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2ª FASE XXXIV EXAME – TRIBUTÁRIO

E-book Direito
Tributário
Prof. Guilherme Pedrozo da Silva
2ª FASE TRIBUTÁRIO | XXXIV EXAME

Direito Tributário
Prof. Guilherme Pedrozo da Silva
1. Abertura e Petição Inicial ................................................................................... 4
2. Petição Inicial .................................................................................................. 13
3. Mandado de Segurança .................................................................................. 20
4. Ação Declaratória e Anulatória ........................................................................ 28
5. Ação de Consignação em Pagamento ............................................................ 38
6. Ação de Repetição de Indébito Tributário........................................................ 42
7. Ação de Embargos à Execução Fiscal e Redirecionamento da Execução Fiscal
............................................................................................................................ 47
8. Petição de Exceção de Pré-executividade ...................................................... 52
9. Teoria Geral dos Recursos .............................................................................. 56
10. Recurso de Agravo de Instrumento, Interno e Apelação ............................... 58
11. Recurso de Agravo Interno e Ordinário Constitucional .................................. 68
12. Recurso Especial e Recurso Extraordinário .................................................. 77
13. Tributo ........................................................................................................... 85
14. Competência Tributária ................................................................................. 87
15. Limitações ao Poder de Tributar - Princípios ................................................. 94
16. Limitações ao Poder de Tributar - Imunidades ............................................ 103
17. Legislação Tributária ................................................................................... 112
18. Obrigação Tributária e Constituição do Crédito Tributário ........................... 113
19. Da suspensão da exigibilidade do crédito ................................................... 117
20. Da extinção do crédito tributário .................................................................. 122
21. Da exclusão do crédito tributário ................................................................. 127
22. Da responsabilidade tributária ..................................................................... 131
23. Da denúncia espontânea, garantias e privilégios do crédito tributário ......... 134
24. Da Administração Pública............................................................................ 137
25. Dos Impostos em Espécie ........................................................................... 138
26. Taxas ........................................................................................................... 163
27. Contribuição de melhoria ............................................................................. 166
28. Empréstimos Compulsórios ......................................................................... 167
29. Contribuição Especial .................................................................................. 168

Prof. Guilherme Pedrozo da Silva


@prof.guilhermepedrozo
1. Abertura e Petição Inicial

Iniciaremos o nosso curso apontando alguns tópicos interessantes sobre a prova, como a
indicação de marcação no Vade Mecum, bem como os demais tópicos interessantes e
necessários para o bom desenrolar da preparação de vocês.
Caro estudante, futuro advogado, a primeira tarefa para começar o estudo para a 2ª fase
do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, inclui, necessariamente, a análise do edital, pois
nele estão “as regras do jogo”, ou seja, nele encontramos as informações necessárias sobre o
que PODE e o que NÃO PODE no Exame da Ordem. Também, encontramos nele os prazos e,
notadamente, os conteúdos que precisamos dominar para GARANTIR A APROVAÇÃO.
A prova terá duração de 5 (cinco) horas, das 13h às 18h, no horário oficial de Brasília/DF.
A prova prático-profissional valerá 10,00 (dez) pontos e será composta de duas partes:

1ª parte: Redação da peça profissional, valendo 5,00 (cinco) pontos, acerca de


tema da área jurídica de opção do examinando e do seu correspondente direito
processual. A peça será desenvolvida em no máximo cinco páginas, sinalizadas, sendo o
total de 150 linhas.
2ª parte: Respostas a 4 (quatro) questões discursivas, sob a forma de situações-
problema, valendo, no máximo, 1,25 (um e vinte e cinco) pontos cada, relativas à área de
opção do examinando e do seu correspondente direito processual.

O caderno de textos definitivos da prova prático-profissional NÃO PODERÁ SER


ASSINADO, RUBRICADO E/OU CONTER QUALQUER PALAVRA E/OU MARCA que o
identifique em outro local que não o apropriado (capa do caderno), sob pena de ser anulado.
Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço destinado à transcrição dos textos
definitivos acarretará a anulação da prova prático-profissional e a eliminação do examinando.
O caderno de textos definitivos será o único documento válido para a avaliação da prova
prático-profissional, devendo obrigatoriamente ser devolvido ao fiscal de aplicação ao término da
prova, devidamente assinado no local indicado (capa do caderno). O caderno de rascunho é de
preenchimento facultativo e não terá validade para efeito de avaliação, podendo o examinando
levá-lo consigo após o horário estabelecido.
Em hipótese alguma haverá substituição do caderno de textos definitivos por erro do
examinando.
Cuidado: Se você fizer toda a prova no rascunho e depois passar a limpo, pode não dar
tempo de terminar!!!

Você não pode escrever fora das linhas de demarcação, sob pena de não ter corrigido tudo
o que estiver fora da área delimitada e se você errar alguma palavra, faça apenas um traço
simples e siga escrevendo ao lado. Confira o exemplo:

*Para todos verem: acima temos uma imagem que demonstra que rabiscar a
folha de prova é errado, o correto seria o examinando fazer um traço simples.

As provas prático-profissionais deverão ser manuscritas, em letra legível, com caneta


esferográfica de tinta azul ou preta, não sendo permitida a interferência e/ou a participação de
outras pessoas, salvo em caso de examinando portador de deficiência que solicitou atendimento
especial para esse fim, nos termos deste edital. Nesse caso, o examinando será acompanhado
por um agente devidamente treinado, para o qual deverá ditar o texto, especificando oralmente
a grafia das palavras e os sinais gráficos de pontuação.
O examinando receberá NOTA ZERO nas questões da prova prático-profissional em
casos de não atendimento ao conteúdo avaliado, de não haver texto, de manuscrever em letra
ilegível ou de grafar por outro meio que não o determinado no subitem anterior.
Na redação das respostas às questões discursivas, o examinando deverá indicar,
obrigatoriamente, a qual item do enunciado se refere cada parte de sua resposta (“A)”, “B)”, “C)”
etc.), sob pena de receber NOTA ZERO.
Para a redação da peça profissional, o examinando deverá formular texto com a extensão
máxima definida na capa do caderno de textos definitivos; para a redação das respostas às
questões discursivas, a extensão máxima do texto será de 30 (trinta) linhas para cada questão.
Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora
do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima permitida.
O examinando deverá observar atentamente a ordem de transcrição das suas respostas
quando da realização da prova prático-profissional, devendo iniciá-la pela redação de sua peça
profissional, seguida das respostas às quatro questões discursivas, em sua ordem crescente.
Aquele que não observar tal ordem de transcrição das respostas, assim como o número máximo
de páginas destinadas à redação da peça profissional e das questões discursivas, receberá nota
0 (zero), sendo vedado qualquer tipo de rasura e/ou adulteração na identificação das páginas,
sob pena de eliminação sumária do examinando do Exame.
Quando da realização das provas prático-profissionais, caso a peça profissional e/ou as
respostas das questões discursivas exijam assinatura, o examinando deverá utilizar apenas a
palavra “ADVOGADO...”. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída NOTA ZERO,
por se tratar de identificação do examinando em local indevido.
Na elaboração dos textos da peça profissional e das respostas às questões discursivas, o
examinando deverá incluir todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir
qualquer identificação além daquelas fornecidas e permitidas no caderno de prova. Assim, o
examinando deverá escrever o nome do dado seguido de reticências “...” ou “XXX” exemplo:

*Para todos verem: acima temos uma imagem que demonstra o


fechamento adequado: Local..., Data..., Advogado..., OAB...
Para a realização da prova prático-profissional o examinando deverá ter conhecimento
das regras processuais inerentes ao fazimento da mesma.
O texto da peça profissional e as respostas às questões discursivas serão avaliadas
quanto à adequação ao problema apresentado, ao domínio do raciocínio jurídico, à
fundamentação e sua consistência, à capacidade de interpretação e exposição e à técnica
profissional demonstrada, sendo que a mera transcrição de dispositivos legais, desprovida do
raciocínio jurídico, NÃO ENSEJARÁ PONTUAÇÃO, você deve explicar a sua resposta, jamais
meramente transcrever o artigo, súmula ou OJ.
O examinando, ao término da realização da prova prático-profissional, deverá,
obrigatoriamente, devolver o caderno de textos definitivos, assinado no local indicado (capa do
caderno), sem qualquer termo, contudo, que identifique as folhas em que foram transcritos os
textos definitivos.
Para a realização da prova prático-profissional, deverá comparecer ao local designado
com antecedência, considerando a necessidade de vistoria do material de consulta permitida
nesta fase. O examinando deverá estar munido somente de caneta esferográfica de tinta azul ou
preta, fabricada em material transparente, e só será permitido o acesso ao local de prova munido
de documento de identidade com foto original para a realização das provas objetiva e prático-
profissional. Não será permitido o uso de borracha e/ou corretivo de qualquer espécie durante a
realização das provas.
Durante a realização da prova prático-profissional, será permitida, exclusivamente, a
consulta à legislação, súmulas, enunciados, orientações jurisprudenciais e precedentes
normativos SEM QUALQUER ANOTAÇÃO OU COMENTÁRIO.
Legislação com entrada em vigor após a data de publicação deste edital, bem como
alterações em dispositivos legais e normativos a ele posteriores não serão objeto de avaliação
nas provas, assim como não serão consideradas para fins de correção das mesmas. Em virtude
disso, somente será permitida a consulta a publicações produzidas pelas editoras, sendo vedada
a atualização de legislação pelos examinandos com anotações ou material impresso
separadamente.
As remissões a artigo ou lei são permitidas apenas para referenciar assuntos isolados.
Quando for verificado pelo fiscal advogado que o examinando se utilizou de tal expediente com
o intuito de burlar as regras de consulta previstas neste edital, formulando palavras, textos ou
quaisquer outros métodos que articulem a estrutura de uma peça jurídica, o uso do material será
impedido, sem prejuízo das demais sanções cabíveis ao examinando.

LEMBRE-SE: não é mais permitido o uso do post-it em branco, somente o de editoras,


também não é possível usar símbolos para fazer marcações na legislação!!!
Lembre-se ainda que serão terminantemente proibidos: códigos comentados, anotados,
comparados ou com organização de índices temáticos estruturando roteiros de peças
processuais. Jurisprudências. Anotações pessoais ou transcrições. Cópias reprográficas (xerox).
Impressos da Internet. Informativos de Tribunais. Livros de Doutrina, revistas, apostilas,
calendários e anotações. Dicionários ou qualquer outro material de consulta. Legislação
comentada, anotada ou comparada. Súmulas, Enunciados e Orientações Jurisprudenciais
comentados, anotados ou comparados.
Quando possível, a critério do fiscal advogado e dos representantes da Seccional da OAB
presentes no local, poderá haver o isolamento dos conteúdos proibidos, seja por grampo, fita
adesiva, destacamento ou qualquer outro meio. Caso, contudo, seja constatado que a obra
possui trechos proibidos de forma aleatória ou partes tais que inviabilizem o procedimento de
isolamento retro mencionado, o examinando poderá ter seu material recolhido pela fiscalização,
sendo impedido seu uso. Os materiais que possuírem conteúdo proibido não poderão ser
utilizados durante a prova prático-profissional, sendo garantido ao fiscal advogado a autonomia
de requisitar os materiais de consulta para nova vistoria minuciosa durante todo o tempo de
realização do Exame. O examinando que, durante a aplicação das provas, estiver portando e/ou
utilizando material proibido, ou se utilizar de qualquer expediente que vise burlar as regras deste
edital, especialmente as concernentes aos materiais de consulta, terá suas provas anuladas e
será automaticamente eliminado do Exame.
As questões e a redação da peça profissional serão avaliadas quanto à adequação das
respostas ao problema apresentado. A redação da peça profissional terá o valor máximo de 5,00
(cinco) pontos e cada questão terá o valor máximo de 1,25 (um e vinte e cinco) pontos. A Nota
na Prova Prático-Profissional (NPPP) será a soma das notas obtidas nas questões e na redação
da peça profissional. A NPPP será calculada na escala de 0,00 (zero) a 10,00 (dez) pontos.
Para cada examinando, a NPPP será obtida pelo seguinte procedimento: poderão ser
concedidas notas não inteiras para as respostas do examinando tanto na peça profissional
quanto nas questões; o somatório dessas notas constituirá a nota na prova prático-profissional,
vedado o arredondamento. Será considerado aprovado o examinando que obtiver NPPP igual
ou superior a 6,00 (seis) pontos na prova prático-profissional, vedado o arredondamento.
Nos casos de propositura da peça inadequada para a solução do problema proposto,
considerando para este fim peça que não esteja exclusivamente em conformidade com a solução
técnica indicada no padrão de respostas da prova, ou de apresentação de resposta incoerente
com a situação proposta ou de ausência de texto, o examinando receberá nota ZERO na redação
da peça profissional ou na questão.
A indicação correta da peça prática é verificada no nomen iuris da peça
concomitantemente com o correto e completo fundamento legal usado para justificar
tecnicamente a escolha feita.
No que tange a escrita, você, mais do que nunca, precisa ser compreendido, o que
significa dizer que não basta escrever de forma que somente você entenda. Quem vai corrigir
sua prova, pode estar exausto, em razão da correção de outras provas, antes da sua, por isso
facilite a vida do examinador... seja CLARO e OBJETIVO, e coloque as informações que o
examinador busca identificar na sua peça e questões.
Além disso, a letra precisa ser legível. Treine, escreva, faça as tarefas de forma
manuscrita, e tente melhorar a sua letra. Não use termos rebuscados ou inapropriados e tenha
cuidado com erros de português.
Por fim, como veremos nas aulas, existem dados importantes e que são imprescindíveis
para cada peça e questão, por isso interpretar o enunciado é fundamental. Para isso, leia com
calma, anotando as informações relevantes, e na hora de responder, lembre-se de procurar a
fundamentação apropriada.

ENTÃO, O QUE VOCÊ PRECISA PARA UMA BOA PROVA?

a. Ter calma;
b. Redação clara e objetiva;
c. Dados importantes – vamos ver em cada peça;
d. Sempre procurar a fundamentação(ou seja, o artigo, súmula ou OJ);
e. NÃO ESQUEÇA DE INDICAR OS INCISOS E §§ CORRETAMENTE.

Caro estudante, uma questão crucial para a sua aprovação diz respeito à organização do
seu material e do seu tempo de estudo. Por isso, adquira a legislação que pretende utilizar para
a prova, e comece a utilizá-la o mais rápido possível. Conhecer a legislação e ter agilidade em
localizar os fundamentos legais é importantíssimo.
Também, defina qual horário dedicará para o estudo. Não há um tempo mínimo e máximo,
pois isso depende de cada pessoa e de sua rotina, mas você precisa entender que, nesse
período, precisará abdicar de outras atividades e ter FOCO na prova que se aproxima.

a. NÃO É PERMITIDO USAR (...), ____________________________, (________), pois


pode ser considerado identificação de prova.
b. Na falta de informações no enunciado não invente dados, utilize: ... OU XXX
c. Não escreva fora da margem!
d. Não rabisque sua prova. Errou? Faça um traço simples e continue escrevendo ao
lado.
e. Você NÃO PONTUARÁ se não especificar o inciso ou §, quando houver, não basta
indicar o artigo sem especificar!
f. Jamais assine sua peça, nem no fechamento, coloque apenas a palavra ADVOGADO
seguida de reticências: Advogado...
g. JAMAIS INVENTE DADOS QUE NÃO ESTÃO NO ENUNCIADO.
h. Não faça marcações indevidas na sua legislação, como: símbolos, palavras-chave,
frases, nomes de lei, estruturação de peça.
i. Aproveite conscientemente sua folha rascunho, não faça a prova toda nela, correndo o
risco de não dar tempo suficiente para passar a limpo.
j. As remissões são permissões, desde que sejam simples remissões. Exemplos do que
pode: Art. 58, súmula 22 STJ, Lei 8.069/90.

Posteriormente falaremos um pouco mais sobre métodos de estudo, forma de otimização


e preparação para esta segunda fase. Tenham a certeza e convicção: dá certo, basta caprichar,
que o resultado não será diverso da aprovação. Antes de falar sobre os requisitos básicos da
inicial, gostaria que vocês vislumbrassem quais peças poderão ser objeto de cobrança de vocês,
via de regra, neste nosso Exame.
AÇÕES & PEÇAS (REGRA GERAL)

• Mandado de Segurança
• Ação Declaratória
• Ação Anulatória
Processo • Ação de Consignação em Pagamento
Subjetivo • Ação de Repetição de Indébito Tributário
• Ação de Embargos à Execução Fiscal
• Petição de Exceção de Pré Executividade

• Agravo de Instrumento
• Apelação
• Agravo Interno
Recursos • Recurso Especial
Processuais • Recurso Extraordinário
• Recurso Ordinário Constitucional

As presentes ações poderão levar vocês a confusão no tocante à identificação. Entretanto,


existem formas bem fáceis e claras que irão apontar quando da utilização de uma demanda e/ou
respectivamente da outra. Outrossim, faz-se importante ressaltar que temos três grandes
gêneros/grupos de demandas e/ou peças que poderão ser objeto de cobrança de nossos alunos
examinandos na 2ª Fase de Direito Tributário.
Ato contínuo, por fim, vamos falar sobre petição inicial. Mas, afinal de contas, quais são
os passos básicos de uma petição inicial:
Passos básicos de uma petição inicial

1) Endereçamento.
2) Qualificação do Requerente.
3) Fundamento do Requerente.
4) Nome da Peça do Requerente.
5) Qualificação do Requerido.
6) Cabimento da Demanda.
7) Descrição dos Fatos.
8) Descrição dos Direitos.
9) Pedidos.
10) Valor da Causa.
11) Local e Data.
12) Advogado e OAB.

Basicamente são estes os passos de uma peça inicial. Em sala de aula, falaremos sobre
cada um, sua importância e forma de utilização.
2. Petição Inicial

Quando do estudo da prática processual em direito tributário, algumas questões iniciais


são relevantes e precisam ser citadas a fim de que exista nexo e lógica no aprendizado didático
da referida matéria.
Inicialmente, cabe afirmar que não existe nenhuma codificação especial sobre processo
tributário e sua formatação, fazendo-se, portanto, utilização tanto de normas específicas (Lei de
Execução Fiscal, Lei do Mandado de Segurança, entre outras), quanto as gerais, leia-se, Código
de Processo Civil.
E, considerando a inexistência de legislação especial, costuma-se dividir as peças
processuais tributárias em três grandes grupos: processo subjetivo, objetivo e peças recursais.
Logo, inclusive em face da maior utilização na prática, o presente capítulo irá trabalhar sobre a
petição inicial na égide do processo subjetivo, levando em consideração a defesa do contribuinte.
Diante deste contexto, o contribuinte poderá inaugurar a esfera judicial por meio das
seguintes ações e peças subjetivas: Mandado de Segurança, Ação Declaratória, Ação
Anulatória, Ação de Consignação em Pagamento, Ação de Repetição de Indébito, Ação de
Embargos à Execução Fiscal e a Petição de Exceção de Pré Executividade.
E o que as presentes peças apresentam em comum? A sua estrutura. Lembrando aqui
que, muito embora o presente texto seja dirigido para quem está estudando para a 2ª Fase da
OAB em Direito Tributário (no Ceisc), em nada obsta utilizar-se desta estrutura para a prática
diária da advocacia tributária. Portanto, qual é a estrutura básica destas peças processuais do
processo subjetivo:

ESTRUTURA BÁSICA DO PROCESSO SUBJETIVO


1) Endereçamento.
2) Qualificação do Requerente.
3) Fundamento do Requerente.
4) Nome da Peça do Requerente.
5) Qualificação do Requerido.
6) Cabimento da Demanda.
7) Descrição dos Fatos.
8) Descrição dos Direitos.
9) Pedidos.
10) Valor da Causa.
11) Local e Data.
12) Advogado e OAB.

