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LL A Ane fn erwolranict so q CO pian q aarpreks Pree ra, hake ag we My, C TOT vm gern | - 1 homer do subiirbio de Buenos Aires, que um compadrito® ser outra virtude a nio ser a enfatua Lcoragem, 8 interne 16 rea_da fronteira como Brasil « chegue ntraban-~) distas parece de ntemio impossivel. on reas pean iwi, quero contar o destino de Benjamin Otélora, de irro de Balvanera onfins Jo ‘a; quan- quem talver nio reste lembranga no b conforme sua be ande do Sul. Ignore os detalles da sua ados, tratare’ de corrigit © ampliar es- “do me forem reve tas paginas, Por ora, este resumo pode Benjamin Otdlora tem, por volta anos, f um rapagio de testa diminutd, claros, duro feito um basco; uma punhaladefeliz revelou- Ihe que é homem valente; nio 0 inquieta a morte do ad- versirio, tampouco a pronta necessidade de fugit do pais. Jebeu das cidades « do it wdas coxilias”- inside arable, assinn como o gaucho o foi da planicie JL. Manges e Silvina Bullrich, BP campadritn (Buenos Aiex: Compal General Valid Valivora, 1968), p bade O04 Malo hottan ge bob ‘ poweyyarbvury pyosialran He oe Scanned with Camscanner * O compadrite Soi, como esereven Borges, es HUN le, € fq op elee) 2A OUDEOBAS bath AW ltt OMatee et 4 ays A ) Leow Loved © eauditho local citvega The Winn Caria pide ain tal de Azevedo Bandera, do Urngual Obilara enibiren, a traves sia & formentosa 6 ranget tes Ho dia seguiile, eagueia pres las ras de Montevidéu, con ieonfeseadae talve, ignore da tristeza, Nao encontea Azevedo Wandeita; por volta da Jo Pano dol Molino, assiste a uma altereagiio chive ettiy (ropelrom Uni faea vedi; mei-noite, nupe armazéen Otilora nao sabe de que lado esta neraizio, mas é atratde pelo puro sabor do perigo, come outros pelo baralhe ou pela misica, Apara, no entrevero, uma punhalada baixa que um pedo di num homem de chapelete escuro pon cho, Depois, este vern a ser Azevedo Bandeira. (Othlora, ao ‘ber, rasga_a carta, porque prefere dever tudo 8b a si mesmo.) Azevedo Bandeira, apesar de fornide, dé a injus- tificivel impressio de ser aleijado; em set rosto, sempre proximo dem: s, estiio o judeu, o preto eo indie; em sua eatadura, 0 mi aco © 0 Ligre; a cicatriz, que lhe atravessa a face é um feite mais, como o negro bigode hirsuto,, Produto ou erro do Ale rool, a allercagio cessa sma rapidez com que comegou. Otdlora tropeiros depois os acompanha numa farra e, mais tarde, ate Peas) Cidade Velha, j4 com o sol bem alto, No tilting pa Gane & é de terra, os homens estendem os ar- reios para dormir, De forma confi rom a me bebe com os a, Otdlora compara essa noite com a anterior; agora ja pisa terra firme, entre amigos. Perturba-o algum remorso, isso sim, de nao sentir falta de Buel snos Aires, Dorme até a noitinha, quando o acorda ‘40 paisano que, bébado, agrediu Bandeira, (Otdlora lembra qui homem compartilhou com os demais a hoite de tumulto e jubilo e que Bandeira o fez sentar 4 di- Telta dele, obrigando-o a continuar bebel endo.) O homem a7 Scanned with CamScanner pee dasa y Vhe diz que o patrio o mandou ehamar, Numa espécie de eseritério que dé para o saguio (Ouilora nunea tinha visto A sua espera Azevedo dum sagniio com ports Jaterais) & Bandeira, com uma mulher de eabelo ruivo, clara e desde. nhosa, Bandeira examina-o, olered A rece! sm de cora: dente, repete que ele esti Harparece ndo homem de cora. gem, propde que vil ng norte ebm os demais para trazer gem, M ' ja estiio a caminho, “edhe um copo de aguar- uma tng, Ouilora aceltnedethadryy rumo a ‘Tacuarembd, Comega entio para Ouilora uma vida diferente, uma 