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Resumo Ateneu
Resumo Ateneu
Resumo Ateneu
Capítulo 1
O narrador relata momento de sua vida em que entra no internato “Ateneu”, um
dos mais famosos da época, comandado pelo famoso pedagogo Dr. Aristarco
Argolo de Ramos, autor de inúmeros livros didáticos que eram distribuídos
pelos colégios públicos de todo o império.
Essa passagem marcaria o fim das ilusões infantis, alimentadas pelo ambiente
doméstico cercado de amor, e o encontro com “o mundo”. Aos onze anos,
Sérgio experimentara alguns meses uma escola familiar, da qual se lembra
somente do lanche servido ao meio-dia e das características de alguns
colegas, e também tivera aulas em domicílio. A vida no internato era encarada
como uma evolução, sua transformação em “homem”.
Antes de ser matriculado no Ateneu, Sérgio visitara a instituição algumas
vezes. Numa delas, uma festa de encerramento de trabalhos, houve a
presença do ministro do império e um inflamado discurso do professor
Venâncio, que exaltava Aristarco como uma criatura inferior somente a Deus.
Outra ocasião fora a festa de educação física, na qual houve grandes
demonstrações da força física e da desenvolvida habilidade motora dos
internos.
Capítulo 2
No dia 15 de fevereiro Sérgio apresentou-se para o início das aulas. Aristarco,
que se dividia entre as posturas de administrador e educador, adotou esta
última para recebê-lo, junto de seu pai, apresentar as instalações e regras do
local, sempre enfatizando o árduo trabalho que realizava no combate das
imoralidades.
Com natural timidez, Sérgio foi apresentado por João Numa, inspetor de
alunos, a alguns colegas. Em seguida dirigiu-se à sala do Professor Mânlio,
com quem teria as aulas de primeiras letras, e que o recomendou ao seu
discípulo mais sério, Rebelo, muito compenetrado nos estudos. Há uma breve
descrição de outros colegas de sala, que serão citados conforme surgirem no
enredo.
Recuperado, Sérgio caminhou pelo pátio com Rebelo, que o alertou sobre os
perigos que guardava a vida no internato: garotos perversos, mentirosos,
traidores, hipócritas… Era necessário ser forte, independente, fazer-se homem.
No caminho um garoto gorducho puxou a blusa de Sérgio, rindo
sarcasticamente, ao que ele revidou atirando-lhe um pedaço de telha. Rebelo,
após elogiar a rápida vingança do amigo, identificou o garoto zombeteiro,
Barbalho, como um futuro marginal.
De volta à sala de aula Sérgio foi recebido com carinho pelos colegas, exceto
Barbalho, e pelo professor.
Por várias vezes Barbalho caçoou de Sérgio, que acabou partindo para uma
briga, numa oportunidade em que não eram vistos por nenhum adulto, da qual
saiu com o nariz sangrando.
Capítulo 3
No primeiro dia na “natação”, como era chamado o banheiro no qual havia um
tanque em que os garotos lavavam-se juntos, Sérgio foi puxado pelos
tornozelos e quase se afogou, sendo “salvo” por Sanches, um rapaz cuja
fisionomia a princípio o havia repugnado, mas que desde então se tornou seu
companheiro constante. Mais tarde haveria motivos para acreditar que havia
sido o mesmo Sanches que lhe derrubara.
Sanches era um dos garotos escolhidos, por ordem aristocrática, como
“vigilante”, responsável por averiguar a conduta de seus companheiros,
auxiliando na manutenção da ordem do internato. Sua companhia, portanto,
trazia benefícios a Sérgio, que também teve seu apoio na introdução às
diversas matérias escolares. Por conta disso e de um incômodo mau hálito,
Rebelo fora deixado de lado pelo calouro.
Para compensar o vazio deixado pelo fim da primeira amizade, Sérgio apegou-
se às aulas de astronomia, ministradas pelo próprio Aristarco.
Capítulo 4
Com o afastamento de Sanches, Sérgio entrou num período de descrédito
escolar que logo resultou em más notas e repreensões de Aristarco. Por outro
lado ele encontrava na religiosidade um apoio para este período em que
recusou a companhia de qualquer colega. Invejava somente o aluno Ribas,
menino que possuía uma voz celestial, admirada pelo próprio diretor.
Franco continuava sendo alvo das maiores punições do colégio, motivadas por
consideráveis acusações: certa vez fora pego prestes a urinar no poço cuja
água se usava para lavar os pratos. Atraído pelas desventuras do colega,
Sérgio aproximou-se do malfeitor, sentindo certa identificação com ele.
Como vingança pelos recentes castigos, Franco decidiu ir escondido à
“natação” e jogar cacos de vidro na água. Perturbado por ser cúmplice de
tamanha maldade, Sérgio passou a noite na capela, rezando por uma solução
que não ferisse seus colegas, nem incriminasse Franco. Despertado na manhã
seguinte, tido como sonâmbulo, Sérgio alegrou-se ao saber que o banho do dia
tinha sido realizado em outro local, com a água da chuva, e alertou o inspetor
sobre uma garrafa que teria deixado cair na “natação”. Era a providência divina!
Capítulo 5
A fase religiosa de Sérgio, com grande empenho nas missas, nos cânticos e
procissões, lhe rendeu tranquilidade de espírito por algum tempo. Nessa fase a
influência de Barreto, jovem que viera de um rigoroso seminário, foi muito
marcante: ele falava do inferno e das punições aos pecados com extrema
vivacidade. Tal período, entretanto, pouco durou após o caso dos cacos de
vidro.
