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2006-SILVA - RG-Incentivos Governamentais para Promocao Da SST-Tese
2006-SILVA - RG-Incentivos Governamentais para Promocao Da SST-Tese
São Paulo
2006
Incentivos governamentais para promoção da segurança e
saúde no trabalho: estudo nas companhias de terminais
marítimos para granéis líquidos
São Paulo
2006
É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na forma
impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que a reprodução
figure a identificação do autor, instituição e ano da tese.
DEDICATÓRIA
À Profa Titular Frida Marina Fischer pelo apoio na escolha do tema, pela orientação
cordial e segura, e por toda atenção despendida desde o início na pós-graduação.
Aos Professores Ana Cristina Limongi França, Antonio Carlos Rossin, Luis Enrique
Sánchez, Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas e Ricardo Metzner pelas sugestões de
melhoria da minuta de tese na ocasião da pré-banca.
Aos Professores Ana Cristina Limongi França e Renato Rocha Lieber pelas
sugestões e críticas proferidas no Exame de Qualificação.
À minha esposa Claudia Carla Gronchi pelo constante apoio, paciência e amor no
acompanhamento do desenvolvimento da pesquisa.
RESUMO
Introdução – A regulamentação e a fiscalização da segurança e saúde no trabalho
[SST] têm sido os principais instrumentos de Estado para promover a melhoria dos
ambientes e condições de trabalho. Nesta tese, argumenta-se que a combinação
desses instrumentos com o uso de incentivos governamentais pode ser mais eficaz
para promover tal melhoria. Neste contexto, a questão que direcionou a pesquisa foi:
“Quais incentivos governamentais, se implementados, seriam os mais promissores
para influenciar a alta administração das organizações na melhoria do desempenho
da segurança e saúde no trabalho?”. Na busca de respostas, foram entrevistados
membros da alta administração de companhias que operam terminais marítimos para
granéis líquidos. Objetivo - Explorar possibilidades no uso de incentivos
governamentais para promoção da segurança e saúde no trabalho. Metodologia -
Foram entrevistados membros da alta administração de cinco companhias, os quais
representam onze terminais em operação no país. Utilizou-se um questionário
contendo quarenta e três questões que permitiu coletar informações sobre seis tipos
de incentivos, quais sejam: a flexibilização das alíquotas de recolhimento do seguro
acidente do trabalho, a flexibilização da freqüência das fiscalizações programadas
dos ambientes e condições de trabalho, o reconhecimento público em SST, a
publicidade negativa em SST, a publicidade de dados comparativos do desempenho
da SST entre organizações do mesmo segmento e o estabelecimento de requisitos de
SST nas licitações públicas. Resultados e conclusão - Os seis tipos de incentivos
estudados têm potencial para exercerem influência nas decisões de membros da alta
administração dos terminais, com exceção do incentivo na forma de estabelecimento
de requisitos de SST nas licitações públicas, pois tais terminais não possuem relações
comerciais com o governo. Os incentivos na forma de flexibilização das alíquotas de
recolhimento do seguro acidente do trabalho e na forma de flexibilização da
freqüência das fiscalizações dos ambientes e condições de trabalho foram apontados
como os mais promissores para promoverem a melhoria do desempenho da
segurança e saúde no trabalho.
ABSTRACT
Introduction. Occupational health and safety [OHS] regulations and inspections are
the main instruments of government used to promote the improvement of working
environments and conditions of work. In this thesis it is argued that the combination
of these instruments with government incentives is likely to be more effective in
improving the OHS performance of companies. In this context, the research question
addressed was: "Which government incentives, if implemented, would be most
effective in influencing senior managers to promote the improvement of occupational
health and safety performance?". This was assessed through interviews with senior
managers of bulk liquid terminal companies operating in Brazil. Objective. To
explore the possibility of using government incentives to promote improvement of
occupational health and safety performance. Methodology. Interviews were held
with senior managers of five companies, representing eleven terminals in the
country. A forty-three-point questionnaire was used to collect data on the likely
effect of six potential incentives. These six incentives were flexibility on premium
rates for occupational accident insurance, flexibility on the frequency of programmed
health and safety inspections, public recognition of OHS, negative publicity on OHS,
comparison of OHS performance between companies in the same business sector,
and the establishment of OHS requirements for public procurement. Results and
conclusion. The incentives studied were all found to have the potential to influence
the decisions of senior management. However, one of the incentives, the
establishment of OHS requirements for public procurement, was not found to be
suitable to the particular group of companies that the fieldwork focused on. This is
because bulk liquid terminals do not have commercial relationships with the
Brazilian government. Two incentives were found to have particular potential to
promote improvement of OHS performance. The first was to allow for flexibility on
premium rates for occupational accident insurance. The second was to allow for
flexibility on the frequency of programmed health and safety inspections.
Nº Título Página
1 Descrições dos estágios e dos fatores requeridos para mudança de 25
comportamento, baseados no Precaution Adoption Process Model
2 Características gerais dos prêmios na área de SST 98
3 Resumo das principais características, vantagens e limitações por tipo 117
de incentivo analisado
4 Identificação do cargo dos entrevistados 141
5 Respostas dos entrevistados para a questão 2 142
6 Respostas dos entrevistados para a questão 3 142
7 Respostas dos entrevistados para a questão 4 143
8 Respostas dos entrevistados para a questão 5 143
9 Respostas dos entrevistados para a questão 6 144
10 Respostas dos entrevistados para a questão 7a 145
11 Respostas dos entrevistados para a questão 7b 146
12 Respostas dos entrevistados para a questão 8 146
13 Respostas dos entrevistados para a questão 9 147
14 Respostas dos entrevistados para a questão 10a 147
15 Respostas dos entrevistados para a questão 10b 148
16 Respostas dos entrevistados para a questão 11 148
17 Respostas dos entrevistados para a questão 12 149
18 Respostas dos entrevistados para a questão 13 149
19 Respostas dos entrevistados para a questão 14 150
20 Respostas dos entrevistados para a questão 15 150-1
21 Respostas dos entrevistados para a questão 16 152
22 Respostas dos entrevistados para a questão 17 153
23 Respostas dos entrevistados para a questão 18 154
24 Respostas dos entrevistados para a questão 19 154
25 Respostas dos entrevistados para a questão 20 155
26 Respostas dos entrevistados para a questão 21 155
27 Respostas dos entrevistados para a questão 22 156
28 Respostas dos entrevistados para a questão 23 156
29 Respostas dos entrevistados para a questão 24 157
30 Respostas dos entrevistados para a questão 25 158
31 Respostas dos entrevistados para a questão 26 158
32 Respostas dos entrevistados para a questão 27 159
33 Respostas dos entrevistados para a questão 28 160
34 Respostas dos entrevistados para a questão 29 161
35 Respostas dos entrevistados para a questão 30 161
36 Respostas dos entrevistados para a questão 31 162
37 Respostas dos entrevistados para a questão 32 163
38 Respostas dos entrevistados para a questão 33 164
39 Respostas dos entrevistados para a questão 34 164
40 Respostas dos entrevistados para a questão 35 165
41 Respostas dos entrevistados para a questão 36 165
42 Respostas dos entrevistados para a questão 37 166
43 Respostas dos entrevistados para a questão 38 166
44 Respostas dos entrevistados para a questão 39 167
45 Respostas dos entrevistados para a questão 40 168
46 Respostas dos entrevistados para a questão 41 169
47 Respostas dos entrevistados para a questão 42 170
48 Respostas dos entrevistados para a questão 43 171
49 Pontuação e ordem de preferência atribuídas pelos entrevistados por tipo de 180
reconhecimento público
50 Pontuação e classificação atribuídas pelos entrevistados por tipo de requisito 188
de SST para uso em licitação pública
51 Pontuação e ordem de influência atribuídas aos incentivos 193
LISTA DE FIGURAS
Nº Título Página
1 Fatores que influenciam a alta administração da organização na promoção 14
da melhoria da SST
2 Vista aérea da distribuição dos tanques de dois terminais marítimos para 138
granéis líquidos, localizados na região da Baixada Santista, Estado de São
Paulo – Brasil
3 Vista aérea do píer e de alguns terminais marítimos para granéis líquidos, 139
localizados na região da Baixada Santista, Estado de São Paulo – Brasil
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ___________________________________________________ 11
1.1 O tema da pesquisa ____________________________________________ 11
1.2 O problema da pesquisa_________________________________________ 14
1.3 A hipótese de trabalho __________________________________________ 18
1.4 Objetivos da pesquisa __________________________________________ 19
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS _______________________________________ 20
2.1 A alta administração das organizações como um dos elementos chave para
melhoria da SST__________________________________________________ 21
2.2 Regulamentação e fiscalização para promoção da melhoria da SST_______ 26
2.2.1 Regulamentação da SST _____________________________________ 27
2.2.2 Fiscalização da SST ________________________________________ 38
2.3 Além da regulamentação e fiscalização para promover a melhoria da SST _ 46
2.3.1 Benefícios fiscais e subsídios _________________________________ 49
2.3.2 Educação e instrução _______________________________________ 52
2.4 Iniciativas voluntárias para melhoria da SST ________________________ 56
2.4.1 Sistemas de gestão da SST ___________________________________ 58
2.4.2 Iniciativas de responsabilidade social empresarial _________________ 70
2.5 Incentivos para promoção da SST _________________________________ 79
2.5.1 Flexibilização das alíquotas de recolhimento do seguro acidente do
trabalho [SAT] _________________________________________________ 82
2.5.2 Flexibilização da freqüência das fiscalizações programadas dos ambientes
e condições de trabalho __________________________________________ 92
2.5.3 Reconhecimento público em SST______________________________ 97
2.5.4 Publicidade negativa em SST ________________________________ 103
2.5.5 Publicidade de dados comparativos do desempenho da SST entre
organizações do mesmo segmento_________________________________ 107
2.5.6 Estabelecimento de requisitos de SST nas licitações públicas _______ 112
2.5.7 Resumo das principais características, vantagens e limitações dos
incentivos ____________________________________________________ 116
3 METODOLOGIA ________________________________________________ 120
3.1 Pesquisa Bibliográfica _________________________________________ 120
3.2 Escopo da pesquisa ___________________________________________ 121
3.3 Escolha do ramo de atividade para realização da pesquisa de campo _____ 122
3.4 Critérios de inclusão e de exclusão das organizações pesquisadas _______ 123
3.5 Classificação e fundamentos da metodologia de pesquisa _____________ 124
3.6 Variáveis selecionadas _________________________________________ 125
3.7 Elaboração e adaptação dos instrumentos de coleta de dados ___________ 130
3.8 Coleta dos dados nos terminais participantes da pesquisa______________ 133
4 RESULTADOS __________________________________________________ 136
4.1 Caracterização da atividade dos terminais marítimos para granéis líquidos 136
4.2 Dados coletados em campo _____________________________________ 141
4.2.1 Dados gerais _____________________________________________ 141
4.2.2 Motivadores para melhoria da SST ___________________________ 144
4.2.3 Iniciativa voluntária em SST ________________________________ 146
4.2.4 Incentivo via flexibilização da freqüência das fiscalizações ________ 149
4.2.5 Incentivo via reconhecimento público em SST __________________ 153
4.2.6 Incentivo via publicidade negativa em SST _____________________ 156
4.2.7 Incentivo via publicidade de dados comparativos dos desempenhos __ 159
4.2.8 Incentivo via estabelecimento de requisitos de SST nas licitações públicas
____________________________________________________________ 163
4.2.9 Incentivo via seguro acidente do trabalho ______________________ 165
4.2.10 Ordem de influência dos incentivos __________________________ 170
4.2.11 Conselhos dos entrevistados ________________________________ 171
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ___________________________________ 172
5.1 Dados gerais [questões 1 a 5] ___________________________________ 172
5.2 Motivadores para melhoria da SST [questões 6 e 7] __________________ 173
5.3 Iniciativa voluntária em SST [Questões 8 a 11] _____________________ 175
5.4 Incentivo via flexibilização da freqüência das fiscalizações [Questões 12 a 16]
______________________________________________________________ 177
5.5 Incentivo via reconhecimento público em SST [Questões 17 a 21] ______ 179
5.6 Incentivo via publicidade negativa em SST [Questões 22 a 26] _________ 182
5.7 Incentivo via publicidade de dados comparativos dos desempenhos [Questões
27 a 31] _______________________________________________________ 184
5.8 Incentivo via estabelecimento de requisitos de SST nas licitações públicas
[Questões 32 a 35] _______________________________________________ 187
5.9 Incentivo via seguro acidente do trabalho [Questões 36 a 41] __________ 189
5.10 Ordem de influência dos incentivos [Questão 42]___________________ 193
5.11 Conselhos dos entrevistados [Questão 43] ________________________ 199
6 CONCLUSÕES __________________________________________________ 202
7 REFERÊNCIAS__________________________________________________ 205
ANEXOS
Anexo 1 - Formulário de perguntas para entrevista______________________ 219
Anexo 2 - Ofício enviado à Associação Brasileira de Terminais Líquidos____ 228
Anexo 3 - Termo de consentimento livre e esclarecido___________________ 230
11
1 INTRODUÇÃO
1
Estratégia designa o conjunto de critérios de decisão escolhidos pelos governantes para orientar de
forma determinante e durável as ações e a configuração do aparelho de Estado.
