas, empresas, países e reinos. Mas nem sempre foi assim.
O que é exatamente a língua inglesa e por que ela tem essa estranha mistura de
grafias e formas de pronuncia ainda mais curiosas, por vezes até contraditórias?
Este capítulo vem tentar responder esta pergunta e mostrar de forma resumida as
mudanças que o Inglês sofreu, uma vez que levou anos de transformação, de altos e
baixos para que o inglês chegasse a ser a língua do mundo atualmente. Para isso
devemos olhar para a sua história e desenvolvimento.
Crystal (2003) estima que cerca de 400 milhões de pessoas tenha o
Inglês como sua primeira língua, e que um total de mais ou menos 1,5 bilhões pode
ser falante em maior ou menor fluência de Inglês (ver Capítulo 9, Tabela 9.1: na
obra). Os dois maiores países (em termos de população) onde o Inglês é a língua
herdada nacionalmente são a Grã-Bretanha e os EUA. Mas é também a língua
majoritária da Austrália e Nova Zelândia, e uma língua nacional no Canadá e África
13

do Sul. Além disso, em outros países, é uma segunda língua, em outros uma língua
oficial, ou a linguagem dos negócios.

1.2 A origem da língua inglesa

Segundo o conceito de Schumacher et al.(2002, p. 141) a história da


língua “inglesa começa com a chegada dos indo-europeus, conhecidos como
Celtas1, à Grã-Bretanha, onde lá permaneceram sem perturbações por
aproximadamente setecentos anos”. Mas em 55 a.C. com a invasão dos romanos,
onde estes lá permaneceram por quase quinhentos anos, muitos celtas foram
forçados a fugir para a Escócia, País de Gales, a Cornuália e Irlanda, no entanto
muitos resistiram e passaram a viver sobre a influência romana.
Mesmo com esta dominação a língua celta, foi pouco modificada. Com a
partida dos romanos foi a vez dos ferozes povos germânicos chamados Anglo-
Saxões. A partir daí nasceram, as primeiras sementes da língua inglesa. Os anglo-
saxões, apesar de ser um povo de guerreiros, tinham uma cultura própria muito
refinada.
Em 432 A.D. St. Patrick inicia sua missão de levar o cristianismo à
população celta da Irlanda. Em 597 A.D. a Igreja manda missionários liderados por
Santo Agostinho para converter os anglo-saxões ao cristianismo. O processo de
cristianização ocorre gradual e pacificamente, marcando o início da influência do
latim sobre a língua germânica dos anglo-saxões, origem do inglês moderno.
Schumacher et al.(2002) fala da primeira grande influencia sobre a Lingua
Inglesa (LI), que veio com a chegada de Santo Agostinho em 597 d.C., que trouxe o
Cristianismo para a Grã-Bretanha. A liberdade encontrada para a pregação aos
futuros católicos facilitou a expansão do latim, o que causou substancial influência
sobre a língua inglesa e mais de quatrocentas “novas” palavras inseridas no Inglês,
que sobreviveram até hoje.
Esta influência ocorre de duas formas: introdução de vocabulário novo
referente à religião e adaptação do vocabulário anglo-saxão para cobrir novas áreas

1
Esse povo teve a sua origem à aproximadamente sete mil anos e com a descoberta da roda,
começou a viajar para o Leste e pra o Oeste, partindo do centro da Europa, no período entre 3500 e
2500 a.C. (Schumacher 2002, p. 141)
14

de significado. A necessidade de reprodução de textos bíblicos representa também o


início da literatura inglesa.
Assim também favoreceu certo rejuvenescimento à língua e propiciou a
criação de novas expressões possibilitando uma maior variedade de escolhas na
hora da construção de uma frase ou sentença. Como por exemplo, a expressão
latina “Spiritus Sanctus”, criou-se “Halig Gast”, “Holy Ghost” (Espírito Santo). E
depois, phantom (fantasma) mais uma opção para gosth, além de spirit.
(SCHUMACHER, 2002)
Em 750 d.C. com a invasão dos Vikings, originários da Escandinávia da
região hoje pertencente à Dinamarca, falavam Old Norse2, começa outra turbulenta
e penetrante influência no Inglês. Essas invasões continuaram por aproximadamente
300 anos arriscando o futuro da língua inglesa. Naquele tempo exista um homem
que impediu que os Vikings acabassem com o Inglês, seu nome era Alfredo, O
Grande3.
Com a reconstrução de escolas e mosteiros e colocando o Inglês no lugar
do latim como língua para a educação, rei Alfredo garantiu a sobrevivência da língua
inglesa. Com a coexistência dos dois povos, surgiu a necessidade de comunicação,
assim teve início um processo de simplificação. De acordo com Schumacher et
al.(2002) foi neste momento que surgiu o verbo “to be” (ser, estar) e junto com ele
cerca de hum mil e oitocentos (1.800) novos vocábulos de origem escandinava.
No entanto as consequências da invasão no que se refere à língua não
sofrem muitas modificações como costumava acontecer. No entanto, muitos deles
foram obrigados a migrarem para outros países, tais como Escócia, Irlanda e Pais
de Gales. Contudo ainda permanece um número considerável de pessoas, que
continuaram suas vidas influenciadas pelos romanos. Mas a violência romana foi
tamanha que quase extinguiu a língua, por que não dizer a cultura celta.
(SCHUMACHER et al, 2002)
Depois dos romanos, vieram os ferozes povos germânicos, os chamados
anglo-saxões. Estes foram os responsáveis por plantarem as primeiras sementes da
língua inglesa. No entanto, os mesmos encontraram muita resistência, tanto que de
sua língua restaram ainda nove palavras na LI. Sua maioria referindo-se a acidentes

2
A língua/dialeto falada(o) pelos Vikings, sendo ancestral do dinamarquês Schumacher2002 p. 145.
3
Alfredo da Inglaterra, dito Alfredo, o Grande (849 – 26 de outubro de 899) foi rei de Wessex desde
871 até sua morte. Fez-se célebre por defender seu reino contra os vikings, e como resultado disto foi
o único rei de sua dinastia a ser chamado "O Grande", por seu povo.
15

geográficos o que se pressupõe que em sua terra natal não existiam esses
elementos topográficos.
Os anglo-saxões possuíam uma cultura muito refinada e expressiva,
mesmo sendo um povo de guerreiros. Faziam uso de versos longos e apreciavam
jogos de palavras, dentre outras características do inglês moderno da Inglaterra.
Schumacher et al.(2002) explica que são os dialetos germânicos falados
pelos anglos e pelos saxões que vão dar origem ao inglês. A palavra England
(Inglaterra), por exemplo, originou-se de Angle-land (terra dos anglos). A segunda
metade do século V, quando ocorreram as invasões germânicas, marca o início da
divisão do Inglês. A partir daí, a história da LI é dividida em três períodos: Old
English (Velho Inglês) ou Anglo-saxão (ou até Inglês Arcaico de 500 - 1100 A.D.),
Middle English (Inglês Médio – 1100 – 1500) e Modern English (a partir de 1500 aos
dias de hoje).
Dentro deste contexto, como grande colaborador deste desenvolvimento
aparece William Shakespeare (1564-1616). O vocabulário da LI é mais extenso do
que qualquer outra língua, e este colaborou para isso, representou uma forte
influência no desenvolvimento de uma linguagem literária.
Schumacher et al.(2002, p. 145) fala sobre a grande influência que
Shakespeare teve para com a língua inglesa e diz que “[...] hoje em dia considera-se
que uma pessoa de boa instrução tem cerca de quinze a vinte mil palavras à sua
disposição, enquanto Shakespeare contava com inacreditáveis trinta mil.”
Suas obras são caracterizadas pelo uso criativo do vocabulário existente
na época, bem como pela criação de palavras novas o que enriqueceu ainda mais a
língua inglesa. Substantivos transformados em verbos e verbos em adjetivos, bem
como a livre adição de prefixos e sufixos e o uso de linguagem figurada são
frequentes nos trabalhos de Shakespeare.
Ao mesmo tempo em que a literatura se desenvolvia, o colonialismo
britânico do século XIX levava a língua inglesa a áreas remotas do mundo,
proporcionando contato com culturas diferentes e trazendo novo enriquecimento ao
vocabulário do inglês.
Revisando, a história da língua pode ser rastreada até a chegada de três
tribos germânicas para as ilhas britânicas durante o século V d.C. onde Anglos,
Saxões e Jutos cruzaram o Mar do Norte a partir do que é o dia atual Dinamarca e
norte da Alemanha. Os habitantes da Grã-Bretanha já falavam uma língua celta.
16

A maioria dos oradores Celtas foi empurrada para Gales, Cornuália e


Escócia. Um grupo migrou para a costa da Bretanha da França, onde seus
descendentes ainda falam a língua Celtic de Breton hoje. Os anglos foram
nomeados a partir de Engle, sua terra de origem. Sua língua era chamada Englisc a
partir do qual a palavra, Inglês deriva.
Uma inscrição Anglo-Saxã datada entre 450 e 480 A.D. é a amostra mais
antiga do idioma Inglês. Durante os séculos VII e VIII, a cultura Northumbria e
linguagem dominada Grã-Bretanha. As invasões vikings do século IX trouxe essa
dominação ao fim. Apenas Wessex permaneceu como um reino independente. No
século X, o Ocidente dialeto saxão se tornou a língua oficial da Grã-Bretanha.
O escrito Inglês Velho (Old English) é conhecida principalmente a partir
deste período. Ele foi escrito em um alfabeto chamado Runic, derivado das línguas
escandinavas. O alfabeto latino foi trazido da Irlanda por missionários cristãos. Este
se manteve o sistema da escrita do Inglês.
Schumacher et al.(2002) explica que neste momento, o vocabulário do
Inglês Velho ou Antigo (Old English) consistia de uma base de Anglo Saxã com
palavras emprestadas de línguas escandinavas (dinamarquesa e nórdica) e latim. A
América deu palavras em Inglês, como rua, cozinha, chaleira, copo, queijo, vinho,
anjo, bispo, etc. Os Vikings acrescentaram muitas palavras de sua língua o Norse,
tais com o céu, ovo, bolo, pele, janela, perna, marido, companheiro, etc. Muitas
palavras celtas também sobreviveram, principalmente nomes de lugares e rios
(Devon, Dover, Kent, Trent, Severn, Avon, Thames).
Muitos pares de palavras em Inglês e Norse coexistiram, dando duas
palavras com o mesmo significado ou ligeiramente diferentes. Em 1066 os
normandos conquistaram a Grã-Bretanha e o Francês se tornou o idioma da
aristocracia Norman e acrescentou mais vocabulário para o Inglês. Assim como,
mais pares de palavras semelhantes surgiram porque a classe inferior que falava
Inglês preparava cozidos para a classe superior Norman, as palavras que nomeiam
os animais domésticos são do Inglês como, por exemplo: boi, vaca, bezerro, ovinos,
suínos, cervos, enquanto as palavras que nomeiam as carnes são derivadas dos
franceses (carne de bovino, carne de carneiro, carne de porco, bacon, carne de
veado).
Já a forma germânica de plurais (casa, Housen; sapato, Shoen) acabou
por ser deslocada pelo método francês de fazer plurais: a adição de um “s” (house,
17

