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Trabalho TC PPGCom - Agenor Rodrigues JR
Trabalho TC PPGCom - Agenor Rodrigues JR
Resumo
Introdução
Na trilha deste conceito, quando trazido à baila o intervalo dos últimos quatro
anos (2017-2021), nota-se, inevitavelmente, a exploração desta orientação visual como
recurso que guarnece a divulgação dos singles (músicas de trabalho) de artistas musicais
(principalmente do gênero pop, que povoa os charts mundiais) num caráter heterogêneo
de complementaridade, dado que, na maioria das vezes, estes clipes em modo retrato
são veiculados como unidades coexistentes a um vídeo horizontal da mesma canção
(esse dado como mais “oficial”), podendo ser lançado antes ou depois dele. A essa
forma suplementar de divulgação Jenkins (2008) dá o nome de “narrativa transmídia”,
fenômeno que ocorre quando um conteúdo se desenrola pelos fluxos de plataformas
midiáticas diferentes, sendo, em cada uma, igualmente importante para o “todo” da
obra, e assim constituindo uma ação cooperativa que antena o marcado à coletividade,
na intenção de “fazer render” uma discussão sobre determinada produção, deslocando
uma única narrativa em fragmentos que são, ao mesmo tempo, isolados e
complementares.
Estes eixos teóricos que dão corpo à questão sobre o lugar do videoclipe vertical
na sociedade midiatizada e nos prolegômenos da convergência, quando içados aos
processos da produção de sentidos que se dão nesses tipos objetos comunicacionais,
repercutem no engrandecimento de seu paramento como “objeto estético”, capaz de
projetar poéticas e estéticas calcadas em perspectivas intrincadas em aspectos cada vez
mais lúdicos, criativos, oníricos e imaginativos.
Fonte: YouTube.
O gancho de imagens que dão início a Bigger Love mostram o rosto de Legend
postado pela câmera frontal de seu celular, entoando modulações de voz que anunciam,
de pronto, uma sincronia compassada com o início da canção. Na sequência, se
evidencia a “tela de bloqueio” de um smartphone, com a sinalização de um horário
(12:05) e um wallpaper (ilustrado por um retrato dos dois filhos do artista), que
rapidamente é invadido por uma série de ícones de aplicativos populares, observa-se a
seleção do Instagram, que abre a postagem de um vídeo com um casal dançando.
Nessa primeira sequência, o ritmo de edição rápido e a cadência das imagens já
delimitam uma tônica pela qual se desenvolverá a narrativa: uma experiência híbrida, ao
mesmo tempo em que é um videoclipe, que passou por um processo de decupagem e
edição, é também uma “simulação de interação”, entre um usuário (no caso, Legend) e
as aplicabilidades do telefone, e os perfis e vídeos de outras pessoas que constituem
uma “rede de contatos”. A prática retratada, de tomar o smartphone em mãos e navegar
despretensiosamente por uma série de conteúdos (estes em orientação vertical,
segurando a tela em posição ereta) que se sequenciam no deslizar da barra das barras de
rolagem é uma atitude que faz parte do dia a dia da maioria das pessoas, o que, de forma
subjetiva, pode produzir um sentido de identificação para aquele que o assiste.
Em relação à letra da canção, quando posta em xeque com as imagens e a
relação contextual atinente ao contexto da pandemia, que exacerbou ainda mais a
mobilização das ferramentas digitais no intermédio das atividades cotidianas, notam-se
algumas colocações, a saber.
No final, no final
Tudo que quero fazer é entrar nessa
Eu não quero pensar em nada
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Tradução nossa.
se desenham em um contexto comum ao espectador, faz com que ele se aproprie dela e
a perceba enquanto um “objeto estético”, transpondo-a para seu próprio campo
simbólico e semântico, assim “a produção de sentidos se dá, então, em uma dinâmica
dialética, plena de polissemias” (BARROS, 2013, p. 111).
Fonte: YouTube.
Refrão:
Porque nós temos um amor maior (oh, sim, sim)
Não iremos desistir nunca (oh, sim, sim)
Temos uma passagem só de ida para o amor
Não iremos a lugar algum, só para cima
Nada pode nos parar, uh
Ninguém pode nos superar
Nós temos um amor maior (oh, sim, sim)
Fonte: YouTube.
O videoclipe termina da mesma forma que o ato de navegação pelo celular, com
um retorno à tela inicial e seu bloqueio, pondo fim ao processo de navegação do usuário
e também a narrativa contada, tal exemplificação metalinguística pode se transfigurar à
fala proferida pelo próprio artista em entrevista posterior ao lançamento do vídeo, citada
aqui anteriormente, onde se refere à Bigger Love como produção pensada como um
“sopro” para revigorar a esperança das pessoas em um contexto tão trágico.
Considerações finais
Referências
BARROS, Laan Mendes de. Hibridações estéticas midiatizadas: diálogos entre música e
quadrinhos. CMC: Comunicação, Mídia e Consumo, São Paulo, v. 10, n. 28, p. 87-
113, maio 2013.
NAPOLI, Maria Donata. The “Mobile Effect” on screen format: the case of vertical
videos. Journal of Science and Technology of the Arts, Lisboa, v. 8, n. 2, p. 45-49,
jul. 2016.
Videoclipe citado