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Relatório de Qualificação - 21.02.22
Relatório de Qualificação - 21.02.22
RELATÓRIO DE QUALIFICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
São Paulo
2022
SILVIA REGINA CARVALHO DA CONCEIÇÃO SANTOS
São Paulo
2022
Apresentação
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Sumário Geral do Relatório de Qualificação
I – Trajetória acadêmica.......................................................................................p. 04
Disciplinas cursadas..............................................................................................p. 05
Atividades complementares..................................................................................p. 09
III – Documentos...................................................................................................p. 84
Currículo Lattes
Histórico escolar do programa de pós-graduação em música
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I – Trajetória acadêmica
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I – Trajetória acadêmica
Disciplinas cursadas:
Essa disciplina foi a que mais contribuiu para o meu projeto, pois seu conteúdo trata
especificamente do uso da voz, o uso da técnica vocal e sua aplicação ao repertório, o
planejamento dos ensaios, e outros temas relacionados diretamente a minha pesquisa. E,
apesar de reconhecermos que a aula não presencial limita algumas atividades práticas, o
conteúdo foi desenvolvido plenamente. Ao final da disciplina, escrevemos um texto que
serviria como artigo para uma publicação. Embora ainda não tenha submetido o meu, gostei
da maneira pró-ativa da avaliação.
Em todas as disciplinas vemos a participação dos colegas, aqui ficou mais evidente
quando um deles pode contribuir com exemplos do seu projeto que tinha muito em comum
com o material estudado em aula.
Optei por essa disciplina por se relacionar com a voz diretamente e também, porque
o período da pandemia me trouxe a oportunidade de participar, pois meus horários ficaram
mais flexíveis. Foi gratificante.
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Repertórios Corais em São Paulo - dinâmicas, processos, contextos
(Paulo Celso Moura)
Foi muito interessante conhecer um pouco da história do Canto Coral em São Paulo,
a trajetória dos grupos artísticos, patrocinadores, a organização de teatros, a cultura da
sociedade e outros aspectos que acompanharam o repertório coral. A participação de
professores convidados colaborou para o enriquecimento das aulas, pois dividiram seus
conhecimentos e suas experiências.
Essa disciplina contribuiu para o projeto quando nos situa historicamente e responde
algumas de nossas questões de como chegamos até aqui e o porquê somos assim ou de outra
maneira. Existe uma história, uma herança.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
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Específicos: Estudar a Pesquisa Artística - AR como mais uma possibilidade de
estudo para a área da Música nas suas várias especialidades. i) estabelecer reflexão sobre o
conceito de Pesquisa Artística - AR; ii) estabelecer práticas de identificação das
especificidades do percurso na Pesquisa Artística; iv) suscitar a criação de um grupo de
estudos para o educador-artista-pesquisador (educator-artists-researcher); v) postular a
Pesquisa Artística como metodologia apropriada para o desenvolvimento de pesquisa na área.
A disciplina teve relação com o meu projeto quando apresentou esse processo da
interpretação da obra que inclui tanto a preparação quanto a performance.
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É uma disciplina muito intrigante pois a mente sempre foi e será uma fonte de estudo
inesgotável. A sua relação com a música é ainda mais fascinante quando nos mostra as
possibilidades de desenvolvimento de habilidades cognitivas. Apesar de parecer não ter uma
conexão direta com o meu projeto, o estudo apresenta relação com as emoções, disciplina,
autocontrole, memória, pensamento criativo e ajustes flexíveis para a resolução de problemas,
ou seja, funções que necessitamos para o processo de preparação de um repertório e sua
performance. Foi gratificante fazer essa disciplina, pois abriu uma janela em um campo
desconhecido e que se mantém em constante descobertas.
Atividades complementares
ATIVIDADES TÉCNICAS:
Conferências: “Arte e Ciência no Ensaio Coral” com Sharon J. Paul (USA); “Música
Coral da Venezuela” com Maria Guinand e Alberto Grau (VEN); “Desenvolvimento da
afinação e Qualidade sonora nos ensaios” com Simon Carrington (UK / USA).
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Workshop Jaques Dalcroze (2020)
O Grupo, criado e liderado em 2013 pelo prof. Dr. Fábio Miguel, esteve sediado na
UNESP-Instituto de Artes até o falecimento do líder em fevereiro de 2021.
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Vocalidade nas Artes) sob liderança do Prof. Dr. Wladmir Farto Cortesini de Mattos. Os 12
integrantes que decidiram permanecer no grupo se dedicaram, no primeiro semestre, ao
debate para a viabilização e continuidade dos projetos. Foram votadas, a partir dessas
mudanças e por meio de maioria simples,a adoção de um novo nome para o grupo
(GEPPEVOZIA Núcleo Prof. Dr. Fábio Miguel) e do estabelecimento da coordenação ao
integrante Ms. Willian Pedrozo.
Em 2020 o grupo se reuniu de forma virtual uma vez por semana (4ª feira) das 16h30
às 19h. Foram realizadas 37 reuniões sendo que 22 foram abertas ao público. Foram
realizadas 13 Palestras, Masterclass e Mesa-redonda com os seguintes temas abordados: Voz
e teatro vocal, Música vocal solo, Canto coral e Covid-19, Teatro Musical, Voz na
contemporaneidade, Repertório vocal inglês, Biografia de cantora lírica negra, Voz e
composição contemporânea, Aquecimento e técnica vocal, Voz e prosódia e Performance
vocal.
O grupo também trabalhou alguns textos e temas: Grão da Voz (Roland Barthes),
Interacting in Rehearsal (Gerald Klicstein), A voz Contemporânea (Susie Becker), Voz e
paisagem sonora: refletindo acerca das representações sociais da voz durante o isolamento
social (Fabio Miguel), Voz e Covid-19.
3) Mulheres e suas Vozes: Bate-papo com Cacá Campara (Dra. Cacá Campara -
UFMG)
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4) Coral da UNESP - Cultura e Extensão (Dr. Paulo Moura - UNESP)
5) Música Brasileira para Voz não acompanhada: uma pesquisa (Dra. Laiana de
Oliveira - UNESP)
De forma online, o festival contou com vários preletores, regentes e coros, ocorrendo
no período de 05 a 07 de Março de 2021, com carga horária de 15 horas. (frequentado)
O painel foi realizado de modo virtual entre 22 e 24 de Setembro de 2021, com carga
horária equivalente a 9 horas. Realização e apoio: UNICAMP, ICAPF, COCEN, NOVA
ABRACO e CIDICC. (frequentado).
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Realizado de modo virtual, entre 26 e 27 de outubro de 2021 com carga horária
equivalente a 2 horas. Realização e apoio: UNICAMP, COCEN, CIDICC e OSU.
(frequentado).
ATIVIDADE BIBLIOGRÁFICA:
ATIVIDADE ARTÍSTICA:
O coro feminino foi acompanhado ao piano por Renata Coutinho de Barros Correia,
e ao órgão, por Francisco Coelho Ribeiro da Silva.
Leão de Judá, Letra e música: Ray Boltz e Steve Millikan; trad. Donaldo Guedes; arr. Tom Fettke.
Brilha em Mim, Letra: Penny Schaeffer; tradução e adaptação: Donaldo Guedes; Melodia: Tom
Fettke; arr. Camp Kirkland e Tom Fettke.
Carols Around (and a round), arr. Carl J. Nygard Jr.; Adaptação: Elisa Coutinho Macedo
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II – VERSÃO PRELIMINAR DA DISSERTAÇÃO
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A RELAÇÃO ENTRE TÉCNICA VOCAL E REPERTÓRIO NO CONTEXTO DA
ATIVIDADE CORAL: um estudo bibliográfico
Resumo
Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa “A relação entre a técnica vocal e o
repertório no contexto da atividade coral: um estudo bibliográfico”. Tendo como
procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica, pretende, através do método dialético,
mapear na literatura especializada as ideias referentes à relação entre técnica vocal e
repertório na atividade coral e refletir criticamente a respeito dessas ideias. Os objetivos
específicos são: levantar na literatura consultada o que consiste a técnica vocal e qual a
relevância dela na atividade coral bem como averiguar nessa literatura acerca da constituição
de repertório para o canto coral. Ainda dentro dos objetivos específicos, relatar a aplicação de
alguns elementos, baseados nessa relação técnica vocal - repertório, na preparação de uma
obra coral fundamentada nos resultados desta pesquisa. Para auxiliar na coleta de dados foi
elaborado um roteiro de leitura que até o momento contemplou 18 autores e 18 textos. Os
resultados parciais indicam uma relação interdependente entre a técnica vocal e o repertório
coral, e apontam a relevância dessa interação: a necessidade de um maior vínculo entre as
partes; as características estilísticas de cada repertório e a especificidade da emissão vocal
requerida; e exercícios vocais retirados e criados a partir do repertório.