houses, shoe, shoes). Apenas algumas palavras mantiveram seus plurais


germânicos: os homens, bois, pés, dentes, as crianças. Assim como também o
francês afetou a ortografia de modo que o som “cw” passou a ser escrito como “qu”
(ex. cween tornou-se queen, rainha em português).
Foi só no século XIV que o Inglês se tornou dominante na Grã-Bretanha
novamente. Em 1399, o rei Henrique IV tornou-se o primeiro rei da Inglaterra desde
a conquista normanda cuja língua materna era o Inglês. Até o final do século XIV, o
dialeto de Londres surgiu como o dialeto padrão do que hoje se chama de Inglês
Médio.
Geoffrey Chaucer escreveu nesta língua, e é muito lembrado por sua obra
Os Contos da Cantuária, escrita em 1314, obra marcada pela percepção do dia-a-
dia e das características das pessoas da época. Duas gerações após a sua morte
aconteceu na Inglaterra o que ficou conhecido como a grande mudança das Vogais
(The Great Vowel Shift4), onde os sete sons de vogal longa do inglês foram
reduzidos para cinco, de acordo com Schumacher et al.(2002)
Ainda o mesmo autor (2002), também explica que esta mudança na
pronuncia marca a transição entre o inglês médio e as origens do inglês moderno.
Esta mudança refletiu negativamente na obra mais interessante de Chaucer, que
escrita em forma de poesia para aquela nova geração de falantes de inglês a obra
deve ter soado um tanto quanto desinteressante.
Inglês moderno começou por volta do século XVI e, como todas as
línguas ainda estão mudando. Uma dessas mudanças ocorreu quando o dia em que
algumas formas verbais tornaram-se plurais com o acréscimo da letra s no final
(house e houses, etc), assim como os verbos auxiliares também mudaram (ele é
ressuscitado, ele ressuscitou). Desde o século XVI, por causa do contato que os
britânicos tinham com muitos povos de todo o mundo, e do Renascimento da cultura
clássica, muitas palavras entraram na linguagem direta ou indiretamente. Novas
palavras foram criadas a um ritmo crescente. Este processo tem crescido
exponencialmente na era moderna.
Ainda sobre as palavras emprestadas, incluem nomes de animais (girafa,
tigre, zebra), de vestuário (pijama, turbante, xale), alimentos (chocolate, espinafre,
laranja), os termos científicos e matemáticos (álgebra, geografia, espécies), bebidas

4
“The Great Vowel Shift” foi uma grande mudança na pronúncia do idioma Inglês, que aconteceu na
Inglaterra entre 1350 e 1500.
18

(chá, café, cidra), termos religiosos (Jesus, o Islã, nirvana), esportes (xeque-mate,
golfe, bilhar), veículos (carros, ônibus), música e arte (piano, teatro, cavalete), armas
(gatilho da pistola, rifle), nomes de políticos e militares termos (comando, almirante,
parlamento), e astronômicos (Saturno, Leo, Urano).
As línguas que têm contribuído para Inglês incluem palavras em latim,
grego, francês, alemão, árabe dentre tantas outras. A lista de palavras emprestadas
é enorme, mesmo com todos esses empréstimos o coração da língua continua a ser
o anglo-saxão de Inglês Antigo.
Apenas cerca de cinco mil (5000) as palavras desse período mantiveram-
se inalteradas, mas elas incluem os blocos básicos da linguagem: palavras de casa,
partes do corpo, animais comuns, elementos naturais, a maioria dos pronomes,
preposições, conjunções e verbos auxiliares. Enxertados este estoque básico foi
uma riqueza de contribuições para a produção, o que muitas pessoas acreditam, é o
mais rico de línguas do mundo.
Desde o início da era cristã até o século XIX, seis idiomas chegaram a ser
falados na Inglaterra: Celta, Latim, Old English, Norman French, Middle English e
Modern English. Essa diversidade de influências explica o fato de ser o inglês uma
língua menos sistemática e menos regular, quando comparado às línguas latinas e
mesmo ao alemão.
Oliveira (1999) estima que hoje existam 300 milhões de falantes nativos e
300 milhões que usam o Inglês como uma segunda língua e mais de 100 milhões
que a usa como uma língua estrangeira. É a linguagem da ciência, da viação, da
computação, da diplomacia e do turismo. O Inglês está listado como língua oficial ou
co-oficial de mais de 45 países e é falada extensivamente em outros países onde
não tem estatuto oficial.
O Inglês como já foi visto, origina-se de uma língua germânica da Família
Indo-Européia. É a segunda língua mais falada no mundo, mesmo sendo o
Mandarim (chinês) falado por mais pessoas, mas o Inglês é hoje a mais difundida
das línguas do mundo.

1.3 O inglês como língua do mundo

Em primeiro lugar, tem-se como razão para este reconhecimento o


grande poderio econômico da Inglaterra nos séculos XVIII, XIX e XX, alavancado
19

pela Revolução Industrial, e a consequente expansão do colonialismo Britânico.


Esse verdadeiro império de influência política e econômica atingiu seu ápice na
primeira metade do século 20, com uma expansão territorial que alcançava 20% das
terras do planeta. O “British Empire” chegou a ficar conhecido como "The Empire
where the Sun never sets”5, (o império onde o sol nunca se põe) devido à sua vasta
abrangência geográfica, provocando uma igualmente vasta disseminação da língua
inglesa.
Em segundo lugar, o poderio político-militar do EUA a partir da segunda
guerra mundial e a marcante influência econômica e cultural resultante, acabaram
por deslocar o francês como língua predominante nos meios diplomáticos e
solidificar o inglês na posição de padrão das comunicações internacionais.
Simultaneamente, ocorre um rápido desenvolvimento do transporte aéreo
e das tecnologias de telecomunicação. Surgem os conceitos de information super
high way (supervia da informação) e global village (aldeia global) para caracterizar
um mundo no qual uma linguagem comum de comunicação é imprescindível.
Schutz (2007) comenta que a história, ao eleger o inglês como língua do
mundo, sentenciou o monolinguismo6 nos países de língua não inglesa, sendo que
as pessoas que não saibam do inglês irão se tornar o analfabeto do futuro. Basta
comparar a importância de se falar uma língua estrangeira há 50 anos, com a
necessidade atual de uma pessoa ser ao menos bilíngue, para poder entender a
ameaça que o monolinguismo representará quando as crianças de hoje tornarem-se
adultos e os profissionais do amanhã.
Schütz (2007) ainda explica que o analfabetismo, que era comum até o
século passado, passou a ser inaceitável e combatido no século XX, e que ainda
hoje paira vergonhosamente sobre os países menos desenvolvidos.
De fato pela sua história, o inglês é a língua mais falada no mundo, e que
muitas pessoas, como dito anteriormente falam a língua, mas Crystal (2003, p. 11)
enfatiza que o fato da língua se tornar global,

[...] tem pouco a ver com o número de pessoas que a falam. Tem muito
mais a ver com aqueles que são falantes da língua. O Latim se tornou uma
língua internacional através do Império Romano, mas isso não aconteceu
por causa dos romanos que eram mais numerosos, do que os povos

5
Porque em 1901 a Inglaterra estava no controle de mais de um quarto da superfície do mundo, e da
maioria dos mares também.
6
Monolinguismo: sm. Utilização regular de apenas uma língua.
20

submissos a eles. Eles eram simplesmente mais poderosos. E depois,


quando o poder militar romano declinou, o Latim continuou por um milênio
como a língua internacional da educação, graças à um diferente tipo de
poder, o poder eclesiástico do Catolicismo Romano.

Assim, ainda hoje a força dos países que tem a língua inglesa como
língua mãe, é quem mostram a sua importância militar, politica ou econômica para o
mundo o que gera um número maior de falantes não nativos, fazendo que a língua
de sobressaia sobre as outras. A seguir será abordado brevemente sobre o ensino
de inglês no Brasil.

1.4 Uma rápida história do ensino de inglês no Brasil

De acordo com Oliveira (1999), o marco inicial na história do ensino de


línguas estrangeiras no Brasil, entretanto, situa-se na data de assinatura do Decreto
de 22 de junho de 1809, assinado pelo próprio Príncipe Regente, que mandava criar
uma cadeira de língua francesa e outra de inglesa “para aumento e prosperidade da
instrução pública”, (OLIVEIRA, 1999, p. 42).
É um indicador da feição pragmática que os estudos primários e
secundários passariam a assumir, uma vez que seu conteúdo, apesar de ainda
literário e humanista, começava a ser formulado para atender a fins práticos,
sobretudo depois da abertura dos portos para o comércio estrangeiro, em 28 de
janeiro de 1808, ao contrário da pedagogia eminentemente “espiritual” dos jesuítas.
“[...] o estudo das línguas vivas, o inglês, o francês, passa a ter finalidade prática,
como se vê pela carta régia de janeiro de 1811, criando o lugar de intérprete de
línguas na Secretaria do Governo da Bahia” como diz Oliveira (1999, p. 25). A partir
daí surgi a necessidade de falantes brasileiros de Inglês a fim de facilitar a
comunicação com os países mais ricos.
Como eram as escolas secundárias, representadas pelas “aulas avulsas”
ou “aulas menores”, que davam acesso àqueles cursos – que por sua vez eram
frequentados pelos componentes da minoria latifundiária, ou da elite da Corte –,
manteve-se na educação brasileira uma tradição aristocrática que vinha desde os
tempos dos jesuítas e que de certa forma infelizmente ainda é visível nos dias de
hoje.
21

A preocupação exclusiva com a criação de ensino superior e o abandono


total em que ficaram os demais níveis de ensino demonstram claramente esse
objetivo, proporcionar educação para uma elite, com o que se acentuou uma
tradição – a tradição da educação aristocrática.
Oliveira (1999) explica que a década de 1930 representou um impulso no
ensino de inglês no Brasil devido às tensões políticas no mundo que vieram a
culminar na Segunda Guerra Mundial7. A difusão da língua inglesa no Brasil passou
a ser vista como uma necessidade estratégica para contrabalançar o prestígio
internacional da Alemanha que encontrava no Brasil particularmente eco devido à
imigração ocorrida no século anterior. Foi a partir de então que começaram a ser
criadas os estabelecimentos de ensino da LI no Brasil.
Contudo, não se pode esquecer a influência exercida em toda a Europa
pelo enciclopedismo francês, assim como pelo empirismo inglês, seu antecedente,
que haviam alcançado voga universal depois da independência dos Estados Unidos
(1776) e da Revolução Francesa (1789), fato que justificava a oficialização do ensino
de ambas as línguas na Corte do Brasil, como parece sugerir o texto da lei de 22 de
junho de 1809 de acordo com Oliveira (1999, p. 61) Apud Primitivo Moacyr, comenta
que

[...] outrossim, tão geral e notoriamente conhecida a necessidade de utilizar


das línguas francesa e inglesa, como aquelas que entre as vivas têm mais
distinto lugar e é de muita utilidade ao estado, para aumento e prosperidade
da instrução pública, que se crie na Corte uma cadeira de língua francesa e
outra de inglesa.

