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2 aria Tears de Asunsto Frits Objetiviemo , Comte (1798-1957) tnstaurow a ers da postividade, negando = posfblidade de exstncia de qualquer Piclogia como dsceplina inelecl ¢ independente. Prosreves, oreano, a inuospecsto a Peicologia fundada no metodo Introspecivo, Excudando-e em Comte, os psicoldgos emp. tas partram para 0 ead positive do sense ‘As primeira tentativas de imprimir a Plcotoga uma ‘No entanto, dominacio de cee no capitan no we fer de fomma tuepaeae © or exece medada, pela Ideclogia daerdade Individual eda guldade de opotnl- dades, Para Capos, cae ieologia bea, consti sobre ‘nogiodelberdade nvidia elguldade de oporuniades, funcona come prodors do conseneo aera a useza 30 tnodelo de ceavivnca socal do captatawo tberal, na {ned cm que a Gesigualdades provocadas pela vst de Clases © pela propiedad privade so stibuie 3 Gcigel Gitrnugio de donee aplcoes pela natureza. Procorouse, astm, ateves do Conc de aptidoes como dons natura ype @ Bein Prolog eBévcntor um cena 57 explicar a desigualdade dos individuos ocupantes de diferentes lugares na escala ocupacional ‘Toda essa ideologia tem repercussSes no mundo do twabatho © nz escola. O movimento educacional da Escola Nova, que tomou a Poleologis como cigncia fundamental, centrou sua proposta no principio das diferengas individuais ena adequacto do ensino 2s mesmas. ‘Ao que parece, 2 teoria psicolégica tera sido desenvol- vide para cumprir as necemsidades de ordem pritica da socidade capitalissa, Assim, os trabalhos de Galton, Catell, Binet, em relagio A mensuracio das dlferencas indlividuais, tinham em visea uma organizagio racional da socledade. Pelo ‘estado e mensuragio das faculdades mentais visavam 2 forlentacio € selecio escolar e profisional. A Psicologia rasceu, pols, com 0 objetivo de desenvolver conceitos © Instrumentos cientificos de medida a fim de garantir 208 individuos a sua adaptacio 2 nova ordem social. ‘As clasificagées dos individuos, resultantes da aplica- fo de escalas de inteligéncla, de estes de IM CIdade Mental © QI (Quociente Intelecual), serviam, na verdade, como justificariva para a manutengio de uma distribuicio dos homens em classes soclais. Os testes pretendiam, pois, expli- cara existéncia de bons e maus alunos, deficientes e norma, tentando jusificar 0 insucesso escolar, atrbuindo-o a um problema individual, a um déficit. Os costes psicol6gicos centraram para a Psicologia pela porta do predeterminismo, reforgando a crenga no mito da igualdade de oporeunidades. A propia inteligencis era considerada, a€ a primeira metace denossoséculo, come wma dimensio geneticamente determ\- nada da capacidade funcional huinana, portanto, como um atributo fixo. PORSDOOSSbSdOSTVUTUTaddddd ddd FSSSS BB___ arts reese a ‘Aconcep@io teeniisa de ensino, também privlegiando 8 Psicologia, escudou-se nas contribuictes do behavicrinas ‘ue, atavés da biologizacio de seus conceitos, tamer co colocou a servigo da dominacao. Ao identifica meio naciet ‘¢meio soci, abriz cantinho ideologia adaptacionistem un mundo oligérquico, Transpondo a natureza das elagbesentne Srganismo ¢ meio natural pars as relagbes entre o homens ¢ 8 sociedade, mascarou a existéncia de classes, negando nce 4 dimensto histriea dos fatos soctais, Para Japiassu", a Pslcologia, na tentativa de conquistar seus direitos de cidadania tecnocientifica, corre visco de ser tilzads nto! em fungao de suas exigéneine Préprias ~ 0 homem ~,masa partirdas necessidadesdde una Sociedade que visa