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Cálculo Diferencial Vetorial
Cálculo Diferencial Vetorial
PARTE I
1 – INTRODUÇÃO
f ( x , y, z) , φ( x , y, z) , V ( x , y, z) (1)
Por exemplo, o campo de temperatura de uma sala poderia ser expresso por:
T ( x , y, z) = 2 x + y + 3z + 273 (2)
Funções vetoriais definem campos vetoriais, cujos valores são vetores e podem
ser representadas na forma cartesiana por,
2
O campo de velocidades de um disco girando em torno do eixo z pode ser escrito como:
ˆi ˆj kˆ
v ( x , y, z) = ω × r = ωkˆ × ( xˆi + yˆj + zkˆ ) = 0 0 ω = −ωyˆi + ωxˆj (4)
x y z
m1 m 2
O campo gravitacional é um campo vetorial descrito por F (r ) = −G rˆ ou, em
r2
mm xˆi + yˆj + zkˆ
coordenadas cartesianas tem a forma F ( x , y, z) = −G 2 1 2 2 2 .
( x + y + z ) ( x 2 + y 2 + z 2 )1 2
df f ( Q) − f ( P )
D b f (P) = = lim (6)
ds s →0 s
O vetor posição r que localiza o ponto genérico Q sobre a reta pode ser expresso através
de um parâmetro s:
r (s) = x (s)ˆi + y(s)ˆj + z(s)kˆ e, à medida que s varia, o ponto Q percorre toda a reta. O
ponto P é mantido fixo e está localizado pelo vetor p 0 . Orientado de P para Q, está o
versor b̂ .
O ponto Q é, então, escrito de duas forma diferentes, porém equivalentes (fig.
2.2):
df ∂f dx ∂f dy ∂f dz
= + + = derivada direcional de f no ponto P e na
ds ∂x ds ∂y ds ∂z ds
direção b̂ em coordenadas cartesianas.
dr (s) ˆ
r (s) = p 0 + sbˆ ∴ =b (9)
ds
df
Vamos observar a expressão da derivada direcional . Ela pode ser escrita na forma:
ds
4
df ∂f ˆ ˆ dx ∂f ˆ ˆ dy ∂f ˆ ˆ dz
= i ⋅ i + j ⋅ j + k ⋅ k ,
ds ∂x ds ∂y ds ∂z ds
porque ˆi ⋅ ˆi = ˆj ⋅ ˆj = kˆ ⋅ kˆ = 1
∂f ˆ ∂f ˆ ∂f ˆ
grad f = i+ j+ k (10)
∂x ∂y ∂z
df ∂f ˆ ˆ dx ∂f ˆ ˆ dy ∂f ˆ ˆ dz
= i ⋅ i + j ⋅ j + k ⋅ k ⇒
ds ∂x ds ∂y ds ∂z ds
df
ds
= grad f
dr
ds
⋅ (11)
dr (s) ˆ
Se usarmos o fato de que = b , então a derivada direcional é dada por:
ds
df
= grad f ⋅ b̂ (12)
ds
∂ ˆ ∂ ˆ ∂
∇ = ˆi +j +j (13)
∂x ∂y ∂z
Este operador deve, então, ser aplicado a uma função escalar para se obter uma nova
função vetorial que chamamos de gradiente de f:
∂ ˆ ∂ ˆ ∂ ∂f ˆ ∂f ˆ ∂f ˆ
grad f = ∇f = ˆi + j + j f ( x , y, z) = i+ j + k = vetor (14)
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
Embora o operador del tenha grande semelhança com um vetor, devido às suas
componentes nas direções ˆi , ˆj e kˆ , e em muitos aspectos, se comportar como vetor, ele
NÃO é um vetor. Por exemplo, não existe o módulo de del, e como se sabe, um vetor
pode ser caracterizado como uma entidade que possui sentido e módulo. Veremos mais
tarde que este operador pode ser aplicado também em funções vetoriais.
EXEMPLO 2.1
Dada a função escalar f ( x , y, z) = 2 x 2 + 3y 2 + z 2 , achar a derivada direcional no
ponto P = (1,2,1) e na direção do vetor b = ˆi + 2kˆ .
SOLUÇÃO
5
Para se calcular a derivada direcional, precisamos do versor b̂ ; isto pode ser obtido a
partir de b:
b b ˆi + 2kˆ ˆi 2kˆ
bˆ = = = ⇒ bˆ = + .
b b 12 + 2 2 5 5
∂f ˆ ∂f ˆ ∂f ˆ
grad f = i+ j+ k∴
∂x ∂y ∂z
∂ ( 2 x 2 + 3y 2 + z 2 ) ˆ ∂ ( 2 x 2 + 3y 2 + z 2 ) ˆ ∂ ( 2 x 2 + 3 y 2 + z 2 ) ˆ
grad f = i+ j+ k⇒
∂x ∂y ∂z
ˆi 2kˆ
= grad f ⋅ bˆ = (4ˆi + 12ˆj + 2kˆ ) ⋅ (
df df 4 ˆ ˆ ˆ ˆ 4 ˆ ˆ 8
+ )∴ = i ⋅ i + 0j ⋅ j + k ⋅k = .
ds 5 5 ds 5 5 5
Note que a derivada direcional é um escalar, pois ela é o produto escalar de duas
grandezas vetoriais.
EXEMPLO 2.2
Encontrar a derivada direcional de f ( x , y , z ) = 2 xy + 6 xz − xyz no
ponto P = (1,1,1) e na direção do vetor b = ˆi + ˆj − kˆ .
SOLUÇÃO
Novamente temos que obter o versor na direção indicada:
b ˆi + ˆj − kˆ ˆi ˆj kˆ
bˆ = = = + − .
b 12 + 12 + 12 3 3 3
∂ ∂ ∂
grad f = (2 xy + 6 xz − xyz)ˆi + (2 xy + 6 xz − xyz)ˆj + (2 xy + 6 xz − xyz)kˆ ⇒
∂x ∂y ∂z
grad f (1,1,1)
= 7ˆi + ˆj + 5kˆ .
ˆi ˆj kˆ 1
= (7ˆi + ˆj + 5kˆ ) ⋅
df 3
D bˆ f P
= + − = (7 + 1 − 5) = = 3.
ds P 3 3 3 3 3
∂f ∂f
= grad f ⋅ ˆi = ˆi ⋅ ˆi =
df
dx ˆi ∂x ∂x y =constante
∂V ˆ ∂V ˆ ∂V ˆ
F( x , y, z) = −grad V( x , y, z) = − i− j− k = Fx i + Fy j + Fz k (15)
∂x ∂y ∂z
O sinal negativo expressa o fato físico que o movimento espontâneo de uma partícula
ocorre de tal forma que a energia potencial do sistema tende a diminuir. Por esta razão é
que sempre observamos um fluxo de água descendo a encosta da montanha e nunca
subindo. Portanto, se você esquecer o sinal negativo, poderá induzir alguma catástrofe
no topo da montanha, e não em sua base como usualmente acontece!
