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Introdução

Até mesmo aquele que optou pelo isolamento – um ermitão, por exemplo – não
está separado da sociedade: o isolamento do indivíduo não significa o isolamento da
sociedade. Nenhum homem é uma ilha completa em si mesma; todo homem é um
pedaço do continente, uma parte do todo. Se um torrão for lavado pelo mar, a Europa
fica menor.
Com essa incursão inicial, podemos concluir que “viver em sociedade” é um
dado histórico – uma vez que as sociedades aperfeiçoam suas formas de agrupamento
social – e, acima de tudo, humano. O ser humano, comparado a outras espécies de
animais, não possui presas, garras, nem asas ou pelos; ou seja, está vulnerável e
desprotegido. Por isso, o grupo significa a potência do indivíduo frente as ameaças da
natureza.
Pensar sociologicamente, então, tem um potencial para promover a solidariedade
entre nós, uma solidariedade fundada em compreensão e respeito mútuos, em resistência
conjunta ao sofrimento e em partilhada condenação das crueldades que o causam. O
pressuposto fundamental das ciências sociais reside em um dos seus princípios mais
caros: de que todo o conhecimento é produzido socialmente. Nada com relação ao
estudo da sociedade pode resultar em uma fonte extra-humana; por isso, para conhecer
qualquer forma de pensamento, de qualquer indivíduo e qualquer época, torna-se
fundamental compreender o contexto social vivido.
Pensar em conhecimento como uma produção social não implica reduzir as
escolhas individuais aos condicionamentos sociais. Como diria Bourdieu, em sua obra
“Coisas ditas”:
O mal da sociologia é que ela descobre o arbitrário, a contingencia, ali onde as
pessoas gostam de ver a necessidade ou a natureza, e que descreve a necessidade, a
coação social, ali onde se gostaria de ver a escolha, o livre-arbítrio.

Alienação: para Karl Marx o trabalhador se separa do objeto que ajudou a


fabricar. Esse objeto se transforma em mercadoria e no mercado passa a dominar o
trabalhador.
Conjunto das ciências sociais: Antropologia, ciência política e sociologia.
A evolução do gênero humano ocorre numa intima relação com o coletivo e
consequentemente, com o social. Coletividade é algo próprio da natureza de muitos
animais, porém sociabilidade – enquanto significação e conveniência das normas
grupais estabelecidas – é próprio da cultura humana.
O fato é que o ser humano não nasce social, mas se torna socializável por meio
de um processo de interação com outros indivíduos já socializados.
Surgimento da sociologia
A revolução industrial, iniciada por volta de 1750, desempenhou um papel vital
para o desenvolvimento de uma nova estrutura econômica capitalista: a intensa
acumulação de capital e as profundas transformações nas formas de produção
significaram o advento da indústria e da produção em série. Com a introdução das
máquinas a vapor, o artesão medieval perdeu seu espaço, tendo que se adaptar as novas
formas de divisão e organização da produção.
As condições degradantes do trabalho chegaram ao seu ápice no século 19: com
jornadas de trabalho de 14 a 16 horas, sem nenhum direito trabalhista (descanso
remunerado, férias, aposentadorias, etc.) ou limite de idade para trabalhar – uma vez
que as crianças cumpriam a mesma jornada que os adultos -, a classe operária estava
exposta a péssima condições de segurança e saneamento básico:
As consequências da rápida industrialização e urbanização levadas a cabo pelo
sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas: aumento assustador da
prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade, da violência,
de surtos de epidemia de tifo e cólera que dizimaram parte da população.
Divisão das ciências sociais
O processo de produção do conhecimento sociológico, enquanto área autônoma,
tem início a partir do século XIX. Inicialmente, com Comte, Durkheim, Weber e Marx,
os esforços convergiram para a criação da sociologia, como ciência dos fatos sociais.
No entanto, com o avanço das descobertas e pesquisas, e também por conta do
aprimoramento de uma metodologia própria para a pesquisa social, houve a necessidade
de dividir e sistematizar o conhecimento sociológico em diversas áreas ou ciências
especificas. Esse conjunto de áreas autônomas, voltadas para o conhecimento da
realidade social, ganhou o nome de ciências sociais.