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Sumário
Introdução...........................................................................................................................p. 18
Capítulo 1 - Conceitos centrais da pesquisa e Referencial Teórico................................p. 22
1.1. Técnica Vocal...............................................................................................................p. 22
1.2. Repertório.....................................................................................................................p. 29
1.2.1 Etimologia e Conceito...........................................................................................p. 30
1.2.2 Repertório: critérios de escolha...........................................................................p. 31
1.3. Referencial teórico.......................................................................................................p. 32
Capítulo 2 - Procedimentos metodológicos.......................................................................p. 39
Capítulo 3 - Estudo bibliográfico: exposição dos dados e análise parcial.....................p. 51
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Tendo em vista que esta investigação é baseada em indagações que um regente faz
durante o preparo de uma obra dentre outras tantas, outro objetivo específico é fazer um relato
da preparação de uma obra coral fundamentada nos resultados desta pesquisa. A obra
selecionada para tal é “De Joelhos”, de Stella Junia, por compor o repertório do coro feminino
que rejo.
A análise parcial dos dados foi realizada com base na categorização desses dados e
interpretada segundo o referencial teórico que tem se apoiado nas ideias de Frank Kuehn que
se dá no campo da prática interpretativa. Kuehn (2012) tem o objetivo de reconceituar os
termos interpretação, performance e reprodução musical, discriminando-os . A técnica vocal,
baseada na interpretação de uma obra, é pensada e planejada e será projetada na performance
preparando essa obra. Ela figura nesse cenário como um agente de construção da sonoridade
do repertório, situando, assim, o objeto de estudo no campo da prática interpretativa.
Quando aborda esse tema, Kuehn apresenta, entre outras, a concepção de Cage no
qual “o ciclo da criação de uma obra musical se fecha apenas com a performance” (KUEHN,
2012, p. 14).
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mesmo tempo, um resultado e um objetivo. São momentos de cristalização de um
trabalho, e desta forma, cada apresentação é um passo em direção a um novo
momento de cristalização. Sem as apresentações, o coro seria um processo
incompleto, inacabado, pois perderia a dimensão de comunicação tão importante na
criação artística, principalmente quando se escolhe como atividade a interpretação
musical. Desta forma, as apresentações são as oportunidades onde (sic) o coro
efetivamente se mostra como intérprete, ou seja, onde apresenta uma solução de
conjunto para determinada obra. [...] o instante da apresentação possui a faculdade
de união, de convergência, de busca coletiva de um resultado. (IGAYARA; RAMOS,
1992, p. 92)
Essa pesquisa nasceu de questões relacionadas ao meu trabalho junto aos coros nos
quais atuei como regente e preparadora vocal. Sempre procurei novos exercícios vocais e
adequados ao grupo que estava trabalhando, incentivando os coralistas a participarem do
período chamado “aquecimento vocal”, mas, de vez em quando, me questionava se estava
fazendo o certo, tanto quanto às técnicas utilizadas quanto à saúde vocal dos coralistas.
Mesmo pesquisando a finalidade de cada exercício ainda não me sentia segura quanto aos
resultados. Me perguntava se haveria algum procedimento melhor para trabalhar uma
sonoridade mais adequada àquele repertório estudado.
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Conforme o tempo foi passando, fui descobrindo que o trabalho coral além de ser um
trabalho de grupo também exige muito do regente pois este, além de transitar por várias áreas
do conhecimento, também necessita ter uma base sólida a respeito do uso da voz no canto.
Mais do que apenas ler nos livros, eu precisava experimentar, pois não sabia se estava fazendo
o correto. Comecei então, a estudar canto, pois segundo alguns autores, na falta de um
preparador vocal é o regente que exerce essa função. Fernandes (2009) aponta essa
responsabilidade: “E, já que o regente é, em geral, o primeiro e único ‘professor de canto’ dos
cantores de seu grupo, ele precisa assumir a responsabilidade de instruí-los a respeito da
técnica vocal” (FERNANDES, 2009, p. 199).
Segundo a professora Mirna Rubim (2000), citada por SIMAS (2011 apud
NASCIMENTO, 2016, p. 8),
22
Em relação ao termo “aquecimento vocal”, o professor Eládio Perez-González, em
entrevista a PEREIRA (2020), nos relata que “o aquecimento é indispensável, porque falar ou
cantar são atividades específicas que exigem esforço e resistência dos músculos vocais”
(PÉREZ-GONZÁLEZ, 2020, p. 233). E, continua sua explicação:
MIGUEL (2016) faz uma diferenciação entre aquecimento vocal e técnica vocal, os
termos citados anteriormente,
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somente os músculos, as cordas vocais, mas a condição psicofísica do ator. Aquecer-
se implica em estar presente e inteiro. Em semelhante perspectiva, o aparelho vocal
não é uma parte, um instrumento ou um pedaço do organismo; ele compõe a
complexidade do ser humano, seja estudante, artista ou docente. Ao se aquecerem
nessa dimensão, os sujeitos criam possibilidades de buscar suas próprias maneiras de
se expressarem vocalmente. (PEREIRA, 2019, p. 78).
Simone Sousa (2021) quando discorre acima a relação corpo e voz, utiliza o termo
“preparação vocal” e o entende como momento de aprendizagem:
Aqui, entendo “preparação vocal” não apenas como aquecimento ou técnica vocal,
mas também e especialmente como momento de aprendizagem, espaço de formação
da cantora e do cantor coralista e lugar de experiências e explorações do ato de
cantar. (SOUSA, 2021, p. 21).
O mesmo termo é usado por Hauck-Silva (2012) que reforça a ideia do ensino-
aprendizagem:
O período de aquecimento vocal no ensaio coral, que tem como principal objetivo o
ensino-aprendizagem coletivo dos fundamentos de uma técnica vocal eficiente e
saudável, é chamado aqui de preparação vocal. (HAUCK-SILVA, 2012, p. 13 )[...] a
preparação vocal visa ao ensino-aprendizagem da técnica vocal. (idem, p. 17).
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sonoridade de um conjunto por meio do ensino-aprendizagem da técnica vocal” (HAUCK-
SILVA, 2012, p. 17, 67).
Fernandes (2009) usa o termo “preparo vocal” ao invés de “preparação vocal”, mais
comum. Entendo que trata-se de termos sinônimos. Assim, para Fernandes, o termo preparo
(preparação) vocal tem uma abrangência maior, incluindo tanto os exercícios de aquecimento
como os de técnica vocal, estando presente durante todo o ensaio.
Falando em coros amadores, podemos afirmar que o preparo vocal oferecido aos
cantores como parte integrante de suas atividades é o caminho mais eficaz para que
se construa uma sonoridade esteticamente bonita, tecnicamente eficiente e
estilisticamente adequada. (FERNANDES, 2009, p. 451).
Juliana Rheinboldt e Angelo Fernandes (2018), em sua pesquisa para vozes infantis,
adota os termos “preparo vocal” e “técnica vocal” como sinônimos e os diferencia do termo
“aquecimento vocal”:
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Embora não haja unanimidade quanto à definição, em nosso trabalho adotamos
“preparo vocal” como sinônimo de “técnica vocal” e diferente de “aquecimento
vocal”. Acreditamos que a palavra “técnica” remeta à ideia de repetição e rígida
disciplina, enquanto que “preparo” possibilita um desenvolvimento gradual e
processual, o qual pensamos ser mais adequado à prática coral infantil. O
aquecimento vocal, geralmente, ocorre nos minutos iniciais do ensaio e aborda
exercícios de alongamento corporal, postura, respiração e alguns vocalises de
ressonância e articulação. O preparo vocal, além de englobar o aquecimento,
também perdura por todo ensaio, musicalizando os cantores e aprimorando a
performance através de vocalises de desenvolvimento técnico-vocal específico
(dicção, registração, extensão vocal, afinação, musicalidade, etc.) e da busca
constante de sonoridades adequadas ao repertório interpretado. Tanto o aquecimento
quanto o preparo priorizam a saúde vocal dos cantores, oportunizando a criação de
hábitos saudáveis de canto e fala. (RHEINBOLDT; FERNANDES, 2018, p. 247,
248).
Em resumo, apesar das diferenças encontradas concluo que os termos não são
sinônimos e que a “preparação vocal” abrange o período completo do ensaio abrangendo o
aquecimento vocal e a técnica vocal e que um autor apenas trata dos vocalizes como um tipo
de ponte, fazendo a conexão entre o aquecimento e o trabalho da técnica vocal.
(?) HAUCK-SILVA
Preparação vocal (Aquecimento Feedbacks (durante o ensaio do (2012)
vocal com objetivo ensino- repertório)
aprendizado da técnica vocal)
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Aquecimento vocal Preparo vocal (técnica) FERNANDES
(2018)
Escolhi usar o termo “técnica vocal” por ser conhecido e utilizado no meio do canto
coral pela maioria dos regentes, sendo até um tanto genérico, no sentido de englobar todos os
exercícios realizados dentro de um ensaio. O sentido de técnica vocal nesta pesquisa deve ser
entendido não como sinônimo de aquecimento, vocalize, mas como ação específica que visa
dar suporte à realização do repertório. Esse sentido está, a meu ver, bem definido nas palavras
de Fábio Miguel (2016):
Embora o professor Fábio (2016) descreva um momento, acredito que a técnica vocal
está presente durante todo o ensaio, abrangendo o aquecimento também, como um sinônimo
do termo “preparo vocal” utilizado pelo professor Angelo Fernandes (2009), pois quando
fazemos um exercício de ressonância no aquecimento vocal, escolhendo usar por exemplo,
“M”, “m”, “N” ou “NG”, visando um repertório determinado, que segundo Miguel (2016, p.
