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Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 ena AEAD COMO RENOVACAO DO MERCADO EDUCACIONAL BRASILEIRO DO NIVEL SUPERIOR ‘THE DISTANCE EDUCATION AS A RENEWAL OF THE BRAZILIAN EDUCATIONAL MARKET OF THE HIGHER LEVEL LA EDUCACION A DISTANCIA COMO RENOVACION DEL MERCADO EDUCATIVO BRASILENO DEL NIVEL SUPERIOR Alexandre Marinho Pimenta’ RESUMO: A Educasio a Distincia (EaD) é uma modalidade educacional que tem erescido vertiginosamente no Brasil, sobretudo no nivel superior, viabilizada pelas Novas Tecnologias de Informagio e Comunicasdo (NTICs). Buscando se afastar do discurso ideolégico que circula tal modalidade, analisaremos 0 atual papel da EaD no sistema de educagdo superior brasileiro, cujo mereado educacional ¢ altamente consolidado © financeirizado, Pata isso, partimos de uma compreensio critica sobre a educagio numa sociedade capitalista, para depois dimensionar quantitativa e qualitativamente o nosso sistema, Encontra-se uma forte relagdo entre ‘expansi do sistema, mercantilizaso ¢ EaD, notério por dados e discursos piblicos ¢ de grandes empresas do setor. Ao final, pode-se indicar a EaD como um mecanismo de renovacao do mercado educacional do pais. PALAVRAS-CHAVE: Educagio a distdncia, Educagdo superior. Mercado educacional, ABSTRACT: The Distance Education is an educational modality that has grown vertiginously in Brazil, ‘especially in the higher education, made possible by the New Technologies of Information and Communication. Secking to move away from the ideological discourse that circulates this modality, we will analyze the current role of the Distance Education in the Brazilian higher education system, whose educational market is highly consolidated and financed. To do this, we start with a critical understanding of education in a capitalist society, then quantitatively and qualitatively dimension our system. There is a strong relationship between system expansion, commodification and Distance Education, notorious for data and public discourses and large companies in the sector. At the end, the Distance Education can be indicated as a mechanism of renewal of the educational market of the country. KEYWORDS: Distance education. Higher education, Educational market RESUMEN:La Educacién a Distancia es una modalidad educativa que ha crecido vertiginosamente en Brasil, sobre todo en el nivel superior, viabilizada por las Nuevas Tecnologias de Informacién y Comunicacién. Al buscar alejarse del discurso ideol6gico que eircula tal modalidad, analizaremos el actual papel de la Educacién a Distancia en el sistema de educacién superior brasilefio, cuyo mercado educative es altamente consolidado y financicramente, Para cllo, partimos de una comprension critica sobre la educacién en una sociedad capitalista, para luego dimensionar cuantitativa y cualitativamente nuestro sistema. Se encuentra una fuerte relacién entre expansién del sistema, mereantilizacién y Educacién a Distancia, notorio por datos y discursos piblicos y de ‘grandes empresas del sector. Al final, se puede indicar a Educacién a Distancia como un mecanismo de renovacién del mercado educativo del pais. PALABRAS CLAVE: Educacién a distancia, Educacién universitaria. Meteado educativo, Submetido em: 07/05/2017 — Aceito em: 21/06/2017 - Publicado em: 04/07/2017. ‘Rev. Inier. Educ. Sup Campinas, SP_[ v3 | nd p308-321 maio/ago. 2017 [308] Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 INTRODUGAO. A educagio a distancia nao é um negocio social, ois a maioria das empresas de EAD tm fins lucrativos. (Luiz Filipe Trivelato, diretor executive da Sagah - 2016). A EaD & uma modalidade educacional vem ganhado destaque na educagdo nacional, sobretudo a de nivel superior. Acompanhando a tendéneia mundial, 0 pais, através do setor piiblico © privado, langou mao das Novas Teenologias de Informagdo ¢ Comunicagio (NTICS) para inserir de vez tal modalidade no seu sistema educacional. A principal ¢ polémica justificativa apresentada em defesa da modalidade é seu potencial democratizante, Mas, como dizia Marx (1974, p. 355), nas disputas histéricas, devemos