O desenvolvimento de cada um deles não ocorreu de forma igual e dependeu –
como qualquer outro tipo de conhecimento – do contexto social no qual emergiu. No
entanto, só a profissão de sociólogo é reconhecida pelo estado brasileiro, ou seja,
segundo o decreto nº 89531, de 5 de abril de 1984, que regulamenta exercício da
profissão de sociólogo, todo antropólogo, cientista político e sociólogo é enquadrado
profissionalmente apenas como sociólogo.
Antropologia
Estuda as semelhanças e diferenças culturais entre os diversos agrupamentos
humanos, bem como a origem e a evolução das culturas. Ou seja, se por um lado, a
antropologia busca compreender como os seres humanos – em suas respectivas culturas
– podem levar vidas tão diferentes umas das outras, por outro lado, no entanto, também
tem como objeto de pesquisa, para além da diversidade cultural, compreender aquele
ponto comum que liga indivíduos de culturas totalmente distintas: condição humana.
Inicialmente, no início do século XIX, a antropologia se dedicou a pesquisar a
natureza e a estrutura de sociedades tradicionalmente consideradas como “primitivas”
ou “selvagens”. Um dos pioneiros dessa área foi Lewis Henry Morgan, antropólogo
norte-americano que, em sua obra descrevia uma trajetória da humanidade do mais
simples e irracional ao mais complexo e racional, compreendida em três fases distintas:
a selvageria, a barbárie e a civilização.
No entanto, essa abordagem mostrou-se problemática, justamente por
caracterizar algumas culturas como “primitivas” e “bárbaras”, a partir de referências
típicas da sociedade europeia considerada como civilizada.
O antropólogo Franz Boas inaugurou uma linha de pensamento que criticou
duramente o evolucionismo cultural – tese que futuramente ficaria conhecida como
“relativismo cultural”. Segundo Boas, pelo fato de as culturas serem diferentes umas das
outras, uma determinada sociedade só pode ser avaliada a partir dos próprios critérios
culturais, para o autor, essa seria uma forma de romper com as classificações
hierárquicas, e também de validar o conceito de cultura numa vertente de crítica ao
etnocentrismo.
Na realidade, a sociedade e o indivíduo não são antagonistas. A cultura fornece a
matéria prima com a qual o indivíduo faz a sua vida. Se ela é escassa, o indivíduo fica
em desvantagem; se ela é rica, o indivíduo tem a possibilidade de se mostrar à altura de
sua oportunidade. Todos os interesses particulares dos homens e das mulheres
beneficiam-se do enriquecimento da bagagem tradicional de sua civilização.
Um desses representantes da antropologia no século XX foi o polonês Bronislaw
Malinowski que, na década de 1910, pesquisou as relações de parentesco presentes nas
sociedades nativas das ilhas Trobriand (um conjunto de ilhas próximo a Papua-Nova
Guiné). Em sua pesquisa, constatou que, diferentemente dos padrões de parentesco das
sociedades ocidentais, o elemento principal de linhagem familiar de tais agrupamentos
não era o do pai, mas o da mãe.
Outro representante fundamental da antropologia no século XX foi francês Levi-
Strauss. Em seu texto “raça e história”, o autor aborda a questão do relativismo cultural
e afirma que os conceitos de interpretação e diversidade divergem de cultura para
cultura. Para ilustrar essa questão, compara a cultura a um trem: cada uma tem uma
direção e um destino. Logo, assim como os trens não caminham todos na mesma
direção, as culturas também possuem maneiras diferentes de interpretar o mundo.
Os antropólogos Marvin Harris e Julian Steward resgataram os pressupostos
evolucionistas, mas longe de replicarem um evolucionismo social, prefeririam pensar na
evolução das sociedades nos termos de uma dialética marxista. Afirmavam, por sua vez,
que o relativismo defendido por Franz Boas não permitia uma visão global e total das
sociedades humanas.