De acordo com o pensamento de Oliveira (1999) no mesmo ano de 1809


foram feitas, e assinadas diretamente por D. João VI, as cartas de nomeação dos
professores de francês e inglês. A primeira, datada de 26 de agosto, nomeava o Pe.
René Boiret como professor de língua francesa, mediante o ordenado de 400.000
réis por ano. O padre francês, segundo Pires de Almeida, vinha de Portugal, onde
ensinava a mesma matéria no Colégio Real dos Nobres com soldo de 200.000 réis:
“a língua francesa sendo a mais difundida e, por assim dizer, universal, a criação de

7
A Segunda Guerra Mundial ou II Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945,
envolvendo a maioria das nações do mundo – incluindo todas as grandes potências – organizadas em duas
alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo.
22

uma cadeira desta língua é muito necessária para o desenvolvimento e prosperidade


da instrução pública”, (OLIVEIRA, 1999 p.26)
Oliveira (1999) afirma ainda que uma segunda carta real, de 09 de
setembro, nomeava, nos mesmos termos e com o mesmo ordenado, o primeiro
professor de inglês do Brasil: o padre irlandês Jean Joyce, “era necessário criar
nesta capital uma cadeira de língua inglesa, porque, pela sua difusão e riqueza e o
número de assuntos escritos nesta língua, a mesma convinha ao incremento e à
prosperidade da instrução pública”. (OLIVEIRA, 1999 p. 26)
Quanto à metodologia usada no ensino do inglês no Brasil, Schütz (2007,
não paginado) afirma que esta sempre refletiu, com certo atraso, as tendências de
cada época, as quais podem ser resumidas em três movimentos importantes:

• Grammar-Translation: Desde o século 18 até meados deste século (e até


hoje na maioria das escolas de 2° grau) a metodologia predominante foi
sempre grammar-translation. Esta abordagem, calcada na idéia de que o
aspecto fundamental da língua é sua escrita, e de que esta é determinada
por regras gramaticais, teve sempre como objetivo principal acumular
conhecimento a respeito da estruturação gramatical da língua e de seu
vocabulário, com a finalidade de se estudar sua literatura e traduzir.
• Audiolingualism: O primeiro grande movimento em oposição ao método
tradicional de gramática e tradução ocorreu por volta dos anos 50, quando o
behaviorismo (Skinner) na área da psicologia e o estruturalismo (Saussure)
na área da lingüística estavam na moda. Os lingüistas de então passaram a
valorizar mais a língua falada. Sustentavam que o aprendizado de línguas
estaria relacionado a reflexos condicionados, e que a mecânica de imitar,
repetir, memorizar e exercitar palavras e frases seria instrumental para se
alcançar habilidade comunicativa.
• Natural or Communicative Approaches: De todas as áreas de
desenvolvimento humano, habilidades físicas, musicais e linguísticas são as
que mais dependem de prática e menos de teoria.

Mesmo assim, em lugar de capacitar o aluno a falar, ler e escrever em um


novo idioma, as aulas de Línguas Estrangeiras Modernas nas escolas de nível
médio acabaram por assumir uma feição monótona e repetitiva que, muitas vezes,
chega a desmotivar professores e alunos, ao mesmo tempo em que deixa de
valorizar conteúdos relevantes à formação educacional dos estudantes.
Contudo, percebe-se que o inglês não tem recebido a atenção que
merece, levando em conta a sua importância no contexto socioeconômico
internacional. O aluno falante é aquele que é capaz de fazer parte deste contexto
23

citado acima, caso contrário, não pode se considerar falante um aluno que não
domina as habilidades necessárias de um falante fluente.
24

CAPÍTULO II

LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO, RELACIONADAS COM O ENSINO DA LÍNGUA


INGLESA NA ESCOLA

Assim como não é a direção do vento que


determina o rumo do navegador, não é a língua
que o mundo fala que determinará o nosso
destino.
(Ricardo Chütz)

Neste segundo capítulo será apresentada a relação existente entre


linguagem e comunicação e como esta acontece de fato, uma vez que o seu
conceito é muito subjetivo, então para uma melhor assimilação será visto alguns
conceitos e exemplos de situações onde é extremamente necessário conhecer como
se dá o processo de comunicação. Também será abordado sobre o ensino da
fonética e pronuncia da língua inglesa no contexto escolar, o qual é o alvo deste
trabalho, pois se percebe que a fonética é uma importante ferramenta no que tange
a pronuncia da língua Inglesa.

2.1 A Linguagem e a Comunicação

Existe certa dúvida sempre que se fala em língua, uma vez que muitos
alunos, professores e até mesmo autores não chegam a um consenso do que seja
Língua e o que seja Linguagem. Ogden (2009, p. 01) diz que:

A língua é uma das características distintivas do ser humano. Na aquisição


de língua, aprendemos palavras, e como colocá-las juntas, nós aprendemos
a usar esta estrutura para conseguir o que queremos, dizer como nos
sentimos, e formar laços sociais com os outros, e como nos portar como
membros da comunidade ao nosso redor - ou talvez escolher ser diferente
deles.

Também Hornby (2005) fala sobre a língua e diz que a mesma é um


sistema de comunicação oral e escrita que as pessoas de um determinado país ou
área usam, também seria um sistema de sons e palavras para se comunicar usado
pelos seres humanos além de uma forma particular de falar ou escrever e uma
maneira de expressar idéias e sentimentos usando símbolos e sons
25

Schütz (2007) cita Émile Benveniste8 quando diz que assegura que a
linguagem é um sistema de signos socializados, remetendo-nos à sua função de
comunicação. Logo este trabalho vem mostra a importância de trabalhar estes
signos de forma oralmente, ou seja, como visualizar o som da palavra pode facilitar
a produção do mesmo assim como da familiarização com a pronuncia do inglês.
Vale salientar que, para que exista comunicação, as pessoas envolvidas
neste processo precisam fazer uso de um código comum, quer dizer, devem falar a
mesma língua literalmente. Isto significa que só há comunicação quando um
entende o outro. O que implica na necessidade de uma boa pronuncia, em uma
habilidade impar de construção gramatical o que inclui concordâncias verbais e
nominais, para que a mensagem possa ser “criada” de forma correta e pronunciada
de forma a ser bem interpretada. Ou seja, para o sucesso na comunicação deve-se
dominar a língua como um todo, em todas as suas áreas.
É percebido a interação que o ser humano tem com os familiares,
vizinhos e amigos nas atividades diárias, em que haja a necessidade de um contato,
que sempre parte da oralidade da língua em comum. Mas, existem outras formas de
comunicação? Comunicar significa “falar” apenas? O que se entende por
comunicação?
Mas afinal, o que é a comunicação, ou o que se sabe sobre o ato de
comunicar-se? Schumacher et al.(2002) nas palavras de Fiadeiro (1993) diz que
comunicar é um processo interativo desenvolvido em contexto social, requerendo
um emissor que codifica ou formula a mensagem e um receptor que a descodifica ou
compreende, implica respeito, partilha e compreensão mútua.
Ogden (2009) utilizando as palavras de Olswang (1987) fala sobre a
comunicação, e diz que a comunicação é um processo complexo de troca de
informação usado para influenciar o comportamento dos outros. Assim sendo esta
relação intima entre emissor e receptor fica muito dependente, uma vez que se um
dos dois não for capaz de transmitir (codificar) ou de (descodificar) a mensagem não
há comunicação.
Então é possível afirmar que dentro do contexto do processo de ensino-
aprendizagem da LI, o aluno precisa sempre estar descodificando a mensagem do

8
Émile Benveniste (1902, Cairo - 1976) foi uma linguista estruturalista francês, conhecida por seus
estudos sobre as línguas indo-européias e pela expansão do paradigma linguístico estabelecido por
Ferdinand de Saussure.
26

professor para que haja o entendimento a respeito do assunto ensinado. Isso para
que no futuro – se possível não muito distante – o aluno passa fazer parte de um
processo comunicativo dentro de um diálogo onde a língua alvo é a LI, e para que o
mesmo possa alcançar o resultado esperado dentro da comunicação que é a
transição da mensagem do emissor para o receptor de forma, que um entenda a
idéia do outro. E para isso é necessário que o aluno domine no mínimo a prática
oratória (speaking), uma vez que este trabalho é direcionado para a necessidade de
uma boa comunicação oral, e os passos que antecedem este resultado.
Vale salientar que, para que exista a comunicação de fato, as pessoas
envolvidas no processo precisam fazer uso de um código comum, quer dizer, devem
“falar a mesma língua”. Isto significa que só há comunicação quando um entende o
outro. O sotaque, o som individual de cada região de um determinado país, não
chega a atrapalhar o sucesso do processo comunicativo, uma vez que apenas
alguns sons são pronunciados de forma diferente.
A comunicação pressupõe sempre a existência de dois pólos: aquele que
emite a informação e aquele que a recebe: emissor/receptor – locutor/alocutário-
ouvinte/leitor, etc. O veículo utilizado para a comunicação pode fazer com que esses
papéis sejam intercambiáveis ou não. É importante frisar que, para que haja
comunicação, deve haver sempre e, pelo menos, dois seres envolvidos, fazendo uso
dos elementos da comunicação, para que a mensagem possa transmitir o código de
um para outro, acontecendo assim a comunicação propriamente dita.
Em outras palavras a comunicação propõe o seguinte processo, onde o
remetente envia uma mensagem a um destinatário. Para que possa ser transmitida,
a mensagem requer um contexto, apreensível pelo destinatário e que seja verbal ou
passível de verbalização, um código comum (parcial ou totalmente) a ambos –
remetente e destinatário - e, finalmente, um contato, ou seja, um canal físico por
meio do qual possa ser veiculada.
Assim, observa-se que a comunicação não é algo tão simples, e ao
mesmo tempo nem tão complexo. Você precisa apenas ser apto de transmitir uma
mensagem ou um código para alguém que esteja apto a decodificar. E o que vai
possibilitar esta transmissão será a língua enquanto fala. Língua esta que o aprendiz
deve estar apto a dominar dentro de suas habilidades que exige a comunicação
ideal, onde a mensagem possa ser transmitida e recebida com sucesso.
27

A língua é um instrumento/meio de comunicação que exige muita


atenção, tanto pela complexidade quanto pela sua necessidade que o homem tem
se comunicar. Esta comunicação, não pode ser feita qualquer forma. Não basta a
pessoa dizer que sabe falar inglês, e não ter uma boa pronuncia, é o mesmo que
pecar contra os dicionários e pesquisadores que incentivam o estudo da pronuncia
através do estudo da fonética.
Schütz (2007) explica que, o inglês se torna uma língua muito mais
econômica quando comparada com o português, uma vez que o número de palavras
monossilábicas é muito superior que no português. Assim sendo o número de
silabas por palavras consequentemente se torna menor ainda, pois mesmo as
palavras polissilábicas têm menos silabas que no português.
Isso pode acarretar em um número maior de sons vocálicos para poder
diferenciar as inúmeras palavras monossilábicas. E se tratando de frases, este
fenômeno tende a aumentar. Enquanto que o português apresenta um inventário de
sete vogais (não incluindo as variações nasais), no inglês norte-americano identifica-
se facilmente a existência de onze.
Com tudo isso, estudos fonológicos demonstram que a baixa média de
silabas por palavra do inglês se traduz em uma dificuldade de maior percepção por
oferecer uma menor sinalização fonética (SF)9 bem como menos tempo para
decodificar a informação, e com menos tempo exige-se mais experiência para poder
fazê-la no tempo que a pronuncia permitir, (SCHUTZ, 2007).
O grau de dificuldade de entendimento oral da língua é inversamente
proporcional ao grau de SF. Ou seja, quanto menor for a SF, maior será a
dificuldade de assimilação da língua. No caso do português fica ainda mais difícil,
pois como língua mãe a mesma ter um SF bem maior que o inglês. O resultado final
deste processo é uma boa entonação.
Entende-se a comunicação como uma ferramenta imprescindível no
mundo moderno, com vistas à formação profissional, acadêmica ou pessoal, que
deve ser a grande meta do ensino de Línguas Estrangeiras Modernas nas escolas.