93) trazem “sonoridades distintas à voz”, já estamos aplicando a técnica vocal nesse momento.
Portanto, penso que a técnica vocal é utilizada em todo o ensaio mesmo que receba
nomes diferentes. O termo “técnica vocal” será empregado nesse trabalho remetendo à sua
ideia principal, ou seja, a construção da voz do cantor, aqui especificamente, dos coralistas.
1.2 - Repertório
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Independentemente de valor estético, período histórico e estilo, uma composição
coral é uma proposta do compositor na qual, a partir de um texto, ele propõe o ritmo,
o andamento, as diferentes freqüências das vozes, a dinâmica e a expressão. Sua
execução vai depender da realização correta da afinação, da articulação inteligível
do texto, além de outras qualidades técnico-vocais do coro administradas pela
competência do regente que, assumindo sua função de intérprete, deve moldar sua
visão da obra expressando-a através da sonoridade resultante deste processo.
(FERNANDES, 2009, p. 196).
O repertório, juntamente com a técnica vocal, faz parte do objeto desta pesquisa. O
professor Vítor Gabriel (2014) nos explica a etimologia do termo:
Termo surgido no século XIV, derivado do latim tardio, por meio dos termos
reperio, reperi ou repperi, reperire, repertum, repertorium significando adquirir,
obter, alcançar, granjear; encontrar de novo; encontrar, achar, descobrir; descobrir,
imaginar, inventar; reconhecer, verificar. Etimologicamente, trata-se de um
substantivo masculino, com função de antepositivo, significando coleção, conjunto,
matéria metodicamente disposta. (GABRIEL, 2014, p. 2).
Segundo o professor Vítor Gabriel (2014) em sua apostila do Curso Regência para os
professores do Projeto Guri1, o uso específico do termo repertório é aplicado na arte dramática
e na música, podendo significar:
1
Mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, o Projeto Guri é considerado
o maior programa sociocultural brasileiro e oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação
musical, luteria, canto coral, tecnologia em música, instrumentos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas,
sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos. Desde seu início, em 1995, o Projeto
já atendeu mais de 850 mil jovens na Grande São Paulo, interior e litoral.
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Repertório 'padrão' descreve uma coleção de obras comumente executadas.
(GABRIEL, 2014, p. 2).
A escolha do repertório é sempre um dos principais pontos que o regente deve lidar,
pois envolve vários fatores. Compartilho aqui algumas citações encontradas na literatura
pesquisada.
FIGUEIREDO (2006) nos aponta dois fatores necessários que envolvem o regente e
o coro:
Ou seja, o repertório deve ser escolhido, entre outros fatores, com base nas
habilidades musicais do grupo. Gabriel (2014) ainda acrescenta, a “apreensão” da obra que,
juntamente com os limites técnicos dos cantores servem de referência para essa escolha.
Após a avaliação dos recursos humanos é possível selecionar (ou produzir) obras
que sejam ‘cantáveis’, que se conformem às capacidades técnico-estéticas dos
cantores, levando em conta suas reais possibilidades. A escolha ‘do que cantar’ é
sempre um dos principais problemas dos regentes corais. Nem sempre uma obra
considerada ‘fácil’ de aprender é fácil de interpretar e vice-versa. A ‘apreensão’ da
obra e os limites técnicos dos cantores e dos regentes serão os pontos de referência
para a escolha do repertório. (GABRIEL, 2014, p. 5)
Segundo Hauck-Silva (2012), o repertório pode também servir como um desafio para
a expansão dessas habilidades técnicas do grupo.
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Nesse ponto, Pedroso e Fernandes (2018) corroboram com a ideia de um repertório
desafiador.
Não se deve exigir do coro de terceira idade o que se espera de um grupo vocal
juvenil no que se diz respeito a tempo de resultados, dificuldades de repertório,
extensão vocal e etc. Entretanto, não se deve subestimar o grupo e deixar de oferecer
desafios a eles. Isso poderia desmotivá-los; (PEDROSO JUNIOR; FERNANDES,
2018, p. 243).
Mesmo se tratando de outra formação coral, seja juvenil ou terceira idade, o princípio
continua sendo o mesmo, ou seja, o repertório deve incluir algo além do “confortável”.
Emanuel Martinez (2000), em seu livro sobre regência coral, descreve alguns pontos
importantes na escolha do repertório:
a) tamanho do coro [...]; b) a que se destina ou quais são as características desse coro
[...]; c) a capacidade técnica do coro [...]; d) a capacidade técnica e musical do
maestro [...]; e) a ocasião da apresentação [...]; f) utilização de obras originais ou de
arranjo [...]; g) se a obra é a cappella ou com acompanhamento, que tipo de
acompanhamento utilizar? [...]. (MARTINEZ, 2000, p. 41-43).
Alguns pontos foram citados acima e, com certeza, não esgotam a lista. Reconheço
que a escolha do repertório coral não é uma atividade simples e que além de levar em
consideração esses fatores, o regente deve fazer um esforço e não se acomodar com um
repertório fácil. Segundo o maestro Figueiredo (2006), “Não é possível [...] ficarmos na
‘mesmice’. É preciso pesquisar”. (FIGUEIREDO, 2006, p. 6). Finalizo essa parte com as
palavras do professor Vitor Gabriel (2014):
2
Frank Kuehn é músico natural de Berlim, Alemanha. Admirador da música brasileira, emigrou para o Brasil
onde cursou a graduação (UFRJ), o mestrado e o doutorado (UNIRIO). “Atualmente, sua pesquisa enfoca
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que auxiliassem a discutir essa relação.
Pois bem, ora usados como sinônimos, ora apresentados em sentido trocado, ainda é
habitual se notar certa confusão no emprego dos termos interpretação e performance.
Se a falta de rigor talvez possa ser admitida no senso comum, em termos de uma
teoria da interpretação ou da performance, ela se revela como fatal, pois para
qualquer investigação que se pretende científica é indispensável que se definam, de
maneira clara, os conceitos com base nos quais ela é edificada (2012, p. 8).
Além de citar casos que confirmam essa confusão, entre eles a discussão no âmbito da
CAPES 5
acerca de qual termo – prática interpretativa ou performance – seria o mais
adequado para essa especialidade do campo da música, Kuehn argumenta que questões de
tradução de um idioma a outro contribuíram para a falta de precisão. Em razão disso, o autor
expõe sobre essa questão:
questões relativas à prática musical com seus desdobramentos estéticos e filosóficos para a teoria da
interpretação e da performance” (KUEHN, 2012, p. 20).
3
Nesse texto o autor diferencia prática interpretativa (campo de pesquisa) de práticas interpretativas (disciplina
de formação)
4
Também para a disciplina práticas interpretativas que não consideraremos nesta exposição pois foge do foco
desta pesquisa.
5
CAPES – Órgão do MEC que trata, entre outros, dos programas de pós-graduação no Brasil.
33
Para avançar no proposto e delimitar a discussão, o autor constrói suas ideias
sustentado em “três pressupostos”:
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Empregado por Adorno num grande número de fragmentos e manuscritos redigidos,
aproximadamente, entre 1925 a 1965, o termo “reprodução musical” pode ser
definido, de forma elementar, como a realização sonora de uma obra musical com
base em sua partitura, a qual, por sua vez, representa algo como a “imagem do som”
(2012, p. 12).
Desse modo, o conceito de reprodução musical em Adorno define-se com base nas
seguintes “premissas”:
Considerando-se que se sabe ainda relativamente pouco sobre o real efeito que a
música exerce no homem e no meio ambiente, o músico-intérprete precisa estar
preparado não apenas tecnicamente como também em termos de ética para poder
explorar todos esses recursos de forma “sustentável” (2012, p. 15).
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Ele continua:
Acredito que uma dessas pesquisas refere-se à relação técnica vocal e repertório.
Desse modo, com base no tripé discutido por Kuehn, a reprodução musical é a “realização
sonora de uma obra musical com base em sua partitura” e que essa realização sonora requer
interpretação. A interpretação de obras corais implica em compreensão por parte do intérprete
da obra incluindo as técnicas vocais para essa interpretação. A performance é o compartilhar
público dessa realização sonora. Assim, a relação técnica vocal e repertório vista como
elementos da reprodução musical, implica em interação entre técnica vocal e repertório, isso
no âmbito da interpretação.
6
Para Kuehn, essa abrangência alcança tanto a prática interpretativa como ação quanto as práticas interpretativas
como disciplina acadêmica.
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No âmbito da música coral, o processo interpretativo é um pouco mais complexo.
Antes de comunicar a obra ao público, o regente-intérprete precisa comunicá-la aos
seus cantores. Assim, na re-criação da música coral existem quatro agentes
essenciais: compositor, regente (intérprete), cantores (executantes) e público.
(FERNANDES; KAYAMA; ÖSTERGREN, 2006, p. 35).
