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CARACTERÍSTICAS DE UMA OVELHA DO SENHOR

Texto-base: João 10. 1-30

Introdução

Nós, Cristãos, já ouvimos, durante a nossa vida várias expressões que indicam que
pertencemos a Deus. As mais comuns são aquelas que dizem que “somos ovelhas de Jesus”;
pertencemos ao “aprisco de Deus”; fazemos parte do “rebanho do Senhor”.
A ilustração do pastor e das ovelhas tem a sua origem no Antigo Testamento. Em Gênesis,
Jacó chamou Deus de “pastor” – Gn 49.24 – assim como o Rei Davi, Asafe, Isaías, dentre outros
profetas. Em toda a bíblia encontraremos muitas referências a essa ilustração. O próprio Jesus fez
alusão ao pastor e à ovelha, inclusive, tomando para si o papel de Pastor, o Supremo Pastor que
apascenta o rebanho do Senhor.
Vemos na bíblia o papel do pastor como cuidador e protetor das ovelhas, mas não vamos
encontrar o papel ativo das ovelhas nessa relação.
Diante disso, podemos fazer a seguinte pergunta: o que a referência da igreja como sendo
ovelha pode revelar sobre as características do Cristão?

Compreendendo o texto

Antes de respondermos à questão, vamos voltar ao texto.

A narrativa lida está descrita logo após o acontecimento de um milagre. Jesus estava na
cidade da Galileia e lá operou muitos milagres. O milagre anterior ao texto mostra a cura de um
cego de nascença. Após o milagre, os fariseus interrogaram o ex-cego e seus pais sobre que o havia
lhe curado. O cego, ao ser questionado, não soube dizer que era Jesus. Ao sair da presença dos
fariseus, Jesus mostra-se a ele que o reconhece, crê nEle e o adora.
Nos versos 39 e 41 do capítulo 9, Jesus declara que veio “a este mundo para juízo, a fim de
que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos” e “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado;
mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece”. Essa declaração de Jesus deu
ensejo ao texto que lemos.
No texto lido, Jesus conta uma parábola aos seus ouvintes. Nessa parábola, Jesus compara o
seu povo como ovelhas. Primeiramente ele faça sobre o pastor. Diz que o verdadeiro pastor entra
pela porta do aprisco. O porteiro o reconhece e permite e sua entrada. Quem não é o pastor das
ovelhas, não conhece a porta e entra por outro local e o compara a ladrões e salteadores.
Depois, ele muda o foco da parábola para as ovelhas. Jesus diz que as ovelhas, de modo
algum, seguirão outra pessoa que não seja o pastor. Elas reconhecem apenas a voz o pastor e o
segue.
Na explicação da parábola, Jesus afirma que Ele é a porta das ovelhas (vs. 7 e 9) e também
que Ele é o pastor das ovelhas (v. 11). Jesus afirma que Ele é o pastor que dá a vida pelas suas
ovelhas e ninguém as tira de Sua mão.

Contextualização do texto

Quando lemos o texto, sempre nos vêm à mente a figura do pastor e de seu cuidado e
apreço pelas suas ovelhas. Mas não mudamos o nosso foco às ovelhas.
Quando pensamos nas ovelhas, vêm à cabeça que a ovelha é um animal ingênuo e fraco, que
não tem condições sozinha de sobreviver e, por isso, depende tanto do pastor. Não paramos para
ver que qualidades as ovelhas possuem ou, que benefício o pastor pode ter ao cuidar e apascentar
as ovelhas.
Na mensagem de hoje, vamos olhar um pouco sobre as características que as ovelhas de
Jesus têm. O texto apresenta para nós três características ativas das ovelhas. Nos versos 3 a 5
percebemos que a ovelha reconhece somente a voz do seu pastor; no verso 14, percebemos que a
ovelha também conhece o seu pastor e, no verso 27, que a ovelha segue o seu pastor.

Qualidades da ovelha

Se observamos as características da ovelha, de maneira geral, vamos encontrar os seguintes


atributos desse animal:
1- As ovelhas tem uma sensibilidade apurada que lhes permite identificar pessoas e outros
integrantes do rebanho. Essa sensibilidade as ajuda a perceber quando o pastor as chama,
bem como reconhecer as demais ovelhas do rebanho;
2- As ovelhas conseguem diferenciar as emoções e sensações;
3- A memória das ovelhas é muito boa. Isso permite que ela lembre de fatos que vivenciou no
período de dois anos;
4- A ovelha produz lã desde o seu nascimento até a sua morte.