9
(SF) Schütz, R. diz que a Linguística trata com a quantidade de som articulado por unidade de significado.
28

2.2 A Língua Estrangeira / Inglesa na sala de aula

Um aspecto bastante relevante a considerar, é que atualmente, a grande


maioria das escolas baseia suas aulas de LE10, entende-se Língua estrangeira como
“uma língua que não seja própria de um país ou região”, (Hornby, 2005, p. 606), no
domínio do sistema formal da língua objeto, isto é, pretende-se levar o aluno a
entender, falar (speaking), ler (reading) e escrever (writing), acreditando que, a partir
disso, ele será capaz de usar o novo idioma em situações reais de comunicação.
Entretanto, o trabalho com as habilidades linguísticas citadas, por diferentes razões,
acaba centrando-se nos preceitos da gramática normativa, destacando a norma
culta e a modalidade escrita da língua.
São raras as oportunidades que o aluno tem para ouvir ou falar a língua
estrangeira. Assim, com certa razão, alunos e professores desmotivam-se, posto
que o estudo abstrato do sistema sintático ou morfológico de um idioma estrangeiro
pouco interesse é capaz de despertar, pois se torna difícil relacionar tal tipo de
aprendizagem com outras disciplinas do currículo, ou mesmo estabelecer a sua
função em um mundo globalizado.
Mas ao pensar em uma aprendizagem significativa, é necessário
considerar os motivos pelos quais é importante conhecer uma ou mais línguas
estrangeiras. Se no lugar de pensar, unicamente, nas habilidades lingüísticas, e sim
pensar em competências a serem dominadas, talvez seja possível estabelecer as
razões que de fato justificam essa aprendizagem.
Sobre a aprendizagem, Oliveira (1999, p. 33) salienta que “a
aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que somente podem
ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas”.
Nessa linha de pensamento, deixa de ter sentido o ensino de línguas que
objetiva apenas o conhecimento metalinguístico e o domínio consciente de regras
gramaticais que permitem, quando muito, alcançar resultados puramente medianos
em exames escritos. Esse tipo de ensino, que acaba por tornar-se uma simples
repetição, ano após ano, dos mesmos conteúdos, cede lugar, na perspectiva atual, a

10
Nas palavras de Yule (2010) “A distinção as vezes feita é entre aprender uma “língua estrangeira” (aprender
uma língua que geralmente não é falada no pais) e uma “segunda língua” (aprender uma língua que já é falada
no pais)”.(p.187)
29

uma modalidade de curso que tem como princípio geral levar o aluno a se comunicar
de maneira adequada em diferentes situações da vida cotidiana.
Na verdade, pouco ou nada há de novo aí. O que tem ocorrido ao longo
do tempo é que a responsabilidade sobre o papel formador das aulas de LE tem
sido, tacitamente, retirado da escola regular e atribuído aos institutos especializados
no ensino de línguas. Assim, quando alguém quer ou tem necessidade, de fato, de
aprender uma LE, inscreve-se em cursos extracurriculares, pois não se espera que a
escola média cumpra essa função.
De acordo com Schütz (2007), desde o século XVIII até meados do
século XX (e até hoje na maioria das escolas de ensino médio) a metodologia
predominante foi sempre tradução e gramática. Esta abordagem é calcada na ideia
de que o aspecto fundamental da língua é sua escrita, e de que esta é determinada
por regras gramaticais.
Shütz (2007) teve sempre como objetivo principal explicar a estruturação
gramatical da língua e acumular conhecimento a respeito dela e de seu vocabulário,
com a finalidade principal de estudar sua literatura e traduzir. A metodologia de
tradução e gramática foi muito usada até meados do século XX, quando começou a
cair em descrédito devido à sua ineficácia em produzir qualquer habilidade oral.
Schütz (2007, não paginado) diz que o ensino da pronuncia,

[...] começou a ser estudada sistematicamente apenas no início do século


XX, sendo por isso um campo muito menos conhecido entre os professores
de língua do que a gramática e o vocabulário, que foram estudados por
linguistas por muito mais tempo. O campo de ensino de língua desenvolveu
duas abordagens gerais de ensino da pronúncia: (1) uma abordagem de
imitação intuitiva (intuitive- imitative approach), a qual depende da
habilidade dos alunos de ouvir e imitar os ritmos e sons da língua-alvo sem
a intervenção de nenhuma informação explícita e (2) uma abordagem
lingüística- analítica (analytic- linguistic approach), que por sua vez, utiliza
informações e ferramentas tais como o alfabeto fonético, descrições
articulatórias e ajuda para melhor percepção das habilidades orais (listening
e speaking) e imitação. Há informações explícitas sobre o ritmo e os sons
da língua- alvo. Tal abordagem foi desenvolvida para complementar a
primeira e não para substituí-la.

A partir dos anos 70 e 80, surgem novas teorias nas áreas da lingüística e
da psicologia educacional. Piaget e Vygotsky, pais da psicologia cognitiva
contemporânea, já haviam proposto que conhecimento é construído em ambientes
naturais de interação social, estruturados culturalmente. Cada aprendiz constrói seu
30

próprio aprendizado baseado em experiências de fundo psicológico resultantes de


sua participação ativa em relação ao ambiente.
Noam Chomsky, por sua vez, revoluciona a lingüística nos anos 60
afirmando que língua é uma habilidade criativa e não memorizada. Ao ressaltar o
aspecto criativo das línguas, ele nega importância tanto ao ensino tradicional de
línguas, baseado no estudo de regras gramaticais prescritivas e ditadas de fora,
quanto na metodologia de repetição e memorização.(SCHÜTZ, 2007)
O conceito de certo e errado cede lugar ao conceito de aceitável e
inaceitável, baseado no desempenho de um representante nativo da língua e da
cultura. Desta forma, o aprendizado de línguas passa a ser visto como competência
intuitivamente construída e adquirida. Mais recentemente as idéias de Chomsky
passaram a inspirar a metodologia de ensino de línguas na direção de uma
abordagem humanística baseada em comunicação e intermediação de um facilitador
carismático, e com participação ativa do aprendiz. (SCHUMACHER et al., 2002)
Em 1985 o norte-americano Stephen Krashen traz ao ensino de línguas
as teorias de Chomsky, Piaget e Vygotsky, e estabelece uma clara distinção entre
estudo formal e assimilação natural de idiomas, entre informações acumuladas e
habilidades desenvolvidas, redefinindo os rumos do ensino de línguas.(SCHÜTZ,
2007)
Krashen (1982) define os conceitos de language learning11 e language
acquisition12 e conclui que proficiência em língua estrangeira não é resultado de
acúmulo de informações e conhecimento a respeito de regras gramaticais. Leva à
conclusão de que línguas são difíceis de serem ensinadas, mas serão aprendidas se
houver o ambiente apropriado, uma vez que o aprendizado de um idioma se dá pela
assimilação subconsciente de seus elementos (pronúncia, vocabulário e gramática)
em contextos sociais.
Krashen (1982) orienta que o ensino de línguas eficaz não é aquele que
depende de receitas didáticas em pacote, de prática oral repetitiva, ou que busca
apoio de equipamentos eletrônicos e tecnologia, mas sim aquele que explora a
habilidade do instrutor em criar situações de comunicação autêntica, naturalmente
voltadas aos interesses e necessidades de cada grupo e cada aluno, que funciona
não necessariamente dentro de uma sala de aula, que enfatiza o intercâmbio entre

11
Aprendizado de uma língua
12
Aquisição de uma língua
31

pessoas de diferentes culturas, e que dissocia as atividades de ensino e


aprendizado do plano técnico-didático, colocando-as num plano pessoal-psicológico.
Este mesmo autor (1982) orienta também que o ensino de línguas eficaz
não é aquele que depende de receitas didáticas em pacotes, de prática oral
repetitiva, ou que busca apoio de equipamentos eletrônicos e tecnologia, mas sim
aquele que explora a habilidade do instrutor em criar situações de comunicação
autêntica, naturalmente voltadas aos interesses e necessidades de cada grupo e
cada aluno, que funciona não necessariamente dentro de uma sala de aula, que
enfatiza o intercâmbio entre pessoas de diferentes culturas, e que dissocia as
atividades de ensino e aprendizado do plano técnico-didático, colocando-as num
plano pessoal-psicológico.
Em seguida será abordado sobre a LDB e os PCN´s em relação ao
ensino da LI nas escolas.

2.3 Como se dá e o que dizem a LDB e os PCN’s sobre o ensino do Inglês


enquanto língua nas escolas

Desde sua promulgação, em 20 de dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes


e Bases da Educação Nacional (LDB) vem redesenhando o sistema educacional
brasileiro em todos os níveis: da creche, desde então incorporada aos sistemas de
ensino, às universidades, além de todas as outras modalidades de ensino, incluindo
a educação especial, profissional, indígena, no campo e ensino a distância.
A LDB dispõe sobre todos os aspectos do sistema educacional, dos
princípios gerais da educação escolar às finalidades, recursos financeiros, formação
e diretrizes para a carreira dos profissionais do setor.
O artigo 26 da LDB trata de forma mais especifica sobre o ensino da
língua estrangeira nas escolas brasileiras, Brasil (1999, p. 24) diz que:

[...] Os currículos a que se refere o caput devem abranger,


obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política,
especialmente do Brasil.
[...] O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos
diversos níveis da educação básica, de forma a promover o
desenvolvimento cultural dos alunos.
[...] Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a
partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira
32

moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das


possibilidades da instituição.

O parágrafo primeiro trata as disciplinas Língua Portuguesa e Matemática


como obrigatórias. Assim como o ensino da arte e que deve promover o
desenvolvimento cultural dos alunos. Mas será que realmente isto acontece na
prática? Como os alunos brasileiros estão aprendendo a arte? O inglês enquanto
Língua Estrangeira Moderna deve-se ser incluída obrigatoriamente, mas somente a
partir da quinta série, o que seria incorreto segundo os autores aqui citados que
defendem que a criança exposta a uma segunda língua tem maior facilidade de
adquiri-la, o que não impossibilita de um aluno esforçado conseguir treinar seu
aparelho fonador a produzir sons em uma L2. A não ser que não seja interesse do
estado formar cidadãos bilíngues.
Outro ponto é que a LDB não especifica qual língua estrangeira deve ser
ensinada, talvez por que o governo tenha condições de completar o quadro de
professores se cada estado escolher ensinar uma língua diferente. Ou então se a
instituição dispõe apenas de professores de inglês então vamos ensinar inglês
mesmo a fim de evitar buscar favores ao estado.
O inglês enquanto língua não deveria ser tratado desta forma, primeiro
por ser a língua mais falado do mundo, logo se como um país que busca crescer
economicamente, o Brasil deve sim assimilar esta necessidade de se comunicar
com parceiros estrangeiros. Certamente nem todos os alunos de inglês conseguirão
viajar para o exterior, a trabalho ou mesmo para visitar e conhecer outras culturas,
mas caso apareça uma oportunidade é melhor estar preparado. Brasil (1999, p. 101)
diz que:

A proposta de desenvolver a produção oral em sala de aula de Língua


Estrangeira... trata-se de buscar que os alunos percebam o papel que a
produção oral em língua estrangeira tem no exercício das intenções
sociais.[...] A sala de aula é um espaço no qual a produção oral será
estabelecida como atividade, mais ou menos formalizada, de acordo com o
que o grupo definir como necessidades e desejos.

