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ESCOLA ESTADUAL JOÃO HEMETRIO DE MENEZES

Ensino Médio – Sociologia 3º ano EJA-2018


Professor Saimo Brandão Batista

ESCOLA ESTADUAL JOÃO HEMETRIO DE MENEZES

SOCIOLOGIA – ENSINO MÉDIO 3º ANO EJA

Professor: Saimo Brandao Batista

- CONCEPÇÕES DE ESTADO, PODER E PODER POLÍTICO. DESVENDANDO O


ESTADO DE DIREITO
- VALORES E NORMAS SOCIAIS

Belo Oriente
2018

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Ensino Médio – Sociologia 3º ano EJA-2018
Professor Saimo Brandão Batista

1º Bimestre
CONCEPÇÕES DE ESTADO, PODER E PODER POLÍTICO. DESVENDANDO O
ESTADO DE DIREITO

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CONCEPÇÕES DE ESTADO E PODER POLÍTICO. DESVENDANDO O ESTADO


DE DIREITO

Não se é possível, estudar o Estado, sem compreender um dos conceitos de maior


importância, que está associado ao Estado, que é a política. Política é considerada a essência do
Estado, pois é através dela que o estado exerce seu poder, suas funções e escolhe seus dirigentes.
É importante destacar, que política e politicagem, não são sinônimas, uma vez que:
Política = arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados;
aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos
(política externa).

Politicagem = política de interesses pessoais, de troca de favores, ou de realizações


insignificantes.

Portanto, nos estudares a política.

POLÍTICA: ORIGEM, SIGNIFICADOS E DUPLICIDADE

A palavra política tem origem nos tempos em que os gregos que indicava todos os
procedimentos relativos à pólis ou Cidade-Estado chamadas. Na Grécia havia duas formas
(duplicidade) de se usar a política: “politiké” (política em geral) e “politikós” (dos cidadãos,
pertencente aos cidadãos), que se estenderam ao latim “politicus” e chegaram as línguas
europeias modernas através do francês “politique” que definida nesse idioma como “ciência
do governo do Estado”.

 O termo política, que se expandiu graças à influência de Aristóteles, para este filósofo,
política significava funções e divisão do Estado e as várias formas de governo, com a
significação mais comum de arte ou ciência do Governo; desde a origem ocorreu uma
transposição de significado das qualificadas como político, para a forma de saber mais
ou menos organizado sobre esse mesmo conjunto de coisas.

Na época moderna, o termo política perdeu seu significado original, substituído pouco a
pouco por outras expressões como ciência do Estado, doutrina do Estado, ciência política,
filosofia política, passando a ser comumente usados para indicar a atividade ou conjunto de
atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.

CIÊNCIA POLÍTICA: ESTUDO DO PODER E DO ESTADO

O termo “Ciência Política” foi cunhado (criado) em 1880 por Herbert Baxter Adams,
professor de história da Universidade Johns Hopkins.

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 A Ciência Política é o estudo da política – dos sistemas políticos, das organizações


políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de
estrutura) e dos processos de governo – ou qualquer sistema equivalente de organização
humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis.

Política é ciência, porque estuda o comportamento humano e assim se torna possível


estabelecer cientificamente algumas regras sobre a vida humana em sociedade e sobre como os
seres humanos deveriam reagir em cada situação.

Os cientistas políticos estudam as instituições governamentais ou não governamentais


(ONGs) como corporações (ou empresas), uniões (ou sindicatos, associações), igrejas, ou outras
organizações cujas estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, como partidos
políticos em complexidade e interconexão.

Devemos ter cuidado, pois existem duas fomas de se conceituar Ciência Política:

1- Em uma concepção ampla, política é o estudo do poder, por que a tomada de decisões
de interesses da coletividade (comum) é sempre um ato de poder. Nesta concepção
consideram-se as relações de dominação seja através da política, da economia ou da
ideologia, como relações de dominação de uma pessoa sobre a outra.

2- Na concepção restrita, política é ciência do Estado, por que atualmente a capacidade


de tomar decisões, de interesse de toda a sociedade está nas mãos do Estado ou depende
dele.

CIÊNCIA POLÍTICA EM SENTIDO AMPLO: O ESTUDO DO PODER

Poder (do latim potere) é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar e


também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o
império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força.
Poder tem também uma relação direta com capacidade de se realizar algo, aquilo que se
"pode" ou que se tem o "poder" de realizar ou fazer.

Portanto, o poder é o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do


contexto, exercer sua autoridade, soberania, ou a posse do domínio, da influência ou da força.
Poder é um termo de origem latina, e é definida por diversas áreas.

Poder é a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, e existem diversos tipos de
poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, poder ideológico
entre outros. Alguns autores importantes que estudaram a questão de poder foram Michel
Foucault, Max Weber, Pierre Bourdieu.

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Quando falamos de poder e autoridade costumamos confundir o significado das duas palavras,
mas quando olhamos mais atentamente, a diferença fica fácil de ser percebida. Quando somos
forçados a fazer algo em função da força ou posição que alguém ocupa, estamos submetidos ao
poder. Quando fazemos algo movido pelo exemplo, pela influência pessoal, pelo caráter,
estamos submetidos à autoridade.

O poder corrói relacionamentos, a autoridade constrói relacionamentos. Lembramos com asco


de alguém que nos influenciou pelo poder e lembramos com muito carinho de qualquer líder
vivo ou morto que exerceu autoridade em nossas vidas.

O líder pautado pelo poder, exige ser servido, ao contrário do líder pela autoridade. Ele se
preocupa em servir. Ele serve gerando nos seus colaboradores a confiança, pois sabe que sem
a confiança é impossível conservar bons relacionamentos. A confiança é a cola que gruda os
relacionamentos, seja com os colaboradores ou com os clientes. Sem confiança as famílias se
dissolvem, as organizações tombam, os países desmoronam.

Ao lidarmos com as pessoas há duas dinâmicas em jogo: a tarefa e o relacionamento. Pelo


poder, executamos a tarefa porque somos obrigados. Esquecemos os relacionamentos, estamos
sempre sobre pressão, a confiança é baixa o que gera muitos sintomas indesejáveis. Pela
autoridade executamos as tarefas enquanto construímos os relacionamentos. Pela autoridade
fica claro que tudo na vida gira em torno dos relacionamentos: com Deus, conosco, com o
próximo, pois, só assim construímos grupos, igrejas, empresas, sociedades, vidas saudáveis.

Vamos pensar no seguinte exemplo: se a autoridade dá ao ser humano a liberdade de só


trabalhar em uma organização que corresponda aos seus anseios, porque a maioria das pessoas
aluga seus talentos a empregadores que só conhecem o poder?

A resposta é: as pessoas aceitam tais condições porque, na maioria das vezes, não tem escolha,
precisam pagar as contas no fim do mês, porque acreditam que os tempos estão difíceis, mas
principalmente porque estão exercendo sua autoridade. Isso mesmo, ninguém as obriga a se
manter em um emprego insatisfatório, mas a autoridade as leva a colocar o coração a serviço
do compromisso assumido, a serviço da sua sobrevivência e daqueles que dependem delas.
Estão assim, colocando sua autoridade a serviço de alguém e isso requer uma escolha e muito
esforço.

Poder ou autoridade são comportamentos e comportamentos são escolhas. Portanto, a escolha


é sua

TEORIAS SOCIOLÓGICAS RELACIONADAS AO PODER

As principais teorias sociológicas relacionadas ao poder são a teoria dos jogos, o


feminismo, o machismo, o campo simbólico, vejamos:

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1- Teoria dos Jogos: é um dos modelos de decisão que potencializa seu pensamento
estratégico. Ela é chamada como a Ciência da Estratégia. Em poucas palavras, é sobre
antecipar como os outros vão responder ao que você fará, quando simultaneamente eles estão
pensando o mesmo sobre você. Teoria dos Jogos é um estudo sobre as tomadas de decisões
estratégicas e a lógica das interações humanas. Ela é um grande framework - uma caixa de
ferramentas com modelos que organizam o seu raciocínio - para que, junto com outros
tradicionais conceitos, você decida melhor nos ambientes estratégicos.

2- Feminismo: é um movimento social, filosófico e político que tem como meta direitos iguais
e uma vivência humana, por meio do “empoderamento” feminino e da libertação de padrões
opressores baseados em normas de gênero. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias,
advogando pela igualdade entre homens e mulheres, além de envolver a campanha pelos
direitos das mulheres e seus interesses. De acordo com Maggie Humm e Rebecca Walker, a
história do feminismo pode ser dividida em três "ondas". A primeira teria ocorrido no século
XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970 e a terceira na década de
1990 até a atualidade.

3- Machismo ou chauvinismo masculino consiste num determinado conjunto de atitudes e


ideias que coloca o sexo masculino em um patamar elevado na sociedade, subjugando o sexo
feminino e não admitindo a igualdade de direitos para o homem e a mulher. É muito
identificado com o patriarcado, sendo este o nome dado a estrutura que relega privilégios aos
homens. A palavra "chauvinista" foi originalmente usada para descrever alguém fanaticamente
leal ao seu país, mas a partir do movimento de libertação da mulher, nos anos 60, passou a ser
usada para descrever os homens que mantém a crença na inferioridade da mulher, especialmente
nos países de língua inglesa. No espaço lusófono, a expressão "chauvinista masculino" (ou,
simplesmente, "chauvinista") também é utilizada, mas "machista" é muito mais comum.
4- Campo Simbólico O termo símbolo, com origem no grego sýmbolon, designa um elemento
representativo que está (realidade visível) em lugar de algo (realidade invisível) que tanto pode
ser um objeto como um conceito ou ideia, determinada quantidade ou qualidade. O "símbolo"
é um elemento essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo
quotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. Embora existam símbolos que são
reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado
grupo ou contexto (religioso, cultural, etc.). A representação específica para cada símbolo pode
surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o
receptor (uma pessoa ou grupo específico de pessoas) consiga fazer a interpretação do seu
significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação. Pode também estar mais ou menos
relacionada fisicamente com o objeto ou ideia que representa, podendo não só ter uma
representação gráfica ou tridimensional como também sonora ou mesmo gestual.

 A semiótica é a disciplina (ciência) que se ocupa do estudo dos símbolos, do seu


processo e sistema em geral. Outras disciplinas especificam metodologias de estudo
consoante a área, como a semântica, que se ocupa do simbolismo na linguagem, ou seja,
das palavras, ou a psicanálise, que, entre outros, se debruça sobre a interpretação do
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simbolismo nos sonhos. Na Semiótica todo signo que a convencionalidade predomina


possui uma relação símbolo. Exemplo disso é a paz mundial e a pomba da paz, a
convenção fez da imagem semelhante a uma pomba branca, um símbolo de paz.

1ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Explique a origem do poder.
b) – O Que é poder?
c) – Cite e explique as teorias relacionadas ao estudo do poder.
d) – O que é semiótica?
e) – Explique a importância de se estudar política, para se compreender o Estado.
f) – Diferencia Política de politicagem.