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Capítulo 2 – Procedimentos metodológicos
O método dialético foi escolhido por ser uma lente orientadora de todo o processo
de investigação. Ele implica sempre em uma revisão e uma reflexão crítica e totalizante dos
conceitos e das interpretações pré-existentes sobre o objeto de estudo. É preciso chegar à
essência das relações, dos processos e das estruturas; é, portanto, um estudo aprofundado
sobre a produção de conhecimento que envolve o objeto. E esse conhecimento da realidade,
que é fruto de um constante diálogo, é caracterizado por “aproximações sucessivas e não
lineares” (LIMA; MIOTO, 2017, p. 40).
Segundo as autoras (LIMA; MIOTO, 2017, p. 40) esse método leva o pesquisador a
trabalhar sempre considerando a contradição inerente a cada fenômeno, o “devir” que
significa um “fluxo permanente, um movimento ininterrupto que dissolve, cria e transforma”
(Dicionário Oxford Languages). Também leva a apreender, em todo o percurso de pesquisa,
as dimensões filosófica, material/concreta e política que envolvem seu objeto de estudo
(LIMA; MIOTO, 2017, p. 39). Como tudo na natureza se relaciona e está em constante
transformação, deve-se estudar um objeto em todos os seus aspectos, suas relações e conexões
(PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 35). Segundo Gil,
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Escolhi a pesquisa bibliográfica como procedimento metodológico pois me mostrou
ser o mais adequado ao processo da minha pesquisa. Segundo Salvador (1986), a pesquisa
bibliográfica está baseada em quatro fases:
Na maioria dos textos me encontro nas terceira e quarta leituras mas em outros, por
serem localizados depois, ainda estou nas primeira e segunda leituras. Como as autoras
relatam, esse diálogo é um processo de aproximação que ocorre várias vezes de modo
sucessivo e não linear (LIMA; MIOTO, 2017, p. 40).
De acordo com esse esquema, a coleta de dados contribui tanto para a melhor
definição do objeto de estudo – uma vez que as informações são obtidas
provisoriamente, permitindo voltar ao material para se obter informações adicionais
–, quanto para aprofundar no decorrer da análise os aspectos que ainda se
demonstram confusos ou contraditórios. (MIOTO e LIMA, 2007, p. 42).
41
2) Teste do instrumento para levantamento das informações, onde é escolhida
algumas obras para se testar a eficiência do roteiro de leituras, permitindo assim, uma
adaptação se for necessário.
A análise explicativa das soluções é construída a partir dos dados obtidos nas obras
selecionadas, conforme a metodologia proposta e baseada no referencial teórico
construído para a pesquisa. (Idem, p. 43).
Para o levantamento de dados foram realizadas algumas buscas nos principais sites
de armazenamento de teses, dissertações, periódicos e Anais de congressos, tais como o
Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES; Anais da ABEM, Anais da ANPPOM, Anais do
I Congresso de Canto Coral, Revista Opus da ANPPOM, e Revista da ABEM. Alguns
trabalhos, através de suas referências, acabaram indicando outros autores relacionados ao
tema. Foram levantados 54 textos e selecionei 35 dos quais estou trazendo 18 para o exame de
qualificação.
Em uma primeira busca, com um recorte temporal de até 20 anos, separei textos que
mencionam o canto coral e a técnica vocal, ainda que o seu objetivo diferisse do tema
principal da minha pesquisa.
42
Os textos da pesquisa que abordam o foco central ou não somam 54 produções,
divididas em 5 Teses, 16 Dissertações, 6 artigos, 14 comunicações em congressos, 12 livros e
1 entrevista, os quais estão indicados no quadro 1.
Dessas 54 produções, 18 foram analisadas para este relatório as quais estão indicadas
com negrito no quadro 2 e analisadas no próximo capítulo.
43
9. Ouvir a voz: a percepção da DRAHAN, Dissertação (Mestrado em
produção vocal pelo regente Snizhana. Musicologia) - Escola de
coral – método e formação. Comunicação e Artes -
Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2007.
44
18. Coro Feminino Cantares da CARPINETTI, UNICAMP - Universidade
Igreja Presbiteriana da Vila Miriam. Estadual de Campinas. Anais do I
Mariana: história e experiências Congresso de Canto Coral:
de ensino-aprendizagem da formação, performance e
teoria e da técnica vocal. pesquisa na atualidade, São
Paulo, Outubro de 2018. p. 113-
123.
24. Técnica vocal para coro: uma MIGUEL, Fabio. XXX Congresso da Anppom,
proposta de adaptação de 2020.
exercício vocal.
25. Escolhendo o repertório coral: ALMEIDA, M.C.P. Revista Música Hodie, Goiânia,
uma tarefa de regentes? V.16 - n.2, 2016, p. 25-34.
45
26. O regente moderno e a FERNANDES, José Per Musi, Belo Horizonte, n. 13,
construção da sonoridade coral: A.; KAYAMA, p. 33-51, jan/jun. 2006.
interpretação e técnica vocal. Adriana G.;
ÖSTERGREN,
Eduardo A.
32. Aquecimento vocal: uma breve PEREIRA, Eugênio Entrevistas-Revista Voz e Cena -
conversa com Eládio Pérez- Tadeu Brasília, v. 01, nº 01, janeiro-
González. junho/2020 -pp.231-241.
46
35. Aspectos fundamentais para a REIS, Ana Claudia; UFRJ -Universidade Federal do
formação de intérpretes em coros CHEVITARESE, Rio de Janeiro. Anais do I
infantojuvenis. Maria José, Congresso de Canto Coral:
formação, performance e
pesquisa na atualidade. São
Paulo, Outubro de 2018. p. 57 -
67.
40. Voz, corpo, equilíbrio. RUBIM, Mirna Rio de Janeiro: Thieme Revinter,
2019. (Livro impresso)
42. A Estrutura do Canto: sistema e MILLER, Richard Trad. Luciano Simões Silva. São
arte na técnica vocal. Paulo: É Realizações, 2019.
(Livro impresso)
47
45. Panoramas da Regência Coral: JUNKER, David Escritório de Histórias, Brasília,
técnica e estética 2013. (Livro impresso)
47. Canto: uma expressão - BAÊ, Tutti, Irmãos Vitale, São Paulo, 2000.
princípios básicos de técnica MARSOLA, (Livro impresso)
vocal Mônica
49. Técnica vocal: princípios para o MOLINARI, Paula. Paulus, São Paulo, 2007.
cantor litúrgico. (Livro impresso)
48
ações que resultaram em temas (quadro 3). Posteriormente, esses temas foram organizados em
temas e subtemas (quadro 4).
- contextualização histórica;
- estudo/análise da partitura;
- sonoridade;
49
Quadro 4 - Temas e Subtemas organizados
TEMA: CONCEITOS
Subtema: técnica vocal
Subtema: aquecimento
Subtema: preparação vocal
TEMA:TÉCNICA VOCAL
Subtema: a técnica vocal abrangendo outras funções
Subtema: o ensino-aprendizagem da técnica vocal
Subtema: o planejamento do trabalho vocal
Subtema: período e duração do aquecimento e/ou téc. Vocal
Subtema: capacidade vocal do coralista
Subtema¨ a saúde vocal dos coralistas
Subtema: a técnica vocal a partir do corpo
Subtema: regente como preparador vocal
Subtema: técnica vocal estrangeira - adequação à brasileira
Subtema: a técnica vocal abrangendo outras funções
Subtema: o momento certo da técnica vocal
TEMA: ENSAIO
Subtema: processo (tão - ou mais - significativo que a apresentação)
TEMA: REPERTÓRIO
Subtema: performance / interpretação
Subtema: texto-interpretação
Subtema: contextualização histórica
Subtema: estudo/análise da partitura
Subtema: sonoridade
Subtema: o repertório e o trabalho coral
Subtema: o repertório e os critérios de escolha
50
Capítulo 3 – Estudo bibliográfico: exposição dos dados e análise parcial
Este tema traz dados acerca do assunto central da pesquisa e até o momento,
desdobra-se nos três subtemas seguintes:
Entendo que para aprofundar a discussão acerca da relação técnica vocal e repertório
é necessário mapear como os autores consultados concebem esse aspecto da prática coral. Ao
proceder no levantamento desse assunto, chamou atenção as várias dimensões que a técnica
vocal desempenha no trabalho coral, conforme os subtemas identificados desvelam:
TEMA: REPERTÓRIO
Assumpção (2003, p. 15, 87, 91) e Silva (2017, p. 22) apresentam críticas ao trabalho
com canto coral que desvincula técnica vocal e repertório. Essas críticas ficam claras nos
trechos abaixo nas seguintes dimensões:
Uma utilização mais ativa da técnica vocal seria de grande valia. Embora o professor
realize exercícios no início do ensaio, pouco aproveita deles no momento da
execução do repertório. (ASSUMPÇÃO, 2003, p. 91-92); vocalises [...] não são
associados às especificidades do repertório” (Idem, p. 87); é preciso inseri-lo
[trabalho vocal] dentro dos objetivos musicais do repertório (Idem, p. 15).
De acordo com os autores, falta uma associação entre os exercícios vocais utilizados
em relação ao repertório. Alguns regentes aplicam os exercícios vocais no momento inicial
52
para um aquecimento vocal do grupo mas sem nenhuma relação com o repertório que vão
trabalhar.