A produção oral em sala de aula é uma atividade importante para o


desenvolvimento de uma boa pronuncia, por isso deveria sempre existir no contexto
da sala de aula, para que com este tipo de trabalho o aluno pudesse também
diminuir a desinibição ao tempo que aprende as pronuncias da LI. A seguir será
enfatizado sobre como acontece a formação dos alunos.
33

2.4 Como se dá a formação dos alunos

Embora proficiência em uma segunda língua, - mesmo que geralmente


cobre-se o inglês – seja hoje uma necessidade básica na formação do indivíduo, o
sistema de ensino fundamental e médio do Brasil, tanto público quanto particular,
mostra uma flagrante incapacidade de proporcioná-la.
Schutz (2007) explica no seu ponto de vista que esta deficiência está
claramente demonstrada na avalanche de cursos existentes. Aprende-se Português,
Matemática, História e Geografia na escola e raramente precisa frequentar cursos
posteriormente para suprir deficiências nessas áreas. Entretanto, para suprir a
necessidade de proficiência em inglês, tem-se que investir dinheiro e tempo sem a
garantia de realmente alcançar o resultado desejado.
É observado que muitos dos professores brasileiros, não têm a
necessária habilidade com a língua que devem ensinar. Isto, entretanto não é a
causa, mas apenas um sintoma do problema. Perguntar a um aluno como é que
ele/ela, mesmo tendo feito tudo que lhe prescreveram, não alcançou fluência, seria
como perguntar para o paciente porque o tratamento contra sua doença não deu
certo. Em outras palavras, o professor assim como o médico são os donos da
situação, caso contrário não precisaria destes profissionais.
Brown (1994) questiona o porquê de muitos desses cursos não exigirem,
nem na entrada nem na saída, o pré-requisito fundamental - a fluência na língua.
Talvez não fosse o mesmo que oferecer curso profissionalizante para instrutores de
autoescolas que não sabem dirigir ao ingressarem no curso, nem ao se formarem. É
como comparar um professor de língua estrangeira que fala com desvios e
limitações se não seria o equivalente a um professor de música que canta e toca
desafinado.
Ainda no ponto de vista de Brown (1994), o mesmo orienta que se
observem as grades curriculares desses cursos que priorizam o estudo formal do
idioma, que utilizam apenas sua forma escrita como matéria de análise, que insistem
nas sutilezas gramaticais, tudo minuciosamente discutido em português bem claro,
programas que, na sua maioria, negligenciam a língua na sua forma oral e no seu
aspecto criativo e funcional, omitindo estudos nas áreas de fonologia e psicologia
cognitiva.
34

Schütz (2007, não paginado) é bem claro e direto quando instiga o aluno
e o profissional da área de LI a se questionarem sobre a formação dos formadores
da LI:

A Comissão de Especialistas em Ensino de Letras do Ministério da


Educação, cuja tarefa é autorizar o funcionamento dos cursos de Letras que
estarão credenciados a conferir títulos de professores de língua
estrangeira? Será que, antes de catalogarem o número de especialistas e
mestres existentes no curso, não deveriam se certificar de se os mesmos
realmente falam a língua estrangeira sem desvios e de que o projeto
pedagógico do curso garante aos seus egressos também alcançarem a
fluência e acuidade condizentes com a função a ser exercida. Em uma outra
situação, se antes de avaliarem laboratórios e recursos audiovisuais, não
deveriam avaliar a existência de programas de intercâmbio que facilitem aos
alunos irem ao exterior ou terem contato com falantes nativos em ambientes
multiculturais por aqui mesmo.

Brown (1994) explica que felizmente ou infelizmente não é só o Brasil que


enfrenta esta dificuldade. Isso reflete à conclusão de que a raiz do problema está na
falsa e generalizada ideia de que se pode desenvolver proficiência, ou seja,
habilidade prática e funcional, através do estudo formal, o que seria como aprender
a dirigir pelo manual, tendo raramente nos sentado à direção de um carro. Brown
(2001, p.121) afirma que:

[...] esta idéia está profundamente enraizada e é plantada em nossas


mentes já na escola secundária ("quem não estuda não aprende"), cuja
orientação sempre foi e continua sendo predominantemente direcionada ao
estudo de gramática, à análise do texto escrito, que prescreve esforço
intelectual para acumular informação, cumprir um currículo, injetar o
conteúdo e chamar isso de aprender inglês.

Aprender inglês é algo bem mais interessante do que cumprir um


currículo, até mal elaborado às vezes, para que o aluno pense estar aprendendo.
Deve-se quebrar este tabu de que se aprende inglês apenas estudando pelo livro de
gramática, pois uma vez que você almeja aprender a falar Inglês, o lógico seria que
você praticasse sua pronuncia, para poder no futuro ter uma boa pronuncia.

Por fim, tratou-se da necessidade de conscientização a respeito das


dificuldades enfrentadas no processo de ensino da LI, quanto à sua oralidade,
baseando-se nos PCN’s e LDB, focando que o inglês é a língua do mundo e deve
ser tratada com a devida importância, uma língua que deve ser falada e não apenas
escrita, sendo que é vista em ordem diferente dentro das salas de aulas.
35
36

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA FONÉTICA NO DESENVOLVIMENTO DA PRONUNCIA NO


ENSINO DA LÍNGUA INGLESA

Língua é fundamentalmente um fenômeno oral [...]


A forma escrita é mera decorrência da língua
falada.
(Ricardo Shütz)

Este capítulo vem abrir os olhos para a importância de se aprender


também a falar uma segunda língua. Será enfatizado sobre a fonética onde tem um
papel muito importante no processo de aprendizagem da mesma. As habilidades
também serão foram focadas neste capítulo, porém, destacando duas delas:
speaking e listening, pois, no que diz respeito à comunicação oral estão diretamente
ligadas a pronuncia. Será mostrado que a fonética não pode ser deixada de lado,
como vem acontecendo há tempos.

3.1 A relação entre a pronúncia e a prática auditiva (listening) da LI em


concordância com a fonética.

Umas das maiores dificuldades enfrentadas por falantes não nativos de


língua inglesa é a hora de sonorizar as palavras, ou seja, pronunciar as palavras
escritas. Assim como no writing, que é a habilidade de escrever, as letras são
colocadas na ordem que não há confusão por não dependerem de pronuncia diz
Godoy et al.(2006, p. 22).

A prática auditiva e a pronúncia formam uma via de mão dupla. Você


precisa ser capaz de discriminar sons, a fim de produzi-los corretamente. Ao
tempo que você aprende como pronunciar uma palavra de forma correta,
você também vai ser capaz de reconhecê-la quando ouvir. Comunicar-se
em seguida, se torna muito mais confortável em ambas as direções.

Godoy et al.(2006) acredita na importância da boa pronúncia e que é


possível melhorá-la. O mesmo coloca a situação onde um estrangeiro tem maior
facilidade de ler em português, do que brasileiros em Inglês, pois naquela língua há
grande relação entre som e grafia, o que nesta última a relação que existe é entre
37

som e divisão silábica. Para exemplificar esta situação, Godoy et al.(2006, p. 26)
explica que quando,

Um americano que está estudando Português pode ler em voz alta qualquer
palavra depois de aprender a correspondência letra-som, mesmo se ele /
ela não sabe o que a palavra significa. Ou seja, ele / ela não terá muita
dificuldade para adivinhar que o som sai da combinação das letras que ele /
ela vê. Ele pode, no entanto, ter dificuldade para pronunciar corretamente o
som, mas não em entender. Por exemplo, ele pode não saber o que ele tem
que fazer, a fim de pronunciar não em vez de nau.

Não só o estudante brasileiro se preocupa com o que parece sair de


certas combinações de letras, mas muitas vezes ele/ela também tem que saber
como articular alguns daqueles sons que não existem em Português. Por exemplo,
quando um brasileiro vê as palavras ski (esqui) e sky (céu), ele/ela pode se
perguntar: Elas são pronunciadas da mesma maneira? Qual é o som final, /i/ ou /
ai/? Felizmente esta má relação entre grafia e som não acontece em Português.
Os brasileiros podem ter alguns problemas de ortografia com as palavras
escritas com (/s/ou /z/, /ss/ ou/ç/ /j/ ou /g/), à proporção que dificilmente têm
problemas com saber o que pronunciar. Isso não é bem a mesma coisa com falantes
nativos de Inglês. Eles, ocasionalmente usam o dicionário para verificar a pronúncia
das palavras mesmo em sua própria língua. É por isso que os dicionários de Inglês
mostram a pronúncia através da transcrição fonética das palavras e dicionários onde
no Português não se faz necessário.
Em Português, a separação silábica ou divisão silábica é geralmente
baseada no som (fonologia). Enquanto no Inglês, morfologia é algo que também se
leva em conta.
Godoy et al.(2006) coloca também que os dicionários em português, não
possuem pronuncias – pois não se faz necessário-, enquanto no Inglês, indica a
pronuncia para correção, assim se dá a importância de estudantes estrangeiros,
estudarem e aprenderem os símbolos fonéticos, uma vez que se faz necessário
checar a pronuncia correta.
Outra coisa que dificulta o contato prematuro ou não de brasileiros com a
língua inglesa é a imprevisibilidade do acento tônico da palavra em inglês. O
português de certa forma acostumou mal os seus filhos – já que Português é língua
mãe – pois tantos são os acentos que mesmo querendo errar a pronuncia, o
estudante não consegue.
38

Além do mais de acordo com Schütz (2007) 70% das palavras em


português são proparoxítonas, o que facilita e muito a vida dos falantes nativos do
português. Sorte esta que os falantes nativos de Inglês seja como primeira ou
segunda língua, não tiveram.
A partir desta dificuldade, como já foi falado é que os dicionários precisam
auxiliar os falantes e estudantes de inglês com as dúvidas em relação à pronuncia
das palavras que as vezes, tem diferente grafia e pronuncia idêntica, o que dificulta
o aprendizado da língua no que se trata de oralidade.
Logo, se faz muito necessário que o aluno comece desde o principio a
estudar as habilidades comunicativas, para que as mesmas sejam um guia para o
aluno no percurso da aprendizagem da L2. A seguir será tratado sobre a importância
das mesmas.

3.2 A importância do “listening”.

Davies (2006) explica que muitos estudantes de inglês, não conseguem


distinguir facilmente os vários e diferentes sons que existem na língua inglesa, assim
a principal saída para estes estudantes é treinar o ouvido para distinguir estes sons
estudados.
O aluno precisa ter em mente que a fala em si, está diretamente ligada e
relacionada com a audição – ou seja, de um lado, você fala o que ouve; do outro
você ouve o que fala. Schumacher (2002) explica que fisiologicamente, o aparelho
fonador acostuma-se à pronuncia dos sons da língua mãe – língua que se cresce
falando.
Godoy et al.(2006) analisa a situação onde depois de uma determinada
idade a referência de som da pessoa está totalmente adquirida dificultando assim a
aquisição de um L2, onde por outro lado Brown (1994) afirma que a criança como
não possui esta referência tem menos problemas em aprender um L2, pois a mesma
pode adquirir as duas línguas, a materna e a L2 paralelamente.
O processo de listening é um pouco mais complicado, e também das
quatro habilidades a mais difícil. Muitas das vezes o aluno tenta ouvir um CD de
áudio em inglês a fim de treinar o ouvido a reconhecer os sons, mas muitos deles
não se dão conta de que se não conhecer a pronuncia da palavra fica muito difícil
reconhecer. Quando Godoy et al.(2006 p. 22) diz que a “pratica auditiva e a
39

pronuncia formam uma mão de duas vias”, quer dizer que uma depende diretamente
da outra no sentido de precisar conhecer para fazer o caminho de volta que é
reconhecer.