OS TIPOS DE PODER

1- Poder Social - como já diz o nome, está em meio à sociedade. É a capacidade de um


coletivo realizar influência social, ou seja, influenciar uma ou mais pessoas, de forma
comunicativa, harmônica, ou até repressiva.

2- Poder Econômico – é o que se vale da posse de certos bens, necessários ou


considerados como tais, numa situação de necessidade, para controlar aqueles que não
os possuem. Quem possui abundância de bens é capaz de determinar o comportamento
de quem não os tem pela promessa e concessão de vantagens.

3- Poder Ideológico – este se refere na influência que as ideias da pessoa investida de


autoridade exercem sobre a conduta dos demais: deste tipo de conhecimento nasce a
importância social daqueles que sabem, quer os sacerdotes das sociedades arcaicas, quer
os intelectuais ou cientistas das sociedades evoluídas. É por estes, pelos valores que
difundem ou pelos conhecimentos que comunicam que ocorre a socialização necessária
à coesão e integração do grupo.

O poder ideológico, também poderá se apresentar, das seguintes formas:

3.1- Poder de referência ou carismático: É o poder de influenciar o outro pela força


do seu carisma ou por características pessoais que são admiradas e servem como
referência. Tem como base a identificação com o outro, desejo de ser semelhante ao
outro. Exemplo: Famosos líderes religiosos e personalidades políticas geralmente
desenvolvem e usam o poder de referência – também chamado poder carismático-, para
envolver e conquistar o público.

3,2- Poder de Especialização: Baseia-se na posse de experiência, conhecimento e


talento. Pessoas que são vistas como especialistas numa determinada área podem
influenciar as outras fornecendo-lhes conhecimento ou esperando conformidade com
seus desejos. Por exemplo: o médico dá conselho que o paciente provavelmente seguirá,
entendendo que ele sabe resolver o problema (e estudou para isso).

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4- Poder de recompensa: Baseia-se na capacidade para alocar (dispor) resultados


recompensadores – seja o recebimento de coisas positivas ou a eliminação de coisas
negativas. Exemplos: Elogio, promoções, aumentos. Os gerentes influenciam o
comportamento por meio do uso de recompensas (uma variedade delas), para estimular
o funcionário. Quando o poder de recompensa não for utilizado como forma de
manipulação, ele é bem-vindo como forma de reconhecimento.

5- Poder Político, Coercitivo ou Legítimo– este se baseia na posse dos instrumentos


(institucionais) com os quais se exerce a autoridade legal do uso da força. A
possibilidade de recorrer à força distingue o poder político das outras formas de poder.
A característica mais notável é que o poder político detém a exclusividade do uso da
força em relação à totalidade dos grupos sob sua influência.

5.1- Poder Militar - também denominado Poder de Guerra - refere-se as instituições,


instalações, equipamentos, veículos e tudo aquilo que faz parte de uma organização
autorizada a usar a força, por meio o uso de armas de fogo, na defesa do seu país através
da luta real ou de ameaças percebidas. O poder militar se subdivide em:

a- Exército: exercício do poder militar em solo.


b- Aeronáutica: exercício do poder militar em ar.
c- Marinha: exercício do poder militar em agua.

As organizações militares funcionam muitas vezes como uma sociedade no seio


das sociedades, tendo suas próprias comunidades militares, economia, educação,
medicina e outros aspectos de funcionamento de uma sociedade civil.

 ATENÇÃO: O poder militar, é um desdobramento do


Poder Político, contudo, este uso da força está
referindo-se a defesa do Estado, com armas de fogo.

2ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Explique o significado da palavra política.
b) – De onde deriva o termo política?
c) – O que é política para Aristóteles?
d) – O que aconteceu com o termo política na época moderna?
e) – O que é ciência política?
f) – Por que política é ciência?
g) – O que os cientistas políticos estudam?
h) – Diferencie a concepção ampla de política da concepção estrita.
i) – Cite e explique os tipos de poderes.
j) – Comente sobre o significado de poder militar e sua relação com o poder político.

ESTUDO DA CIÊNCIA POLÍTICA EM SENTIDO ESTRITO: O ESTADO


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O termo Estado parece ter origem nas antigas Cidades-Estados que se desenvolveram
na antiguidade, e em várias regiões do mundo; atualmente podemos conceituar Estado como o
conjunto das instituições que formam a organização político-administrativa de uma sociedade,
com um governo próprio e uma população em um território determinado, o Estado é formado
pelo governo, força policial, forças armadas, escola públicas, prisões, tribunais, hospitais
públicos, bem como todos aqueles que fazem parte dessas instituições que são chamados de
funcionários públicos – desde um gari ao presidente da República – exercem atividades estatais,
pois servidores do Estado, ou melhor, servidores da sociedade.

A palavra estado, em si, advém do latim status, us: modo de estar, situação, condição,
entretanto, somente no século XIII, segundo o Dicionário Houaiss, se pode conhceituar o
Estado (País) significando "conjunto das instituições (governo, forças armadas, funcionalismo
público etc.) que controlam e administram uma nação"; "país soberano, com estrutura
própria e politicamente organizado".

Para Kant, o Estado tanto é designado por coisa pública (res publica), quando tem por liame o
interesse que todos têm em viver no estado jurídico, como por potentia, quando se pensa em
relação com outros povos, ou por gens, por causa da união que se pretende hereditária. Entende
o Estado como comunidade, soberania e nação, se utilizadas categorias de hoje, dado que o
Estado é ao mesmo tempo Estado-comunidade, ou república, Estado-aparelho, ou principado,
e comunidade de gerações, ou nação.
Para Norberto Bobbio, a palavra foi utilizada pela primeira vez, com o seu sentido
contemporâneo, no livro Arte da Guerra, do imperador e general que fundou a dinastia dos Sun
Tzu e posteriormente no livro denominado O Príncipe, do diplomata e militar Nicolau
Maquiavel. É organizado politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando
um território definido e onde normalmente a lei máxima é uma constituição escrita, e dirigida
por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um
Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo, um território".

 O Estado é responsável pela organização e


pelo controle social, pois detém, segundo Max
Weber, o monopólio da violência legítima (coerção,
especialmente a legal).

Segundo a divisão setorial sociológica mais comum, considera-se o Estado o Primeiro


Setor, ficando o Mercado e as Entidades da Sociedade Civil respectivamente
como Segundo e Terceiro Setor.

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 Normalmente, grafa-se o vocábulo com letra maiúscula, a fim de diferenciá-lo de


seus homônimos. Há, entretanto, uma corrente de filólogos que defende sua escrita com
minúscula, como em cidadania ou civil. Não com o objetivo de ferir a definição
tradicional de Estado, mas a fim de equiparar a grafia a outros termos não menos
importantes.
Os Estados (países) são independentes, não há qualquer subordinação entre eles, permitindo
que se organizem firmando acordos internacionais, é uma condição fundamental para
estabelecimento da soberania. O Estado pode também ser definido em termos de condições
internas, especificamente (conforme descreveu Max Weber, entre outros) no que diz respeito à
instituição do monopólio do uso da violência.
O conceito parece ter origem nas antigas cidades-estados que se desenvolveram
na antiguidade, em várias regiões do mundo, como a Suméria, a América Central e no Extremo
Oriente. Em muitos casos, estas cidades-estados foram a certa altura da história colocadas sob
a tutela do governo de um reino ou império, seja por interesses económicos mútuos, seja por
dominação pela força. O Estado como unidade política básica no mundo tem, em parte, vindo
a evoluir no sentido de um supranacionalismo, na forma de organizações regionais, como é o
caso da União Europeia.
 Os agrupamentos sucessivos e cada vez maiores de seres humanos procedem de tal
forma a chegarem à ideia de Estado, cujas bases foram determinadas na história mundial
com a Ordem de Wetsfalia (Paz de Vestfália), em 1648. A instituição estatal, que possui
uma base de prescrições jurídicas e sociais a serem seguidas, evidencia-se como "casa
forte" das leis que devem regimentar e regulamentar a vida em sociedade.
Desse modo, o Estado representa a forma máxima de organização humana.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS OU ESTRUTURAIS DO ESTADO


São quatro os elementos constitutivos ou estruturais do Estado: Governo; Território;
Nação; Objetivos.

1- UMA NAÇÃO é um conjunto de pessoas que se identificam pela língua, pelos


costumes, pelas tradições e por uma história em comum, como os ciganos, os armênios
etc; um povo nem sempre vivem em território fixo. Povo é anterior ao Estado, podendo
existir sem ele; por outro lado, um Estado pode compreender várias nações. Há nações
sem Estado, como acontecia com os judeus antes da criação do Estado de Israel, e ainda
acontece com os ciganos. E há Estado que tem várias nações, como o Reino Unido
(formado pela Escócia, Irlanda, País de Gales e Inglaterra). Teoricamente não existe
nação dentro de nação, podem existir povos diferentes dentro de um mesmo Estado-
Nação.

Essa nação se desdobrará em:

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 POVO: É o conjunto dos nacionais. É um conceito político. Está ligada a


NACIONALIDADE: Que consiste, na qualidade do nacional, isto é, da pessoa que é
integrante de uma determinada sociedade politicamente organizada (Estado). A
nacionalidade é uma situação jurídica, definida pelo Estado, em relação à qual a pessoa
será considerada nacional ou estrangeira.

 POPULAÇÃO: O conjunto das pessoas residentes num determinado Estado (nacionais


e estrangeiros). É um conceito geográfico.

O GOVERNO é cúpula, a parte dominante do Estado. Por isso, muitas vezes confundimos
Estado com governo, pois se trata de termos relacionados. A diferença é que o governo – mesmo
sendo decisivo, o que comanda – é somente uma parte do Estado, este é mais amplo e, como
vimos, engloba outros setores, além de compreender todos os níveis de governo – Federal,
Estadual e Municipal – e todas as atividades a eles ligadas.

TERRITÓRIO: é o componente espacial do estado; é a porção da terra sobre a qual o Estado


exerce a sua jurisdição; a sua soberania; seu poder de mando; seu poder de império.

 O Estado é, portanto, a nação com um governo. Porém, Estado é diferente de governo.


O Estado é uma instituição permanente, e governo um elemento transitório do Estado.
Assim dizemos: “muda o governo e o Estado continua”. Como o Estado é uma entidade
abstrata, que não tem de “querer” nem “agir” próprio, o governo (grupo de pessoas) age
em seu nome.

O Território se estende também ao Mar Territorial e o Espaço Aéreo.

Assim, o mar territorial e o espaço aéreo, compreendem como: o espaço do mar onde o
Estado costeiro exerce sua soberania. Tal soberania é estendida ao espaço aéreo subjacente ao
Mar Territorial, bem como ao leito e local entendido como subsolo deste mar. Todos os Estados
dispõem de espaço aéreo, contudo, nem todos os Estados dispõem de Mar Territorial. O espaço
aéreo de um país é a porção da atmosfera que se sobrepõe ao território desse país, incluindo o
território marítimo, indo do nível do solo, ou do mar, até 100 quilômetros de altitude, onde o
país detém o controle sobre a movimentação de aeronaves.