Endereçamento
Mas o que é o endereçamento? Endereçamento será o destinatário da demanda, ou seja,
será o juízo responsável pelo julgamento do litígio, da causa controversa em que o contribuinte
buscará a solução para os seus problemas. Tal previsão encontra-se disposta no artigo 319, I,
do Código de Processo Civil.
Normalmente a grande regra no direito tributário é de que as causas serão ajuizadas em
1º Grau (quem julga será um juiz singular), na Justiça Federal (Subseção) se houver interesse
da União, Autarquia Federal ou Empresa Pública Federal, na forma do artigo 109, I, da
Constituição Federal, ou como critério residual na Justiça Estadual (Comarca) caso não haja a
incidência da regra do artigo supra referido.
Assim, como primeiro critério de endereçamento faz-se necessário estabelecer se o seu
processo será dirigido para a Justiça Federal ou Estadual. Após analisado o presente critério,
deverá ser analisado pelo representante do contribuinte se não existe a possibilidade da petição
inicial ser dirigida aos Juizados Especiais.
Mas existe possibilidade de endereçamento para os Juizados Especiais? Sim, tanto a
Justiça Federal, quanto a Justiça Estadual apresentam seus próprios juizados especiais. Na
Justiça Federal teremos os Juizados Especiais Federais e na Justiça Estadual os Juizados
Especiais da Fazenda Pública.
E qual é o critério para que tais petições iniciais sejam dirigidas para os juizados? Trata-
se de critério cumulativo onde deverá o autor da demanda ser pessoa física, micro empresa ou
empresa de pequeno porte e a demanda a ser ajuizada ter valor igual ou inferior a 60 Salários
Mínimos Nacionais. Caso estejam presentes estes dois requisitos de forma cumulativa, o
procedimento deverá ser dirigido para os Juizados Especiais Federais (observando-se o critério
do artigo 109, I, da CF) ou para os Juizados Especiais da Fazenda Pública.
Lembrando, ainda, que jamais poderão ser dirigidos para os Juizados: Mandado de
Segurança, Embargos à Execução Fiscal e Exceção de Pré Executividade, em face de previsão
expressa na norma.

Lei 10.259/2001
Art. 3º. Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de
competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários-mínimos, bem como
executar as suas sentenças.
§ 1º. Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado
de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais
(...)
Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
I – Como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte,
assim definidas na Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996;

Lei 12.153/2009
Art. 2º. É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar
e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários-mínimos.
§ 1º. Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:
I – As ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,
populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais (...)
Art. 5º. Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:
I – Como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte,
assim definidas na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Logo, o segundo critério, para efeitos de definição do endereçamento, é analisar a


possibilidade de direcionamento da causa para os Juizados ou não.
Por fim, para efeitos de endereçamento, ainda é necessário ater-se a qual comarca ou
subseção deverá ser dirigida a petição inicial. E, para efeitos deste critério, recomenda-se a
utilização e observância dos artigos do Código de Processo Civil.

Art. 51 e 52 do Código de Processo Civil


Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a
União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação
da coisa ou no Distrito Federal.
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado
ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.

Diante disso, como terceiro critério para o endereçamento, a demanda será distribuída,
via de regra, no local do domicílio do requerente da demanda. Mas cuidado: caso trate-se de
embargos à execução fiscal ou exceção de pré executividade, tais peças deverão ser
endereçadas para o local onde tramita a execução fiscal.
Findas as exposições sobre endereçamento, os mesmos se apresentarão da seguinte
forma:

Endereçamento para a Justiça Estadual


•Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca de ... do
Estado ...

Endereçamento para os Juizados Especiais da Fazenda Pública


•Douto Juízo de Direito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública da Comarca de
... do Estado ...

Endereçamento para a Justiça Federal


•Douto Juízo Federal da ... Vara (Federal/Fazenda Pública) da Subseção Judiciária
... da Seção Judiciária do Estado ...

Endereçamento para os Juizados Especiais Federais


•Douto Juízo Federal dos Juizados Especiais Federais da Subseção Judiciária ... da
Seção Judiciária do Estado ...

Qualificação do Requerente
A qualificação do requerente deverá observar estritamente o que disposto no artigo 319,
II, do Código de Processo Civil. Diante disso, deverá constar na qualificação obrigatoriamente os
seguintes itens: “os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu”.
Para efeitos de 2ª Fase do Exame de Ordem, questiona-se: se não houver a presença de
tais itens acima expostos no enunciado, poderão ser criados? A resposta é negativa. Lembrando
que nada poderá ser criado ou imaginado no Exame de Ordem, sob pena do examinador
considerar como identificação de peça e o examinando vir a reprovar.
Lembrando, antes de citar alguns exemplos, que no momento de elaborar tal qualificação,
deverá o examinando fazer a indicação do advogado (procurador) e endereço para intimação,
visto que somente este último detém capacidade postulatória para representação em juízo.

Qualificação da Pessoa Física

•Nome, prenome, estado civil ..., profissão ..., inscrito no CPF sob o nº ..., endereço
eletrônico ..., residente e domiciliado ..., neste ato representado por seu procurador
(procuração em anexo), estabelecido ..., local onde receberá intimações.

Qualificação da Pessoa Jurídica

•Nome da Empresa, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ...,
estabelecida ..., endereço eletrônico ..., neste ato representada por seu procurador
(procuração anexa), estabelecido ..., local onde receberá intimações.

Fundamento e Nome da Peça


Toda peça processual terá um fundamento e uma denominação. Para efeitos práticos
(prática na advocacia) a certeza de tais quesitos muito pouco altera a possibilidade de
recebimento ou não da peça vestibular. Entretanto, para efeitos de 2ª Fase de Exame da Ordem,
tais requisitos são imprescindíveis para a correção da peça processual.
Em cada capítulo do presente texto iremos trabalhar individualmente sobre o fundamento
e o nome de cada peça processual possível no direito tributário. Lembrando sempre que o
candidato deverá colocar tais requisitos de forma expressa e legível, a fim de que o examinador
não tenha dúvidas sobre a escolha por ele realizada.

Exemplo de Fundamtação e Nome da Peça

•(...) vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 38 da Lei


6.830/80, propor a presente ação ANULATÓRIA.

Qualificação do Requerido
Para qualificar em face de quem será realizado o processo, ou seja, o réu da ação judicial,
deverá observar-se o que disposto igualmente no artigo 319, II, do CPC. Entretanto, como em
nosso direito tributário, o requerido normalmente é uma pessoa jurídica de direito público,
compreende-se necessário acrescer em tal qualificação a representação processual do mesmo
exposta no artigo 75 do CPC.

Importante ainda ressaltar que tal qualificação, para efeitos de 2ª Fase de Exame da
Ordem, é genérica, ou seja, a ação será ajuizada em face da União, Estado, Distrito Federal ou
Município. Somente será diferenciada quando tratar-se de Mandado de Segurança.

Qualificação da Pessoa Jurídica de Direito Público

•Ente Público (União, Estado, Distrito Federal ou Município), pessoa jurídica de


direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., estabelecida ..., endereço eletrônico
..., representada neste ato por seu representante, na forma do artigo 75, (ver o
inciso que se encaixa) do CPC.

Cabimento
Após realizada a fase preambular da petição inicial, ou seja, informei quem irá julgar e
apreciar meus pedidos (Endereçamento), quem está propondo a demanda (Requerente),
fundamentos e nome da peça (Ação Escolhida) e em face de quem estarei ajuizando
(Requerido), iniciaremos as fases dos tópicos processuais.
Inaugura os presentes tópicos aquele que denomino de cabimento, ou seja, o que justifica
a opção pela ação escolhida pelo requerente e seu procurador. O presente tópico trata-se da
justificativa do porquê da ação escolhida pelo examinando ou requerente.

I - Do Cabimento

•Reza o artigo 38 da LEF que poderá a parte desconstituir, via Ação Anulatória,
lançamento realizado equivocamente ou ilegalmente. No presente caso,
compreende-se pela ilegalidade do presente lançamento, portanto, sendo cabível a
utilização da presente ação anulatória.

Dos Fatos
Após à realização do cabimento, caberá ao examinando descrever os fatos que levaram
a ocorrência do litígio (problema), ou seja, o que ocorreu de fato para seu cliente requerer a
prestação jurisdicional.
Para efeitos de Exame da Ordem caberá ao examinando informar/descrever, sempre
observando suas próprias palavras (cópia não será considerada), os fatos conforme descritos no
enunciado, desde que não traga nenhuma inovação.

Dos Direitos
Descritos os fatos que levaram o contribuinte a desejar a prestação jurisdicional faz-se
necessário elaborar o ponto mais importante e pontuado da peça processual no Exame da
Ordem: os direitos (direito material) do seu cliente.
Lembre-se: nenhum problema apresentado, para efeitos de Exame da Ordem, será livre
de vícios, ilegalidades ou inconstitucionalidades. Portanto, na análise do caso, o candidato
deverá extrair do enunciado as informações necessárias para identificar tais lesões ao direito
material.
Por fim, é importante acrescer que neste item da peça processual, o candidato poderá
igualmente falar sobre o cabimento de eventual liminar ou tutela provisória. Entretanto, para
efeitos de Exame da Ordem, recomenda-se abrir um tópico novo abaixo do presente item.

Dos Pedidos
Finalizando a peça processual deverá ser elaborado o resumo das intenções com a peça
vestibular, isto é, o candidato irá citar de forma breve e objetiva os seus pedidos. Tais itens irão
variar a depender da peça processual que será redigida. Portanto, recomenda-se a análise de
cada peça para verificar a lista dos pedidos.

Valor da Causa
O valor da causa representa a expressão financeira do objeto da demanda que está sendo
ajuizada. Lembrando que para efeitos do Exame da Ordem somente deverá ser mencionado o
valor da ação se houver expresso no enunciado tal número correspondente.

Do Local, Data, Advogado e nº da OAB


Recomenda-se que tais itens sejam apenas mencionados (citados e acrescidos das
reticências), não devendo o examinando colocar qualquer local, data, nome de advogado e/ou
número de inscrição nos quadros da ordem dos advogados.
3. Mandado de Segurança

O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 5º, LXIX,
da CF, combinado com o artigo 1º da Lei 12.016/2009. Importante dizer que tal demanda desfruta
de status de remédio constitucional, onde para aqueles que o utilizam fundamenta-se sempre na
seguinte premissa: “direito líquido e certo”.
Mas esse direito líquido e certo seria de quem? Daquele que venha sofrer uma ilegalidade
ou abuso de poder, ou que até mesmo tenha medo de sofrer.
Mas quem cometerá tais atos? Esses atos são realizados pela autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica. Mas atenção: sempre no exercício de poder dado pelo Poder Público.
Ademais, onde encaixa-se o Mandado de Segurança dentro do processo fiscal? Lembre-
se que, conforme o artigo 3º do CTN, o ato de cobrar tributo está vinculado à lei. Logo, se houver
cobrança sem respaldo legal, poderemos estar frente à utilização da presente demanda.
Lembre-se que o Mandado de Segurança poderá ser repressivo ou preventivo. Assim,
usa-se o repressivo para fatos que sucedem o lançamento. Já o preventivo, quando houver uma
lei, mas que ainda não produziu efeitos sobre determinado contribuinte.
Outrossim, no que tange ao direito líquido e certo, quer dizer aquela norma que está
devidamente postada e poderá ser de pleno comprovada pelo ínclito julgador. Lembre-se e não
esqueça: uma das grandes diferenças no Mandado de Segurança é que não existirá dilação
probatória, logo, as provas deverão ser anexadas e provadas de pleno (pré-constituída).

SE LIGA NA DICA

Aquele que Entra com Mandado de Segurança = Polo Ativo = Impetrante


Aquele que Cometeu o Ato Ilegal ou Abusivo = Polo Passivo = Impetrado

Queridos alunos, vocês não entrarão com MS contra Ente Público, mas sim contra aquele
representante do ente que cometeu o ato ilegal ou abusivo.
Ademais, nunca é demais salientar que o prazo para a propositura da demanda será de
120 dias (art. 23 da Lei 12.016/09), contados da ciência do ato a ser impugnado por parte do
prejudicado. Cuidado na hora da prova também: tal prazo jamais se interromperá ou suspenderá
(uma vez iniciado, vai até o fim).
Mas e no que tange ao Mandado Preventivo? A doutrina majoritária compreende que não
existe prazo decadencial, pois a cada dia que passa, a ameaça se prospera. Importante salientar,
ainda, conforme Lei própria do Mandado de Segurança, que não caberá o presente remédio
constitucional quando:

Art. 5º da Lei 12.016/2009


Art. 5º - Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente
de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.

E como eu, aluno, fundamento um Mandado de Segurança? Conjuga-se os termos do


artigo 1º da Lei Própria, do art. 5º, LXIX da CF, combinado com o artigo 319 do Novo Código de
Processo Civil.
É importante dizer que, na maioria das vezes, a utilização do Mandado de Segurança
remonta a ideia de utilização do pedido liminar. Outrossim, tenha cuidado, eis que nos termos do
artigo 7º, §2º da Lei própria, não caberá MS quando:

Art. 7º, §2º da Lei 12.016/2009


§ 2º - Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

CUIDADO

- Mandado de Segurança é para proteção de direito líquido e certo. Logo, não caberá no Mandado
de Segurança dilação probatória. As provas documentais deverão ser juntadas junto com a inicial,
assim, admite-se prova documental, mas jamais no curso do processo.
- Súmula 271 do STF - não posso cumular MS com Repetição de Indébito.
O MS é um rito mais célere (rápido) e tem prioridade de andamento. O MS não permite condenação
de honorários sucumbenciais. Mas o que são honorários sucumbenciais? São aqueles honorários
devidos para o advogado da parte contrária.
- A FGV tem dito também sobre MS: ingresse com a ação menos custosa para o cliente. Considere
que só precise comprovar através de prova documental.
- E se for para o Rito Ordinário? A prova te dará pistas, do tipo: precisa provar através de prova
pericial. Não bastam somente os documentos para comprovação. Logo, se a prova mencionar
quaisquer destas expressões: advogado quer honorários ou preciso de provas (periciais,
testemunhas), não posso entrar com MS.

Também existirá uma possibilidade, remota é verdade, de Mandado de Segurança


Coletivo. Neste caso, os efeitos irão atingir determinado grupo de pessoas. Não será qualquer
pessoa que poderá impetrar. O rol taxativo está no artigo 5º, LXX (70) da CF. Assim, o que muda
aqui serão os efeitos da decisão.
Lembrando ainda que no MS Coletivo só posso impetrar na defesa dos filiados, e conforme
finalidades/objetivos institucionais. Assim, por exemplo, a OAB não poderá tutelar direito dos
médicos.
Já no que tange a suspensão da exigibilidade do crédito: toda vez que for possível você
deverá pedir. No Mandado de Segurança, são duas formas: depósito e liminar (jamais
antecipação de tutela provisória de urgência ou de evidência).
Por fim, ATENÇÃO se eu não souber se é MS Repressivo ou Preventivo. Na dúvida,
coloque só Mandado de Segurança. E antes de irmos para a demonstração da peça, colaciono
importante resumo para fixação sobre o Mandado de Segurança 1:

Competência A da pessoa jurídica a qual a autoridade está vinculada.


Legitimidade ativa a) Titular do direito lesado ou ameaçado.
b) Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas,
qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança (artigo 1.º, §
3.º, da Lei 12.016/2009).
c) Terceiro que tenha direito em condições idênticas à do titular: pode
impetrar Mandado de Segurança caso o titular não o faça em prazo
razoável, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando
notificado judicialmente (artigo 3.º).
Legitimidade Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato
passiva impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática (artigo 6.º, §
3.º, da Lei 12.016/2009).
São equiparados os representantes ou órgãos de partidos políticos e os
administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de
pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do
poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
Legitimidade Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de
passiva ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem
de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada (artigo 2.º
da Lei 12.016/2009).
Litisconsórcio É admitido até o despacho inicial (artigo 10, § 2.º, Lei 12.016/2009).
ativo
Litisconsórcio Pessoa jurídica de direito público a quem se liga a autoridade. Terá ela
passivo a legitimidade para recorrer.
necessário
Causa de pedir Alegação e demonstração da:
a) lesão ou ameaça de lesão (ameaça fundada);
b) ato ilegal ou praticado com abuso de poder por autoridade ou
equiparado;
c) a direito líquido e certo do impetrante;
d) se o caso, a condição de prejudicado indireto pelo ato, quanto a seu
interesse processual específico.
Súmula 625 do Supremo Tribunal Federal: “Controvérsia sobre matéria
de direito não impede concessão de mandado de segurança”.
Pedido Concessão da segurança para suprir a ilegalidade ou abuso de
autoridade.
Prazo Caberá mandado de segurança no prazo máximo de 120 dias contado
do ato impugnado (art. 23 da Lei 12.016/2009).
Valor da causa Benefício material a ser aferido pela demanda.
Intimação da Requerimento de intimação da autoridade, para apresentar informações
autoridade no prazo de 10 (dez) dias e da pessoa jurídica de direito público a quem
a autoridade pertence (artigo 7.º, I, Lei 12.016/2009).

Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre o Mandado de
Segurança, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste
capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao
vivo que serão realizadas conforme grade de horários.

Enunciado da Peça
Zeta é uma sociedade empresária cujo objeto social é a compra, venda e montagem de peças
metálicas utilizadas em estruturas de shows e demais eventos. Para o regular exercício de sua
atividade, usualmente necessita transferir tais bens entre seus estabelecimentos, localizados entre
diferentes municípios do Estado de São Paulo. Apesar de nessas operações não haver
transferência da propriedade dos bens, mas apenas seu deslocamento físico entre diferentes filiais
de Zeta, o fisco do Estado de São Paulo entende que há incidência de Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS nesse remanejamento. Diante da falta de
recolhimento do imposto, o fisco já reteve por mais de uma vez, por seus Auditores Fiscais,
algumas mercadorias que estavam sendo deslocadas entre as filiais, buscando, assim, forçar o
pagamento do imposto pela sociedade empresária. Considere que, entre a primeira retenção e a
sua constituição como advogado, passaram-se menos de dois meses. Considere, ainda, que todas
as provas necessárias já estão disponíveis e que o efetivo pagamento do tributo, ou o depósito
integral deste, obstaria a continuidade das operações da empresa que, ademais, não quer se expor
ao risco de eventual condenação em honorários, no caso de insucesso na medida judicial a ser
proposta. Com receio de sofrer outras cobranças do ICMS e novas retenções, e também
pretendendo a rápida liberação das mercadorias já apreendidas, uma vez que elas são essenciais
para a continuidade de suas atividades, a sociedade empresária Zeta o procura para, na qualidade
de advogado, elaborar a petição cabível, ciente de que, entre a retenção e a constituição do
advogado, há período inferior a 120 (cento e vinte) dias, e que, para a demonstração dos fatos, há
a necessidade, apenas, de prova documental que lhe foi entregue. (Valor: 5,00 pontos)
Resolução da Peça

Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca ... do Estado de São Paulo.

