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ganizé-las, ele demonstra o seu estilo ao falar a0 esctever. O estudo dessa C ada individuo tem a sua maneira propria de utilizar as palavras. Ao or organizacio individual da linguagem chama-se Extilistica. 374 emissor receptor mensagem FUNCOES DA LINGUAGEM Ohomem é um ser social, ele necessita estar em constante comu- nicagio com seu semelhante, Essa comunicacio ocorre através de um processo tio qual esto sempre envolvidos alguns elementos. Elementos envolvidos no ato da comunicacio: €0 que emite a mensagem, € 0 que recebe a mensagem. € 0 contetido transmitido pelo emissor. € 0 conjunto organizado de signos utilizados na transmissio e recep¢do da mensagem. € 0 conjunto de informacées que compéem a mensagem. €o meio pelo qual circula a mensagem. Como todo ato de comunicacio, a comunicacio verbal também de. pende de um contexto que possibilite a verbalizacio: oemissorverbali- 2a pensamentos, emogoes¢ fatos criados ou sugeridos por uma deter- | minada situaczo. ; Ao ser verbalizada, a mensagem revela func6es ¢ estas fungoes va = iam de acordo com 0 que o emissor pretende comunicar. FUNCAO EMOTIVA (ou expressiva) Tem esse nome quando sc centraliza predominantemente no emissor, revelando sua emoca0, su2 opiniao. E.a linguagem dos livros autobiogrificos, de memiérias, de poesias liricas, de bilhetes e cartas de amor. Subjetiva, nela prevalecem a 1? pessoa do singular, interjeigdes ¢ exclamagies. “S6 uma coisa me entristece 0 beijo de amor que nao roubei a jura secreta que nao fiz a briga de amor que nao causei.” (Abel Siva) 375 Ree FUNCAO REFERENCIAL {ou denotativa) 376 ‘Tem esse nome quando se centraliza predominantemente no refe- rente, quando 0 emissor procura oferecer informacies sobre oambien- te, Ea linguagem das noticias de jornal, dos livros cientificos. Objetiva, direta e denotativa, nela prevalece a 3? pessoa do singular. Chuva dcida afeta regides do mundo “Parte dos 120 mil km cGbicos de chuvas que, em média, a cada ano caem sobre os continentes, ja ndo trazem maisa vida, masa morte len- tae penosa para lagos, florestas, animais¢ pessoas numa escala sem pre- cedentes, desde que a Segunda Revolugio Industrial criou © motor a explosio e com ele libera a cada ano milhares de toneladas de residuos combustiveis fosseis na atmosfera da Terra.” (Folhe de 5. Paulo) FUNCAO APELATIVA {ou conativa} ‘Tem esse nome quando se centraliza predominantemente no re- ceptor; o emissor procura influenciar 0 comportamento do receptor. Ea linguagem dos discursos, dos sermées, das propagandas que se diri- gcm diretamente ao consumidor. Como o emissor se dirige ao recep- tor, € comum ouso dos pronomes vocé ¢ tu, ouo nome da pessoa, além dos vocativos ¢ imperativos. “Se vocé procura o melhor imével, vé logo no endereco certo.” (Fotha de S. Paulo) FUNCAO FATICA ‘Tem esse nome quando se centraliza predominantemente no ca- nal: tem como objetivo prolongar ou nao 0 contato com o receptor, ou testar a eficiéncia do canal. E a linguagem das falas telefSnicas ¢ dos prefixos radiofénicos. Linguagem carregada de expresses como ald, en- $20, entende?, aientio, esti me ouvindo?,entdo tchau,agui é a Radio... Entao 0 cobrador nao quis me dar o troco, né, alegando que era pouca coisa, e fiquei danada, entende? porque, pouco ou muito, o dinheiro eta meu € nfo dele, certo? [NNN FUNCAO PoEriCA ‘Tem esse nome quando se centraliza predominantemente namen- sagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metaforica, Ea linguagem figurada presen- te em obras literdrias, em letras de misica, em algumas propagandas, na fala fantasiosa de criangas. “Faz frio nos meus olhos... o relégio da Central pulsa em meu peito marcando 2 jotnada de operitios no inferno das marmivas.” (Sidnei