Somente com Maquiavel a política ganhou o status de autônoma, podendo ser
estudada como área separada de qualquer limitação moral ou religiosa. O interesse não
está em descrever a prática do governante como resultado de uma moral religiosa, mas
compreender a prática política a partir daquilo que ela representa: a administração do
poder soberano.
A ciência política ocupa-se em pesquisar as formas de poder na sociedade, bem
como a formação e o desenvolvimento das diferenças maneiras de governo. Um dos
temas de maior destaque na ciência política diz respeito a noção de liberdade e
representatividade política que está diretamente vinculada ao processo de formação e
abstração do estado em sua dimensão racional-legal. Três questões apresentam-se como
fundamentais: soberania, despersonalização do poder e despatrimonializaçaõ do poder.
Soberania
Maquiavel em “O príncipe”, tem lugar especial nesse processo justamente por
tentado distinguir o exercício da soberania do governante como característica
especificamente estratégica e política, desligada, por sua vez, de qualquer moralidade.
Bodin tenta apresentar uma ideia de soberania impessoal e desvinculada da
figura do governante. O esforço de Bodin não poderia ser outro: o de tentar determinar o
que de fato é um estado. Para Bodin, as sociedades politicas se formam pela associação
e o justo governo de famílias baseado na ideia de existência de algo público e
impessoal, capaz de erguer-se contra o particularismo dos interesses privados e unir as
partes em vista dos interesses comuns. Isso quer dizer que o caráter absoluto da
soberania não justifica o absolutismo despótico do monarca.
Essa noção de soberania também aparece em Hobbes, mas de uma forma mais
completa: não basta despersonalizar a ideia de soberania; na realidade deve-se criar uma
pessoa artificial, representativa e despersonalizada, para quem, após a formalização do
pacto social, todos os indivíduos concordam entre si em transferir o direito de se
autogovernarem.
Com isso, detém a soberania aquele que for o portador dessa pessoa
representativa, constituindo o estado ou republica, como a multidão unida numa só
pessoa criada artificialmente.
Despersonalização do poder
Para perceber historicamente o processo de despersonalização deve-se voltar aos
estados absolutistas e entender duas temáticas: o fundamento da legitimidade dinástica
do rei; a legitimidade da propriedade dos bens e direitos reais. As duas podem ser
resolvidas de modo semelhante, por meio da distinção entre rei e coroa.
Isso quer dizer que na França – como também foi possível observar na Inglaterra
optou se pela ideia de que a legitimidade da sucessão dinástica e o fundamento do
patrimônio real não se encontram reduzidos a livre escolha do rei, mas pertencem as leis
e aos costumes do reino, justamente porque a Coroa não é uma posse exclusiva do rei,
mas um símbolo que unifica, de modo impessoal, no corpo político, os súditos, o
território e o próprio rei.
Uma coisa quase sagrada é uma coisa fiscal, que não poder prescindida ou
vendida ou transferida para outra pessoa pelo príncipe ou rei em exercício; e essas
coisas fazem da Coroa o que ela é, e dizem respeito ao bem comum, tais como a paz e a
justiça.
Despatrimonializaçaõ do poder
No caso de finanças públicas, apesar das diferenças existentes entre as
monarquias francesa e inglesa, a despatrimonializaçaõ do poder se refere ao processo
pelo qual as rendas da Coroa vão deixando de ser efetivamente senhoriais e de caráter
excepcional, para se tornarem cada vez mais públicas e formalizadas, voltadas
principalmente para o custeio das despesas reais.

Sociologia
Surgiu justamente desse processo de desagregação do mundo feudal e
consolidação do capitalismo, com o objetivo de compreender as transformações sociais,
políticas, econômicas e culturais que ocorreram nas sociedades ocidentais entre os
séculos XVIII e XIX. A delimitação do campo metodológico da sociologia vem com
profundas crise da economia burguesa clássica, nas quais se manifesta claramente a
base social da sociologia: de um lado, a dissolução da escola do liberalismo clássico na
Inglaterra (David Ricardo), principalmente quando se começava a extrair da teoria do
valor-trabalho os critérios da crítica marxista; de outro, a dissolução do socialismo
utópico na França, que se iniciou com as primeiras tentativas de superação por meio do
socialismo, que Saint-Simon não tiveram o cuidado de procurar.