De forma geral, a uma força conservativa podemos associar uma energia
potencial e a relação entre ambas é:
= grad f ⋅ bˆ ⇒ df = grad f ⋅ bˆ ds .
df
ds
∂f ∂f ∂f
df = ∇f ⋅ dr = dx + dy + dz (18)
∂x ∂y ∂z
df = 0 ⇒ ∇f .dr = 0 (19)
O produto escalar é nulo para vetores ortogonais e como dr está sobre a superfície,
conclusão é que grad f é perpendicular à superfície. Essa é uma propriedade bastante
importante sobre o vetor gradiente. Quando você realizou o experimento sobre a
determinação das equipotenciais em uma cuba eletrolítica (Física III), deve ter traçado
8
df = C1 − C 2 = ∇f . dr = ∇f dr cos θ .
Perguntamos, agora, qual o sentido que deveria ser escolhido para dr de tal forma que
df seja máximo. O sentido é aquele para o qual cos θ = 1 ou, θ = 0 , isto é, no sentido do
∇f . Isso identifica o vetor ∇f como aquele possuindo módulo e direção que dá a
máxima variação espacial da função f ( x , y, z) no ponto.
EXEMPLO 2.3
Suponha que a temperatura de certo ambiente seja dada pela função escalar
T ( x , y, z) = x 2 − y 2 + xyz + 273 (Celsius). Em que direção a função cresce mais
rapidamente no ponto P = (−1,2,3) ? Qual é essa taxa de crescimento?
SOLUÇÃO
A resolução pede simplesmente o cálculo do gradiente da função no ponto P porque a
direção de máximo crescimento se dá na direção do vetor gradiente. A taxa de
crescimento é representada pelo módulo desse vetor.
9
No ponto P esse vetor vale grad T P =( −1, 2,3) = 4ˆi − 7ˆj − 2kˆ . Este vetor dá o sentido para o
qual a taxa de crescimento da função é máxima no ponto P.
dT
A taxa é dada por = grad T P = (4 2 + 7 2 + 2 2 )1 2 = 69 o
C / m (SI).
ds
EXEMPLO 2.4
Analise a curva de nível dada pela função escalar f ( x , y) = ln(x 2 + y 2 ).
SOLUÇÃO
A função z = f ( x , y) = ln(x 2 + y 2 ) tem o gráfico mostrado na figura E 2.4.1. Para cada
valor de z = constante (isto é, planos perpendiculares ao eixo z), são geradas
circunferências concêntricas de diferentes raios. Suas projeções no plano xy estão
mostradas na figura E 2.4.2. São essas curvas de nível que queremos analisar; mais
especificamente, pede-se calcular o gradiente no ponto P = (2,1).
∂f ∂f 2x 2y
grad f = ˆi + ˆj = ˆi + ˆj ∴
P = ( 2 ,1)
∂x P ∂y P
x + y2
2
P
x + y2
2
P
4 ˆ2
grad f P
= ˆi + j = 0.8ˆi + 0.4ˆj .
5 5
10
EXEMPLO 2.5
Considere a função z 2 = 4 x 2 + 4 y 2 ⇒ f ( x , y, z) = 4 x 2 + 4 y 2 − z 2 . Encontrar o
gradiente de f no ponto P = (1,0,2) .
SOLUÇÃO
Da forma como foi proposto o problema, poderíamos ter mais de uma solução.
Entretanto, o ponto P determina o tipo de superfície quádrica gerada por
4 x 2 + 4 y 2 − z 2 . Relembramos que uma superfície quádrica é da forma
ax 2 + by 2 + cz 2 + dz + f = 0 onde a, b, c, d e f são constantes. Dependendo dos valores
dessas constantes, temos variadas formas de superfícies. Por exemplo,
x 2 y2 z2
+ − = 0 representa um cone elíptico (este é o caso expresso pela função dada
a 2 b2 c2
no enunciado do problema porque o ponto P pertence a essa superfície; verifique esta
x 2 y2 z2
afirmação). Se + − = 1 , temos um hiperbolóide de uma folha e,
a 2 b2 c2
definitivamente, o ponto P não pertence a esta superfície.
grad f P
= 8xˆi + 8 yˆj − 2zkˆ = 8ˆi + 0ˆj − 4kˆ .
P
Note que este vetor, perpendicular à superfície, está no plano xz. A figura E 2.5.1
mostra o vetor gradiente no ponto P.
4 – O vetor unitário (versor) normal a uma dada superfície ou a uma dada curva de
nível, pode ser encontrado a partir do gradiente. Encontre-os para as funções abaixo, nos
pontos especificados.
4 2
a) y = x − em P = (2,2) .
3 3
b) x + y = 25 em P = (3,4) .
2 2
c) z = x 2 + y 2 em P = (6,8,10) .
3 – O DIVERGENTE
. ∂ ˆ ∂ ˆ ∂
divergenteV = div V = ∇ V = ˆi
∂ ∂y ∂z
(
+ j + j ⋅ Vx ˆi + Vy ˆj + Vz kˆ ) (20)
x
EXEMPLO 3.1
Qual o valor de divr = ∇ ⋅ r ?
SOLUÇÃO
O vetor r em coordenadas cartesianas é dado por r = xˆi + yˆj + zkˆ . Então,
∂x ∂y ∂z
divr = + + = 3.
∂x ∂y ∂z
EXEMPLO 3.2
Queremos generalizar o resultado anterior, considerando uma função vetorial
dada por r f (r ) onde f(r) é uma função escalar. Qual é o valor de div[r f (r )] ?
SOLUÇÃO
r = xˆi + yˆj + zkˆ ⇒ r = x 2 + y 2 + z 2 .
∂ ˆ ∂ ˆ ∂ ˆ
.
∇ [r f (r )] = ˆi
∂
.
+ j + k [i x f (r ) + ˆjyf (r ) + kˆ zf (r )] .
∂y ∂z
x
∂
Considere o primeiro operador, ˆi , aplicado escalarmente sobre o vetor à direita:
∂x
ˆi ⋅ ∂ [ˆi x f (r ) + ˆj y f (r ) + kˆ z f (r )] = ˆi ˆi ∂ [ x f (r )] + ˆi ˆj ∂ [ y f (r )] + ˆi kˆ ∂ [zf (r )] .
. . .
∂x ∂x ∂x ∂x
O único termo que não se anula é o primeiro à direita da igualdade; os outros dois se
anulam devido ao produto escalar de versores ortogonais. Com isto, podemos escrever:
∂ ∂ f (r )
[ x f (r )] = f (r ) + x .
∂x ∂x
∂ f (r )
Mas o que é x ? Observe que f é uma função de r e r é uma função de x, y, z.