distinguir sempre as aparéncias e discursos que defendem algo de sua realidade efetiva. Sem entrar no debate propriamente pedagégico da EaD, presente em autores como Dreyfus (2009) ¢ Feenberg (2002), esse artigo visa responder se & plausivel compreender essa modalidade ‘como um mecanismo de renovacdo do mercado educacional brasileiro (mais especificamente, © setor privado lucrativo de cursos reconhecidos). Tal razio e sentido nos parece ser o principal motor para a EaD, tendo em vista a hegemonia cada vez maior do setor privado lucrativo na educagdo de nivel superior no Brasil e, de forma mais geral, levando em conta a constante mercadorizagio e financeirizagdo que servigos como a educagdo sofrem no capitalismo contemporaneo. Partiremos de uma anilise critica sobre o papel da educagao no capitalismo, enfatizando a sua fungdo e espago na valorizagdo do capital, sobretudo nas recentes alteragdes de tal modo de produgdo, Em seguida, esbogaremos um breve histérico da educagZo superior brasileira, incluindo a modalidade a distincia, enfocando também a estrutura sob a qual se organiza esse nivel educacional. Por fim, analisaremos o atual mercado educacional brasileiro. Para tanto, veremos como se deu a consolidagdo ¢ a financeirizagao dese mercado, quais prineipais agentes nesse proceso, quais resultados ¢ dimensdes vem assumindo, destacando o papel do Estado brasileiro como fomentador da mercantilizagio. Dados do Ministério da Educagio, falas e documentos de agentes desse mercado, além da revisio de literatura sobre 0 evento em questio, serdo fontes essenciais para compreender o papel da EaD na renovagao citada acima, EDUCACAO NO CAPITALISMO, EDUCACAO NA VALORIZACAO DO CAPITAL Como em outros modos de produgdo, a educagdo no capitalismo possui uma fungdo central: reproduzir as condigdes e as relagdes de produgdo em questo, mais propriamente, os agentes inseridos em tais relagdes através de uma divisao social do trabalho. Essa reprodugio nao é apenas "econdmica", mas carrega desde sempre consolidagdo de bases de consentimento consenso de uma determinada hegemonia. Como diz Poulantzas (1975, p. 36): “A reprodugo ‘Rev, Inter, Educ. Sup. | Campinas, SP_| v3 |_n2 p.308-321 maio/ago. 2017 [309] Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 dos agentes, principalmente a famosa ‘qualificagdo' dos agentes da propria produgdo, no se refere a uma simples ‘diviso técnica’ do trabalho — uma formago técnica — mas constitui uma efetiva qualificagdo-sujeigdo que se estende as relagdes politicas e ideol6gicas”. No capitalismo, o aparato primordial onde se desenvolve o proceso educacional & o escolar. Esse aparato, altamente legitimado nas formagdes sociais capitalistas, possui uma tendéncia historica a se massificar, em seus diversos niveis, seja por pressdes politicas e ideolégicas, ou ‘meramente econdmicas. Por ndo escapar da luta de classes, tal terreno possui certa autonomia de disputa politica, mas de modo geral ndo escapa dos determinantes estruturais desta sociedade. E isso inclui a paradoxal "democratizagio" do sistema educacional que, por mecanismos sofisticados especificos, consegue realizar sua fungao de reprodugdo das desigualdades de classe com mais efeito ideolégico, por ser menos excludente que no passado (PIMENTA, 2015). E isso que se trata a teoria da reprodugdo social (VILELA; COLLARES, 2009). ‘Uma necessidade material e obj campo do processo educacional como espago para valorizagiio ¢ acumulagao do capital (além do "humano"). Ha décadas atrés, Braverman (1981, p. 372) ja falava que o setor educacional tem se tomado “Area imensamente lucrativa de acumulagdo do capital para a indistria de construgio, para os fornecedores de todo o tipo, ¢ para a multiddo de empresas subsididrias”. A massificagdo escolar estimula outros setores produtivos, como a construgdo civil ¢ outras indistrias (no caso da EaD, a indistria de informatica e de servigos de telecomunicagies). Além disso, a propria educagdo tende a se tornar uma mercadoria-servigo a ser vendida no mercado. E, claro, acompanhando o erescimento da esfera financeira, ser objeto de erédito efou geragao de valor ficticio. ‘a