Dentro do mar territorial, o Estado costeiro dispõe de direitos soberanos idênticos aos de que
goza em seu território e suas águas interiores, para exercer e aplicar as suas leis e regulamentar
o uso e a exploração dos recursos. Entretanto, as embarcações estrangeiras civis e militares têm
o "direito de passagem inocente" pelo mar territorial, desde que não violem as leis do Estado
costeiro nem constituam ameaça à segurança.

Águas interiores

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Sobre suas águas interiores, além de jurisdição idêntica à do mar territorial, o Estado costeiro
pode até mesmo impedir a passagem inocente. Consideram-se águas interiores os mares
completamente fechados, os lagos e os rios, bem como as águas no interior da linha de base do
mar territorial. As águas arquipelágicas no interior das ilhas mais exteriores de um Estado
arquipelágico (como a Indonésia ou as Filipinas) também são consideradas águas interiores.

Zona contígua

O Estado costeiro mantem sob seu controle uma área de até doze milhas náuticas,
(adicionalmente às doze milhas do mar territorial), para o propósito de evitar ou reprimir as
infrações às suas leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração, sanitários ou de outra
natureza no seu território ou mar territorial. A Zona Contigua alcança 12 milhas
náuticas (22 quilômetros) se divide em duas extensões.

Zona econômica exclusiva (ZEE)

A ZEE é uma faixa de água que começa no limite exterior do mar territorial de um Estado
costeiro e termina a uma distância de 200 milhas náuticas (370 quilômetros) do litoral (exceto
se o limite exterior for mais próximo de outro Estado) na qual o Estado costeiro dispõe de
direitos especiais sobre a exploração e uso de recursos marinhos.

O Brasil e Portugal ocupam, respectivamente, a nona e a décima-primeira posições na lista das


maiores ZEEs (combinadas com o mar territorial) do mundo. A lista é encabeçada pelos Estados
Unidos (1º lugar) e pela França (2º).

FUNÇÃO, OBJETIVOS OU FINALIDADES DO ESTADO

Objetivos ou finalidades: também denominadas por funções do estado para que serve
o Estado? Para que, e por que, em determinado momento histórico, nós abrimos mãos de parcela
de nossos direitos e os colocamos sob a responsabilidade dessa realidade denominada de
Estado? O Estado tem determinados objetivos; o Estado é dotado de algumas finalidades; nós
podemos reduzir essas finalidades, esses objetivos do Estado em uma única expressão: o
objetivo de atingir o bem comum; a ordem pública e a garantir a soberania. Esse é o objetivo
da criação dessa entidade chamada Estado. Todo e qualquer Estado possui obrigações para com
os cidadãos, no que lhe dá o sentido e a importância de existir, assim as principais funções de
um Estado moderno são:

Garantir a soberania, ou seja, o direto que cada Estado tem de manter seu próprio
governo, elaborar suas próprias leis e de administrar os negócios públicos sem a interferência
de outros Estados, manter a ordem interna e a segurança externa (defender o território das
ameaças externas), integridade territorial e poder de decisão. Embora o poder e a autoridade
possam ser encontrados nas funções e relações sociais, em diferentes campos da vida social,
centralizam no Estado. Dado o seu legitimo monopólio da força, o governo, evidentemente,
detém o poder supremo na sociedade. O reconhecimento da independência de um Estado em
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relação aos outros, permitindo ao primeiro firmar acordos internacionais, é uma condição
fundamental para o estabelecimento da soberania.

Manter a ordem, o Estado se diferencia das demais instituições por ser o único que se
encontra investido de poder coercitivo, proibindo uma série de atos ou obrigando os cidadãos a
agir de uma ou de outra maneira adequando-se às leis, ou serão usados o poder coercitivo do
uso da força física. A coerção tem como objetivo propiciar um ambiente de ordem, preservando
os direitos individuais e coletivos. As leis estabelecem, portanto, o que deve ou não ser feito, o
que pode ser feito, e prescrevem as punições por sua violação. O Estado é, pois, a instituição
autorizada a decretar, impor, administrar e interpretar as leis na sociedade moderna. É por tudo
isso que o estado exerce um grande controle sobre a vida das pessoas.

Promover o bem estar social, isto é, propiciar à população de um Estado além da


ordem interna e externa, a paz, o respeito às leis, provendo a justiça, dispor de meios suficientes
para atender as necessidades humanas em seus diferentes aspectos: físico, moral, espiritual,
psicológico e cultural; organizando serviços básicos à população: educação, saúde,
aposentadoria, segurança, justiça e etc. manter a ordem social através de leis existentes ou
redigindo novas, que reajustem a própria ordem, quando as condições de mudanças exigirem.

3ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Qual a origem do termo Estado?
b) – Conceitue Estado.
c) – O que forma um Estado?
d) – O que é um funcionário público?
e) – Diferencie governo de Estado.
f) – Cite as três principais funções do Estado.
g) – Explique a função do Estado: Garantir a soberania.
h) – Explique a função do Estado: Manter a ordem.
i) – Explique a função do Estado: Promover o bem estar social.
j) – Qual a relação e os objetivos dos Estados, firmarem acordos internacionais?
k) – Diferencie os conceitos de Estado, na Visão de Kant, Noberto Bobbio e Marx Weber.

ESTADO E DEMOCRACIA

Os Estados foram ficando, com o tempo, muito complexos, os territórios extensos e as


populações numerosas; tornou-se inevitável a proposta de os próprios cidadãos exercerem
diretamente o poder político dentro da sociedade. Neste contexto surge a possibilidade do
cidadão assumir a função de dirigente político, assim cria-se a democracia como forma justa de
governo possível a uma sociedade.

Democracia: Origem, significado e conceito.

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A palavra democracia é formada etimologicamente por dois termos gregos, demos e


kratia. O termo demos, no sentido mais primitivo, designava os diversos distritos que
constituíam as dez tribos em que a cidade de Atenas fora dividida por ocasião das reformas de
Clístenes (século VI a.C.). Procedimento que pôs fim a tiranias. Com o tempo, demos passou a
significar genericamente “povo” ou “comunidade de cidadãos”. O termo kratia deriva de
kratos, que significa “governo”, “poder”, “autoridade”. Hoje em dia entendemos democracia
como “governo do povo”, “governo de todos os cidadãos”.
Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões
políticas está com os cidadãos (povo).
Numa frase famosa, democracia é o "governo do povo, pelo povo e para o povo".

Tipos de democracia

Democracias podem ser divididas em diferentes tipos, baseado em um número de


distinções. A distinção mais importante acontece entre:

Democracia direta ou participativa: (algumas vezes chamada "democracia pura"),


onde o povo expressa sua vontade por voto direto em cada assunto particular, isto é, os cidadãos
decidem diretamente cada assunto por votação. A democracia direta se tornou cada vez mais
difícil, e necessariamente se aproxima mais da democracia representativa, quando o número de
cidadãos cresce.

Democracia representativa ou democracia indireta: onde o povo expressa sua


vontade através da eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os
elegeram, isto é, os cidadãos elegem representantes em intervalos regulares, que então votam
os assuntos em seu favor. Muitas democracias representativas modernas incorporam alguns
elementos da democracia direta, normalmente referenda.

Democracia semidireta, mista ou mesclada: é aquela que mistura as duas formas de


exercício da democracia: a direta e a indireta. Assim temos a eleição dos representantes, mas é
possivel a participação diretamente do povo nas decisções do Estado. Seja pelo Plebicito,
Referendo ou Iniciariva Popular.

Plebiscito e referendo

No plebiscito, a população é convocada para opinar sobre o assunto em debate antes que
qualquer medida tenha sido adotada, fazendo com que a opinião popular seja base para
elaboração de lei posterior.
No caso do referendo, o Congresso discute e aprova inicialmente uma lei e então os
cidadãos são convocados a dizer se são contra ou favoráveis à nova legislação.
Um exemplo de Referendo realizado no Brasil foi o de 2005, quando a população foi às
urnas opinar sobre o Estatuto do Desarmamento, que proibia a venda de armas e munições no

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País. Em qualquer um dos instrumentos – plebiscito ou referendo – sua convocação é atribuição


do Congresso Nacional.
De acordo com o professor de Teoria Política da Universidade de Brasília (UnB), Pablo
Holmes, a opção entre plebiscito ou referendo é resultado de uma decisão política da
Democracia.

Leis de Iniciativa Popular

Na Iniciativa Popular de Lei, os eleitores têm o direito de apresentar projetos ao


Congresso Nacional desde que reúnam assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado nacional,
localizado em pelo menos cinco estados brasileiros. Esse percentual representa a coletânea de
aproximadamente 1,3 milhão de assinaturas em todo o País.
O mais recente foi a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/2010), resultado de
uma ampla mobilização da sociedade civil, e que impede que políticos condenados
judicialmente possam concorrer nas eleições. Além disso, a lei tornou inelegíveis candidatos
que tenham renunciado a seus mandatos para fugir de cassações.

Democracia através do voto

Também chamado de sufrágio universal, o voto é um ato no qual as pessoas manifestão


sua vontade, na democracia ele é usado como instrumento de subsidio na organização de uma
sociedade política democrática de direito.
O voto nem sempre foi um direito universal, no início ele era cencitário, isto é, exigia que seus
titulares atendessem certas exigências tais como pagamento de imposto direto, proprietário de
propriedade fundiária e usufruir certa renda. Isso significa que muitos grupos foram excluídos
do direito de voto, em vários níveis de exclusão étnica (caso do apartheid na África do Sul),
exclusão de gênero (até 1893 o sexo feminino não podia votar) e exclusão de classes (até o
século XIX somente pessoas com um certo grau de riqueza podiam votar).
Faltavam direitos políticos aos cidadãos, que foi conquistado aos poucos com conscientização
e organização de muitos movimentos e lutas sociais.
Em alguns países, o voto não é um direito, e sim uma obrigação.

 No Brasil, o voto é obrigatório para cidadãos entre 18 e 70 anos, e opcional para


cidadãos de 16, 17 ou acima de 70 anos. Críticos dessa lei argumentam que ela facilita
a criação de currais eleitorais, onde eleitores de baixo nível educacional e social são
facilmente corrompidos por políticos de maior poder financeiro, que usam técnicas de
marketing (quando não dinheiro vivo ou favores diretos) para cooptá-los. Ainda de
acordo com os críticos, o voto obrigatório é uma distorção: o voto é um direito, e a
população não pode ser coagida a exercê-lo.