2
O termo alta administração, utilizado como sinônimo de direção, compreende os dirigentes que
compartilham a responsabilidade pelo desempenho da organização (FNQ 2005).
12
Segundo o National Center for Environmental Economics (NCEE, 2001, p.iii), o uso
de incentivos governamentais para promover a melhoria do desempenho ambiental
das organizações3 oferece a oportunidade de cobrir lacunas deixadas pela forma
tradicional de regulamentação, e também a possibilidade de estimular melhorias
tecnológicas e inovações de maneira muito mais eficaz que a regulamentação
convencional. Além disto, os incentivos podem fazer com que as organizações
alcancem resultados em nível além do exigido pela regulamentação, e numa
condição de melhor custo-benefício para o Estado.
3
O termo organização é empregado nesta tese para caracterizar qualquer companhia, corporação,
firma, empresa, instituição ou associação, ou parte dela, incorporada ou não, de natureza privada, que
tem funções e estrutura administrativa próprias (adaptado do BSI, 1999).
4
Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho é parte do sistema de gestão global que facilita o
gerenciamento dos riscos de SST associados aos negócios da organização. Isto inclui a estrutura
organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e
recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política de SST da
organização. (BSI, 1999, p.15)
5
Gerenciamento de riscos compreende a aplicação sistemática de métodos, procedimentos ou práticas
para a identificação, análise, avaliação, controle e monitoramento dos riscos (baseado no BSI, 2000).
13
O alcance desse ponto de equilíbrio nem sempre ocorre, o que provoca o descaso do
público-alvo em relação ao incentivo proposto ou a suspensão da iniciativa pelo
governo em curto prazo. Em geral, o que mais se observa é a implantação de
incentivos que falham em influenciarem o público-alvo, pelo fato de serem
percebidos como pouco estimulante quando confrontados com a contrapartida
exigida.
O Brasil começa a explorar o uso de incentivo para promoção da SST7, por meio do
Ministério da Previdência Social, com a proposta de flexibilização das alíquotas de
contribuição destinadas ao financiamento dos benefícios de aposentadoria especial
ou daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa
decorrente dos riscos ambientais do trabalho.
Tais alíquotas poderão ser reduzidas em até cinqüenta por cento, ou aumentada em
até cem por cento, conforme os resultados obtidos a partir dos índices de freqüência,
gravidade e custo calculados segundo a metodologia aprovada pelo Conselho
Nacional de Previdência Social.
Enquanto alguns países exploram apenas incentivos por meio do seguro acidente do
trabalho, outros fazem uma combinação de vários tipos de incentivos para
aumentarem a abrangência e obterem um resultado melhor.
6
Certificação é um processo pelo qual um organismo certificador avalia e atesta a conformidade de
um sistema, processo, produto ou serviço com requisitos especificados em uma norma. No caso
específico dos sistemas de gestão da SST, o que ocorre é a emissão de uma “declaração de
conformidade” e não de um certificado, mas o termo certificação tem sido amplamente utilizado por
diversas referências, motivo pelo qual será mantido neste texto.
7
O termo “promoção da SST” compreende o desenvolvimento de um conjunto de iniciativas pela
organização, que conduz a uma melhoria do desempenho da SST, ou que, pelo menos, corrobora para
a manutenção de um desempenho satisfatório já atingido.
14
Para ilustrar a dimensão desse cenário, a figura 1 apresenta diversos fatores que estão
relacionados com a promoção da SST pela alta administração das organizações. Tais
fatores, que não esgotam todas as possibilidades, são de natureza governamental, da
comunidade, de clientes e outras organizações, da pressão interna da própria
organização, e ainda de natureza pessoal.
Esse fórum foi promovido pela National Occupational Health and Safety
Commission [NOHSC] da Austrália, e teve como objetivo a apresentação de
abordagens recentes no uso de incentivos para melhoria da SST, visando a promoção
desse instrumento pelas jurisdições australianas.
No entanto, em paralelo a esse ponto de partida, não se deve perder de vista que
alguns incentivos atuam diretamente nas organizações com baixos desempenhos em
SST, o que pode implicar num impulso tanto para a observação da regulamentação
como também para ir além dela.
8
Indicador de desempenho é compreendido como um dado estatístico ou outra unidade de
informação, qualitativa ou quantitativa, que reflete diretamente ou indiretamente a extensão do
resultado alcançado (baseado em NSW 1998, p.3). Outras informações relacionadas com o termo são
apresentadas nas p. 64, 89 e 110-112.
16
Como não foi identificada uma definição reconhecida de incentivo que atendesse o
delineamento desta pesquisa, foi necessário formular uma definição própria,
conforme segue: incentivo governamental para promoção da SST é uma
iniciativa que explora as diferenças entre os desempenhos organizacionais em
SST, para proporcionar vantagem ou desvantagem ao público-alvo, com o
intuito de estimular a melhoria da SST sem se limitar ao alcance da
conformidade legal.
9
Prêmio é o pagamento feito periodicamente à seguradora para se ter cobertura daquilo que foi
firmado entre as partes.
17
10
Fiscalização programada é uma fiscalização de rotina, que foi planejada segundo as prioridades do
órgão de fiscalização, e que não foi gerada por denúncia de irregularidade ou pela ocorrência de
acidente grave / fatal.
11
O termo “melhores práticas de SST” é entendido como sendo aquelas práticas que, dentre outras,
conduzem a um desempenho superior da SST, contribuindo para promover o processo de melhoria
contínua do sistema.
18
Neste contexto, para viabilizar a realização desta pesquisa foi selecionado um grupo
de empresas do mesmo ramo de atividade, que opera no mesmo tipo de negócio, e
que está sujeito às mesmas políticas e regulamentações do governo federal, dentre
outras características em comum. Assim, a pesquisa de campo foi dirigida ao
segmento de terminais marítimos para granéis líquidos13 que operam no País.
12
O conceito de cadeia produtiva parte da premissa de que a produção de bens pode ser representada
como um sistema, em que os diversos atores estão interconectados por fluxos de materiais, de capital e
de informação, objetivando suprir um mercado consumidor final com os produtos do sistema.
(CASTRO 200?)
13
Terminal marítimo para granéis líquidos é uma empresa com área de tanques de pequeno e médio
porte com flexibilidade para movimentarem os mais variados produtos líquidos, incluindo os
liquefeitos, e foi projetado para o embarque/ desembarque de produtos inflamáveis, corrosivos ou
tóxicos, conforme as características da sua instalação, podendo operar com navios especializados e
caminhões-tanque. (baseado na ABTL, [s.d.])
19
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
TAKALA (1999) estima que a economia perde o equivalente a quatro por cento do
produto interno bruto mundial com esses infortúnios, todavia os danos que incidem
sobre as famílias e sociedades são incalculáveis. As estatísticas de acidentes e
doenças do trabalho não representam a extensão plena da dor e sofrimento que cada
evento traz às vítimas, suas famílias, amigos e colegas. Além disto, por trás do total
de acidentes que ocorrem de um modo geral, existem numerosos distúrbios menores,
os quais, na sua grande maioria, não são registrados pelas organizações. Os números
totais de acidentes que aparecem nas estatísticas oficiais são então a ponta de um
iceberg, tendo como base todos os distúrbios que se encontram encobertos.
DORMAN (2000) aponta que a maior parte dos custos dos acidentes e doenças do
trabalho não é sustentada pelas organizações, mas sim pelos trabalhadores, suas
famílias e comunidade. A partir dessa perspectiva, o autor indica que a lógica
corretiva seria ajustar as políticas para impor o custo social total sobre os
responsáveis pela determinação das condições de trabalho, de modo a impulsionar a
alta administração das organizações na melhoria da SST.
MARGULIS (1996, p.15) aponta três aspectos fundamentais que devem ser
observados pelos governantes na escolha das políticas e dos instrumentos para
melhorar o desempenho ambiental das organizações, mas que também são
pertinentes à melhoria do desempenho da SST, sendo eles:
De forma semelhante, DAVIS (2004, p.23), com base nos estudos de vários
pesquisadores, relata que o comprometimento da alta administração das organizações
com a SST, bem como a forma com que tais dirigentes conduzem os assuntos
relacionados, são freqüentemente fatores determinantes na conformidade da
organização com a regulamentação e na implementação de práticas que promovem a
SST.
meio ambiente], elaborada por GUNNINGHAM (1999), apontou que existe uma
literatura substancial sobre o que direciona o comprometimento corporativo para a
SST, mas existe uma literatura muito menor relacionada ao comprometimento
individual, seja da alta administração, empregadores ou supervisores.
14
Cultura organizacional pode ser entendida como um conceito que descreve os valores corporativos
que são compartilhados numa organização, os quais influenciam as atitudes e comportamentos dos
seus membros. (COOPER, 2000)
23
pelo autor são os valores e crenças que se encontram profundamente incrustados nos
membros da organização, sendo difícil de serem avaliados ou modificados.
Para GADD e COLLINS (2002), um dos fatores chave para qualquer intervenção da
organização na SST é o comprometimento dos dirigentes com esse assunto. Segundo
os autores, as atitudes e comportamentos dos dirigentes em relação à SST
influenciam aspectos tais como:
• que há uma ameaça percebida pelo indivíduo, geralmente vinda de uma fonte
externa;
• que existem benefícios percebidos pelo indivíduo para adotar uma resposta
sugerida;
Ao analisar tais suposições, depreende-se que nem sempre é possível reunir todas
elas nos diversos cenários de SST. Determinadas organizações, em especial as micro
e pequenas empresas, podem não perceber a existência de ameaças devido aos riscos
e perigos dos locais de trabalho, seja por desconhecimento dos dirigentes dessas
organizações em relação à matéria ou pela inexistência de profissionais
especializados em SST. No entanto, organizações sujeitas à ocorrência de acidentes
com graves conseqüências podem ser alvo de regulamentação, fiscalização e
penalização mais severas, o que acentuaria a ameaça percebida pelos seus dirigentes,
e conseqüentemente tornaria esses modelos mais representativos do comportamento
pessoal relativo à matéria de SST.
15
Rosenstock, I. The health belief model: Explaining health behaviors through expectancies. Health
Behavior and Health Education. K. Glanz, F. Lewis and B. Rimer. San Francisco-CA: Jossey-Bass
Publishers; 1990. p. 39-62.
16
Siebold & Roper (1979); citado em: Stroebe, W. Social Psychology and Health. 2nd Ed.
Buckingham: Open University Press; 2000.
17
Rogers, R. W; Mewborn, C. R. Fear appeals and attitude change: Effects of noxiousness,
probability of occurrence, and the efficacy of coping responses. Journal of Personality and Social
Psychology. 1976. p. 34, 54-61.
18
Rogers, R. W. (1983) Cognitive and physiological processes in fear appeals and attitude change:
Revised theory of protection motivation. Citado em: Stroebe, W. Social Psychology and Health, 2nd
Ed. Buckingham: Open University Press; 2000.
25
19
Fishbein, M; Ajzen, I. Belief, Attitude, Intention and Behaviour: An Introduction to Theory and
Research. Reading, MA: Addison-Wesley Publishing Co; 1975.
20
Ajzen, I. Attitudes, Personality and Behaviour. Chicago: Dorsey Press; 1988.
21
Weinstein, N. D.. The precaution adoption process. Health Psychology. 1988, 7(4), p. 355-386.
26
autuações não têm efeito dissuasor significante sobre as organizações devido à baixa
possibilidade de ocorrência.
• qual deve ser o formato da regulamentação e quais devem ser as ações para
cumprimento dela?
WRIGHT et al. (2004) mencionam que muitos estudos demonstram que estratégias
de persuasão do Estado são limitadas, principalmente para alguns setores da
economia que são altamente competitivos e os gastos com SST bem controlados e
restritos.
Num estudo realizado na Austrália pela KPMG (2001a, 2001b, 2001c), verificou-se
que a regulamentação e a compensação dos trabalhadores são os principais
instrumentos do Estado para impulsionar a alta administração das organizações na
melhoria dos ambientes e condições de trabalho. Mais de 80% [oitenta por cento] da
alta administração das organizações participantes na pesquisa apontaram que a
regulamentação e os gastos com o esquema de compensação dos trabalhadores
influenciam a conduta na promoção da SST.
29
Aliás, a essência desse discurso não vem dos dias atuais, já tem mais de trinta anos.
Em 1972, Lord Robens elaborou um relatório que foi fruto de uma ampla
investigação para o Committee on Safety and Health at Work no Reino Unido
(CSHW, 1972). Nesse relatório, mais conhecido como Robens Report, foi relatada a
necessidade de promover uma abordagem de auto-regulamentação22 para atender a
SST, tendo em vista que a abordagem tradicional baseada no permanente
desenvolvimento de regulamentos detalhados estava ultrapassada, demasiadamente
complexa e inadequada.