3.3 A importância do “speaking”, Speaking skill ou Habilidade da Fala

Falar inglês de forma clara é o sonho de todo aprendiz, que estuda a


língua inglesa. Porém como saber se a pronuncia é realmente clara e agradável aos
ouvidos de quem ouve? Ou mesmo se a pronuncia está saindo da forma correta?
Godoy et al.(2006) diz que se tratando das quatro habilidades, a fala é a
habilidade produtiva no modo oral. Ela, como as outras habilidades, é mais
complicada do que parece ser à primeira vista e envolve mais do que apenas a ação
de pronunciar palavras. Este autor (2006) diz também que o falante pode se
envolver no processo de comunicação através da fala em três situações, onde ele
pode ser interativo, parcialmente interativo ou não interativo.
Situações interativas de fala incluem conversas face- a- face e
telefonemas, em que os falantes estão alternadamente ouvindo e falando, e no qual
se tem a chance de pedir esclarecimentos, repetição, ou um discurso mais lento por
parte do parceiro de conversa. Algumas situações de fala são parcialmente
interativas, tais como durante a gravação de um discurso para uma transmissão de
rádio, ou ao dar um discurso para uma plateia ao vivo, onde a convenção é que o
público não interrompa o discurso. O falante, no entanto, pode ver o público e julgar
a partir das expressões em seus rostos e linguagem corporal ou não se ele ou ela
está sendo compreendido
Godoy et al.(2006, p. 27) divide o speaking, que é a habilidade da fala em
micro habilidades e mostra algumas delas onde o orador deve:

• pronunciar os sons distintivos de uma linguagem clara o suficiente para


que as pessoas possam diferenciá-los. Isto inclui fazer distinções tonais.
• usar o stress e padrões rítmicos e padrões de entonação da língua de
forma suficientemente clara para que as pessoas possam entender o que é
dito.
• usar as formas corretas das palavras. Isso pode significar, por exemplo,
alterações no tempo, grau, ou gênero.
• juntar as palavras na ordem correta.
• usar o vocabulário de forma adequada.
• utilizar o registro ou variedade de linguagem que é apropriado para a
situação e a relação com o parceiro de conversa.
40

• deixar claro para o ouvinte os constituintes da sentença principal, tais


como sujeito, verbo, objeto, por qualquer meio que a linguagem usa.
• destacar as ideias principais das ideias secundárias ou outras
informações.
• fazer o discurso coeso para que as pessoas possam seguir o que você
está dizendo.

A língua em seu conjunto possui a sua grafia e pronuncia particulares.


Desta forma infelizmente o que acontece na escola atualmente é que aluno
aprende/estuda apenas a gramática da língua, e geralmente ou, unicamente com
exercícios escritos apenas.
Depois de falar sobre a importância das habilidades com relação a uma
boa pronúncia, deve-se então refletir qual o objetivo da mesma.

3.4 Qual o objetivo da boa pronúncia?

Como já foi tratado a priori, atualmente o ensino de línguas é embasado


pela Abordagem Comunicativa, que teve início nos anos 80 e que tem como
princípio e objetivo primário a comunicação. O foco na língua como comunicação
traz novamente a necessidade e urgência do ensino da pronúncia, porém, a
finalidade não é fazer com que os alunos falem como nativos, uma vez que, à
exceção de alunos muito bem dotados ou motivados, isso seria praticamente irreal.
De forma bem resumida, observando as consequências, existem duas
razões para se ensinar pronuncia, onde uma é a melhoria da inteligibilidade do aluno
e a segunda, que ensinar a pronuncia das palavras estudadas significa propiciar que
os alunos causem uma impressão mais favorável em determinadas situações: por
exemplo, em uma entrevista para emprego, onde o candidato tenha que provar
fluência na língua em questão.
A pronúncia pela sua contribuição no processo da comunicação é, ou pelo
menos deveria ser uma das partes mais importantes da língua. Tão importante que é
algo particular de cada uma. Observe o português do Brasil com o português de
Portugal, e o inglês da Inglaterra com o dos Estados Unidos da América, como cada
uma tem suas particularidades no que diz respeito a pronuncia.
Porém mais interessante que o sotaque, a beleza de uma palavra bem
pronunciada faz com que a conversa seja mais agradável. Jean Yates (2005, p. V) é
feliz ao afirmar que:
41

O objetivo de uma "pronúncia perfeita" não é tomar a sua personalidade fora


do seu discurso. De fato, maneirismos que dá dicas de vocês são
encantadores em Inglês. O objetivo é, antes, falar para que as pessoas
ouçam o que você diz não como você diz. A meta é para ser entendido na
primeira vez que diz alguma coisa, e ser confiante e orgulhoso da maneira
que você fala.

Um dos principais problemas é a falta de objetividade da parte das


pessoas que procuram aprender inglês. Deve objetivar o seu estudo para que o
mesmo possa ter um alvo a ser alcançado, caso contrário o aprendizado fica sem
sentido.
Portanto, a fonética tem um papel muito importante no desenvolvimento
da pronuncia do aprendiz de LI, uma vez que a mesma trabalha diretamente com a
produção sonora das palavras, e através dos signos estudados na transcrição
fonética, melhora o speaking que por sua vez desenvolve o listening que
consequentemente aprimora ainda mais as outras duas. Logo, o conjunto das
habilidades juntamente com horas de treino farão com que o aluno consiga chegar
mais perto da pronuncia de um nativo.
42

CAPÍTULO IV

POR QUE OS ALUNOS DEVEM ESTUDAR FONÉTICA?

Língua é fundamentalmente um fenômeno oral [...]


A forma escrita é mera decorrência da língua
falada.
(Ricardo Shütz)

Este último capítulo discorrerá sobre a fonética, seus conceitos e


exemplos de atividades. A fonética atua diretamente na parte oral da língua, e para
isso as habilidades speaking e listening são necessárias, como visto anteriormente.
A fim de analisar esta realidade aqui colocada por um dos autores pesquisados, se
faz muito necessária uma noção sobre fonética, pois tantas dúvidas quanto à
pronuncia, faz com que o aluno não assimile bem a produção sonora de alguns
sons.

4.1 O que é fonética e fonologia

Hornby (2005, p. 1133) diz que “fonética é o estudo dos sons orais e
como eles são produzidos”. Este é reforçado por Birjandi et al (2005) quando
descreve a fonética como um campo de estudo da língua responsável pela
propriedade física dos sons orais, e descreve como estes sons são produzidos,
transmitidos e por fim ouvidos. É dividida em três subgrupos de acordo com o
mesmo autor (2005, p. 02):

(a) fonética articulatória (O estudo de como o órgão vocal humano produz


os sons;
(b) fonética acústica (O estudo das ondas vocais produzidas pelos órgãos
vocais humano;
(c) fonética auditoria (O examinar da forma como os sons orais são
percebidos pelo ouvido humano.

Dentro da fonética, encontra-se a fonologia, que segundo Ogden (2009, p.


01), é o sistema de sons de uma língua. Roach (2000, p. 44) também fala sobre a
mesma e diz que fonologia “é o estudo do lado abstrato de uma língua”. A fonologia
em contraste, não se preocupa com as propriedades físicas dos sons. Pelo
43

contrário, ela se concentra em como os sons funcionam em uma determinada


língua.
O exemplo a seguir ilustra a diferença entre fonética e fonologia. No
Inglês, quando o som /k/ (geralmente soletrado, c) ocorre no início de uma palavra,
como na palavra “cut”, é pronunciado com aspiração (um sopro de ar). No entanto,
quando este som ocorre no final de uma palavra, como em “tuck”, não há nenhuma
aspiração.
Foneticamente, o aspirado /k/ e não aspirado /k/ são sons diferentes, mas
nunca em Inglês esses sons diferentes distinguem uma palavra da outra ou de
provocar diferenças de significado, e falantes de Inglês geralmente desconhecem a
diferença fonética até que seja apontado para eles. Assim o Inglês não faz distinção
fonológica entre os aspirados e não aspiradas.
Odden (2005, p. 04) explica muito bem esta relação dizendo que tanto a
fonética quanto a fonologia, estudam o “som” de uma língua, o que são estes sons e
como são representados. Mas, afinal de contas qual a importância do som, no
processo de aprendizagem de uma segunda língua?
A principio imagina-se que para falar inglês, o estudante deve conhecer
os sons para que possa pronunciá-lo a posteriori de forma correta, para que o seu
interlocutor, ou seja, o receptor da mensagem venha a compreender, e fazer
acontecer a comunicação de fato.
É percebido que a fonética está interessada em descobrir o que
realmente faz o falante no ato da fala, como o mesmo se comporta e não o que ele
sente ou pensa sobre o discurso. Naturalmente, as pessoas têm sentimentos em
relação a fala e que são importantes para compreender a linguística mental, bem
como os seus aspectos físicos. Resumindo, a fonética estuda o que as pessoas
realmente fazem quando falam, e como se comporta o aparelho fonador naquele
momento.
Por outro lado, o estudo dos processos mentais subjacentes envolvidos
na fala é tratado em linguística13 para a maior parte sob o título "fonologia", o qual foi
conceituado acima, mas não será tratado neste trabalho, uma vez que não será
necessário para o desenvolvimento deste trabalho sendo que o mesmo tem como
alvo a comunicação oral na sala de aula.

13
Linguística é o estudo formal da língua como um todo (Ogden, 2009: p.1)
44

Em outras palavras, a fonética está preocupada em que o aprendiz


realmente assimile o processo de produção dos sons, uma vez que, como já foi
explicado, o aparelho fonador, principal responsável por esta função se acostuma
com os sons da língua materna14 assim, deve-se treiná-lo a reconhecer os sons da
L2, para que se possam falar imitando os falantes nativos.
É certo que dificilmente um estudante de L2, neste caso o Inglês
conseguirá falar como um nativo, sem estar inserido no contexto da língua, o que se
faz muito necessário para a real aquisição de uma pronuncia perfeita. Continuando,
não apenas ouvir alguém falar, vai fazer do aprendiz um falante da língua, uma vez
que o mesmo precisa conhecer o comportamento da língua dentro da boca, onde
tocar em cada som, assim como a utilidade dos lábios e das demais partes deste
aparelho, no processo inicial e final da produção dos sons. Daí a importância de uma
ciência que estuda e orienta a respeito dos sons, a fonética.
No que se trata de pronuncia, pode-se comparar a pronuncia do Inglês
Americano e Britânico, mesmo sendo países que tem a língua inglesa como língua
mãe, mas ainda assim existem diferenças. Por exemplo, em Hornby (2005, p. R90)
têm-se as seguintes situações em relação à diferença entre o inglês Americano e
Britânico:

Vogais tônicas são geralmente mais longa no Inglês Americano. Ex.: Na


palavra, por exemplo, packet, o /ae/ é mais longo. No inglês Britânico a
consoante r é pronunciada apenas antes de vogais, como por exemplo, na
palavra red vermelho e bedroom quarto. Em todos os outros casos o r é
silencioso, como por exemplo, em car (carro), learn (aprender) e over
(sobre). No inglês Americano o r sempre é pronunciado. No inglês
Americano o t entre vogais é pronunciado como um leve d /d/, logo writer e
rider soam similar. Enquanto falantes do inglês Britânico geralmente
pronunciam o t como /t/.