Cruz) GENRE FUNCAO METALINGUIsTICA ‘Tem esse nome quando se centraliza predominantemente no c6- digo; é o uso da linguagem para falar dela prépria. A poesia que fala da poesia, da sua fungdo e do poeta, um texto que comenta outro texto, “Gastei uma hora pensando um verso que a pena ndo quer esctever. No entanto ele est4 c4 dentro Inquieto, vivo. Ele esté c4 dentro € nfo quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.” (Carlos Drummond de Andrade) OBSERVACAO ___ 7 [Em um mesmo texto podem aparecer vias Fung6es de linguagem. O important é saber qual é funcéo predominante no texto porque lao definiri como sendo emo- tivo, referencial, apelativo,fitico, poético ou metalingitst EXERCICIOS ERAS: SORA Leia os textos ¢ identifique as furigdes de linguagem predomistantes: “A mae estava na sala, costurando. O menino abriu aporta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu caurelosamente a dis- tdncia, Como a mie nfo se woltasse para vé-lo, deu uma corridinha em direcdo 20 seu quarto.” (Fernando Sabino) Aproveite a oferva! Compre j seu novo aparelho de televisao. Assista & Copa do Mundo com visio colorida. “Bu vivo bem sem amar ninguém! Ser feliz é softer por alguém Zombo de quem softe assim: Quem me fez chorar, hoje chora por mim, Quem ti melhor € quem ri no fim,” (Noe! Rosa) 377 378 — Alé, est4 me ouvindo? — Ahn? — Ta me ouvindo? — Pouco. — Ligo depois. “Nao se pode mudar o curso do tio, pelo menos, nao sem tocé-lo; € 0 sonho era como o fio, ia e vinha sem se dividir, sem parar. Enele a vida.” (Monica Mazzoni) “Protegei, 6 Sao Cosme e Sao Damio! — protegei os meninos provegi- dos pelos asilos ¢ orfanatos, e que aprendem a rezar ¢ obedecer € andar na fila e ser humildes...” (Rubem Braga) “A cidade € passada pelo tio como uma rua é passada por um cachotro uma fruta por uma espada.” (Jodo Cabral de Melo Neto) “Facam a festa cantem, dancem que eu faco 0 poema duro © pocma-murro sujo como a miséria brasileira.” (Ferrcira Gullar) A linguagem € fundamental, pois € através dela que o homem se comu- nica, transmite experiéncias, ouve outras, troca informagdes ¢ aprende, além de aprender os valores que o integratao na comunidade social. Tamm. bém é através da linguagem que ele poder contribuir para a mudanga_ dos valores da sociedade. “Senhor, fazei de mim um instramento de vossa paz; : onde haja édio, consenti que eu semeie amor” (Precede ‘Sdo Francisco de Assis) “Vamos visitar a estrela de manhi raiada que pensei perdida pela madrugada ‘mas que vai escondida querendo brincar:” (Joao de Aquino e Paulo César Pinheito) “Agora, o cheiro aspeto das flores Jeva-me os olhos por dentro de suas pétalas.” (Cecilia Meireles) — BaLLila? Otha, estou no banco para pagar sua prestago, mas o caixa ‘no quer receber em cheque, s6 em dinheiro. Est me ouvindo? O que faco? Estou sem dinheiro. A populacio invade a avenida Paulisia, pula, canta, acompanha o trio clétrico, em cada sorriso € no ritmo da batucada a vitéria certa contra 0 adversitio. Conseguitemos o tetra? Buzinas explodem, samba no cora- do, nos pés, bola na cabeca € no artepio de emogéio que custa a passat. Céu estrelado. O frio, a gatoa ¢ o cinzento dos prédios ficam aquecidos pela forca e alegria da mulridao. Sujo, pés descalcos, aparentando dez anos, calga cutta, justa, no meio daquele frio, poucos dentes na boca, mas muitos dedos pata segurat 0s jornais que vendia toda manhd na esquina mais movimentada. Preto, olhos grandes, raquitico ¢ uma bastiga avolumada. No dia 12 de junho de 1948, a rede de lojas "Exposicao Clipper” langou ‘a campanha do Dia dos Namorados, com 0 objetivo de levar os casais, a trocarem presentes. “Bscolha seu pattio no Classifolha EMPREGOS. ‘Todo domingo na Fo- Iha de S, Paulo” “© pacotinho com os desenhos estava em