ESTADO E GLOBALIZAÇÃO

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Os Estados nacionais são produtos históricos, e não uma configuração “natural” de


organização política, sua superação através de outras formas de organização deve ser entendida
como um processo histórico a longo prazo, tão conflitivo e pouco retilíneo quanto sua formação.
Atualmente, o Estado-Nação, é uma unidade política básica no mundo que vem “evoluindo” no
sentido de um supranacionalismo, na forma de organizações regionais, como é o caso da União
Europeia. As políticas de cada nação bem como sua soberania estão sendo afetada pelas
transformações que vem ocorrendo no mundo, seja de uma maneira intensa ou apática, o
Estado-Nação e suas políticas seguem as tendências dessas transformações de nível mundial.
A nova política global envolvendo processos de tomada de decisões no interior das
burocracias governamentais e internacionais; processos políticos desencadeados por forças
transnacionais; e, por fim, novas formas de integração mundial entre Estados, criaram um
quadro no qual os direitos e obrigações, poderes e capacidades dos Estados foram redefinidos.
As capacidades estatais foram ao mesmo tempo reduzidas e alargadas, permitindo ao Estado o
cumprimento de uma série de funções que já não podem ser mantidas senão em conexão com
relações e processos globais. Neste sentido os Estados nacionais se enfraquecem à medida que
não podem mais controlar dinâmicas que extrapolam seus limites territoriais. A
interdependência mundial de diversos processos acaba tornando os países vulneráveis a
influências políticas internacionais.

4ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Explique o significado da palavra democracia.
b) – O que é democracia?
c) – Diferencie democracia direta de democracia representativa.
d) – O que é voto?
e) – Explique, por que no início o voto não era universal?
f) – Como é o direito do voto no Brasil?
g) – O que acontece com o Estado na nova política global?
h) – Por que os Estados nacionais se enfraquecem com a globalização?

POLÍTICA, ÉTICA E CIDADANIA

Todas as questões políticas se referem à sociedade, isto é, está relacionado diretamente


com os princípios morais e com o respeito aos interesses e necessidades dos cidadãos (povo),
mas atualmente a prática não corresponde à teoria, hoje o contexto político, no caso brasileiro,
se configura em duas características negativas:

1. Os cidadãos têm uma ação limitada na esfera pública, caindo no individualismo e na


apatia, levando a perda da legitimidade do sistema política – a burocracia estatal afastou o
cidadão comum da discussão e da participação nas decisões da vida social – os sucessivos
governos não criam vínculos de conexão e sintonia com o povo.

2. Os políticos com raras e honrosas exceções fazem da coisa pública um negócio


privado, buscando o enriquecimento pessoal e trabalhando para favorecer os interesses dos
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grupos econômicos. Fato que vem generalizando a descredibilidade nos políticos, no sistema
político estatal.
Esses dois fatores vêm gerando uma situação de crise moral no sistema político, cuja
solução se apresenta através da politização, da ética e do exercício da cidadania plena, no qual
destacaremos dois pontos principais:

Precisa-se aplicar uma força corretiva que ocorre através dos vários
movimentos sociais que movidos por imperativos éticos, atuam no sentido de criticar, fiscalizar
e reverter as prioridades dos governos. Assim a participação política não deve se resumir
apenas em ato de votar, mas também na participação da sociedade civil organizada.

Mas antes de tudo, precisa-se de uma mudança na mentalidade de cada


indivíduo. A conscientização da população (politização), de que ela não é só vítima do sistema
político, mas também um dos responsáveis pela falência do sistema. A conscientização
permitirá ao povo uma verdadeira mudança na sociedade com um voto e organização eficaz na
melhoria do bem comum.

5ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Qual a relação entre política e sociedade?
b) – Explique, por que os cidadãos brasileiros têm uma ação limitada na esfera pública?
c) – Por que os políticos perdem sua credibilidade com povo?
d) – Qual a solução para a crise moral no sistema político?
e) – Qual a importância dos movimentos sociais para corrigir a crise moral no sistema
político?
f) – O que é politização? E como ela pode contribuir para melhorar a política brasileira?

ESTADOS HISTÓRICOS

Já existiram muitos modelos de Estados historicamente definidos bem como muitas


políticas de Estados que caracterizavam esses Estados nos seus respectivos contextos históricos
dentre os quais podemos destacar: Estado Absolutista, Estado Liberal, Estado Liberal-
democrático, Estado Totalitário, Estado Social-democrático e o Estado Neoliberal.

ESTADO ABSOLUTISTA

Foi a primeira forma de Estado moderno historicamente definido, nesta forma de Estado
a realeza centralizava todas as decisões políticas e assumiam diretamente a administração
econômica (política mercantilista), a justiça e o poder militar; por isso, é também conhecido
como Absolutismo Monárquico, foi nesse momento que se iniciou uma estrutura
administrativa burocrática e a separação entre o público e o privado. Esse Estado intervinha
fortemente na vida econômica, sendo em algumas nações o principal responsável pela
construção de uma base manufatureira, chegou a necessitar de um amplo quadro administrativo
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para dar conta dessa tarefa. O controle da economia lhe impunha funções complexas e
especializadas para época, como o estabelecimento de normas rígidas sobre os métodos de
fabricação, os critérios para inspecionar a qualidade da matéria-prima empregada na produção,
a fixação dos preços, etc. foi neste Estado que o poder político se centralizou fortemente no
interior de um domínio territorial-nacional.

ESTADO LIBERAL

É uma forma histórica de Estado, ele foi implantado através das diversas revoluções
burguesas ou revoluções liberais que ocorreram na Europa Ocidental a partir do século XVII, a
expressão “liberal” representava uns dos principais ideais da burguesia. Por isso a burguesia
criticava o absolutismo e defendia os valores iluministas da “Liberdade” e da “Igualdade”; mas
a liberdade econômica sem intervenção do Estado, como defendia os teóricos do liberalismo
econômico da época (Adam Smith): “laissez-fare, laissez-passer” (deixai fazer, deixai passar);
e igualdade de decisão política e jurídica nos negócios. Este Estado era puramente burguês, pois
além das decisões econômicas em favor da burguesia, as eleições de representação política eram
censitárias.

ESTADO LIBERAL-DEMOCRÁTICO

É a consolidação definitiva da tomada do poder político pela burguesia, mas para isso a
burguesia foi obrigada a buscar apoio entre os operários e os camponeses, assim é que a
democracia foi possível. Por isso, a burguesia teve de adaptar seu programa revolucionário para
atender aos interesses da maioria da população. Esse foi o único caminho que encontrou para
assumir o poder se autoproclamando representante dos interesses da sociedade em geral. E
depois, com muitas reivindicações, os trabalhadores do campo e da cidade foram ampliando
seus direitos e conquistando seu espaço no Estado Liberal-democrático como: o surgimento dos
partidos políticos, a partir do século XIX (com alguns movimentos operários como o ludismo
e o cartismo), os partidos políticos passaram a ser instrumentos de representação capazes de
abrigar a enorme pluralidade de princípios políticos, ideais e valores que constituem a sociedade
moderna dos Parlamentos ou Assembleias Legislativas os ideais e direitos para suas classes.
O Estado Liberal-democrático é composto de três poderes independentes, cujo objetivo é
garantir o equilíbrio social dentro de uma sociedade de conflitos individuais e sociais: Poder
Legislativo – responsável em criar leis, Poder Judiciário – responsável com que as leis sejam
cumpridas e o Poder Executivo – responsável em cumprir as leis.

ESTADO TOTALITÁRIO

Totalitarismo é diferente de autoritarismo. A pesar de muitas características comuns a


principal diferença é que nos regimes autoritários não há uma ideologia que sirva “para a
construção da nova sociedade” e nem apoio popular, prevalece a despolitização que leva a
apatia política, a repressão governamental gera o medo desestimulando a participação política.
Neste regime os militares tornam-se protagonistas políticos do governo e da burocracia estatal.
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Isso aconteceu em muitos governos ditatoriais na América Latina como o caso do golpe militar
no Brasil em 1964. Os Estados Totalitários sejam de direita (conservadores) como o caso do
nazismo e do fascismo, o de esquerda (revolucionários) como os de orientação comunistas.
Mobilizam a massa através de uma ideologia ou doutrina que prega a construção de uma nova
sociedade melhor para todos, neste sentido o Estado justifica toda a repressão, espionagem,
prisão, suspende direitos individuais e políticos, evita-se a dissidência política, centraliza as
decisões governamentais.

ESTADO SOCIAL-DEMOCRÁTICO (1945 a 1973 – Welfare State (Estado de bem-estar


social), Estado de providência, Estado Assistencial).

No século XIX, logo após a 2ª guerra mundial o mundo vivia uma que precisava de
soluções, neste contexto surgiu a teoria econômica do inglês Keynes, que indicou a importância
do Estado no controle da economia e na superação das dificuldades econômicas e sociais, neste
contexto surgiu os partidos da social-democracia que mesclaram as teorias keynesianas e os
ideais marxistas, eles diziam que ser “socialista” não significava acabar com o capitalismo, mas
fazer com que o Estado democrático tenha um programa forte de assistência social e
distribuição de renda, assim criou-se o Estado social-democrático ou de bem-estar social
(Welfare State) que se caracteriza basicamente: Intervenção do Estado na regulação da
economia, Desenvolvimento econômico a partir da distribuição de renda, Aumento de impostos
para as classes ricas, Investimento em educação, Construção de obras públicas e moradias,
Políticas assistenciais eficazes, Estatização e modernização de empresas, Melhorias em
serviços públicos, Verticalização na produção de riquezas naturais.

ESTADO NEOLIBERAL (1973 a 1990 – Neoliberalismo)

Ao final dos anos 70, o Estado do bem-estar social (Welfare state), já não conseguia dá
respostas às demandas sociais sempre crescentes (e ao inevitável aumento de custos decorrentes
da expansão de serviços oferecidos) e, por outro lado, enfrentava um estrangulamento em suas
receitas, dependentes da arrecadação de impostos. A crise do Welfare State estabeleceu então
as condições para que forças políticas que propunha redução da intervenção estatal na economia
chegassem ao poder em diversos países, com destaque para as administrações de Regan, nos
E.U.A (1980-1988) e Thatcher, no Reino Unido (1979-1990). A expressão neoliberal
representa o neoliberalismo, isto é, o novo liberalismo inspirado nos ideais do liberalismo
econômico clássico do século XVII, do “laissez-faire”.
Entre as principais características do atual neoliberalismo podemos destacar: Redução
do papel regulador do Estado na economia, Cortes nos investimentos públicos, Privatizações
de empresas estatais, Terceirização de serviços públicos, Redução ou reformulação de
programas assistenciais, Desarticulação dos movimentos sociais e sindicais.

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO – Dias atuais

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Estado Democrático de Direito é, assim, um Estado que visa à garantia do exercício


de direitos individuais e sociais, e os poderes instituídos (Legislativo, Executivo e Judiciário)
são organizados de forma a que um não avance sobre a função precípua do outro. No Brasil,
vive-se o Estado Democrático de Direito, desde a promulgação da Constituição Federal de
1988, em 5 de outubro de 1988.
É importante, frisar, que nem todos os Estados ainda são democráticos, existem aqueles
que a ditadura ou até mesmo o absolutismo ainda impera.

6ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Cite os Estados e as políticas de Estados historicamente definidos.
b) – O que é um Estado Absolutista?
c) – O que é um Estado liberal?
d) – Como a burguesia se consolidou e como a classe trabalhadora conseguiu direitos dentro
do Estado liberal-democrático?
e) – Como é composto o Estado liberal-democrático? E qual seu objetivo?
f) – Diferencie um Estado autoritário de um Estado totalitário.
g) – Quais são as características de um Estado social-democrático?
h) – Explique a origem do neoliberalismo.
i) – Cite as principais características do neoliberalismo.

TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As concepções que destacaremos aqui se referem às várias ideias que alguns pensadores
têm sobre o Estado, bem como, sua origem e suas características:

TEORIAS CONTRATUALISTA: Essas teorias foram elaboradas entre os séculos XVII e


XVIII pelos pensadores iluministas:

Thomas Hobbes John Locke Jean-Jacques Rousseau


(1588-1679) (1632-1704) (1712-1778)

Tais teorias surgem para tentar explicar como se fundam o Estado. Cindindo com o surgimento
do Estado Moderno, o contratualismo refere-se a toda teoria política que veem a origem da
sociedade e o fundamento do poder político num CONTRATO.
 Segundo Hobbes: “o homem é lobo do próprio homem” e para coexistir com os outros
precisa da paz e da organização dentro de um Estado forte e absoluto.

Estado é visto como organizador, controlador e defensor das leis e dos direitos individuais
dos cidadãos.

O Estado é construído pelos homens mediante um contrato. Para os contratualistas, os homens


viviam inicialmente em um estado de natureza, ou seja, antes da fundação do Estado (concebido

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de forma diferente em cada teoria contratualistas), contrário a esse Estado de natureza seria o
Estado de civilização, ou seja, com a fundação do Estado.
As teorias contratualistas de Hobbes e Locke explicitam em comum a interpretação
individualista, dado o contrato ser um ato firmado entre indivíduos conscientes e deliberados
que abrem mão em parte ou em todo de seu arbítrio para que outrem o exerça. Esse é o exercício
estatal, ao prescrever condutas que devem ser observadas e seguidas de forma heterônoma e
externa pelos indivíduos sob a sua tutela. O contrato, ou o consentimento, é a base do governo
e da fixação dos seus limites.
De fato, a sociedade civil nasce quando, para uma melhor administração da justiça, os
habitantes acordam entre si delegar esta função a determinados funcionários. Assim o governo
é instituído por meio de um contrato social, sendo os seus poderes limitados, envolvendo
obrigações recíprocas, sendo que estas obrigações podem ser modificadas ou revogadas pela
autoridade que as conferiu.

 A principal diferença entre esses teóricos é que, enquanto para Hobbes, o pacto concede
o poder absoluto e indivisível ao soberano, para Locke o poder legislativo é poder
supremo, ao qual deve se subordinar tanto o executivo (soberano) quanto o federativo
(encarregado das relações exteriores) e, segundo Rousseau o poder supremo emana do
povo através das leis por ele proposta e sancionada, e todo governante deve segui-la, se
não substituído pelo próprio povo.

TEORIAS NÃO-CONTRATUALISTA OU NATURALISTAS

Segundo essas teorias, o Estado desde o princípio das primeiras civilizações está relacionado
com as necessidades de cada sociedade, essa instituição política surgiu em muitos contextos
históricos diferentes e por muitas razões: as necessidades da guerra, de administração das obras
públicas, o aumento do tamanho e da diversidade da população, novos problemas que exigiam
uma ação organizada da sociedade como um todo. O Estado tomava forma à maneira que
grupos e indivíduos dentro da sociedade entendiam ser de seu interesse centralizar a
autoridade, estabelecer métodos para solucionar disputas e empregar a força para a
conformidade a algumas normas sociais.

Teoria de Aristóteles (384 – 322 a.c) – Origem familiar ou patriarcal: Para


Aristóteles o homem é um animal político que vive em grupo e é naturalmente social. A própria
família já é uma espécie de sociedade (sociedade doméstica), onde já surge uma autoridade, a
quem cabe estabelecer as regras. Assim surge o Estado, pelo fato de ser o homem um animal
naturalmente social, político, ele se organiza para o bem comum. O Estado provê, inicialmente,
a satisfação daquelas necessidades materiais, negativas e positivas, defesa e segurança,
conservação e engrandecimento, de outro modo irrealizáveis. Mas o seu fim essencial é
espiritual, isto é, deve promover a virtude e, consequentemente, a felicidade dos súditos
mediante a ciência.

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Teoria natural – Origem em atos de força: Baseia-se na imposição de regras de um


grupo por meio da coerção física. É a "lei do mais forte" típica do Estado de natureza. A natureza
humana diferencia os seres dentro de suas condições naturais fisiológicas, assim muitas
sociedades primitivas deram origem a suas organizações estatais. Quando a organização social
se basea no uso da força, da coerção por aqueles que são mais fortes fisicamente e impõe aos
mais fracos suas ordens.

Teoria Durkheimiana – Origem no desenvolvimento interno da sociedade: esta teoria


é possivel interprta-la dentro dos estudos de solidriedade mecânica e orgânica do sociólogo
Emile Durkheim. Localiza o aparecimento do órgão estatal como efeito da complexidade de
relações sociais estabelecidas pelo homem. Com o desenvolvimento da sociedade simples para
uma sociedade mais complexa, surge a necessidade de um conjunto de instituições que organize
as relações sociais e suas complexidades.

7ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Cite as duas concepções (teorias) políticas sobre a origem do Estado.
b) – Que filósofos elaboraram a concepção contratulista sobre a origem do Estado?
c) – Comente a teoria contratualista sobre a origem da sociedade e do Estado.
d) – Explique a principal diferença teórica entre Hobbes, Locke e Rousseau.
e) – Explique a concepção não-contratualista da origem do Estado.
f) – Como se explica a origem do Estado na teoria de Aristóteles.
g) – Expliuqe a origem do Estado segundo a teoria natural.
h) – Explique a teoria de Durkheim sobe a origem do Estado.

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4º Bimestre
VALORES E NORMAS SOCIAIS

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VALORES E NORMAS SOCIAIS

CIDADANIA OU NACIONALIDADE?

O conceito de cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para
designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali
participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania, pressupunha, portanto,
todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade.

A etimologia da palavra cidadania vem do latim civitas, cidade, tal como cidadão. Neste
sentido, a palavra-raiz, cidade, diz muito sobre o verbete. O habitante da cidade no
cumprimento dos seus deveres é um sujeito da ação, em contraposição ao sujeito de
contemplação, omisso e absorvido por si e para si mesmo, ou seja, não basta estar na cidade,
mas agir na cidade. A cidadania, neste contexto, refere-se à qualidade de cidadão, indivíduo de
ação estabelecido na cidade moderna. A rigor, cidadania não combina com individualismo e
com omissões individuais frente aos problemas da cidade; a cidade e os problemas da cidade
dizem respeito a todos os cidadãos.

Ao longo da história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um


conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão, é
comum usarem a expressam "Cidadania: direito de ter direito”, para melhor definir o que é
cidadania.

Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos


na constituição. Uma boa cidadania implica que os direitos e deveres estão interligados, e o
respeito e cumprimento de ambos contribuem para uma sociedade mais equilibrada.

 Nacionalidade não é sinônimo de Cidadania, embora semelhantes, possuem significados


distintos. Nacionalidade consiste no vínculo entre uma pessoa e a nação da qual ela se
originou ou à qual ela pertence e é um direito fundamental da pessoa humana. Toda
pessoa tem direito a uma nacionalidade, não podendo ser privada dela e nem impedida
de trocá-la. Nacionalidade é o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo
e determinado Estado, fazendo dele um componente do povo, da dimensão pessoal deste
Estado. A nacionalidade é um direito fundamental da pessoa humana, o qual concede
ao nacional, nato ou naturalizado, direitos e deveres em relação ao país ao qual está
vinculado. Portanto nacionalidade, varia no tempo (seu conceito ao longo da história,
se modificou com o desenvolver das civilizações) e no espaço (diferente entre os países).

A cidadania, entrementes, não é sinônimo de nacionalidade, porém sim uma decorrência do


estado de ser a pessoa natural cidadã ou cidadão.

Em assim sendo, é a cidadania o conjunto de direitos civis e políticos de que dispõe essa mesma
pessoa física, podendo, em conseqüência, desempenhar funções públicas, atividade

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profissional, comercia empresarial, votar, ser votado para qualquer cargo da trindade estatal,
pertencer a partidos políticos, enfim, exercer os atos da vida civil em toda a plenitude.

Podemos, além do mais, afirmar inexistir cidadania sem nacionalidade, pois a perda da última
implicará a perda nos direitos civis e políticos que lhe são inerentes. Isto porque o ato de
exercitá-los corres ponde justamente ao exercício da cidadania.

Não é a nacionalidade sempre um fator determinante de cidadania. Tomemos como exemplo o


caso do polipátrida. Certo brasileiro é também alemão, porque é filho de alemão, embora tenha
nascido no Brasil. Aqui ele vive e exercita seus direitos civis e políticos. Tem, destarte, a
cidadania brasileira, sem dispor de igual prerrogativa em relação à nacionalidade alemã.

Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações e lutar para que sejam
colocados em prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições
constitucionais. Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da
educação de um país.

O conceito de cidadania também está relacionado com o país onde a pessoa exerce os
seus direitos e deveres. Assim, a cidadania brasileira está relacionada com o indivíduo que
está ligado aos direitos e deveres que estão definidos na Constituição.

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988,


pela Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas (deputados e
senadores), consolidou a democracia, após longos anos da ditadura militar no Brasil. Em seus
artigos 5º e 6º estabelece os deveres e direitos do cidadão:

Cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico-sociológico, o que


significa que seu sentido varia no tempo e no espaço de cada sociedade: a cidadania dos povos
greco-romanos antigos é bastante diferente da cidadania que nós temos hoje, é muito diferente
ser cidadão na Alemanha, no Japão, nos E.U.A. ou no Brasil; não apenas pelas regras que
definem quem é ou não titular da cidadania, mas também pelos direitos e deveres distintos que
caracterizam o cidadão em cada um dos Estados-nacionais contemporâneos.

A cidadania é o conjunto de direitos e deveres que nos garante o acesso de maneira igual
a todos recursos materiais e imateriais necessários para viver com dignidade e igualdade de
condições junto a todos os membros da sociedade.

 A cidadania é um processo que está relacionado aos direitos e aos movimentos sociais
que buscam a consolidação definitiva de uma sociedade justa e igualitária.

Percebe-se na história da cidadania, que desde a antiguidade as diferenças na


organização das sociedades entre senhores e escravos, nobres e servos, patrão e empregado,
ricos e pobres, geram um contexto de antagonismo conflituoso de classes onde se busca superar
as injustiças e as desigualdades sociais. A história demonstra que, é dentro desse contexto que

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o processo de cidadania e a conquista de direitos vêm se consolidando ao longo dos tempos


através dos diversos movimentos sociais, seja de escravos, plebeus, servos, camponeses
medievais, liga de trabalhadores, etc. Os direitos de cidadania foram conquistados através da
luta dos movimentos sociais ao longo da história.