Aadaptacio. Torna-se, entRo, insramena de adaprasdo © controle, reduzindo os conflites humenee ‘A Psicologia, ao explicar uma realldade, atendendo s moriocg ideol6gicas, voma.se desumana. Eat, ainda, a deservigo do homem quando procura adaptélo ot integraslo a sociedad, © 25 instnuigbes, pois esta no € cua exigencia fundemenen A Psicologia nfo pode ser reduzida a um eonjunto de reeclg briticastecnoctentificas que liename impede nade ene © homem falar nas estruturas ambiente que a condiciona e a contrala mecanieamenne 4 Bducaczo, nesse sentido, se reduz 2 manipulache oe ‘esimulos amblentais que levam a respostas desoravere rendizagem ficou esta forma reduzida a um processo linese xin, sob a influtncs do individvalmno-iberaismo, saree 8 leualdade enue os seres humanos, sob s prenegg Soceniicimevalorzandos experimentpso,uquaniierese: Sreatzmndo ocontcle,« manipulcao previo, a Potion Suimavese como ciéncla, posicionando o seu pendula iteglo a0 objetivismo, rot assim que, no dizer de Japiassu”, 2 Psicologia, 20 esttuibse como cigncia do homem conteto, dese 30 Indo © pensamento ¢ as intengSes do soja Subjetivismo Para a andlise da Peicologia subjetivsta € preciso ‘Sethonsrs Kent (1724-1804), Este fesofo fotamaispreferc, 6 stoi Tren Go Aszune Pris eo mais avancado pegsador da cultura individualista da Borguesia elassica. A Sua concepga filoscficaracionalsta fncorporou os elementos da visto de mundo que s¢ Gecenvolveram com e gracas 8 burguesia curopéia entre oe seculos Xi e KVIII4 Bsses elementos sto a liberdade, rindividualismo e a igualdade, Kant exereeu signifies fiva influéneta na direglo subjetivista tomada pela Psico- fogia 20 situar 0 mundo das idéias na consciéncia pdividual, A sua Critica da Razio Pura reinstaurou a reare como um principio de organizagio através do (ual 2 propria experiéncia se tornou possive eintelisivel JRvestigou os limites do emprego da razto no conheci- mento humano, chegando a afirmar que esse ¢ provent: Emit de duas fontes: « sensibilidade (os objetos nos s80 Gados) € 0 entendimento (os objetos s8o pensados) fasee dois clementos se conjugam para dar ao sujelto 2 ppovalbilidade da construgio de um conhecimento que se fefere a ele no & realidade em si.™* No campo especifica da Psicologia, 2 orientagto subjetivisea teve como precursor Franz Brentano (1838- {O17 que, em 1874, rompendo com a Psicologia existen- te, proclamou a prioridade de um estudo do ato mental fis nogio de intencdo. Brentano, diferenciando fend- fnenos fisicos ¢ psiquices, realgou a intencionalidade Gos fendmenos psiquices. A partir de Brentano, varios Cotudiosos comecaram a se interessar pelas fungdes da ‘Vida mental, reconhecendo sua especificidade. “Husver! (1859-1930), influenciado por Kante pela iia daintencionalidade, empreendeua recuperacio da Psicologia vy «Ben Prcologn Baer um iments __ 62 pela Filosofia valorizando consciéncia. A Psicologia de Brentano fot o ponto de partida dos trabalhos de Husser! Constitulu-se, pois, a partir de Husserl, a corrente feno~ mmenolégica existencial, Nessa mesma época (1910), & Peicologia da forma ou gestaltfol se delineando, repre sentada especialmente por Wertheimer (1860-1943), Kohler (1887) e Koffica (1896-1940. Contrapondo ao mecanicismo associacionista = organicidade de todo © processo psiquico que, desen- Volvendo-se por leis propriss, determina a esteutura das percepgoes, os gestaltistas acentuaram o valor do sujeito, exaltendo @ sua natureza individual, COpondo-se a manipulag2o da Psicologia da conduc e ao atomismo psicolégice das mensuragdes de