cima da mesa eas malas, fe- chadas. Quer dizer: uma velha malinha de papelio prensado, sem fe- cho, que ele teve de amarrar com uma cordinha fina.” (Musilo Carvalho) “Quando vocé me deixou, meu bem Me disse pra ser feliz ¢ passar bem Quis morter de citime, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci” (Chico Buarque de Holanda) “Pega a palavra como arma Pontiaguda De furar Enche de sangue as silabas Menos flexiveis.” Jorge Miguel Mariaho) 379 MEE VERSIFICACAO VERSO RITMO 380 Versificagdo € a técnica e arte de fazer vetsos. é cada linha do poema; é uma palavra ou conjunto de palavras com unidade ritmica, Exemplo: “Quem € esse viajante Quem é esse menestrel Que espalha esperanca E transforma sal em mel?” (Milon Nascimento ¢ Fernando Brant) éa sucesso de sons fortes (silabas ténicas) esons fracos (stlabas 4tonas), repetidos com intervalos regulares ou vatiados. Quando se fala ou se escteve em prosa, procuta-se fazer pausas através de sinais de pontuacio. As pausas revelam o ritmo do texto, aceleram- No ou No, € so usadas em funcio do significado que se quet attibuir as palavras ou ao texto. . Observe: Os cies dos soldados reagiram a0 barulho. Os clies, dos soldados, reagiram ao barulho, No poema, as pausas existem nao necessariamente através de si- nais de pontuagao: as pausas provocam melodia e o ritmo é determina- do por elas e pela seqtiéncia de sons, “Maior amor nem mais esttanho existe Que o meu, que ni sossega 2 coisa amada E quando a sente alegre, fica triste E sea vé descontente, dai risada.” (Vinicius de Moraes) METRO A distribuicao das sflabas dtonas ¢ tonicas ¢ 0 tamanho do verso determinam o seu ritmo, E para medi-lo é necessério observar a quan- tidade e a intensidade das silabas. éa medida do verso. Mettificacio € 0 estudo da medida dos versos, € a contagem das silabas poéticas ou silabas dos versos. As ilabas dos versos iio sonoras ¢ sua contagem é feita de maneira auditiva, diferente, por- tanto, da contagem gramatical que considera 0 ntimero de silabas graficas, Compare os exemplos: * Silabas gramaticais: 5 leg Fe | | \s il? lo 2 | ee ke bee 6 17 “Abt |quemthalde|ex| peice, tala ee te lel isles» = 17 silabas gramaticais (Olavo Bilac * Silabas poéticas: 1 \2 | | 5 | 6 |? Ah! quem ha de ex! prilmir, 'al = 12 silabas poéticas s feje| a |e img im polten te ¢ eslera va Na contagem das sflabas poéticas, as palavras esto ligadas umas Asoutras mais intimamente, o que confete ao texto o ritmo ea melodia proprios do verso, ‘OBSERVACAO — — a Se ocorer na proses ligasio mas intima entre palawras, vem a rasa poética, Em funcao do ritmo, muitas vezes o poeta reduz ou alonga as sila- bas poéticas, Por isso, para se medir um verso e processat a contagem das suas silabas, é necessétio: — contar até a tiltima sflaba ténica do verso. Exemplo: + PE s|6|7|s| 9 [| 2 “Es \aicla ve ldo sol, \ésla\cha ve da|som |bra - ae a4 tele z\s|o ae 2 és!a|pom ‘ba ¢ 9 ‘cor vo, Es!alca pana! fw \ga.” (David Mourio Fecrcira) — observar encontros weélicos. Exer “Alea loha a elec ¢9lCristolmokre” (Sebastito da Gama) Exemplo 2: vel lem| |pos lhc beoslae era | | selonda leis ‘de in Kilda sue vildalde” cia de Pacem 381 ENCADEAMENTO _____ Quando o verso nao finaliza juntamente com um segmento sinté- tico, ocorre o encadeamento ou enjambemant, que € a continuacao do sentido de um verso no verso seguinte: “B entra a Saudade... Fiquei Como assombrado e sem voz!” (Teixeira de Pascoaes) ey) | TIPOS DE VERSO Osversos sio classificados de acordo com o ntimero de sflabas poé- ticas que possuem. Monossilabo verso com uma silaba poéti Dissilabo verso com duas silabas poéticas. Trissilabo verso com trés sflabas poéticas, Tetrassilabo verso com quatro silabas poéticas. Peniassilabo verso com cinco sflabas poéticas. (ou