Deve-se chamar a atenção para, a nacionalidade, pois é pressuposto da cidadania - ser


nacional de um Estado é condição primordial para o exercício dos direitos políticos. Entretanto,
se todo cidadão é nacional de um Estado, nem todo nacional é cidadão - os indivíduos que não
estejam investidos de direitos políticos podem ser nacionais de um Estado sem serem cidadãos.

1ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Por que cidadania é conceito histórico-sociológico?
b) – O que é cidadania? Onde originou-se?
c) – Como a cidadania vem se consolidando ao longo da história?
d) – Qual a relação entre nacionalidade e cidadania?
e) – Quais são os direitos relacionados a cidadania?

HISTÓRIA E ANÁLISE DA CIDADANIA NO BRASIL

O historiador José Murilo de Carvalho define cidadania como o exercício pleno dos
direitos políticos, civis e sociais, uma liberdade completa que combina igualdade e participação
numa sociedade ideal, talvez inatingível.

Carvalho entende que esta categoria de liberdade consciente é imperfeita numa


sociedade igualmente imperfeita. Neste sentido, numa sociedade de bem-estar social, utópica,
por assim dizer, a cidadania ideal é naturalizada pelo cotidiano das pessoas, como um bem ou
um valor pessoal, individual e, portanto, intransferível.

Esta cidadania naturalizada é a liberdade dos modernos, como estabelece o artigo III da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada na Assembleia Geral das Nações
Unidas, em 1948: "toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. A origem
desta carta remonta das revoluções burguesas no final do século XVIII, sobretudo na França e
nas colônias inglesas na América do Norte; o termo cidadão designa, nesta circunstância e
contexto, o habitante da cidade "no cumprimento de seus simples deveres, em oposição a
parasitas ou a pretensos parasitas sociais”.

No Brasil, nos léxicos da língua portuguesa que circularam no início do século XIX,
observa-se bem a distinção entre os termos cidadão (em português arcaico, cidadam) e o fidalgo,
prevalecendo o segundo para designar aquele indivíduo detentor dos privilégios da cidade na
sociedade de corte. Neste contexto, o fidalgo é o detentor dos deveres e obrigações na cidade
portuguesa; o cidadão é uma maneira genérica de designar a origem e o trânsito dos vassalos
do rei nas cidades do vasto império português. Com a reconfiguração do Estado a partir de
1822, vários conceitos políticos passaram por um processo de ressignificação; cidadão e
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cidadania entram no vocabulário dos discursos políticos, assim como os termos Brasil,
brasileiros, em oposição a brasílicos. Por exemplo: povo, povos, nação, história, opinião
pública, América, americanos, entre outros.

A partir disso, o termo cidadania pode ser compreendido racionalmente pelas lutas,
conquistas e derrotas do cidadão brasileiro ao longo da história nacional, a começar da história
republicana, na medida em que esta ideia moderna, a relação indivídua cidade ou indivíduo
Estado


"expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar
ativamente da vida e do governo de seu povo (...)”.

Em outros termos, fundamenta-se na concessão do Estado das garantias individuais de vida,


liberdade e segurança. O significado moderno da palavra é, portanto, incompatível com o
regime monárquico, escravista e centralizador, anterior à independência política do Brasil. No
entanto, este o divisor (monarquia-república) não significa no Brasil uma nova ordem onde a
cidadania tem um papel na construção de sociedade justa e igualitária. Este aspecto é bem
pronunciado na cidadania brasileira: estas garantias individuais jamais foram concedidas,
conquistadas e/ou exercidas plena e simultaneamente em circunstâncias democráticas, de
estado de direito político ou de bem-estar social.

O longo caminho inferido por José Murilo de Carvalho refere-se a isto: uma cidadania
no papel e outra cidadania cotidiana. É o caso da cidadania dos brasileiros negros: a recente
Lei nº 7.716 de 5 de janeiro de 1989 é um prolongamento da luta pela cidadania dos "homens
de cor", cujo marco histórico formal é a Lei Áurea de 1888; ou seja, um século para garantir,
através de uma lei, a cidadania civil de metade da população brasileira, se os números do último
censo demográfico estão corretos; portanto, há uma cidadania no papel e outra cidadania
cotidiana, conquistada no dia-a-dia, no exercício da vida prática; tal é que ainda hoje discute-
se nas altas esferas da jurisprudência brasileira se o cidadão negro é ou não é injustiçado pela
história da nação. Considere-se que na perspectiva de uma cidadania plena, equilibrada e
consciente, não haveria de persistir por tanto tempo tal dúvida.

O mesmo se pode dizer da cidadania da mulher brasileira: a Lei 11.340 de 7 de Agosto


de 2006, a chamada "Lei Maria da Penha", criou mecanismos "para coibir e prevenir a violência
doméstica e familiar contra a mulher". Ou seja, garantir sua liberdade civil, seu direito de ir e
vir sem ser agredida ou maltratada. No caso da mulher, em geral, a lei chega com atraso, como
forma de compensação, como retificação de várias injustiças históricas com o gênero; o direito
de votar, por exemplo, conquistado através de um "código eleitoral provisório" em 1932,
ratificado em 1946. A lei do divórcio obtida em 1977, ratificada recentemente pela chamada
Nova Lei do Divórcio, ampliando a conquista da liberdade civil de outra metade da população
brasileira. São exemplos de como a cidadania é conquistada, de forma dramática por assim
dizer, à custa de esgotamentos e longas negociações políticas.

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Neste contexto, a lei torna-se o último recurso da cidadania, aquela cidadania desejada,
praticada no cotidiano, físicos, deficientes mentais, homossexuais, crianças, adolescentes,
idosos, aposentados, etc. Um caso prático para ilustrar esta realidade cotidiana é a superlotação
dos presídios e casas de custódia; a rigor, os direitos humanos contemplam também os
infratores, uma vez que, conforme mencionamos, “toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e
à segurança pessoal”.

Embora existam leis que visam reparar injustiças, existe também uma longa história de
lutas cotidianas para conquistar estes direitos: o direito à liberdade de expressão, o direito de
organizar e participar de associações comunitárias, sindicatos trabalhistas e partidos políticos,
o direito a um salário justo, a uma renda mínima e a condições para sobreviver, o direito a um
pedaço de terra para plantar e colher, o direito de votar e ser votado talvez o mais elementar da
democracia moderna, negado a sociedade, na já longa história da cidadania brasileira. É esta
luta cotidiana por direitos elementares que define a cidadania brasileira e não os apelos ao
pertencimento, ao nacionalismo, a democracia e ao patriotismo do cidadão-comum.

Pode-se entender, portanto, que a cidadania brasileira é a soma de conquistas cotidianas,


na forma da lei, de reparações a injustiças sociais, civis e políticas, no percurso de sua história
e, em contrapartida, a prática efetiva e consciente, o exercício diário destas conquistas com o
objetivo exemplar de ampliar estes direitos na sociedade. Neste sentido, para exercer a
cidadania brasileira em sua plenitude torna-se absolutamente necessário a percepção da
dimensão histórica destas conquistas no percurso entre passado, presente e futuro da nação.
Este é o caminho longo e cheio de incertezas, inferido por José Murilo de Carvalho. Esta é a
originalidade e especificidade da cidadania brasileira.

ESPÉCIES DE CIDADANIA

São dois tipos: a cidadania “formal” e a cidadania “real”.

1- Cidadania formal refere-se a maneira como a cidadania está descrita formalmente na


lei, nas constituições nacionais, é a garantia que o indivíduo tem para lutar legalmente
por seus direitos.

2- Cidadania Real também chamada de substantiva, refere-se a maneira como a


cidadania é vivida na prática, no dia-a-dia. Através dela podemos ver que nem todos os
seres humanos são iguais socialmente, que a sociedade se estrutura desigualmente e,
pois alguns grupos sofrem os mais diversos tipos de necessidades e preconceitos. Ex:
Um aluno de uma escola pública que não consegue competir em condições de igualdade
com um aluno de escola particular, tem sua cidadania “formal” conquistada, pois a lei
lhe garante acesso à educação, contudo, a cidadania “real” está bem longe de ser
atingida. A mesma situação dos pobres, dos negros, dos deficientes, etc. que, em maior
ou menor grau, conseguiram reconhecimento “formal”, mas ainda tem um longo
caminho para conquistar a cidadania “real”.

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AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA

A aquisição da nacionalidade pode ocorrer de forma originária adquirida pela pessoa


natural com o nascimento ou posteriormente por naturalização conforme previsão do art. 12 da
CF/88.

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles
esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de


países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há


mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.

A cidadania, por sua vez, é o gozo do conjunto de direitos políticos concedido à pessoa
natural, ou seja, é a participação econômica, social e política do cidadão de um Estado. Contudo,
é necessária a condição de nacional para o exercício da cidadania, mas não é primordial ser
cidadão para ser nacional.

Cada Estado, possui regras próprias, para obtenção da nacionalidade. No Brasil, ela
pode ser adquirida de dois modos: o primário e o secundário.

O modo primário ou originário é decorrente do fato do nascimento. Toda criança nascida


no território brasileiro automaticamente é brasileira, exceção feita aos filhos de pais
estrangeiros e que estejam ambos a serviço público de seu país de origem. Esta é a regra do jus
soli (ou direito do solo).

A Constituição Federal (Art. 12) também prevê ocasiões em que os nascidos no exterior,
filhos de pais brasileiros, também serão considerados brasileiros pela regra do jus sanguinis.
Nestes casos, existem algumas exigências:

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1- A criança deve ser filha de pai ou mãe brasileira e estes estejam a serviço do país;
2- Os nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileira e façam o registro em repartição
brasileira competente, e;
3- Os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, que venham a residir no país e, a
qualquer tempo após a maioridade, optem pela nacionalidade brasileira.

O modo secundário ou adquirido é aquele que decorre da naturalização, que, mediante


ato voluntário da pessoa, esta adquire uma nova nacionalidade. A nossa Carta Magna impõe
também algumas condições para que a pessoa ‘mereça’ receber a nacionalidade brasileira, e a
naturalização é classificada em ordinária e extraordinária.

A naturalização ordinária é obtida na forma da lei, mais precisamente o Estatuto do


Estrangeiro (Lei 6.815, de 19 de agosto de 1980), que prevê as condições necessárias para a
obtenção da nacionalidade brasileira. São elas: capacidade civil de acordo com a lei brasileira,
visto permanente no País, residência contínua por pelo menos quatro anos no Brasil, fluência
na língua portuguesa, exercício de profissão ou posse de bens que possam garantir a sua
manutenção e a de sua família, boa conduta e saúde. Deve-se lembrar, ainda que, por ser ato
discricionário do Poder Executivo, mesmo que a pessoa cumpra com todas essas exigências,
não é garantida a sua naturalização.

Os originários de países de língua portuguesa (chamada comunidade lusófona, entre eles


Moçambique, Guiné Bissau, Angola e Timor Leste) devem cumprir menos exigências para a
obtenção da naturalização ordinária. São elas: residência ininterrupta por um ano no Brasil e
idoneidade moral.

Para os portugueses, basta que tenham residência permanente no Brasil e, desde que
haja reciprocidade em favor de brasileiros, eles terão os mesmos direitos, salvo em alguns casos
previstos na Constituição.