Carlos Alberto Figueiredo (2006, p. 11) aponta outra dimensão sobre a relação
técnica vocal e repertório, a emissão vocal. Para o autor,
E esse tipo de emissão vocal está relacionado com um determinado repertório, que
por sua vez exige o uso de uma técnica vocal específica. Fernandes (2009) exemplifica essa
relação.
Embora um regente coral não deva exigir de seu grupo uma sonoridade pré-
concebida – “ideal” – que seja incompatível com as habilidades técnicas de tal grupo,
é preciso abordar cada composição com um conhecimento de seu estilo musical e da
técnica vocal mais eficiente para sua execução. Por questões de transparência e
clareza de articulação, um moteto renascentista ou um madrigal, assim como as
obras dos períodos Barroco e Clássico, requerem uma produção vocal que resulte
em um som mais leve, claro, brilhante, com um vibrato naturalmente reduzido.
Diferentemente, o repertório coral composto desde Schubert até o presente requer
uma produção vocal capaz de produzir um amplo espectro de “cores sonoras” – do
som mais leve e brilhante ao mais vigoroso, pesado, ou até mesmo escuro – muitas
vezes utilizados na execução de uma mesma peça. (FERNANDES, 2009, p. 8, 9)
Essa emissão vocal citada por Figueiredo (2006) e exemplificada por Fernandes
(2009) pode ser trabalhada segundo o tipo de repertório escolhido. Segundo Miguel (2016, p.
93), Hauck-Silva (2012, p. 17) e Fernandes (2009, p. 197), a emissão vocal pode ser
modificada através da adequação do trato vocal, auxiliando na interpretação dos diferentes
estilos do repertório:
Segundo Figueiredo (1990, p. 77), os exercícios de técnica vocal “[...] podem ser
extraídos do repertório ou devem ser aplicados a ele para que se estabeleça a relação
da técnica com a sua aplicação [...] [portanto] [...] a aprendizagem da técnica vocal
deve estar relacionada ao repertório [...]”, assim como conceitos musicais que o coro
esteja aprendendo. (FIGUEIREDO, 1990, p. 77, apud SILVA, 2017, p. 94).
54
Alguns regentes trabalham o aquecimento vocal no início do ensaio, o qual serve
como um “sinal” avisando que o ensaio está começando. Exerce ainda uma função agregadora,
de chamar a atenção do grupo, uma espécie de concentração para o início das atividades.
Segundo Silva (2017),
De acordo com Figueiredo (1990), uma das funções da técnica vocal em corais é
aquecer as vozes dos cantores com exercícios, o que “[...] promove certa prontidão
vocal, além de cumprir a função de concentrar os cantores para a atividade que vai
ser realizada.” (FIGUEIREDO, 1990, p. 77). Ao mesmo tempo, o autor ressalta que
a função de aquecer as vozes é apenas um dentre tantos outros papéis que essa
atividade assume, não podendo limitar-se apenas ao aquecimento, mas devendo estar
presente durante todo o ensaio. (SILVA, 2017, p. 109)
A técnica precisa servir o repertório. A técnica somente pela sua execução esmerada,
se não aplicada ao repertório, não há razão de fazer parte do ensaio. A técnica vocal
não deve ser entendida apenas como um momento que acontece durante o início dos
ensaios e que serve somente para aquecer a voz ou concentrar os cantores para uma
nova atividade. (PRUETER, 2010, p. 52, 53).
Para Solange Assumpção (2003), “o trabalho de técnica vocal pode ser também um
importante elemento de motivação à prática coral, mas é preciso inseri-lo dentro dos objetivos
musicais do repertório a ser executado”. (ASSUMPÇÃO, 2003, p.15).
O ensaio é iniciado com uma preparação vocal proposta pelo regente, incluindo
exercícios corporais ligados também a exercícios de técnica vocal em grupo, sendo
esta técnica vocal abordada com foco no desenvolvimento vocal dos cantores, não
possuindo necessariamente ligação com o repertório do grupo nos ensaios
observados. (SILVA, 2017, p. 86)
Aqui aponto ainda, os regentes que não se utilizam da técnica vocal em seus ensaios.
Os autores pesquisados relatam que os que assim procedem consideram-na sem importância
ou, procedem desta maneira pela falta de conhecimento da pedagogia vocal:
[...]Isto nos levou à observação de que nos ensaios de coros e em conversas com
regentes, muitas vezes, o momento da preparação vocal era negligenciado. A
principal razão apresentada estava relacionada à falta de domínio da pedagogia
relacionada à técnica vocal. As possibilidades apontadas por estes, para evitar que
tal momento fosse prejudicial ao cantor, passam pela repetição de exercícios
56
realizados sem um objetivo determinado e sem conhecimento do resultado
fisiológico e sonoro, ou, até mesmo, a exclusão deste momento do ensaio, e a
solicitação de que cada cantor já “venha aquecido”. Há regentes que preferem não
mexer na voz do seu coralista, buscando ater-se à leitura do repertório, entendendo
ser esta atitude menos prejudicial à saúde vocal e aceitando a sonoridade construída
sem orientação deste aspecto. (PEREIRA R.; CHEVITARESE, 2017, p. 146)
Falando em técnica vocal coral, não posso deixar de mencionar a atividade coral em
si, que é procurada, muitas vezes, como um vínculo social, terapêutico ou expressivo. Pedroso
Júnior e Fernandes (2018) mencionam
É importante enfatizar que o grupo não é formado por pessoas que querem se tornar
ótimos (as) cantores (as), mas há muito mais por trás da busca de uma oficina de
canto coral. Existe a busca por novas amizades; a busca em se expressar em um
grupo em que se sintam à vontade para expor suas ideias; e a busca da expressão
corporal e vocal. (PEDROSO JUNIOR; FERNANDES, 2018, p. 241).
Miguel (2016, p. 85) propõe uma rotina semanal de exercícios que propiciem um
aprimoramento no som coletivo:
Planejo semanalmente [...] uma rotina de aquecimento e técnica vocal para cada
ensaio que propicie um desenvolvimento vocal e musical dos cantores cujos
resultados desse aprimoramento possam ser audíveis no som coletivo do repertório
ensaiado. (MIGUEL, 2016, p. 85)
Nas atividades corais, essa interação [entre as disciplinas de Regência e Canto Coral
e as disciplinas de Canto e Pedagogia Vocal], acontece nas aulas e nos ensaios, em
discussões sobre as características e as dificuldades vocais do coro, sobre a função
de exercícios vocais e no planejamento e na realização da preparação vocal.
(HAUCK-SILVA, 2012, p. 40);
57
De acordo com Silva (2017, p. 33), “na preparação vocal, é necessário haver
planejamento, execução, análise e reflexão, de modo que este ciclo é sempre circular e não
tem fim”. (SILVA, 2017, p. 33).
Para que o regente não se perca neste trabalho de preparo vocal e, ainda, desperdice
tempo trabalhando aspectos menos relevantes para o seu trabalho como um todo, ele
deve fazer um levantamento de metas técnicas a serem atingidas e organizar um
método a ser seguido plena e disciplinadamente. (FERNANDES, 2009, p. 452).
Miguel explana o tempo ideal dentro do ensaio usado para o aquecimento e a técnica
vocal.
[...] que o professor de técnica vocal não deva atuar somente num determinado
momento do ensaio, conduzindo o vocalize, mas deve fazer interferências pontuais,
durante todo o ensaio. Os problemas devem ser atacados no momento em que
acontecem e não após, quando já ninguém se lembra. (FIGUEIREDO, 2006, p. 12).
58
Segundo Hauck-Silva (2012, p. 59, 60), essa atuação durante o ensaio pode
acontecer em forma de um feedback:
Esse feedback é como um lembrete, uma rápida retomada de conceitos que foram
ensinados anteriormente na orientação direta [...] Durante a realização dos exercícios
vocais e ao longo do ensaio, é possível — e até provável — que os coralistas ainda
não consigam aplicar tais aspectos plenamente; nesse momento, o preparador vocal
oferece um feedback ao coro, comentando o desempenho do grupo, corrigindo-o e
orientando-o para a melhoria. (HAUCK-SILVA, 2012, p. 59-60).
Um fator unânime em quase todos os textos foi a preservação da saúde vocal como
resultado dos exercícios técnico-vocais. Vários autores citam que a técnica vocal além de
atuar na sonoridade do coro tem um papel fundamental na saúde vocal do grupo. Compartilho
aqui alguns deles.
59
O trabalho da preparação vocal é construído a partir das necessidades que se
mostram em cada grupo e a cada momento específico; estas, quando trabalhadas,
vão pouco a pouco se tornando a base técnica para uma produção vocal saudável.
(HAUCK-SILVA, 2012, p. 75)
Preparar vocalmente um grupo de cantores amadores é uma tarefa árdua, que exige
do regente um bom conhecimento de técnica vocal.[...] O desconhecimento da
técnica vocal tende a limitar o regente. Além de colocar em risco a saúde vocal de
seus cantores, sua função de intérprete pode ficar comprometida pela falta de
habilidades vocais por parte do coro. (FERNANDES, 2009, p. 198)
O preparo vocal aplicado ao coro não visou somente a saúde vocal dos cantores, mas
também a árdua tarefa de educar essas vozes que possuem vícios, posturas
inadequadas e sonoridades que são fruto de uma jornada de vida “pesada”.
