MÓDULO 1 Conceituando a ludicidade e o brincar UA 1 A ludicidade está presente no cotidiano escolar e é uma ferramenta importante no processo de desenvolvimento do sujeito em seus aspectos físico, cognitivo e social. Além de estimular a imaginação e a criatividade, a ludicidade é prazerosa no processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Luckesi (2000), ludicidade foca na experiência lúdica como uma experiência interna do sujeito que a vivencia. No entanto, as buscas sobre um conceito definitivo não é encontrada nos dicionários. Além disso, não está focada apenas na experiência motora, de alfabetização ou na experiência interna do sujeito que a vivencia. Sobre os jogos que envolvem a socialização é correto afirmar que esses tipos de jogos fazem relação com a aprendizagem, sobre o viver e o conviver em sociedade. Ou seja, não têm relação com saber ganhar ou perder, com o pensamento criativo, o gosto pela busca ou interação entre sujeito e objeto da aprendizagem. Sobre os jogos desportivos é correto afirmar que são aqueles relacionados ao mundo dos esportes e são de grande importância para o desenvolvimento físico, motor e emocional. Ou seja, não têm como base mediadores reais ou imaginários, nem educação ocidental, não contemplam competências artísticas ou são relacionados à expressão corporal. Brincar deriva de brinco, possuindo vários significados, por exemplo: foliar, divertir-se, entreter-se, gracejar, jogar, etc. Ou seja, não deriva de jogo. É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral (WINNICOTT, 1975, p. 80). O brincar relaciona-se ao objeto e ao imaginário. Brincadeiras tradicionais: são ligadas ao folclore, costumes e valores culturais. Como por exemplo, as festas juninas. Brincadeiras de faz de conta: são simbólicas e têm como papel a representação de sonhos e fantasias. Jogos de construção: estão relacionados com a experiência sensorial, estimulam a criatividade e desenvolvem habilidades. O brincar ocorre tanto individual como coletivamente e ambas as formas têm função social e cognitiva. A mediação deste brincar é papel fundamental do professor. Mas, atualmente, não basta que o professor conheça a respeito do desenvolvimento infantil, para tal mediação. É preciso conhecer os brinquedos eletrônicos, os jogos e brincadeiras virtuais, pois essa é uma realidade da criança na contemporaneidade. As brinquedotecas são espaços organizados com diversos brinquedos, jogos e materiais selecionados de acordo com a faixa etária do público visitante. O objetivo desses locais é ajudar no desenvolvimento das crianças. Cantinhos lúdicos ou cantinhos temáticos para o brincar são espaços onde as crianças se deslocam e escolhem com autonomia o que e, com quem querem brincar. Nesse sentido, devem ser organizados com materiais e brinquedos diversificados e em número suficiente, que proporcionem variados repertórios para que as brincadeiras aconteçam. MÓDULO 1 O brincar: um direito assegurado às UA 2 crianças A concepção do brincar como um direito das crianças é essencial para o entendimento da ludicidade e da pedagogia do brincar. Observando a história e a atualidade, é possível afirmar que nem sempre ser criança significou ter infância. O direito à infância é garantido em leis e acordos internacionais, entretanto, não é assegurado a todas as crianças. É necessário que o brincar seja fortalecido para que as crianças possam viver essa fase da vida em sua plenitude. O processo de consolidação da criança como sujeito de direitos, e do brincar como um direito fundamental à infância, é relativamente recente na história da humanidade. Por isso, é necessário elaborar e implementar políticas para a garantia do brincar. Há formas diferenciadas de tratar o brincar na escola, e a mediação do adulto depende de fatores que refletem na importância dada à brincadeira pela instituição, dependendo, também, dos materiais, dos espaços disponíveis e da divisão de tempo para cada atividade. De que forma o professor têm influência na qualidade do brincar das crianças na escola através da sua mediação? A compreensão da criança como um sujeito de direito implica a sua proteção integral, a sua condição cidadã de direitos e deveres e a oportunidade de discutir e decidir sobre os rumos das políticas públicas que envolvem a infância, conforme garantido na Constituição Federal Brasileira, no Estatuto da Criança e do Adolescente e em diversos acordos internacionais. A compreensão da infância anteriormente à modernidade era caracterizada, simplesmente, como um período transitório para a vida adulta. Na Idade Média, as crianças não tinham função social antes de trabalharem. Além disso, eram altas as taxas de mortalidade infantil. Por que brincar é um direito da criança?