A sociologia mantem a pretensão de ser uma ciência universal da sociedade, fato
esse que os levou a buscar seus fundamentos não na economia, mas nas ciências
naturais. Contudo, por conta justamente da vinculação a ideia de progresso, a sociologia
não conseguiu manter-se durante muito tempo como ciência universal. A
fundamentação cientifico-cultural, e principalmente, a biológica, não demorou para ser
enfraquecida.
Enfim, a sociologia dedica-se a entender como a sociedade está estruturada no
que diz respeito a produção e distribuição de bens e ao modo como esse processo
implica concentração de poder. Além do mais, volta-se também a análise das relações
de produção e do modo como elas resultam na formação das classes sociais. Também se
dedica a estudar a natureza das instituições sociais (família, igreja, estado) e o modo
como elas influenciam o processo de socialização
Métodos de investigação nas ciências sociais
Advindo da revolução industrial se manteve uma desigualdade econômica e
social, que resultou na formalização das novas classes sociais (burgueses e proletários) e
um novo modo de produção (capitalismo). Esse contexto foi amplamente questionado
por intelectuais, movimentos sociais e trabalhadores de diferentes setores da sociedade.
Essa insatisfação generalizada por conta da crescente desigualdade social, bem como
pela motivação em supera-la a partir de soluções racionais – foi o que levou ao
desenvolvimento das ciências sociais.
Comte foi o primeiro autor a definir a sociologia como uma ciência que busca
compreender as permanências e mudanças presentes nas mais diversas sociedades,
comparando-as umas as outras. no entanto, os métodos especificamente traçados para a
pesquisa sociológica surgiram a partir de Durkheim, Weber e Marx
Vertentes metodológicas das ciências sociais
Método comparativo-funcionalista
Esse método compreende uma adaptação do método experimental das ciências
da natureza para as ciências sociais. Nessa análise, o método sociológico é organizado
em duas partes: primeiramente, observa os fenômenos particulares de uma sociedade,
levando em consideração que podem ser pesquisados; depois, por meio de comparações,
confronta os diferentes sistemas sociais, classificando-os de acordo com seu nível de
complexidade.
Método compreensivo
Diferentemente de Durkheim que encarava os fenômenos sociais como coisas
objetivas e externas, passiveis de serem observadas -, Weber afirmava que o fenômeno
social depende dos valores subjetivos interiorizados pelos sujeitos. Mais do que
identificar a objetividade do fenômeno, Weber está preocupado em analisar os possíveis
sentidos e significados que os homens atribuem as suas ações em diferentes culturas.
Materialismo histórico e dialético
Marx, para ela, não é importante procurar a objetividade ou subjetividade dos
fenômenos sociais, mas as contradições existentes entre relações materiais de produção
e as subjetividades manipuladas.
Unidade 2
Mandeville e “A fábula das abelhas”
O núcleo fundamental da mensagem da obra já havia sido publicado
anonimamente pela primeira vez em 1705, com o poema intitulado A colmeia
descontente: ou os malandros que se tornaram honestos. No entanto, somente em 1714 a
obra ganhou a sua versão fundamental, publicada também de forma anônima – sob o
título A fabula das abelhas. Todos esses textos reunidos formaram a edição definitiva
em 1732.
A ideia da utilidade pública do vício, proposta por Mandeville, causou uma
grande agitação na sociedade de sua época, pois em meio ao caráter contraditório e
convencional da moral e dos bons costumes, descreveu como a desonestidade e o
egoísmo podem elevar a prosperidade econômica do coletivo. Se, por um lado, o autor
apresenta a imagem moral dos indivíduos (comerciante, advogados, médicos, ministros
de culto, etc.), por outro lado, argumenta o quanto toda essa perversidade é necessária
para o benefício público.
O poema como se tratava de uma colmeia descontente, aquelas abelhas
hipócritas que não gostam de ver seus vícios misturados à prosperidade coletiva
passaram a reclamar da situação moral da coletividade e exigir dos deuses o desejo pela
moralidade e honestidade. Por se tornarem justas individualmente, os benefícios
coletivos diminuem de maneira gradativa: à medida que a desonestidade desaparecia, o
luxo e a riqueza também cessavam. Sem o comércio do supérfluo, os artesãos não
tinham mais para quem fabricar seus itens luxuosos, fazendo com que também os
mercadores fossem atrás de outros mercados.