(PEDROSO JUNIOR; FERNANDES, 2018, p. 240, 241)
O preparo vocal, além de englobar o aquecimento, também perdura por todo ensaio
[...] Tanto o aquecimento quanto o preparo priorizam a saúde vocal dos cantores,
oportunizando a criação de hábitos saudáveis de canto e fala. (RHEINBOLDT;
FERNANDES, 2018, p. 247, 248)
Como Ana Lúcia Gaborim; Marco Antonio Ramos (2014) e Fernandes (2009) citam
acima, o prejuízo não é apenas em relação à saúde vocal do coralista, mas também à
qualidade do resultado sonoro do grupo. Nessa mesma ideia, Miguel (2016) discorre a
respeito do desgaste vocal e o resultado audível trazendo prejuízo ao canto coral.
Considero não ser possível trabalhar esses parâmetros mencionados, por meio de
vocalizes mais elaborados, sem a voz estar aquecida, pois caso contrário o desgaste
vocal será audível e trará, além dos prejuízos individuais, prejuízos ao som coletivo
das peças ensaiadas. Quando há o desgaste vocal, os resultados se mostram na perda
da qualidade sonora como um todo, em função de dificuldades na emissão,
principalmente nos extremos da tessitura de cada naipe; se evidenciam na
dificuldade de manutenção da afinação, sobretudo, quando se canta a capella; no
som conjunto do grupo, que não se conecta, não se mistura, na imprecisão da
60
articulação e do ritmo, bem como oscilações na manutenção do andamento, entre
outros fatores. O canto nesse contexto torna-se inexpressivo porque a expressão
vocal depende, entre outros aspectos, desses elementos que corroboram para a
qualidade musical e sonora da obra musical. (MIGUEL, 2016, p. 96).
Tenho observado que, como os autores mencionados nas citações anteriores, vários
outros estudiosos e profissionais da voz, não selecionam ou elaboram exercícios
para o despertar do corpo, os quais poderiam auxiliar na compreensão intelectual e
prática de que a voz é o corpo em ação. Isto é, o corpo trabalha de modo orgânico
para a produção da voz. (MIGUEL, 2016, p. 86).
Esses exercícios podem ser realizados em diversos formatos, mas, em muitos casos,
são organizados de duas maneiras: a) exercícios que envolvem alongamento físico-
muscular, em que a voz não está sendo trabalhada em primeiro plano, mas sim o
corpo, entendendo-se que este deva estar preparado como um todo para que a
emissão vocal seja de qualidade; b) exercícios dirigidos exclusivamente para a voz,
que englobam aspectos da respiração, emissão, afinação, articulação, timbre,
tessitura, ou seja, exercícios que desenvolvem a técnica vocal para cantar. (SILVA,
2017, p.22).
A preparação corporal, que durava em torno de 15 minutos, era conduzida por uma
aluna que é profissional da área de Educação Física. Para a Regente 3, esta coralista
assumindo esta etapa corporal do ensaio só contribui para o desenvolvimento do
grupo. (SILVA, 2017, p. 92).
61
Nem todos têm o privilégio de ter um profissional à disposição. Na maioria dos casos,
é o próprio regente que faz esse momento de preparação vocal no grupo. Miguel (2016) fala a
respeito dos benefícios que o trabalho corporal traz para o canto.
Termino essa parte citando Simone Sousa (2021) e Eugênio Tadeu Pereira (2020)
que relatam, cada um em seu próprio trabalho, a associação entre voz e corpo.
Outro elemento que verifiquei com frequência nos textos pesquisados é o ensino-
aprendizagem da técnica vocal.
Para Kriger (2018) e Pedroso Júnior, Fernandes (2018) a preparação vocal é também
um período de educação.
O preparo vocal aplicado ao coro não visou somente a saúde vocal dos cantores, mas
também a árdua tarefa de educar essas vozes que possuem vícios, posturas
inadequadas e sonoridades que são fruto de uma jornada de vida "pesada" .
(PEDROSO JUNIOR; FERNANDES, 2018, p. 240, 241).
63
Hauck-Silva, Ramos, Igayara (2010), discorrendo a respeito da preparação vocal no
ensaio coral como uma oportunidade para aquecer ensinando e aprendendo, citam Robinson
& Winold (1976):
ROBINSON & WINOLD (1976) [...] apontam que o regente coral deve ser “um
educador competente” (ib.), ressaltando a importância de que o ensaio coral seja
visto como uma aula coletiva de técnica vocal (ib.: 47)[...]. Eles consideram que o
“canto coral vital não acontece simplesmente por acaso” (ib.: 73), mas sim “é
resultado da aplicação de certos princípios fundamentais de produção vocal à rotina
regular de ensaios” (ROBINSON & WINOLD, 1976 apud HAUCK-SILVA;
RAMOS; IGAYARA, 2010, p. 269).
Concluo este tópico com Hauck-Silva (2012) que compreende a preparação vocal
como “um caminho para desenvolver e moldar a sonoridade de um conjunto por meio do
ensino-aprendizagem da técnica vocal” (HAUCK-SILVA, 2012, p. 67).
Ao ter que lidar com vozes, é necessário que o regente coral experimente em si
mesmo as várias técnicas existentes para uma emissão vocal consciente. Assim
sendo, um estudo de técnica vocal individual, de preferência com um professor
64
experiente e aberto a diferentes tendências, é absolutamente necessário. O
desenvolvimento de uma didática para aplicação dessas técnicas para coralistas é
uma necessidade decorrente inevitável, devendo o regente buscar subsídios para tal,
acompanhando o trabalho de professores de técnica vocal ou outros regentes, na
condução de exercícios com grupos. (FIGUEIREDO, 2006, p. 5-6)
[...] Não há como construir uma expressão vocal no canto coral que não seja por
meio de uma concepção vocal consistente e significativa com vistas ao processo de
construção e realização musical do repertório, seguido de um fazer musical
prazeroso e realizador. Com minhas explanações acerca do trabalho vocal no canto
coral, busquei demonstrar como cada regente e/ou preparador vocal, em seu
contexto, é responsável por pensar, elaborar, criar, aplicar, avaliar estratégias e
procedimentos vocais, para tornar o momento do aquecimento e da técnica vocal
relevantes para a construção da expressão vocal de seu grupo. (MIGUEL, 2016, p.
97)
Contudo, pretendo abrir espaço para discutir como um aquecimento e técnica vocal
planejado e fundamentado podem atender as necessidades vocais dos cantores,
auxiliando-os a conceber um som coletivo na execução de um repertório coral
variado, sem desconsiderar e sacrificar a natureza vocal individual. Tomo como
premissa que o entrelaçamento dos elementos musicais e técnico-vocais com os
aspectos históricos e estilísticos do repertório cooperam para a construção da
sonoridade e expressão vocal no canto coral. (MIGUEL, 2016, p. 86).
Não há como construir uma expressão vocal no canto coral que não seja por meio de
uma concepção vocal consistente e significativa com vistas ao processo de
construção e realização musical do repertório, seguido de um fazer musical
prazeroso e realizador. (MIGUEL, 2016, p. 97).
65
Gaborim-Moreira (2015) relata a importância da preparação vocal como um
agregador: “na preparação vocal do coro todas as vozes são levadas pelo mesmo caminho em
uma determinada direção” (GABORIM-MOREIRA, 2015, p. 263), ou seja, um mesmo foco.
A técnica vocal é de tal relevância para a atividade coral, que o simples pensar
deveria trazer o conceito já subentendido como fato. Não deveríamos precisar estudar ou
pesquisar esse tópico como algo separado ou alternativo/opcional da atividade coral, deveria
ser imprescindível como cita Hauck-Silva (2012): “Preparação vocal para coros é uma
necessidade: O regente coral pode alcançar com um coro objetivos musicais e artísticos que
teriam sido tecnicamente inatingíveis sem o uso da preparação vocal”. (EHMANN;
HAASEMANN, 1982, apud HAUCK-SILVA, 2012, p. 15).
66
O repertório é parte integrante e primordial da atividade coral, uma fonte riquíssima
de elementos musicais, sociais e culturais. Segundo Assumpção (2003),
O repertório define o conteúdo que será trabalhado. Cada peça musical traz inúmeras
possibilidades de trabalho, mas existem características destacadas. Em princípio,
podemos dizer que o repertório deve abranger música de diferentes estilos,
estruturas, épocas, culturas, a fim de que o cantor possa ter um panorama geral da
música. (ASSUMPÇÃO, 2003, p. 115)
67
O 2º tema: técnica vocal, inicia apresentando a utilização da técnica vocal com
vários objetivos, tais como agregar e concentrar o grupo, criar um ambiente propício ao
ensaio, motivar a participação e desenvolver o interesse do coralista, ou mesmo, o uso da
técnica como um fim em si mesma. Percebo que embora a técnica vocal exerça diversas
funções, para atingir o seu objetivo principal, que é preparar a voz do cantor, necessita de um
planejamento de trabalho baseado nas características e necessidades do grupo e
especificidades do repertório, e também, deve ser utilizada durante todo o ensaio e não
somente no início, conforme a precisão exigida. Sendo portanto, um processo de ensino-
aprendizagem que resultará na sonoridade do grupo e, consequentemente, beneficiará a saúde
vocal dos coralistas. Nesse tema também é abordado o conceito corpo e voz, sendo
inseparáveis e determinantes para uma emissão de melhor qualidade. Em todas essas
dimensões, atesto a relevância da técnica vocal na atividade coral, atuando como uma
ferramenta indispensável e determinante para a prática interpretativa.