∂x
Então, temos:
∂ f (r ) d f (r ) ∂r df (r ) ∂ 2
x
∂x
=x
dr ∂x
=x
dr ∂x
(
x + y2 + z2 )
12
=x
dr 2
(
df (r ) 1 2
x + y2 + z2 )−1 2
2x =
13
df (r ) 1
= x2 .
(
dr x 2 + y 2 + z 2 ) 12
∂ d f (r ) 1
[ x f (r )] = f (r ) + x 2 .
∂x (
dr x + y + z 2
2 2
)12
df (r )
Usamos a derivada total porque f é função somente da variável r.
dr
ˆj ⋅ ∂ [ˆi x f (r ) + ˆj y f (r ) + kˆ z f (r )] e kˆ ⋅ ∂ [ˆi x f (r ) + ˆj y f (r ) + kˆ z f (r )] ,
∂y ∂z
mas isso não precisa ser feito de modo explícito: basta observar que a troca cíclica
x → y → z nos dá o resultado de que precisamos.
ˆj ⋅ ∂ [ˆi x f (r ) + ˆj y f (r ) + kˆ z f (r )] = ˆj ⋅ ˆj ∂ [ y f (r )] → f (r ) + y ∂ f (r ) ∴
∂y ∂y ∂y
ˆj ⋅ ∂ [ˆi x f (r ) + ˆj y f (r ) + kˆ z f (r )] = f (r ) + y 2 df (r ) 1
.
∂y dr ( x + y + x 2 )1 2
2 2
∂ d f (r ) 1
E para a última derivada temos: [z f (r )] = f (r ) + z 2 .
∂z (
dr x 2 + y 2 + z 2 )12
df (r ) x 2 + y 2 + z 2
.
∇ [r f (r )] = 3f (r ) + .
(
dr x 2 + y 2 + z 2 1 2 )
Mas, r = x 2 + y 2 + z 2 ∴ r 2 = x 2 + y 2 + z 2 o resultado pode ser escrito como:
df (r )
.
∇ [r f (r )] = 3f (r ) + r
dr
.
Quando estudarmos coordenadas esféricas, veremos que essa relação pode ser obtida de
maneira muito mais simples do que fizemos aqui.
14
EXEMPLO 3.3
Considere a função vetorial A(r ) = rˆ r n . Usando o resultado do problema
.
anterior, encontre div A(r ) = ∇ A(r ) .
SOLUÇÃO
Queremos calcular div[rˆ r n ] . Para utilizar o resultado do problema anterior, precisamos
identificar o que é f (r ) na função r̂ r n .
No problema anterior partimos de r f (r ) . Devemos transformar, então, A (r ) = rˆ r n em
uma função do tipo r f (r ) :
r rn
Mas, rˆ r n = rˆ r n ⇒ rˆ r n = r = r r n −1 . Comparando esta forma de A(r) com r f (r ) ,
r r
n −1
identificamos f (r ) = r .
df (r ) d
.
div A(r ) = ∇ A(r ) = 3f (r ) + r
dr
= 3r n −1 + r [r n −1 ] ⇒
dr
Q
φE = ∫∫ E.ds = ε (lei de Gauss).
sup erficie 0
Q
O lado esquerdo da igualdade vale como vimos acima. Entretanto, a integral de
ε0
volume do lado direito se anula porque o divergente é zero. Assim, chegamos a um
resultado tão surpreendente quanto falso:
Q
= 0 , mesmo quando a carga não é nula dentro da superfície!
ε0
Obviamente, existem algumas saídas para esta bobagem: por exemplo, poderíamos
desconfiar da seriedade do teorema de Gauss. Outra seria tentar a possibilidade de
ε 0 → ∞ e o resultado nulo se justificaria. Péssimas escolhas! Antes de seguir buscando
novas alternativas, que tal olhar novamente o enunciado do teorema da divergência?
Você vai encontrar sob que condições ele pode ser aplicado, e, uma delas veta o uso
para funções que apresentam descontinuidade em seu domínio de definição e que não
tenha derivadas parciais definidas. E foi isto que efetivamente fizemos: aplicamos o
teorema, calculando o divergente, em uma região na qual ele não pode ser aplicado.
Quando cursar a disciplina de Eletromagnetismo, certamente seu professor voltará a
comentar este ponto, e vai mostrar que o resultado correto é div E = ρ ε 0 e não zero
como “calculamos” ( ρ é a densidade volumétrica de carga envolvida pela Gaussiana).
O fluxo do fluido entrando nesse volume, por unidade de tempo, através da face EFGH
pode ser escrito como:
[taxa de fluxo entrando]EFGH = ρv x x =0 dydz .
16
∂ (ρv x )
[taxa de fluxo saindo]ABCD = ρv x dydz = → ρv x + dx dydz .
x = dx
MacLaurin ∂x x =o
Observe que os termos dentro do colchete são calculados no ponto x = 0 , como deve
ser para uma representação em série de MacLaurin. A derivada é a primeira correção
devido à possibilidade de se ter uma densidade ou velocidade não-uniformes, ou ambas.
O termo de ordem zero, ρ v x x = 0 , corresponde a um fluxo uniforme.
taxa líquida que sai do volume = taxa que sai – taxa que entra.
∂ (ρv x )
taxa líquida que sai = ρv x + dx dydz − ρv x dydz .
∂x x =o
x =0
∂
taxa líquida que sai do volume (por unidade de tempo) = (ρv x ) dxdydz .
∂x
17
∂
taxa líquida que sai do volume (por unidade de tempo) = (ρv y ) dxdydz .
∂y
∂
taxa líquida que sai do volume (por unidade de tempo) = (ρv z ) dxdydz .
∂z
A taxa líquida total que deixa o volume através de todas as faces é dada pela soma das
três relações acima:
∂ ∂ ∂
fluxo líquido total que sai do volume = (ρv x ) + (ρv y ) + (ρv z ) dxdydz
∂x ∂y ∂z
.
= ∇ (ρv ) dxdydz
Portanto, o fluxo líquido do fluido compressível que sai desse volume, por volume
.
unitário e por unidade de tempo, é ∇ (ρv ) . Essa é a interpretação física do divergente:
ele mede a taxa líquida (o que sai menos o que entra) de saída de um fluido que passa
através de um volume unitário por unidade de tempo. Esta é a razão da escolha do nome
divergente.
Embora tenhamos considerado um fluxo de matéria (fluido), a interpretação
pode ser estendida para campos vetoriais composto apenas por linhas de campo, para os
quais, aparentemente, não existem fluxos de partículas materiais. Os campos
gravitacionais e os eletrostáticos são os exemplos mais imediatos.
. .
3 – Mostre que ∇ (f V ) = (∇f ) V + f (∇ V ) . .
4 – O ROTACIONAL
18
∂ ˆ ∂ ˆ ∂
∇ × A = ˆi
∂
(
+ j + j × A x ˆi + A y ˆj + A z kˆ
∂y ∂z
) (22)
x
Este novo vetor é chamado rotacional de A e muitas vezes escrito como rot A . Para que
exista o rotacional, as derivadas parciais devem ser finitas em certo domínio da função
vetorial A.