A cada quinze dias havia uma folga da escola com o retorno dos estudantes às
suas casas. Sérgio reencontrou os familiares com muita satisfação e pediu ao
seu pai conselhos sobre sua postura no internato perante os colegas e
professores. A orientação foi de não se comprometer tanto com as diretrizes do
ambiente e criar seus próprios princípios de comportamento.
A situação também originou um herói no Ateneu: Bento Alves, jovem forte que
se incumbiu de imobilizar o jardineiro quando este entrou na escola
ensanguentado e com a faca em punho. O rapaz, entretanto, era um
“misterioso”: destacava-se dos demais por suas qualidades, mas não fazia
questão de se promover.
Capítulo 6
O destaque de Nearco se deu, entretanto, em outro aspecto: sua habilidade
verbal era constantemente elogiada no “Grêmio Literário Amor ao Saber”,
instituição que reunia professores e estudantes em torno de longas e profundas
digressões filosóficas, históricas e artísticas. Tal organização possuía sua
própria publicação periódica e uma biblioteca reservada, muito utilizada por
Sérgio.
O responsável pela biblioteca era Bento Alves, “herói” do capítulo anterior.
Sérgio habituou-se a frequentar o local, motivado pelas leituras de Júlio Verne,
e logo se tornou objeto de admiração de Bento, que o presenteava com livros e
flores. Calejado pelos eventos anteriores, Sérgio cedeu ao romance platônico
considerando o respeito com que era tratado e a proteção que lhe era
garantida.
Capítulo 7
A monotonia escolar, tanto pelo excesso de tarefas como pela falta do que
fazer, gerava um tédio que era suplantado com diversas atividades
“extracurriculares”: jogos de peteca, amarelinha, bolas de gude, caça a
passarinhos… Jogos de baralho driblavam as regras do internato e ganhavam
importância com apostas de cigarros e selos (colecionados com orgulho pelos
estudantes). Deboches manuscritos e livros “proibidos” eram contrabandeados.
Complexos sistemas de comunicação eram estabelecidos entre os alunos
dentro da sala de aula.
Capítulo 8
Os dois meses de férias serviram ao autor como oportunidade para enxergar o
mundo a partir das novas perspectivas aprendidas pela vivência no internato.
Sua condição de pequeno colegial, no entanto, ainda era um limitador de sua
existência.
Certa vez, após um dia de passeios, Aristarco surgiu com um ar sombrio e uma
ameaça geral: ele encontrara uma correspondência de “pouca-vergonha”,
assinada por Cândida, endereçada ao Cândido, na qual era sugerido um
encontro romântico no bosque. Haveria punição a todos que estivessem
envolvidos no caso e não assumissem sua culpa.
Capítulo 9
Considerando a contrariedade que haveria em expulsar tantos estudantes, o
castigo aos revolucionários e revoltosos se resumiu a algumas páginas escritas
e três dias de reclusão em sala de aula.
Nessa época o narrador nutria uma nova amizade, muito mais profunda e
recíproca do que aquelas ocorridas com Sanches e Bento Alves: era Egbert, de
origem inglesa, aluno mais adiantado que Sérgio conheceu no início das aulas
secundárias. A simpatia imediata entre os dois proporcionou inúmeros
momentos compartilhados, passeios, estudos e leituras. O narrador relata uma
relação de dependência completa desta amizade.
Capítulo 10
No dia anterior ao tal jantar Sérgio passou por outro momento marcante: os
exames na Secretaria de Instrução Pública, dos quais se saiu com sucesso.
Após o jantar Sérgio teve sonhos de intimidades com Dona Ema, nos quais ela
lhe permitia calçar os pés. Egbert parecia-lhe cada vez mais um estranho. O
distanciamento definitivo do amigo se deu quando Sérgio foi movido para o
quarto dos maiores.
No chalé, como era chamado o novo dormitório, Sérgio não se envolvia nas
discussões, que sempre lhe pareciam desinteressantes. A reclusão do colégio
e as limitações de sua idade o atormentavam.
Alguns dos colegas de quarto de Sérgio conseguiram abrir um vão nas grades
da janela que os permitia passar noites ao relento, usando de lençóis para
escalarem a parede quando retornavam. Aderindo ao grupo, Sérgio aproveitou
a oportunidade para vingar-se da surra que levou de Rômulo meses antes:
quando este saiu para o passeio noturno, Sérgio recolheu a corda de lençóis e
deixou o rival do lado de fora até a manhã, quando foi flagrado pelo diretor e
“sogro” Aristarco.
Capítulo 11
Aos sábados Dr. Cláudio dava palestras sobre assuntos gerais, desde a origem
dos planetas, passando pelas primeiras formas de vida microscópica, até o
advento da humanidade e da cultura.
Ao ouvir estas palavras Sérgio pensou em Franco, que estava doente desde
quando fora à prisão escolar pela última vez. A insalubridade do cárcere
somou-se a uma predisposição do rapaz para usar do seu sofrimento como
forma de punição aos colegas, que considerava culpados por sua situação. Um
dia após uma breve visita do narrador ao seu colega, ele faleceu.
Capítulo 12
Certo tempo depois da festa de premiação Sérgio adoeceu de sarampo e
recebeu os tratamentos especiais da mulher de Aristarco. Dona Ema criou um
forte laço de intimidade com o garoto, confidenciando-lhe sua solidão e
desconfiança de todos os que se aproximavam dela.
Mais tarde Sérgio soube que Dona Ema desaparecera, assim como Américo,
um calouro problemático que foi apontado como responsável pela tragédia.
Aristarco continuava observando os restos de sua obra sem conseguir
responder a qualquer indagação.
O narrador encerra suas recordações, às quais pondera que podem ser
entendidas como saudades, considerando que o tempo passageiro nada mais
é que “o funeral para sempre das horas”.