Lord Robens relatou também que os esforços da indústria e do comércio para lidarem
com seus próprios problemas de SST deveriam ser encorajados, apoiados e
complementados por uma estrutura de legislação simples e compreensiva, bem como
deveria ser feito um uso muito maior de normas voluntárias e de códigos de prática
para promover progressivamente melhores condições. Segundo ele, essa estrutura
mais ampla e flexível permitiria que os serviços de fiscalização fossem usados de
forma mais construtiva na instrução e assistência dos empregadores e trabalhadores,
e ao mesmo tempo sendo mais eficaz na atuação em problemas mais sérios que
necessitam de maior monitoramento e controle.
22
O termo auto-regulamentação é geralmente usado para expressar o processo por meio do qual uma
organização regulamenta ela mesma sem intervenção direta do regulador. Algumas vezes, esse termo
é usado como se fosse sinônimo de uma abordagem de regulamentação denominada “safety case”.
(WILKINSON, 2002, p. 3)
30
regulador como por parte daqueles sobre os quais recaem, sobretudo quando não há
indícios de não-conformidade relacionada ao evento.
De forma geral, os códigos de prática recomendam o que deve ser feito em condições
específicas de SST, mas eles não são restritivos para a busca de outras soluções, que
de forma comprovada ofereçam iguais, ou melhores, proteção ao trabalhador.
Existem também códigos de prática dirigidos para gestão da SST, dentre os quais
alguns incluem recomendações para a avaliação de riscos e também para a
implementação de sistemas de gestão da SST.
Uma característica interessante do trabalho de Lord Robens é que ele foi resultado de
uma avaliação planejada da regulamentação da SST, e não, conseqüência de um
desastre ou da identificação de riscos à saúde.
23
Acidentes maiores são eventos agudos, tais como explosões, incêndios e emissões gasosas, com
potencial de causar simultaneamente múltiplos danos ao meio ambiente e à saúde dos seres humanos
expostos, tanto trabalhadores como membros das comunidades vizinhas (adaptado de PORTO e
FREITAS, 1998, p.86).
32
WILKINSON (2002, p. 11) conclui que os regimes de safety cases não são uma
garantia da não ocorrência de acidentes, sejam eles de maior ou menor gravidade,
mas oferecem uma valorosa contribuição para a redução da probabilidade de
ocorrência deles e para mitigação das suas conseqüências. Ele conclui também que,
apesar de existirem problemas no estabelecimento do nível de detalhamento
necessário do safety case, todas as evidências indicam que eles têm se tornado uma
ferramenta padrão para gestão principalmente das indústrias sujeitas à ocorrência de
acidentes ampliados.
Na visão de JENSEN (2001, p.70), uma estratégia regulatória deve incluir uma
abordagem de comando e controle em combinação com incentivos econômicos e
modelos de sistemas de gestão da SST.
Vários fatores podem comprometer a qualidade dos regulamentos. Dentre eles, cabe
ressaltar a forma como os regulamentos são elaborados, a precisão dos regulamentos,
ou seja, se eles estão direcionados para as causas principais das ocorrências
indesejáveis ou se atingem somente uma parte das causas potenciais, e também a
adequação dos regulamentos, ou seja, se estão atualizados ou se requerem medidas
ultrapassadas.
SST e para irem além da conformidade legal. Além disto, estimula as organizações a
considerarem a SST em nível de alta administração e incentiva-as a publicarem
relatórios sobre o desempenho da SST. (DTI, 2004)
De forma geral, a política do governo brasileiro, para regulamentar a SST, tem sido
marcada por um misto de regulamentos horizontais, que atingem todas as empresas,
e de regulamentos verticais, que atingem determinados ramos da atividade
econômica [NR-18, NR-22, NR-29, NR-30 e NR-31]24, além de regulamentos
específicos para determinados agentes ambientais [NR-9], e ainda de regulamentos
específicos para determinada substância como é o caso do benzeno [NR 15, Anexo nº
13-A].
24
NR [Norma Regulamentadora] sobre segurança e saúde no trabalho, publicada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego. Disponível em: http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Legislacao/Normas/
[acesso em 21/02/2006].
35
HOBERG (1993) citado por GUNNINGHAM (1999, p.16) apontou que os dirigentes
das organizações cumprirão com os regulamentos se conseguirem verificar o mérito
daquilo que está sendo imposto. Neste sentido, observa-se que a legitimidade moral
da regulamentação é importante para sua aceitação.
KPMG (2001a, p.52) identificou três razões gerais que levam a alta administração
das organizações a cumprirem com os regulamentos, sendo elas:
Para TOMPA et al. (2004), os regulamentos devem ser efetivos, isto é, eles devem
identificar corretamente os fatores que favorecem a ocorrência dos infortúnios do
trabalho; devem estar nitidamente articulados para as organizações, e a fiscalização
deve ser capaz de detectar e punir apropriadamente as não conformidades.
37
Para WRIGHT et al. (2004), a extensão com que os empregadores cumprem com os
regulamentos de SST varia de acordo com suas percepções dos riscos cobertos pela
regulamentação e com o conhecimento que possuem de tais regulamentos. O autor
relata que as pequenas empresas tendem a cumprir menos com a regulamentação
quando comparadas com empresas maiores, por terem menos conhecimento do texto
legal referente à SST e, em alguns casos, devido operarem em atividades de riscos
menores.
25
O termo inspeção do trabalho está sendo empregado nesta tese como sinônimo de fiscalização do
trabalho.
39
MAGRINI (1999) relata que a necessidade das negociações para correção e melhoria
dos ambientes de trabalho decorreu: a) da precariedade da legislação trabalhista; b)
da deficiência de recursos governamentais referentes aos equipamentos para
avaliação ambiental quantitativa dos agentes físicos e químicos; c) da oportunidade
de estabelecer mecanismos que operassem continuamente, para que as
irregularidades não ressurgissem após o término de cada ação fiscal.
A constituição de 1988, em seu Artigo 200, dispõe que “ao Sistema Único de Saúde
(SUS) compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: ....executar as ações de
vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”. Em
conseqüência, a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990 (BRASIL, 1990), a chamada
Lei Orgânica da Saúde, atribuiu ao SUS, coordenado pelo Ministério da Saúde,
competência para desenvolver ações na área de saúde do trabalhador, incluindo,
dentre outras: a) participação na normalização, fiscalização e controle das condições
41
TOMPA et al. (2004) discorrem que um grande número de estudos tem sido
empreendidos para avaliar o valor das fiscalizações e penalidades na melhoria da
SST, todavia discute as limitações de muitos estudos empíricos, e aponta a
necessidade de investigações adicionais para melhor compreensão do assunto.
HOPKINS (1995) relata que as penalidades focam a atenção dos dirigentes nos
assuntos e problemas de SST, mesmo quando as multas não são financeiramente
significantes o fato de ser penalizado provoca um abalo moral na alta administração e
demais lideranças.
• os efeitos da globalização;
Novas alternativas têm sido discutidas pelos governos de vários países para
aprimorarem e modernizarem as formas de intervenção do aparelho de Estado na
melhoria da SST. A tônica dessas discussões consiste em estabelecer a melhor forma
de aproveitamento pelo Estado da abordagem de sistemas de gestão da SST.
26
Controle interno é um processo dentro da organização planejado para fornecer garantia razoável
que os objetivos serão alcançados.
46
Esta secção apresenta e discute dados sobre outros instrumentos e fatores que podem
influenciar as decisões de membros da alta administração das organizações na
melhoria da SST, além da regulamentação e fiscalização da SST, de forma a
vislumbrar o conjunto de motivadores que geralmente se apresenta em paralelo à
implantação de esquemas de incentivos.
HOPKINS (1995) relata que, em organizações que fazem grande uso da terceirização
da mão de obra, a preocupação da alta administração das organizações com os custos
dos acidentes e doenças pode não ser um motivador para a melhoria dos ambientes e
condições de trabalho nas organizações. Nos casos em que é um motivador, a
atenção da alta administração na redução desses custos pode estar focada em
problemas pontuais de resolução imediata ao invés de tratar a gestão da SST.
27
Proativo: que visa antecipar futuros problemas, necessidades ou mudanças.
28
Partes interessadas são todos aqueles que afetam e/ou são afetados pela organização e suas
atividades, o que pode incluir, dentre outros, proprietários, fiduciários, trabalhadores e sindicatos,
clientes, membros, parceiros de negócios, fornecedores, concorrentes, governo, organizações não
governamentais, organizações sem fins lucrativos, associações e comunidades.
48
• as organizações nem sempre têm total clareza das suas margens de lucro,
assim, até mesmo em situações que o investimento em SST pode propiciar
um retorno visível, não estão propensas a efetuarem gastos com a SST;
Mesmo que os dirigentes das organizações percebam que há uma ligação entre
segurança e lucro, isto não garante que seja desencadeado a promoção da SST. Para
GUNNINGHAM (1999, p.19), as organizações sofrem avaliações de desempenho
referentes a curto período por diversos atores sociais, o que acarreta uma dificuldade
para os dirigentes justificarem os investimentos em SST, cujos benefícios são
freqüentemente difíceis de quantificarem e geralmente apresentam retorno em longo
prazo.
Apesar dos subsídios e benefícios fiscais serem empregados pelos governos de vários
países, principalmente nas ocasiões em que os instrumentos governamentais
demonstraram serem ineficazes ou quando não permitem o alcance dos resultados
pretendidos, denota-se que esse tipo de medida não se constitui num incentivo para
promoção da SST, segundo a definição adotada para tal nesta tese. Isto é, se o
instrumento não faz uma diferenciação entre os desempenhos das organizações para
conceder um benefício ou para impor uma penalidade, isto não se constitui num
incentivo.
gestão ambiental para resíduos sólidos. Este é o caso do Estado de Goiás, que por
meio do Artigo 61 da Lei nº 14.248, de 29 de julho de 2002 (GOIÁS, 2002),
sancionou que deverão ser concedidos benefícios fiscais e financeiros, na forma de
créditos especiais, deduções, isenções, total ou parcial de impostos, tarifas
diferenciadas, prêmios, empréstimos e demais modalidades especificamente
estabelecidas, para que as instituições públicas e privadas implantem sistema de
gestão ambiental de resíduos sólidos, dentre outros.
WRIGHT et al. (2004, p.36) relatam que diversos estudos realizados nos Estados
Unidos, Canadá e Austrália constataram a importância das atividades educativas e de
instrução para promoverem a conformidade com os requisitos legais e para melhoria
do desempenho organizacional em SST, pois tais atividades podem: a) aumentar o
conhecimento das partes interessadas sobre os riscos e perigos existentes nas
53
O autor menciona que as intervenções que tiveram mais sucesso na melhoria da SST
em pequenas empresas foram aquelas feitas com repetidos contatos pessoais com os
dirigentes, em contraste com a veiculação de campanhas de informação sobre SST
que tem um impacto de curto prazo, e não melhora o conhecimento do público-alvo
sobre a identificação de riscos e perigos ou sobre práticas de prevenção.
Existem vários instrumentos que podem ser usados para difundirem instruções e
informações sobre SST para as organizações, tais como seminários, Internet,
correspondências, consultas por telefone, publicações [folhetos, guias, livros,
cartilhas etc], propaganda e artigos em revistas e jornais, vídeo, propaganda na
televisão e rádio. Cada um desses instrumentos possui vantagens e desvantagens, e a
escolha de um deles ou de um conjunto irá depender de vários fatores como o
tamanho das empresas, ramo de atividade a ser atingido, volume de informações a
ser disponibilizado, recurso financeiro disponível.
29
Fornecimento passivo de informações é referido pelo autor como sendo o envio de informações ao
pólo receptor, geralmente por meio do correio, sem a solicitação dele.
55
WRIGHT et al. (2004, p.39) fazem referência que a maioria dos estudos de pequenas
e médias empresas sugere que tais empresas têm preferência por instruções mais
prescritivas ou específicas, tendo em vista que a maioria delas não dispõe de
especialista em SST para interpretar os requisitos legais e determinar o melhor meio
de atendê-los.
Segundo a European Agency for Safety and Health at Work (EASHW, 2001), as
campanhas de publicidade, marketing e relações públicas podem influenciar
significativamente o modo de como as pessoas pensam e agem. Todavia, ressalta que
ao se planejar essas práticas, deve-se avaliar se a mensagem veiculada chama a
atenção do público-alvo ou se o público-alvo promove as mudanças necessárias com
base na mensagem recebida. A questão colocada pela Agência é: “Será que passa
pelo teste do << sim, e depois?>>” (p.9).
Os resultados obtidos pela KPMG (2001a; 2001c) sugerem que as campanhas pela
mídia de grande escala não são vistas pelos respondentes como uma fonte muito útil
de informação detalhada. O autor recomenda que o governo deveria planejar suas
campanhas para desenvolver a conscientização da alta administração das
organizações sobre assuntos gerais de SST, ao invés de específicos, tratando do
compromisso moral dela com seus trabalhadores, e deveria informar o pólo receptor
onde buscar informações sobre SST.
As iniciativas voluntárias têm sido usadas de forma crescente nos últimos anos pela
indústria e governos, como uma ferramenta política, para melhorarem o desempenho
organizacional e auxiliarem o alcance do desenvolvimento sustentável30, seguindo
duas tendências mundiais:
30
Desenvolvimento sustentável, no sentido mais geral, visa atender às necessidades do presente sem
comprometer as possibilidades das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades.