Diante disso, vamos refletir hoje sobre como essas características se aplicam a nós, cristãos e
ovelhas do aprisco de Cristo.

1- INTELIGÊNCIA DA OVELHA

No texto lido, Jesus diz que as ovelhas reconhecem a voz do pastor (v. 4) e que, além de
reconhecer a voz do pastor, elas não seguirão alguém estranho, pois não lhe reconhecem a voz (v.
5).
Como já vimos, a ovelha tem uma ótima memória e essa memória a auxilia no
reconhecimento do seu pastor e das outras ovelhas do seu rebanho. Como cristãos, devemos
aplicara essa característica para discernir a voz de Deus em meio à muitas vozes que ouvimos no dia
a dia.
Em nosso cotidiano, vivemos ao redor de muitas pessoas que, como nós, passam por
diversos problemas e situações. Muitas delas acabam nos dando conselhos que, em algumas vezes,
não nos ajudam a solucionar o problema, apenas a postergar ou a agir com indiferença.
Muitas pessoas dão aos seus conselhos caráter divino, pois dizem que o Senhor o inspirou
para dizer algo a nós. Outros dizem que tiveram uma revelação do Senhor para nos aconselhar e
direcionar a nossa vida.
A ovelha deve ter uma boa memória para poder lembrar e reconhecer a voz do seu pastor
para não ser enganada por outras pessoas má intencionadas. Nós cristãos devemos agir da mesma
forma. Como ovelhas de Cristo, devemos nos lembrar sempre de Suas palavras, de seus
ensinamentos e doutrinas para não sermos enganados.
Assim como Paulo fiz na carta de I Coríntios 12. 3 – “Por isso, vos faço compreender que
ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema Jesus! Por outro lado, ninguém pode
dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito” e em Gálatas 1. 8 e 9 – “Mas, ainda que nós ou mesmos
um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém nos prega evangelho que vá além
daquele que recebestes, seja anátema”.
A verdadeira ovelha de Jesus conhece a Sua voz. Conhece seus ensinamentos. A verdadeira
ovelha de Cristo sempre identifica a voz de Seu pastor em meio a tantas vozes que ouvimos
diariamente e não se envereda para qualquer vento de doutrina. Pelo contrário, segue firme nas
palavras de seu pastor, aquele que cuida e orienta no caminho que deve seguir.
Assim como diz em I João 4. 4-6 – “Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os
falsos profetas, porque maior é o que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles
procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos
de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve.
Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro”.
Devemos utilizar a nossa memória para não esquecermos do sacrifício vicário de Jesus na
cruz que nos comprou e nos resgatou das trevas. Tirou-nos de um mundo perdido e nos levou para
seu aprisco onde temos constante cuidado, proteção e amor.
A verdadeira ovelha de Deus não se esquece daquele que o escolheu desde a eternidade e o
separou para fazer parte de Sua família.

2- SENSIBILIDADE DA OVELHA

Além da ovelha ser um animal muito inteligente, é uma animal sensível. No texto de João
vemos que Jesus diz que a ovelha, além de reconhecer a voz do seu pastor, também conhece seu
pastor.
Esse conhecimento vai muito além do conhecimento intelectual. O verbo “conhecer”
utilizado por Jesus nessa passagem envolve uma ligação emocional intensa. Um comprometimento
da vontade.
Esse conhecimento só é adquirido quando temos intimidade com Deus. A ovelha só conhece
o seu pastor no sentido do texto quando convive com ele cotidianamente. Para termos uma ligação
emocional intensa, como expressa no texto, temos que nos relacionar com Deus e isso só é possível
quando lemos a Sua Palavra e oramos diariamente.
Mas essa sensibilidade trazida no texto não se reduz apenas ao pastor e à ovelha. Ela se
estende às demais ovelhas do aprisco. Nas características das ovelhas, vemos que ela consegue
expressar alguns sentimentos e reconhecer esses sentimentos.
Na relação como irmãos em Cristo, a maneira como eu me relaciono com meu irmão,
mostrará se estou intimamente ligado com Deus, pois é impossível eu não amar meu irmão e dizer
que amo a Deus. O texto de I João 2. 9-11 – Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até
agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum
tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para
onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos”.
Podemos ver no texto de João que o amor a Deus é evidenciado pelo amor de uns para com
os outros. Da mesma forma que as ovelhas, entre si, identificam os sentimentos umas das outras,
devemos também identificar os sentimentos e as necessidades de nossos irmãos e exercer esse
amor no auxílio e cuidado uns para com os outros.
Sobre isso Paulo disse em sua carta aos Gálatas 6. 2 – “Levai as cargas uns dos outros e,
assim, cumprireis a lei de Cristo”.
Nesse contexto, Paulo adverte àqueles que se achavam espirituais para agirem com mais
brandura e empatia para com os irmãos. Para, ao invés de julgar ou tratar de maneira ríspida o
pecado ou problema do irmão, ter amor e cuidado para com eles. No verso lido, ele orienta aos
Gálatas a compartilhares suas cargas para cumprirem a lei de Cristo.
Devemos compartilhar com nossos irmãos nossos fardos e problemas. Devemos estar
prontos para ouvir e ajudar nosso próximo, pois isso é função da ovelha de Jesus. Devemos
compartilhar o amor, cuidado e proteção recebidos por Deus para nosso próximo.