ˆi × ˆi = ˆj × ˆj = kˆ × kˆ = 0 ˆi × ˆj = kˆ ˆj × kˆ = ˆi kˆ × ˆi = ˆj (23)
∂A ∂A y ˆ ∂A x ∂A z ˆ ∂A y ∂A x
rot A = ∇ × A = ˆi z − + j − + k − (24)
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
ˆi ˆj kˆ
rot A = ∇ × A = ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z (25)
Ax Ay Az
Este determinante, para ser o rot A, deve ser desenvolvido pela primeira linha para que
tenhamos as derivadas parciais aplicadas nas componentes do vetor A.
EXEMPLO 4.1
Calcular ∇ × [r f (r )] , onde f(r) é uma função escalar.
SOLUÇÃO
Podemos usar diretamente o determinante para encontrar ∇ × [r f (r )] :
ˆi ˆj kˆ
rot[r f (r )] = ∇ × [r f (r )] = ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z =
xf(r) yf(r) zf(r)
∂ (zf ) ∂ ( yf ) ˆ ∂ (zf ) ∂ ( xf ) ˆ ∂ ( yf ) ∂ ( xf )
∇ × [r f (r )] = ˆi − −j − + k − ∴
∂y ∂z ∂x ∂z ∂x ∂y
19
∂f ∂f ∂f ∂f ∂f ∂f
∇ × [r f (r )] = ˆi z − y − ˆjz − x + kˆ y − x .
∂y ∂z ∂x ∂z ∂x ∂y
∂f ∂f ∂f
Mas , e já foram calculados no exemplo 3.2. Por exemplo,
∂x ∂y ∂z
∂ df ∂ f (r ) df x
[f (r )] = = . As outras derivadas podem ser obtidas
∂x dr ∂x dr ( x + y + z 2 )1 2
2 2
∇ × [r f (r )] =
(df dr )
{ˆi[zy − yz] − ˆj [zx − xz] + kˆ [yx − xy]}. = 0ˆi + 0ˆj + 0kˆ = 0
x +y +z
2 2 2
ˆi ˆj kˆ
v= 0 0 ω = −ωyˆi + ωx ˆj .
x y z
O rotacional de v é:
ˆi ˆj kˆ
∇ × v = ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z = 2ωkˆ .
− ωy ωx 0
Embora tenhamos usado um corpo em rotação para dar uma visualização física
do rotacional, sua interpretação é mais abrangente. Ele tem papel proeminente no estudo
da dinâmica dos fluidos. Um líquido que em certa região do espaço apresenta vórtex, o
rotacional do campo vetorial que descreve a velocidade das partículas é diferente de
zero. Um exemplo bastante simples e caseiro de vórtex é o escoamento de água pelo
ralo de uma pia. Se uma pequena hélice, que pode girar em torno de um eixo, for
colocada nesta região ela tenderá a executar um movimento de rotação. A velocidade
angular das pás desta hélice permite avaliar o módulo do rotacional no ponto em que ela
é colocada: alta rotação significa grande rotacional no ponto.
21
5 – COORDENADAS ESFÉRICAS
Isto permite escrever o vetor posição r de duas formas diferentes (mas equivalentes!):
(senθ cos ϕ)ˆi + (senθsenϕ)ˆj + (cos θ)kˆ (senθ cos ϕ)ˆi + (senθsenϕ)ˆj + (cos θ)kˆ
rˆ = = ∴
sen 2 θ (cos 2 ϕ + sen 2 ϕ) + cos 2 θ sen 2 θ + cos 2 θ
d ( A.A) dA 2 d (constante)
= = ⇒
dA
⋅ A + A. dA = 0 ∴ 2 dA ⋅ A = 0 .
ds ds ds ds ds ds
Como estamos supondo que A seja não nulo, segue que a derivada do vetor é
perpendicular ao próprio vetor.
Com o resultado acima, podemos agora encontrar os versores θˆ , φˆ . Observe que
r é função de θ e φ. Fixemos, então, o módulo de r: sua única variação só poderá
ocorrer nas direções angulares θ ou φ, mas não na radial. Isto garante que seu módulo
permaneça fixo.
Estas relações poderiam ser obtidas observando-se a figura 5.1, embora no caso de θ̂ , a
visualização seja tão imediata.
Nosso objetivo é obter o operador del em coordenadas esféricas e o plano é usar
a definição de derivada direcional expressa pelo gradiente da função:
O vetor r pode ser sempre escrito como r = rrˆ. Então, dr = drrˆ + rdrˆ .
24
Da expressão rˆ = (senθ cos ϕ)ˆi + (senθsenϕ)ˆj + (cos θ)kˆ podemos obter dr̂ :
drˆ = (cos θ cos ϕdθ)ˆi − (sen θsen ϕdϕ)ˆi + (cos θsen ϕdθ)ˆj + (sen θ cos ϕdϕ)ˆj − (sen θdθ)kˆ .
− (sen θ cos ϕdϕ)î + (sen θ cos ϕdϕ)ˆj = senθdϕ[−sen ϕˆi + cos ϕˆj]
O termo entre colchetes vale φ̂ [veja (29)]. Então, a soma desses dois termos nos dá
sen θ dϕ φ̂ .
Finalmente, podemos escrever dr com o auxílio dos dois resultados obtidos:
dr dr dθ dϕ
v= = rˆ + r θˆ + rsen θ φˆ ∴ v = r&rˆ + rθ& θˆ + rsen θϕ& φˆ , uma relação que será
dt dt dt dt
usada quando você estudar movimento sob forças centrais, na disciplina Mecânica
Clássica.
Retornando ao nosso problema. Considere uma função f (r, θ, ϕ) . Sua diferencial é dada
por:
∂f ∂f ∂f
df = dr + dθ + dϕ (31)
∂r ∂θ ∂ϕ
Mas df pode ser expresso também como o produto escalar do gradiente por dr:
Para aplicar o operador del em coordenadas esféricas, temos que levar em conta a
métrica desse sistema de coordenadas. Por isso, escrevemos a expressão acima na
forma:
25
∂f ∂f ∂f
df = (∇f ).dr = h r rˆ + h θ θˆ + h ϕ φˆ . (drrˆ + rdθθˆ + rsenθdϕφˆ ) .
∂r ∂θ ∂ϕ
∂f ∂f ˆ ˆ ∂f
df = h r (rˆ.rˆ )dr + h θ (θ.θ)rdθ + h ϕ (φˆ .φˆ )rsenθdϕ .
∂r ∂θ ∂ϕ
∂f ∂f ∂f
df = h r dr + h θ rdθ + h ϕ rsenθdϕ .