Zeta, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., atos constitutivos em anexo,
endereço eletrônico ..., estabelecida ..., vem respeitosamente, por intermédio de seu procurador
(procuração em anexo), este estabelecido ..., local onde receberá intimações, à presença de
Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5º, LXIX, da CF e Art. 1º e Seguintes da Lei 12.016/09,
impetrar:

MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO COM PEDIDO LIMINAR

Em face de ato do Delegado da Receita Estadual, integrante dos quadros dos servidores do
Estado de São Paulo, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob o nº ..., estabelecido
..., neste ato onde poderá ser representado pelo Procurador do Estado, na forma do artigo 75, II,
do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Cabimento
No presente caso existe lesão à direito líquido e certo da parte impetrante, uma vez que está
sendo cobrado da mesma imposto não devido e, consequentemente, a retenção indevida das
suas mercadorias.
Diante disso, leciona o artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal que caberá para toda lesão à
direito líquido e certo a possibilidade de reparação via instrumento mandamental. Igualmente,
leciona o artigo 1º e seguintes da Lei 12.016/09 sobre a possibilidade de reparação à lesão, como
no presente caso ocorre, via Mandado de Segurança.
Logo, frente ao que exposto, compreende-se possível a impetração do presente Mandado de
Segurança, eis que presentes os requisitos para a sua interposição, visto que: existe necessidade
de rápida reparação, a demanda a ser ajuizada não possibilita a condenação em honorários, bem
como estão presentes todos os documentos para a comprovação do direito da parte.

II – Tempestividade
Leciona o artigo 23 da Lei 12.016/09 que a parte lesada terá prazo decadencial de 120 dias para
impetrar Mandado de Segurança quando da ocorrência de lesão a direito líquido e certo. Tal prazo
tem seu cômputo inicial a partir da ciência do ato.
No presente caso, conforme expresso no enunciado, existe prazo inferior à 2 meses da ciência
do ato.
Diante disso, compreende-se possível e tempestiva a utilização do Mandado de Segurança, a fim
de reparar a lesão da parte impetrante.

III – Dos Fatos


A empresa Zeta tem como objeto a comercialização de peças metálicas. Ocorre que frente a
necessidade de transportar tais peças entre seus estabelecimentos, o fisco do Estado de São
Paulo resolveu tributar tal operação, mesmo não ocorrendo modificação de titularidade dos bens
transportados. Ademais, por intermédio de seus auditores, o fisco resolveu reter as mercadorias
com o intuito de cobrar os tributos compreendidos como devidos pelos mesmos. Diante disso,
considerando a lesão ocorrida frente à empresa impetrante, torna-se possível o ajuizamento do
presente Mandado de Segurança, a fim de reparar o ato manifestamente ilegal e inconstitucional
realizado pela parte impetrada.

IV – Dos Direitos
Leciona o artigo 155, II, da Constituição Federal, que teremos a incidência de ICMS toda vez que
ocorrer operações relativas à circulação de mercadorias.
No presente caso, não existe a presente circulação, tendo em vista que a titularidade da
propriedade não é alterada pelo simples fato de haver transferência dos bens da impetrante entre
seus estabelecidos.
Diante disso, tendo em vista a não modificação de titularidade de propriedade dos bens da
empresa impetrante, compreende-se pela não possibilidade e não ocorrência do fato gerador de
ICMS. Outrossim, tal fundamento corresponde ao que disposto na Súmula 166 do STJ.
Leciona a Súmula 323 do STF que é vedada a conduta de apreender mercadorias ou retê-las
com o intuito de obrigar contribuinte a pagar tributo. No presente caso, houve retenção de
mercadorias da parte impetrante, eis que compreendeu o fisco estadual sobre a incidência de
ICMS nas operações de transferência dos bens pertencentes a empresa.
Sendo assim, além de não existir tal incidência de imposto, torna-se ilegal a retenção/apreensão
de mercadorias para obrigar o pagamento de impostos, conforme leciona a Súmula 323 do STF.

V – Da Liminar
Leciona o artigo 7º, III, da Lei 12.016/09 que poderá o magistrado, através de solicitação da parte,
conceder medida liminar, uma vez presentes os requisitos de
fumaça do bom direito e perigo de demora.
No presente caso, resta comprovada a fumaça do bom direito, eis que, conforme acima
explicitado, não existe a incidência de ICMS na presente operação realizada pela empresa, frente
ao que disposto na Súmula 166 do STJ e compreende-se, igualmente, pela impossibilidade de
retenção de mercadoria, na forma da Súmula 323 do STF.
Igualmente, o perigo de demora está claramente demonstrado, eis que se porventura continuar a
ocorrer a retenção de mercadorias da parte impetrante, assim como mantiver a decisão de não
liberar aquelas apreendidas, a parte não poderá dar continuidade aos seus serviços, colocando
em risco a sua empresa.
Diante do que exposto, compreende-se possível a concessão da medida liminar, uma vez
presentes os requisitos dispostos no artigo 7º, III, da Lei 12.016/09.
Por fim, deseja a parte que tal medida liminar seja deferida sem solicitação de caução, eis que a
empresa não apresenta suporte para contemplar tal pedido, caso seja solicitada.
VI – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) A concessão da medida liminar, uma vez presentes os requisitos do artigo 7º, III, da Lei
12.016/09, a fim de que exista a liberação das mercadorias retidas, assim como seja
impossibilitada a cobrança de imposto e que o fisco não realize mais retenções de mercadorias
da parte impetrante.
b) Que a parte impetrada seja notificada, para que, desejando, preste esclarecimentos na forma
do artigo 7º, I, da Lei 12.016/09.
c) Que seja cientificado o representante legal da autoridade coatora, para que tome ciência da
presente ação, assim como do ato realizado pela autoridade, e que lhe seja enviada cópia da
inicial. Tudo isso na forma do art. 7º, II, da Lei 12.016/09.
d) Que seja intimado o Membro do Ministério Público, fiscal da lei, a fim de tomar ciência da
presente demanda, na forma do artigo 12, da Lei 12.016/09.
e) Que seja confirmada a presente liminar e mantida até a sentença, e que ao final seja concedida
a segurança, a fim de: liberar as mercadorias apreendidas e que novas não sejam retidas, na
forma da Súmula 323 do STF, bem como implique na impossibilidade de lançamento de ICMS,
eis que não existe fato gerador para tanto, na forma do artigo 155, II, da CF.
f) Que seja condenado o representante da autoridade impetrada nos ônus sucumbenciais, mais
notadamente as custas processuais.

Valor da Causa: R$ ...


Nestes termos, pede deferimento.
Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...
4. Ação Declaratória e Anulatória

Após vista a nossa primeira demanda e peça sempre possível de cair em nossa OAB,
vamos falar um pouco sobre a Ação Declaratória. Vale ressaltar que tal demanda confunde-se
muito com o Mandado de Segurança Preventivo, visto que ambos servem para afastar a ameaça
concreta de lesão.
A presente Ação Declaratória apresenta como fundamento legal básico o que lecionado
no artigo 19 do NCPC. Outrossim, quando do ajuizamento igualmente o requerente deverá
vislumbrar os requisitos do artigo 319 do NCPC.
A ação declaratória apresenta como finalidade a declaração de existência ou inexistência
de relação jurídica tributária, e as suas devidas consequências jurídicas.
Lembre-se e não esqueça: em exame da OAB, via de regra, você utilizará a presente
demanda quando inexistir a constituição do crédito tributário (inexistir lançamento). Porém,
deverá haver algum ato concreto que sinalize a incerteza jurídica no que tange ao ato de ser
cobrado ou não.
Agora, se já houver lançamento tributário, você, estimado aluno, já poderá começar a
pensar em demanda Anulatória de Débito Fiscal.
Mas tenha atenção: se você, contribuinte, deseja afastar possível cobrança futura, e na
mesma demanda repetir aquele tributo pago indevidamente, é totalmente pleno e cabível uma
Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica-Tributária cumulada com Repetição de
Indébito Tributário. Se, caso for este seu pedido, não esqueça do artigo 165 do CTN e do pedido
de repetição.
Ressalta-se, ainda, que a presente Ação Declaratória poderá ser utilizada para todo e
qualquer tipo de tributo, inclusive no que tange a declaração de inexistência de cumprimento-
dever das obrigações acessórias. Para isto, vide o artigo 113, §1 e 2º do CTN.
Aonde vou entrar com a presente ação: no local de domicílio do contribuinte.
Ademais, não esqueça, portanto, quando caberá ação declaratória:
• Declarar existência ou inexistência de relação jurídica-tributária.
• Declarar autenticidade ou falsidade de documento tributário.

E você poderá ficar com dúvidas, como optar pela Ação Declaratória ou Mandado de
Segurança Preventivo? Buenas, sugiro ir para o rito especial, ou seja, analisar a possibilidade
de cabimento de Mandado de Segurança Preventivo quando estiverem presentes algumas
condições descritas no próprio enunciado:
• Enunciado falar na possibilidade de adoção de procedimento mais célere.
• Enunciado falar na possibilidade de procedimento menos custoso.
• Enunciado falar na impossibilidade de dilação probatória.

Depois de trabalhados alguns aspectos relevantes da Ação Declaratória trago importante


quadro resumido sobre ela :

Critérios da regra matriz de Defeito


incidência tributária
Não ser o fato concreto passível da incidência daquela
Material
tributação.
a) O fato não ter ocorrido.
Temporal
b) Já ter havido a decadência do direito de lançar.
O fato não ter ocorrido nos limites da competência do
Territorial
sujeito ativo.
O ente que pretende a cobrança não é o sujeito ativo da
obrigação tributária;
Pessoal
O interessado não é o sujeito passivo da obrigação
tributária.
Inconstitucionalidade e/ou ilegalidade da base de cálculo
ou da alíquota;
Quantitativo
Alíquota e/ou base de cálculo pretendidos em desacordo
com a regência legal da matéria.

Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente
demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste
capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao
vivo que serão realizadas conforme grade de horários.
Enunciado da Peça

A Igreja Guigui Faz Passar, com sede na cidade de Santa Cruz do Sul – RS resolve, aos finais de
semana, vender bolos e negrinhos a fim de obter renda para a manutenção da igreja. Ocorre que,
através de notícia veiculada em vários portais da internet, o Secretário da Fazenda do Estado do
Rio Grande do Sul informa que passará a cobrar ICMS pelas comercializações realizadas pela
Igreja Guigui Faz Passar, conforme lei que entrará em vigor no ano de 2017. Temendo, assim, ser
tributada, a Igreja Guigui Faz Passar resolve lhe procurar para que seja garantido o seu direito de
não pagar tributo. Você, como procurador da Igreja Guigui Faz Passar, deverá, portanto, utilizar o
procedimento judicial adequado a fim de defender os interesses da mesma.
Obs: para este enunciado também caberá M. de Segurança Preventivo.

Resolução da Peça

Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca de Santa Cruz do Sul do
Estado do Rio Grande do Sul

Igreja Guigui Faz Passar, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., atos
constitutivos em anexo, estabelecida ..., endereço eletrônico ..., na cidade de Santa Cruz do Sul
– RS, vem respeitosamente, por intermédio de seu advogado (com procuração em anexo),
estabelecido ..., local onde receberá intimações, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos
19, I do CPC e art. 165, I, do CTN, ajuizar a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA CUMULADA


COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Em face do Estado do Rio Grande do Sul, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob
o nº ..., estabelecido ..., endereço eletrônico ..., neste ato representado por seu procurador, nos
termos do artigo 75, II, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Cabimento
Reza o artigo 19, I, do CPC que caberá ação declaratória a fim de declarar a inexistência da
relação jurídica. Ocorre no presente caso, tendo em vista a possibilidade concreta de
ser a parte requerente tributada. Assim, deseja que seja declarada a impossibilidade de pagar o
referido imposto de ICMS. Diante disso, compreende-se possível o presente ajuizamento, a fim
de afastar a ameaça concreta frente a possibilidade do fisco continuar a cobrar indevidamente o
ICMS, diante da realização de comercialização de bolos e negrinhos.

II – Dos Fatos
A Igreja Guigui Faz passar resolveu, aos finais de semana, a fim de implementar novas rendas
para manter a igreja e sua finalidade, comercializar bolos e negrinhos. Ocorre que, após notícia
veiculada em vários portais de internet, soube a parte requerente da legislação que poderá
implicar em efeitos futuros de tributação nas presentes comercializações. E, considerando a
chegada do ano de 2017, a Igreja foi tributada nos meses de janeiro até abril de 2017, no montante
de R$ 100.000,00. Logo, compreendendo pela não possibilidade legal de tais atos, deseja a Igreja
buscar seus direitos, a fim de ser declarada a impossibilidade de ser tributada pelo fato de
comercializar negrinhos e bolos, a fim de obter renda para manter suas finalidades, bem como
restituir aqueles tributos pagos indevidamente.

III – Dos Direitos


Reza o artigo 150, VI, B, da Constituição Federal, que gozará de imunidade os templos de
qualquer culto no que tange a não possibilidade de ser tributado de impostos. No presente caso,
existe clara e manifesta intenção do fisco de continuar a tributar a comercialização de bolos e
negrinhos da Igreja Guigui Faz Passar. Além disso, já ocorreu tributação indevida entre os meses
de Janeiro até Abril de 2017. Logo, considerando a norma acima exposta, e diante do
manejamento do lucro obtido para o cumprimento da manutenção e finalidade essencial da Igreja,
compreende-se impossível tal tributação, frente ao que deseja que seja provida e declarada a
inconstitucionalidade da referida norma e a devolução daqueles tributos pagos indevidamente.

IV – Da Tutela Provisória de Urgência


Reza o artigo 294 e 300 do CPC que poderá ser concedida a tutela provisória de urgência toda
vez que presentes a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
Sendo assim, a probabilidade do direito está respaldada no artigo 150, VI, b da Constituição
Federal, onde está proibida a instituição de impostos frente aos Templos de Qualquer Culto.
Ademais, o perigo de dano resta configurado de forma implícita, uma vez que a Igreja poderá ser
novamente tributada e terá que contribuir aos cofres públicos ao invés de ter possibilidade
financeira de manter a sua igreja e finalidade.
Ainda, cabe salientar a parte requerente que deseja o conhecimento e o deferimento da tutela
provisória de urgência sem necessidade de caução, nos termos do artigo 300, §1º do CPC, uma
vez que inexiste perigo da decisão ser revertida, nos termos do artigo 300, §3º
concessão da tutela provisória de urgência, e que, ao final do feito, seja convertida em decisão
definitiva de procedência da demanda.

V – Da Repetição de Indébito
Reza o artigo 168, I do CTN que a parte terá prazo de 5 anos, contados do recolhimento indevido,
para restituir o tributo. Considerando, no presente caso, que os tributos foram recolhidos entre os
meses de Janeiro até Abril de 2017, compreende-se tempestiva a presente repetição. Por fim, e
não menos importante, torna-se necessário salientar que, conforme comprovação em anexo,
junta-se a guia de pagamento do tributo indevido, comprovando-se, assim, a condição para a
ação.
Outrossim, diante do que exposto acima sobre a inconstitucionalidade da referida cobrança, resta
dizer que reza o art. 165, I, do CTN que caberá ao contribuinte, independentemente de recurso
administrativo, buscar a repetição de tributo pago indevidamente. Assim, considerando o que
acima exposto, em face da inconstitucionalidade exposta, deseja a parte requerente buscar a
restituição do ICMS satisfeito indevidamente no montante de R$ 100.000,00.
Reza a Súmula 162 do STJ que o valor do tributo pago indevidamente ou à maior deverá ser
corrigido monetariamente a partir do pagamento indevido. Igualmente, reza a Súmula 188 do STJ
e o artigo 167, §º único do CTN que os juros moratórios deverão incidir a partir do trânsito em
julgado da demanda. Considerando que se trata de tributo de competência estadual, deseja a
parte requerente que o valor pago indevidamente seja corrigido a partir do pagamento indevido e
os juros moratórios incidam a partir do trânsito em julgado da demanda.

VI – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) O deferimento da tutela provisória, na forma do artigo 294 do CPC, mais notadamente da tutela
de urgência, na forma do artigo 300 do CPC, uma vez presentes os requisitos da probabilidade
do direito e do perigo de dano, para que sejam antecipados os efeitos da tutela, a fim da parte
requerente não poder ser cobrada do ICMS. Tudo isso, igualmente, a fim de suspender a
exigibilidade do crédito, na forma do artigo 151, V do CTN.
b) A citação da parte requerida, para que, desejando, venha contestar a presente ação no prazo
legal.
c) Seja julgada procedente a demanda, a fim de ser declarada a inexistência da relação jurídica
tributária, reconhecendo o direito da parte requerente de não continuar a ser tributada, frente a
ameaça concreta, considerando a inconstitucionalidade do ICMS, conforme reza o artigo 150, VI,
B, da CF.
d) Igualmente, que seja julgada procedente a demanda para fins de condenar a parte requerida,
a fim de restituir os tributos pagos mensalmente entre os meses de Janeiro até
a partir do pagamento indevido, na forma da súmula 162 do STJ, e com juros moratórios a partir
do trânsito em julgado, conforme Súmula 188 do STJ e art. 167, § único do CTN.
e) Seja possível a produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente testemunhal,
documental e pericial, na forma do artigo 319, VI, do CPC.
f) A parte requerente vem informar que não deseja a audiência de conciliação e/ou mediação, na
forma do artigo 319, VII, do CPC.
g) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as custas
processuais, na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários advocatícios, na forma do artigo
85 do CPC.

Valor da Causa: R$ 100.000,00.

Nestes termos, pede deferimento.


Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...

Após realizados os estudos sobre a Ação Declaratória, passaremos à famosa Ação


Anulatória.
O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 38 da
Lei nº 6.830/80. Outrossim, quando do ajuizamento, igualmente, o requerente deverá vislumbrar
os requisitos do artigo 319 do CPC.
A presente ação anulatória de débito fiscal tem por finalidade a anulação de lançamento
tributário que seja viciado (ilegal). Sendo assim, jamais esqueça: para você utilizar a presente
demanda é necessário a notícia de constituição de crédito tributário.
Outra questão que é de extrema valia é aquela que fala sobre depósito para ingresso da
demanda. Conforme já deve ser de seu conhecimento, por intermédio da Súmula Vinculante nº
28, o STF compreendeu não ser possível a exigência de qualquer depósito para o ingresso de
demanda judicial.
Lembre-se que para suspender não bastará o ajuizamento da ação, visto que você muito
possivelmente terá que suspender: por meio de depósito integral em dinheiro ou por meio da
tutela provisória. A regra na sua demanda será solicitar tutela provisória.
Depósito: é uma escolha do contribuinte. Ninguém será obrigado a depositar e poderá ser
realizado em qualquer fase do processo. O depósito interrompe fluência dos juros e correção.
Logo, se perder a ação no máximo será conversão.
COMO FAÇO NA PROVA? Depósito ou tutela de urgência? O enunciado da questão irá
te direcionar. Se o problema falar em falta de dinheiro ou quebrado, te socorre da tutela de
urgência. E se o problema falar em condições ou meios pelo cliente, te socorre do depósito
integral em dinheiro. Assim, na prova, o que você deverá fazer? Optar entre depósito ou tutela
de urgência. Mas se ficar na dúvida pede inicialmente a tutela de urgência e em caso de não
concessão, peça depósito.
Ademais, a ação anulatória poderá ser utilizada para toda e qualquer espécie de tributo.

LEMBRE-SE

Ação Anulatória -> rito ordinário comum. Logo, a única dúvida que você poderá ter é se é MS
Repressivo ou ação Anulatória. E aí o que você fará, primeiro descarte se não é mandado de
segurança:
• Rito mais célere.
• Rito menos custoso.
• Preferência no julgamento.
• Não tem honorários sucumbenciais.
• Não tem dilação probatória.

Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente
demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste
capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao
vivo que serão realizadas conforme grade de horários.

Enunciado da Peça

Equipamentos (partes e peças) que estavam sendo transportados para a empresa Micro Informática
Ltda. e que seriam utilizados em sua produção foram apreendidos, sob a alegação da Secretaria
de Arrecadação Estadual de que a nota fiscal que os acompanhava não registrava uma diferença
de alíquota devida ao Fisco e não teria havido, portanto, o recolhimento do imposto. Na ocasião,
houve o auto de infração e foi realizado o respectivo lançamento. A empresa, que tem uma
encomenda para entregar, procura você, na condição de advogado, para a defesa de seus
interesses. Na qualidade de advogado da empresa Micro Informática, apresente a peça processual
cabível para a defesa dos interesses da empresa, empregando todos os argumentos e fundamentos
jurídicos cabíveis.
Obs: para esta peça caberá também M. Segurança.

Resolução da Peça

Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca ... do Estado ...

Micro Informática Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., com atos
constitutivos em anexo, endereço eletrônico ..., estabelecida ..., vem por meio de seu procurador
(procuração em anexo), este devidamente estabelecido ..., local onde receberá intimações,
perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 38 da Lei 6.830/80, propor a presente:

AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA

Em face do Estado ..., pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço
eletrônico ..., estabelecido ..., neste ato representado por seu procurador, nos termos do artigo
75, II, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Cabimento
Reza o artigo 38 da LEF que é possível o ajuizamento de ação anulatória para questionar
legalidade de ato, lançamento ou penalidade que seja realizada de maneira equivocada, ou seja,
para fins de discussão judicial.
Ocorre, no presente caso, que houve apreensão das mercadorias e a consequente realização do
lançamento por tributo compreendido como não satisfeito por parte da Secretaria Estadual de
Arrecadação.
Sendo assim, diante da ilegalidade da apreensão da mercadoria (equipamentos = partes e peças),
torna-se possível o ajuizamento da presente ação anulatória a fim de liberar a mercadoria
apreendida.
Por fim, torna-se igualmente possível o ajuizamento, diante do preenchimento dos requisitos
dispostos no artigo 319 do CPC.

II – Dos Fatos
Ocorre que a empresa requerente teve apreensão de suas mercadorias (equipamentos = partes
e peças) com o intuito de fazer pagar tributo. Assim, procedeu a Secretaria de Arrecadação
Estadual, diante do alegado não recolhimento da diferença de alíquota de imposto, com a
retenção das mercadorias pertencentes à empresa. Considerando a necessidade de entrega dos
equipamentos elaborados pela empresa requerente, não restou outra alternativa senão procurar
o Poder Judiciário a fim de realizar a prestação jurisdicional e resolver a celeuma criada.

III – Dos Direitos


Reza a Súmula 323 do STF que é vedado ao fisco a apreensão/retenção de mercadoria com o
intuito de exigir tributo. No presente caso, ocorreu que a Secretaria de Arrecadação Estadual
resolveu apreender as mercadorias da empresa requerente, tendo em vista sua interpretação de
falta de recolhimento de imposto no que tange a diferença de alíquota.
legalidade
da referida apreensão, eis que a empresa depende destes equipamentos para produzir e dar
sequência às suas atividades.
Reza o artigo 170 da Constituição Federal, que as empresas terão livre iniciativa para produzir e,
assim, introduzir mercadorias junto ao mercado comercial. Ocorre no presente caso, diante da
apreensão indevida, que a empresa Micro Informática está impossibilitada de colocar seu produto
no mercado. Sendo assim, a presente apreensão igualmente fere o princípio da livre iniciativa,
conforme o artigo acima exposto.
É defeso (vedado/proibido) que a administração pública impeça ou faça cessar de forma unilateral
a atividade profissional do contribuinte, para compeli-lo ao pagamento de tributo, uma vez que tal
procedimento redundaria no bloqueio de atividades lícitas, mercê de hipótese de autotutela,
medida excepcional ante o monopólio da jurisdição. Diante disso, considerando o disposto na
Súmula 323 do STF e artigo 170 da Constituição, compreende-se pela total ilegalidade e
inconstitucionalidade do ato.

IV – Tutela Provisória de Urgência


Reza o artigo 294 do CPC que poderá a parte requerente solicitar tutela provisória. Ademais, o
mesmo artigo menciona a possibilidade de solicitar tanto tutela de urgência, quanto de evidência.
Para o presente caso torna-se amplamente possível a solicitação da tutela de urgência, na forma
do artigo 300 do CPC, diante do preenchimento dos requisitos de probabilidade de direito e do
perigo de dano.
A probabilidade do direito resta devidamente comprovada, eis que houve apreensão ilegal das
mercadorias, conforme reza a Súmula 323 do STF e a ofensa ao princípio da livre iniciativa,
conforme reza o artigo 170 da CF.
Igualmente, resta preenchido o requisito de perigo de dano, eis que a empresa depende dos
equipamentos para produzir e tem encomenda para entregar.
Diante do que exposto, restam preenchidos os requisitos do artigo 300 do CPC, para que se libere
as mercadorias.
V – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:

a) o deferimento da tutela provisória de urgência, na forma do artigo 294 do CPC, mais


notadamente da tutela de urgência, na forma do artigo 300 do CPC, uma vez presentes os
requisitos da probabilidade do direito e do perigo de dano, para que sejam liberadas as
mercadorias apreendidas.
b) Caso não seja possibilitada e concedida a tutela de urgência, que seja oportunizado o depósito
a fim de suspender a exigibilidade do crédito, na forma do artigo 151, II, do CTN e a consequente
liberação das mercadorias apreendidas.
c) Seja julgada procedente a demanda a fim de liberar as mercadorias apreendidas, eis que foram
realizadas de forma ilegal, na forma do artigo 170 da CF e da Súmula 323 do STF.
d) Seja possível a produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente: documental,
testemunhal e pericial, na forma do artigo 319, VI, do CPC.
e) Seja a parte contrária citada para que, caso queira, no prazo hábil, venha oferecer contestação
da presente demanda.
f) A parte não deseja que seja designada audiência de conciliação ou mediação, nos termos do
artigo 319, VII, do CPC.
g) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as custas
processuais, na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários advocatícios, na forma do artigo
85, §3º do CPC.

Nestes termos, pede deferimento.


Valor da Causa: R$ ...

Local ... Data ...


Advogado ... OAB ...
5. Ação de Consignação em Pagamento

O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 164 do


CTN. Outrossim, quando do ajuizamento, igualmente, o requerente deverá vislumbrar os
requisitos do artigo 319 do NCPC.
A presente demanda tem por finalidade garantir ao contribuinte o direito de pagar o tributo
devido. Para feitos iniciais é importante dizer que caberá a utilização da presente demanda
quando houver resistência por parte do ente público, houver dúvida para quem deve ser pago o
tributo (exigência de mais de um ente) ou exigência de pagamentos (por exemplo penalidades –
exigências administrativas) que não dizem respeito ao tributo que deverá ser satisfeito.
Igualmente, é importante salientar que se a demanda for julgada procedente, obviamente
após o trânsito em julgado da decisão, a importância depositada (consignada) será convertida
em renda, ocorrendo, assim, a extinção do crédito tributário, na forma do artigo 156, VIII, do CTN.
Agora, se a consignação for julgada improcedente, o Ente Público Competente poderá
cobrar o crédito tributário, acrescido de juros, assim como eventuais penalidades cabíveis.
Outrossim, conforme o STJ, a consignatária também servirá, conforme já dito, para
consignar crédito tributário que tenha sido exigido pelo Ente Público em quantia superior.
Agora, jamais teremos, por exemplo, a ação consignatária para:
• Discutir possibilidade de exigência tributária.
• Obter concessão de parcelamento, anistia ou moratória.
• Reconhecimento de pagamento (compensação de tributo) através de títulos da dívida pública.

Lembre-se, antes de mais nada, que também teremos previsão legal de consignação nos
artigos 539 e seguintes do CPC. Temos artigos importantes nele, como por exemplo:
• Artigo 540 do CPC = consignação do lugar do pagamento.
• Artigo 542 do CPC = relatório dos nossos pedidos.

Igualmente, é importante ressaltar que na Ação de Consignação em Pagamento o


depósito não será faculdade da parte para consignar em pagamento = tenho que depositar,
conforme o artigo 542, I, do CPC.
Ademais, se houver mais de um réu na demanda: requer citação para contestarem caso
queiram, com fundamento no artigo 547 do CPC. Entretanto, se houver somente um réu na
demanda, requer citação para contestar, caso queira, com fundamento no artigo 542, II, do CPC.
Se um dos réus for a União, independentemente do outro: Será competente a Justiça
federal.
Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente
demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste
capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao
vivo que serão realizadas conforme grade de horários.

Enunciado da Peça

Xisto da Silva, brasileiro, administrador, solteiro, portador da carteira de identidade nº. xxx e CPF
nº. xxx, residente e domiciliado na Rua X, nº. xxx, bairro Z, Município Y, Estado F, recebeu cobrança
simultânea, por meio de uma mesma guia de documento fiscal, de dois tributos: IPTU e Taxa de
Conservação das Vias e Logradouros Públicos (TCVLP). No caso da referida taxa, certo é que o
contribuinte não concorda com sua cobrança, o que o levou, por meio de seu advogado, a ajuizar
ação judicial a fim de declarar sua inconstitucionalidade, havendo pedido liminar, ainda não
apreciado para afastar a obrigatoriedade do recolhimento da referida exação fiscal. Por outro lado,
em relação à cobrança do IPTU, pretende o contribuinte efetuar o seu pagamento. No entanto, a
guia de pagamento é única e contém o valor global dos referidos tributos, tendo o banco rejeitado
o pagamento parcial relativo somente ao IPTU. Nesse caso, considerando que o IPTU ainda não
está vencido, bem como o contribuinte não obteve êxito para solucionar seu problema na esfera
administrativa, elabore a peça adequada para efetuar o pagamento do imposto municipal, com
base no direito material e processual pertinente. Utilize todos os argumentos e fundamentos
pertinentes à melhor resposta.

Resolução da Peça

Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública da Comarca ... do Estado ...

Xisto da Silva, brasileiro, solteiro, administrador, portador da identidade nº XXX, inscrito no CPF sob
o nº XXX, endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na Rua X, nº XXX, Bairro Z, Município Y,
Estado F, vem por meio de seu procurador (procuração em anexo), estabelecido ..., local onde
receberá suas intimações, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 164, I, do
CTN, art. 539 e seguintes do CPC, ingressar com a presente:

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO COM DEPÓSITO

Em face do Município ..., pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ...,
estabelecido ..., endereço eletrônico ..., neste ato representado pelo seu procurador, na forma do
artigo 75, I, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Do Cabimento
Tendo em vista a necessidade e possibilidade do requerente de satisfazer somente o tributo que
de fato é devido, torna-se necessário o ajuizamento da presente consignação em pagamento,
com fulcro no artigo 164, I, do CTN.
Justifica-se a presente demanda, eis que é direito do requerente o pagamento do tributo sem a
exigência de outro, por se tratar de obrigações autônomas, sendo assim, plenamente possível a
consignação do valor devido daquele tributo que de fato pode ser cobrado pela Fazenda Pública
Municipal.

II – Do Depósito
Considerando o que disposto no artigo 542, I, do CPC, deseja a parte solicitar que seja expedida
guia para depósito do valor que está sendo tributado, a fim de cumprir com o que disposto na
norma.

III – Dos Fatos


Conforme enunciado, o Sr. Xisto da Silva recebeu do Município ... cobrança de IPTU cumulada
com a cobrança de taxa de limpeza e conservação de logradouro público. Ocorre que o
requerente compreendeu que a cobrança da presente taxa é inconstitucional, e por isso já ajuizou
demanda requerendo o reconhecimento de sua inconstitucionalidade através de seu procurador.
Ademais, até a presente data não foi apreciado o pedido liminar.
Outrossim, com o intuito de fazer pagar os dois tributos, a fazenda municipal lançou guia de
pagamento cobrando eles juntos, ou seja, o IPTU e a taxa acima descrita. Logo, tentou o
requerente efetuar o pagamento somente do IPTU, fato este que lhe fora negado, tendo em vista
a negativa de recebimento por parte da instituição bancária, eis que na guia estava expresso o
pagamento único dos dois tributos.
Diante disso, por compreender indevido o pagamento da taxa, tentou o requerente entrar com
procedimento administrativo para satisfazer o seu intento de pagar somente o IPTU. Recurso
administrativo este que lhe fora negado pela fazenda municipal. Sendo assim, não resta outra
alternativa ao requerente a não ser de provocar o Poder Judiciário, a fim de que seja recebido o
tributo realmente devido, mas que seja possibilitado o pagamento somente deste.

IV – Do Direito
Considerando que a parte requerente não obteve êxito no pagamento do tributo que realmente é
devido, tornou-se necessário o presente ajuizamento da demanda. Ocorre que não poderá a
Fazenda Pública Municipal exigir dois tributos de maneira simultânea, ou seja, cobrar na mesma
guia a satisfação do IPTU e da taxa em conjunto, com fulcro no artigo 164, I, do CTN.
Ademais, conforme expresso no enunciado, além de não poder cobrar em conjunto o pagamento
de dois tributos, a presente taxa cobrada é de fato inconstitucional, eis que é cediço no direito
brasileiro que taxa somente poderá ser exigida quando for específica e divisível, ou seja, que
possa ser vista por aquele que recebe, in casu contribuinte, e detalhada por parte daquele que
presta o serviço, in casu, o município.
Outrossim, com fundamento no art. 145, da CF, não se pode compreender como possível a
exigência da presente taxa, eis que é inconstitucional e está sendo discutida em ação autônoma.
Sendo assim, exigir dois tributos na mesma guia torna-se exigência ilegal, eis que cada tributo
tem sua constituição de maneira autônoma.

V – Da Suspensão da Exigibilidade
O requerente encontra-se totalmente respaldado no que tange a possibilidade de consignar o
valor que de fato é devido, na forma do art. 164, I, do CTN. Considerando que, caso não ocorra
a suspensão da exigibilidade do crédito, poderá o requerente sofrer execução fiscal, vindo a lhe
prejudicar em seus negócios e sua vida pessoal. Deseja o requerente, com fundamento no art.
151, II, do CTN, que seja deferida a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, considerando
a realização do depósito integral do IPTU devido. Igualmente, foi observado o depósito integral
em dinheiro, conforme leciona a Súmula 112 do STJ.

VI – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) Que seja deferida por Vossa Excelência a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, na
forma do art. 151, II, do CTN, uma vez ter realizado o depósito de forma integral e em dinheiro,
conforme leciona a Súmula 112 do STJ.
b) Que seja deferida a possibilidade de realização do depósito integral em dinheiro até como
forma de suprimento da condição da ação de consignação em pagamento, na forma do artigo
542, I do CTN.
c) Que seja julgada procedente a presente demanda, com a consequente extinção do crédito
tributário, com fundamento no art. 156, VI e VIII, do CTN combinado com o art. 164, §2º do CTN.
d) Seja possível a produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente: documental,
testemunhal e pericial, na forma do artigo 319, VI, do CPC.
e) Seja a parte contrária citada para que, caso queira, no prazo hábil, venha oferecer contestação
da presente demanda.
f) A parte não deseja que seja designada audiência de conciliação ou mediação, nos termos do
6. Ação de Repetição de Indébito Tributário

O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 165 do


CTN. Outrossim, quando do ajuizamento, igualmente, o requerente deverá vislumbrar os
requisitos do artigo 319 do NCPC.
Logo, a regra é bastante clara: utiliza-se a presente ação quando houver pagamento a
maior ou indevido. Ademais, bastará a comprovação do pagamento para que seja realizado o
pedido de repetição de indébito tributário.
Assim, a presente ação serve para recuperar o que foi pago indevidamente.
Independentemente de motivo, possui-se direito. Não é preciso comprovar motivação do
pagamento. Trata-se de ação condenatória.
Quando da condenação em repetição, teremos um título que, via de regra, será precatório.
Terá que observar a ordem de inscrição e o sistema de pagamento, conforme o artigo 100 da
CF, mas poderemos buscar a repetição via compensação. Veja, portanto, que na repetitória
posso utilizar-me para adimplir legislação específica de cada ente competente.
Assim, quando do pagamento indevido ou a maior tenho duas possibilidades, na forma do
art. 168 do CTN = tenho 5 anos para buscar. Seja pela via administrativa, seja pela via judicial.
Lembre-se, se optar pela via judicial, renuncia-se a administrativa.
Caso opte pela via administrativa e venha a perder (denegar) o pedido, da decisão
denegatória, terei 2 anos para buscar, conforme reza o artigo 169 do CTN. Via ação de mão
dupla: anulação e condenação.
Posso repetir tributo pago prescrito ou decaído? Sim, conforme o artigo 156 do CTN, são
formas de extinção. Se paguei indevidamente tributo prescrito ou decaído, eram indevidos, e
conforme o artigo 165, I, do CTN, gerarão direito de repetição.
O principal motivo da presente ação é evitar o enriquecimento ilícito. Outrossim, é
importante também alertar que o requerente não precisará esgotar as vias administrativas (ou
sequer ir para ela) para recorrer à via judicial.
Vale dizer que: conforme o STJ o pedido administrativo não suspende/interrompe o prazo
para o contribuinte entrar com a ação de Repetição de Indébito Tributário.
O prazo para entrar com a demanda será de 5 anos da extinção do tributo ou da decisão
definitiva que der ganho de causa para o contribuinte.
MODO DE PAGAMENTO (JUROS E CORREÇÃO) - O artigo 167, § único, do CTN. A
Súmula 188 do STJ afirma que os juros moratórios serão devidos do Trânsito em Julgado. Mas
no que tange a correção monetária não existe previsão legal. O STJ afirma ser do pagamento
indevido. Vide Súmula 162 do STJ.

ANTENÇÃO

Esta regra vale:


- Para tributos estaduais.
- Para tributos distritais.
- Para tributos municipais.

Para tributos federais: aplico a taxa SELIC. Correção e juros embutidos na mesma taxa,
na forma do artigo 39, §4º da Lei 9.250/95. MAS CUIDADO: têm Estados e Municípios que já
aplicam a taxa SELIC, portanto, se na prova nada falar vai para a regra geral.
Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente
demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste
capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao
vivo que serão realizadas conforme grade de horários.

