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Caro Senhor Romeu Chap Chap,

A respeito de seu artigo “Viver em São Paulo: nem CRIME, nem CASTIGO”, acredito que
tenha se equivocado ao avaliar a qualidade de vida em São Paulo apenas pela visão imobiliária
e infraestrutural da cidade. No entanto, isso não me espanta; haja visto sua formação como
engenheiro civil, é coerente que sua tese tenha se baseado nesses parâmetros. Porém, para
uma análise mais completa da qualidade de vida nessa grande cidade, é necessário entender
como fatores sociais, econômicos, infraestruturais (como você mesmo os mencionou) e
geográficos influenciam na vida do cidadão. Ao observar esses aspectos, percebe-se que estão
intrinsecamente ligados.

Ao se relacionar questões sociais, econômicas e geográficas, entende-se que a


infraestrutura é seu subproduto. Creio que essa tese poderá ser exemplificada pela seguinte
situação: é considerada a região central da cidade de São Paulo a área que é administrada pela
Subprefeitura da Sé. As atividades econômicas da cidade ficam concentradas nessa região,
sendo foco de investimento de capital privado e público, a fim de desenvolver a infraestrutura
dessa importante parte da capital. Tendo isso em mente, a cidade começa a se segmentar em
torno de seu centro comercial; as habitações mais caras ficam próximas ao centro, porque são
perto do trabalho, enquanto as mais baratas estão distantes dessa região. Esse fenômeno
resulta na disposição da população mais pobre nas zonas periféricas, e as mais ricas próximas
ao centro.

Se a sua análise, Sr. Romeu, tivesse sido baseada nesses diversos fatores e não apenas
em questões imobiliárias, seria necessário pouco tempo para se chegar, por exemplo, aos
índices de violência, que chega a afastar até palestinos dessa cidade.

De forma geral, a parte boa de se morar em São Paulo se mantém apenas ao que tange
a necessidade. Embora a oferta de trabalho e possibilidade de lucro na capital seja muito
maior do que em outras regiões, a qualidade de vida não segue a mesma rota. A saúde da
população nas megalópoles é extremamente frágil, haja visto os problemas estruturais dessas
grandes cidades (ilha de calor, inversão térmica, enchentes, qualidade do ar etc.).

Atenciosamente,
Lucas Sassaroli

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