(ZOUAIN, 2000, p.161)
31
Imagem corporativa corresponde ao conjunto das percepções e atitudes que as partes interessadas
têm sobre as ações, atividades e relações de uma organização.
58
Nas últimas duas décadas, a abordagem de sistemas de gestão da SST tem sido
utilizada por governos, empregadores, trabalhadores e outras partes interessadas,
principalmente em países industrializados, e mais recentemente em países em
desenvolvimento.
Neste contexto, cabe também mencionar o Responsible Care Program, que foi criado
no Canadá pela Canadian Chemical Producers Association [CCPA], e desde 1985
foi implantado em mais de 40 países com indústrias químicas em operação. O
programa propõe ser um instrumento para o direcionamento do gerenciamento da
segurança das instalações, processos e produtos, e da saúde dos trabalhadores, além
da proteção do meio ambiente. O programa foi adotado oficialmente pela Associação
Brasileira da Indústria Química [ABIQUIM] em abril de 1992, com o nome de
Programa de Atuação Responsável, e as empresas associadas foram convidadas a
aderirem ao programa de forma voluntária. A partir de 1998, a adesão tornou-se
obrigatória para todos os associados da ABIQUIM.
32
A norma BS 8800, publicada em 1996 pelo British Standard Institution, revisada em 2004, é um
documento de orientação para implementação e desenvolvimento do sistema de gestão da SST. Foi
concebida para uso em organizações de todos os portes, a despeito da natureza das suas atividades;
todavia, tem o objetivo de ter a sua aplicação proporcional às circunstâncias e necessidades da
organização em particular.
33
A OHSAS [Occupational Health and Safety Assessment Series] 18001, publicada oficialmente pelo
British Standards Institution e em vigor desde 1999, foi elaborada por um grupo de organismos
certificadores [BSI, BVQI, DNV, Lloyds Register, SGS, entre outros] e de entidades nacionais de
normalização [Irlanda, Austrália, África do Sul, Espanha e Malásia]. A OHSAS 18001 não é uma
norma nacional ou internacional, uma vez que não seguiu os procedimentos vigentes de normalização.
Foi desenvolvida para ser compatível com as normas ISO para gestão da qualidade e meio ambiente.
34
A ILO-OSH 2001, publicada em 2001 pela Organização Internacional do Trabalho, foi acordada em
nível internacional com base no enfoque tripartite. As recomendações práticas desse modelo não têm
caráter obrigatório, não requer certificação, e visa apoiar as iniciativas voluntárias das organizações na
melhoria contínua do desempenho da SST.
60
Existem vários fatores que podem influenciar a alta administração das organizações
na decisão de implementar um modelo de sistema de gestão da SST, tais como:
Embora ainda não exista uma norma internacional reconhecida que sirva de
referência, assim como já existe na área da qualidade [ISO 9001] e do meio ambiente
[ISO 14001], alguns organismos certificadores independentes estão emitindo
certificados [declarações] de conformidade para sistemas de gestão da SST, mesmo
que tal procedimento não seja acreditado pelo organismo oficial de credenciamento
do País, que é o Instituto de Metrologia e Qualidade Industrial [INMETRO].
35
Real Society for the Prevention of Accidents [RoSPA] é uma organização não governamental
localizada no Reino Unido, que fornece informação, instrução, recursos e treinamento para promoção
da segurança em todas as áreas da vida como no trabalho, no lar, nas rodovias, nas escolas, no laser e
na [ou perto da] água.(RoSPA, 2006)
63
36
Indicador de desempenho proativo [positive performance indicator], também conhecido como
indicador de processo, é compreendido como uma forma de medida do funcionamento dos sistemas de
gestão. Ele reflete a situação atual e possibilita a detecção de pontos de melhoria ou de fragilidade dos
sistemas, possibilitando a interrupção do curso evolutivo dos antecedentes que culminariam num fato
indesejável (adaptado de COMCARE, 2003, 2004; HOPKINS, 1994).
65
BARREIROS (2002) aponta que “o modo como cada empresa introduz o seu
modelo, cria ou não as condições favoráveis para alcançarem as melhorias desejadas
ao longo do tempo” (p.4). Segundo o autor, isso nos remete aos valores e às crenças
da alta administração e demais lideranças organizacionais em relação à SST, ou seja,
o modo como os perigos e riscos são percebidos por esses atores e a importância que
eles atribuem à SST acabam determinando o desempenho organizacional nessa área.
De maneira geral, pode-se consolidar três formas básicas para encorajar o uso de
sistemas de gestão da SST num país:
c) forma incentivada, que é uma forma híbrida, onde incentivos são oferecidos
pelo governo às organizações para implementação de determinados modelos
de sistemas de gestão da SST ou determinadas práticas de gestão, respeitando
a voluntariedade de participação.
BLUFF (2003, p. 53-54) conclui que as iniciativas compulsórias dos governos para
promoverem a implementação de sistemas de gestão da SST podem não desencadear
o desenvolvimento de ações substanciais que permitiriam alcançar melhorias efetivas
na SST, uma vez que os objetivos e intenções da regulamentação e daqueles que a
produziram nem sempre são alcançados, principalmente quando aspectos mais sutis e
flexíveis estão envolvidos. Por outro lado, a autora aponta que, mesmo nos casos em
que as organizações respondam de maneira superficial às regulamentações do
Estado, gradualmente elas irão absorvendo os conceitos de gestão, envolvendo a alta
administração nesses assuntos, desenvolvendo a cultura de segurança, e
desenvolvendo os profissionais e serviços necessários para melhoria da SST.
37
Auto-segurador é a condição em que a própria organização assume as responsabilidades do
segurador arcando com o financiamento dos benefícios e aposentadorias relacionadas com as
ocorrências de acidentes e doenças do trabalho.
70
A competição acirrada faz com que a fidelização dos consumidores e clientes passe a
ser uma estratégia que garanta a sobrevivência e o futuro das organizações. A adoção
de um comportamento que ultrapassa as exigências legais agrega valor à imagem
corporativa, aumentando o vínculo que seus consumidores e clientes estabelecem
com ela, além de agregar novos simpatizantes, numa sociedade onde as pessoas têm
cada vez mais acesso à informação.
38
Social Accountability 8000 [SA8000] é uma norma auditável, emitida pela Social Accountability
International [SAI]. Desde quando a SA8000 se tornou completamente operacional em 1998, houve
certificações em mais de trinta países. Essa norma especifica requisitos de responsabilidade social
para possibilitar uma empresa a: a) desenvolver, manter e executar políticas e procedimentos com o
objetivo de gerenciar aqueles temas os quais ela possa controlar ou influenciar; b) demonstrar para as
partes interessadas que as políticas, procedimentos e práticas estão em conformidade com os
requisitos dessa norma. Os requisitos da SA8000 seguem normas e acordos internacionais sobre os
locais de trabalho, e estão embasados nas Convenções da OIT, na Declaração Universal de Direitos
Humanos e na Convenção sobre Direitos da Criança das Nações Unidas. (SAI, 2001, 200?).
72
39
Coalition for Environmentally Responsible Economies [CERES] foi criada em 1989 com a missão
de movimentar negócios, capital e mercados para promover a prosperidade duradoura avaliando a
saúde do planeta e das pessoas. Com o desastre do Exxon Valdez em 1989, a CERES anunciou a
criação dos Princípios Valdez, que mais tarde foram chamados de Princípios CERES, que formam um
código de conduta ambiental corporativa, contendo dez itens, para ser endossado publicamente pelas
corporações como um enunciado da política ambiental. A CERES promove a responsabilidade
ambiental corporativa principalmente encorajando e apoiando as organizações a endossar os
Princípios e elaborar o relatório ambiental utilizando a Global Reporting Initiative. Dentre esses
princípios, cabe destacar o referente à redução de risco, que trata da redução dos riscos ambientais e à
saúde e segurança dos trabalhadores e comunidades, pelo uso de tecnologias, aparelhos e
procedimentos operacionais seguros, e estando preparado para emergências. (CERES, 2005)
40
Global Reporting Iniatiative [GRI] foi lançada em 1997 como uma iniciativa conjunta da
organização não-governamental CERES e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
[PNUMA], com o objetivo de melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos relatórios de
sustentabilidade (GRI, 200?). A GRI é um processo internacional de longo prazo, cuja missão é
desenvolver e divulgar as “Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade”. Essas Diretrizes são
utilizadas de maneira voluntária pelas organizações que desejam elaborar relatórios sobre as
dimensões econômica, ambiental e social de suas atividades, incluindo aspectos relacionados com a
SST. O objetivo é auxiliar a organização relatora e suas partes interessadas a articular e compreender
suas contribuições para o desenvolvimento sustentável (GRI, 2002). As Diretrizes definem o uso de
indicadores de desempenho, que incluem vários aspectos de SST, em especial os indicadores de
códigos LA5 a LA8, LA14 e LA15.
73
• AA100042.
O Brasil foi um dos primeiros países a publicar uma norma técnica sobre gestão da
responsabilidade social empresarial, a NBR 16001 Responsabilidade social –
41
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial (ETHOS, 2005b), elaborados pelo
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social desde 2000, servem de instrumento de
avaliação para as empresas, e reforçam a tomada de consciência dos empresários e da sociedade
brasileira sobre o tema. Trata-se de um instrumento de auto-avaliação e aprendizagem de uso
essencialmente interno. A empresa interessada em comparar seus resultados com as melhores práticas
de RSE, após o preenchimento do questionário, envia os dados para processamento no Instituto Ethos.
A pontuação obtida é apresentada na forma de um Relatório de Diagnóstico. O conteúdo do
questionário de avaliação da empresa é dividido em sete grandes temas, dentre os quais se encontra o
tema Público interno, que por sua vez inclui o item “Cuidados com Saúde, Segurança e Condições de
Trabalho”, onde as questões de SST são dispostas.
42
AA1000 [AccountAbility 1000] foi desenvolvida pelo Institute of Social and Ethical
AccountAbility [ISEA] em 1999, e é empregada de duas formas: a) uso comum para apoiar a
qualidade das normas especializadas em accountability, sejam as existentes como as emergentes; b)
um sistema e processo único para gerenciar e comunicar accountability e desempenho social e ético.
A AA1000 é referida pelo ISEA como sendo uma norma de processo, deste modo especifica
processos que uma organização deveria seguir para contabilizar o desempenho, e não os níveis de
desempenho que a organização deveria alcançar. Ela contém um procedimento para auditoria, que
visa auxiliar as partes interessadas na contabilidade, execução de auditoria e elaboração de relatório
social e ético. (ISEA, 1999)
74
Sistema da gestão – Requisitos, que passou a ter validade em 30/12/2004. Esta norma
estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema da gestão da
responsabilidade social, e propicia a obtenção de certificação da conformidade por
organismo de terceira parte. Além de facilitar à organização a formulação e
implementação de política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e
outros, seus compromissos éticos e sua preocupação com: a) a promoção da
cidadania, b) a promoção do desenvolvimento sustentável, c) a transparência das suas
atividades. (ABNT, 2004)
43
O termo genérico “responsabilidade corporativa” é adotado pelos autores para tratar de quando,
como e por que uma empresa pode e deve preocupar-se conscientemente com as dimensões sociais,
ambientais e econômicas (incluindo financeiras) de seu desempenho e do impacto que causa.
(ZADEK et al., 2003, p.12)
77
SEGAL et al. (2003, p.23), num relatório elaborado para European Foundation for
the Improvement of Living and Working Conditions, relatam que os governos podem
promover a responsabilidade social empresarial pela imposição de maior
transparência às práticas desenvolvidas. Deste modo, continua-se respeitando a
voluntariedade das organizações em adotar ou não programas específicos para a
gestão dessa área. Essa transparência se constitui num poderoso incentivo para as
organizações implementarem suas políticas e programas de responsabilidade social,
em especial adotando normas ou códigos de conduta.
44
Para ZADEK et al. (2003), “O conceito original de agrupamentos competitivos (clusters) foi
elaborado por Michael Porter. Ele propunha que as empresas poderiam obter vantagens competitivas
quando sua localização física lhes garantisse mão-de-obra, fornecedores, infra-estrutura, percepção e
informação melhores do que os de seus competidores” (p.6).
78
45
Para KNOEPFEL (2001, p. 8-9), a sustentabilidade corporativa está relacionada com o
comprometimento da organização com cinco princípios chave de desempenho, a saber: a) inovação,
isto é, o investimento na inovação de produtos e serviços que promovam o uso mais eficiente, eficaz e
econômico dos recursos; b) governança, ou seja, estabelecer os mais altos padrões de governança
corporativa, que incluam a gestão da qualidade e responsabilidade, a capacidade organizacional e a
cultura corporativa; c) acionistas, ou seja, alcançar as demandas dos acionistas em termos de retorno
financeiro, crescimento econômico e da produtividade, competitividade e contribuições ao capital
intelectual; d) liderança; no sentido de conduzir a organização para a sustentabilidade, por meio da
adoção de padrões para as melhores práticas e manutenção de desempenho elevado; e) sociedade,
visando encorajar um duradouro bem estar social na localidade e nas comunidades globais interagindo
com diferentes partes interessadas.