Enunciado da Peça

Lei Ordinária Municipal, publicada em 05/01/2015, estabeleceu, entre outras providências


relacionadas ao ISS, a majoração da alíquota para lavagem de veículos pesados de 3% para 4%,
com vigência a partir de 05/02/2015. Considerando que a Lavagem Fausto Silva recolhia no ano
de 2014, a título de tributo, o valor de R$ 10.000,00, com base na contratação dos seus serviços
por construtoras locais, com a majoração da alíquota acima mencionada incidente sobre sua
atividade, passou a recolher mensalmente o valor de R$ 20.000,00. Entretanto, as referidas
construtoras exigiram e obtiveram o desconto do valor do aumento do tributo, alegando que seria
indevido. Assim sendo, o contribuinte do ISS se submeteu ao aumento desse imposto durante o
período relativo aos meses de Março de 2015 até Dezembro de 2015. Ocorre que, em Fevereiro
de 2016, mediante notícia veiculada no Facebook, o representante legal dessa empresa teve o
conhecimento da propositura de ações deflagradas por empresas concorrentes questionando a
ilegalidade do aumento do ISS. Dessa forma, na qualidade de advogado da Lavagem Fausto
Resolução da Peça

Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca ... do Estado ...
Lavagem Fausto Silva, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., com atos
constitutivos em anexo, endereço eletrônico ..., estabelecida ..., vem por meio de seu procurador
(procuração em anexo), este devidamente estabelecido ..., local onde receberá intimações,
perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 165, I, 166 do CTN propor a presente:

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO

Em face do Município ..., pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço
eletrônico ..., estabelecido ..., neste ato representada por seu procurador nos termos do artigo 75,
III, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Cabimento & Tempestividade


Reza o art. 165, I, do CTN que se torna possível a restituição em face de pagamentos realizados
pelo contribuinte de forma indevida ou à maior. Ocorre no presente caso que o pagamento fora
realizado pela parte requerente de maneira indevida. Portanto, está presente o requisito para o
ajuizamento da presente demanda.
Reza o art. 166 do CTN que poderá o requerente buscar a restituição de tributos pagos
indevidamente ou à maior quando, no caso de tributação indireta, ou seja, na presença de
repercussão tributária, ficar demonstrado que não houve repasse do tributo satisfeito.
Igualmente, leciona a Súmula 546 do STF que caberá a presente restituição quando comprovar-
se que não houve repasse e/ou repercussão. Assim, diante do caso previsto no enunciado, fica
claro que o requerente não repassou o encargo para as empresas que se utilizam do seu serviço.
Portanto, resta claro a comprovação de que não houve o repasse ao consumidor final, ou seja, o
contribuinte de fato, sendo possível o ajuizamento da respectiva restituição, contrariando o que
disposto na Súmula 71 do STF.
Reza o artigo 168, I, do CTN, cumulado com o artigo 3º da Lei Complementar 118/05, que o prazo
para a restituição de tributos sujeitos a lançamento por homologação ocorrerá no prazo de 5 anos
contados do pagamento indevido realizado de forma antecipada. Diante disso, resta claro, no
presente enunciado, que não transcorreu o presente prazo, sendo cabível, portanto, a
possibilidade de restituição.
Por fim, e não menos importante, torna-se necessário salientar que, conforme comprovação em
anexo, junta-se a guia de pagamento de tributo indevido, comprovando-se, assim, a condição
para a ação.
II – Dos Fatos
Conforme expresso no enunciado, a Lavagem Fausto Silva fora compelida a satisfazer alíquota
de ISSQN majorada em 05/01/2015, através de lei ordinária, a partir de 05/02/2015. Igualmente,
tal alíquota majorada redundou à empresa requerente aumento no pagamento mensal do referido
tributo de R$ 10.000,00 para R$ 20.000,00. Outrossim, tal tributo não fora repassado aos
contribuintes, tendo, portanto, a requerente satisfeito eles entre março de 2015 até dezembro de
2015. Diante do pagamento do tributo majorado por 10 meses, a Lavagem Fausto Silva fora
cientificado, em fevereiro de 2016, que tal contribuição seria indevida, fato este que culminou na
busca por um advogado. Não restando outra alternativa, frente a inconstitucionalidade, faz-se
necessário o ingresso da presente demanda, a fim de buscar a devolução do pagamento destes
tributos.

III – Dos Direitos


Reza o artigo 150, III, B e C da CF que os tributos, via de regra, majorados ou criados, deverão
atender ao princípio da anterioridade do exercício e da anterioridade nonagesimal. Ocorre no
presente caso, que a empresa requerente fora compelida a satisfazer a alíquota majorada de 3%
para 4%, após apenas um mês de publicação da demanda. Diante disso, considerando a
inobservância do princípio da anterioridade do exercício, ou seja, a possibilidade de exigência do
tributo somente após o primeiro dia útil do exercício seguinte, e, da anterioridade nonagesimal,
ou seja, a possibilidade da exigência do tributo após 90 dias da sua publicação, compreende-se
que os pagamentos realizados pelo requerente foram ilegais, eis que realizados após 1 mês da
publicação da norma majorante.
Reza o artigo 8º da Lei Complementar 116/03 que a alíquota máxima de ISSQN poderá ser de
até 5%. Ocorre no presente caso que tal alíquota fora majorada para 4%. Diante disso,
compreende-se da legalidade de tal majoração, cumprindo, assim, a municipalidade com o
princípio da legalidade.

IV – Do Modo de Correção e Juros Moratórios


Reza a Súmula 162 do STJ que o valor do tributo pago indevidamente ou à maior deverá ser
corrigido monetariamente a partir do pagamento indevido. Igualmente, reza a Súmula 188 do STJ
e o artigo 167, §º único do CTN que os juros moratórios deverão incidir a partir do trânsito em
julgado da demanda. Considerando que se trata de tributo de competência municipal, deseja a
parte requerente que o valor pago indevidamente seja corrigido a partir do pagamento indevido e
os juros moratórios incidam a partir do trânsito em julgado da demanda.

V – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) Seja a parte contrária citada para que, caso queira, no prazo hábil, venha oferecer contestação
da presente demanda.
b) A parte não deseja que seja designada audiência de conciliação ou mediação, nos termos do
artigo 319, VII, do CPC.
c) A produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente a juntada das guias de
pagamento dos tributos, assim como prova documental e pericial, na forma do art. 319, VI, do
CPC.
d) A procedência da presente demanda, a fim de condenar a parte requerida, para que restitua os
tributos pagos mensalmente entre os meses de março até dezembro de 2015, no valor de R$
100.000,00. Tais valores deverão ser corrigidos através da correção monetária a partir do
pagamento indevido, na forma da súmula 162 do STJ, e com juros moratórios a partir do trânsito
em julgado, conforme súmula 188 do STJ e art. 167, § único do CTN.
e) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as custas
processuais, na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários advocatícios, na forma do artigo
85, §3º do CPC.

Valor da Causa: R$ 100.000,00.


Nestes termos, pede deferimento.

Local ... Data ...


Advogado ... OAB ...
7. Ação de Embargos à Execução Fiscal e Redirecionamento da
Execução Fiscal

O fundamento legal básico do presente instrumento de defesa encontra-se esculpido no


artigo 914 e seguintes do NCPC. Entretanto, é importante ressaltar sobre os Embargos à
Execução Fiscal, o artigo 16 da LEF.
Mas de onde nasce o Direito da Execução Fiscal? A partir do momento que existe um
crédito tributário que não foi satisfeito pelo contribuinte. Sendo assim, ocorrerá a inscrição do
débito em dívida ativa.
Ademais, a certidão de dívida ativa funciona como título executivo, cuja a mesma será
utilizada para a cobrança do crédito pelo Ente Público. Vide artigo 202 do CTN.
Outrossim, conforme Execução de Título Extrajudicial, a Execução Fiscal serve para que
seja realizado um crédito não pago, ou seja, aquele que é certo, líquido e exigível.
Tal procedimento correrá em autos apartados da Execução Fiscal e, por isso, inclusive,
alguns doutrinadores a chamam de ação autônoma. Logo, sua finalidade é de fato proteger o
contribuinte e os seus direitos.
Tais Embargos à Execução Fiscal serão ajuizados nos seguintes casos e no prazo de 30
dias:
• Intimação da penhora.
• Do depósito.
• Da juntada da prova de fiança bancária ou seguro garantia.

Jamais erre no momento da prova: a garantia do juízo é requisito para admitir os


Embargos à Execução Fiscal, assim como o prazo de 30 dias. Ademais, caberá Embargos de
qualquer espécie tributária.
Tenha atenção na hora de fazer a prova: não basta a garantia do juízo para embargar,
terá de contar o prazo de 30 dias. Se estiver fora do prazo, não cabe mais embargos. Tudo isso
conforme o artigo 16 da LEF. Mas se o contribuinte desejar acelerar os embargos, nada impede
que, caso tenha penhora nos autos, mesmo sem intimação, ele ofereça os embargos à execução.
Até porque ninguém garante juízo para anulatória ou exceção.
Mera propositura dos embargos suspenderá a execução? Não. Logo, o bem em garantia
poderá ser vendido. E o que faço para suspender? Depósito integral em dinheiro (exceção) ou
o requerimento do efeito suspensivo (regra).
E como faço requerimento do efeito suspensivo? O art. 294 do CPC fala sobre tutela
provisória, observando o que disposto no art. 919, §1º, do CPC.
Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente
demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste
capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao
vivo que serão realizadas conforme grade de horários.

Enunciado da Peça

Em 10.05.2005 Livina Maria Andrade arrematou judicialmente um imóvel por R$ 350.000,00


localizado no Município de Rancho Queimado. Recolheu o ITBI, com base no valor arrematado em
juízo. A Sra. Livina Maria Andrade é agricultora e utiliza o imóvel para a produção agrícola e
pecuária. O imóvel está dentro da zona urbana definida por lei pelo Município, já que a rua onde
se encontra o imóvel é asfaltada e o Município fornece água e sistema de esgoto sanitário. Em
10.05.2008 recebeu notificação fiscal exigindo diferenças no valor do ITBI pago por ocasião da
aquisição judicial do imóvel. O Fisco Municipal entendeu que o tributo deveria ser calculado com
base no valor da avaliação judicial realizada no processo de execução, no qual ocorreu a
arrematação (R$ 380.000,00). A Sra. Livina permaneceu inerte e foi inscrita em dívida no dia
10.08.2008. Em 10.06.2010 foi citada em execução fiscal proposta pelo Município de Rancho
Queimado para a cobrança do ITBI e do IPTU dos anos de 2007, 2008 e 2009, os quais nunca
foram pagos. A Sra. Livina teve bens penhorados em 10.07.2010 e lhe procurou, em 20.07.2010,
para a defesa de seus direitos. Na qualidade de advogado da Sra. Livina, elabore a peça processual
que melhor atenda o seu direito, especificando seus fundamentos.
Resolução da Peça

Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca de Rancho Queimado do
Estado ...

Distribuição por dependência


Aos autos do processo nº ...

Livina Maria Andrade, brasileira, estado civil ..., agricultora, inscrita no CPF sob o nº ..., endereço
eletrônico ..., residente e domiciliada ..., por meio de seu advogado (com procuração anexa),
estabelecido ..., local onde receberá intimações, com fulcro no art. 16 da Lei 6.830/80, vem à
presença de Vossa Excelência, opor:

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

Em face do Município de Rancho Queimado, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ
sob o nº ..., estabelecida ..., neste ato representada por seu prefeito ou procurador, nos termos
do art. 75, III do CPC, em face dos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Cabimento
Nos termos do art. 16 da lei de execução fiscal, poderá a parte executada apresentar embargos
à execução fiscal se existir garantia do juízo e a observância do prazo de 30 dias.
No presente caso houve penhora dos bens de Livina, ocorrendo, assim, a garantia do juízo.
Ademais, a presente embargante fora intimada da penhora no dia 10/07/2010 e procurou seu
procurador no dia 20/07/2010, ou seja, estando observado o prazo legal de 30 dias (art. 16, III,
LEF).
Sendo assim, compreende-se possível o ajuizamento do presente embargos à execução fiscal.

II – Dos Fatos
Conforme presente caso, houve ajuizamento de execução fiscal contra a Livina, tendo em vista,
segundo o ente público, o não pagamento do ITBI sobre o valor da avaliação do bem, que foi
arrematado pela embargante. Assim, não houve pagamento do IPTU referente aos anos de
2007/2008 e 2009.
Diante do possível débito, e mediante a inscrição em dívida ativa, possibilitou ao embargado o
ajuizamento de execução fiscal para a cobrança do possível débito da embargante.
III – Dos Direitos
Lembrar aqui que os direitos poderão ser: preliminar e mérito principal. Lembrando que preliminar,
por exemplo, poderá ser eventual nulidade de CDA, conforme o que previsto no art. 202 do CTN.
Conforme reza o art. 15 do decreto lei 57/66, não será objeto de cobrança de IPTU imóvel situado
em zona urbana, cuja utilização seja realizado para fins rurais.
Ocorre, no presente caso, que Livina utiliza o imóvel arrematado para fins de produção rural, tal
seja, agricultura e pecuária. Diante disso, compreende-se que torna-se, mesmo com a presença
dos elementos do IPTU (art. 32, §1º do CTN), impossível cobrar IPTU da embargante,
considerando a previsão do art. 15 do decreto lei 57/66.
Ainda, conforme reza o art. 38 do CTN, o ITBI será satisfeito com base no valor venal do bem que
fora transmitido. Ocorre no presente caso que Livina satisfez o valor do ITBI com base no valor
da arrematação. Sendo assim, ilegal a cobrança do ITBI com base no valor da avaliação judicial.
Posto isso, compreende-se ilegal a cobrança do ente público com base no valor da avaliação
judicial do bem arrematado, uma vez observado o que disposto no art. 38 do CTN.

IV – Do Efeito Suspensivo
Nos termos do art. 919, §1º do CPC o magistrado poderá deferir o efeito suspensivo da execução
fiscal, mediante requerimento do embargante, e presentes os requisitos da tutela provisória.
No presente caso, estão presentes os requisitos da tutela provisória, conforme artigo 294 do CPC.
Ademais, restam configurados, igualmente, os requisitos do art. 300 do CPC, uma vez presente
a probabilidade do direito e o perigo de dano.
Ocorre a probabilidade do direito, eis que observou a embargante o que disposto no art. 38 do
CTN (pagamento do ITBI com base no valor da arrematação), assim como não deverá satisfazer
o IPTU, uma vez que o imóvel tem exploração notadamente rural, conforme reza o art. 15 do
decreto lei 57/66.
Também ocorre o perigo de dano, eis que, caso tenha que satisfazer o valor cobrado, poderá
posteriormente a embargante ajuizar ação de repetição de indébito, tendo que possivelmente
receber tais valores através de precatória, conforme reza o art. 100 da constituição federal.
Ademais, se fizesse tal pagamento poderia acarretar danos a sua pessoa e família. Diante disso,
além de estar garantida a execução fiscal, restam presentes os requisitos do art. 919, §1º,
cumulados com os artigos 294 e 300 do CPC.
V – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) a concessão do efeito suspensivo dos embargos para suspender a execução fiscal, eis que
presentes os requisitos da probabilidade do direito e perigo de dano. Tudo isso, conforme art.
919, §1º, cumulado com os artigos 294 e 300 do CPC.
b) A intimação do município para que, caso queira, venha impugnar os embargos no prazo de 30
dias, designando, igualmente, audiência de instrução e julgamento, nos termos do art. 17 da LEF.
c) A procedência dos embargos à execução fiscal, para extinção da execução, e o respectivo
cancelamento das dívidas ativas referente ao ITBI e IPTU lançados, contrariando o que disposto,
respectivamente, nos artigos 38 do CTN e 15 do decreto lei 57/66.
d) A produção de prova admitida em direito, assim como a juntada de documento e do rol de
testemunhas, conforme reza o art. 16, §2º da LEF.
e) A condenação da parte embargada nos ônus sucumbenciais. Notadamente em custas judiciais,
conforme reza o art. 82, §2º do CPC e dos honorários sucumbenciais, conforme reza o art. 85, §3º
do CPC.

Valor da Causa: R$ ...


Nestes termos, pede deferimento.
Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...
8. Petição de Exceção de Pré-executividade

Tal petição (peça processual) não apresenta fundamento legal próprio. Mas não esqueça de
colocar a Súmula 393 do STJ.
Outrossim, para o seu ingresso não será necessária a garantia do juízo, conforme ocorre
nos Embargos à Execução Fiscal. Ademais, seu processamento será realizado mediante simples
petição, sem quaisquer autos apartados, dentro da Execução Fiscal.
Assim, vale dizer: poderão ser suscitadas via Exceção de Pré-Executividade matérias de
ordem pública e nulidades absolutas. E vamos mais longe: dentro da Exceção não poderá existir
produção probatória (tudo é pré constituído).
Tem-se admitido, inclusive, Exceção para questionar nulidade flagrante (totalmente
visível) quando houver nulidade de título ou ainda no processo. Outrossim, é exemplo de opção
para utilização da Exceção:
• Ilegitimidade de Parte.
• Falta de Condição ou Pressuposto de Ação.
• Inépcia da Inicial.
• Falta de citação regular.
• Falta de capacidade postulatória.
• Vícios de processo administrativo.
• Coisa Julgada.
• Causa Extintiva da Obrigação (Prescrição, Pagamento, Compensação).

Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente
demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça prática tratada neste capítulo. É
importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao vivo que
serão realizadas conforme grade de horários.
Enunciado da Peça

A União Federal ajuizou, em janeiro de 2016, Execução Fiscal contra a empresa Peppa Pig
Indústria de Brinquedos Ltda. e seus sócios Guigui e Nini. Antes da exigência de IPI, constituído
em janeiro de 2015, a Fazenda Pública Nacional inscreveu em dívida ativa a empresa devedora. A
presente execução fiscal foi ajuizada na 1ª Vara da Fazenda Pública da Seção Judiciária do Rio
Grande do Sul. Outrossim, é importante ressaltar que no contrato social da empresa consta como
sócio administrador somente o sócio Nini de forma exclusiva. Devidamente citadas as partes, sem
haver oferecimento de bens à penhora, o pagamento da dívida ou a penhora propriamente dita de
eventuais bens em nome dos executados, foi efetuada penhora em uma Lambreta 1969 de
propriedade de Guigui. Diante da penhora realizada no bem móvel de Guigui, o mesmo foi intimado
de sua realização em 20 de dezembro de 2016. Na qualidade de advogado de Guigui redija a peça
processual cabível para a defesa do mesmo nos próprios autos da Execução Fiscal, considerando,
ainda, que o cliente teve penhora nos autos.

Resolução da Peça

Douto Juízo Federal da 1ª Vara da Fazenda Pública da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande
do Sul

Execução Fiscal Nº ...


Exequente: União Federal.
Executados: Peppa Pig Indústria de Brinquedos Ltda.
Guigui
Nini

Guigui, estado civil ..., profissão ..., inscrito no CPF sob o nº ..., com endereço eletrônico ...,
residente e domiciliado ..., vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seu
advogado (procuração anexa), este com endereço profissional ..., local onde receberá intimações,
nos termos dos artigos 5º, XXXV e LV da Constituição Federal e Súmula 393 do STJ, propor a
presente:
EXCEÇÃO DE PRÉ EXECUTIVIDADE
Em face da Execução Fiscal ajuizada pela União Federal, pessoa jurídica de direito público,
inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ..., estabelecida ..., neste ato representada por
seu procurador, na forma do artigo 75, I, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Do Cabimento da EPE
Reza a Súmula 393 do STJ que existirá possibilidade de cabimento de Exceção de Pré
Executividade em sede de defesa em Execução Fiscal, desde que a matéria seja de ordem
pública e seja desnecessária a produção/dilação probatória.
No presente caso, existe a possibilidade de Exceção de Pré Executividade, uma vez que a matéria
a ser arguida não carece de dilação probatória e, conforme o próprio enunciado, a defesa deverá
ser realizada nos autos da Execução Fiscal. Outrossim, a matéria a ser arguida independe de
ampla produção probatória, ou seja, podendo, assim, o juiz apreciá-la de ofício e decidir pela
causa impeditiva de realização da Execução Fiscal.
Diante disso, compreende-se possível o ajuizamento da presente Exceção de Pré Executividade,
uma vez atendidos os requisitos da Súmula 393 do STJ e o que igualmente expresso no
enunciado da questão.
Por fim, vale ressaltar que a parte excipiente anexa à presente petição todos os documentos
necessários, a fim de comprovar seu direito, mais uma vez justificando a desnecessidade de
dilação probatória, uma vez que, igualmente, todas as provas necessárias são pré constituídas.