Porque é essencial nas suas vidas, ou seja, é
vital para o seu bem-estar e desenvolvimento. As crianças precisam de oportunidades para brincar e descansar, para viverem ao máximo a infância e desenvolverem as dimensões física, emocional, social, intelectual e estética. A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente possibilitou que crianças e adolescentes adquirissem status de sujeitos de direitos porque apresentou uma profunda alteração em termos legislativos, culturais e conceituais para as diretrizes, políticas públicas e demais serviços de atendimento da criança e do adolescente no Brasil. As políticas públicas devem se ocupar do brincar da criança porque este é um dos direitos especiais desses indivíduos, justificados por estes possuírem condição de pessoa em desenvolvimento. Para as crianças, brincar não é opcional, mas uma condição para a vivência da infância e para o seu desenvolvimento. As brinquedotecas (ou ludotecas) têm como objetivo o desenvolvimento de atividades lúdicas e o empréstimo de brinquedos e materiais de jogo. Esses espaços buscam resgatar o brincar espontâneo como elemento essencial para o desenvolvimento integral da criança. Além disso, uma brinquedoteca deve sempre estar adequada aos objetivos da instituição que a oferece e ao contexto onde está situada. MÓDULO 1 A brincadeira como uma das mais UA 3 potentes linguagens na/da infância A infância é marcada fortemente pelo brincar. A brincadeira está presente na vida das crianças em diferentes culturas e tem um papel fundamental em seu desenvolvimento. O brincar constitui-se em um instrumento de linguagem das crianças, pois, no jogo simbólico, elas podem reviver situações cotidianas e, assim, melhor compreendê-las e reorganizá-las. A linguagem é adquirida e desenvolvida por meio da relação entre as características individuais da criança e as características do ambiente onde ela se desenvolve. A disponibilidade de brinquedos, a presença e a qualidade da interação dos adultos que vivem no ambiente familiar ou que estão no seu ambiente escolar são fatores fundamentais para o desenvolvimento da linguagem da criança. A brincadeira é uma potente linguagem infantil, pois se configura como um meio que as crianças pequenas utilizam para expressar suas ideias, demonstrar e assimilar sentimentos, estabelecer contatos sociais, desenvolver habilidades e criatividade. No entanto, muitos profissionais se questionam sobre se as características da brincadeira permanecem quando o brincar ocorre por meio de jogos eletrônicos. Existem brincadeiras e jogos típicos de cada fase da criança, conforme o seu desenvolvimento psíquico, cognitivo e motor. Os bebês realizam exercícios com os órgãos do sentido; a partir dos dois anos passam a realizar jogos simbólicos e, por volta dos seis anos até o início da adolescência, brincam com jogos de regras. É preciso compreender o brincar como uma linguagem infantil, uma forma que as crianças utilizam para expressar suas ideias, demonstrar seus sentimentos e suas vontades, assimilar sensações e emoções, estabelecer contatos sociais, expressar suas inquietudes, desenvolver habilidades e sua criatividade. É brincando que a criança aprende, amplia suas relações interpessoais e expande seu mundo. O maior efeito da atividade lúdica é indireto, pois desenvolve mecanismos indispensáveis às aprendizagens em geral, como o raciocínio, o pensamento, a discussão de pontos de vista, a representação e a ação. Pela brincadeira, a criança, mesmo que sem a intencionalidade, é estimulada em muitos aspectos do desenvolvimento individual, social, físico, motor, psíquico e cognitivo. Independentemente do tipo ou das características do brinquedo, pelo brincar, o desenvolvimento infantil está sendo estimulado. Por meio da atividade lúdica a criança descobre as relações existentes entre as pessoas, consegue avaliar suas habilidades e compará-las com as das outras crianças, assim como permite apropriar-se de códigos culturais e de papéis sociais. Para propiciar o estabelecimento de novas relações