79
No Brasil, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei [PL] nº 32-A de 1999,
com substitutivo da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Comércio (CDEIC, 2004), que cria o balanço social46 para as empresas que
menciona e dá outras providências, sendo de autoria do deputado Paulo Rocha, e tem
como relator atual o deputado Reginaldo Lopes. O referido Projeto de Lei tem as
suas origens no PL nº 3.116/97, que por sua vez foi proposto pela então deputada
Marta Suplicy, em conjunto com as deputadas Maria da Conceição Tavares e Sandra
Starling.
46
Balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de
informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores,
analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e
multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa (IBASE, 2003).
80
A lógica no uso de incentivo supõe que a conduta desejada não é a escolha natural
entre os atores, sendo necessário a recompensa ou punição para se alcançar o
resultado esperado. Assim, o incentivo é um recurso para suscitar a tomada de
decisão numa direção que é contrária a outras tendências (RÍGOLI, 1999, p.6). Para
STEPHENS et al. (2004), “a função de um incentivo é persuadir uma pessoa a mudar
suas atitudes, crenças ou comportamento” (p. 14).
Os incentivos negativos mencionados pelo autor são também referidos por outros
como contra-medidas. Os incentivos que agem simultaneamente como positivo e
negativo são classificados nesta tese como bivalentes.
Numa enquete postal anônima endereçada a 18.000 [dezoito mil] micro, pequenas e
grandes empresas de todos os setores e regiões do Reino Unido, conduzida por
WRIGHT et al. (2003), onde foram analisadas 2.437 [duas mil quatrocentos e trinta e
sete] respostas, o que equivale a uma taxa de retorno de 13,5% [treze e meio por
cento], revelou-se que 50% [cinqüenta por cento] dos respondentes relataram o
desenvolvimento de ações para melhoria do desempenho da SST devido aos custos
de seguro.
KPMG (2001a, p.169), com base nos resultados da pesquisa conduzida na Austrália,
indicou a importância das jurisdições australianas explorarem o uso de incentivos
financeiros, por meio dos esquemas de compensação de trabalhadores, para
promoverem a adoção de abordagem sistemática de gerenciamento de riscos nas
pequenas empresas.
Num estudo conduzido por WRIGHT e MARSDEN (2002), foi indicado que
descontos nos prêmios e outros esquemas de abatimentos dos seguros acidentes do
trabalho podem incentivar a melhoria da gestão da SST. Todavia, os autores apontam
que para um esquema baseado em experiências passadas ter bons resultados é
importante perceber que:
Na França, a taxação das empresas com menos de dez empregados é feita de forma
coletiva. As empresas são agrupadas conforme os ramos de atividades, e as taxações
refletem os dados de cada agrupamento para compensação dos segurados. Para
empresas que possuem entre dez e duzentos empregados, as taxações são individuais,
sendo calculadas com base em dados coletivos dos ramos de atividades e dados
específicos de cada organização. As empresas com mais de duzentos empregados são
89
taxadas individualmente com base nos custos reais para compensação. (TRONTIN e
BÉJEAN, 2004, p.128)
Caso não sejam adotados esquemas especiais para as empresas de pequeno porte, e
considerando que a possibilidade de concessão de benefício de aposentadoria
especial ou aquele concedido em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa é muito baixa para uma micro ou pequena empresa, o período de tempo
para cálculo das alíquotas individuais poderá ser muito longo. Por outro lado, a
taxação coletiva das empresas, mesmo que feita por agrupamentos de empresas de
mesmo ramo de atividade, enfraquece o incentivo gerado pela flexibilização das
alíquotas de recolhimento, e assim pouco contribui para a melhoria do desempenho
da SST nessas empresas.
47
Ver definição na p.64.
48
Indicador de desempenho reativo, ou simplemente indicador reativo, é compreendido como uma
forma de medida dos esforços e resultados passados. Geralmente, ele está baseado nos dados
estatísticos tradicionais, como taxa de frequência e de gravidade dos acidentes e doenças do trabalho.
Esse tipo de indicador fornece um retrospecto de como tem sido o desempenho durante um período.
49
Para STANCIOLI (2002), “O risco moral é um tipo de oportunismo comumente encontrado nas
mais diversas relações econômicas decorrente da ausência de incentivos adequados para a utilização
eficiente dos recursos. O caso típico de risco moral ocorre nos mercados de seguro, onde o segurado,
por não arcar com os custos de suas ações, altera seu comportamento, aumentando a probabilidade de
ocorrência de sinistros” (p.67).
90
contribuir com o seguro. Os autores apontam que as empresas com menos de dez
empregados na França estariam mais sujeitas a este fenômeno, devido carecerem de
recursos humanos e financeiros, o que conduziria a um comportamento racional
econômico.
50
Auditorias de terceira parte são aquelas realizadas por organizações externas e independentes, que
dispõem de recursos para desempenhar as atividades contratadas pelo auditado.
91
Para o Estado, esse incentivo permite fazer melhor uso dos recursos limitados, que
geralmente são insuficientes para cobrir todo o universo dos locais de trabalho. Além
de demonstrar a sociedade que há um planejamento lógico na ocorrência das
fiscalizações, que leva em conta os esforços empreendidos e os resultados obtidos.
Do ponto de vista prático, cabe citar a experiência americana com o OSHA´s Maine
200 Program, que consistiu em direcionar parte da intervenção governamental nas
duzentas empresas com as mais altas taxas de benefícios pagos devido à ocorrência
de acidentes e doenças do trabalho naquele Estado.
Esse programa, criado na primeira metade da década de 90, tem sido relatado como
uma inovação de sucesso, na medida em que ganhou os prestigiosos prêmios
Innovation in American Government Award e o Hammer Award, e também foi
conduzido em nível nacional pela Occupational Safety and Health Administration –
OSHA (OSHA, 1997).
Em relação aos VPP, estabelecidos pela OSHA dos Estados Unidos da América em
1982, tais programas visam promover sistemas efetivos de gestão da SST. Na prática,
são estabelecidos critérios baseados em desempenho para a gestão da SST, as
organizações são convidadas a aplicá-los, e então são avaliados os sistemas de gestão
dos aplicantes com base nesses critérios. A OSHA oferece assistência para as
organizações interessadas em alcançar os níveis de excelência estabelecidos nos
95
KPMG (2001a, p.119) descreve que a maioria das jurisdições australianas introduziu
esquemas de reconhecimento público com os seguintes objetivos:
Propriedade Descrição
Além disto, presume-se que a eficácia deste instrumento será maior nas organizações
que dependem da credibilidade, reputação ou imagem corporativa para manterem ou
ampliarem seus negócios, ou ainda para terem um bom desempenho no mercado de
capitais. Sobretudo, este incentivo tem efeito principalmente nas organizações que
acreditam ter bons desempenhos em SST, assim é provável que a grande maioria dos
participantes seja composta por organizações que estão acima da média do
desempenho geral.
A publicidade negativa em SST pode ser utilizada pelo governo não só com a
divulgação dos resultados desfavoráveis às empresas nos inquéritos judiciais, mas
também com a divulgação das penalidades e resultados das fiscalizações dos
ambientes e condições de trabalho. Neste caso, percebe-se que a publicidade negativa
estaria atuando como um incentivo limitado à promoção do atendimento dos
regulamentos de SST, o que não atende a definição de incentivo elaborada nesta tese.
Para SMALLMAN e JOHN (2001, p.237), a reputação corporativa pode ser mais
afetada pelo desempenho negativo do que pelo positivo em SST, ou seja, o
desempenho ruim prejudica o status da organização e acarreta uma desvantagem
competitiva, além de abalar os investidores, que são mais sensíveis às notícias ruins.
MATOS e VEIGA (2003), com base nos autores por eles citados, mencionam que: a)
o formato negativo da informação ou da publicidade, seja por mídia impressa,
transmitida ou por boca-a-boca, tem um efeito maior do que o formato positivo; b)
quanto mais categóricas forem as informações negativas, maior será o dano para a
imagem corporativa; c) o efeito negativo pode ser amenizado por outras variáveis,
como o nível de conhecimento que os receptores possuem da organização afetada, a
experiência deles com tal organização, e o grau de lealdade e comprometimento
deles.
A publicidade negativa pode ter impacto limitado nas organizações que não precisam
promover a marca de um produto ou a garantia da qualidade de um serviço. O
mesmo se aplica para as organizações que gozam de uma posição de monopólio.
(WRIGHT et al., 2005a, p.17)
BALDWIN e ANDERSON (2002) citado por DAVIS (2004, p.21) constataram num
estudo envolvendo a alta administração de cinqüenta organizações de grande porte,
localizadas no Reino Unido, que a preocupação com a reputação corporativa, seguida
do medo da responsabilidade criminal corporativa, foram os principais condutores
das organizações para fortalecer a gestão da SST.
105
JOHNSTONE (2003, p.47-48) expõe que, para maximizar o efeito dissuasor relativo
aos processos judiciais, os resultados desfavoráveis às organizações dos processos
judiciais devem receber a máxima publicidade, deste modo os responsáveis pela SST
estariam cientes de que há uma estratégia processual ativa que resulta em sanções.
WRIGHT et al. (2004) também indicam que o medo da alta administração em ser
envolvida num processo judicial relativo à acidente ou doença do trabalho tem um
efeito motivador no alcance da conformidade, mas eles apontam que muitos
consideram esse instrumento muito rude para obter melhorias na SST. Além disto, os
autores mencionam que, se o foco do processo judicial está em eventos, há uma
limitação no estímulo provocado em outras organizações para melhoria da gestão da
SST.
KPMG (2001a, p.10) indica que os governos precisam encorajar as associações das
indústrias a implementarem esquemas de benchmarking51, e também menciona a
existência de vários programas governamentais que incorporam elementos de
benchmarking como, por exemplo, a iniciativa promovida pelo WA Department of
Minerals and Energy na Austrália. Esse departamento expandiu o programa de
auditoria de minas para incluir uma base de dados de consulta on-line, por meio da
qual as empresas de mineração podem comparar seus resultados de auditoria com a
média do setor.
KPMG (2001a, p.169) constatou que uma fração significativa da alta administração
das organizações australianas não tinha conhecimento sobre como comparar seus
desempenhos em SST com outras organizações do mesmo setor, o que revela a
importância dos governos não só promoverem, mas também darem ampla divulgação
aos processos de benchmarking para avaliação e comparação dos desempenhos
organizacionais em SST.
51
Benchmarking é a busca das melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior.
(CAMP, 1998)
109
FEHR e FALK (2002, p.705) relatam que muitas pessoas gostam de receber
aprovação social e tentam evitar a desaprovação social. Segundo eles, a aprovação
social provoca o orgulho e alegria, enquanto a desaprovação causa o embaraço e
vergonha provocando a tristeza. Essas recompensas ou punições sociais são um ciclo
básico que conduzem as pessoas a desempenharem certas atividades e evitarem
outras.
A pesquisa desenvolvida na Austrália pela KPMG (2001a, p.133) revelou que a alta
administração das organizações pode ser encorajada para promover a SST quando
incentivos pessoais são implantados por meio de avaliações de desempenho que se
refletem nos ganhos salariais, cujos resultados são comparados com outras
organizações ou com resultados anteriores da própria organização.
110
52
Investidor institucional é uma instituição que mantém com certa estabilidade a sua reserva
financeira ou a sua renda patrimonial no mercado de capitais (IAH, 2001).
112
O CHaSPI pode ser usado, de forma voluntária e gratuita, pelas organizações com
mais de duzentos e cinqüenta empregados que operam no Reino Unido. As
orientações para uso e os resultados dos índices obtidos pelas organizações
participantes ficam disponíveis livremente na Internet. O registro para participação e
o preenchimento das informações podem ser feitos on-line. (HSE, 2005)
53
Licitação é uma escolha, por concorrência, de fornecedores de produtos ou serviços para órgãos
públicos, de acordo com edital publicado previamente em jornais (IAH, 2001).
113
Estima-se que o montante das licitações públicas na Europa esteja em torno de 1,5
[um e meio] trilhão de euros, ou cerca de 16% [dezesseis por cento] do produto
interno bruto daqueles países (SOCIAL PLATFORM, 2004, p.1). No Reino Unido, o
Comitê de Auditoria Ambiental [Environmental Audit Committee], House of
Commons, estima que o orçamento anual das licitações esteja em torno de 125 [cento
e vinte e cinco] bilhões de libras (EAC, 2005, p.3). Em se tratando da realidade
brasileira, somente o governo do Estado de São Paulo em 2004 negociou algo em
torno de cinco bilhões de dólares com materiais, serviços em geral e construções
(D’AMICO, 2005, p.6).
114
KPMG (2001a, p.78) descreve que os territórios de Queensland, New South Wales,
Western Australia e da capital australiana incorporaram requerimentos específicos de
SST para o estabelecimento de contratos com o governo, e muitas organizações
atingidas relataram que tais medidas foram determinantes para melhorarem o
desempenho da SST.