dessa expansdo também € verificada ao olharmos 0 Segundo Roma (2013, online): ‘os capitalistas que se encontram com excesso de liquide de capitais passam a ‘buscar valorizagio em diversos setores e nesse aspecto a educagio tornou-se alvo de ‘grandes empresas, constituindo-se um negécio promissor para grupos educacionais que compram centros educacionais por meio de fundos de investimento Ha algum tempo a Organizago Mundial do Comércio (OMC) fala de uma constituigao de um mercado internacional de "produtos ¢ servigos educacionais". Para Sodré (2012, p. 57): © que hi mesmo de novo no capftulo da mercantilizagio educacional ¢ a cconstituigao progressiva de um mercado mundial da educagio ~ sob o impulso de ‘organizagGes internacionais como a Organizagao Mundial do Coméreio (OMC), a UNESCO, © Acordo Geral sobre 0 Comércio dos Servigas (AGCS), © Banco Mundial, a Comissio Européia © a Organizagdo para a Cooperagio © 0 Desenvolvimento Econémico (OCDE) — a despeito do fato de que 0 ensino ainda permaneca majoritariamente piblico e nacional num grande miimero de paises. ‘Rev. Inier. Educ. Sup Campinas, SP_[ v3 [nd p308-321 maio/ago. 2017 [310] Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 Obviamente, na construgdo desse mercado e sua financeirizagao ha um papel ativo do Estado capitalista através de politicas especificas ¢ endividamento piblico. Veremos isso concretamente no caso brasileiro, incluindo a modalidade EaD. Antes disso, precisamos de uma breve digresso sobre o sistema educacional de nivel superior, seu histérico e estrutura ‘no nosso pais, assim como sobre a propria modalidade em si EDUCACAO SUPERIOR BRASILEIRA E A EAD: HISTORICO E ESTRUTURA Como dito, a massificago do aparato escolar é uma tendéncia histérica do capitalismo. No Brasil, nao é diferente. O nivel superior, antes fortemente elitizado, ganhou impulsos expansionistas no século XX, em paises centrais, através de varias politicas ¢ alteragdes institucionais (MARTINS, 2012; PRATES, 2007). A mercantilizagio e a diferenciagio institucional, criando formatos institucionais no-universitirios e vocacionais, moldaram a face do sistema de nivel superior. Em nosso sistema, a mercantilizagdo fundamenta, em grande parte, os contomos da expansio, como diz Prates (2007 p. 123): ‘ sistema privado de ensino constitui o ‘equivalente funcional’ do sistema terciério no universitério da Europa ¢ dos EUA, na medida em que foi sua expansio que ‘aumentou 0 acesso aos setores menos privilegiados da sociedade brasileira, ¢ nl 0 sistema piblico, que continuou fortemente elitsta ‘Também, para Silva (2011, p. 64): 20 contririo de outros paises onde a abertura do sistema de ensino superior se dew através de modclos institucionais diferenciados, como os colleges americanos, no Brasil a expanisio se deu mais no setor privado, que assumiu um carter mais vocacional, ofertando cursos com maior flexibilidade, curriculos enxugados, com lum proceso seletive mais brando, atraindo muitos estudantes de nivel socioccondmico mais baixo, através de programas do governo de financiamento, de bolsas de estudos, como o Prouni [Programa Universidade para Todos} No Brasil, a relagdo piblico-privado é central para compreender o sistema. Cunha (2004, p 801) aponta uma "ambiguidade” historica das politicas educacionais nesse nivel: ha tanto fomento ao piblico, mais elitizado, quanto ao privado (majoritariamente com fins luerativos), motor histérico da massificagdo. Isso se vé tanto no primeiro "boom" de matriculas, na ditadura militar, como no segundo "boom", da década de 1990 para cé?, * A profunda recessio brasileira recente, o quadro fiscal frégil e uma continua crise politica geram um cendio propicio para a redusio do crescimento do sistema, Varios indicadores dispersos mostram isso, mas apenas com csstudos futuros poderemos realizar tal afirmagao de fato. ‘Rev. Inier. Educ. Sup Campinas, SP_[ v3 [nd p308-321 maio/ago. 2017 Buy Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 Para Balbachevsky (2014), atualmente temos no sistema brasileiro uma clara divisio por categoria administrativa - que é grande tributério dos formatos hist6ricos de sua