68
Capítulo 4 – Relato da preparação de uma peça coral baseado na relação técnica vocal -
repertório
Prática de ensaio:
Escolhi a peça “De Joelhos” da compositora Stella Junia, por fazer parte do
repertório que trabalhei com o coro feminino para as celebrações do natal deste ano de 2021.
E também, por trazer uma proposta diferente de sonoridade pelo fato de ser uma peça
brasileira e contemporânea.
“De joelhos” é uma peça natalina em que o texto nos convida a uma atitude de
adoração diante do nascimento do menino Jesus. Segue o texto na íntegra:
De joelhos, (3x)
7
Stella Junia Guimarães Ribeiro, pianista, compositora e arranjadora, com várias publicações de livros com arranjos e
composições para piano e para coro. Doutora em Música pela UFRJ (2021), professora do departamento de instrumentos
de teclado da Escola de Música da UFRJ.
69
Baseada no texto com sua mensagem simples e singela e nas características
melódicas e harmônicas, optei por uma sonoridade mais leve e frontal onde o texto ficasse
mais claro.
Ressonância do “n”, a ponta da língua atrás dos dentes superiores como preparando
para falar a palavra “navio”. Este tipo de ressonância deixa a voz mais leve e clara e
é recomendada para o repertório renascentista, barroco ou de música popular,
sobretudo aquele que se utiliza de uma emissão vocal mais aproximada da fala. A
clareza da voz, neste tipo ressonantal, se dá em função da projeção do som se
concentrar na face superior. Nas regiões mais agudas, recomendo que esse modo de
ressonância seja combinado com o “M”, para que haja mais espaço no trato vocal e
o som não saia estridente ou apertado/esganiçado. [...] (MIGUEL, 2016, p. 93).
1) 1 3 5 3 1 (2x) 2) 1 3 5 3 1 (3x)
Vi vi vi vi vi vi - i - i - i - vi
2) 1 3 5 6 5 3 1
Vi ______o_______i
Também percebi que a melodia trazia saltos de quintas descendentes nas palavras
“Cristo” e “nasceu” e que não eram tão fáceis de serem realizados, precisavam de um trabalho
mais aplicado, pois poderiam influenciar na afinação do grupo. Segundo PRUETER (2010), a
incerteza quanto à entoação de intervalos e a presença de intervalos descendentes são alguns
dos motivos que influenciam na afinação. (PRUETER, 2010, p. 37).
70
Por isso, em alguns ensaios usei exercícios com saltos de quinta descendentes,
subindo e descendo de ½ em ½ tom. Utilizei também, um pequeno trecho da música, subindo
e descendo em semitons. Segundo MIGUEL (2016), podemos “construir vocalizes utilizando
material das peças que serão ensaiadas com vistas ao desenvolvimento técnico vocal do
grupo” (MIGUEL, 2016, p. 94). Na repetição do texto, quando ocorre a divisão das vozes,
aparece ainda, o salto de sexta descendente para as vozes do mezzo e do contralto, então
acrescentei também esse intervalo (6ª) nos vocalizes. Segundo MIGUEL (2016) e GABORIM
(2015) após o aquecimento em graus conjuntos, quando a voz já está mais flexível, é possível
acrescentar saltos e outros desenhos melódicos que exigem mais esforço da voz e que o
repertório exija.
71
deslocando a ressonância mais para cima da cabeça, pensando na região da testa e olhos,
tirando do nariz. Os exercícios com “N” ajudaram nessa questão. Também, fizemos exercícios
de leitura do texto no ritmo da música, deixando para pronunciar a consoante “m” só no
último milésimo de segundo do tempo, para que a vogal pudesse soar pura, evitando assim
um som acentuadamente nasal.
Outro detalhe que precisei trabalhar com o coro foi a terminação em “s” da palavra
“joelhos” visto que optei em fazer a pausa que aparece na partitura após essa palavra.
Trabalhei a precisão do grupo em soltar o “s” de forma coesa para que o som não ficasse
“sujo”. Lembrei de um texto que li, em que o professor Carlos Alberto Pinto Fonseca
utilizava em seus ensaios a figura de uma pessoa que encosta o dedo no ferro quente, é rápido,
ninguém fica segurando, então dei esse exemplo para as minhas coralistas. COELHO (2009)
registrou:
[...] |s| em fim de sílaba seguido de pausa. Como consoante da categoria das
fricativas surdas, o |s| é muito brilhante, pois produz freqüências muito agudas,
muito acima dos registros da voz humana e, por isso, pode ser ouvida com facilidade
num contexto de música coral. Como se não bastasse, ela pode ser prolongada por
muito tempo, sem o desconforto da associação ao uso das pregas vocais, como
aconteceria em |z|. Embora Fonseca quisesse consoantes muito claras e audíveis, o |s|
o incomodava, especialmente por esta última característica – no caso mencionado
nesta alínea, um cantor distraído poderia exceder muito ao tempo de equilíbrio. Por
isso, ele usava uma metáfora como ilustração de quanto aquela consoante deveria
durar: “Molhou o dedo, colocou no ferro [quente], acabou. Ninguém segura o dedo
lá no ferro.” (Antoniol8) (COELHO, 2009, p. 82-83).
72
joelhos, nós vamos falar, de joelhos, nós vamos cantar” descreve a ação de transmitir a
mensagem do nascimento através da fala e do canto e que é realizada de forma reverente, “de
joelhos”.
A semântica do texto foi trabalhada logo nos primeiros ensaios, pois é importante o
coro se apropriar da mensagem do texto antes do trabalho musical, como narra Figueiredo.
Todo estudo de uma partitura coral deveria começar pelo texto literário ou religioso.
Não podemos esquecer que, na maior parte dos casos, o texto foi o ponto de partida
para o próprio compositor, que o declamou para si, entendeu seu significado e sua
eventual utilização. O regente, ao percorrer o mesmo caminho, partindo do texto,
terá uma boa chance de vir a conhecer bem a obra. Percorrer tal caminho significa
transcrever o texto literário à parte, traduzi-lo, quando em língua estrangeira,
analisá-lo, investigar as nuances de pronúncia e declama-lo para si, até vir a
conhece-lo tão bem, como se o objetivo fosse apenas esse. Aliás, muitos textos
utilizados em obras são tão fascinantes, que até chegamos a esquecer do resto.
(FIGUEIREDO, 2006, p. 18)
[...] expressão é o resultado de uma atitude que, no caso do canto, por exemplo, você
tem um roteiro, que é o texto daquilo que você está cantando. Então, você tem aí a
palavra importante dentro de uma frase, a frase importante dentro de uma canção.
Então, você se põe a serviço da significação desse texto. Como esse texto te
impressiona, como é que você reage a isso. Tudo isto faz parte, então, do ato de
tornar expressivo, comovedor o teu jeito de cantar. Isso exige muito treinamento
também. Lembre-se que um texto cantado já é uma interpretação do compositor.
(PÉREZ-GONZÁLEZ, 2020, p. 239, 240)
Quando começamos a ler essa peça, era a primeira a ser ensaiada, logo após o
aquecimento já emendava com exercícios técnicos baseados nos detalhes a serem trabalhados.
Após algumas semanas, conforme a peça foi amadurecendo, já pode ser trocada de lugar com
outras peças do repertório, ficando em terceiro ou quarto lugar no ensaio, pois os conceitos
técnicos trabalhados, embora sempre lembrados, já estavam mais arraigados e agora, eu
poderia dar uma atenção mais detalhada à tópicos como fraseado, sonoridade, harmonização
das vozes, equilíbrio, ou seja, um maior refinamento da peça.
73
Conclusão Parcial
De acordo com Fernandes (2009, p. 451), “o preparo vocal [...] é o caminho mais
eficaz, para que se construa uma sonoridade esteticamente bonita, tecnicamente eficiente e
estilisticamente adequada” (grifo meu). Os termos sublinhados inferem aqui, uma sonoridade
que atenda à especificidade de um determinado repertório. Do outro lado, segundo
Assumpção (2003, p. 115), “o repertório define o conteúdo que será trabalhado. Cada peça
musical traz inúmeras possibilidades de trabalho [...] o repertório deve abranger música de
diferentes estilos, estruturas, épocas, culturas [...]” .
Nessa interação, a técnica vocal contribui para a sonoridade do repertório, e este, por
sua vez, proporciona o conteúdo a ser trabalhado na técnica vocal. Essa relação nos remete ao
conceito de “interpretação” que Kuehn (2012) desenvolve, pois é nesse momento que o
intérprete se debruça totalmente diante da obra buscando sua máxima compreensão, extraindo
da partitura todo o material necessário para o seu trabalho.