Conexões de A fábula das abelhas com a origem das ciências sociais
A obra de Mendeville permaneceu como inspiração filosófica do liberalismo
clássico nascente. O liberalismo pode ser entendido de três formas.
1. O liberalismo político: se constitui contra o absolutismo real e buscou nas
teorias contratualistas a legitimação do poder, que não mais se fundava no
direito divino dos reis nem na tradição e herança, mas no consentimento dos
cidadãos. Decorreu dessa maneira de pensar o aperfeiçoamento das instituições
do voto e da representação, a autonomia dos poderes e a limitação do poder
central.
2. O liberalismo ético: supõe o prevalecimento do estado de direito, que rejeita o
arbítrio, as prisões sem culpa formada, a tortura e estimula as tolerâncias para
com as crenças religiosas; para tanto, defende os direitos individuais, como
liberdade de pensamento, expressão e religião.
3. O liberalismo econômico se opõe inicialmente a intervenção do poder do rei nos
negócios, que se exercia por meio de procedimentos típicos da economia
mercantilista, tais como a concessão de monopólios e privilégios.
O fio condutor da obra de Mendeville é a tese da autonomia econômica, ou seja, de
que as relações econômicas não devem ser reguladas pela moralidade ou por qualquer
outra instancia limitadora. O problema de fundo contido na fábula gira em torno da
ideia de que a sociabilidade (político-econômica) não se organiza, necessariamente, a
partir de uam estrutura moral. Pelo fato de a moralidade não ser algo naturalmente dado,
pode-se afirma-la justamente como um produto da história e uma conquista do
esclarecimento. Isto é, o pensamento liberal é individual e naturalista.
A moral de Mendeville se encontra justamente na inversão dos valores morais
tradicionais: aquilo que é considerado mal e nocivo apresenta-se como o princípio
fundamental da nova vida social capitalista. Contudo, deve-se notar que por “sociedade
comercial” não compreendemos o âmbito da produção industrial, mas sim o da
liberdade do consumo. Logo, Mandeville não é identificado como um defensor do
capitalismo, mas como idealizador da ideia de autonomia de mercado, cuja virtude
passa a ser fundamentada pelo conceito de “utilidade”.
Quando ninguém pretende alterar entre os valores que os homens possuem só assim
os homens podem desfrutar de um ambiente harmônico.
A ideologia das revoluções do século XVIII pretendia substituir as relações para um
plano atomizado do individuo.
Adam Smith e o liberalismo econômico
O pensamento econômico clássico de Adam Smith não somente recebeu
influencias do liberalismo de Mendeville, como também exerceu influencias como o
evolucionismo de Darwin. O fundamento natural da economia pode ser facilmente
encontrado no seu próprio funcionamento: a ação econômica, depende das ações
egoístas dos indivíduos dispersos e heterogêneos. Sem esse pressuposto não existiria a
lei da oferta e da procura.
A divisão do trabalho
Smith constata em sua obra “A riqueza das nações”, um aspecto fundamental
defendido pelo fordismo-taylorismo no século XX: dividir as demandas para produzir
com mais eficiência. O aperfeiçoamento da mão de obra acontece quando o trabalhador
desempenha uma única função melhorar cada vez mais seus métodos. O aumento da
produção foi ampliado com a utilização de maquinas adequadas.
A riqueza das nações
O trabalho foi o primeiro preço, o dinheiro se compra original que foi pago por
todas as coisas. Não foi por ouro ou por prata, mas pelo trabalho, que foi originalmente
comprada toda a riqueza do mundo; e o valor dessa riqueza, para aqueles que a
possuem, e desejam trocá-la por novos produtos
Duas teses básicas no pensamento de Smith
 O trabalho está na base da produção da riqueza de uma nação, ou seja, passa a
determinar o preço das mercadorias.