∂r ∂θ ∂ϕ
Mas esta relação deve ser igual àquela expressa pela diferencial da função f, e, portanto,
comparando ambas, temos os valores dos h ' s :
∂f ∂f ∂f ∂f ∂f ∂f
df = dr + dθ + dϕ = h r dr + h θ rdθ + h ϕ rsenθdϕ ∴
∂r ∂θ ∂ϕ ∂r ∂θ ∂ϕ
hr =1 hθ = 1 r h ϕ = 1 rsenθ (32)
∂ θˆ ∂ φˆ ∂
∇ = rˆ + + (33)
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ
EXEMPLO 5.1
Encontrar o gradiente de uma função escalar f (r, θ, ϕ) e o divergente de um
campo vetorial A (r, θ, ϕ) .
SOLUÇÃO
O gradiente é calculado facilmente pela aplicação direta do operador del:
∂ θˆ ∂ φˆ ∂ ∂f θˆ ∂f φˆ ∂f
grad f = ∇f = rˆ + + f ( r , θ, ϕ) ⇒ ∇ f = rˆ + +
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ .
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ
Estamos supondo aqui, como fizemos no caso do gradiente, que as derivadas existam e
que a função esteja definida em um domínio simplesmente conexo.
26
∂ θˆ ∂ φˆ ∂
∇. A = rˆ +
∂r r ∂θ
+
rsen θ ∂ϕ
.
[ A r (r, θ, ϕ)r + A θ (r, θ, ϕ)θ + A ϕ (r, θ, ϕ)φ ].
ˆ ˆ ˆ
∂A 1 ∂A θ 1 ∂A ϕ
∇.A = r + + , mas isto está ERRADO!
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ
O operador del atua tanto nas componentes do vetor, como também sobre os versores.
“1ª derivada”:
∂θˆ ∂A ϕ
rˆ ⋅ ∂∂r (A rˆ + A θˆ + A φˆ ) = rˆ. ∂∂Ar
r θ ϕ
r
rˆ + A r
∂rˆ ∂A θ ˆ
∂r
+
∂r
θ + Aθ
∂r
+
∂r
φˆ + A ϕ
∂φˆ
∂r
.
∂A r
1ª derivada ⇒ .
∂r
2ª derivada:
θˆ ∂
r ∂θ
⋅(A r rˆ + A θ θˆ + A ϕ φˆ ) =
θˆ
r
[
⋅ ∂∂Aθ r
rˆ + A r
∂rˆ ∂A θ ˆ
+
∂θ ∂θ
θ + Aθ
∂θˆ ∂A ϕ
∂θ
+
∂θ
φˆ + A ϕ
∂φˆ
∂θ
.]
Os produtos escalares θˆ .rˆ e θˆ .φˆ são nulos e, portanto, o 1º e o 4º termos não
contribuem. Mas precisamos das derivadas dos versores em relação à θ:
∂rˆ ∂rˆ ˆ
= (cos θ cos ϕ)ˆi + (cos θsen ϕ)ˆj − (sen θ)kˆ ∴ = θ.
∂θ ∂θ
∂θˆ ∂θˆ
= (−senθ cos ϕ)ˆi − (senθsenϕ)ˆj − (cos θ)kˆ ∴ = −rˆ .
∂θ ∂θ
∂φˆ
= 0 , porque φ̂ independe de θ.
∂θ
Com estes três resultados, somente o 2º e o 3º termos contribuem para a “2ª derivada”:
27
A r 1 ∂A θ
2ª derivada ⇒ + .
r r ∂θ
Para a 3ª derivada:
φ̂
⋅
∂
rsenθ ∂ϕ
[ A r (r, θ, ϕ)rˆ + A θ (r, θ, ϕ)θˆ + A ϕ (r, θ, ϕ)φˆ ] =
∂rˆ
= −(senθsenϕ)ˆi + (senθ cos ϕ)ˆj + 0 kˆ = senθ(−senϕˆi + cos ϕˆj) = senθφˆ .
∂ϕ
∂θˆ
= cos θ(−senϕˆi + cos ϕˆj) = cos θφˆ .
∂ϕ
A r A θ cos θ 1 ∂A ϕ
3a derivada ⇒ + + .
r r senθ rsenθ ∂ϕ
∂A r 2A r 1 ∂A θ A θ cos θ 1 ∂A ϕ
∇. A = + + + + , que pode ser escrita de forma mais
∂r r r ∂θ r senθ rsenθ ∂ϕ
compacta:
1 ∂ 2 1 ∂ 1 ∂A ϕ
∇. A = ( r A ) + (senθ A θ ) + (35)
r 2 ∂r rsenθ ∂θ rsenθ ∂ϕ
r
EXEMPLO 5.2
Calcular ∇.[r f (r )] usando coordenadas esféricas.
SOLUÇÃO
O resultado já é conhecido, pois foi obtido em coordenadas cartesianas, depois de um
formidável exercício algébrico.
28
1 ∂ 3 1 d f (r ) 1 d f (r )
div[r f (r )] = [r f (r )] = 2 3r 2 f (r ) + r 3 ⇒ div[r f (r )] = 3f (r ) + .
r ∂r
2
r dr r dr
∂ θˆ ∂ φˆ ∂
∇ × A = rˆ + + × [ A r (r, θ, ϕ)r + A θ (r, θ, ϕ)θ + A ϕ (r, θ, ϕ)φ ]
ˆ ˆ ˆ (36)
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ
rˆ rθˆ rsenθφˆ
1
rot A = ∇ × A = 2 ∂ ∂r ∂ ∂θ ∂ ∂ϕ (37)
r senθ
Ar rA θ rsenθ A ϕ
EXEMPLO 5.3
São dadas uma função (escalar) f ( r ) e uma função (vetorial) r̂ f (r ) . Aplique os
operadores convenientes sobre elas.
SOLUÇÃO
Este problema serve como uma revisão de diversas situações encontradas ao longo do texto.
∂ θˆ ∂ φˆ ∂ n ∂
∇f (r ) = rˆ + + Kr = ˆ (Kr n ) = K n r n −1rˆ .
r
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ ∂r
Q
E = −grad f (r ) ∴ E = rˆ .
4πε o r 2
29
1 ∂ 1 ∂ 1 ∂A ϕ
div[Kr n rˆ ] = ∇.[Kr n rˆ ] = 2 (r 2 A r ) + (senθ A θ ) + .[Kr n rˆ ] =
r ∂r rsenθ ∂θ rsenθ ∂ϕ
1 ∂ K
= [Kr n + 2 ] = 2 (n + 2) r n +1 ∴ div[Kr n rˆ ] = K (n + 2) r n −1 .
r ∂r
2
r
rˆ rθˆ rsenθφˆ
1
rot[Kr rˆ ] = ∇ × [Kr rˆ ] = 2
n n
∂ ∂r ∂ ∂θ ∂ ∂ϕ = 0ˆi + 0ˆj + 0kˆ = 0 .
r senθ
Kr n 0 0
O resultado mostra que um campo central é irrotacional.