55
A3P é uma ação voluntária, inicialmente promovida pelo Ministério do Meio Ambiente em 1999,
que “propõe a inserção de critérios socioambientais nas atividades administrativas e operacionais em
todos os níveis da Administração Pública, visando à minimização dos impactos socioambientais
negativos das atividades governamentais, à construção de uma cultura institucional que possibilite a
melhoria da qualidade do ambiente de trabalho e das relações entre os servidores públicos e entre eles
e os bens públicos, o uso positivo do poder de compra do governo, a gestão adequada de recursos e
resíduos e o combate ao desperdício” (MMA, 2004, p.1).
116
A abrangência desse incentivo está restrita às organizações que têm potencial para
manterem negócios com os governos. Assim, este incentivo não atinge os diversos
ramos de atividades e nem os diferentes tamanhos das empresas com a mesma
intensidade.
Tipo de Descrição
incentivo
Flexibilização Característica • Bivalente: o incentivo recompensa as organizações que
das alíquotas de alcançaram melhores desempenhos em SST com descontos nos
recolhimento do prêmios do seguro [positivo] e pune aquelas que apresentam
SAT desempenhos contrários com aumentos nos prêmios [contra-medida];
• Compulsório: geralmente a flexibilização das alíquotas é imposta
pelo segurador e não uma opção do segurado.
Vantagem • Há indicativos que o incentivo influencia as decisões da alta
administração das organizações na melhoria da SST (KPMG, 2001a,
2001b, 2001c; WRIGHT et al., 2003; WRIGHT e MARSDEN, 2002);
• A flexibilização das alíquotas do SAT demonstra a existência de
uma lógica financeira na arrecadação do seguro, em que se leva em
conta o desempenho organizacional em SST.
Limitação • A eficácia deste incentivo: a) depende da percepção dos segurados
quanto à correlação entre o ambiente de trabalho e a contribuição
correspondente; b) depende da qualidade dos indicadores empregados
na flexibilização. O uso somente de indicadores reativos não permite
estabelecer uma correlação adequada entre o ambiente de trabalho e a
contribuição correspondente; c) depende da percepção dos segurados
sobre o custo do seguro, isto é, o valor pago de seguro precisa ser
pecebido como significativo. De forma análoga, os valores dos
descontos ou dos aumentos das alíquotas precisam ser percebidos
como significativos para influenciarem as decisões;
• Variações bruscas nas alíquotas podem comprometer os
orçamentos dos segurados;
• Existe a possibilidade de incentivo criar estímulo a subcontratação
dos trabalhos com maior risco.
3 METODOLOGIA
O foco do trabalho esteve nos incentivos que o Estado pode utilizar para melhorar o
desempenho da SST nas organizações, e não nos incentivos que as organizações
utilizam internamente para promoverem a SST, nos incentivos para melhoria do
desempenho ambiental ou nos incentivos para promoção da responsabilidade social
empresarial, embora exista relação entre esses assuntos e o tema da pesquisa.
A pesquisa de campo foi dirigida aos terminais marítimos para granéis líquidos
operando no País. Esses terminais são empresas que dispõem de uma variedade de
tanques de pequeno e médio porte com flexibilidade para armazenar os mais variados
produtos líquidos. Eles foram projetados para o embarque / desembarque de produtos
inflamáveis, corrosivos ou tóxicos, conforme as características de cada instalação,
podendo operar com navios marítimos especializados e caminhões-tanque (ABTL,
[s.d.]).
56
Segundo PORTO e FREITAS (1998), acidentes químicos ampliados podem ser considerados como
“eventos agudos, tais como explosões, incêndios e emissões, individualmente ou combinados,
envolvendo uma ou mais substâncias perigosas com potencial de causar simultaneamente múltiplos
danos ao meio ambiente e à saúde dos seres humanos expostos (trabalhadores e comunidades)” (p.86).
123
57
ABTL é uma entidade sem fins lucrativos, que agrega as empresas do segmento de terminais de
armazenagem de líquidos a granel, e possui sede na cidade de Santos-SP. (ABTL, [s.d.])
58
Informação obtida em reunião com o diretor técnico da Associação Brasileira de Terminais de
Líquidos, em março de 2006.
124
Diante desses critérios foram identificadas sete companhias que possuem um total de
quinze terminais marítimos para granéis líquidos operando no País.
• do ponto de vista da sua natureza esta pesquisa é aplicada, pois objetiva gerar
conhecimento para aplicação prática dirigida à solução de problemas
específicos;
125
59
Variáveis são os agrupamentos das medidas repetidas de um dado objeto de estudo, realizadas em
diferentes unidades de observação. (PEREIRA, 2004, p.43)
60
Variáveis quantitativas apresentam como possíveis realizações números resultantes de uma
contagem ou mensuração, e podem sofrer uma classificação dicotômica em discreta, cujos valores
formam um conjunto finito ou numerável de números, e contínua, cujos possíveis valores pertencem a
um intervalo de números reais e que resultam de uma mensuração. (BUSSAB e MORETTIN, 2003,
p.9-10)
61
Variáveis qualitativas apresentam como possíveis realizações uma qualidade (ou atributo), e podem
ser classificadas em nominal, para a qual não existe nenhuma ordenação nas possíveis realizações, e
em ordinal, para a qual existe uma ordem nos seus resultados.
126
discretas) que lhe permitirão maior flexibilidade de análise, já que poderão sempre
comportar transformações que não seriam possíveis em sentido contrário” (p.44-5).
Com base principalmente nas referências citadas no subitem 2.5, foram selecionadas
54 [cinqüenta e quatro] variáveis para estudo, que se encontram relacionadas a
seguir.
15) Nível percebido do custo financeiro das autuações por não conformidade
legal em SST;
24) Tipo de situação que a organização seria atraída para participar de iniciativa
governamental para reconhecimento público em SST;
41) Nível de influência que a pressão exercida pelo governo na própria cadeia de
fornecedores e contratadas exerceria na organização pesquisada;
42) Explicação sobre o nível de influência que a pressão exercida pelo governo
na própria cadeia de fornecedores e contratadas exerceria na organização
pesquisada;
43) Ordem de prioridade atribuída aos requisitos de SST que deveriam ser
exigidos dos fornecedores e contratadas nos processos de licitação pública;
45) Providência que seria tomada pela empresa caso esta passasse para condição
de máxima taxação do SAT;
130
46) Existência ou não de estímulo à terceirização dos trabalhos com maior risco
na organização devido a possibilidade de duplicação da alíquota de recolhimento
do SAT;
52) Ordem de influência atribuída aos tipos de incentivos para promoção da SST;
53) Recomendação do entrevistado para ajudar uma empresa similar a dele, que
tivesse um baixo desempenho em SST;
Entre os meses de maio e junho de 2005, esse formulário inicial foi testado por meio
de duas entrevistas de dirigentes de terminais portuários que operam contêineres na
131
Baixada Santista, região litorânea do Estado de São Paulo. Com esses testes, foi
possível se aprimorar o instrumento de coleta de dados, na medida em que houve a
exclusão, alteração e inclusão de questões, o que resultou em um formulário final
composto por quarenta e três questões, conforme ANEXO 1.
Esses quatro terminais não diferem dos demais que participaram da pesquisa, seja em
termos de estrutura, características operacionais, tipo de mercado em que atuam,
políticas públicas e regulamentações federais que estão sujeitos62.
62
Informações obtidas em reunião com o diretor técnico da Associação Brasileira de Terminais de
Líquidos, em março de 2006.
135
gravador para auxiliar a coleta das informações, que só não foi usado em uma das
entrevistas.
Durante todas as etapas do estudo, o pesquisador procurou estar atento para não
introduzir posições preconcebidas. O registro dos dados coletados foi feito de forma
imparcial, e da mesma forma a análise dos dados buscou garantir a isenção de
posições pessoais. Assim, houve a atenção do pesquisador em processar
corretamente as descobertas contrárias ao esperado.
Durante a coleta de dados nas companhias, procurou-se não apenas registrar os dados
tais quais foram transmitidos pelos entrevistados, mas também verificar se as fontes
de informações não estavam se contradizendo. Em alguns momentos, foi solicitado o
esclarecimento das informações prestadas ou o fornecimento de evidências
adicionais, que pudessem enriquecer a compreensão dos dados fornecidos.
136
4 RESULTADOS
Esta pesquisa não se estendeu aos terminais de petróleo, pois até o presente momento
estes pertencem exclusivamente à PETROBRAS [Companhia de Petróleo Brasileiro
S.A.], que detém o monopólio da movimentação e armazenagem desse tipo de
produto. A pesquisa abrangeu os terminais marítimos que armazenam produtos
químicos a granel, conforme critérios de inclusão e de exclusão estabelecidos no
subitem 3.4.
63
Informações fornecidas pelo presidente da Associação Brasileira de Terminais Líquidos no dia 2 de
maio de 2006 por meio de mensagem em correio eletrônico.
64
Informações contidas na minuta da revisão do Manual de Terminais para Granéis Líquidos e
Liquefeitos, cujo trabalho foi coordenado pela Fundacentro [engº Rogério Galvão da Silva], na cidade
de Santos – SP em 2001. [original publicado no Rio de Janeiro –RJ pelo Instituto Brasileiro de
Petróleo em 1980. Minuta elaborada por técnicos da Fundacentro, dos terminais marítimos de granéis
líquidos localizados na Baixada Santista e da empresa TSP – Transportes São Paulo Ltda.].
138
Figura 2: Vista aérea da distribuição dos tanques de dois terminais marítimos para granéis líquidos,
localizados na região da Baixada Santista, Estado de São Paulo – Brasil.
Fonte: Imagem gerada pelo software Google Earth (v3.0) em março de 2006, porém a fotografia do
satélite pode ter de um a três anos.
Figura 3: Vista aérea do píer e de alguns terminais marítimos para granéis líquidos, localizados na
região da Baixada Santista, Estado de São Paulo – Brasil.
Fonte: Imagem gerada pelo software Google Earth (v3.0) em março de 2006, porém a fotografia do
satélite pode ter de um a três anos.
uma tubulação, pode resultar em uma vigorosa reação química, que pode gerar
explosões e/ou incêndios de difícil controle, podendo causar danos a pessoas, meio
ambiente e à propriedade. Os produtos na forma de monômeros podem se
polimerizar em contato com algum catalisador, causando perda total do produto e
inclusive de instalações do terminal. (SILVA et al., 2000)
Entrevistado Cargo
A “Gerente de Terminal”
C “Diretor Comercial”
E “Líder do Terminal”
142
Questão 2 - As decisões finais sobre segurança e saúde no trabalho (SST) são de sua
responsabilidade? É você quem determina ou aprova o orçamento a ser gasto com a
SST?
Entrevistado Resposta
Entrevistado Resposta
C “Pela corporação”.
Questão 4 - Qual é a sua percepção sobre o nível geral dos riscos à integridade física
e saúde dos trabalhadores de terminal?
Alternativas
Entrevistado
Desprezível Baixo Médio Alto Muito alto
A X
B X
C X
D X
E X
Entrevistado A B C D E
Nº trabalhadores 70 70 68 79 80
144
Questão 6 - Quais são as melhorias na SST ocorridas nos últimos anos que você
daria destaque?
Entrevistado Resposta
Questão 7a – Quais são os motivos que levaram esta empresa a promover tais
melhorias na SST?
Entrevistado Resposta
Entrevistado Resposta
B X X
C X X
D X X
E X
147
Entrevistado Resposta
A Não dispõe
B “A complementação da gestão, pois já tínhamos a ISO 9001/2000 e a
ISO 14001. O mercado está tão competitivo e exigente que se não
tiver os sistemas de gestão eles (clientes) não vão nem sentar com
você”.
C “Inicialmente, com a ISO 9001, foi devido a uma questão comercial,
procurando estabelecer uma diferenciação no mercado. Depois fomos
complementando nosso sistema de gestão, e reconhecendo a
importância dele para nosso negócio”.
D “Para que a segurança e saúde ganhassem uma relevância maior no
grupo, e para sistematizar as ações dessa área, o que permitiu
implantar uma gestão integrada. Nós já tínhamos a qualidade e meio
ambiente certificados pela 9001 e 14001, e estendemos para área de
segurança e saúde. Já tínhamos obtido bons resultados com esses dois
sistemas, e queríamos o mesmo para a segurança e saúde”.
E Não dispõe.
148
Entrevistado Resposta
B “A vantagem competitiva”.
C “A questão comercial”.
Questão 11 - Assinale a política que você julga mais adequada para o governo adotar
em relação à implementação de sistemas de gestão da SST nas empresas.
Alternativas
Entrevistado
mais de uma anual a cada 1,5 a cada 2 a cada 3 anos
vez por ano anos anos ou mais
A X
B X
C X
D X
E X
Alternativas
Entrevistado
Muito baixo Baixo Médio Alto Muito alto
A X
B X
C X
D X
E X
150
Alternativas
Entrevistado
Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta
A X
B X
C X
D X
E X
Definitivamente não
Provavelmente não
Provavelmente sim X X X
Definitivamente sim X X
Questão 19 - Assinale os fatores (no máximo duas alternativas) que seriam mais
determinantes para sua empresa participar de um esquema de reconhecimento
público em SST promovido pelo governo.
Outro ou nenhum:
155
Questão 20 - Em qual situação descrita abaixo sua empresa seria atraída para
participar de uma iniciativa governamental para reconhecimento público em SST?
