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Trabajo P8 Completo
Trabajo P8 Completo
Educação
Experiência
Brasil
RESUMEN
A importância da presença da extensão nos currículos é de suma importância, pois será através da
extensão que haverá a consolidação do conhecimento teórico adquirido em sala de aula com o
conhecimento prático obtido com a realidade dos diversos modos de produção e das necessidades
da agricultura. Neste contexto, o projeto realizado pelo Grupo de Extensão Rural Aplicada do Centro
de Ciências Rurais (CCR) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e os agricultores do
município de Santa Rosa/RS, proporcionam aos estudantes dos cursos de graduação do CCR a
prática pedagógica dos conteúdos abordados pelas disciplinas técnicas. Através desta experiência
os estudantes podem conhecer a realidade existente dos agricultores familiares, bem como,
reconhecer a importância da agricultura e da prática dos assuntos tratados em sala de aula. Ao
avaliar a percepção dos docentes envolvidos no projeto conclui-se que os projetos de extensão, são
fundamentais na formação dos novos técnicos. A extensão torna-se um insumo para a motivação do
aprendizado, as diversas realidades e imprevistos encontrados no meio rural fazem com que estes
estudantes posicionem-se como profissionais e aprendam com a ação, produzindo seu conhecimento
a partir da experiência, sendo os sujeitos da aprendizagem. A experiência da extensão universitária
traz o agricultor/estudante/docente/instituição juntos no processo de aprendizado e
conseqüentemente fornece informações que devem direcionar as tecnologias/ações para atender as
necessidades encontradas pelos agricultores. Dessa forma, o papel da universidade será de articular
a extensão juntamente com o ensino e a pesquisa, privilegiando o contato dos seus estudantes com
as atividades extensionistas, preparando-os para o convívio com a realidade rural do país. Buscando
também a integração e orientação das diversas ações educacionais desenvolvidas pela universidade,
para que os projetos de extensão sejam adicionados cada vez mais nos currículos dos cursos de
graduação, por entender que o processo educativo é complexo e dinâmico.
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Serão utilizados os termos Universidade e Instituição de Ensino Superior, como sinônimos no texto, por não
haver no nosso entendimento diferenciação de significados.
consumo e a agricultura intensiva estão em pauta de diversas políticas públicas. Estes impactos
ambientais, negativos, não somente causam perda da biodiversidade, contaminações do ar e da
água, mas também afetam a sobrevivência e a qualidade de vida do homem, pois, ele está inserido
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no meio ambiente . Estes efeitos negativos do modelo vigente apontam para a necessidade de
mudanças de paradigmas e de alternativas mais sustentáveis.
De acordo com Silveira & Balem (2004), estas novas alternativas devem buscar a recuperação e
preservação dos sistemas naturais, bem como, a construção de um “novo” modelo de agricultura
baseada na manutenção das populações atendendo as necessidades básicas de forma equilibrada e
equitativa com os recursos naturais, promovendo esquemas sociais e culturais locais. Ainda segundo
os autores sobre esta nova alternativa:
(...) torna-se necessário uma construção permanente de formas de exploração do espaço agrário,
onde seja resgatado práticas adequadas à dinâmica dos agroecossistemas e a agricultura, sendo
esta definida como a cultura produzida pelos agentes sociais em sua vivência na atividade agrícola.
Tal estratégia se opõe a uma atuação profissional que desconsidere a heterogeneidade dos espaços
agrários, trabalhando na lógica de pacotes tecnológicos intensivos em insumos industriais.
O meio rural e os ecossistemas deve ser entendidos como heterogêneos, cada uma com sua
singularidade. Desta forma, a disciplina de extensão rural torna-se importante na formação dos
estudantes dos cursos das ciências agrárias, pois é ela quem irá qualificar estes novos profissionais,
preparando-os para lidar com os diversos agroecossistemas e formas de produção, não mais
difundindo tecnologias, mas sim, construindo os saberes juntamente com os agricultores e
conhecendo a realidade destes.
Neste contexto, o projeto realizado pelo Grupo de Extensão Rural Aplicada do Centro de Ciências
Rurais (CCR) da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM, e os agricultores do município de
Santa Rosa/RS, proporcionam aos estudantes dos cursos de graduação do CCR a prática
pedagógica dos conteúdos abordados pelas disciplinas do Departamento de Educação Agrícola e
Extensão Rural/DEAE, focando principalmente na disciplina de Extensão Rural. Através desta
experiência os estudantes podem conhecer a realidade existente nas diversas propriedades dos
agricultores familiares, bem como, reconhecer a importância da agricultura familiar e da prática dos
assuntos tratados em sala de aula. Neste trabalho procurou-se conhecer a percepção de alguns dos
docentes envolvidos no projeto em relação à importância da interação entre teoria e prática para a
formação dos estudantes.
2. Ordenando a pesquisa
O projeto do qual o Grupo de Pesquisa Extensão Rural Aplicada (Departamento de Educação
Agrícola e Extensão Rural) participa faz parte do convênio firmado entre a Prefeitura de Santa
Rosa/RS e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) intitulado: “Apoio Técnico Científico no
Estudo da Realidade Rural no Município de Santa Rosa: Diagnóstico Rural por Localidade e
Propostas de Ação para o Desenvolvimento Rural Sustentável” para realização do diagnóstico da
realidade rural da agricultura familiar do município.