aptiddes, fmpos-se na Psicologia ums linha humanists. Compondo foo orientagho psicolégics, a Psicologia Centrada na Pessoa enfatizou os valores autenticidade, espontanel- Gade e respeito a pessoa. Por nko adotar um referencial Sociolégico, tais valores careciam de um suporte concreto, ficando na mera aparéncia. tnfluenciada por Dewey e pelos funcionalistas, a Psico- Jogia Centrada na Pestoa.exaliou a adaptagio ometoeomito (aidemocracia numa sociedade dividida em classes. Aravés Ga mitiea da igualdace de oportunidades, da sscensio social Go mais capaz, procurava escamotear 08 conflites sociais. ‘Atransparéncia das relagoes humanas, enfatizadas pela Peicologia Humanista, substitsiu a opacidade das relactes de Cdasse, mascarando sitiaglo real dos homens em suas relagees cotidianas. 'A Psicologia subjetiviss, partindo éa concepslo de homem como set auténoma € livre, no determinado pelo famblente social, ve como funglo do processo educative & nn nmnc een eee O92 29929393939333993 pORHTIFIIIIIIIIdadsdD @ Maria Tren de Ansan Frat Facileagao de sitsapbes favoravels to desenvolvimento pleno do educand, baseado em suas tendéncias e predisposigdes paturais. Essa orientacio subjetivieea encontra nas abordagens nto disecivas uma concepeio que identifica o centro do proceaso educative nas satisfagSes das necessidades segundo sua natureza e seu desenvolvimento. Uma das mals significa: tivas influénclas para a Edueaglo, nesse sentido, foi a do Psicélogo humanista Carl Rogers que, colocando a pessoa ‘como centro, vé © processo educative como um recurso faclitador de sua auto-ralizasto, (Opéndulo da Peicologis, 20 apontar para uma diego, subjetivita, reconhece # predominincia do sujelto sobre 0 objeto do conhecimento, valorizindo sua aividade e criativ- dade. Todo conhecimento é visto como anterior experiencia. (© sujeto € considerado como uma dimensio fundamental, ‘mas no € situado na gociedade em que vive: & um sujeito fechado em sua subjetividade, Ambas as abordagens da Psicologia ~ a objetivista © a subjetivista~fragmentam arealidade, naotendo condigoes de cexplicar 0 todo, sendo insuficientes para 2 eva compreensto por negligenciarem 0 carter histérieo dos fatos. Embora diferentes, os modelos objetvistas e subjeivie- tas tém dols pontos em comum: s20 frutos da alfenagao da Sociedade capitalisea que, enfatizando 0 culto do individuo, separa chomem desus integracio socil ese desenvolvem de forma a-hissrica. Para Ferreira, © movimento real do individve na sociedade, a partir das relagbes sociais de producto, nto & levado em consideracio por essas duas orientagbes da Psico- logia, Ambas dto apenas uma visto formal da relacio cay «Bein Paoli evento um nun 63 Individuo-sociedade. No caso da Psicologia objetivista, a abstragiose da pelo lado da sociedade, quer dizer,0incividuo € considerado um produto de um meio, independente das condigoes historicas que 0 produziram, Tratando-se da Psicologia subjetivista, a abstragao se d& pela perspectiva do individuo que, dotado de uma esséncia universal, € anterior as condigbes amblentals e histéricas. Assim, a dimensio real da selagio individuo-sociedade no é captada por ambas as tendéncias palcaldgicas. Ao ratarem as questves psicoldgicas de forma dicot6mica nao conse~ guem realizar a sintese sujelto-objeto, individuo-sociedade ue € condiczo fundamental para a captagio dla totalidade dos fendmenos psicol6gicos. ‘As duas tendéncias precissmn ser superadas em eua base ‘comum. Nem 0 naturalismo mecanicista de uma, nem © Idealismo da outra puderam compreender