3 – Certo vetor A(r, θ, φ) não possui componente radial. Seu rotacional não tem
componentes tangenciais. O que esses dois fatos implicam sobre a dependência radial
das componentes tangenciais A θ (r, θ, φ) e A φ (r, θ, φ) ?
a) – qual o valor de kˆ × rˆ ?
µ0m ˆ
b) – considere o vetor A = k × rˆ . Expressar esse campo em função de r e θ.
4 πr 2
µ0m
c) – mostre que rotA = 3
( 2 cos θ rˆ + senθ θˆ ) .
4 πr
6 – COORDENADAS CILÍNDRICAS
Para obter os versores, podemos fazer algo semelhante ao que foi feito em coordenadas
esféricas, porém, aqui é mais imediato analisar a figura 6.2:
∂f ∂f ∂f
f (ρ, ϕ, z) ⇒ df = dρ + dϕ + dz .
∂ρ ∂ϕ ∂z
∂f ∂f ∂f ˆ
df = h ρ ρˆ + h ϕ φˆ + h z k .(ρˆ dρ + φˆ ρdϕ + kˆ dz) .
∂ρ ∂ϕ ∂z
∂f ∂f ∂f
df = h ρ dρ + h ϕ ρ dϕ + h z dz .
∂ρ ∂ϕ ∂z
Esta expressão deve ser igual àquela obtida acima para df, considerando uma função de
ρ, φ e z. Comparando as duas relações, podemos identificar os fatores h’s:
hρ = 1, hϕ = 1 ρ , hz = 1.
Então, o operador del pode ser obtido:
∂ φˆ ∂ ˆ ∂
∇ = ρˆ + +k (43)
∂ρ ρ ∂ϕ ∂z
∂f φˆ ∂f ˆ ∂f
grad f = ∇ f = ρˆ + +k (44)
∂ρ ρ ∂ϕ ∂z
∂A ρ Aρ 1 ∂A ϕ ∂A z
divA = ∇. A = + + + . Esta expressão pode ser reescrita de forma
∂ρ ρ ρ ∂ϕ ∂z
mais compacta:
1 ∂ (ρA ρ ) 1 ∂A ϕ ∂A z
divA = ∇. A = + + (45)
ρ ∂ρ ρ ∂ϕ ∂z
∂ φˆ ∂ ˆ ∂
rot A = ∇ × A = ρˆ + + k × [A ρ (ρ, ϕ, z)ρˆ + A ϕ (ρ, ϕ, z)φˆ + A z (ρ, ϕ, z)kˆ ] .
∂ρ ρ ∂ϕ ∂z
ρˆ ρφˆ kˆ
1
∇ × A = ∂ ∂ρ ∂ ∂ϕ ∂ ∂z (46)
ρ
Aρ ρA ϕ Az
33
EXEMPLO 6.1
(Neste exemplo queremos discutir uma situação na qual parece haver um paradoxo...
adiantamos que um paradoxo só existe quando não entendemos bem a teoria).
y x
É dado um campo vetorial A: A( x , y) = −ˆi 2 + ˆj 2 .
x +y 2
x + y2
a) – Expresse o campo em coordenadas cilíndricas.
b) – Calcule o rotacional deste campo.
c) – Aplique o teorema de Stokes para mostrar que 2π = 0 (!!!).
SOLUÇÃO
a) – Para expressar o campo vetorial em coordenadas cilíndricas, devemos obter os
versores cartesianos em termos de ρˆ e φˆ . A figura E 6.1 pode ajudar a visualizar a
parte algébrica.
As projeções dos versores cartesianos sobre os versores cilíndricos são dadas por:
ρsenϕ ρ cos ϕ
A (ρ, ϕ) = −(ρˆ cos ϕ − φˆ senϕ) + (ρˆ senϕ + φˆ cos ϕ) .
ρ 2
ρ2
ˆj = (ˆj.ρˆ )ρˆ + (ˆj.φˆ )φˆ = ρˆ cos(π 2 − ϕ) + φˆ cos ϕ ⇒ ˆj = ρˆ senϕ + φˆ cos ϕ .
φˆ
Após as simplificações, obtemos: A (ρ, ϕ) = .
ρ
(a) (b)
ρˆ ρφˆ kˆ
1
∇ × A = ∂ ∂ρ ∂ ∂ϕ ∂ ∂z = 0ρˆ + 0(ρφˆ ) + 0kˆ = 0 .
ρ
0 ρ(1 ρ) 0
2π 2π
1 1
∫
C C
∫
A.dr = φˆ .(ρˆ dρ + φˆ ρdϕ + kˆ dz) =
ρ ∫
0
ρ ∫0 C
∫
ρ dϕ = dϕ ∴ A.dr = 2π .
A integral à direita é nula porque, pelo item (b), mostramos que o rotacional se anula.
Chegamos, então, a um resultado surpreendente: 2π = 0 . Tão surpreendente quanto
falso, obviamente. Mas onde, exatamente, está o absurdo no desenvolvimento? Está na
aplicação do teorema de Stokes: para que ele seja válido, o domínio de definição da
função vetorial deve ser simplesmente conexo. A função deve estar definida em todo e
qualquer ponto desse domínio e suas derivadas devem ser contínuas. Se você observar o
domínio escolhido para realizar a integração, perceberá que existe um ponto (a origem)
em que a função não está definida e suas derivadas nem existem. Basta um único ponto
para que o teorema não possa ser aplicado. Em síntese, não fomos cuidadosos o
suficiente para perceber que o teorema de Stokes não pode ser aplicado, mas seguimos
calculando como ele fosse válido! Deu no que deu... Lição a ser aprendida: antes de
aplicar qualquer resultado de um teorema, observe sob que condições ele é válido.
Para qualquer outro domínio que NÃO envolva a origem, o teorema pode ser
utilizado. Na figura abaixo estão algumas curvas que determinam domínios
simplesmente conexos. Para mostrar isso, considere a circunferência de raio b e
centrada no ponto x = a .
35
φˆ
Figura E 6.1.3 – Alguns domínios simplesmente conexos para a função A(ρ, ϕ) = .
ρ
Vamos considerar a circunferência centrada no ponto a e de raio b. Um ponto sobre esta
circunferência é descrito por x (ϕ) = a + b cos ϕ e y(ϕ) = bsenϕ .
2π
bsenϕˆi (a + b cos ϕ)ˆj
∫
C 0
∫
A.dr = − 2 + 2
a + b + 2ab cos ϕ a + b + 2ab cos ϕ
2 2 .[(−bsenϕdϕ)ˆi + (b cos ϕdϕ)ˆj] .
2π 2π 2π
b 2 + ab cos ϕ 1 cos ϕ
= ∫
0
a + b + 2ab cos ϕ
2 2
dϕ = b 2
0
∫a + b + 2ab cos ϕ
2 2
dϕ + ab 2
0
∫
a + b + 2ab cos ϕ
2
dϕ .