constituigdo dizem respeito a duas grandes vocagdes académicas distintas. O setor piblico, de uma forma geral, é marcado por grandes universidades, maior concentragdo de pesquisa ¢ doutores. Enquanto no privado, ha um carter de massa € mercantil, com condigdes de trabalho e pesquisa mais precérios, cujo diferencial é 0 prego baixo. Apesar de, no timo "boom", o sistema piblico ter sido alvo de mais recursos ¢ ter se expandido e se diversificado, o setor privado ainda & majoritirio e erescente. No nivel das politicas governamentais, politicas para o nivel superior do governo federal do Partido dos Trabalhadores (PT), 2003 até 2015, deram continuidade a virios programas (ex: Fundo de Finaneiamento Estudantil - FIES, renovado com 0 Fundo de Garantia de Operagdes de Crédito Educativo) e tendéncias de Femando Henrique Cardoso (FHC), presidente do perfodo de 1995 a 2002, e sua reforma de cunho visivelmente privatista e gerencialista. Ao mesmo tempo, tais governos petistas alavancaram a importincia do Estado ¢ do setor piblico, inclusive com maior atengdo a inclusdo social. © Plano de Desenvolvimento da Educagao (PDE), plano governamental petista que serviu de principal coordenador de ago e politicas piblicas na area, contempla tanto programas como 0 Programa de Apoio a Planos de Reestruturagdo ¢ Expansio das Universidades Federais (REUNI) ¢ Universidade Aberta do Brasil (UAB), que visam a ampliagao e reforma da educagdo superior publica, quanto 0 PROUNT, que incentiva a iniciativa privada através de isengdes fiscais e bolsas parciais ou integrais. Importante lembrar que esse tiltimo periodo esteve sob a regulamentagdo da Lei de Diretrizes ¢ Bases da Educagdo Nacional (LDB, Lei n° 9.394/96) ¢ seu ndo antagonismo face ao setor lucrativo ¢ demais flexibilizagdes fomentos do mesmo, vide o impacto fundamental do Decreto n° 2306 de 1997, do governo FHC, para a criagdo, crescimento e diversificagao de um grande setor privado de carater legalmente lucrativo e comercial (SAMPAIO, 2014). Ao vermos os nimeros, ratificamos as afirmagdes. Segundo dados do Censo da Educagao Superior de 2014 (BRASIL, 2015), o sistema comporta a época quase 8 milhdes de matriculas de graduagdo, sendo que em 2003 nao passavam de 3 milhdes. No setor piiblico, as matriculas quase dobraram de 2003 a 2014, chegando a 1,9 milhdo. No entanto, comparativamente ao setor privado, ndo houve alteragdo significativa, O setor privado em 2014 dominava 3/4 das matriculas, ¢ com ritmo de aceleragdo maior que 0 piiblico. Para Sampaio (2014, p. 106), 0 setor privado, desde 0 novo marco legal inaugurado pela LDB, e dado o contexto mais amplo das atuais politicas, comegou a se expandir nas seguintes direges: concentragdo em grandes empresas, desconcentragio regional ¢ diversificagio de cursos. E dentro desse bojo a utilizagio das NTICs como estratégia de ampliagdo, como ‘Rev. Inier. Educ. Sup Campinas, SP_[ v3 | nd p308-321 maio/ago. 2017 BIZ] Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 veremos mais detalhadamente a seguir. A: massificagao do sistema brasileira. im setor conseguiu ser o grande veiculo de Um dos grandes responséveis por essa tiltima expansao é a modalidade EaD, agora online? Para Castells (2013), as NTICs, notadamente as multimidiéticas de alta capacidade de armazenagem e transmissiio de dados, cada vez mais populares, integradas ¢ interativas (computadores, aparelhos méveis diversos, por exemplo), realizaram o que chama de “revolugdo informacional" ¢ inauguraram, sobretudo através da internet, uma realidade virtual, baseada em redes ¢ fluxos informacionais, muito diversificada ¢ decisiva para a sociedade contempordnea, Nesse contexto contraditério, a EaD ainda aparece como fenémeno privilegiado e crescente - mais presente na educagdo de adultos e niveis superiores - que mescla processos de inovagdo tecnolégica, massificagdo educacional e digital ¢ mudangas radicais de paradigmas institucionais e de sociabilidades. Hoje temos diversas instituigSes pelo mundo a praticar EaD em diversos niveis e modos. Para Stromquist (2012, p. 89): ‘Uma caraeteristica positiva da globalizag2o tem sido a explosdo de novas