3- PRODUÇÃO DA OVELHA

Quando pensamos na relação pastor x ovelha nunca imaginamos que benefício o pastor terá ao
cuidar e apascentar uma ovelha. Mas quando vemos as suas características, percebemos que a ovelha dá
lucro para seu pastor. Desde o momento que nasce, até o momento de sua morte, a ovelha produz lã. Essa lã
é vendida e convertida em vestimenta. Além disso, a ovelha também produz leite que pode ser consumido
como queijo e como bebida.
Vemos, portanto, que a ovelha ajuda no crescimento dos negócios de seu pastor. Mas, o que tem
isso a ver com o reino de Deus?
Como ovelhas de Cristo, devemos também produzir. Não devemos ser ovelhas passivas que só
esperam o cuidado e proteção do Senhor. Em contrapartida, devemos anunciar o seu Reino. Devemos
espalhar para onde quer que formos as boas-novas de Deus. Devemos anunciar o evangelho de Cristo.
A ovelha do Senhor deve trabalhar para a manutenção da sua igreja. Da mesma forma que o pastor
utiliza do lucro da venda da lã e leite da ovelha para manter o aprisco que elas vivem, nós, cristãos, devemos
trabalhar para mantermos os espaços que utilizamos para reunião (nosso aprisco) bem cuidados. Devemos
cooperar uns com os outros no trabalho da igreja e da obra de Cristo.
O apóstolo Paulo, na carta de I Coríntios 12. 27-31 diz assim: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e,
individualmente, membros desse corpo. A um estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em
segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de
curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas?
São todos mestres? Ou, operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? Falam todos em outras
línguas? Interpretam-na todos? Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons”.
Vimos nessa passagem que Paulo deixa claro que todos têm um lugar no Reino de Deus. Todos têm
uma função na igreja. No último versículo, Paulo diz para procurarmos com zelo os melhores dons.
Deus não nos chamou para ficarmos inertes, parados, sem produtividade. Deus nos chamou para
trabalharmos na Sua obra. Chamou-nos para servi-Lo e para servirmos aos outros. Devemos colocar nossas
qualidades, dons e talentos à disposição da obra de Deus. Devemos ser produtivos para a expansão do
evangelho.
Proclamar o Reino de Deus, o seu amor e sacrifício de Jesus é uma ótima maneira de agradecermos
pela bênção da salvação. Trabalharmos na igreja para podermos ter um bom lugar para cultuar a Deus,
aprender sobre Ele e manter nossa comunhão com Ele é uma ótima maneira de louvarmos a Deus pelo
presente da salvação.

CONCLUSÃO

Vimos, na mensagem de hoje, que ser uma ovelha de Deus vai muito além de sermos cuidados e
protegidos por Deus. Como ovelha do Senhor devemos:
- Discernir e reconhecer, dentre as muitas vozes, a voz de Deus e segui-la sempre;
- Mantermos nossa íntima relação com Deus e com os irmãos, ajudando e amando uns aos outros;
- Trabalhar para a expansão da obra e para a manutenção da igreja de Cristo na Terra com as
qualidades que deus nos Deu.
Dessa forma, seremos reconhecidos como discípulos de Jesus, como Ele disse em João 15. 8 – “Nisto,
é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos”.

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