Observou-se que há diferenças entre o Inglês Britânico e Americano não


só na pronuncia, mas também, no vocabulário, mas também na gramática.
Hornby (2005) afirma que o inglês é falado como primeira língua por mais
de trezentos milhões de pessoas ao redor do mundo, e usado como segunda língua
pela mesma quantidade, se não mais. Uma em cada cinco pessoas no mundo falam
inglês com alguma competência. É a língua oficial ou semioficial em mais de setenta
países segundo Hornby (2005, p. R91, 92), onde comenta que:

14
Também chamada de “Língua Nativa (LN): Se refere à primeira língua que a criança aprende. É
também conhecida como língua primaria, ou L1 (primeira língua)”. Selinker et al (2008, p. 7)
45

No começo do Século XXI, como resultado de uma enorme expansão do


Inglês, cerca de apenas um em cada quatro falantes da língua no mundo é
um falante nativo dele. Isto significa que a maioria das interações que
acontecem em Inglês ocorre entre falantes "não nativos" da língua que não
compartilham nem a primeira língua comum, nem uma cultura comum, e
que usam o Inglês como língua franca.

Portanto vê-se que a LI tem uma importância bem maior que se tinha
conhecimento, sendo que a maioria dos falantes que não são nativos deve-se por
conta deste conhecimento concentrar ainda mais as atenções nas habilidades que
visam a comunicação nas salas para que possa-se ter mais brasileiros falantes da
LI. Para que o Brasil possa ter mais competitividade no que diz respeito à
comunicação internacional. No entanto a realidade de estudantes de Inglês,
enquanto segunda língua é muito complexa, e constrangedora, porque mesmo que
queiram aprender inglês, ao chegarem na sala de aula se deparam com
metodologias que não lhes fornecem uma base para que possam continuar o estudo
em casa.
Há alunos que estudam inglês em sala de aula, mas frequentam algum
curso de idiomas para poder aprender a falar de fato a língua, por que os mesmos
não têm este serviço disponível em suas aulas de inglês na sala de aula, como já
explicado.
Schumacher et al.(2002) fala da forma como os alunos estudam o que é
um ponto muito decisivo neste processo de aprendizado de uma L2. Por exemplo,
se tem dois alunos que resolvem estudar apenas áreas diferentes da LI. Um primeiro
se dedica a estudar gramática por que não gosta de estudar fonética, enquanto um
segundo não gosta de gramática e escolhe estudar fonética para melhorar a
pronuncia. O resultado é que o primeiro aprenderá as regras e memorizará várias
palavras e verbos regulares e irregulares ao tempo que não terá grandes chances
de se dar tão bem em um contato com estrangeiros, ou mesmo dentro de uma
atividade em sala de aula que exija o domínio da prática oral da língua, uma vez que
o segundo aprenderá as palavras, as regras e terá mais chances em atividades
comunicativas que o primeiro.
Mesmo para pedir para ao professor ou ao colega para repetir a fala, ou
falar mais alto ou mais devagar, o aluno deve ter uma noção mínima de pronúncia e
de gramática, para conseguir não se enrolar na construção da mensagem. Por outro
46

lado se um estudante acha muito interessante a pronuncia do inglês, e fica fascinado


em estudar apenas a parte oral da língua o resultado pode ser o inverso do último.
Para se ter segurança em um processo de comunicação em uma
segunda língua, neste caso a língua inglesa, o estudante deve equilibrar o estudo,
para esquecer também das regras gramaticais, uma vez que não adianta apenas
saber falar, mas também a forma como as ideias são passadas do emissor para o
receptor.
Cada palavra exige um movimento individual ou em conjunto com os
outros membros ou músculos e língua com os lábios, para que com o ar ou sem ele,
se produza o som das sílabas. Para brasileiros é muito fácil falar português, pois se
cresce ouvindo, vendo e ouvindo as pessoas falando, assim fica fácil a aquisição da
língua – lembrando que esta é a língua materna para quem nasce no Brasil.
Alguns dos erros mais comuns que qualquer aluno ou professor pode
perceber quando se está aprendendo/ensinando uma L2 são: o uso do som errado,
exclusão de um som ou acréscimo de outro, erro na silaba tônica da palavra ou
acento na palavra errada na frase.
Como por exemplo: a pessoa diz copy (cópia), quando a intenção foi dizer
coffe (café), na frase: Do you want a copy? (Você quer uma cópia?). Ou então
quando se diz sheep (carneiro) quando a intenção era dizer ship (navio) ou cheap
(barato).
Schumacher et al.(2002) explica que na LI existem muitas palavras com
escritas diferentes, mas com a mesma pronuncia, ou seja, homófonas15, o que torna
o estudo da fonética uma exigência afim dos estudantes se tornarem capazes de
reconhecer os mesmo sons em duas ou mais palavras com suas grafias distintas.
Colaborando com esta ideia, encontra-se em Roach (2000) onde diz que
o ensino da pronúncianem sempre foi popular entre os professores e teóricos de
ensino e aprendizagem de línguas. Na década de 70, por exemplo, trabalhar com a
pronúncia era visto como uma atividade ultrapassada, uma vez que se considerava
como uma tentativa de fazer os alunos tentar pronunciar como falantes nativos,
através de exercícios de repetição, sem dar importânciapara a comunicação, o que
era desestimulante.

15
Diz-se das palavras que tem a mesma pronuncia, mas grafias diferentes.
47

Oliveira (1999) afirma que tempos depois, este mito foi quebrado e com
avigência da Abordagem Comunicativa no ensino de línguas, o interesse no ensino
da pronúncia tem aumentado, com cursos e métodos que não mencionam o fato de
os alunos deverem tentar falar com um sotaque perfeito como os falantes nativos. O
objetivo de ensinar pronúncia, atualmente, é desenvolver nos alunos habilidade de
pronúncia suficiente para uma comunicação efetiva com falantes nativos.
Roach (2000) explica que os músculos se acostumam com as repetições
das palavras do dia a dia. Assim sendo, para o aprendizado de uma segunda língua,
o mesmo processo ou pelo menos processo parecido deve ser trabalho. Ou seja, os
mesmos músculos devem se acostumar com a produção de novos sons. Ou seja, o
aprendiz deve acostumar seu aparelho fonador, para que o mesmo se adapte aos
movimentos particulares das palavras da língua em questão, para que a pronuncia
mesmo que não seja idêntica à de um nativo, o que é muito provável, mas que
possa ser classificada como uma boa pronuncia.
Roach (2000) concorda que o primeiro passo, para aprender uma nova
língua, deve ser aprender os sons da língua em questão. Realmente é muito difícil
para um estudante desenvolver na sua fala, um conjunto de novos sons, por que
geralmente ele não consegue ouvir ou produzir os sons que são diferentes dos sons
de sua língua materna.
Uma alternativa seria a repetição constante de palavras e/ou frases,
aonde o aluno vai gradualmente se familiarizando com os sons da língua estudada.
Outra maneira de aprender a pronúncia de uma nova língua é através da imitação,
ou seja, com quanto mais precisão o aluno imita o professor, que aparentemente
conhece o processo de produção dos sons, ou um ator de um filme enquanto fala
em inglês ou até mesmo quando dubla uma música, melhor será sua pronúncia
enquanto aluno, (SCHUMACHER et al, 2002). No entanto, o símbolo fonético tem
como principal função, auxiliar o aluno a produzir os sons de forma mais clara e
precisa à medida que o mesmo visualiza o som que será produzido, e aprende como
se dá o processo de produção daquele som.
As letras do alfabeto podem representar vários sons diferentes em Inglês,
portanto, não é uma chave para a pronúncia. Por esta razão, é melhor usar um
símbolo para representar um som, embora os sons em si sejam sempre mais
importantes do que o símbolo.
48

Davies (2006, p. 07) chama a atenção que, “é importante pensar na


relação entre a pronúncia e a prática auditiva”. Ou seja, nem sempre a pronuncia
terá relação cem por cento seguras com a grafia. Sempre existirão “pegadinhas”, ou
seja, palavras que tem a mesma escrita e pronuncias diferente, como por exemplo:
see (ver) e sea (mar) são palavras homófonas e por isso causam conflito de ideias,
principalmente para iniciantes.
Como visivelmente a língua inglesa não tem a mesma correspondência
entre a forma escrita e a forma oral, como acontece com a língua portuguesa a
transcrição fonética16 é usada para simbolizar na escrita, a pronuncia real de uma
palavra, isto é, a forma oral e não como se escreve.
Em outras palavras a transcrição fonética é ferramenta indispensável na
aprendizagem de uma língua estrangeira (LE). A pronuncia, em inglês pronunciation,
com a transcrição fonética (/ /) fica muito mais fácil, uma vez que o
aprendiz consegue visualizar a forma como a palavra deve ser pronunciada.
Assim o aluno, também, ao estudar os símbolos fonéticos se capacita
para reconhecer a pronuncia de qualquer palavra, mesmo que no primeiro contato.
Daí novamente a necessidade de estudar a fonética para ter segurança no lidar com
diálogos, que exija fluência do falante, ou na necessidade de alguma leitura, ter a
certeza, ou quase, da correta pronuncia da palavra.
A transcrição fonética oferece tanto ao professor quanto ao estudante da
língua um meio, uma forma de gravar precisamente a pronúncia das palavras. Nas
palavras de Roach (2000, p. 41) sobre as atividades em sala de aula observa-se o
seguinte:

Um dos exercícios tradicionais no ensino de pronúncia pelo método fonético


é o da transcrição fonética, onde cada som da fala deve ser identificado
como um dos fonemas e escrita com o símbolo apropriado. Estes são dois
tipos diferentes de exercício de transcrição: em uma, a transcrição do
ditado, o estudante deve ouvir uma pessoa - ou uma gravação em fita - e
anote o que ouvem; na transcrição, outros a partir de um texto escrito, é
dado ao aluno uma passagem de diálogo escrito na ortografia e deve usar
símbolos para representar fonêmica como ela ou ele pensa que seria
proferida por um orador de um acento particular.

16
Para Ogden (2009, p. 20)” A prática do uso de letras escritas para representar os sons orais é
chamado de transcrição fonética”.
49

A transcrição fonética representa o som oral em partes menores através


de símbolos com uma interpretação padrão. Odden (2005, p. 02) também fala sobre
esses sons quando explica que:

[...] existem dois esquemas de representação, conhecidos como APA


(American Phonetic Alphabet) e IPA (International Phonetic Alphabet), e
explica que a principal diferença entre ambos os sistemas de representação
é que em certos casos o esquema americano usa uma letra regular mais
um dia crítica, enquanto o IPA tende a usar separação especial por
caracteres.
[...] é muito importante apreciar este momento é que o som que a fonologia
se preocupa são símbolos dos sons – são abstrações cognitivas que
representam o som, mas não pode ser considerado um som físico.