 A coesão social não decorre de um pacto, mas de uma harmonia não intencional
de interesses individuais
Tocqueville e as contradições do igualitarismo
Com a queda dos girondinos, essa época foi marcada pela aplicação de varias sanções
antidemocráticas: garantias civis foram suspensas e o governo revolucionário,
controlado pelo partido jacobino, perseguiu e assassinou seus adversários.
Tocqueville procurou conciliar os conceitos de igualdade e liberdade. Apesar da
igualdade gerar no homem o amor pela independência, ela também abre espaço para o
anarquismo, para Tocqueville não é um mal maior, pois antes de se preocupar com o
anarquismo que é algo explicito, seria mais urgente tomar cuidado com o desejo da
independência que leva à servidão.
A centralização do poder nas democracias modernas: a ideia de poderes
intermediários entre o soberano e o povo é algo próprio de sistemas aristocráticos que
tendem a nutrir privilégios de seus familiares. No caso da democracia, ela percorre um
caminho que tende a eliminar esses intermediários; porem, por conta da igualdade,
aproxima-se muito mais de uma perspectiva afeita a centralização do poder. A
democracia volta-se para a tarefa de igualar os homens num só e mesmo povo. Cada
cidadão perde-se na multidão e nação percebe mais nada senão a imagem magnifica do
próprio povo.
O desejo de bem-estar e o temor pela desordem levam os povos democráticos a
cada vez mais aumentar as atribuições do governo central e sacrificar seus direitos em
prol da tranquilidade do todo. A vida democrática impõe ao indivíduo um ativismo
frenético, então eles repassam esse cuidado para uma representatividade visível e
permanente.
Apesar dessa tendência a centralização de poder, o modo como isso acontece
não é o mesmo para todos. Depende das circunstâncias particulares que podem
desenvolver ou barrar os efeitos naturais. para um povo em que a liberdade está
vinculada a interesses particulares, o estado de igualdade é mais difícil de ser
conquistado do que as nações que nunca foram livres.
Nações que conquistaram a igualdade por meio de revoluções violentas
mostram-se a necessidade de um estado centralizar na ausência de lideranças locais para
que possam reorganizar a sociedade.
A centralização do poder não se entende o despotismo do soberano. O estado
não deve anteceder o povo, mas deve emanar do povo.
Assim o governo ama o que amam os cidadãos, e odeia os que eles odeiam. Essa
comunidade de sentimentos une cada indivíduo e o soberano e estabelece uma simpatia
secreta e permanente. Paradoxalmente, os povos democráticos odeiam os depositários
do poder central, mas sempre amam esse poder por ele mesmo.
Toda essa transferência democrática do poder para o soberano cria um contexto
sociopolítico especifico, no qual o soberano deve atentar as necessidades individuais
dos cidadãos. Até a religião tenderá a ser uma preocupação do estado. Inversamente, na
aristocracia essa preocupação apenas concernia os cidadãos que apresentassem questões
de interesse nacional
Essa intervenção dada no âmbito econômico: o soberano penetra nas fortunas
privadas. Faz-se seu intendente e seu tesoureiro. No âmbito jurídico a tendência é
reduzir a jurisdição dos tribunais sem controle e apelação.
Pelo fato de estar em constantes situações novas e delicadas, Tocqueville
considera a classe industrial a que mais precisa de maior atenção do estado.
Um novo tipo de despotismo próprio dos governos democráticos que antes
nunca havia sido testemunhado tem cativado várias pessoas. Para ele, nem mesmo o
império romano houve tamanha soberania e controle administrativo das questões
ordinárias e individuais. “Não esmaga as vontades, mas as enfraquece; raramente força
a agir, mas constantemente opõe resistência a ação; nunca destrói, mas impede de
nascer”. Espécie de comodismo pois os cidadãos acreditam que pelo fato de escolher
seus tutores, conquistariam automaticamente a liberdade. Essa representatividade induz
a faculdade de pensar, de sentir e de agir por conta própria.
Apesar disso, a solução dos desequilíbrios democráticos não se encontra ao
resgate da aristocracia. A solução pode se encontrar em algumas práticas democráticas
como é o caso da sociedade americana

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