Neste sentido, docentes participantes do projeto para promoverem a integração entre ensino,
pesquisa e extensão e buscaram envolver os estudantes do Centro de Ciências Rurais/CCR da
UFSM, compreendidos pelos cursos de Agronomia, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária. Os
estudantes matriculados nas disciplinas de Extensão e Comunicação Rural; Extensão e
Desenvolvimento Rural e Extensão Rural eram preparados em sala de aula com as várias
ferramentas/técnicas e referenciais teóricos sobre as metodologias utilizadas para realizar o
diagnóstico da realidade rural em uma abordagem participativa. Após a preparação em sala de aula
os estudantes visitavam o município, realizando entrevistas semi-estruturadas com os agricultores
familiares para o levantamento de dados da realidade destes agricultores. Desta forma, os estudantes
aplicavam na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, promovendo um maior contato
destes com a realidade existente nas propriedades rurais, possibilitando o diálogo e a troca de
saberes técnico-agricultor. Além da aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula a
prática permitia também aos estudantes conhecerem a realidade da agricultura familiar e promovia o
lado profissional destes. Os estudantes eram recebidos pelas comunidades das localidades rurais do
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Será utilizado o termo meio ambiente, para expressar as diversas relações existentes no meio biótico e abiótico
e suas formas de interação com o espaço onde se encontram.
município para um almoço, este é o primeiro contato entre agricultor-estudante. Após o almoço os
docentes que acompanham os estudantes eram separados em duplas e destinados a elas as
propriedades que seriam entrevistadas, cada dupla visitavam duas propriedades para recolher as
informações para o diagnóstico da realidade do município. O segundo momento desta prática era o
retorno das informações coletadas e a discussão das mesmas pelos estudantes em sala de aula,
assim como os comentários sobre a experiência e relatos pessoais.
Para uma melhor compreensão da percepção dos docentes envolvidos no projeto, tendo em vista o
pluralismo dos instrumentos e técnicas utilizados nesse estudo, optou-se pela utilização da
investigação qualitativa:
Preferimos utilizar el término investigación cualitativa para situar bajo el mismo toda esta gran
diversidad de enfoques y corrientes de investigación: estudio de campo, investigación naturalista,
etnografia, etc... (p. 24). También se disponen de diversas formas de recoger y analizar materiales
empíricos, incluyendo la entrevista cualitativa, la observacion, la visualización, la experiencia personal
y los métodos documentales (GÓMEZ et al., 1996, p. 30).
Para isto, através de um roteiro foram propostos alguns temas para o desenvolvimento do diálogo
que abrangeu os seguintes aspectos: a importância da interação teoria-prática; quais as percepções
dos docentes; como era a experiência relatada pelos estudantes aos docentes; contextualização da
realidade da agricultura familiar no conhecimento do estudante e no conhecimento do próprio
docente, entre outros fatores, para avaliação da importância e da necessidade deste tipo de projeto
na formação dos novos profissionais das Ciências Agrárias.
4. Breves Considerações
O presente trabalho teve o intuito de discutir brevemente a importância da relação teoria/prática e o
papel da extensão rural e universitária na formação principalmente dos novos profissionais das
Ciências Agrárias, partindo da visão dos docentes neste processo.
Atualmente com as discussões e os debates sobre as preocupações ambientais versus produção,
consequentemente sobre a temática do desenvolvimento sustentável, torna-se necessário a mudança
no ensino e na formação dos novos profissionais, para que esta mudança de paradigma possa ser
efetivada.
Para os futuros profissionais das ciências agrárias a mudança no currículo das disciplinas e o contato
prático com a realidade da agricultura brasileira são os alicerces para o desenvolvimento rural
apoiado na sustentabilidade e na qualidade de vida das pessoas que vivem e trabalham no meio
rural, principalmente para os agricultores familiares.
O caminho para superar o modelo tradicional de ensino, baseado principalmente nas teorias do
difusionismo tecnológico com o foco nas grandes propriedades, é através da articulação entre
extensão, ensino e pesquisa, propiciando um espaço com diferentes metodologias para a construção
do saber e do pensamento crítico. Deste modo, promovendo as mudanças que a sociedade
contemporânea tanto discute atualmente, baseado nos princípios do desenvolvimento sustentável,
onde haja uma harmonia entre as dimensões econômica, ambiental e social, como matrizes primárias
e balizadoras deste estilo de desenvolvimento.
Na realidade, em vez de formar profissionais que entendam das condições específicas e totalizadoras
inerentes aos processos agrícolas e do desenvolvimento rural, o ensino nas universidades e escolas
agrícolas brasileiras adotou um modelo que privilegia a divisão disciplinar, a especialização e, por
conseqüência, a difusão de receitas técnicas e pacotes tecnológicos. Assim, os profissionais
egressos, em geral, não tiveram a oportunidade de chegar a uma compreensão da agricultura como
uma atividade que, ademais de sua "função de produzir bens", é um processo que implica uma
relação entre o homem e o ecossistema no qual vive e trabalha, sem considerar que, para muitos
agricultores, essa atividade se confunde com seu modo de vida. (CAPORAL, 2003, p.12)
A prática, a vivência da realidade na formação dos profissionais, não se aplica somente aos cursos
das agrárias, pois ela juntamente com a teoria é o ponto chave na formação do indivíduo. È através
da teoria-prática que o profissional estará preparado para entender e responder a complexidade e
diversidade existente no meio rural, sem a união das duas formas de aprendizagem o estudante fica
despreparado para compreender a realidade que encontrará depois de formado e conseqüentemente
estará mais habilitado a intervir na mesma.
O processo do conhecimento é contínuo e dinâmico e não deve ser entendido como algo estático, do
somente ouvir, o estudante deve ser ator ativo do seu próprio conhecimento. Neste sentido, é de
suma importância a realização de projetos pedagógicos que visem à integração entre teoria e prática
promovendo reflexões acerca de estratégias que promovam a capacitação de um novo profissional,
engajado com o compromisso social dos indivíduos e para com a sociedade.
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