tecnologias de informagio e comunicaso, as quais estio possibilitando © aprendizado a distincia, através do uso da internet, que permite comunicagao verbal visual instantinea, assim como o emprego de ferramentas como videos, fotografias e imagens grificas de todos os tipos. O uso de tecnologias para atender ‘a0 estudantes € muito promissor; ¢ mais promissora ainda & sua aplicagio para realizar treinamento no local de trabalho para os milhdes de professores, articularmente os de zonas rurais, sem acesso aos programas presenciais que facilitariam scu desenvolvimento profissional, Por tras do potencial inclusivo, a EaD é vista ainda com ampla potencialidade de se inserir € intensificar © mercado educacional, dada o impulso desta para io de barreiras dos produtos ¢ servigos educacionais ¢ sua clientela. Corrobora Vitale (2007, p. 44) ao dizer: "la necesidad de aumentar las escalas de prestacién de servicios educativos por parte de las megauniversidades es uno de los motores centrales del proceso de despresencializacién global” Segundo a Docebo, em seu relatério eLearning Market Trends and Forecast 2017-2021 (DOCEBO, 2017), 0 mercado de Fad no mundo hoje movimento cerca de 30 bilhdes de délares. * Importante frisar que os cursos em EaD, para serem reconhecides no Brasil, possuem, obrigatoriamente, ‘momentos de presencialidade. Mesmo que esta esteja definida de forma aberta: no sitio eletrénico da Kroton se fala de aula presencial transmitida via satélite ‘Rev. Inier. Educ. Sup Campinas, SP_[ v3 [nd p308-321 maio/ago. 2017 B13] Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 Sobre a histéria da EaD no Brasil, Santos (2006, p. 63) diz: ‘A ccriagio © implementagdo de um sistema nacional de educagdo a distancia e a instituigdo de uma universidade aberta no Brasil vém sendo desenhadas desde a dgcada de 1970, mas tem na iltima década do século XX os momentos, no s6 de maior articulagio, mas também de implementagdo das primeiras experiéncias de cursos de graduagio, f também a partir da década de 1990 que os consorcios universitirios aparecem no cendrio educacional brasileiro como. mais uma possibilidade de implementagio da EaD no pais. Esses consércios revelam um ‘movimento de acothimento da EaD no interior, sobretudo, de algumas Instituiges Pablicas de educacdo superior no Brasil ainda que se apresentem constituidos por ‘ages descontinuas e pela cargncia de financiamento efetivo para a sua consolidagao. A regulamentagao da EaD se renovou em 2005, abrindo a modalidade a todos os niveis educacionais e estabelecendo parametros para a atuagio da modalidade a luz do art. 80 da LDB, Uma forte expansio tem se verificado na modalidade, a ponto de estudiosos apontarem © Brasil como o pais de mais forte consolidagdo de uma educagdo virtual na América Latina (VITALE, 2012, p. 29). No Censo da EaD (ABED, 2014), constatou-se um nimero muito ‘expressivo de matriculas em EaD em todos os niveis: mais de 5 milhées e 700 mil - com mais de 70% disso sendo dos cursos livres, que ndos serio objetos de anélise aqui. Segundo 0 proprio BRASIL (2015, online) CComparado com 2013, 0 nimero de ingressos nos cursos a distincia cresceu 41.2% {em 2014}, j4 nos cursos presenciais o aumento foi de 7,0%, 0 que & uma evidéncia, dde que o8 cursos a distancia estio em clara expansio [..j Entre 2003 e 2014, 0 nimero de ingressos variow positvamente 54,1% nos cursos de graduagao presoneiais e mais de 50 vezes nos cursos a distan Comparando com o presencial, a EaD ocupa um papel cada vez mais central no sistema educacional brasileiro. Segundo o Banco de Dados do Censo de Educagdo Superior (BRASIL, 2016), em 2004, a EaD representava 1% das matriculas de graduagao. Em 2009, 15%, Em 2015, atingiu o patamar de 21%. Nos iiltimos dez. anos, as matriculas passaram de dezenas de milhares para mais de um milhio. No inicio dos anos 2000, o setor piblico hegemonizava, inicialmente, as matriculas de graduagdo a distincia, através de programas ¢ cons6rcios de universidade piblicas. Todavia, mesmo com a renovagio de tais politicas com a UAB, a partir de 2006, ndo se conseguiu manter essa dominancia por muito tempo. A iniciativa