Odden (2005, p. 20) explica que “a primeira divisão do som é feita entre
vogais e consoantes. E que existem muito menos vogais que consoantes”. E por
isso a língua inglesa se torna uma língua tão complexa de se aprender e ainda mais
de se ensinar mesmo para os falantes nativos. Isso é constatado nas salas de aula
de inglês nas escolas brasileiras.
Godoy et al.(2006, p. 17) divide em três grupos os fatores que influenciam
o ensino da pronuncia, são eles:

Biológicos: o adulto ao aprender uma segunda língua, já possui o seu


“sotaque” e todas as suas referencias sonoras estão ligadas à sua língua
materna, enquanto crianças tem se exposto à uma segunda língua por um
espaço de tempo bem mais inferior, e assim não possui um sotaque
definido. O mesmo explica que assim como uma pessoa sedentária, decide
começar a fazer qualquer tipo de exercício, nunca será como um atleta
profissional. Assim também será com a boca: que é composta de
articulações e músculos que são usados nos movimentos exatos para a
produção dos sons na língua materna do falante. O que exige do aprendiz
um pouco mais de esforço e dedicação para acostumar os músculos da
boca com outros tipos de movimentos a fim de produzir sons em uma
segunda língua, neste caso o inglês.
Personalidade: aprendizes que são extrovertidos, confiantes e aceitam
correr riscos podem facilmente se expor a uma segunda língua e seus
falantes nativos, uma vez que o seu estereótipo será refletido durante a fala
enquanto aprendiz da língua inglesa. Esta é uma realidade em que o
aprendiz sempre tenta imitar o falante nativo em inglês, o que facilita a
aquisição do resultado buscado que é a fluência. “Se expor é um fator
determinante para o desenvolvimento de uma boa pronuncia”
Motivação: esta é uma regra vital para a aquisição de uma boa pronuncia.
Faz uma diferença muito grande se o aprendiz acredita que a pronuncia é
uma parte importante da língua. Aconselha-se que o aluno deve se desfazer
do pensamento de que existe as pessoas que nascem com uma habilidade
natural de falar uma segunda língua, e que qualquer pessoa que queira
aprender, e se dedicar pode aprender quantas língua o tempo permitir.
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Assim sendo, fica muito fácil de mudar o estilo de estudo, uma vez que o
autor coloca um ponto negativo para as pessoas que são tímidas, terem uma
tendência menor a aprenderem uma segunda língua, o mesmo coloca o terceiro
grupo que é a motivação. Com a motivação fica muito mais fácil, uma vez que o
aluno sempre vai confrontando com a realidade onde biologicamente nenhum
aprendiz de uma segunda língua tem vantagens sobre os outros. Mesmo se o aluno
for tímido, mas se tiver motivação para aprender Godoy et al.(2005, p. 21) diz que “o
aprendiz primeiramente deve atentar para aquilo que o mesmo está precisando e
aquilo que o mesmo está querendo”.
De acordo com Davies (2006) aprender pronuncia é como jogar basquete;
tem poucas regras, mas, para melhorar, é preciso praticar. O mesmo utiliza o termo
“drilling” (repetição oral) que é uma das técnicas de estudo, a qual é aplicada através
de repetição, onde o aluno repete uma frase não necessariamente da mesma forma
e também sem repetições exaustivas, a fim de aprender literalmente a pronuncia de
um conjunto de palavras ou a construção de uma frase ou oração.
Schumacher et al.(2002, p. 27) aconselha o uso de trava-línguas, ou
como são chamados em inglês “tongue- twisters” (torcedores de língua) para
melhorar a pronuncia, tais como por exemplo: She sells sea shells on the sea shore
(Ela vende conchas na beira do mar) / Three free throws (Três jogadas livres).
Em ambos os exemplos são utilizadas frases, com palavras que possuem
a pronuncia muito parecida, e aparentemente é muito difícil de repetir, mas ao tempo
que o aluno aprende uma pronuncia de cada vez, é só colocar todas na seqüência,
que certamente em uma situação com palavras semelhantes o mesmo não terá
dificuldades em pronunciar.
Estes métodos são utilizados de forma a adquirir segurança com
diversão, assim também como outras técnicas mais específicas, tais como construir
a frase para frente: I... I am... I aminterested... I aminterested in... I aminterested in
architecture17; Em uma outra situação o aprendiz constrói frases de traz para frente:
...supermarket …the supermarket …to the supermarket …went to the supermarket, I
went to the supermarket18.

17
Eu sou interessado em arquitetura
18
Eu fui ao supermercado
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Dentre tantas outras possibilidades que professores, alunos ou curiosos


podem utilizar para tornar o aprendizado do inglês é a prática da pronuncia, a mais
interessante e a menos cansativa, assim diz Schumacher et al(2002).
Falando na prática do estudo da L2, ou o estudo propriamente dito,
Davies (2006) afirma que o cérebro responde melhor quando estimulado ao máximo.
Assim como os gregos desenvolveram sistemas bem elaborados na busca de uma
memória mais eficiente, o aprendiz de uma língua – mas que pode ser aplicada em
outras disciplinas – deve treinar o seu cérebro apara reconhecer os novos sons da
nova língua, que com o passar dos dias vai deixando aos poucos de ser tão nova.
Assim se um aluno treina a memorização de novas pronúncias, esta
mesma técnica ajudará também na aquisição de novos vocábulos, uma vez que
sempre que aprender uma pronúncia nova estará ampliando o número de palavras
na sua “maturidade cognitiva” como descreve Lightbown et al (2006 p. 32- 33)
Logo, o aprendiz tendo o conhecimento de muitas palavras, significa que
o mesmo conhece sempre mais do que julga conhecer, uma vez que no inglês o
som de uma palavra equivale a pronuncia de duas palavras juntas sem a
modificação do som, ou seja, Davies (2006) mostra que a pronúncia – não a escrita,
mas a pronuncia – de duas palavras às vezes equivale à pronúncia de uma terceira.
Como nos exemplos a seguir:

 Fashion + Bull (boi) = Feshion a Bull (pronuncia) = feshionable (namoda).


 Arm (braço) + chair (cadeira) =Armchair (braço de cadeira)
 Fact (fato) + Tree (arvore) = Factory (pronuncia = factri)
 Rel + eye (olho) + able = Releyeable (a pronuncia de eye, não muda)
 Cat (gato) + egory = Category (categoria; a pronuncia de cat, não muda)
 Central (central) + Eyes (olhos) = Centralize (as pronuncias não mudam)
 E + FISH (peixe) + ent = Efficient (eficiente; a pronuncia da palavra fish, não
mudou)
 Summer (verão) + Eyes (olhos) = Summarize (as pronuncias não mudaram)
 Huge (enorme) + aneiro = “Rio de Janeiro” Uma vez que a palavra Huge tem a
pronuncia / riuj /, acrescentado de Aneiro, uma palavra que não existe, forma-
se o nome da cidade Rio de Janeiro.
52

Outro exemplo é quando se pega as palavras sell (verbo vender) e fish


(peixe) e uni-se as pronuncias ignorando as grafias (sell + fish) temos o som da
palavra selfish (egoísta). Isso acontece com inúmeras palavras, onde o aprendiz
procura comparar os sons das palavras e acaba utilizando outra técnica de estudo,
uma vez que o mesmo estará aprendendo inúmeras novas palavras e suas
respectivas pronuncias ao mesmo tempo.
Davies (2006) afirma que em se tratando do inglês, pequenas mudanças
na pronuncia de palavras isoladas num contexto podem ter efeito importante no
sucesso da sua comunicação numa língua estrangeira. Isto é efeito positivo ou
negativo. Analisando bem, muitas palavras dentro do inglês têm sons tão parecidos
que se não observados o falante em questão pode dizer uma palavra querendo dizer
outra.
Da mesma forma que se vê esta facilidade de encontrar novos sons com
a junção de outras palavras, também o aprendiz corre um risco muito grande, pois
existem palavras que são parecidas, e também palavras mal pronunciadas que
podem trazer muitos constrangimentos.
Um caso muito comum, por exemplo, é o estudante brasileiro trocar a
pronuncia da letra “r” pela letra “h”, como nas palavras rat (rato), geralmente
pronunciada com sendo hat (chapéu), ou red (vermelho) também pronunciada como
head (cabeça). Neste momento se percebe a grande importância de se estudar
também o alfabeto a fim de evitar erros, que aparentemente são simples, mas que a
falta de prática acaba fazendo com que ocorram com muita frequência.
Sobre a pronúncia do alfabeto que é considerado por muitos aprendizes
assunto desnecessário, e que não precisa ser estudada, Davies (2006) explica que
infelizmente a maioria dos alunos, os iniciantes principalmente, mas também
aqueles com nível avançado, não conseguem lembrar-se da pronuncia de algumas
das letras do alfabeto ou de algum numeral.
Davies (2006) afirma que é muito importante o estudante começar a
aprender sempre pelas partes menores. Mais ou menos nesta ordem: letras e seus
respectivos sons e particularidade, palavras e suas traduções e por fim, porém não
menos importante, as pronuncias, para dai começar a fazer uso de frases, orações,
diálogo e textos. A intenção deve ser adquirir a segurança necessária para se tornar
capaz de trabalhar a pronúncia de um texto inteiro de forma ininterrupta, ou seja, se
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tornar mais íntimo das pronúncias já conhecidas, enquanto se busca a pronuncia de


novas palavras.
A realidade enfrentada pelos alunos e professores de LI, não é das mais
merecedoras. Este trabalho vem somar forças com os autores aqui citados a fim de
abrir os olhos dos interessados nesta área do ensino/aprendizagem da LI a fim desta
disciplina ter mais importância no futuro. Devia-se dar mais ênfase na conversação
para dentro da sala de aula, e não criar espaços externos para este fim como tem
acontecido.
Portanto, estudar e aprender uma LE, neste caso o inglês no passar dos
tempos tem ficado cada vez mais fácil, no entanto ainda precisa melhorar muito em
se tratando de metodologia e conteúdo. O principal objetivo de se aprender uma L2
deveria ser para se comunicar com falantes nativos ou não da língua estudada, e
isso não se vê na prática. O ensino deveria ser, mas direcionado para a
conversação dentro da sala de aula, obedecendo a realidade de cada aluno. Isso
tudo para que pudesse ter falantes brasileiros de inglês de fato.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi dito que o inglês é a língua mais falada no mundo, assim em respeito
pela posição da mesma, os profissionais da educação formadores de futuros
professores ou não, devem colocar para os alunos, as vantagens de se aprender
inglês e dar suporte para que os mesmos possam de fator aprender e dominar a
língua e não apenas manter um formação parcial onde destaca-se apenas a parte
gramatical da língua.
Diante das transformações e dos avanços significativos ocorridos na
última década, inclusive na estrutura e funcionamento da Educação, procurou-se,
por meio deste trabalho, apresentar o ensino da pronuncia das Línguas
Estrangeiras, em particular o inglês, como uma ferramenta que possa facilitar o
aprendizado. Essa ferramenta deve ser aproveitada no intuito de tornar a criação
cultural concreta e significativa, auxiliando as relações sociais e culturais do aluno
das séries iniciais, possibilitando, através do aspecto cultural que a LI possui, um
desenvolvimento intelectual mais sólido para o educando.
Com as informações adquiridas no estudo que resultou neste trabalho,
constata-se que a realidade do ensino do inglês nas escolas brasileiras, anda muito
longe da realidade necessária para a formação de um falante fluente da LI.
Este trabalho foi produzido a fim de contribuir direta ou indiretamente com
a formação de futuros professores, que possam se preocupar um pouco mais com a
parte oral do ensino do inglês. O mesmo servirá como auxílio para os professores, e
deve ser visto como apenas um início de novos trabalhos os quais, sejam feitos
acerca do mesmo assunto, pois tendo visto a importância do inglês no contexto
internacional e nacional também, este estudo não deve parar por aqui.
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