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Investigador: Língua Portuguesa (20 questões), Noções de Direito (Penal, Processual

Penal, Administrativo e Constitucional) e Conhecimentos Básicos de Informática (40


questões).

Inspetor: 30 questões objetivas de Língua Portuguesa;


20 de Conhecimentos Básicos de Informática;
50 de Conhecimentos Específicos (Direito Constitucional, Direito Administrativo,
Direito Penal e Leis Penais Especiais, Direito Processual Penal).

Direito Penal (Parte Geral)

https://www.youtube.com/watch?v=MUBs792ua6A

Finalismo: Reforma da Parte Geral (1974) – Teoria de Hans Wetzel que mudou a concepção de
crime, retirando da culpabilidade o dolo e a culpa, passando-os para a conduta, ou seja, para
dentro do fato típico.

O entendimento majoritário é de que o dolo, no nosso direito, se baseia em conhecimento e


vontade.

O “erro de tipo” afeta o conhecimento, pois, se não tem conhecimento, não tem dolo. Essa
falta de conhecimento não pode ser confundida com falta de conhecimento da lei. Falta de
conhecimento da lei não descaracteriza o dolo.

“Erro de proibição” – ex.: jovem que herda fazenda da família e estende a área do sítio para
uma área de proteção ambiental, mas não sabia que estava cometendo crime, pois ao
interpretar a lei, interpretou errado. Falta de consciência da ilicitude, que afeta a
culpabilidade. A culpabilidade é a medida da pena, é o juízo de reprovação que a sociedade faz
sobre um fato que se enquadra na norma proibitiva (fato típico) e que não tem excludente de
ilicitude. Esse juízo de reprovação vai variar: se o erro não podia ser evitado, não tem
culpabilidade, logo, não há penalidade. Se o erro for evitável, a culpabilidade é menor, há
redução da pena.

Princípio da Legalidade:

Art. 1º CP – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal.

Dentro do princípio da legalidade temos o princípio da anterioridade = não se pode punir


alguém com lei criada após o delito.
E também o princípio da reserva legal = lei ordinária, lei formal.

Lei penal no tempo:

Na regra geral do direito, o tempo rege o ato. Observa-se a lei que está vigente naquele
momento. No direito penal, existem regras especificas, fala-se sobre uma maior intervenção
do estado na vida dos cidadãos, por este motivo, existe a regra de que o estado só pode
determinar a prisão de alguém, se este crime estiver anteriormente previsto em lei. Acontece
que, se a sociedade entende que determinado ato não é mais crime, este deixará de ser
punível. Ex.: antigo crime de adultério.

No art. 2 do CP, temos o chamado “abolitio criminis” = Ninguém pode ser punido por fato que
lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória.

Parágrafo único – “Lex mitior” - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

Ou seja, no “abolitio criminis” não importa se já existe sentença condenatória transitada em


julgado, a partir do momento que a sociedade deixa de considerar determinado fato como
crime, não há punição. Ou seja, no direito penal, a lei mais benéfica retroage para beneficiar o
réu, e jamais poderá retroagir para prejudicar o réu.

O art. 3 do CP traz uma exceção: Lei temporária ou excepcional. Ela se aplicará aos fatos
cometidos durante sua vigência, mesmo que deixe de viger. Ou seja, ela deixa de viger para os
fatos acontecidos depois, mas não em relação aos fatos cometidos durante sua vigência.

“A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as


circunstancias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. “

Mas, no caso de uma nova lei revogar expressamente o conteúdo da lei excepcional, dizendo
que aquilo não é mais crime, aí sim não há punição.

O art. 4 diz que se considera crime, o praticado durante a ação ou omissão, ainda que outro
seja o momento do resultado.

Ou seja, quanto ao tempo do crime, o código penal adota a teoria da atividade.

Ex.: o sujeito deu um tiro em outra pessoa quando tinha 17 anos, 11 meses e 29 dias. A vitima
foi para a uti e morreu quando ele já tinha 18 anos. Não aconteceu o crime, pois o tempo do
crime é o tempo em que ele atirou e não o tempo do resultado.

Princípio da Territorialidade:

Art. 5 – aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
Nas provas de concurso as bancas costumam colocar a expressão “com prejuízo”. E é sem
prejuízo, ou seja, aplica-se a lei penal brasileira no nosso território, mas respeitando o direito
internacional. Ex.: o direito internacional diz que diplomatas estrangeiros não podem ser
punidos aqui (e vice-versa), salvo se houver um duplo reconhecimento, renuncia de
imunidade, pelo estado que enviou o diplomata.

O parágrafo 1 do art. 5 traz o território brasileiro por extensão: não faz parte da republica
federativa do brasil, mas para fins penais, será considerado como território brasileiro.

“Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional, as embarcações


e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em
alto-mar.”

Ex.: aeronave da força aérea brasileira sobrevoando na china, para fins penais, considera-se
em território brasileiro o crime cometido dentro da aeronave.

Avião que não é da força aérea brasileira, mas se estiver sendo usado para o governo, por ex.
levando uma delegação de brasileiros para participar de uma reunião internacional, será
considerado como território nacional também.

As embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, só se estiverem em alto mar


ou no espaço aéreo correspondente. Se o barco particular estiver em outro país durante o
cometimento do crime, o agente estará sujeito as leis do país em que estiver, poderá também
ser punido pelo brasil, mas por outras regras (extraterritorialidade).

O mesmo ocorre com aeronaves e embarcações estrangeiras privadas, se estas estiverem em


nosso território, aplica-se a lei penal brasileira.

Lugar do crime:

Art. 6 – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. (Ubiquidade).

Esse artigo é usado para os crimes à distância, que são aqueles que percorrem mais de uma
soberania.

Ex.: O sujeito está nas Cataratas de Iguaçu, no lado do território brasileiro, atira por cima das
cataratas e mata um argentino, o argentino cai na água e é levado pelas cataratas, a conduta
aconteceu no brasil, o resultado, na argentina. Aplica-se a lei brasileira. No caso de o resultado
acontecer no território brasileiro, também se aplica a lei brasileira.

Para memorizar – Lei penal no tempo e no espaço = L u t a (lugar do crime; ubiquidade; tempo
do crime; atividade)

Art. 7 – Trata da extraterritorialidade – é quando se aplica a lei brasileira mesmo que o crime
ocorra fora do Brasil.
Ex.: presidente do Brasil está fazendo uma visita ao Japão, um argentino, que lá se encontra,
assassina o presidente do Brasil. O Brasil poderá pedir a extradição desse argentino para puni-
lo aqui. Se o assassino fosse Japonês, não aconteceria a extradição porque os países não
extraditam os seus nacionais.

Existem alguns crimes que sempre atraem a lei brasileira, mesmo que ocorram no estrangeiro.

O inciso I do art. 7 trata da extraterritorialidade incondicionada: não precisa de nenhuma


condição para que se aplique a lei brasileira. São esses:

Crime contra a vida e a liberdade do Presidente da República;

Contra o patrimônio ou fé pública, da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de


Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Pública (Ex.: moeda falsa = crime contra a fé pública);

Contra a administração pública, por quem está a seu serviço (Ex.: embaixador brasileiro que
comete crime contra a própria administração brasileira, em outro país);

Genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

Em todos os casos o agente pode ser punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro. (Isso é constitucional ou não? Fere o princípio “no bis in idem” que
diz que ninguém pode ser condenado mais de uma vez pelo mesmo crime)

O inciso II do art. 7 fala sobre os crimes condicionados. São os casos:

Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (Ex.: tráfico internacional)

Praticados por brasileiro;

Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,


quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

Em ambos os casos, depende do concurso das seguintes condições:

Entrar o agente em território nacional;

Ser o fato punível também no país em que foi praticado;

Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.

Além dessas condições, existe outra, que é chamada na doutrina de extraterritorialidade hiper
condicionada:

Parágrafo 3 do art. 7 – A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

Não foi pedida ou foi negada a extradição;


Houve requisição do Ministério da Justiça.

Voltando à extraterritorialidade incondicionada: se um embaixador brasileiro pega dinheiro da


embaixada e o desvia para uma conta na suíça, esse sujeito pode ser punido no brasil mesmo
que a suíça já o tenha punido:

Art. 8 – A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Existe um precedente do STF que diz que se deve ler o art. 8 de acordo com a jurisprudência
da corte interamericana. A jurisprudência diz que só não se considera o julgado no outro país
se o julgamento foi de fantasia, ou seja, foi construído para gerar impunidade (acontece
geralmente em países autoritários, quando querem proteger alguém que cometeu crime de
tortura, etc.), nesse caso, o Brasil pode julgar de novo.

Eficácia da sentença penal estrangeira:

Art. 9 – A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as


mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

I – Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;

II – Sujeitá-lo a medida de segurança.

(Obs.: Para algumas coisas, não é necessário homologação. Ex.: se vier um traficante com
várias condenações no Paraguai, traficar no Brasil, o Brasil pode considerar as condenações
anteriores dele. É automático, não precisa passar por homologação no STJ.)

Quanto ao disposto no artigo 9, a homologação da sentença estrangeira era feita pelo STF, mas
uma emenda constitucional passou essa competência para o STJ. O Código Penal só traz duas
hipóteses de homologação de sentença estrangeira para surtir efeitos no Brasil:

I – obrigar o condenado à reparação do nado, a restituições a outros efeitos civis; Ex.:


brasileiro sofre agressão física do patrão na Austrália, pode homologar no Brasil para que o
agressor repare os danos.

II – sujeita-lo a medida de segurança. Ex.: sujeito com problemas mentais comete incêndio na
Itália, volta p Brasil mas é preciso interna-lo porque ele quer atear fogo na cidade. Homologa-
se a sentença da Itália no brasil pelo stj, ai ele pode ser sujeito a uma internação de custodia
ou tratamento ambulatorial.

Eficácia da Sentença Penal Estrangeira:

Parágrafo único – A homologação depende:

a – para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;


b – para os outros efeitos (medida de segurança), da existência de tratado de extradição como
pais de cuja autoridade judiciaria emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
Ministério da Justiça.