II – Dos Fatos
O presente caso trata-se de Execução Fiscal movida pela União Federal contra a empresa Peppa
Pig Indústria de Brinquedos Ltda. e seus sócios, referente ao possível IPI devido e não satisfeito.
Ocorre que, após tentativas sem sucesso de efetuar a penhora de bens da empresa e/ou a
satisfação do crédito pelas partes, a União Federal obteve êxito na penhora de uma lambreta
registrada em nome do sócio Guigui. Considerando que o mesmo fora intimado da penhora em
20/12/16, procurou um advogado a fim de efetuar sua defesa.

III – Dos Direitos


Reza o artigo 135, III, do CTN que somente poderá ser responsabilizado pelo pagamento de
tributos, pessoalmente, os sócios gestores que cometerem atos abusivos ou com excesso de
poderes na sua administração do empreendimento comercial.
No presente caso, houve o simples ajuizamento da Execução Fiscal contra o sócio Guigui, que
não era administrador, logo, não podendo ser responsabilizado pessoalmente por eventuais
excessos cometidos pelo sócio administrador Nini.
Sendo assim, compreende-se pela impossibilidade de realização da Execução Fiscal, uma vez
que Guigui não fora inscrito na CDA, assim como não poderá ser responsabilizado pela dívida
fiscal, frente ao que disposto no artigo 135, III, do CTN.
Igualmente, reza a Súmula 430 do STJ que não caberá responsabilidade de sócio pelo mero
inadimplemento de tributo.
No presente caso, houve a responsabilização do sócio pelo simples ajuizamento da Execução
Fiscal, portanto, reforçando a tese da ilegalidade da cobrança do sócio, bem como da Execução
Fiscal.

IV – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) o recebimento da presente Exceção de Pré Executividade.
b) A intimação da parte contrária para manifestar-se e ter ciência da presente petição, na forma
do artigo 7º do CPC e artigo 5º, LV, da CF.
c) Que seja acolhida a presente Exceção de Pré Executividade e dado provimento ao pedido, para
que seja extinta a presente Execução Fiscal, extinguindo, igualmente, o crédito tributário, nos
termos do artigo 156, X, do CTN. Igualmente, deseja que seja declarada nula a dívida cobrada e
a CDA lançada, ordenando o cancelamento da inscrição em dívida ativa.
d) A inversão da condenação em custas e honorários advocatícios sucumbenciais na forma do
artigo 82, §2º e 85, §3º do CPC.

Nestes termos, pede deferimento.


Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...
9. Teoria Geral dos Recursos

O que é recurso? Uma ferramenta processual que pode ser questionada dentro do
processo. Um ato de caráter decisório do órgão jurisdicional que está julgando minha causa.
Poderei, portanto, me manifestar sobre uma discordância e modificar a decisão em razão do
fundamento cujo mesmo não concordo com a decisão.
Vale ressaltar que o recurso é questão de livre arbítrio daquele que recorre. Não existe
obrigação para tanto, fora aquelas condições impostas na lei, como por exemplo, reexame
necessário.

Qual a diferença entre Decisão Interlocutória e Sentença: terminar a atuação do juiz de


primeiro grau, mesmo resolvendo o mérito (enfrenta o mérito da causa) ou não (termina sem
definir o mérito), quanto a sua decisão final, caberá sentença, assim, será o exaurimento do
processo dentro do primeiro grau. Só que entre a inicial e a sentença, haverão decisões
interlocutórias onde o juiz também precisará decidir, mas não terminará o feito. Aqui é o exemplo
da tutela antecipada ou liminar.
Já no que tange ao Tribunal. Inicialmente, cabe dizer que lá não serão mais juízes, mas
sim Desembargadores. Quando recorre alega-se erro quanto ao procedimento ou a matéria.
Assim, se busca atacar nos recursos: reforma ou anulação.
Se existe erro de um procedimento, quando alguém desrespeita uma norma legal, existe
decisão contrariando a lei, como conduzir a forma do processo. Assim, diante deste desrespeito,
pede-se a anulação. Aqui é erro ad procedendo. Quando estou diante de um erro anulável, pede-
se ao Tribunal que, caso dê procedência ao pedido, para que seja anulada a decisão, requerendo
que o processo seja remetido novamente para julgamento. Assim, o Tribunal não faz nova
decisão.
Agora, se o feito é conduzido pelo procedimento correto, mas não concordo com o
conteúdo, aí eu peço a reforma. Aqui é erro ad judicando. Imagine que o juiz sentenciou de
maneira correta. Julgou de maneira correta, não quer dizer que ele julgou de maneira correta.
Quando eu recorrer desta sentença, no que tange ao conteúdo, vou pedir para o Tribunal
reformar a decisão, a fim de que seja proferida nova decisão para modificar àquela. Logo, é uma
decisão de caráter substitutivo.
Jamais peça procedência de recurso. Recurso você pedirá sempre provimento. Dar
provimento é dar julgamento procedente no que tange ao Recurso. Assim, o Desembargador vai
dar ou não o provimento do Recurso.

São os requisitos do recurso:

INTRÍNSECOS

•Cabimento (recurso certo)


•Legitimidade (legitimação, parte, prejudicada)
•Interesse (é possível)
•Inexistência de Fatos Impeditivos e Extintivos do direito de recorrer

EXTRÍNSECOS

•Tempestividade
•Preparo
•Regularidade Formal

Para Resp ou RE:


- Pré-Questionamento.
- Esgotamento das Vias Recursais Ordinárias.

E ainda, se for RE:


- Repercussão Geral.
10. Recurso de Agravo de Instrumento, Interno e Apelação

O presente recurso apresenta como fundamento legal o artigo 1.015 do NCPC. Tal medida
será utilizada pelo contribuinte quando, dentro de um processo judicial, houver decisão
interlocutória.
Outrossim, via de regra, tal medida é realizada especialmente quando:
• O juiz indeferir pedido liminar ou tutela de urgência.
• O juiz indeferir ou extinguir a petição de Exceção de Pré-Executividade.
• O juiz indeferir pedido de efeito suspensivo da Execução Fiscal.

Lembre-se que o presente recurso será utilizado SEMPRE para desafiar decisão
interlocutória proferida em sede de 1º Grau, ou seja, pelo JUIZ.
Considerando que repassamos sobre o presente recurso, vamos agora vislumbrar uma
estruturação da presente peça tratada neste capítulo. É importante dizer que o presente material
deverá ser complementado com as aulas ao vivo que serão realizadas conforme grade de
horários.

Enunciado da Peça

Priscila e Márcia são sócias cotistas da Melati Indústria e Comércio Ltda., que responde por dívida
previdenciária no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Foi proposta execução em face
da pessoa jurídica e das sócias, que tramita na 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso,
em Cuiabá. As sócias apresentaram exceção de pré-executividade, sob o argumento de que não
poderiam responder pelas dívidas da empresa. O juiz não acolheu os argumentos das sócias da
empresa, mantendo os seus nomes no polo passivo da demanda, com fundamento no art. 13 da
Lei nº 8.620/1993 combinado com o art. 124, inciso II, do Código Tributário Nacional. A decisão foi
publicada em 26 de janeiro de 2006. Como advogado (a) das sócias, tome as medidas judiciais
cabíveis, e considere que a ação é contemporânea à época visualizada no problema.
Resolução da Peça

Ilustríssimo Senhor Presidente do Tribunal Regional Federal da ... Região

Processo de nº ...
Agravante: Priscila e Márcia
Agravada: União

Priscila, estado civil ..., profissão ..., inscrita no CPF sob o nº ..., residente e domiciliada ...,
endereço eletrônico ..., e Márcia, estado civil ..., profissão ..., inscrita no CPF sob o nº ..., residente
e domiciliada ..., endereço eletrônico ..., vem por meio de seu procurador (procuração anexa),
estabelecido ..., local onde receberá intimações, perante Vossa Excelência, nos termos do artigo
Art. 1.015, §º único do CPC, interpor o presente:

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL

Em face de decisão interlocutória que negou acolhimento da Exceção de Pré Executividade, nas
folhas ..., dos autos do processo de nº ..., que litiga contra a União, pessoa jurídica de direito
público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ..., estabelecida ..., neste ato
representada por seu representante, na forma do artigo 75, I, do CPC, pelos fatos e razões de
direito abaixo aduzidas.

I – Do Cabimento e Pressupostos de Admissibilidade


Conforme reza o artigo 1.015, §º único do CPC, a decisão interlocutória proferida por juiz em sede
de processo executório, poderá ser impugnada por agravo de instrumento.
Ocorre no presente caso que as partes agravantes realizaram exceção de pré executividade
considerando a existência de execução fiscal contra as mesmas.
Diante disso, torna-se possível e cabível a interposição do presente recurso, visto que também
estão atendidos os demais requisitos intrínsecos de admissibilidade do recurso, ou seja, as partes
são legítimas na forma do artigo 996 do CPC, bem como não ocorre nenhum fato impeditivo,
extintivo do direito de recorrer, na forma dos artigos 998 até 1.000 do CPC.

II – Da Tempestividade e do Preparo
Reza o artigo 1.003, §5º do CPC que poderá ser interposto o presente recurso no prazo de 15
dias. Ocorre no presente caso que a decisão foi publicada em 26 de janeiro de 2006.
Considerando a contemporaneidade da elaboração do presente recurso, compreende-se
tempestiva a interposição do presente agravo de instrumento.
Rezam os artigos 1.017, §1º e 1.007 do CPC que para a interposição do presente recurso deverá
a parte efetuar o pagamento do preparo. Diante desta necessidade, solicitam as partes
agravantes a juntada do comprovante do pagamento das custas de preparo, requisito este
indispensável para a realização do presente recurso.

III – Das Peças Obrigatórias


Reza o artigo 1.016, IV, do CPC que deverá a parte agravante anexar ao seu recurso todos os
documentos e peças obrigatórias. Outrossim, previsão igual resta presente no artigo 1.017, I e
§1º do CPC.
Igualmente, resta anexado ao presente recurso cópia das procurações dos procuradores das
partes, com suas devidas qualificações e endereços.
Por fim, igualmente, resta dizer o agravante que está em anexo cópia da peça portal, da decisão
interlocutória, do comprovante de intimação da decisão, da guia de recolhimento e das cópias da
inicial e contestação.

IV – Das Peças Facultativas


Reza o artigo 1.017, III, do CPC que poderá a parte recorrente, ora agravante, apresentar no
presente recurso peças de cunho não obrigatório, ou seja, facultativas. Diante disso, apresenta
as partes agravantes peças que compreendem importantes para o julgamento do presente
recurso.

V – Do Conhecimento do Juízo de 1º Grau


Reza o artigo 1.018 do CPC que para o juízo de admissibilidade do presente agravo de
instrumento deverão ser obedecidos os seguintes requisitos: a juntada da cópia no prazo de até
3 dias do agravo de instrumento, do comprovante de interposição e dos documentos que foram
anexados ao presente agravo. Diante disso, obedece o agravante o que acima exposto para
efeitos de não existir inadmissibilidade do presente recurso.

VI – Dos Fatos
As partes agravantes peticionaram nos autos da Execução Fiscal desejando as suas exclusões
do polo passivo, visto que compreendem não serem devedoras da quantia tributária devida à título
de contribuição previdenciária.
No presente caso, houve decisão interlocutória proferida pelo magistrado não acolhendo o pedido
realizado pelas partes, fundamentando sua decisão com fulcro em lei ordinária.
Diante disso, não restou outra alternativa às agravantes, a não ser de interpor o presente recurso.

VII – Do Direito - Das Razões de Reforma


Reza a Súmula 430 do STJ que os sócios gerentes não poderão ser responsáveis
automaticamente por dívida da empresa. No presente caso, além dos sócios não serem gerentes,
visto que são quotistas, não poderá ser atribuída responsabilidade para às mesmas, eis que não
podem ser responsabilizadas automaticamente. Diante disso, considerando o que previsto na
Súmula 430 do STJ, compreende-se pela impossibilidade de buscar a responsabilização dos
sócios quotistas agravantes.
Outrossim, reza o artigo 146, III, “a” e “b” da Constituição Federal que somente caberá à lei
complementar estabelecer quem serão os contribuintes e suas respectivas obrigações. No
presente caso, a decisão do magistrado foi proferida com fundamento em lei ordinária. Diante
disso, considerando o que previsto no artigo 146, III, “a” e “b” da Constituição Federal,
compreende-se pela ilegalidade de tal responsabilização, visto que não caberá à lei ordinária
legislar em matéria atinente somente à lei complementar.

VIII – Da Antecipação de Tutela Recursal


Reza o artigo 995, §º único do CPC combinado com o artigo 1.019, I do CPC que poderão as
partes agravantes solicitar a concessão da antecipação da tutela recursal.
Ocorre, no presente caso, que houve indeferimento do pedido de exclusão das sócias da
execução fiscal, sendo assim proferida decisão interlocutória.
Diante disso, resta esclarecido que as partes agravantes observam os requisitos necessários para
o provimento do pedido de tutela recursal, uma vez que estão preenchidos os requisitos dispostos
no artigo 300 do CPC, ou seja, fundamento relevante e perigo de dano.

IX – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:

a) seja admitido o presente recurso, uma vez presentes os requisitos e pressupostos de


admissibilidade, mais notadamente aqueles previstos nos artigos 1.017, §1º combinado com o
artigo 1.007 e artigo 1.003, §5º, todos do CPC.
b) Seja intimada a parte agravada para que, desejando, apresente suas contrarrazões no prazo
legal de 15 dias, na forma do artigo 1.003, §5º do CPC e artigo 1.019, II, do CPC.
c) Seja intimado o membro do Ministério Público para que, desejando, apresente suas
considerações sobre o presente recurso, na forma do artigo 1.019, III, do CPC.
d) Seja deferida por Vossa Excelência o pedido de antecipação de tutela recursal, na forma do
artigo 995, §º único do CPC e artigo 1.019, I, do CPC.
e) Por fim, desejam os agravantes que seja provido o presente recurso de agravo de instrumento,
sendo prolatado novo acórdão, reformando-se a decisão interlocutória indeferida, para efeitos de
extinguir do polo passivo da Execução Fiscal as sócias quotistas, com fundamento na Súmula 430
do STJ e artigo 146, III, “a” e “b”, da Constituição Federal.

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...

Após visualizarmos e compreendermos o recurso de Agravo de Instrumento, vamos falar


um pouco sobre o recurso de Apelação. O presente recurso apresenta como fundamento legal o
artigo 1.019, II do NCPC. Tal medida será utilizada quando houver sentença, inobstante seja ela
com ou sem resolução de mérito.
Mas afinal o que é sentença? Sentença é a decisão proferida pelo JUIZ, em sede de 1º
GRAU, onde o mesmo encerra sua participação no processo. Vale ressaltar: via de regra, caberá
apelação, mas nem sempre será somente apelação.
É importante, ainda, ressaltar que:
• Julgou os Embargos à Execução? Apelação.
• Julgou Exceção de Pré-Executividade? Agravo.
• Acolheu Exceção e Extinguiu Execução? Apelação.
• Decisão que não concede Mandado de Segurança? Apelação.

Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre o recurso, vamos
agora vislumbrar um modelo de peça-prática do presente recurso tratado neste capítulo. É
importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao vivo que
serão realizadas conforme grade de horários.
Enunciado da Peça

Em janeiro de 2007, a Fazenda Nacional lavrou auto de infração em face da pessoa jurídica ABC,
visando a cobrança de contribuições previdenciárias dos anos de 2005 e 2006. Não houve
impugnação administrativa por parte do contribuinte. Em janeiro de 2014, a Fazenda Nacional
ajuizou execução fiscal em face da pessoa jurídica ABC visando a cobrança do referido tributo.
Antes mesmo da citação da contribuinte, a Fazenda Nacional requereu a inclusão, no polo passivo
da execução fiscal, de Carlos, gerente da pessoa jurídica ABC, por entender que o não
recolhimento da contribuição é motivo para o redirecionamento da execução, o que foi acolhido
pelo Juízo da 2ª Vara de Execuções Fiscais da Seção Judiciária do Estado X. Após garantia do
Juízo, Carlos opôs embargos de execução alegando a prescrição do crédito tributário, a ausência
de responsabilidade tributária e, por fim, a nulidade da certidão de dívida ativa, uma vez que não
constava na Certidão de Dívida Ativa (CDA) o número do auto de infração que originou o crédito
tributário. No entanto, ao proferir a sentença nos embargos à execução, o juiz julgou improcedente
o pedido, determinando o prosseguimento da execução fiscal, por entender que:
(i) Inexiste prescrição dos créditos tributários, uma vez que às contribuições previdenciárias se
aplicam os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91;
(ii) O mero inadimplemento gera responsabilidade tributária; e
(iii) A inexistência do número do auto de infração na CDA não gera a referida nulidade.
Diante do exposto, elabore, como advogado (a) de Carlos, a medida judicial cabível contra a
decisão publicada na quarta-feira, dia 21/09/2016, dia útil, para a defesa dos interesses de seu
cliente, abordando as teses, o prazo recursal, todos os fundamentos legais que poderiam ser
usados em favor do autor, ciente de que inexiste qualquer omissão, contradição e/ou obscuridade
na decisão. (Valor: 5,00)
Resolução da Peça

Douto Juízo Federal da 2ª Vara das Execuções Fiscais da Seção Judiciária do Estado...

Autos do processo nº ...


Embargante: Carlos
Embargado: União

Carlos, nacionalidade, estado civil, inscrito no CPF sob o nº ..., com endereço eletrônico ...,
residente e estabelecido ..., vem por intermédio de seu procurador (procuração em anexo),
estabelecido este ..., local onde receberá intimações, apresentar, com fundamento no artigo 1.009
do CPC:

APELAÇÃO

Em face da sentença proferida por Vossa Excelência nos autos do processo nº ..., folhas ..., onde
litiga com a União, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço
eletrônico ..., estabelecida ..., pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

I – Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) que o presente recurso seja recebido e admitido, uma vez presentes todos os requisitos de
admissibilidade.
b) Que a parte contrária seja intimada para que, caso queira, manifeste-se e apresente suas
contrarrazões recursais, no prazo de 15 dias, na forma do artigo 1,010, §1º do CPC.
c) Caso Vossa Excelência compreenda pela não observância dos requisitos de admissibilidade,
que seja observado o que disposto no artigo 1.010, §3º do CPC.
d) O presente recurso seja recebido em seu efeito suspensivo e devolutivo, na forma dos artigos
1.012 e 1.013 do CPC.
e) Que o presente recurso seja remetido para o Tribunal Regional Federal.

Nestes termos, pede deferimento.


Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...
DAS RAZÕES RECURSAIS

Egrégio Tribunal Regional Federal da Região ...


Doutos Desembargadores
Douto Relator Desembargador
Autos do Processo nº ...
Apelante: Carlos
Apelada: União

I – Cabimento
Reza o artigo 1.009 do CPC que da decisão de 1º grau onde fora proferida sentença, caberá a
interposição de recurso de apelação.
Diante disso, considerando que da sentença dos embargos não existe omissão, obscuridade ou
contradição, compreende-se possível a interposição do presente recurso para fazer reformar a
decisão proferida pelo juízo de 1º grau.
Outrossim, resta salientar que estão presentes todos os requisitos de admissibilidade, seja
aqueles extrínsecos ou intrínsecos para a interposição do presente recurso de apelação. Mais
notadamente se fazem presentes os requisitos de legitimidade, na forma do artigo 996 do CPC.
Além disso, não existe causa impeditiva ou extintiva de direito, na forma dos artigos 998 até 1000,
todos do CPC. E cumpre ainda à parte apelante o requisito de forma, exposto no artigo 1.010 do
CPC.