1 cos ϕ
(a) (b)
a + b + 2ab cos ϕ
2 2
a + b + 2ab cos ϕ
2 2
Figura E 6.1.4
π
a 2 − b2 ϕ
∫ A.dr = π − 2arctang 2
a +b
2
tang .
2 0
C
36
a 2 − b2
Se a circunferência não envolver a origem, a > b ⇒ = K 1 > 0 , então,
a 2 + b2
π π
∫ A.dr → π − 2[arctang(K tang 2 ) = π − 2(arctang∞ ) = π − 2 2 = 0
C
1
a 2 − b2
Se a circunferência envolver a origem, a < b ⇒ = K 2 < 0 , então,
a 2 + b2
π π
∫ A.dr → π − 2[arctang(K 2 tang ) = π − 2(arctang(-∞ ) = π + 2 = 2π .
C
2 2
EXEMPLO 6.2
Dado o vetor A = 2zˆi − xˆj + ykˆ ,
a) escreva esse vetor em coordenadas cilíndricas;
b) encontre seu divergente em coordenadas cartesianas e cilíndricas.
c) calcule seu rotacional em coordenadas cartesianas e cilíndricas.
SOLUÇÃO
(a) As componentes cartesianas são dadas por: x = ρ cos ϕ ; y = ρsenϕ ; z = z . Então
podemos já substituir esses valores para obter um “vetor híbrido” que serve como uma
etapa intermediária:
"
A" = (2z)ˆi − (ρ cos ϕ)ˆj + (ρsenϕ) kˆ .
Note que este vetor não está expresso em nenhum sistema de coordenadas porque ele
ainda é uma mistura de versores cartesianos com variáveis cilíndricas. Por isso ele foi
escrito entre aspas.
Precisamos converter ˆi e ˆj ( k̂ se mantém inalterado) para coordenadas
cilíndricas. Na figura E 6.2 estão representados os versores em ambos os sistemas.
ˆi = (ˆi.ρˆ )ρˆ + (ˆi.φˆ )φˆ = [ˆi.(ˆi cos ϕ + ˆjsenϕ)]ρˆ + [ˆi.(−ˆisenϕ + ˆj cos ϕ)]φˆ ∴
ˆj = (ˆj.ρˆ )ρˆ + (ˆj.φˆ )φˆ = [ˆj.(ˆi cos ϕ + ˆjsenϕ)]ρˆ + [ˆj.(−ˆisenϕ + ˆj cos ϕ)]φˆ ∴
∂ ˆ ∂ ˆ ∂ ∂x ∂y ˆ ˆ ∂ (2z)
div A = ∇. A = ˆi + j + k .(2zˆi − xˆj + ykˆ ) = −ˆi.ˆj + ˆj.kˆ + k .i ∴
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
div A = 0 .
2z cos ϕ 2z cos ϕ
= −senϕ cos ϕ + − senϕ cos ϕ + 2 cos ϕsenϕ − =0.
ρ ρ
O mesmo resultado obtido em coordenadas cartesianas.
38
ˆi ˆj kˆ
rot A = ∂ x ∂y ∂ z = ˆi (1) − ˆj(−2) + kˆ (−1) = ˆi + 2ˆj − kˆ .
2z -x y
Observação. Quando um campo vetorial apresenta divergente nulo, diz-se que esse
campo é solenoidal. Quando o campo vetorial tem rotacional nulo, diz-se que ele é
irrotacional (também chamado de conservativo).
µI 1 ˆ
A= ln k .
2π ρ
O campo magnético devido a esta corrente é dado por B = ∇ × A . Mostre que este
µI
campo vale φ̂ . Esta é a lei circuital de Ampère para a magnetostática.
2πρ
Por aplicações sucessivas devemos entender que, sobre uma função escalar ou
vetorial, estaremos limitados a uma dupla operação. Sabemos que o operador del,
aplicado uma única vez, permite obter as grandezas:
Todos têm sua importância dentro da Física Matemática, entretanto, o primeiro deles
aparece mais frequentemente descrevendo situações que envolvem diversos fenômenos
físicos.
∂ ˆ ∂ ˆ ∂
.
div[grad f ] = ∇ [∇f ] = ˆi + j + j . ˆi ∂∂xf + ˆj ∂∂yf + kˆ ∂∂fz ⇒
∂x ∂y ∂z
∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
div[grad f ] = ∇.[∇ f ] = 2 + 2 + 2 .
∂x ∂y ∂z
∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
O resultado da aplicação div[grad f ] = ∇. ∇f = ∇ 2
f = 2 + 2 + 2 (48)
∂x ∂y ∂z
∂2 ∂2 ∂2
∇ = 2 + 2 + 2
2
(49)
∂x ∂y ∂z
é o operador de Laplace.
Em uma região do espaço no qual não existem cargas elétricas (lembre-se de que o
operador é calculado em determinado ponto do espaço), temos:
∇.E = ρ elétrica ε 0 .
EXEMPLO 7.1
Encontrar o Laplaciano de uma função escalar, Φ(r ) , que só depende de r.
SOLUÇÃO
Como não conhecemos (ainda) a expressão do Laplaciano em coordenadas esféricas (de
uso recomendável para esse tipo de dependência), devemos partir da definição e de
dΦ
alguns resultados estabelecidos em seções anteriores. Por exemplo, grad Φ(r ) = rˆ ,
dr
pode ser obtido com auxílio do exemplo 5.1, considerando que a função Φ só tenha
dependência em r. A parte radial do divergente em coordenadas esféricas é dada por:
1 ∂ 2
divA r = [r A r ] .
r 2 ∂r
1 d 2 dΦ 2 dΦ d 2 Φ
Então div[gradΦ] = ∇ 2 Φ ⇒ ∇ 2 Φ = r ∴ ∇ 2
Φ = + 2 .
r 2 dr dr r dr dr
∇ 2 [Kr n ] = nr n − 2 [2 + n − 1] = n (n + 1)r n −2 .
(b) ∇ ×[∇ f ] .
A segunda relação listada no início desta seção, rot[grad f ] = ∇ ×[∇ f ] , pode ser
calculada através da definição:
42
i ˆj kˆ
∇ ×[∇ f ] = ∂ x ∂y ∂z .
∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
∂ ∂f ∂ ∂f ˆ ∂ ∂f ∂ ∂f ˆ ∂ ∂f ∂ ∂f
∇ ×[∇ f ] = ˆi − − j − + k ∂x ∂y − ∂y ∂x =
∂y ∂z ∂z ∂y ∂x ∂z ∂z ∂x
∂ 2f ∂ 2f ˆ ∂ 2f ∂ 2f ˆ ∂ 2f ∂ 2f
= i
ˆ − − j − + k − (52)
∂y∂z ∂z∂y ∂x∂z ∂z∂x ∂x∂y ∂y∂x
A relação (d), div[rotA ] = ∇.[∇×A ] , será nula se o vetor A possuir derivadas contínuas
e, nesse caso, dizemos que o divergente de um rotacional é zero, ou, todo rotacional é
solenoidal.