Para os estrangeiros originários de outros países, ainda há mais uma opção para a
obtenção da nacionalidade brasileira; a chamada naturalização extraordinária, prevista na
Constituição Federal e que exige apenas três requisitos: residência no país por mais de quinze
anos ininterruptos, inexistência de condenação penal e mediante requerimento.

O requerimento de naturalização é o início de um procedimento administrativo realizado


junto ao Ministério da Justiça. Esse procedimento culmina com a expedição de uma portaria no
Diário Oficial e a emissão de um documento que certifica a naturalização. Esta só se completa
com a efetiva entrega do documento ao naturalizando, feita por um juiz federal ou estadual da
cidade onde aquele reside.

O brasileiro perderá a sua nacionalidade caso se naturalize em outro país, mas há duas
ocasiões em que isto não acontece: se o brasileiro obtiver a chamada ‘dupla cidadania’, em que
é reconhecido com nacional de outro país, ou se morar em território estrangeiro e for obrigado
a se naturalizar como condição para permanecer em seu território. Esta última é chamada de
aquisição involuntária de nacionalidade e, portanto, não poderia ocasionar a perda da
nacionalidade brasileira.

A naturalização pode ser cancelada mediante a propositura de uma Ação de


Cancelamento de Naturalização, feita pelo Ministério Público e, uma vez perdida a

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nacionalidade após o trânsito em julgado da sentença, só pode ser readquirida mediante Ação
Rescisória. Logicamente, a ação deve ser fundamentada em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional praticada pelo naturalizado.

A importância deste tema se revela óbvia: tanto o brasileiro nato quanto o naturalizado
possuem direitos e deveres do País ao qual se vinculam. E é a nacionalidade que vai determinar
a qual Estado caberá a proteção diplomática do indivíduo.

2ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – O que significa Fidalgo?
b) – Porque cidadania é considera utópica?
c) – Explique porque a lei Maria da Penha é um avanço da cidadania.
d) – Porque José Murilo considera a cidadania um paradoxo?
e) – Comente sobre a Cidadania no Brasil.
f) – Explique a diferença entre cidadania real e cidadania formal.

DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO

Todos os brasileiros, independente da condição social, cor, etnia ou religião, possuem


direitos e deveres. Portanto, os cidadãos, para exercer sua cidadania plena, precisam conhecer,
ter consciência da importância e colocar em prática seus direitos (exigindo-os e usufruindo-os)
e deveres (exercendo-os). Em resumo, o cidadão exerce a cidadania quando cumpre seus
deveres com o Estado e a sociedade e usufrui de seus direitos. É importante lembrar que como
cidadãos não temos somente direitos, mas também deveres para com a nação, além da obrigação
de lutar pela igualdade de direitos para todos, de defender a pátria, de preservar a natureza e de
fazer cumprir as leis.
Diferentemente da filosofia, que distingui dever e obrigação, para a Sociologia, são
palavras sinônimas, uma vês que dever é uma obrigação, consistindo em regras imposta, com
as competentes punições, caso haja seu descumprimento.

Existem vários tipos de obrigações, mas a mais comuns são:

 Obrigações de dar, que se subdivide em dar coisa certa ou incerta;


Ex.: Dar um documento a alguém.

 Obrigação de fazer;
Ex.: Fazer uma reforma em parede divisória entre terrenos.

 Obrigação de não fazer;


Ex.: Não fazer um muro elevado a certa altura.

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EXEMPLOS DE DEVERES DO CIDADÃO

 Votar para escolher os governantes;


 Proteger a natureza;
 Proteger o patrimônio público e social do País;
 Proteger o Patrimônio alheio;
 Respeitar e cumprir a legislação (leis) do país;
 Escolher, através do voto, os governantes do país (presidente da República, deputadores
federais e estaduais; senadores, prefeitos, governadores de estados e vereadores);
 Respeitar os direitos dos outros cidadãos, sejam eles brasileiros ou estrangeiros;
 Tratar com respeito e solidariedade todos os cidadãos, principalmente os idosos, as
crianças e as pessoas com deficiências físicas;
 Proteger e educar, da melhor forma possível, os filhos e outras pessoas que dependem
de nós;
 Ter atitudes que ajudem na preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.

EXEMPLOS DE DIREITOS DO CIDADÃO

 Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência social, lazer, entre outros;
 O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa, mas precisa assinar o que disse e
escreveu;
 Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento e na sua ação na cidade;
 O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofício ou profissão, mas a lei pode
pedir estudo e diploma para isso;
 Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, publicá-la e tirar cópia, e esse direito
passa para os seus herdeiros;
 Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam para seus herdeiros;
 Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cidade para outra, ficar ou sair do
país, obedecendo a lei feita para isso.
 Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade;
 Proteção à maternidade e à infância;
 Não ser tratado de forma desumana ou degradante. Não ser submetido a atos de tortura
física, psicológica ou de qualquer outra natureza.

 IMPORTANTE: Não são todos os direitos e deveres dos cidadãos


que estão relacionados a cima. São enumeras as quantidades, fooi
selecionado os mais comuns.

TIPOS DE DIREITOS

Historicamente, o processo de ampliação da cidadania produziu a incorporação


progressiva de diferentes segmentos populacionais à igualdade formal e a expansão da
codificação de direitos nas instituições dos estados nacionais. De acordo com essa perspectiva,

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o conceito de cidadania incluiu sucessivamente: Direitos civis, direitos políticos e direitos


sociais.

Direitos civis

Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como o direito de ir e vir, de


dispor do próprio corpo, o direito à vida, à liberdade de expressão, à propriedade, à igualdade
perante a lei, a não ser julgado fora de um processo regular, a não ter o lar violado, liberdade
religiosa, liberdade contratual, proteção ao nome, direito de domicilio e residência entre outros
mais. São os direitos que regulamentem do nascimento até a morte dos indivíduos.

Esse grupo de direitos tem por objetivo garantir que o relacionamento entre as pessoas
seja baseado na liberdade de escolha dos rumos de sua própria vida - por exemplo, definir a
profissão, o local de moradia, a religião, a escola dos filhos, as viagens - e de ser respeitado. É
preciso ressaltar que liberdade de cada um não pode comprometer a liberdade do outro.

Ter os direitos civis garantidos, portanto, deveria significar que todos fossem tratados
em igualdade de condições perante as leis, o Estado e em qualquer situação social,
independentemente de raça, condição econômica, religião, filiação, origem cultural, sexo, ou
de opiniões e escolhas relativas à vida privada.

Esse grupo de direitos tem por objetivo garantir que o relacionamento entre as pessoas
seja baseado na liberdade de escolha dos rumos de sua própria vida - por exemplo, definir a
profissão, o local de moradia, a religião, a escola dos filhos, as viagens - e de ser respeitado. É
preciso ressaltar que liberdade de cada um não pode comprometer a liberdade do outro.

Ter os direitos civis garantidos, portanto, deveria significar que todos fossem tratados
em igualdade de condições perante as leis, o Estado e em qualquer situação social,
independentemente de raça, condição econômica, religião, filiação, origem cultural, sexo, ou
de opiniões e escolhas relativas à vida privada.

Dessa forma, o exercício e a garantia dos direitos civis não existem sem a tolerância e o
convívio com os diferentes modos de ser, sentir e agir. Se reivindicamos o direito às nossas
liberdades individuais, assumimos ao mesmo tempo o compromisso e a responsabilidade de
zelar para que essas liberdades existam para todos. Preocupar-se com a garantia dos direitos
significa tanto exercitá-los em nossa vida quanto construir no cotidiano condições que permitam
a sua ampla realização.

Direitos políticos

Os direitos políticos correspondem ao direito do indivíduo de decidir sobre sua vida


política: eleger seus representantes políticos, ser eleitos para cargos políticos, ter os direitos de
participar de associações diversas (partidos, sindicados, conselhos, etc.), de protestar através de
greves, pressões, movimentos diversos, enfim, o direito de participar de alguma forma, direta
ou indiretamente, da tomada de decisões no processo político.

Os direitos políticos referem-se à participação do cidadão no governo da sociedade, ou


seja, à participação no poder. Entre eles estão a possibilidade de fazer manifestações políticas,
organizar partidos, votar e ser votado. O exercício desse tipo de direito confere legitimidade à
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organização política da sociedade. Afinal, ele relaciona o compromisso de pessoas e grupos


com o funcionamento e os destinos da vida coletiva.

Direitos sociais

Depois dos direitos civis e os direitos políticos temos a promoção dos direitos sociais:
direito à moradia, educação básica, saúde pública, transporte coletivo, lazer, trabalho e
salário, seguro-desemprego, enfim, um mínimo de bem-estar econômico e social. E isso se
fez como investimentos maciços por parte do Estado, redimensionado as suas prioridades, para
atender à maior parte da população, a fim de que ela pudesse ter trabalho e algum rendimento,
tornando-se consumidora e, assim, mantendo a produção sempre elevada. É o que alguns
chamam de “cidadania do consumidor”, ou seja, a cidadania entendia de mercado.

 Hoje temos ainda outros tipos de direitos, relacionados à modernidade, surgidos no final
do século XX e início do século XXI, como o direito dos consumidores, dos idosos, dos
adolescentes, das crianças, dos deficientes, das minorias étnicas, dos animais, do meio
ambiente e etc.

Direitos Humanos

Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicos de todos os seres humanos.


Normalmente o conceito de direitos humanos tem a ideia também de liberdade de pensamento
e de expressão, e a igualdade perante a lei. A Declaração Universal dos Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas afirma:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de


razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

3ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Existe alguma condição para se deter direitos e deveres?
b) – Em que consiste os direitos sociais? Quais suas espécies?
c) – O que são direitos civis?
d) – Explique o significado de Direitos Políticos.
e) – O que são Direitos do cidadão?
f) – Escolha 5 direitos dos cidadãos e comente sobre eles.
g) – Explique o significado de Deveres do cidadão.
h) – Escolha 5 deveres dos cidadãos e comente sobre eles.

VALORES OU NORMAS SOCIAIS

O que é uma norma ou valor Social?

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 Primeiro, é importante diferenciar que a noção “norma social” é a concretização do


“valor social”. Um valor social pode ser o respeito, então uma norma social vai ser, por
exemplo, o ato de se levantar para deixar o seu lugar quando uma pessoa idosa entra no
ônibus.

Estes dois conceitos permitem uma coesão social na sociedade. Se as pessoas


compartilham os valores e as normas sociais, estas pessoas vão morar numa mesma sociedade
e numa mesma cultura e vão permitir o bom funcionamento do sistema social.

 As normas são regras sociais que estabelecem o que as pessoas podem ou não podem
fazer em determinadas situações que implicam o seu cumprimento.

As normas são uma expressão de influência social, pois sua interiorização


progressiva ao longo do processo de socialização torna-as tão naturais que não nos apercebemos
da forma como influenciam os nossos pensamentos e comportamentos. As normas que regulam
as relações interpessoais e que refletem o que é socialmente desejável, orientam o
comportamento. Definem o que é ou não desejável, o que é conveniente num dado grupo social,
apresentando modelos de conduta

 As normas sociais são prescrições de comportamento. O conceito de norma social


corresponde às expectativas sociais acerca do que é um comportamento adequado ou
correto.