5 que t vida de vastos amanheceres ¢ de jornad 10 odor io cavalo, Aquela vida & nova para cle, € fis veze atroz, mas ji esti em seu sangue, porque, da mesma forma que os homens de outras nagdes veneram @ pressentem o mar, assim nos (também o homem que entretece esses simbo- os) ansiam inesgotdvel re cascos, Otilora fora criado nos bairros do carreteiro e do quarteador; antes de um ano se torna gaucho, Aprende a domar a ghtropilhy cat Ja que subjuga eas bole: s pela plante s ndeiras que 1, a resistir ao a = er UbeM airesisnteae. sono, ds tempestades, ds geadas ¢ ao sol, a tocar o gado com 0 assovio ¢ 0 grito, Sé uma vez, durante aquele tempo de aprendizagem, vé Azevedo Bandeira, mas o tem muito presente, porque ser homem de Bandeira é ser considerado ¢ temido, © porque, diante de toda agio propria de ho- mem, os gauchos dizem que Bandeira faz melhor. Alguém opina que Bandeira nasceu do outro lado do Cuareim, 10 Rio Grande do Sul; esse fato, que deveria rebaixd-lo, obs- curamente o enriquece de s lvas fervilhantes, de treme- dais, de inextricaveis e quase infinitas distancias. Gradual- mente, Otdlora entende que os negocios de Bandeira sé° 28 Scanned with CamScanner miiltiplos ¢ que © principal é 6 contrabando, Ser tropeire & ser um servigal; Otalora se propoe ascender a On tra bare dista. Uma noite, dois dos companheiros wae Crisar @ fronteira para t t algumas partidas de ca na; Otdlora provoca um deles, fere-o € toma seu lugar. f movide pela ambigio ¢ também por uma obscura fidelidade, “Que o homem” (pensa) “acabe por entender que eu valho mais que todos os seus uruguaios juntos.” Passa outro ano antes que Otdlora volte a Montevi- déu. Percorrem os arrabaldes, a cidade (que para Otélo- 2 muito grande); chegarn a casa do patrao; os ho ra paret ens estendem os arreios no tiltimo patio. Passa os ias e Otalora nao vé Bandeira. Dizem, com temor, que esta doente; um preto costuma subir ao seu quarto COM & chaleira e 0 ma Uma tarde, encarregam Otdlora desea tarefa. Este se sente vagamente humilhado, mas tarn- bém satisfeito. O quarto esta desarrumado e escuro. Hé um baledo que da para o poente, uma longa me: te desordem de rebenques, relhos, cinturées, armas de fogo ¢ armas brancas, ha um remoto espelho que tern 0 cristal embagado. Bandeira jaz de costas; sonha € se la- menta; uma veernéncia de derradeiro sol o define. O vas- to leito branco parece diminui-lo e escurecé-lo; Otdlora nota as cis, o cansago, a frouxidao, 0s sulcos dos anos. Re- volta-o que aquele velho esteja mandando neles, Pensa que bastaria um golpe para dar cabo dele. Nisso, vé no es- pelho que alguém entrou. f a mulher de cabelo ruivo; est s6 meio vestida e descalga e observa-o com fria curio- sidade. Bandeira se recompée; enquanto fala das coisas do campo e engole um mate atras do outro, seus dedos A com uma relu- Scanned with CamScanner brincam com as tranigas da mulbier. Por firm, dé licenga a OtAlora para soir 3 depuis, chiega-lhes a orden de ir para o norte. Vao perdida, que parece estar ern qualquer on Arvores neta ure Ta. merminoved plante yen une Fa Cthig para slegeh- Ia, 0 primeiro e 0 Ultimo sol batern nela. 114 currais de pedra para a criagio, que é chifruda e traba- Mins. O Suspiro, assirn se chara essa pobre propriedade. soos que Bandeira nao tar- OtAlora ouve emi roda de p dar « chegar de Montevidéu. Indaga por qué; alguém esclareve que 4 ui forasteiro agauchado que esta que- rendo mandar demiais. Otélora compreende que é uma brincadeira, mas She agrada que uma brincadeira como enna j4 seja possivel, Verifica, depois, que Bandeira se