redondilha menor) Hexassflabo verso com seis silabas poéticas Heptassilabo verso com sete silabas poéticas. (ov redondilha maior) Odtossilabo verso com oito silabas poéticas. Eneassilabo verso com nove silabas poéticas. Decasstlabo verso com dez silabas poéticas. Hendecassilabo verso com onze stlabas poéticas. Dodecassflabo verso com doze silabas poéticas. {ov alexandrino) Verso bérbaro verso com mais de doze silabas poéticas. OBSERVACOES _ 18] O verso decassilabo pode set herdico ou safico. De- cassilabo herbico possui acentuacio principal na6* e 10? silabas, Decasslabo sifico, na 4% 8% e 10? silabas. 22) O verso alexandrino pode ser clissico ou moderno. ‘Alexandrino cléssico possui acentuacio principal na 6* GEE ESTROFE ¢ 122 silabas. Alexandrino moderno na 4%, 8? ¢ 122 bas ou na 34, 63, 93 ¢ 12? silabas. 39) Verso livre € aquele que nao obedece a qualquer exi- géncia métrica, apesar de ter o seu ritmo. Fstrofes sto agrupamentos de versos. Elas podem ser classificadas quanto 20 ntimero de versos. Monéstico estrofe com um verso. Distico estrofe com dois vetsos. Terceto estrofe com tés versos. Quadra ov quarteto estrofe com quatro versos. Quintilha — estrofe com cinco versos. OBSERVACAO, Sextilha — estrofe com seis versos. Septilha _ estrofe com sete versos. Oitava — estrofe com oito versos. Nona estrofe com nove versos. Décima —_estrofe com dez versos. HA certos tipos de poesia, como a balada, o rond6, que apresentam versas que se repetem no fim das estrofes. Esses versos sio chamados de refrdo ou estribilho.. 382 EXERCICIOS iin a Informe o ntimero de silabas poéticas dos versos abaixo: a) “O vento do més de agosto b) leva as folhas pelo cho.” (Cecilia Meiseles) c) “Nunca hei de dizer o nome d) daquilo que ha de set meu” (Cecilia Meictes) ¢) “E d’araponga o canto, que sohuca” (Castro Ales) £) “Murmurou: ‘Vou surpr'endé-la!’ ” (Castro Alves) g) “Co'a fronte de luz brilhante” (Castro Alves) h) “Tens c'roas em vez de espinho” (Casto Aives) i) “Sabiamos que durava, glotiosa ¢ intacta, a lua.” (Cexilia Neitcles) j) “A saudade 1) € triste bem ‘m) quem nao a tem n) € que est bem.” (andnimo) ©) “Com acento p) talento q) encanto £) eu canto: 5) 0 espanto”” (andnimolinscrigio de muro) Classifique os vetsos de acordo com o ntimero de silabas poéticas: a) “mar juar voce” (andnimolinscrigao de muro) b) “Impotente descontente di meu dente 86 assim, €0 poema Paciente.” (andnimo/ inscrigao de muro) ©) “Queto a alegria de um barco voltando queto a terura de maos se encontrando * para enfeitar a noite do meu bem.” (Dolores Duran) d) "Poi nos bailes da vida ou num bar em toca de pao que muita genie boa pés 0 pe na Prefs ‘Nascimento e Fernando Brant) ¢) ‘Vai beija-flor Deixa a roseira Faz-me lembrar O meu amor Hoje sou triste Sinto saudade Volta pra mim Felicidade.” (Noel Silva, Augusto Tomas Jr. ¢ Nélson Cavaquinho) 383 £) “Amor que nunca cicattiza Ao menos ameniza a dor, que a vida no amenizou.” (Miltinho e Paulo César Pinheiro) g) “Procure saber procure em mim Procure em vocé procure em todos Na lama, no lodo Na febre, no fogo” (Ivan Lins ¢ Vitor Martins) he a) “Onde vais, elefantinho Cotrendo pelo caminho Assim tao desconsolado? Andas perdido, bichinho Expetaste o pé no espinho que sentes pobre coitado? — Estou com um medo danado Encontrei um passarinho!” (Vinicius de Moraes) ©) “A cabeca desliza com dogura, E nas pélpebras entrecertadas Vaga uma complacéncia extraotdindtia.” hh) “No escurinho do cinema Chupando dropes de anis Longe de qualquer problema Perto de um final feliz.” (Roberco de Carvalho e Rita Lee) i) “Irénica fome de um chao todo nu irOnica fuga do norte pro sul” (Milton Carlos) Classifique as escrofes quanto ao néimero de versos: b) “Tua seducao € menos de mulher do que de casa: pois vem de