II – Tempestividade e preparo
Reza o artigo 1.003, §5º do CPC que o presente recurso de apelação deverá ser interposto no
prazo de 15 dias úteis, igualmente, observando o que leciona o artigo 212 do CPC. Diante da
ocorrência da intimação, no dia 21/09/2016, contando o prazo em dias úteis, compreende-se
totalmente possível a interposição do presente recurso, uma vez que tempestiva a sua realização.
Igualmente, leciona o artigo 1007 do CPC que deverá a parte apelante realizar o preparo (custas
judiciais) para que seja interposto o recurso de apelação.
Doutos Desembargadores. Os presentes embargos à execução fiscal têm origem na Execução
Fiscal promovida pela União, em razão do possível inadimplemento da Pessoa Jurídica ABC, no
que tange à contribuições previdenciárias devidas e não satisfeitas.
Inobstante o ajuizamento da Execução Fiscal, ocorre que a União, não satisfeita em ingressar
contra a Pessoa Jurídica ABC, acabou por solicitar o redirecionamento, antes mesmo da citação
da executada, ao apelante, então sócio gerente da empresa Carlos.
Diante da não concordância de Carlos e da existência da garantia do juízo, o mesmo optou em
ingressar com Embargos à Execução Fiscal pedindo a sua procedência, tendo em vista que:
existe prescrição, não houve observância dos requisitos da CDA e não existe responsabilidade.
Assim, diante dos Embargos interpostos, ocorre que houve sentença improcedente. Sendo assim,
diante da inexistência de obscuridade, contradição ou omissão, resolveu a parte apelante interpor
o presente recurso.

IV – Direitos
Considerando o que disposto na Súmula Vinculante nº 08 do STF compreende-se inconstitucional
a previsão legal disposta nos artigos 45 e 46 da Lei 8.21291. Além disso, os presentes artigos
são inconstitucionais em razão da não observância da necessidade de lei complementar legislar
sobre normais gerais de direito tributário, na forma do artigo 146, III, “b”, da CF.
Diante disso, considerando a inconstitucionalidade dos artigos da lei ordinária acima referida,
compreende-se que houve prescrição das contribuições cobradas, uma vez que o auto de
infração fora lavrado em 2007 e a Execução Fiscal interposta apenas em 2014, logo, decorridos
o prazo superior a 5 anos, ocorrendo, portanto, a prescrição, na forma do artigo 174 do CTN.
Leciona, igualmente, o artigo 135 do CTN que somente poderá existir responsabilidade do sócio
gerente se houver desvio de finalidade ou excesso de poderes. Considerando a sua inexistência,
compreende-se não ser possível o redirecionamento da Execução Fiscal contra o Sócio Gerente
Carlos. Outrossim, tal fundamento também guarda relação total com o que disposto na Súmula
430 do STJ, eis que, segundo a mesma, o mero inadimplemento de tributo pela pessoa jurídica
não gera responsabilidade automática do sócio gerente.
Leciona o artigo 202, inciso V, do CTN, que a Certidão de Dívida Ativa deverá cumprir requisitos,
e um destes é a referência ao nº do auto de infração, cujo qual o débito fora originado.
Considerando a inexistência de tal consideração na CDA, compreende-se nula a mesma.
Outrossim, tal fundamento é respaldado pela Lei 6.830/80 no seu artigo 2º, §5º, eis que a nulidade
de tal CDA acabou por deixar de lado o princípio básico de violação ao devido processo legal.

V – Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) que o presente recurso seja recebido e admitido, eis que presentes todos os requisitos de
admissibilidade, sejam os intrínsecos e os extrínsecos. Mais notadamente, estão presentes os
requisitos do preparo, na forma do artigo 1.007 do CPC e da tempestividade, na forma do artigo
1.003, §5º do CPC.
b) Requer a possibilidade de que o relator dê provimento ao presente recurso de forma
monocrática, uma vez que a decisão viola as súmulas do STF e do STJ, conforme acima exposto
nas razões recursais, nos termos do artigo 932, V, alínea “a”, do CPC. (Nem sempre terá – somente
conforme possibilidade aventada pelo CPC).
c) Entretanto, caso Vossa Excelência compreenda não ser possível julgar monocraticamente, que
a sentença seja totalmente reformada, sendo assim, provido o presente recurso, eis que existe
prescrição, ausência de responsabilidade do sócio e nulidade de CDA.
d) Que sejam invertidos os ônus sucumbenciais fixados na sentença, condenando, assim, a parte
apelada nas custas processuais e nos honorários advocatícios.

Nestes termos, pede deferimento.


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Advogado ... OAB ...
11. Recurso de Agravo Interno e Ordinário Constitucional

O presente recurso trata-se do grande bicho papão do Exame de Tributário que fora objeto
de cobrança até os dias de hoje. Ele servirá basicamente para questionar as decisões proferidas
por Desembargador Relator, em sede de 2º Grau (Tribunal).
O Agravo Interno apresenta como fundamento básico o art. 1.021 do CPC e deverá ser
endereçado observando o disposto no regimento interno do tribunal = decidir quem vai julgar.
Ainda, é importante ressaltar que o recurso será de duas petições: folha de rosto para
relator (admissão + contrarrazões) e folha das razões para o órgão colegiado, conforme
regimento interno.
O recurso de agravo de interno deverá ser utilizado quando o contribuinte/examinando
desejar desafiar decisão proferida de forma monocrática pelo desembargador (quando for
Tribunal), ou ministro (quando for Tribunal Superior) em seu respectivo tribunal.
Logo, o examinando deverá lembrar que nos tribunais vige o princípio do colegiado, ou
seja, o recurso uma vez interposto deverá ser julgado por um conjunto de desembargadores ou
ministros que componham determinada câmara ou turma do respectivo tribunal. Entretanto,
determinados recursos e excepcionalmente, a lei autoriza que sejam julgados de forma
monocrática pelo relator. E para estas decisões monocráticas é que caberá o recurso de agravo
interno.
O fundamento base do recurso de agravo interno é o art. 1.021 do CPC. Trata-se de
petição também realizada sobre duas vertentes: a folha de rosto dirigida ao relator que julgou
monocraticamente e a folha das razões que deverá ser dirigida para o colegiado.
Este recurso de agravo interno deverá ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias úteis
da intimação da decisão monocrática, mas, entretanto, não terá a exigência de custas recursais
para que seja realizado e admitido. Neste recurso, terá a parte contrária possibilidade igualmente
de contra-arrazoar atendendo ao contraditório e ampla defesa, bem como o magistrado que
proferiu decisão monocrática o direito de retratar-se.
As regras de processamento do agravo interno estarão dispostas junto ao Regimento
Interno de cada Tribunal, portanto não sendo possível a sua exigência dos examinandos do
Exame da Ordem.
Enunciado da Peça

O Município Beta instituiu por meio de lei complementar, publicada em 28 de dezembro de 2012,
Taxa de Iluminação Pública (TIP). A lei complementar previa que os proprietários de
imóveis em áreas do Município Beta, que contassem com iluminação pública, seriam os
contribuintes do tributo. O novo tributo incidiria uma única vez ao ano, em janeiro, à alíquota
de 0,5%, e a base de cálculo seria o valor venal do imóvel, utilizado para o cálculo do Imposto
sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) lançado no exercício anterior. Fulano de
Tal, proprietário de imóvel servido por iluminação pública no Município Beta, recebeu em sua
residência, no início de janeiro de 2013, o boleto de cobrança da TIP relativo àquele exercício
(2013), no valor de 0,5% do valor venal do imóvel, utilizado como base de cálculo do IPTU lançado
no exercício de 2012 – tudo em conformidade com o previsto na lei complementar municipal
instituidora da TIP. O tributo não foi recolhido e Fulano de Tal contratou advogado para ajuizar
ação anulatória do débito fiscal. A despeito dos bons fundamentos em favor de Fulano de Tal, sua
ação anulatória foi julgada improcedente. A apelação interposta foi admitida na primeira instância
e regularmente processada, sendo os autos encaminhados ao Tribunal de Justiça após a
apresentação da resposta ao apelo por parte da Procuradoria Municipal. No Tribunal, os autos
foram distribuídos ao Desembargador Relator, que negou seguimento à apelação sob o
equivocado fundamento de que o recurso era manifestamente improcedente. Não há, na decisão
monocrática do Desembargador Relator, qualquer obscuridade, contradição ou omissão que
justifique a interposição de Embargos de Declaração. Elabore a peça processual adequada ao
reexame da matéria no âmbito do próprio Tribunal de Justiça, indicando o prazo legal para a
interposição do recurso e os fundamentos que revelam a(s) inconstitucionalidade(s) da TIP.

Resolução da Peça

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator


Do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ...
Recurso nº ...
Em face de decisão monocrática proferida nos autos de no ..., fls. ..., que indeferiu o recurso de
apelação através de decisão, no processo em que litiga com o Município Beta, pessoa jurídica de
direito público, inscrita no CNPJ sob o n ..., endereço eletrônico ..., estabelecida ..., neste ato
representada por seu representante na forma do art. 75, III, do CPC, nos termos das razões que
seguem em anexo.

I – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) Que o relator possa se retratar da presente decisão, na forma do art. 1.021, § 2o, combinado
com o art. 932, V, “a”, do CPC, dando, assim, provimento ao recurso, uma vez que existe decisão
que contraria a Súmula Vinculante no 41 do STF.
b) Que a parte contrária seja intimada para que, caso queira, venha produzir contrarrazões do
presente recurso, na forma do art. 1.021, § 2o, do CPC.

Nestes termos, pede deferimento.


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Advogado ... OAB ...

Razões de Recurso

Egrégio Tribunal de Justiça ...


Doutos Desembargadores

Recurso de nº ...
Agravante: Fulano de Tal
Agravado: Município Beta

I – Do Cabimento e Pressupostos de Admissibilidade


Reza o art. 1.021 do CPC que da decisão monocrática realizada por relator caberá agravo interno.
Considerando que no presente caso houve decisão monocrática proferida por desembargador,
considera-se cabível a interposição do presente recurso. Ainda cabe dizer que estão presentes
todos os demais requisitos intrínsecos para a realização do presente recurso, vez que existe
legitimidade, na forma do art. 996 do CPC e não existem causas impeditivas, extintivas ou
suspensivas ao direito de recurso, na forma dos arts. 996 até 1.000
do CPC.

II – Da Tempestividade
O agravante informa que o presente agravo é tempestivo, pois fora observado o prazo legal de
15 dias, conforme o que dispõe o art. 1.003, § 5o, combinado com o art. 212/219, todos do CPC.

III – Dos Fatos


O Município Beta, por intermédio de lei complementar, resolveu criar, em dezembro de 2012,
Taxa de Iluminação Pública com base de cálculo idêntica à de IPTU. Considerando a existência
da hipótese de incidência, Fulano de Tal foi cobrado em Janeiro de 2013, referente a tal exação
fiscal. Não concordando com a cobrança, Fulano de Tal ajuizou Ação Anulatória a fim de
desconstituir e anular tal cobrança, o que fora julgado improcedente. Inconformado com tal
decisão, promoveu a interposição de Apelação, que foi julgada monocraticamente por relator
improcedente. Diante disso, considerando a inexistência de obscuridade, contradição e/ou
omissão, resolveu Fulano de Tal apresentar recurso cabível.

IV – Das Razões para Reforma


Reza a Súmula Vinculante no 41 do STF que não caberá cobrança de taxa de iluminação pública.
Outrossim, reza o art. 145, II, da Constituição Federal, que a taxa não poderá ser cobrada quando
não for específica e divisível. Considerando a cobrança realizada de Fulano de Tal, referente à
taxa de Iluminação Pública, compreende-se inconstitucional e impossível tal cobrança.

Reza o art. 145, § 2º, da Constituição Federal que a taxa não poderá ter base de cálculo igual a
de outro imposto. No presente caso, o Município Beta resolveu instituir cobrança da referida taxa,
observando a base de cálculo de IPTU. Portanto, igualmente, resta salientar que tal cobrança é
inconstitucional, visto que não se observa a base de cálculo adequada para a cobrança da referida
taxa.
Por fim, reza o art. 150, III, “c”, da Constituição Federal que o tributo, uma vez criado, deverá
aguardar 90 dias para ser exigido do contribuinte, ou seja, deverá aguardar a anterioridade
nonagesimal a fim de exigir o tributo. No presente caso, considerando que o tributo foi criado em
dezembro de 2012 e já exigido em janeiro de 2013, compreende-se por sua inconstitucionalidade,
visto que não aguardou o período adequado de 90 dias para a sua perfeita exigência.

V – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) Que o presente recurso seja conhecido e admitido, vez que estão presentes todos os requisitos
de admissibilidade, mais precisamente a tempestividade observando-se o que leciona os arts.
1.003, § 5o, combinado com o art. 212/219 do CPC.
b) Caso não seja realizada a retratação e/ou o julgamento monocrático, na forma do art. 932, V,
“a”, do CPC, que seja conhecido o agravo para que seja remetido à Câmara/Turma para
julgamento, na forma do art. 1.021, § 2º, do CPC, para que enfim seja provido o presente recurso,
a fim de reformar tal decisão, dando-se provimento ao recurso de apelação.

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...

Findo o Agravo Interno, vamos dar início ao Recurso Ordinário Constitucional.


O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça têm respectivamente como
dever institucional e funcional a guarda pela Constituição e da Norma Infra Constitucional.
Entretanto, apesar deste papel singular, a estes tribunais superiores também coube
excepcionalmente o papel de fazer às vezes de segunda grau de jurisdição. Tudo isto com a
finalidade de assegurar o contraditório, ampla defesa e acima de tudo, o duplo grau de jurisdição.
Logo e objetivamente, para poucas situações, será papel do Supremo Tribunal Federal e
do Superior Tribunal de Justiça julgar este Recurso Ordinário Constitucional tendo como escopo
precipuamente o respeito ao duplo grau de jurisdição.
Mas afinal de contas eis quais demandas o STF e o STJ terão de julgar este Recurso
Ordinário Constitucional? Terão de julgar quando houver necessidade de processar
originariamente e diretamente nos tribunais determinadas ações, como por exemplo, um
Mandado de Segurança contra ato do Secretário da Fazenda e/ou Governador do Estado que
normalmente terá como foro de competência originária o Tribunal de Justiça. Logo, neste caso
exemplificado, do acórdão denegatório de segurança caberá buscar a reforma da decisão
através de um ROC para o STJ.
O Recurso Ordinário Constitucional encontra previsão nos artigos 102, II da Constituição
Federal e 105, II da Constituição Federal.
Para efeitos de Direito Tributário e Exame da Ordem cai ao lanço afirmar sobre o
cabimento:
1º) De acórdão denegando a segurança proferido pelo STJ contra ato do Ministro da Fazenda ->
caberá ROC para o STF.
2º) De acórdão denegando a segurança proferido pelo STJ contra ato de Secretário/Governador do
Estado -> caberá ROC para o STJ.
3º) De sentença proferida na Justiça Federal de demanda que envolva Estado Estrangeiro ou
Organismo Internacional versus Município ou Pessoa Física -> caberá ROC para o STJ.

É importante frisar que em se tratando de Mandado de Segurança apenas caberá o


Recurso Ordinário Constitucional quando tratar-se de procedimento impetrado diretamente em
foro de competência originária e a decisão for denegatório. Acaso for sentença denegando à
segurança em um simples Mandado de Segurança, caberá Apelação.
Outra informação bastante relevante é que, apesar do texto legal sempre referir-se sobre
a possibilidade do ROC enquanto tratar-se apenas de decisão denegatória de Mandado de
Segurança impetrado em foro de competência originária, já existe leve preponderância
doutrinária e até jurisprudencial sobre o cabimento também do ROC quando tratar-se de acórdão
terminativo, isto é, que extingue o remédio constitucional sem julgar o mérito.
Sobre o cabimento do Recurso Ordinário Constitucional também encontramos previsão
de cabimento no CPC, mais precisamente à partir do artigo 1.027.
O presente Recurso Ordinário deverá ser interposto observando-se o prazo geral, isto é,
15 dias úteis da intimação da decisão na forma do artigo 1.003, §5º do CPC combinado com os
artigos 212/219 também do CPC. Ademais para interposição do mesmo deverá a parte
recorrente efetuar o pagamento das custas recursais obedecendo o artigo 1.007 do CPC.
Já no que tange ao efeito suspensivo, considerando a omissão legal, muitos doutrinadores
sustentam que o presente recurso terá apenas efeito devolutivo. Entretanto, salvo melhor juízo,
compreende-se que tal efeito suspendido poderá ser formulado ao juízo nos exatos termos do
artigo 1.012, §3º e 1.029, §5º todos do CPC.
Por fim, cabe dizer que apesar das situações excepcionais de cabimento, o presente
recurso guarda enorme similaridade com a apelação. Tanto é verdade que o próprio CPC faz
menção que o presente recurso deverá seguir as regras da apelação.
Enunciado da Peça

A sociedade empresária Sigma S/A, concessionária de serviço público de telefonia, foi autuada
pelo Fisco do Estado X, em 31/07/2017, por não recolher ICMS sobre operações de habilitação de
telefone celular ocorridas de janeiro a junho de 2010, sendo-lhe dado prazo de trinta dias para
pagamento do débito tributário. Inconformada com a exigência, a sociedade resolve primeiro tentar
desconstituir tal autuação na via administrativa, recorrendo ao Conselho de Contribuintes do
Estado X. Nesse órgão colegiado administrativo, o recurso da sociedade tem seu provimento
negado. Irresignada, a sociedade empresária interpõe recurso hierárquico ao Secretário Estadual
de Fazenda, conforme permitia a legislação do Estado X. O Secretário de Fazenda nega
provimento ao recurso, mantendo a exigência de cobrança do tributo. Esgotada a via
administrativa, a empresa imediatamente ingressa em juízo com mandado de segurança de
competência originária do Tribunal de Justiça local contra o ato do Secretário Estadual, nos termos
do estabelecido pela Constituição do Estado X. Julgado o mandamus pelo Tribunal de Justiça local,
a ordem é denegada e a empresa é condenada em honorários sucumbenciais em favor da Fazenda
Pública estadual. Diante desse cenário, sete dias úteis após a intimação dessa decisão, como
advogado(a) da sociedade empresária Sigma S/A, redija a medida judicial adequada para tutela
dos interesses do contribuinte no bojo desse mesmo processo.

Resolução da Peça

Douto Desembargador Presidente ou Vice Presidente do Estado X


Autos do Processo nº ...

Sigma S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., com atos constitutivos
em anexo, endereço eletrônico ..., estabelecida ..., neste ato representada por seu procurador
(procuração em anexo), este estabelecido ..., local onde receberá intimações, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 105, II, B da Constituição
Federal e artigos 1.027 e 1.028 do CPC, interpor o presente:

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Em face do acórdão proferido nos autos do processo nº ..., em que denegou a segurança
requerida, do processo que move em face do Estado X, pessoa jurídica de direito público, inscrita
no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ..., estabelecida ..., neste ato representada por seu
representante, na forma do artigo 75, II do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.
I – Dos Pedidos
Ante o exposto requer:
a) a intimação da parte recorrida, para que desejando, venha apresentar contrarrazões nos termos
do artigo 1.028, §2º combinado com o artigo 183 do CPC.
12. Recurso Especial e Recurso Extraordinário

O presente recurso apresenta como fundamento legal o artigo 1.029 e seguintes do


NCPC. Ademais, apresenta-se como fundamento o artigo 105, III, “a”, da Constituição Federal.
Tal medida será utilizada quando houver acórdão (resultado de 2º Grau) que contrarie norma
federal, exemplificando, o CTN.
Agora, lembre-se de algo muito importante: ele sempre será realizado contra decisão
proferida em sede de TRIBUNAL.