privada, majoritariamente de viés objetivo lucrativo, adaptou-se a oferta da aD ¢ comandou a expansio da modalidade nesse nivel educacional através da oferta de uma modalidade que atingiu enfim uma demanda que no queria ou podia escolher o presencial. Um novo mercado foi aberto, Segundo 0 mesmo Censo de Educacdo Superior (BRASIL, 2014), em 2003, as matriculas nessa modalidade nao passavam de 50 mil. Sendo quase 80% ofertada pelo setor piblico. A relagao se inverte ja em 2006, quando a domindncia de cerca de 80% jé era do privado ‘Rev. Inier. Educ. Sup Campinas, SP_[ v3 [nd p308-321 maio/ago. 2017 14] Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 Essa inversdo de dominancia aconteceu num periodo de expanso extremamente acelerada da modalidade, 0 que traz mais peso & comparagdo, Se em 2003, 80% das matriculas na modalidade significava cerca de 40 mil matriculas, em 2014, os quase 90% das matriculas passamos para a casa do milhdo. Além disso, a inversio foi mais radical: no presencial, 0 setor privado possui pouco mais que 70% das matriculas, menos que no a distincia. O Censo da Ead (ABED, 2014) mostra que, em 2014, a maioria das empresas aumentaram seus investimentos na modalidade EaD, enquanto o quadro fiscal se torna cada vez mais restrito no Brasil. Ou seja, hd possibilidade dessa inversio de domindncia se aprofundar. Resumindo, a EaD no pais, desde a década de 2000, passou de uma modalidade pouco expressiva e com dominancia do setor piblico para uma modalidade em vias de massificagao © sob a diregdo do privado, Olhemos, agora, mais atentamente para esse novo mercado em expansio ¢ consolidagao. CONSOLIDACAO E FINANCEIRIZACAO DO MERCADO EDUCACIONAL NO NIVEL SUPERIOR E A EAD: RENOVACAO? Para as empresas educacionais, ¢ suas consultorias‘, 0 Brasil tem sido ¢ ainda sera um bom investimento por algum tempo. O nivel superior indica possibilidades de um crescente mercado, por diversos fatores. Sece e Leal (2009, p. 108-114) apontam alguns deles: 8) Aumento da populagio jovem adulta (18-30 anos), frutos de altas taxas de ‘rescimento populacional enire 70-80. ») Exigéncias do mercado de trabalho, seguindo tendéncias intemacionais. ©) Aumento do niimero de coneluintes no ensino médio, desde a reforma do ensino médio da década de 90 no novo sistema educacional brasileiro, quase dabrando os rnimeros de matriculas ¢ concluintes em uma década. 4) Baixos niveis histéricos de penetrag20 do ensino superior no Brasil: grande ‘domanda reprimida, baixa taxa de escolarizagio liquida na educagio superior. ©) Maior disponibilidade de financiamento estudantil e bolsas de estudo, programas como PROUNI [Programa Universidade para Todos], FIES [Programa de Financiamento Estudantil 1 Desregulamentacio™ Como dissemos acima, o Estado capitalista é um fomentador central da mercantilizagio, atualmente financeitizagao, da educagao. No Brasil, a desregulamentagao do mercado e politicas de incentivo so centrais para o setor privado e seus rumos atuais. Obviamente que estamos falando aqui de um processo contraditério € complexo, mas basta lembrar-se da forga dos setores empresariais ¢ seus lobbys e representantes na sociedade politica, cuja fungdo é colocar seus interesses em primeiro lugar. Silva Jr. e Sguissardi (apud CRUZ; PAULA, 2015, p. 244) afirmam que o ramo empresarial-educacional ¢ organizado ¢ sélido “tanto na economia como na politica brasileira”. “A pioneira no ramo é a CM Consultores, que alua desde 1988, cujo proprietario ¢ o professor Carlos Anténio Monteiro, especializada em gestio educacional, na oferta de cursos e seminarios, Destacam-se ainda: a PRS. Consultotes, Lobo & Associados Consultoria e a Hoper Educacional.” (CARVALHO, 2013, p. 766). ‘A “desregulamentago" que falam ¢ a da LDB e sua abertura ao mercado. ‘Rev. Inter, Educ. Sup. ‘Campinas, SP [v3 | nd p308-321 maio/ago. 2017 [B15] Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 Acima, falamos do marco legal presente hoje no pais e sua abertura a mercantilizagdo da educagdo, Programas do MEC como o FIES, 0 PROUNI eo Programa de Melhoria do Ensino das Instituigdes de Ensino Superior (Programa IES), este iltimo com