Outro:
156
A X
B X
C X
D X
E X
Questão 23 - Caso sua empresa seja alvo de publicidade negativa em SST com a
divulgação ampla de resultado desfavorável num inquérito civil ou criminal relativo
à ocorrência de acidente ou doença do trabalho, isso afetaria os negócios da sua
empresa?
Entrevistado
Alternativas
A B C D E
Definitivamente não
Provavelmente não
Provavelmente sim X
Definitivamente sim X X X X
157
Outro:
E Muito pouca “Essa medida é salutar, muito boa, mas como já temos
influência um bom desempenho, isso nos colocaria numa posição
de destaque. Se a nossa performance fosse ruim, a
resposta seria no sentido inverso”.
161
Provavelmente não X
Provavelmente sim X X X
definitivamente sim X
Entrevistado
Alternativas
A B C D E
Clientes ou fornecedores. X
Governo.
Outro:
163
Não Sim
E X
164
Entrevistado Alternativas
Péssima Ruim Regular Boa Ótima
A X
B X
C X
D X
E X
Questão 34 - Caso essa medida seja implantada, qual é o nível de influência que
exerceria nas suas decisões para melhoria da SST? Por quê?
Outro:
Entrevistado A B C D E
Questão 37 - Caso sua empresa passe para condição de máxima taxação do SAT, ou
seja, 6% incidente no total da folha de pagamento, conforme medida publicada pelo
governo, qual providência você tomaria?
Alternativas Entrevistado
A B C D E
Definitivamente não X X
Provavelmente não X
Provavelmente sim X X
Definitivamente sim
167
Alternativas
Entre- Explicação
vistado Péssima Ruim Regular Boa Ótima
Alternativas Entrevistado
A B C D E
Questão 43 - Como você pensa que o governo poderia ajudar uma empresa similar a
sua que tivesse um baixo desempenho em SST?
Entrevistado Resposta
O poder dos entrevistados nas decisões em SST variou desde aquele que tinha
somente parte da responsabilidade na tomada de decisão sobre o assunto, até aqueles
com total responsabilidade nas decisões finais.
Para a alta administração dos terminais estudados, o nível geral dos riscos à
integridade física e saúde dos trabalhadores varia de baixo a muito alto. É
interessante notar que um dos respondentes apontou o nível geral dos riscos como
baixo e dois deles como médio, apesar dos terminais operarem com grandes
quantidades de produtos inflamáveis e tóxicos, com potencial para provocar acidente
químico ampliado. Presume-se que os riscos são apontados como sendo de nível
baixo ou médio devido à percepção que as ações desenvolvidas na área de SST são
suficientes para reduzir os riscos existentes.
De forma geral, se o nível dos riscos é percebido como baixo ou médio, isso pode
tornar os membros da alta administração menos atentos às questões de SST, quando
173
Ao tentar relacionar a percepção do nível geral dos riscos com a eficácia dos
incentivos, presume-se que a influência de alguns incentivos para promoção da SST,
principalmente aqueles que exploram a propaganda negativa, será tanto maior,
quanto mais altos os riscos sejam percebidos. Isto é, principalmente os incentivos na
forma de publicidade negativa com a divulgação dos resultados desfavoráveis às
empresas nos inquéritos civis e criminais, relativos à ocorrência de acidentes do
trabalho, e na forma de publicidade de dados comparativos do desempenho da SST
das empresas do mesmo segmento provavelmente terão uma influência maior nas
empresas que percebem o nível dos riscos como alto, quando comparadas com a
situação contrária.
De fato, a busca de uma diferenciação para melhoria dos negócios, por meio da
implementação e certificação de sistemas de gestão da SST, é um importante
instrumento para influenciar as decisões da alta administração na promoção da SST.
176
Destaca-se que nenhum dos entrevistados optou pela forma voluntária, onde não
haveria incentivos e nem exigências do governo. Diante disto, constata-se que a
ausência do Estado nessa matéria não é a estratégia indicada pelos entrevistados.
Além disto, pode-se inferir que dificilmente ocorrem mudanças na cultura de
segurança das organizações sem haver algum agente motriz com potencial de
sensibilizar os envolvidos na direção desejada.
Caso o governo faça a opção pela forma compulsória, depreende-se que esta é mais
apropriada para os ramos de atividade que apresentam riscos potenciais mais
acentuados ou para organizações de grande porte. Para outros ramos de atividade ou
para as empresas de menor porte, depreende-se que a promoção do gerenciamento de
riscos, incluindo as etapas de antecipação, identificação, análise, avaliação,
monitoramento e controle dos riscos à integridade física e saúde dos trabalhadores,
ao invés da promoção de um completo sistema de gestão da SST, é a estratégia
governamental mais adequada.
177
Isto é, para esse incentivo ser eficaz, é importante que os membros da alta
administração percebam a freqüência da fiscalização e o custo financeiro das
autuações como altos, assim como a possibilidade da fiscalização constatar alguma
não conformidade e autuar a empresa.
Todavia, os dados obtidos pelas questões 12, 13 e 14 revelam uma percepção da alta
administração contrária a esses pontos, ou seja, uma freqüência da fiscalização
percebida entre anual e a cada um ano e meio, o custo das autuações percebido entre
baixo e médio e a possibilidade da fiscalização constatar alguma não conformidade e
autuar a empresa percebida entre muito baixa e baixa.
esforço dos entrevistados para manter as empresas entre aquelas não priorizadas para
fiscalização?
A resposta dessa questão pode estar, pelo menos em parte, na própria explicação de
um dos entrevistados: “Não temos receio em ser fiscalizados, mas a fiscalização tem
um lado legal, objetivo, e um lado subjetivo. Em função disto, a fiscalização sempre
gera uma tensão”. Ao se considerar que a ação fiscal sempre gera uma tensão,
independente da percepção dos envolvidos sobre o custo das autuações e da
possibilidade de serem autuados, é compreensível, então, a resposta dos entrevistados
apontando que, definitivamente sim, haveria o interesse em se esforçarem para
manterem as empresas respectivas entre aquelas não priorizadas para fiscalização.
Na questão 16, que procura identificar a condição em que esse incentivo exerceria ou
não influência nas decisões dos membros da alta administração, foi apontado pelos
entrevistados, com exceção de um deles, que essa medida somente influenciará as
decisões deles se for levado em conta a conformidade com práticas voluntárias de
gestão da SST.
Em geral, o uso de incentivos positivos tem uma boa aceitação entre o público-alvo.
As organizações podem ser atraídas para participarem de esquemas de
reconhecimento público devido: a) a possibilidade de demonstrar o desempenho
alcançado em SST resultando numa publicidade positiva para ampliar os negócios,
conforma indicou um dos entrevistados na questão 17: “.... Isso facilitaria as
empresas para identificarem seus futuros parceiros e fazerem suas escolhas”; b) a
obtenção de vantagem competitiva em relação aos concorrentes, isto é, “.... a
empresa que viesse a ser premiada poderia usar isso como uma forma de promoção
entre a concorrência ....”; c) a possibilidade de demonstrar a preocupação com os
trabalhadores e também de incentivá-los no alcance de melhor desempenho em SST,
conforme apontado por um dos entrevistados: “.... teria um reflexo muito forte na
comunidade interna dos nossos trabalhadores, pelo reconhecimento e motivação que
isso exerceria ....”.
Com esses dados, verifica-se que o reconhecimento público em SST pode influenciar
não só membros da alta administração, mas também o público interno em geral, na
medida em que esse incentivo passe a ser percebido internamente como uma meta a
ser alcançada. Por sua vez, a importância dada a esse incentivo pelas partes
interessadas irá depender principalmente da publicidade dada à iniciativa pelo
governo e da credibilidade do órgão público executor junto a esses atores sociais.
Contudo, presume-se que essa última tem o potencial para promover a melhoria da
SST além do atendimento dos requisitos legais, enquanto a primeira se limita aos
requisitos mínimos da regulamentação, assim como a publicidade das autuações das
fiscalizações sobre SST. JOHNSTONE (2003, p.47-48) descreve que a publicidade
em grande escala dos resultados processuais poderia fazer com que os responsáveis
pela SST nas empresas atingidas procurassem demonstrar que a resolução dos
problemas está ocorrendo de forma efetiva, agregada à promoção de iniciativas
voluntárias, principalmente com a implementação de sistemas de gestão da SST.
Na questão 26, ao tentar identificar a situação que melhor reflete a influência desse
incentivo, três entrevistados indicaram que essa medida somente influenciará as
decisões deles se provocar a manifestação ou reação adversa de clientes, acionistas
ou outra parte interessada, e os outros dois indicaram que haverá influência nas suas
decisões sobre SST independente de suas empresas serem alvo de publicidade
negativa. Enquanto algumas empresas se demonstram sensíveis a este tipo de
medida, outras condicionam a eficácia dela com a repercussão que a publicidade
negativa teria nas partes interessadas.
propiciar a perda da confiança das partes envolvidas e, até mesmo, a interrupção das
operações e dos negócios. Além disto, a publicidade negativa pode sensibilizar
acionistas e credores, que temem a desvalorização da organização e perdas de
capital. Deste modo, pode haver pressão por parte desses atores para resolução dos
problemas.
A opinião dos entrevistados de que essa medida exerceria influência nas decisões
para melhoria da SST vai de encontro aos estudos realizados por BOTTOMLEY
(2001), KPMG (2001a) e HOPKINS (1995). No entanto, em acréscimo à conclusão
de BOTTOMLEY (2001, p.148), pode-se afirmar que não somente as grandes
organizações podem ser influenciadas pela divulgação pública de um índice de
medida de desempenho organizacional em SST, mas também todas aquelas que
dependem da imagem corporativa para manutenção e ampliação dos seus negócios e
para o alcance de bom desempenho no mercado de capitais.
Na questão 30, a maioria dos entrevistados acredita que essa medida somente
influenciará as suas decisões sobre SST se o desempenho de suas empresas estiver
abaixo da média do setor. Apesar deste incentivo ser bivalente, provavelmente ele
186
afete mais as empresas pelo seu lado negativo, ou seja, a divulgação de dados
comparativos de desempenho em SST que indique uma posição abaixo da média do
setor acaba sendo uma publicidade negativa.
Um fator importante a ser levado em conta pelo governante que decide implantar um
esquema de comparação dos desempenhos organizacionais em SST é a divulgação
ampla que a iniciativa deve ter. Além disto, para o governante poder garantir algum
resultado nas empresas-alvo, o envolvimento delas nesse esquema deve ser
compulsório. Caso contrário, provavelmente somente aquelas que acreditam ter um
bom desempenho em SST é que participarão dessa iniciativa, e o incentivo passará a
ser monovalente atuando somente como positivo deixando de explorar o lado
negativo, que é aquele que mais exerce influência.
Outro fator importante é a definição dos indicadores para avaliação e/ou comparação
dos desempenhos organizacionais em SST. Este assunto é amplo e polêmico, na
medida em que devem ser escolhidos indicadores representativos do desempenho da
SST, tanto reativos como proativos, e, ao mesmo tempo, deve-se garantir que os
dados sejam fidedignos.
A maioria desses terminais armazena produtos para as indústrias químicas, que não
querem ter suas imagens corporativas prejudicadas por acidentes ocorridos com seus
prestadores de serviços. Assim, tais indústrias, principalmente ao aderirem as
iniciativas voluntárias que promovem a pressão na cadeia produtiva, como é o caso
do programa atuação responsável da ABIQUIM, passam a exercer uma influência
significativa nos seus parceiros.
Em relação aos tipos de requisitos que deveriam ser exigidos dos fornecedores e
contratadas nos processos de licitação pública, conforme relacionados na questão 35,
a tabela 50 apresenta a pontuação e classificação atribuídas pelos entrevistados.
A classificação dos requisitos de SST atribuída pelos entrevistados revela uma lógica
de inicialmente priorizar a ausência de ocorrências graves, como o resultado
desfavorável em processo judicial e o registro de embargo ou interdição, seguido da
exigência do atendimento dos requisitos legais, e por último a comprovação da
implementação de práticas voluntárias. Apesar dessa lógica ser bem coerente, não se
deve perder de vista que o requisito na forma de comprovação da implementação de
188
práticas voluntárias, mesmo que em último na classificação obtida pela indicação dos
entrevistados, é aquele que pode promover a melhoria da SST além do atendimento
dos aspectos legais.
das organizações verem esse requerimento como uma mera formalidade para atender
a concorrência do contrato. Essa possibilidade é ainda mais provável na indústria da
construção, onde os trabalhadores são empregados em projetos específicos de
duração determinada, e demitidos após a conclusão.
Uma grande parte das atividades operacionais dos terminais marítimos para granéis
líquidos, incluindo carga e descarga de navios e caminhões, limpeza de tanques e
dutos, manutenção das instalações, envolve trabalhos manuais executados por
diversos operadores num regime de vinte e quatro horas. As características
operacionais e de mercado desse ramo de atividade fazem com que o custo da folha
de pagamento não seja baixo, principalmente quando comparado com indústrias do
setor químico e petroquímico, onde boa parte do processo é automatizada. Ao
190
Presume-se que o incentivo via flexibilização das alíquotas do SAT atua melhor
como uma contra-medida do que como um incentivo positivo, isto é, ele terá um
efeito maior nas empresas que terão acréscimo nas alíquotas de recolhimento do
SAT. As empresas que obtiverem descontos, ou mesmo aquelas que permaneçam
numa situação inalterada, provavelmente não terão o mesmo empenho em
promoverem melhorias no desempenho da SST, pois poderão considerar que: a) as
medidas necessárias para controle dos riscos já foram tomadas em suas empresas; b)
somente haverá um investimento adicional na melhoria da SST caso os controles
internos apontem tal necessidade; ou c) não há compensação financeira para reduzir
ainda mais os riscos, ou seja, os custos de novos investimentos seriam muito maiores
que os abatimentos oriundos da flexibilização das alíquotas do SAT.