como € por dentro ou por detris da fachada.” oto Cabral de Melo Neto) d) “O pessoal se assustou. Sabiam que fazendeiro nao brinca com lavrador, Se quem obedece morte de fome e de desespero, quem nao obedece corre ou vira ‘cabra mortedor’” (Mitio de Andrade) NN] RIMA Rima é a identidade ou semelhanga de sons que ocorre no fim dos versos, embora possa ocorrer também no meio do vetso (rima interna), O que importa na tima é que haja coincidéncia de sons (total ou patcial) e ndo das letras que a formam, A rima acentua o ritmo melédico do texto poético. Hi virios tipos de rima e para especificd-los, no poema, convencio- ‘nou-se usar as letras do alfabeto: os versos que estao ligados entre si pela rima recebem letras iguais, CLASSIFICACAO DAS RIMAS As timas classificam-se: — quanto as combinagées; — quanto & posicio do acento ténico; — quanto 4 coincidéncia de sons; — quanto a0 valor. (Ferreira Gullar) 384 QUANTO AS COMBINACOES Rimas emparelhadas: sucedem-se duas a duas (AABB). “Vagueio campos noturnos A Mauros soturnos A paredes de solidao B sufocam minha cangio.” 8B (Ferreira Gullar) Rimas alternadas ou cruzadas: alternam-se (ABAB). “Nao sei se isto € amor. Procuro o teu olhar, Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo; E apesar disso, cré! nunca pensei num lar Onde fosses feliz, ¢ cu feliz contigo” B (Camilo Pessanha) Rimas interpoladas ou opostas: opdem~ se (ABBA). “Uma cobra obra um ovo. A bem menor que o da.ema ——p mas cada um tem a gema 13 que comeca a ser de novo” — A (Abel Silva) Rimas mistas: so aquelas que apresentam outros tipos de combinagies. “Meninas de bicicleta que fagueiras pedalais quero ser vosso poeta! O tansit6rias estdruas Esfuziantes de azul Louras com peles mulatas Princesas da zona sul.” D (Winicius de Moraes) QUANTO A POSICAO DO ACENTO TONICO Rimas agudasou masculinas: simam-se palavras oxitonas, ou monossi- Jabas t6nicas. “Tinhas um pente espanho/ - No cabelo portugués Mas quando te olhava o so/, Eras s6 quem Deus te fez.” (Fernando Pessoa) voree Rimas graves ou femininas: rimam-se palavtas paroxitonas. “Por que me enterneces anto Alegre e festivo Bando Na minha rua passando A cantar, nao sei que canto?” (Carlos Queirés) Rimas esdrdxwlas: timam-se palavras proparoxitonas. “Ah! Quanto custo, 6 Deus, ver as criancas pélidas! Pobres botdes em flor! Pobres gentes ctisdlidas!” (Guerra Junqueiro) 385 QUANTO A COINCIDENCIA DE SONS. Rima perfetta, soante ou consoante: ba cortespondéncia completa de sons. “Tinha um berco pequenino E uma criada velha com seu terzo Cresci de mais, como o destino! Cresci de mais para 0 meu ber¢o:” (Jose Revi) Rima imperfeita, toante ou assonante: nao ha correspondéncia com- pleta de sons. “GO meu édio, meu ddio majestoso meu 6dio santo ¢ puro ¢ benfazejo unge-me a fronte com teu grande beijo, torna-me humilde ¢ torna-me orgulhoso.” (Crus ¢ Sousa) QUANTO AO VALOR Rimas pobres: sio muito frequientes ¢ ocorrem geralmente com pala- vras de mesma classe gramatical. “Eu venho da minha terra, da casa branca da sera do luar do servio; venho da minha Maria cujo nome principse na palma da minha mo.” (Guilherme de Almeida) Rimas ricas: ocotrem com palavras de classes gramaticais diferentes “Nao sei se amei o que era em mim deseyo de me ver no outro refletido. Sei que amei sempre amei e veio que de amar tenho hoje 0 coragao endurecido.” (Catos Felipe Moisés) Rimmas raras: sao obtidas entre palavras de muito poucastimas possiveis. “Bu que era branca ¢ linda, eissme medonha e escura Inspito horror... O tu que espias urdidera Da minha teia, atenta a0 que 0 meu palpo fia.” (Mane! Bandeira Rimas preciosas: sao timas attificiais; aparecem com pouquissima fre- qiiéncia. . “Oh vem, de branco — do imo da folhagem! Os ramos, leve, a tua mao aparte Oh vem! Meus