a verdade de que ‘ohomem é, antes de tudo, um ser fisico e natural, que a sus natureza é um produto da histria Interacao entre objetivismo ¢ subjetivismo Contrapondo-se & Psicologia objetivists, em que todo conhecimento provém da experidncia, e Psicologia subjetivista, em que 0 eonhecimento anterior & expe- rigncia, uma terceira visto, representada pela linha interacionista, afirma que 0 conhecimento provém da imteragio do sujeito com o real, a partir do qual € construido, Esta é a visto de Piaget (1896-1980) e seus seguidores que véem uma relaglo de interdependéncia centre © sujeito conhecedor ¢ 0 objeto a conhecer “ ris Teen da Asuna Hrs ‘O conhecimenttnito procede nem da experiencia nica dos Qyjewe nem de uma progamasto Insia preformed no Soko, mas de consuures aycemivas com caborssOee © objeto existe, mas 96 pode sez conhecido por aprox: mages sucessivas através das aividades do sujelto. As cons- rugoes sucessivas a que Piaget se refere slo resultantes da felaglo sujelto-objeto, na qual os dois termos nto se opoem, mas se solidarizam, formando um todo. As ages do sujeito fobre o objeto. deste sobre aquele sioreciprocas, garantindo constnugho Go conhecimento e das esruturas cognitivas, ‘Piaget vé a evélugdo paquica como processo de desert vvolvimento no qual as formas primitivas da psique, biologice qente condicionadas, sto seformadas pela psique socializada Soa formagio biol6gica levou-o a tagar um paralelo entre a Gvolugie biolégica da espécle © as construgdes cogmitivas, Gnoctrando que a ontogenese do conhecimento repete sta flogenese. Sup6s, portanto, a existencia de um mecanismo tevolutive que, tendo origem biolépica, €stivado pela acto © {nteraclo do organismo comaomelo. O elemento que assegurs f continuidade entre as formas biol6gicas e as formas de ‘pensamento é2a¢io que, através de determinades instrumen- qos, coloca o organismo humano em contafo com os objet0s ‘earernos, para conhect-lo, [sto se efetua por um mecanismo sMP autovregulagao - que se constitu em um processo Constante de equilfbrio das estruturas cognitivas, mas Gissociado do contexto social ¢ cultural onde os indivt duos estejam inseridos. ara Piaget, 0 sujelto, a0 se constinuir com © melo em ‘uma totalidade, € passivel de desequilibrio ocasionado por ‘ypatty selon = Peeologs eusucntor em nico 63 perturbagbes do meio. Essa situacto 0 obriga a um esforgo de adaptacao ¢ de readapiacto, para que 0 equilibrio se restabe- lega. Piaget, procurando solugoes para o problema central do ‘conhecimento ~ 0 da adapracao ou da adequacao cognitiva das estrusurashereditarias 2o mundo excerior —ngo acelta que co processo adaptativo se 68 por pura acomodacto, isto €, por alo exclusiva do meio, Da mesma forma rejita 6 preformismo, que faz coincidie adeptacto e atuasto de estruturas jd progea- rmadas no sistema genésico, as quais assimilam © meio, alo sofrendo dele nenhuma influéncia formadora. Julgando insuficientes essas duas posigSes, formula o conceit de epigénese que consiste na equilibrio progressive entre a assimilagao a acomodacio. Assim, todo equilibrio cognitive val depender da adsplagio que, por sua vez, consolida-se através dos procestos fundamentals de assimiaglo e acomo- acto que, embors distintos, so indisociéveis. A assimilaclo constinal sempre uma tentativa de integrar dados da expe- réncia & esquemas ou estruturas previamente construfdes, ‘enquanto que 2 acomodagso aparece como o termo comple ‘mencar das relagbessujeito-objeo, representando omomento da ago do objeto sobre 0 sujet. Piaget