∂ θˆ ∂ φˆ ∂
. rˆ ∂∂fr + θr ∂∂θf + rsen
φˆ ∂f
ˆ
∇ 2 f = div[grad f ] = rˆ + + .
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ θ ∂ϕ
O operador del atua escalarmente sobre o vetor derivando tanto as componentes como
também os versores. A mesma situação já foi encontrada anteriormente quando
obtivemos o divergente em coordenadas esféricas. Pode-se aqui repetir o que foi feito
nesse caso e o resultado final é:
1 ∂ 2 ∂f ∂ ∂f 1 ∂ 2f
∇ f (r, θ, ϕ) = 2
2
sen θ r + senθ + (54)
r sen θ ∂r ∂r ∂θ ∂θ sen θ ∂ϕ 2
∂ φˆ ∂ ˆ ∂
∇ = ρˆ + +k .
∂ρ ρ ∂ϕ ∂z
∂ φˆ ∂ ˆ ∂
∇ 2 f (r, ϕ, z) = ρˆ + + k . ρˆ ∂∂ρf + φρˆ ∂∂ϕf + kˆ ∂∂fz .
∂ρ ρ ∂ϕ ∂z
As mesmas observações feitas acima sobre o efeito do operador del sobre o vetor
também são pertinentes aqui. O resultado final é dado por:
1 ∂ ∂f 1 ∂ 2 f ∂ 2 f
∇ 2 f (r, ϕ, z) = ρ + + (55)
ρ ∂ρ ∂ρ ρ 2 ∂ϕ 2 ∂z 2
EXEMPLO 7.2
Mostre que a função f (r, θ, ϕ) = rsen θ cos ϕ satisfaz a equação de Laplace.
SOLUÇÃO
Se você perceber que a função dada em coordenadas esféricas nada mais é do que a
variável x, então a solução não vai além de duas linhas: isto porque se uma função é
solução em um sistema de coordenadas, ela será solução em qualquer outro sistema.
∂ 2 (x )
f (r, θ, ϕ) = rsen θ cos ϕ = x ⇒ = 0.
∂x 2
∂f ∂f ∂f ∂ 2f
= senθ cos ϕ ; = r cos θ cos ϕ ; = − rsenθsenϕ ⇒ 2 = − rsenθ cos ϕ .
∂r ∂θ ∂ϕ ∂ϕ
1 ∂ ∂ 1
∇ 2 f (r, θ, ϕ) = senθ (r 2 senθ cos ϕ) + (rsenθ cos ϕ) + (− rsenθ cos ϕ)
r senθ
2
∂r ∂θ senθ
=
1
r senθ
2
[
2rsen 2 θ cos ϕ + r cos 2 ϕ − rsen 2 θ cos ϕ − r cos ϕ ]
2 1 cos 2 θ cos ϕ 1 1 cos ϕ
= senθ cos ϕ + − senθ cos ϕ −
r r senθ r r senθ
1
= [sen 2 θ cos ϕ + cos 2 θ cos ϕ − cos ϕ]
rsenθ
44
1
= [cos ϕ(sen 2 θ + cos 2 θ) − cos ϕ] ∴
rsenθ
∇ 2 f (r, θ, ϕ) = 0 .
2 2
Respostas: (a) zero; (b) 14xy; (c) = 2
x +y +z
2 2 2
r
3 – Esse exercício pretende mostrar como pode, às vezes, ocorrerem pequenos deslizes.
Sabe-se que o valor ∇ 2 f INDEPENDE do sistema de coordenadas, ou seja: se o item
(a) do primeiro exercício se anulou para coordenadas cartesianas, ele deve se anular
para cilíndricas e esféricas. Calcule o Laplaciano de (a) em coordenadas cilíndricas e
esféricas.
1
6 – Mostre que f (ρ, z) = é uma solução da equação de Laplace. Estamos
(ρ 2
+ z2 )
12
SEÇÃO 2
(1) (a) − 2 5 ; (b) 7 3 ; (c) − 2e 2 13
2 xz 2 yz 1
(2) (a) − grad f = 2 ˆi + ˆj − kˆ , − grad f P = 0ˆi + 4ˆj − kˆ ;
(x + y ) 2 2
(x + y )
2 2 2
(x + y 2 )
2
1 1
(b) − grad f = sen x (e y + e − y )ˆi − cos x (e y − e − y )ˆj , − grad f P = (cosh 1 )î
2 2
(3) (− 6ˆi + 8ˆj − 10kˆ ) 200
(4) (a) (4ˆi − 3ˆj) / 5 ; (b) (6ˆi + 8ˆj) / 10 ; (c) (3ˆi + 4ˆj − 5kˆ ) / 50
SEÇÃO 3
(1) 3
(2) (a) y 2 + 2 xz − x 2 ; (b) 3; (c) 2e x cos y ; (d) 2e x
SEÇAO 4
(1) 4 yk̂
(2) − 2 xyˆi + 2 xxzˆj + (2 yz − 2 xy)kˆ
(3) 2e x k̂
(5) (a) incompressível; (b) compressível; (c) − 2k̂ ; 0 (irrotacional)
SEÇÃO 5
(2) Sim; isso pode sugerir (e de fato ocorre) é que o divergente tem o mesmo valor,
independente do sistema de coordenadas.
(3) Ambos variam com 1 / r .
( ) ( ){
(4) (a) senθ φ̂ ; (b) µm 4πr 2 senθ φ̂ ; (c) µm 4πr 3 2 cos θ rˆ + sen θ θˆ }
SEÇÃO 6
(1) divA = z 2 / ρ + ρ cos ϕ + ρ ; rot A = zφˆ + 3ρsen ϕkˆ
(2) divA = 1 / ρ ; rot A = −(sen ϕ / ρ )ρˆ
(3) (1 + cos ϕ − z 2 / ρ 2 )ρˆ − (senϕ / ρ)φˆ + (2z / ρ)kˆ ; (−1 / ρ 2 )ρ̂
∂Vϕ ∂Vρ
(4) − k̂
∂ρ ∂ϕ
(5) v = ρ& ρˆ + ρϕ& φˆ + z& kˆ
(6) A escolha poderia ser, por exemplo, v (ρ) = A (ρ − ρ o ) 2 kˆ .
SEÇÃO 7
2 2
(2) (a) 0; (b) 14 xy ; (c) = 2
x +y +z2 2 2
r
(4) Φ(ρ) = Φ(ρ o ) + K 1 ln (ρ / ρ o )
47
BIBLIOGRAFIA
[1] BOAS, M. – Mathematical Methods in the Physical Science, 2nd edition, John Wiley
& Sons, 1996.
[4] KREYSZIG, E. – Advanced Engineering Mathematics, 6th edition, John Wiley &
Sons, 1988.