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Herberto Helder Poetas contemporâneos

EDUCAÇÃOLITERÁRIA|GRAMÁTICA

1. Tenta interpretar o sentido da pintura de Salvador Dalí.

2. Lê a Parte I de “O poema”.

O poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne.
Sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência


ou os bagos de uva de onde nascem
5
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
rios, a grande paz exterior das coisas,
folhas dormindo o silêncio,
– a hora teatral da posse.

E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.


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E já nenhum poder destrói o poema.


Insustentável, único,
invade as casas deitadas nas noites,

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e as luzes e as trevas em volta da mesa


e a força sustida das coisas,
e a redonda e livre harmonia do mundo.
20 – Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

– E o poema faz-se contra a carne e o tempo.

HELDER, Herberto, Op. cit., p. 28.

3. Completa o esquema, explicitando o sentido global e a estrutura do poema.

Primeira parte Segunda parte Primeira parte


(vv.__ a. __) (vv.__ c. __) (vv.__ e. __)

Germinação Representação do Regresso


do poema espaço exterior ao poema

Ideia-chave: Ideia-chave: Ideia-chave:


__ b. __ __ b. __ __ f. __

4. Identifica o tema do poema e explicita o seu assunto.

5. Comprova, com exemplos textuais, que as seguintes afirmações corroboram o sentido do


poema.
a. No momento da germinação, o poema pode ser encarado como um embrião, fundido com o corpo
do qual emerge.
b. No momento da germinação, a capacidade de expressão do poema ainda não se encontra
desenvolvida.
c. Na primeira parte do poema estabelece-se uma relação de contraste entre a fragilidade do poema e
a sua luta enérgica e feroz pela sobrevivência.
d. Na segunda parte, representa-se a realidade exterior, destacando-se a presença de elementos
naturais do mundo.
e. Na última parte do texto, o poema é representado como ser autónomo, que interage
combativamente com a realidade exterior.

6. Mostra de que forma os campos lexicais construídos no poema contribuem para a delimitação
do mesmo em três partes.

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7. Com base em exemplos textuais, explicita a expressividade que os seguintes recursos adquirem
no poema:
a. uso expressivo do adjetivo;
b. uso expressivo do advérbio.

SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS

“O poema” (p. 66)


Educação Literária | Gramática
1. Exemplo: Pintura que remete para o momento do nascimento/ da origem/da génese, sugerindo a força e a violência
necessárias ao ato de nascer/irromper de outro corpo.

3. a. Versos 1-5. b. Representação do poema como um embrião que, confinado a um espaço interior, se prepara para nascer.
c. Versos 6-14. d. Representação do espaço exterior, caracterizado pelos elementos naturais, alheio ao “poema que cresce” no interior. e.
Versos 15-23. f. Representação do nascimento do poema e da interação enérgica e combativa com o espaço exterior.

4. Tema: criação poética / génese do poema.


Assunto: descrição do ato de criação poética, focando o processo de génese/emergência do próprio poema.

5. a. “Um poema cresce inseguramente / na confusão da carne.” (vv. 1-2). b. “Sobe ainda sem palavras” (v. 3). c. “Um poema cresce
inseguramente” (v. 1) vs. “só ferocidade e gosto” (v. 3). d. “Fora” (v. 6), “bagos de uva”, “raízes”, “sol”, “corpos”, “rios”, “folhas” (vv.
6-13). e. “– E o poema faz-se contra a carne e o tempo.” (v. 23).

6. Predomínio de três campos lexicais distintos, um em cada parte do poema (ao serviço da ideia-chave da parte em causa):
• germinação/mundo interior (1.ª parte) – “cresce”, “carne”, “sangue”, “canais”, “ser”;
• natureza/mundo exterior (2.ª parte) – “bagos de uva”, “raízes”, “corpos”, “sol”, “rios”, “folhas”;
• luta (3.ª parte) – “destrói”, “invade”, “força”, “contra”.

7. a. Exemplo: Recurso a adjetivos antepostos (“esplêndida”, v. 6) e pospostos (“Insustentável, único”, v. 16), que remetem
para a intensidade do processo de nascimento do poema e para autonomia e unicidade que caracterizam o poema depois de nascer. b.
Recurso ao advérbio “inseguramente” (v. 1), para sugerir a fragilidade do poema antes de nascer.

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