procurou, pots, integrar as posigbes antagonicas naturacionismo eambientalismo, dando um salto qualitative na busca de uma teoria de inteligéncia desenvolvida a partir de um processo interativo entre o sujeto e seu mundo. No enianto, apesar de Plager reallanr um minucioso tuabalho te6rico ¢ empirico 2 respelto da contribuigao do sujeito nas suas trocas com o melo, observa-se que o papel do meio na estruturacto das condutas do sujetn €relegedo a um segundo plano. Enfatiaa o papel aivo do sufelto, masem seus twabalhos sobre génese das nogiescientficas e das operagbes SESSIIPIIdSIAIITIIIIIIITIIIIIIVITI Te 66. Mara Teena de Atrngto Free 6gico-matematices nlo‘se encontra um estude da contribuigio do meio na formacii de conhecimentos. Nas pesquisas sobre Imitaga0 (1946) e sobre aprendizagem (3950), desenvolvidas [por Piaget e seus colaboradores, n2o se nota um estudo detalhado do papel do meio, sendo enfatizado o papel do sujeito.em detrimento de contribuleao do meio nesses processos."” “Tambem pode-se observar que subording 0 social a0 desenvolvimento individual, sto 6, na medida em que a organizagzo cognitiva integra sistemas de agbes reversi- veis € que 0 sujeito poders descentrar-se © levar em consideracto os outros, 0 soclal. Piaget mencionow 9 fator social, mas no o inclulu no esrudo da formagio das extrairas ccogntivas. A perspectiva cognitiva de Piaget reduz toda a compreensio da construcio do conhecimento 8 constinigio da inteligincia I6gico-matertica, enfatizando a consteucio do conhecimento cientfico. Portanto, nem 0 socal, nem © cultural sto considerados como de relevancia para o desen- volvimento do ser humano. Sotiza © Kramer! também observam que Piaget, 20 procurar articular 0 conhecimento na cxlanca com 2 histéria {da evolugio do conhecimento cientifico na humanidade, acaba por afirmar a irelevancia dos aspectos socio-culturais. (Osujeko epistémico de Piaget constrél conhecimento, itera ‘indo com o melo mas, paradoxalmente, esse “meio" no Inclui ¢ cultura nem 2 historia social dos homens. Os farores ‘exernos slo assimilados pelas estruturas do organismo que, 20 se acomodar 8s novas solictagbes de meio, mostram a presenca de uma scomodagio a cada nova situagio, Desta | yguky «Bin Poli cto wet iteno 67 forma vé-se que € pelo interior do organismo que se di a articulagio entre a esruuras do sujeto es a realidace externa Jepiassu"¥ também afirma que Piaget recusa uma andlise sociolégica do conhecimento, no levando em conta © papel das classes sociais © da cultura, no discutindo, pois, 28 sererminagbes sociais na construgio de sua teoria psicoldgica do individuo. Piaget em nome da cientificidade negou © método especulativo floséiico e © mécodo experimental e formulow lum método de movimento circular do real no virtual e deste ‘ao real. Embora ele mesmo afirme sua rejigio em relago 20 positivismo, colocou-se numa pasi¢a0 acrtica frente a0 real, 20 postular uma ci€ncia neutra desvinculada das acontect mentos s6cio-culturais "> # assim que almejou a constinuigio da Eplstemologia Genetica livre de influéncias losoficas ou ideol6gicas, preten- ddendo, s partir de uma Psicologia da inteligéncia, excarecer 2 atividade clenifica. Para Page, 2 produgio do conhecimento ‘ientifico sed de forma siterdtica independiente dasinfiuéncias politico-ideolsgicas ¢ sécio-culturais desenvolvidas a0 longo da historia da humanidade. A partir dessas colocagtes, conclu que um modelo Diologico de adaptacto do organismo 20 meio ~ que relega os aspectos sccio-culturais « um papel secundério na constl- tlglo