olhos querem desposar-te Refletit-se virgem a serena imagem.” (Camilo Pessanha) OBSERVACOES 19) Verso branco € 0 verso que no tem rima. “A menina tonta passa metade do dia 4 namorat quem passa pela rua, que a outra merade fica pra namoras-se no espelho. ‘A menina tonta tem olhos de retrés prcto, cabelos de linha de bordar, a boca é um pedaco de qualquer tecido vermelha”” (Oana) 386 22) Ha varios poemas que tém forma fixa: obedecem 2 regras que determinam a combinacio dos versos, das ri- ‘mas ou das esrofes. A balada, o rondé, a quadra popu- Jar, a sextilha ¢ o soneto sio alpuns exemplos de poemas de forma fixa. O mais importante de todos, porque so- brevive a todas 2s épocas em literatura de vatios paises, €osoneto: pocma composto de duas quadras¢ dois er. cevos. Ml ESTILO INDIVIDUAL— ESTILO DE EPOCA NE CONCEITO __ Eatravésdaarte queo homem recria o mundo, os seres eos valores, E também através da arte que o homem rectia a linguagem, Cada es- critor possui uma maneira de pensar, um modo proprio de veras coisas e de recriar o mundo, Logo, cada esctitor tem uma forma propria de trabalhar com a linguagem, incluindo nisso a preferéncia por esctever em prosa, prosa poética ou poema. Estilo individual é a maneira muito particular de cada escritor ver o mundo e de organizar sua lin- guagem para poder traduzir sua visdo. Quando se estuda o estilo de um escritor, € necessatio analisar a linguagem: os recursos seménticos, sintaticos ¢ fonéticos utilizados na obra para melhor desenvolver e expressar sua mensagem. O esctitor faz parte de um mundo social, cultural ¢ hist6rico. A sua visio do mundo real est4 intimamente relacionada & época em que vive. Para tectiar 0 mundo, ele evidentemente sofie todas essas influéncias, Cada escritor tem seu estilo individual, mas a época que o formou poderd oferecer-lhe, ea outros seus contemporineos, o que chamamos de estilo de epoca. Estilo de época é a maneira de ver e de expressar © munde, refletindo caracteristicas préprias de uma época histérica. Seo escritor viveu em um petiodo muito religioso, certamente isto stata refletido em sua obra, seja pela tendéncia rligiosa ou anti-religiosa, por uma linguagem mais pessoal e subjetiva. Se viveu em um perfodo em que as ciéncias fisicas, biol6gicas ¢ sociais estavam em evidente pro- gresso, certamente isto influenciara sua visio sobre o homem e a vida. A visio mais objetiva da vida exigird uma linguagem mais objetiva, mais precisa. 387 YS 8: geaeed geegee Begsge go. ad g 2°88 8-8 eggeed geaees d S253 398 SES eS ae ges2due CE Rea Byesaey BASES Bass % gaeoe og ceediha geegegs fsdabes eS re E 8 qeesees $eeeess se2gasc ESEee sy gis Bs | teen coat 1881 ret 99nt 1091 oot | ‘stuns 2 sonen1 sono . “euiaod “wsord woo eiss0d ‘esd seisgod 'S9u4]] Se1zB1031] ep owour epoiwow ep o.esoid ep Sopeuniy ajoaussq@— + owwowrajonuas eunod op vaniqa: “a eongod esoid wo¥enSury — “wsa0d | ponb “yeuones ep owuaw -eso0d | © opaeziroyea 9 eanalqo joaussoq — | ep ormmwoparg | ‘soreduensa youu | sojduns |” -sosonue ap | sojopour -rjoauasaqy — ap seonzod — asieue e wo> wo8engury— — wo8enfury | sop ovSessquy wotwoy sogows ——epednsoaid “wsonuen | vied | pis 3 ep | Eammpord op jemurds —sessardio mw euMMeIIF]— —_ogSnjoroy | ——_eiFoqoum —_saropen sop > i Ope] 0 wor or opSedmocag— —ooyuay ad soperai? | "wom eed onaupseuay copiersqiy 9p -edna0auq — “oynuan o1waW — seisifenpisrpur ors0f :so21S5e)> op sored | woods ewin ap ‘034 owuaMTOME op -TAjoAUDsap op SDIO[EA SOP SSIOFEA Sop ——_sazojea sop | | epugngul— — tepnuy— — eoupnguy— | ebugnyoy— —epugnyuy— — epuanguy — | epugnyey — | | _ { | | owsm owsyoinioN | | | (OUSZOPOW oulsyOqUIS — -psDUIDg —ows||DOY | OWS BUDWUOY LITERATURA BRASILEIRA QUADRO DE LOS 388

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