Tanto a técnica vocal como o repertório fazem parte da “interpretação” que Kuehn
(2012) descreve. É através da interpretação da obra que surgirá tanto o conteúdo como o
modo de se trabalhar. Segundo Miguel (2016), a realização desse trabalho vocal deve ser
planejada para se conseguir os resultados desejados no “desenvolvimento vocal dos cantores e
na qualidade musical e vocal na realização do repertório” (MIGUEL, 2016, p. 96). Surge aqui
uma espécie de engrenagem, na qual uma técnica vocal bem planejada baseada no repertório é
mais eficaz e atua diretamente no desenvolvimento vocal dos cantores que, por sua vez,
interfere na qualidade musical desse mesmo repertório, formando assim um movimento
recíproco.
Nessas influências recíprocas entre técnica vocal e repertório, não somente a técnica
age no desenvolvimento vocal dos coralistas, mas o próprio repertório opera como fonte de
expansão das habilidades vocais, como descreve Hauck-Silva (2012, p. 94): “busca-se, por
meio de um repertório desafiador, expandir gradualmente tais habilidades”.
Todo esse preparo e planejamento fazem parte da reprodução musical que envolve
segundo Kuehn (2012), os elementos intramusicais que estruturam a obra musicalmente e os
elementos extramusicais que colocam o “intérprete em evidência”.
75
No processo da reprodução musical, que abrange a interpretação e a performance, o
tripé de Kuehn, as interações entre técnica vocal e repertório demonstram uma relação
essencial e imprescindível para um resultado bem sucedido.
76
Referências
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musical formal. Orientador: Martha Herr. 2003. 150 p. Dissertação - Mestrado em Música,
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79
SILVA, Alexsandra M. da; SOUZA, Anélita D. N. D. de. 'Bru' o quê? Vocalize para quê? In:
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SOUSA, Simone Santos. Dando corpo à voz: educação somática na construção de uma
proposta de preparação vocal pela experiência do corpo no âmbito do canto coral. Orientadora:
Profª. Drª. Wania Mara Agostini Storolli; Profª. Drª. Margarete Arroyo. 2021. 265p. Tese.
Doutorado em Música. Universidade Estadual Paulista - Unesp. São Paulo, 2021. Disponível
em: <http://hdl.handle.net/11449/204768> Acesso em: 11 nov. 2021.
80
Apêndice A
Roteiro de Leitura
a) Identificação da obra
b) Caracterização da Obra
– Referencial teórico – permite verificar o referencial utilizado pelo autor e a conexão das
suas proposições, observando o paradigma assumido.
c) Contribuições da obra para o estudo proposto – consistem no registro das reflexões, dos
questionamentos e encaminhamentos suscitados pela leitura da obra, bem como na indicação
de como podem ser utilizados na elaboração do texto final.
d) Identificação do autor
e) Questões da pesquisa
81
- A técnica vocal é pensada para cada peça do repertório? E dentro de uma mesma peça
(abrangendo as várias demandas)?
82
Apêndice B
Partitura da Música “De Joelhos”, Stella Junia.
83
III - Documentos
84
Silvia Regina Carvalho da Conceição Santos
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6286770132817554
ID Lattes: 6286770132817554
Última atualização do currículo em 19/02/2022
Graduação em Pedagogia pelo Centro de Estudos Superiores do Carmo (1988) - Santos; Curso de Técnico em
Instrumento Piano, pela Escola Musical "Henrique Oswald" (1989) - Santos; Bacharel em Música Sacra, pelo
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (1995) - Rio de Janeiro; Graduação em Composição e Regência pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009) - São Paulo; Curso de Extensão: Canto com ênfase
em Harmonização e Backing Vocal, no Centro Científico da Voz/UNASP - São Paulo.; Mestrando em música no
Instituto de Artes da UNESP. Atualmente é professor de educação profissional - Canto Coral da Escola Técnica de
Música e Dança Ivanildo Rebouças da Silva - ETMDIRS. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Música
(Texto informado pelo autor)
Identificação
Nome Silvia Regina Carvalho da Conceição Santos
Endereço
Formação acadêmica/titulação
2020 Mestrado em andamento em Música (Conceito CAPES 4).
Formação Complementar
2005 - 2005 Extensão universitária em Percussão Corporal - Barbatuques - mod. I e II. (Carga horária:
26h).
Atuação Profissional
2011 - Atual Vínculo: Servidor Público, Enquadramento Funcional: Professor de Educação Profissional -
C. Coral, Carga horária: 22
Áreas de atuação
1. Grande área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Artes / Subárea: Música.
Idiomas
Inglês Compreende Razoavelmente, Fala Razoavelmente, Lê Razoavelmente, Escreve
Razoavelmente.
Francês Compreende Pouco, Fala Pouco, Lê Razoavelmente, Escreve Razoavelmente.
Produções
Produção bibliográfica
Apresentações de Trabalho
1. SANTOS, S. R. C. C.. Canto coral e a relação entre a técnica vocal e o repertório: um estudo em andamento. 2021.
(Apresentação de Trabalho/Comunicação).
2. SANTOS, S. R. C. C.. Palestra: Afinação Coral. 2020. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).
Eventos
(Encontro).
2. 42o Curso Internacional de Verão de Brasília -Curso de Regência de Coral. 2021. (Outra).
3. Canto Coletivo em Extensão: Estratégias e Possibilidades - Instituto de Artes (IARTE) da Universidade Federal de
5. cursos Ensino Híbrido na Prática e Práticas para o Ensino Remoto de Emergência,. 2021. (Outra).
6. GRANFINALE - XIV Festival Nacional de Corais Infantis e Jovens ONLINE. 2021. (Outra).
7. II PAINEL DE MÚSICA E REGÊNCIA MAESTRO CARLOS ALBERTO PINTO FONSECA. 2021. (Outra).
9. I Seminário Grupo de Pesquisa em Música, Práticas Curriculares e Pedagogia do Canto (MUSIPEC). 2021. (Seminário).
10. I Seminário Internacional - Artes, Eduacção e Autismo - promovido Galeria Aut. 2021. (Seminário).
11. WORKSHOP DE REGÊNCIA CORAL: "TÉCNICAS DE ENSAIO" MINISTRADO por MARA CAMPOS. 2021. (Oficina).
13. CIMUCI - I Congresso Internacional de Música InfantoJuvenil: UmUm Novo Olhar. 2020. (Congresso).
16. curso VOZ EM EQUILÍBRIO, ministrado pela Profa. Stefanie Aurig,. 2019. (Outra).
17. INSIGHTS SOBRE A PEDAGOGIA DO CANTO, ministrado pela Profa. Dra. Joana Mariz,. 2019. (Oficina).
18. VII Semana da Educação Musical - Instituto de Artes - Unesp. 2019. (Seminário).
23. VOX:2017 - 4º Encontro Internacional sobre a Expressão Vocal na Performance Musical. 2017. (Seminário).
26. curso Intensivo: Jogos e Dinâmicas Musicais para a Sala de Aula. 2014. (Oficina).
27. GRAN FINALE - XII Festival Nacional de Corais Infantis e Jovens 2014. 2014. (Outra).
31. 25º Congresso da AMBB (Associação dos Músicos Batistas do Brasil). 2009. (Congresso).
36. VIII Curso Internacional de Regência Coral - Oficina Coral. 2002. (Outra).
44. III Curso Internacional de Regência Coral - Oficina Coral. 1997. (Outra).
Carga Sigla
Disciplinas Cursadas no Programa Calendário Conceito Frequência Créditos Situação
Horária Programa
TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE MUSICAL: Análise e cognição Não
1º / 2020 *** *** 4 60 MUS
musicais: interseções e interações Ministrada
Tópicos Especiais em Educação Musical
"Expressão vocal no canto coral:
1º / 2020 A 100% 4 60 MUS Aprovado
fundamentos teóricos e práticos"
Tópicos Especiais em Educação Musical "Práticas criativas – o uso da voz Não
1º / 2020 *** *** 4 60 MUS
e do corpo" Ministrada
TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE E TEORIA MUSICAL
Métodos de
2º / 2020 A 100% 4 60 MUS Aprovado
análise musical na contemporaneidade:
princípios e aplicações
TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE E TEORIA MUSICAL: Aspectos
contextuais analíticos e de escolha interpretativa da canção de câmera 2º / 2020 A 100% 4 60 MUS Aprovado
brasileira
TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE MUSICAL: Análise e cognição
2º / 2020 J *** 4 60 MUS Cancelado
musicais: interseções e interações
TÓPICOS ESPECIAIS EM MUSICOLOGIA HISTÓRICA/ESTÉTICA:
2º / 2020 B 100% 4 60 MUS Aprovado
Repertórios Corais em São Paulo - Dinâmicas, Processos, Contextos"
TÓPICOS ESPECIAIS EM PESQUISA EM MÚSICA: Pesquisa Artística
2º / 2020 A 100% 4 60 MUS Aprovado
- Artistic Research
Tópicos Especiais em Cognição Musical
"Música e funções executivas: a
1º / 2021 A 100% 4 60 MUS Aprovado
prática musical no
desenvolvimento de habilidades cognitivas"
Título Projeto :
A relação entre Técnica Vocal e Repertório no contexto da atividade coral
Situação Pesquisa : Coleta dos dados; Análise dos dados; Levantamento bibliográfico; Aprofundamento de Leituras; Data Última Matrícula : 05/08/2021
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