parceria com 0 Banco Nacional de Desenvolvimento Econémico e Social (BNDES), foram e sao verdadeiras fontes de renda, direta ou indireta, do setor privado, Vejamos dados deste programas de fomento ao privado. Como diz Oliveira (2015, p. 78): "no ano de 2014 0 FIES exigiu dos cofres piblicos 0 montante de RS 12,1 bilhdes, enquanto a0 PROUNT foi destinado cerca de RS 600 milhdes". Ja a isengfo fiscal causada pelo PROUNI ultrapassou 3 bilhdes de reais entre 2006-2012, segundo levantamento de Costa (apud HOSTIN, 2014). "Nos 10 anos de vigéncia do Programa IES (1997-2007), foram contratados RS 525,7 milhdes do BNDES" (SECCA et al, 2010, p. 235). Alguns programas ainda possuem certas restrigdes & EaD. No entanto, a tendéncia do cenario € ir se modificando, Segundo os dados do proprio Ministério da Educago, no ano de 2015 tiveram 223,903 mil bolsistas do PROUNI na modalidade a distancia, ja representando 15% do total. E, de qualquer forma, esses programas colaboraram na consolidagao das empresas educacionais em grande parte bimodais, cuja modalidade a distancia é apenas uma de suas opgGes de servigo, Concomitante a essas politicas, temos a implementago paulatina de um idedrio tido como "moderno" de competigdo entre instituigdes (ALMEIDA, 2012), que comegam a adotar gestdes empresariais nas IES. Tal postura é complementar e necessdria 4 construgo de um mercado educacional, sendo isso muito visivel nas instituigdes de capital aberto, que voltam toda sua l6gica para o atendimento de parametros voltados aos seus acionistas ¢ outras figuras cujos tinicos interesses na educagio so nos dividendos que esta gera. Nos sitios eletrénicos das prineipais empresas educacionais visitados, existem Areas destinadas aos investidores ¢ & governanga corporativa, com informagdes voltadas ao universo financeiro, Para compreender as recentes mutagdes no mercado educacional no Brasil, a financeirizagao apresenta um papel chave. A oligopolizagio, a entrada ¢ participagio de capitais internacionais, a busca frenética por redugdo de custos e maximizago de lucros (alavancados pelo Estado), tudo se tornou possivel pela abertura dos capitais aplicados neste mercado nas bolsas de valores ¢ maior integra¢do com 0 capital e instituigdes financeiras, Tal processo vem ocorrendo, sobretudo, a partir dos anos 2000 (CARVALHO, 2013). Os ganhos das grandes empresas do setor, no segundo "boom" de matriculas, tomaram-se atrativos, por exemplo, para os fundos de investimentos privados com capitais nacionais ¢ internacionais, que desde entdo comandam a légica do setor. As idas e vindas das bolsas de valores ¢ da performance do ativo-educacao de cada empresa passam a ser determinantes para a orientagdo pedagégica e administrativa das IES, como dissemos. ‘As fuses sto um mecanismo de grande preferéncia para ampliagao de poder nesse modelo de mercado. A tendéncia a oligopolizacdo é nitida. Segundo dados da CM Consultoria (apud HOSTIN, 2014), entre 2007 ¢ 2013 tivemos em média 20 fuses por ano, a maioria absoluta no nivel superior. Mesmo com uma desacelerada no contexto de recessio econdmico & ‘Rev, Inter, Educ. Sup. | Campinas, SP_| v3 |_n2 308-321 maio/ago. 2017 (316) Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 diminuigdo dos auxilios estatais, as fuses continuam, agora com valores ¢ instituigdes gigantescas. Recentemente, a Estacio aceitou a proposta biliondria de compra da rival maior, a Kroton - hoje a maior empresa educacional do mundo, Esta, jd em 2014 comprou, apés dezenas de outras instituigdes menores, uma das maiores empresas do setor, a Anhanguera, com a maior ou menos anuéncia do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econémica). E caso a fisio com a Estécio ocorra, a Kroton comandara mais de 30% do mercado (REUTERS, 2016). Seu lucro liquide circula os bilhdes; scus alunos, a casa do milhdo. Em recente apresentagao institucional, a Kroton (2016, online) mostra que, atualmente, possui mais alunos de graduagdo e pés-graduagdo a distancia que presencial. Sio 574 mil na EaD e 450 mil no presencial. Ou seja, no maior representante do "novo" mercado educacional brasileiro, a BaD jé & maioria