Esquema:

Reparação do dano, restituição e outros efeitos civis -> Provocação do interessado

Medida de segurança -> Tratado de extradição ou requisição do Ministro da Justiça

Lei 13445/17

art. 100 – Nas hipóteses em que couber solicitação de extradição executória, a autoridade
competente poderá solicitar ou autorizar a transferência de execução da pena, desde que
observado o princípio do non bis in idem.

Ou seja, essa lei (fora do código penal) autoriza a transferência do preso brasileiro que cumpre
pena no exterior, para presidio no brasil. Sendo assim, é possível a extradição, mas não com
base no código penal. Não se confunde com a homologação da sentença penal estrangeira do
código penal. Trata-se de uma transferência de execução penal, prevista numa lei especifica.

Prazo Penal (cai muito em concurso!):

Não se pode confundir o prazo penal com o prazo processual penal. O prazo processual penal
começa a contar no dia seguinte, desde que o dia seguinte seja útil, além disso, o prazo para
recurso só acaba em dia útil.

Já o prazo de natureza penal ou de natureza hibrida (penal e processo penal, ex. decadência),
conta-se de acordo com o artigo 10:

O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.

Ex.: a polícia prende uma pessoa as 23:50, esse dia irá contar como 1 dia de pena, mesmo que
ele tenha cumprido apenas 10 minutos nesse dia.

Se a pessoa tiver que cumprir 1 ano de pena, sendo condenada em 10/10/2021, conta-se 1
ano pelo calendário comum, não precisa converter em dias. Esse prazo de 1 ano, como é
contado desde o dia do começo, não acabar no dia 10/10/22 e sim no dia 09. Se contar o dia
do começo e parar no mesmo dia 1 ano depois, ficaria 1 dia a mais de pena.

Art. 11 – Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as


frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro (real).

Ou seja, às vezes, na hora de aplicar a sentença, devido ao cálculo da sentença ser um cálculo
matemático, o juiz pode chegar, por exemplo, a pena de 3 anos, 4 meses e 1,5 dias, sendo
assim, o juiz vai desprezar o meio dia e ficarão 3 anos, 4 meses e 1 dia.

Em relação a pena de multa, se a pena ficar em, por exemplo R$ 411,53, cobra-se 411,00.
Art. 12 (Legislação especial – princípio da especialidade)

Quando há conflito aparente de normas, ex.: a pessoa entra com drogas no brasil =
contrabando, por ser mercadoria proibida, mas ao mesmo tempo, existe um crime específico
que é o trafico de drogas, qual crime será aplicado? O da regra especial, que é o trafico de
drogas. Mercadoria proibida é mais genérico, droga é mais especifico, então não se acusa a
pessoa por contrabando de drogas, mas sim por tráfico.

Existem 4 princípios que resolvem esse conflito de normas:

Consunção ou absorção – o crime meio é absorvido pelo crime fim.

Especialidade – a regra especial prevalece sobre a regra geral.

Subsidiariedade – um crime é subsidiário se traz um grau menor de violação ao bem jurídico,


ex.: a contravenção de vias de fato é subsidiaria a lesão corporal.

Alternatividade – quando o tipo penal tem mais de 1 núcleo (verbo, ação) e a pessoa comete
mais de 1, o crime é único.

O único princípio que está previsto expressamente no código penal é o da especialidade (art.
12) – As regras gerais deste código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta
não dispuser de modo diverso.

Ex.: as nossas regras para aplicar a pena, são aplicáveis pelo código penal em todos os crimes
da legislação especial, mas se os crimes tiverem regras especificas, estas irão prevalecer. Ex. na
lei de drogas, na primeira fase da dosimetria da pena, deve-se considerar, acima das
circunstancias do art. 59 do CP, a quantidade e a qualidade das drogas. No caso dos crimes
ambientais, há agravantes e atenuantes especificas na lei de crimes ambientais. Salvo esses
casos específicos, adota-se a legislação do código penal de forma genérica.

Teoria do crime (fato típico, antijurídico e culpável)

Fato típico – é o que aconteceu na realidade e se encaixa em norma penal que prevê uma
conduta considerada criminosa. Tipo = é o que está na lei. Fato = acontecimento.

Antijurídico – é aquilo que viola a lei penal. Ex.: como alguém poderia matar outra pessoa e
não violar a lei penal? Legitima defesa. Ou seja, apesar de haver o fato típico de homicídio,
esse fato não é ilícito, há uma excludente de ilicitude.

Culpabilidade – Ex.: pessoa medicada incorretamente, tem surto psicótico e mata alguém. Há
fato típico, esse fato típico é ilícito, porém, não é culpável, pois a culpabilidade exige que haja
imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Naquele
momento ele era inimputável.

Em suma, a culpabilidade é o juízo de reprovabilidade e censura, que recai sobre um fato típico
e ilícito.

Esses elementos do crime, além de divididos, são aplicados progressivamente, ou seja, se a


pessoa é doente mental, mas agiu em legitima defesa, não se aplica medida de segurança, pois
se ele agiu em legitima defesa, não é preciso analisar se possui doença mental, a análise para
ali. 1:20

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