Os valores englobam as ideias que definem o que é bom ou mau, belo ou feio,
etc., comuns a um determinado grupo ou sociedade e consubstanciando-se em normas →
conjunto de regras de conduta.

Os valores e as normas existentes numa determinada sociedade orientam os indivíduos


na sua interação com o mundo social, determinando, desta forma, os seus
comportamentos → maneiras de agir dos indivíduos em sociedade, que se baseiam nos
valores e nas normas socialmente aceites.
É através do processo de socialização que as normas são interiorizadas e aceites
pelos indivíduos, na medida em que o seu incumprimento pode originar uma reprovação social.
As normas sociais tendem a concretizar-se nos comportamentos dos indivíduos através de
maneiras de agir regulares e, portanto, previsíveis consubstanciando os padrões de
comportamento. Através da sua concretização em padrões de comportamento, as normas dão
origem a expetativas de comportamento que por sua vez, são formas esperadas de
comportamento em virtude da interiorização de regularidades de ações associadas a
determinadas situações.

A interação entre os indivíduos não obedece ao acaso; é nas normas sociais que se
encontra a base necessária à interação e à ação social humana geral. Todos os grupos humanos
seguem normas definidas, que são sempre reforçadas por sanções de vária ordem, de sentido
positivo ou negativo, indo desde a recompensa até à desaprovação informal e à punição formal.
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O conceito de norma social tem sido vastamente utilizado na Sociologia, que assume
que o que dá coerência e significado aos comportamentos humanos é a sua referência a um
sistema de normas coletivas. Esse significado surge tanto aos olhos do próprio indivíduo como
dos outros com quem ele age e do coletivo em geral. Obviamente, a pluralidade de modelos
culturais existente no mundo limita a coerência e a significância dos comportamentos aos
contextos para os quais elas são válidas. O conceito de norma social é um conceito central nas
correntes sociológicas que dão relevo às questões da ordem social.

Uma norma, de maneira general corresponde a um “standard” (padrão, modelo a ser


seguido). Em sociologia, falamos de “norma social”. Uma norma social é um modelo de se
comportar relativo a um grupo social numa sociedade. A sociedade concorda com um sistema
de valores e normas. Os indivíduos desde a infância (socialização primaria) integram este
sistema.

Você sabe o que é bom e o que é mal na sociedade? Se você não respeita a norma ou
você não se conforma, você vai receber uma sanção (uma punição). Então, uma norma social
é uma regra explícita ou implícita que propõe um comportamento que a sociedade
valoriza.

Vejamos os Exemplos:

1- Quando você está numa aula, existem códigos a serem respeitados. Você tem que escutar o
professor, você não pode cantar, falar, fumar ou escutar música enquanto o professor está
falando. Porém, você pode escutar, escrever o que ele disser, etc.

2- Quando você está dirigindo… Você tem que respeitar as velocidades, você tem que respeitar
as regras.

3- Quando é o aniversário do seu amigo, você vai desejar a ele um feliz aniversário.

Estes exemplos são normas sociais que você sabe desde criança e que você faz sem pensar (no
automático).

4ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – Existe alguma diferença entre norma social e valor social? Justifique.
b) – Uma norma social pode definir o que é certo ou errado? Justifique.
c) – As regras sociais influenciam no comportamento humano? Justifique.
d) – Cite e explique 3 exemplos de normas sociais.
e) – Porque se considera norma social como um standard?
f) – Porque a Sociologia tem usado de forma grandiosa o conceito de norma social?
g) – Qual a relação entre as interações dos indivíduos e as normas sociais?

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CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS OU VALORES SOCIAIS

As normas sociais podem ser apresentadas de duas maneiras:

1- Norma Expressa ou explícita: Que se apresenta claramente sem dúvidas ou


ambiguidades. Neste caso as regras estão escritas e não há dúvidas sobre sua existência.
Como por exemplo respeitar as velocidades quando você dirige ou quando sabemos que
não podemos matar alguém.
2- Norma Tácita ou implícita: Uma norma implícita não é escrita, mas os indivíduos
conhecem estas normas, na verdade estão presentes nas representações coletivas.
Desejar um feliz aniversário, cumprimentar, agradecer e ser educado por exemplo.

E AS NORMAS SÃO AS MESMAS NO MUNDO?

Com certeza, não. Um francês, por exemplo, na aula não se pode se referir a um
professor com “você”, como ocorre frequentemente no Brasil. A gente usa o “vous” ou, em
português: “vós”.

No Japão, quando uma pessoa entra numa casa ou num apartamento, ela tem de deixar
os sapatos na entrada do lugar.

As normas sociais variam conforme a localidade. Dentro de um mesmo país é possível


existem diversas normas sociais.

 Tanto os valores como as normas não possuem um caráter universal, isto é, variam
no tempo e no espaço.

Quando uma norma social varia no tempo, significa dizer que elas podem ser alteradas ao
passar dos tempos. Dessa forma mediante a evolução da sociedade com o passar dos anos, seus
valores tendem a alterar, seja pela extinção, modificação ou criação.
Dessa mesma forma a variação de uma norma ou valor social no espaço referimos a questão
territorial de um Estado (país) ou até mesmo de uma sociedade (que não se limita a questões
territoriais). O que pode ser considerado como regra para um determinado local pode ser
considerado algo inócuo ou até mesmo inaceitável para outros.

O QUE DIZEM OS SOCIÓLOGOS SOBRE ESTE CONCEITO?

Vários são os sociólogos que buscaram explicar o conceito de norma social, dentre eles
destacam-se, Émile Durkheim e Erving Goffmam,

Segundo Émile Durkheim, a norma social é um fato social que é exterior aos indivíduos e
que se impõe a eles.

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 O fato social, segundo Durkheim, consiste em maneiras de agir, de pensar e de sentir


que exercem poder de coerção sobre o indivíduo.

Segundo Erving Goffman, a norma social se constrói durante a interação social. Se você é
estudante, tem um papel de estudante, então precisa respeitar as normas relativas a este
contexto e atuar no papel de estudante. Para Goffmam cada indivíduo na sociedade possui
um papel que se destacará pela interação entre suas finalidades e comportamento do
indivíduo diante de seu papel.

5ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – O que é uma norma expressa ou explícita?
b) – Em que consiste as normas sociais tácitas ou implícitas?
c) – Explique o pensamento de Eving Goffman sobre a norma social.
d) – O que Émile Durkheim, ensina sobre a norma social?
e) – O que significa dizer que a norma social varia no tempo e no espaço?
f) – Quais são os meios das normas sociais serem alteradas no tempo?

ORDEM E CONTROLO SOCIAL: COMPORTAMENTOS DESVIANTES

Em qualquer sociedade existem comportamentos que se afastam das normas


estabelecidas e que não estão em conformidade com as normas socialmente aceites.
Quando um indivíduo pratica uma conduta que não está de acordo com as regras sociais
denomina-se – comportamentos desviantes.

 Comportamentos desviantes: são todas as condutadas que desrespeitam os valores ou


normas sociais impostas por uma localidade, praticada por um sujeito. Este sujeito
recebe o nome de transgressor social.

É importante salientar que os Comportamentos desviantes e crimes não são sinónimos:


o conceito de desvio é mais amplo do que o de crime, pois este último engloba-se no primeiro,
pois muitas vezes o que pode ser considerado crime não é considerado uma norma social oi até
mesmo valores e vice-versa. Os comportamentos desviantes abrangem os comportamentos
desviantes que transgridem a lei e os que não a violam, também denominados de
comportamentos não conformistas que são os comportamentos e atividades de grupos
associados às culturas juvenis que, apresentando alternativas e desenvolvendo ideias novas
em diversas áreas, podem contribuir para transformar a sociedade.

PUNIÇÃO DOS COMPORTAMENTOS DESVIANTES

As pessoas que não respeitam as normas sociais podem receber sanções com diversos
graus de importância. Se você não respeita a velocidade quando você dirige, você tende
a pagar uma multa. Se você não cede o seu assento no ônibus a uma pessoa idosa, pode
ser que as pessoas presentes no veículo irão olhar com cara feia para você. Muitos
sociólogos falam do carácter instável da norma social. Por exemplo, Émile Durkheim trata do
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ESCOLA ESTADUAL JOÃO HEMETRIO DE MENEZES
Ensino Médio – Sociologia 3º ano EJA-2018
Professor Saimo Brandão Batista

conceito “anomia” que é um estado de falta de coesão social entre os indivíduos, culpa de uma
ausência de normas. Depois, tem Howard S. Becker que é o autor do conceito “outsiders”, este
corresponde aos indivíduos que não respeitam as normas sociais.

Os valores, as normas e os comportamentos constituem um quadro de referência de


uma sociedade, garantindo-lhe uma certa estabilidade → ordem social.

A sua manutenção implica que esses mesmos valores, normas e comportamentos sejam
interiorizados e aceites pelos indivíduos. Neste sentido, e para evitar os comportamentos
desviantes, a sociedade exerce um controlo social sobre os seus membros, recorrendo a
mecanismos próprios:

 Processo de socialização – contribui não só para a aprendizagem dos valores, das


normas e dos comportamentos do grupo ou da sociedade em que se inserem como
para que os indivíduos aceitem os padrões de comportamento socialmente
definidos, fazendo com que acreditem na sua legitimidade.

SANÇÕES SOCIAIS

Sanções sociais são medidas que se destinam a garantir o cumprimento de regras, numa
sociedade ou Estado.

O grupo de amigos, a família, a pequena comunidade emprega principalmente as


sanções sociais. Estas variam em conformidade com a gravidade da falta. Para os casos piores,
o grupo lança mão de sanções como a renegação, o afastamento e a repulsão do grupo: a
pessoa cujo comportamento se reprova podem encontrar-se isolada, vendo seus amigos se
afastarem, e, às vezes, até sua família; quanto menor a comunidade, mais agudamente esse
isolamento é sentido.

ESPÉCIES DE SANÇÕES SOCIAIS

o Negativas ou punitivas – punições que se podem aplicar quando os indivíduos


não se comportam em conformidade com as normas estabelecidas;
o Positivas ou premiais – recompensas que se podem aplicar os indivíduos se
comportam em conformidade com as normas estabelecidas.
o Formais – quando há um grupo definido de pessoas ou um agente encarregue
de assegurar que um conjunto particular de normas é seguido;
o Informais – reações menos organizadas e mais espontâneas em relação à
inconformidade.

6ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:


a) – O que se entende por comportamento desviantes?
b) – O que é um transgressor social?
c) – O que acontece com o sujeito que transgride a norma social?
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d) – Porque não se pode considerar um comportamento desviante como crime?


e) – Em que consistem os comportamentos não conformistas?
f) – Quais são as contribuições do processo de socialização?
g) – O que é uma sanção social?
f) – Diferencie sanções negativas de positivas.
g) – explique as diferenças de sanções formais de sanções informais.

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