absoluta. Sua rede de BaD atinge mais de 600 municipios pelo pais, em quase mil polos presenciais. Sua capilaridade & maior que a UAB, maior programa de educagao superior publico a distancia - sendo um belo exemplo de "concentragdo dispersa" da oferta privada a qual se refere Sampaio (2014, p. 115). Sua mensalidade média é menos da metade do presencial. © impacto da recessio econdmico nao atingiu em cheio o setor, que tem grande capacidade de adaptagio, apesar de baques nas bolsas. A Kroton, por exemplo, trabalha atualmente com formas de financiamento proprio para estudantes e continua apresentando resultados impressionantes. As previs6es de consultorias para o mercado de EaD no Brasil séo promissoras. Para um estudo da Sagah ¢ Educa Insights (GUIMARAES, 2016), na década de 2020, a EaD ultrapassara a modalidade presencial no mercado educacional do nivel superior. Como vimos, nesse iltimo periodo © setor privado tem apostado pesado na EaD, ¢ rapidamente se tornou majoritério no campo. Isso ¢ visivel inclusive na fala dos préprios agentes do mercado, Carvalho (2015) fala que a EaD é visto por estes como um mecanismo estratégico para o novo mercado educacional (pés-financeirizagao). J4 Strecker (2015, online) diz a Folha de Sao Paulo que "uma das alteativas de crescimento para os grupos [empresariais da educagio superior] é 0 ensino a distncia (EAD), com ticket (0 jargio do mercado para mensalidade) mais baixo". Por fim, para a Forbes (2015, online): "Com desembolso menor ¢ horirios flexiveis, o ensino a distancia virou uma forte alternativa para estudantes © um negécio irreversivel para os grandes players [participante de mercado financeiro]". Importante frisar ainda que duas condigdes importantes para o mercado EaD tem crescido no pais: a aceitago cultural, via pesada marketing educacional, com think tanks como a Associagdo Brasileira de Educagao a Distincia; a massificagao dos dispositivos tecnolégicos de informagdo de uso pessoal. Levantamento da Confederagao Nacional da Indistria (CNI-IBOPE, 2014) mostra que 79% da populagio hoje concorda total ou parcialmente que a EAD é uma solugdo para levar educagiio a mais pessoas. Mesmo que a grande maioria nunca tenha frequentado nenhum curso a distancia, ‘Rev. Inier. Educ. Sup Campinas, SP_[ v3 [nd p308-321 maio/ago. 2017 (317) Revista Internacional de ers Artigo DOI: 10.22348/riesup.v3i2.7762 J 0 acesso as NTICs e intemet se ampliou muito no pais, como se vé nos atuais dados do Comité Gestor da Internet no Brasil (2013, p. 166) e na propria experiéncia cotidiana do pais. CONCLUSAO A educagio superior tem sofrido grandes transformagdes. A insergdo das NTICs e uma maior influéncia do setor privado so duas caracteristicas marcantes nesse cenirio. No Brasil, ambas caracteristicas t8m reformulado o sistema educacional de nivel superior, reforgando as tendéncias de mercantilizago e financeirizagio presentes desde 0 inicio do proceso de massificagdo e expansao do mesmo. Vimos como o caso brasileiro & paradigmético para compreender como a educagdo, a0 mesmo tempo que qualifica os agentes para a divisio do trabalho capitalista, pode-se tomar um campo de valorizagao e acumulagao do capital extremamente atrativo. A colaboragio do Estado capitalista se mostra fundamental. As inovagdes técnicas e organizacionais, incluindo a EaD, sio utilizadas nesse mercado, com auxilio estatal, como estratégias para ampliagio do Iucro, sob dominancia cada vez maior do capital financeiro. O proceso educacional, "paixdo" assumida desses capitais (0 lema da Kroton é "paixo por educar"), tomou-se apenas meio para outra paixio mais visceral do capitalismo (e menos anunciada por empresirios- educadores): o dinheiro, REFERENCIAS ABED. Censo EaD.br: relatorio analitico da aprendizagem a distncia no Brasil 2013. Curitiba: Ibpex, 2014. ALMEIDA, Wilson Mesquita de. Ampliago do acesso ao ensino superior privado lucrativo brasileiro: um estudo sociolégico com bolsistas do Prouni na cidade de Sao Paulo. 2012. Tese (Doutorado em Sociologia)-Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, 2012. BALBACHEVSKY, E. 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