do sujeitoe que nto leva em conta ahistoricidade no pode dar uma explicagto realmente adequada xo deseavolvi= ‘mento da conscignicia humana e de suas relagSes com 0 melo Jhumano ¢ natural Mbeki ar Rompimento igovador ‘Emtodasastiés tendéncias citadas, a visto de individuo ‘se apresentafragmentada, ahistérica e abstrata. Assim, pode- se infer que a historia da Psicologia eats vinculada & histéria do capitalisme, acentuando @ idéia de natureza humana individual em detriment das circustincias socials que @ envolvern, Para uma superagio da Peicologia que evite a fragmen- taglo da totalidade humana © que busque compreender © homem real, conereto, novos fundamentos floséfieos sto necessirios. Somente- individuo real & capa de realizar t sunidade dos contvarios ..) seme qual ndo se pode falar em superagio da alienapao.® preciso que a Psicologia aia de sf meamae se coloque lsponivel o homem como instrumentode compreensioe de apreensio de sua presengz no mundo. A Psicologia devers se ‘encaminhar para tomar-se uma cléncia da compreensio, da ‘comunicago e do encontro do homem com 0 mundo, $6 assim ela se tornard uma cléncia do real subjetivo, Nao fcars oscilando entre o corpo e 2 alma, entre 0 objetivismo € 0 subjetivismo, quando colocar, como horizonte de significagso, ‘ohomem que se compreende no mundo, compreendendo-te ‘2simesmo. Nesie sentido, deve constitul-se, por exceléncia, ra cigncia do real humano, de sua ultrapassagem e de sa transcendéncia.* A fim de realizar esse projeto, 2 Psicologia deverd renunciar 2 muito do que esi sendo, para que tenha ppossibilidades de renascer e poder falar do homem. f assim que, de instramento de adaptacao e conttole,,a Psicologia poderé evoluir como ciéncia, através de diaitieas, confronts e divergéncias. # necessérlo, pois, romper com a psicologia oscilante entre subjetivismo e objetivismo, para tomarse de fato uma ciéncia e uma cigneia humana, A Psicologia buscou tomarse cientifia, mas no realizou essa ruptura, pols nfo inovou, no provocou descontinuidade, mals ainds, perdeu sua unidede, fragmentando-se.> ‘Mas como se efetus este rompimento? Para Jeplassu™, nas (Ciacias Humanas, essa rape fol inseurda pela Psicantlise ¢ ‘pela Einologia. Na Psicandlise, Freud, 20 descobrir o incon lente, suivertea a nogio de sujeio pensante tradicional, sevelando a imporncia de lei extema que govesna.oindivicvo, © inconsciente, ao iger a lei (plano da sociedade) © 0 desejo (Plano do indviduo), interpée-se entie o sujelto € o real, destuindo-se assim a iusto de que a conscincia sera 0 centro de nés mesmos. Assim, Freud rompey com as evidéncias ‘nantes na Psicologia dt consciénclae procuziy uma teoria do processo de construct de sues, que veo esclarecer que ot homens no sto entidades auténomas, nio sendo, portanto, donos de seus pensementos ¢ de suas condutes ‘2 Fmnologia aponta para a natureza inconsciente dos fenomenos coletivos (es mites) ao longo da hiséra da cultura. Com suas rupturis, 20 ingressasem na histla das verdades ‘humanas, 2 Psicandlse ea Biologia puderam se tomar ceric. Abre-se a questio: Como poder-se-é efetuar o rompl- mento que, Inovando a Psicologia, a qualificaré de cientifiea? Para Japiassu%, o rompimento na Peicologia poderd se dar SCOSSESESSSSSIIGEHSIHAIIISHHASIRD IHS aravés da finguagem. Nao da linguagem como simples meio ‘éenico a servigo da palavia (a lingua), mas da linguagem como uma estrutura essencial da presenga do homem 20 mundo por seu dizer. A Pricologia, sendo citncia dessa relacto, no pode ser Pensada fora desselinguager, Foucault considera que a lingua. ‘gem constiuiria a contraciéncia capaz de unificar © conkanto heterogéneo e pseudocientiico das cineias humanas. “A teat iéncia possi! € a do sueito que se ecupa com a produsi da Iinguuager." 