A elevação das alíquotas das empresas com baixo desempenho, principalmente nos
casos de duplicação ou de uma condição de desconto para máxima taxação, deve ser
bem equacionada. Caso o governo opte por elevar as alíquotas de recolhimento do
SAT de uma só vez, poderá comprometer o orçamento de parte das empresas,
principalmente naquelas em que o custo da folha de pagamento é considerado alto,
quando comparado com seu faturamento. Caso a elevação das alíquotas seja
progressiva, ao longo de alguns anos, deve-se considerar a possibilidade de reduzir o
potencial do incentivo. Isto é, caso o público-alvo perceba que o incremento ou
redução das alíquotas do SAT ocorre de forma muito diluída, a resposta pretendida
pelos propositores do incentivo pode ficar comprometida. Assim, quanto maior o
escalonamento menor será o potencial do incentivo, e quanto menor o escalonamento
maior será o comprometimento nos orçamentos das empresas.
191
Uma alternativa para evitar tais distorções é incluir indicadores proativos referentes
ao mérito da empresa na gestão da SST. Tal possibilidade, conforme levantada na
questão 40, é avaliada pelos entrevistados como “boa” ou “ótima”, pois eles
consideram que:
Com isto, ao considerar que parte dos entrevistados somente é influenciada com a
introdução desses indicadores, vislumbra-se que esse incremento nos indicadores
permitiria obter um ganho na eficácia e na qualidade deste incentivo. Neste sentido, o
193
Há que se considerar que provavelmente esse incentivo atua melhor como uma
contra-medida do que como um incentivo positivo, isto é, ele terá um efeito maior
nas empresas que terão acréscimo nas alíquotas de recolhimento do SAT do que
naquelas que terão redução.
Além disto, não se deve perder de vista que esta forma de incentivo provavelmente
não tem potencial para influenciar todas as empresas com a mesma intensidade, ou
seja, o impacto desta medida varia conforme o tamanho das empresas, ramo de
atividade, tecnologia utilizada etc.
De forma geral, presume-se que enquanto o impacto nas grandes empresas pode ser
significativo, nas micro e pequenas empresas pode ser pouco expressivo. Em ramos
de atividade em que o custo com a mão de obra consome boa parte do faturamento, o
incentivo terá um impacto maior quando comparado com a situação contrária. De
forma análoga, haverá uma diferenciação entre empresas quando for considerado o
nível de tecnologia empregado, pois esse fator pode determinar um menor ou maior
número de atividades automatizadas, e conseqüentemente alterando a relação entre o
custo da mão de obra e o faturamento da empresa.
O fato desse incentivo ter obtido a melhor pontuação na ordem de prioridade indica
que a maior preferência dos entrevistados está num instrumento que permite reduzir
custos diretamente e obter uma melhor relação de custo-benefício. Deve-se
considerar que as empresas e grupos de que os entrevistados fazem parte atuam num
mercado competitivo, em que a redução de custo pode implicar em oferecer
condições mais vantajosas aos clientes. A possibilidade de reduzir a contribuição do
SAT acaba sendo vista como um ganho real e um retorno do investimento feito em
SST.
No entanto, deve-se levar em conta que o potencial deste incentivo será tanto maior
na medida em que a possibilidade de ocorrerem fiscalizações seja percebida pelo
público-alvo como alta, e que o impacto financeiro das penalidades seja também
percebido como alto.
A preferência dos entrevistados por esse incentivo indica que as fiscalizações de SST
são percebidas mais como um empecilho do que um benefício. A possibilidade de
suspensão das fiscalizações de SST acaba sendo um incentivo bem valorizado pelos
entrevistados, mesmo numa situação que o custo das autuações é percebido pelos
entrevistados como baixo ou médio.
A preferência dos entrevistados por esse incentivo pode estar relacionada com a
percepção deles de que o desempenho da SST está em patamar que faz jus ao
reconhecimento público, mesmo porque a maioria das empresas possui certificação
de conformidade com a OHSAS 18001, o que fortalece essa crença. Além disto, as
corporações, que os entrevistados fazem parte, são sensíveis à variação da imagem
corporativa, e assim eles podem perceber que essa possibilidade de incentivo está
relacionada com a promoção desse tema.
Os três incentivos apontados como sendo os mais influentes para melhoria da SST
permitem promover a implementação de práticas ou de sistemas completos de gestão
da SST nas organizações. No caso da flexibilização das alíquotas de contribuição do
seguro acidente do trabalho e no caso da flexibilização da freqüência das
fiscalizações programadas, a comprovação da conformidade com modelos de gestão
da SST pode agir como um indicador proativo. No caso do reconhecimento público
em SST, o governo poderá premiar as organizações cujas práticas ou sistemas de
gestão da SST alcançaram a conformidade com critérios reconhecidos e aceitos.
É importante relembrar que parte dos entrevistados indicou que somente seria
influenciada pela flexibilização das alíquotas do SAT se houvesse a introdução de
indicadores proativos que levem em conta a conformidade com práticas voluntárias
de gestão da SST, conforme dados obtidos com a questão 41.
Na prática, a implantação desses incentivos não é uma tarefa simples, pois implica
que o Estado disponha de mecanismos que permitam avaliar e/ou comprovarem se as
práticas das organizações estão em conformidade com os critérios estabelecidos ou
aceitos pelo governo. Isto envolve a realização de auditorias periódicas, que podem
envolver tanto os agentes de fiscalização, como também o desenvolvimento de
trabalhos integrados com organismos de certificação.
A opinião dos entrevistados sobre como o governo poderia ajudar a uma empresa
similar a deles, que tivesse um baixo desempenho em SST, abrangeu assuntos
relativos à natureza da fiscalização, isto é, “O fiscal ter uma postura de orientador e
não de punição, aconselhando na melhoria”, à necessidade de ações educativas, à
criação de incentivos fiscais, e também à criação de incentivo via comparação de
desempenho da SST entre as empresas.
aponta WRIGHT et al. (2004, p.36). Geralmente, tais ações são dirigidas para
aumentarem o conhecimento das partes interessadas sobre os riscos e perigos
existentes nas organizações, e também para o controle dos mesmos.
Outrossim, deve-se considerar o aspecto informativo que esse incentivo pode ter,
como relatado por um dos entrevistados: “.... Essa condição de que a empresa tem
um baixo desempenho tem dois aspectos, isso pode ser ou não do conhecimento da
empresa. Pode ser estratégico para a empresa não querer gastar. A empresa pode
desconhecer qual o seu desempenho, ainda mais em casos em que a fiscalização não
é freqüente”.
202
6 CONCLUSÕES
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216
Dados gerais
1. Qual é o seu cargo nesta organização?
4. Qual é a sua percepção sobre o nível geral dos riscos à integridade física e
saúde dos trabalhadores de terminal?
( ) Desprezível ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Alto ( ) Muito alto
7. a) Quais são os motivos que levaram esta empresa a promover tais melhorias
na SST?
11. Assinale a política que você julga mais adequada para o governo adotar em
relação à implementação de sistemas de gestão da SST nas empresas.
( ) A forma compulsória, ou seja, o governo deve exigir a implementação e o
desenvolvimento desses sistemas.
( ) A forma voluntária por conta do próprio mercado (forma atual), onde não há
exigências e nem incentivos do governo.
( ) A forma incentivada, na qual o governo oferece tanto benefícios como também
estabelece contramedidas para as empresas reticentes.
221
13. Como você percebe o custo financeiro que as autuações da fiscalização por
não conformidade em SST podem acarretar?
( ) Muito baixo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Alto ( ) Muito alto
18. Caso o governo realize o reconhecimento público em SST, você acredita que
essa iniciativa teria credibilidade entre as empresas deste setor?
( ) Definitiv/e não ( ) Provav/e não ( ) Talvez sim, talvez não
( ) Provav/e sim ( ) Definitiv/e sim
19. Assinale os fatores (no máximo duas alternativas) que seriam mais
determinantes para sua empresa participar de um esquema de reconhecimento
público em SST promovido pelo governo.
( ) Credibilidade do órgão realizador ou publicidade dada à iniciativa.
( ) Motivação que seria gerada no público interno desta empresa.
( ) Importância dada ao assunto por clientes, acionistas ou outra parte interessada.
( ) Obtenção de vantagem competitiva.
( ) Custo decorrente da participação.
( ) Outro ou nenhum (especifique):
20. Em qual situação descrita abaixo sua empresa seria atraída para participar
de uma iniciativa governamental para reconhecimento público em SST?
( ) Somente se as práticas vigentes na empresa estivessem muito próximas dos
requisitos de premiação.
( ) Somente se o desempenho e práticas em SST estivessem deficientes, distantes
dos requisitos de premiação, e precisassem ser melhoradas.
( ) Independente do nível de aproximação entre as práticas vigentes e os requisitos
de premiação, haveria interesse em participar.
( ) Não há interesse em participar.
23. Caso sua empresa fosse alvo de publicidade negativa em SST com a
divulgação ampla de resultado desfavorável num inquérito civil ou criminal
relativo à ocorrência de acidente ou doença do trabalho, isso afetaria os
negócios da sua empresa?
( ) Definitiv/e não ( ) Provav/e não ( ) Talvez sim, talvez não
( ) Provav/e sim ( ) Definitiv/e sim
24. Caso o governo passe a dar grande publicidade aos resultados desfavoráveis
às empresas nos inquéritos civis e criminais relativos às ocorrências de acidentes
e doenças do trabalho, qual é o nível de influência que essa medida exerceria nas
suas decisões para melhoria da SST?
( ) Nenhuma influência ( ) Muito pouca influência ( ) Alguma influência
( ) Considerável influência ( ) Muita influência
Por quê?
34. Caso essa medida seja implantada, qual é o nível de influência que exerceria
nas suas decisões para melhoria da SST?
( ) Nenhuma influência ( ) Muito pouca influência ( ) Alguma influência
( ) Considerável influência ( ) Muita influência
Por quê?
37. Caso sua empresa passe para condição de máxima taxação do SAT, ou seja,
6% incidente no total da folha de pagamento, conforme medida publicada pelo
governo65, qual providência você tomaria?
65
Conforme Art.10 da Lei 10.666 de 8 de maio de 2003 e Resolução do Conselho Nacional de
Previdência Social nº 1.236, de 28 de abril de 2004.
227
41. Com a flexibilização das alíquotas do seguro acidente do trabalho, qual das
afirmações abaixo melhor reflete seu posicionamento?
( ) Essa medida somente exercerá alguma influência nas minhas decisões sobre SST
se esta empresa passasse para uma condição de aumento da alíquota.
( ) Independente do valor da alíquota calculada para minha empresa, essa medida vai
influenciar as minhas decisões sobre SST.
( ) Essa medida somente influenciará as minhas decisões sobre SST se também levar
em conta indicadores proativos referentes à implementação de práticas voluntárias de
gestão da SST.
( ) Essa medida não exercerá qualquer influência nas minhas decisões sobre SST.
Conselhos do entrevistado
43. Como você pensa que o governo poderia ajudar uma empresa similar a sua
que tivesse um baixo desempenho em SST?
228
Informamos que o Sr. Rogério Galvão da Silva, RG: 12421553 - SSP/SP, aluno
regularmente matriculado no curso de doutorado da Faculdade de Saúde Pública
(FSP) da Universidade de São Paulo (USP), N° USP 2188491, sob orientação da
profª. Drª. Frida Marina Fischer, está desenvolvendo uma pesquisa intitulada
"Incentivos governamentais para promover a melhoria dos ambientes e condições de
trabalho nas organizações brasileiras".
A escolha desse ramo de atividade ocorreu devido ao fato que tais organizações vêm
demonstrando crescente desenvolvimento nas questões relacionadas com a segurança
e saúde no trabalho (SST), que pode ser constatado pela implementação e
certificação voluntária de modelo padronizado de sistema de gestão da SST.
Tais iniciativas voluntárias, que vem ocorrendo na maioria dos Terminais, colocam
essas organizações num nível diferenciado de segurança e saúde no trabalho, na
medida em que se busca o alcance de práticas e critérios que vão além do
cumprimento dos requisitos legais.
Informamos ainda que os dados fornecidos pelos entrevistados serão utilizados única
e exclusivamente para a pesquisa, e será mantido sigilo da identificação do
entrevistado e da empresa.
Atenciosamente,
__________________________________
FRIDA MARINA FISCHER
Profª Titular do Departamento de Saúde Ambiental da FSP/USP
__________________________________
ROGÉRIO GALVÃO DA SILVA
Pesquisador
230
____________________________
Assinatura