de- sentenden com um dos chefes politicos e que este lhe re- Hirou 0 apoio, Gosta da noticia, Chegam caizotes de armas longas; chegam um jarro mito da mulher; chegam hega das coxilhas, certa manh§, um cavaleiro sombrio, de barba cerrada e pon- cho, Chariie Ulpiano Suarez ¢ € 0 capanga ou guarda~ “Twatas de huevedo Bandeira. Vala muito pouco e de ma- neira abrasileirada, OtAlora nao sabe se deve atribuir sua reserva a hostilidade, desdém ou mera barbdrie. Sabe, into sim, que, para o plano que est4 maquinando, tem de ganhar a amizade dele, Depois entra no destino de Benjamin Otalora um ala- vio de crina € patas negras que Azevedo Bandeira trat do sul € que exibe arreio prateado carona com bordas dé couro de onga. Kose cavalo ligeiro é um simbolo da us dade do patrio & por isso é cobigado pelo rapaz, que chee uma bacia de prata para 0 apos cortinas de intrincado damasco; 40 Scanned with CamScanner ssojar, com desejo rancoroso, a mulher de ea- também a desej ‘ so atributos helo reluzente. A mulher, 0 arreio © 0 alaz ivos de um homem que ele almeja destruir. se complica e aprofunda. Azevedo Ban- tro na arte da intimidagao progressiva, na ma- ou adjet A deira é pobra satinica de humilhar, gradualmente, o interlocutor, i a historia nando seriedade com brincadeira; Otalora resolve con aplicar esse metodo ambiguo a dura tarefa que se propoe. Resolve suplantar, lentamente, Azevedo Bandeira. Ga- em jornadas de perigo comum, a amizade de Suar Confia-lhe o plano; Suarez lhe promete ajuda. Muitas coi- sas vio acontecendo depois, de que sei pouco. Otalora nao obedece a Bandeira; da de esque nha er, de corrigir, de inver- ter as ordens dele. O universo parece conspirar com ele e apressa os fatos. Num certo meio-dia, ocorre um tiroteio com gente rio-grandense em campos de ‘Tacuarembo; Or4lora usurpa o lugar de Bandeira e manda nos uru- guaios. Uma bala atravessa-lhe o ombro, mas naquela tar- de Ovilora volta para O Suspiro no alazao do chefe e na- quela tarde algumas gotas de seu sangue mancham o @ ¢ naquela noite dorme com a mulher de ca- belo reluzente. Outras versdes mudam a ordem desses fa- ‘os © negaim que tenham ocorrido num \inico dia. Bandeira, no e: ® chefe. Or uilanto, continua sendo nominalmente Da ordens que nao sao executadas; Benjamin 4lora na a i i lora nao toca nele, por uma mistura de rotina e pena. 2A tltim: histor: cena ¢ orresponde a agitagaio da a noite, os homens do Sus- iro recéi-carneado e bebem um alcool guém rasqueia infinitamente uma traba- dN Pro jantam corde *rreliento, Al thosnilongs og 2 exultagZo, em crescente jubilo; essa 2 simbolo de seu irresistivel destj. aciturno entre os que gritam, deixa que ndo as doze badaladas res. orosa 2 Ty 2 ta-se como quem se lembra de uma obriga- > hate com suavidade na porta da mu- para ele em seguida, como se esperasse 9 chamado. Sai sé meio vestida e descalga. Com uma voz afeminada que se arrasta, o chefe lhe ordena: — J4 que voeé e o portenho se gostam tanto, va, ago- ra mesmo, dar { / sistir, mas dois homens a pegam pelo braco e jogam-na j em eva de Ordlora. Arrasada em lagrimas, beija-lhe o { Testo eo peito. Ulpiano Suarez empunha o revélver. Ota- | lora compreende, antes de morrer, que desde o inicio 0 | trairam., que foi condenado 4 morte, que lhe permitiram © amor, o mando e o triunfo, porque j4 o davam por mor- | to, porque para Bandeira j4 estava morto. \ Suarez, quase com desdém, abre fogo. lie. hataletad 2 a beijo nele na frente de todos. Acrescenta um detalhe grosseiro. A mulher quer re- Scanned with CamScanner 2 ;

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