8 preciso restaurar 0 espaco do sentido para que se possa fundar um discurso do sujeto falante, iberando 0 hhomem de sua condigio de objeto, Alguns autores apontam como caminho para a ruptura a Poicologia © materiatismo dialétice. Essa é a posicio de Rubinstein”, a0 conceber deforma mecanicsta que o marisa ‘ti as bases pars uma Psicologia verdadeiramente substancial. Wallon mostra que o materialismo dialético confere & Psicologia equilbrioe signficagio, eximindo-a da alterativa de um materialism elementar organicsta ou de um idealism cessencialista* Politzer® prope que a Paicologia retire su ‘mascara pseudocientfica e se torne cigncia, retornando ao homem conereto, Considero tais afirmacses portadoras de um certo radicalismo o que leva auma atinide de prudéncia em relegio 4 elas, Nao se pode querer buscar pura © simplesmente nc. ‘macxismo uma sintese salvadora que supere as parcialidades de outras posisdes. preciso lembrar que 0 proprio marismo ip noua ek Yresutye min Peslog eRe: om hnenaco 7 ecebeu influéneias postivisas que o reduriram a uma cencta natural da sociedade de onde desapareceram 6 subjetie, o doverser 1 bistoricidade Permanecem pols as questOes: Como ae efetuaré um ‘ompimento inovador na Psicologia? Como resgatar exea ina, nidade do homem-sujeto? Como recuperi-la enendendendo, simultaneamente ohomem como indiviio ecomo ser hetero? Como captar a sua singularidace e 20 mesmo tempo, * sua vinculagdo com o coletivo € com a totalidade em que se insere? Essa compreensto do individue como um ser histo 6 de vital importincia para uma possivel redefinicto do capo de estudo da Psicologia. Pretendo investigar como ence fuptura inovadora pode acontecer a partir de subsfdios Fomecitos pelo marxismo historiciea, aquele que, de acorda com Lowy, atribul importincia central & historiciade ¢ as suleito daze nahistéria. Pretend, portanto, veciicar como os ‘marxistas Vygotsley © Bakhtin, exiticos ce um marcisme Positivista e reducionista, construtram suas teorias,indagancle, fe, de fato, estariam realizando um rompiments com 2 Psicologia tal como vem sendo comprecndiida, A.cpcto por esses tbricos deve-ce incisimente ao fato de ‘Vygotsky © Balhtin texem proposto realizar a rupcurs com o cbjetivismno € com o subjetvismo. Vygotaky o faz através de ous FPalcologis histéreo-soctal © Bakhtin na érea doe eatudoe da Unguagem. Bakistin, embora nto sea peloclogo, trax contibat ‘8 para a discussto de um nove eaminho para a Psicologia, ses autores baseiamse no materialino dialétio, com preendendo.o homem como ses hisérico que procura ecuperar © 564 espaco de sujeito © do 2 linguagem um lugar central na Constnuisao da conseitncia. Sintediaarm, porn, a dasaler tase ruptaraassinaladas anteriormente:lingucgeme dial, 4 Vygotsky Na perspectiva em que coloco a necessidade de uma redefinigao da Psicologia em sys-relago com a Educasio, preceme spropriade senile ygotse) que usuaimente 6 considerado como unt icdlog) ligado 2s quesedes ecacaion _sais.e-do. desenvolvimento humano. Poderia parecer que @ fopsio de estudé-lo prendeit-se apenas a esse aspecto, Noentanto, épor elenio tersido somente um psic6logo que ‘minha escclhe recaiu sobre ele. Ofato de nto estar vinculado Somente & Psicologia € que tornou-o capaz de abordar essa

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