interpessoais, os espaços onde brincam as crianças precisam ser idealizados da melhor forma possível. Para que isso aconteça, não é necessário esperar a entrada de uma criança com necessidades visuais especiais na escola, por exemplo, para produzir jogos que, a partir de pequenas modificações na textura ou na cor, incluam a todos. Não é preciso aguardar a chegada de uma criança surda na turma para aprender a comunicação com a Língua Brasileira de Sinais. Diante desse cenário, muito profissionais começaram a se questionar e a pensar nas possíveis soluções para garantir a premissa de que "brincar é para todos". MÓDULO 1 As inúmeras representações do brincar UA 4 O brincar pode se manifestar de diversas maneiras de acordo com as representações culturais de cada lugar. No entanto, é importante destacar que, indiferentemente da forma como é representado, contribui fundamentalmente para o desenvolvimento e para a aprendizagem das crianças. As propostas curriculares da Educação Infantil devem garantir que as crianças tenham experiências variadas com as diversas linguagens, reconhecendo o mundo no qual estão inseridas por força da própria cultura, marcada por imagens, sons, falas, escritas, valorização do lúdico, das brincadeiras e da cultura infantil. Segundo G. Brougére, o brinquedo, a brincadeira, o espaço e o tempo de brincar, bem como as experiências anteriores dessa criança formam um todo determinado como cultura lúdica, que está isolada da cultura geral. Essa influência é multiforme e começa com o ambiente e as condições materiais para o ato do brincar. O brincar livre conceitua-se pelo lúdico informal, geralmente no espaço familiar: de passeios, de comunicação, de informação, de descobertas, de assistir televisão, enfim, brincadeiras que, apesar de serem de iniciativa da criança, sem pretensões educativas, assumem características de aprendizagens consideráveis para ela, que, se utilizando de conhecimentos pré-adquiridos, possibilitam a apreensão de novos conhecimento, a fim de apropriar-se de seu entorno, desenvolvendo sua cultura lúdica. A criança deve ter a possibilidade de se deslocar e fazer movimentos amplos nos espaços internos e externos às salas de referência das turmas e à instituição, envolver-se em explorações e brincadeiras com objetos e materiais diversificados que contemplem as particularidades das diferentes idades, de modo a proporcionar diferentes experiências de interações, que lhe possibilite fazer amigos, construir saberes, aprender a cuidar de si. Deve possibilitar que as crianças participem de diversas formas de agrupamento (grupos da mesma idade e grupos de diferentes idades). Brincadeiras e vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais favorecem a identidade e a diversidade de modo que as vivências éticas utilizem ações como respeitar o espaço de brincar do outro, guardar, emprestar e esperar a sua vez de usar os brinquedos, ações de responsabilidade e democracia. As vivências estéticas se referem ao uso do objeto de acordo com a cultura estética de sua família e da comunidade, e ao modo individual que a criança utiliza os objetos. Ao proporcionar brincadeiras com representações que possibilitem o despertar das experiências e vivências sensoriais, você está alimentando a criatividade das crianças por meio das sensações do próprio corpo e do contato deste com o mundo. Além disso, planejar ambientes em que as crianças possam criar suas brincadeiras a partir de objetos e materiais variados ajuda a desenvolver a criatividade. A professora Ana Maria está atuando em uma turma de Pré-escola e percebeu que as crianças possuem poucos brinquedos e materiais disponíveis em sala de aula para os momentos de brincadeiras.
DESAFIO: DESAFIO:
Você é desafiado a ajudar a professora, sugerindo
como ela poderá organizar um espaço contendo brinquedos e materiais, que serão fundamentais às inúmeras representações do brincar entre as crianças da sua turma. “Sucesso não é um evento. É o FRASE DA resultado da dedicação diária aos SEMANA: estudos” Prof. Leandro Piccini