Tem competência na Constituição Federal e quem julgará é o STJ.


Tem previsão no art. 105, III, da CF.
Art. 994, VI do CPC traz sua possibilidade.
Art. 1029 até 1.041 do CPC traz especificidades.

CABIMENTO: terá como objeto reformar decisão de TJ ou TRF, nos casos previstos no
art. 105, III, da CF. Poderá ocorrer de decisão que contrarie lei federal (lei complementar, CTN),
e interpretação divergente entre tribunais.
Lembrar dos requisitos de admissibilidade: total de 9 (Pré questionamento + Esgotamento
das vias recursais ordinárias).
Considerando que repassamos por alguns tópicos sobre a presente demanda, vamos
agora vislumbrar uma estrutura do presente recurso tratado neste capítulo. É importante dizer
que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao vivo que serão realizadas
conforme grade de horários.

Resolução da Peça

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente ou Vice Presidente do Tribunal de


Justiça do Estado ... (aqui poderá ser Tribunal Regional Federal da ... Região)
Processo n º ...
Recorrente ...
Recorrido ...

Qualificação do Recorrente (artigo 319, II, do CPC), vem por intermédio de seu advogado
(procuração em anexo), estabelecido ..., local onde receberá intimações, respeitosamente
perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 105, III, ..., da CF e dos artigos 994, VI, e 1.029
até 1.041, todos do CPC, interpor o presente:

RECURSO ESPECIAL

Em face da decisão prolatada por Vossas Excelências, por intermédio do acórdão motivado pelo
recurso de apelação, nas folhas ..., nos autos do processo supra indicado, em que litiga com a
qualificação do recorrido (art. 319, II, do CPC), pelos fundamentos abaixo aduzidos.

I – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) que o presente recurso seja admitido por Vossa Excelência, uma vez presentes todos os
requisitos de admissibilidade, sejam os intrínsecos e os extrínsecos. Além disso, resta
demonstrado que a matéria estava pré questionada anteriormente e não existe outra possibilidade
de interposição de recurso nas vias ordinárias. Por fim, resta ainda dizer que foram preenchidos
os requisitos da tempestividade e do preparo.
b) Que seja intimada a parte recorrida para que, desejando, apresente no prazo legal suas
contrarrazões, conforme o que disposto no artigo 1.030 do CPC.
c) Por fim, que seja dado prosseguimento no presente recurso, atendendo ao que exposto no
artigo 1.030, II, V, do CPC, e nos termos do inciso V seja encaminhado os autos processuais por
completo ao Superior Tribunal de Justiça. Por fim, que Vossa Excelência atribua ao presente
recurso efeito suspensivo, nos termos do artigo 995, §º único e artigo 1.029, §5º, ambos do CPC.

Nestes termos, pede deferimento.


Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...

RAZÕES DE RECURSO

Egrégio Superior Tribunal de Justiça


Douto Ministro Presidente
Ilustres Ministros
Digno Ministro Relator

Processo nº ...
Recorrente ...
Recorrido ...

I – Dos Fatos
Lembrar do que está exposto no enunciado.
Lembrar da motivação da decisão e dos recursos.

II – Do Cabimento e Pressuposto de Admissibilidade


Reza o artigo 105, III, ..., da CF, que poderá a parte recorrente interpor o presente recurso especial
quando houver ofensa ao direito material ora exposto. Ocorre que a decisão prolatada em 2º grau
deixou de observar o dispositivo eleito no direito material. Por isso, compreende-se possível a
interposição do presente recurso.
Igualmente, no presente caso, resta salientar que estão presentes os requisitos de
admissibilidade. Vale ressaltar aqui que estão presentes todos os requisitos intrínsecos e os
extrínsecos. Além do pré questionamento e do esgotamento das vias recursais ordinárias.
Vale ressaltar que não existe nenhuma inovação recursal que não tenha sido arguida em recurso
anterior, justificando, portanto, o pré questionamento disposto no artigo 1.025 do CPC.

III – Da Tempestividade e do Preparo


O presente recurso especial é tempestivo, uma vez obedecido o prazo de 15 dias para a presente
interposição. Ademais, vale ressaltar que houve o pagamento das custas processuais para
recurso, o que justifica-se com a juntada da guia de pagamento.

IV – Do Direito: Razões para Reforma ou Anulação


Lembrar que para cada tese haverá uma norma, um fato concreto e uma conclusão.

V – Do Efeito Suspensivo
A parte recorrente deseja que Vossa Excelência atribua efeito suspensivo ao acórdão que está
sendo recorrido, impedindo, assim, .... Tudo isso conforme o que disposto no artigo 995, §º único
do CPC, combinado com o artigo 1.029, §5º do CPC. Tudo isso serve para que se evite grande
dano à parte recorrente, eis que está claro o fundamento relevante que alberga seu recurso.

VI – Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:
a) que Vossa Excelência novamente conheça do recurso e o admita, uma vez observados todos
os requisitos de admissibilidade, além disso, foi realizado o pré questionamento e o esgotamento
das vias ordinárias recursais. Por fim, vale ressaltar, ainda, que o presente recurso deve ser
admitido, uma vez tempestivo e realizado o pagamento das custas, na forma dos artigos 1.003,
§5º e art. 1.007, todos do CPC.
b) Que Vossa Excelência dê provimento ao presente recurso para a finalidade de modificar o
acórdão, reformando a mesma de maneira integral, reconhecendo, portanto, o direito da parte
recorrente.
c) Que Vossa Excelência, por fim, inverta os ônus sucumbenciais, notadamente as custas
processuais e os honorários advocatícios, para que seja atribuída a sua responsabilidade à parte
recorrida.

Nestes termos, pede deferimento.


Local ... Data ...
Advogado ... OAB ...

Já o Recurso Extraordinário apresenta como fundamento legal o artigo 1.029 e seguintes


do NCPC. Ademais, apresenta-se como fundamento o artigo 102, III, a, da Constituição Federal.
Tal medida será utilizada quando houver acórdão (resultado de 2º Grau) que contrarie a nossa
carta mãe (Constituição Federal).
Trata-se do recurso que desafia acórdão em matéria constitucional referente a controle
difuso de constitucionalidade. Efeito concreto, inter partes. Lembrar que o enunciado vai narrar
que tribunal violou Constituição, por exemplo.

Tem previsão constitucional e processual.


a. Constitucional: art. 102, II, da CF.
b. Processual: art. 1.029 do CPC.

Lembrar dos requisitos de admissibilidade.


RE: teremos 7 + 3 requisitos = total de 10.
- Pré questionamento.
- Esgotamento das vias recursais ordinárias.
- Repercussão geral.
Agora vamos vislumbrar uma estruturação da presente peça tratada neste capítulo. É
importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao vivo que
serão realizadas conforme grade de horários.
13. Tributo

Ao iniciarmos o estudo do direito tributário, parte material, compreende-se necessário


estudar o conceito de tributo e suas repercussões frente a matéria que será objeto de análise na
presente obra.
Leciona o artigo 3º do CTN que tributo é:

Art. 3º do CTN
Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Diante do referido acima, compreende-se que tributo é toda prestação pecuniária


compulsória, ou seja, uma vez prevista em norma criada pelo respectivo ente competente,
ocorrendo o fato gerador e sem qualquer dispensa prevista na Constituição Federal (imunidades)
ou em norma infraconstitucional (isenções ou convênios), o tributo terá que ser pago. Diante
disso, o pagamento de tributo é obrigatório, compulsório.
Outrossim, o pagamento do referido tributo previsto em norma deverá ser realizado, via
de regra, em dinheiro. Entretanto, o próprio Código Tributário Nacional faculta a possibilidade de
pagamento de tributo mediante a dação em pagamento de bem imóvel, uma vez presente tal
opção nas formas de extinção do crédito tributário.

Art. 156 do CTN


Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
(...)
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
(Incluído pela LCP nº 104, de 2001).

Mas questiona-se: será sempre possível realizar a extinção do crédito tributário, ou seja,
o pagamento mediante dação em pagamento de bem imóvel? A resposta é negativa. Somente
poderá ser assim realizada mediante a existência de alguns requisitos e observações: a)
Necessidade de lei específica e b) do respectivo ente competente.
Ainda, além do ponto acima exposto, pergunta-se: poderão os entes competentes criar
norma infraconstitucional que estabeleça novas formas de extinção do crédito tributário, como
por exemplo, dação em pagamento de bem móvel?
Mediante análise legalista e constitucionalista, compreende-se que não, visto que a
Constituição Federal, no seu artigo 146, é bastante clara ao afirmar que as normas gerais de
direito tributário somente poderão ser realizadas pela União, mediante lei complementar.
Ainda, sobre o conceito de tributo, leciona o artigo 3º do CTN que nenhum tributo poderá
ter caráter sancionatório, ou seja, ser forma de punição a qualquer pessoa. Por esta razão,
compreende-se que, se alguém vende drogas, pratica o jogo do bicho ou realiza crime ambiental,
para este jamais poderá ser criado um tributo como espécie de sanção ou punição pelo ato
realizado.
Mas, importante dizer que os frutos oriundos da atividade ilícita poderão ser tributados,
visto que na forma do artigo 118, I do Código Tributário Nacional abstrai-se a validade dos fatos
jurídicos praticados pelo contribuinte. Logo, para o direito tributário, aplicamos o princípio da
pecunia non olet, ou seja, o dinheiro não tem cheiro.
Por fim, vale ressaltar que nenhum tributo será pago, sem lei que o estabeleça, atendendo
ao princípio máximo da legalidade estrita, na forma do artigo 150, I da Constituição Federal, bem
como o administrador público deverá analisar objetivamente o que contido na norma (vinculação
total) para tributar o contribuinte, não podendo, assim, realizar nenhum ato discricionário para a
cobrança do mesmo.
14. Competência Tributária

Mas, afinal de contas, quem poderá criar o que compreendemos de tributo? Lembre-se
que a Constituição Federal não criará nenhum tributo ou fará sua exigência, mas tão somente a
nossa Carta Mãe entregará poderes para que os respectivos entes competentes (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) venham a criar as espécies de tributo.
Antes de citar quais tipos de tributos os entes poderão criar, importante dizer sobre as
características da competência tributária.

a) Indelegável: nenhum ente poderá transferir a sua competência de criar e/ou majorar
tributo para outro ente competente na forma do artigo 7º do CTN.
Entretanto, muito embora indelegável a competência tributária, a capacidade ativa
tributária poderá ser delegada para outra pessoa jurídica de direito público. Mas do que trata-se
a capacidade ativa tributária? Exercer a capacidade ativa tributária não compreende o exercício
da competência de criar e/ou majorar, mas sim o exercício administrativo de fiscalizar, executar
as normas e arrecadar tributo em nome do ente competente. Leia-se os clássicos exemplos do
ITR e IR Retido na Fonte.
b) Facultativa: o ente competente, assim compreendido na forma do texto constitucional,
somente criará o tributo de sua competência se assim desejar. Veja o que diz o artigo 145 da
Constituição:
c) Irrenunciável: nenhum ente poderá abrir mão e/ou renunciar a competência tributária
para qualquer outro ente ou pessoa jurídica, seja pública ou privada.
d) Inalterável: a competência tributária não poderá ser alterada mediante norma
infraconstitucional, podendo sim ser alterada mediante emenda constitucional.

Após analisada as características da competência tributária, temos de saber quais são os


tributos que os entes (União, Estados, DF e Municípios) poderão criar, conforme texto
constitucional.
Imposto de Importação

Imposto de Exportação

Imposto de Renda

Imposto Territorial Rural

Impostos Imposto sobre Operações


Financeiras

Taxa Imposto sobre Grandes Fortunas

Contribuição Imposto sobre Produtos


de Melhoria Industrializados
União

Imposto Extraordinário de Guerra

Imposto Residual

Contribuições Contribuições Sociais


Especiais

Contribuição Previdenciária de
Servidor

Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico
Empréstimo
Compulsório
Contribuição de Categoria
Profissional

Das competências da União, acima expostas, duas questões são extremamente


importantes e tem recorrência em provas: será sempre e somente da União a competência para
criar novos tipos de impostos (os chamados residuais) e novas contribuições sociais residuais.
E tudo isto, somente mediante lei complementar.

Art. 154 e 159 do CTN


Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos
no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base
de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão
da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

Após análise da competência da União, vejamos a competência do Distrito Federal.

Imposto Predial Territorial Urbano

Imposto Transmissão Bens Imóveis

Imposto sobre Serviços


Impostos
Imposto sobre Propriedade Veicular
Taxa
Imposto Transmissão Causa Mortis ou
Doação
Distrito Contribuição
Federal de Melhoria
Imposto sobre Circulação de
Mercadorias

Contribuição Previdenciária de Servidor


Contribuições
Especiais
Contribuição sobre Custeio de
Iluminação Pública

Vale dizer que, na forma do artigo 147 e 155 da Constituição Federal, o Distrito Federal
terá competência cumulativa dos Estados e dos Municípios.
Já os Estados poderão criar os seguintes tributos na forma do artigo 155 da Constituição
Federal:
Imposto sobre Propriedade Veicular

Imposto Transmissão Causa Mortis ou


Impostos
Doação

Taxa Imposto sobre Circulação de Mercadorias


Estados
Contribuição
de Melhoria

Contribuições
Contribuição Previdenciária de Servidor
Especiais

Por fim, os Municípios, na forma do artigo 156 da Constituição Federal, poderão criar os
seguintes tributos:

Imposto Predial Territorial Urbano

Impostos Imposto Transmissão Bens Imóveis

Taxa Imposto sobre Serviços


Municípios
Contribuição
de Melhoria
Contribuição Previdenciária de Servidor
Contribuições
Especiais
Contribuição sobre Custeio de Iluminação
Pública

Ainda, no que tange a competência para os mais variados tributos, faço-me uso da tabela
retirada do livro Direito Tributário Esquematizado, do Professor Ricardo Alexandre2:

CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES DEFINIÇÃO EXEMPLOS


Criados
II; IE; IR; IPI; ITR;
Federais privativamente pela
IOF; IGF
União
Criados
Quanto à competência
Estaduais privativamente pelos ITCMD; ICMS; IPVA
impositiva
Estados e pelo DF
Criados
Municipais privativamente pelos IPTU; ITBI; ISS
Municípios e pelo DF
A competência para Impostos;
criação é atribuída a empréstimos
Privativos determinado ente com compulsórios;
caráter contribuições
de exclusividade especiais
A competência para
criação é atribuída Taxas e
Quanto ao exercício da
Comuns indiscriminadamente a contribuições de
competência
todos os entes melhoria
políticos
A Constituição atribui
Novos impostos e
à União competência
novas contribuições
Residuais para criar tributos não
para a seguridade
previstos
social
ordinariamente
IR; IGF; IPVA;
ICMS; ITCMD;
Finalidade
Fiscais IPTU; ITBI; ISS;
arrecadatória
Quanto à finalidade IEG; empréstimos
compulsórios
Extrafiscais Finalidade II; IE; IPI,
interventiva IOF; ITR; CIDE
Finalidade de Contribuições
Parafiscais arrecadar para sociais e
atividades específicas corporativas
Cobrança depende de
Taxas e
atividade estatal
Vinculados contribuições de
específica relativa ao
melhoria
Quanto à hipótese de contribuinte
incidência Cobrança independe
de atividade estatal
Não vinculados Impostos
específica relativa ao
contribuinte
Os recursos
Empréstimos
arrecadados somente
De arrecadação compulsórios;
podem ser utilizados
vinculada CPMF; custas e
em atividades
emolumentos
Quanto ao destino da determinadas
arrecadação Os recursos
arrecadados podem
De arrecadação
ser utilizados em Impostos
não vinculada
qualquer despesa
prevista no orçamento
Oneram diretamente a
pessoa definida como
Diretos sujeito passivo (não IR; ITR; IPTU
permitem a
Quanto à possibilidade repercussão)
de repercussão Oneram pessoa
diferente daquela
Indiretos definida como sujeito ICMS; ISS; IPI; IOF
passivo (permitem a
repercussão)
Incidem objetivamente
sobre coisas, IPTU; ITR; ITCMD;
Reais
desprezando aspectos IPI
Quanto aos aspectos
subjetivos
subjetivos e objetivos
Incidem de forma
da hipótese de
subjetiva, levando em
incidência
Pessoais consideração IR
aspectos pessoais do
sujeito passivo
Incidem sobre as
Sobre o comércio operações de
II e IE
exterior importação e
exportação
Incidem sobre a
propriedade de bens
Sobre o móveis ou imóveis e
Quanto às bases ITR; IPTU; IPVA;
patrimônio e a sobre o produto do
econômicas tributadas IGF; IR
renda capital, do trabalho ou
da combinação de
ambos
Incidem sobre a
Sobre a produção circulação de bens ou
ICMS; ISS; IPI; IOF
e a circulação valores e sobre a
produção de bens
15. Limitações ao Poder de Tributar - Princípios

Para que o ente público, através dos seus poderes constituídos, exerça a sua competência
tributária, será necessário balizar suas atividades nas limitações ao exercício do poder de tributar
dispostos na Constituição Federal.

18.1 Princípio da Legalidade


Reza o artigo 150, I, da Constituição Federal que:

Art. 150, I da CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

Logo, conforme acima exposto, nenhum tributo poderá ser criado ou majorado sem lei que
o estabeleça. Portanto, via de regra, somente o Poder Legislativo poderá criar ou majorar tributo,
sempre mediante observação do devido processo legislativo.
E o Poder Executivo não poderá atuar na criação ou majoração de tributos? Obviamente
que a Constituição Federal lhe reservou possibilidades, até como forma de controlar a economia
e o mercado. Diante disso, podemos afirmar que houve mitigação ao princípio da legalidade.
a) 1ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo da União, mediante
decreto, portaria ou resolução, alterar as alíquotas dos impostos (II, IE, IOF e IPI) abaixo
descritos.
Outro fato que pode-se questionar é o do porquê é mitigado aqui o princípio da legalidade:
tais impostos são extrafiscais, ou seja, servem para regular o mercado econômico.
Por fim, cabe dizer que tal possibilidade encontra-se respaldada em nosso texto
constitucional, em seu artigo 153, §1º da Constituição Federal:

Art. 153, §1º da CF


Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.

b) 2ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo, igualmente, por meio


de decreto ou convênio, reduzir ou restabelecer as alíquotas de CIDE e ICMS Combustível.
Porém cuidado, não esqueça: aqui não se trata de majoração, mas tão somente redução ou
retorno das alíquotas anteriores.
c) 3ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo, também através de
decreto ou portaria, atualizar base de cálculo de tributo. Mas aqui é importante ressaltar: trata-
se de mera atualização, recomposição da base, jamais podendo representar onerosidade ao
contribuinte.
Assim, é importante também salientar que esta atualização deverá observar os limites
estabelecidos pelos indexadores oficiais, ou seja, dentro de um máximo permitido observando-
se estes índices.

Art. 97 do CTN
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe
em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.

Súmula 160 do STJ


É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao
índice oficial de correção monetária.

d) 4ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá, igualmente, o Poder Executivo Federal,


mediante Medida Provisória, criar ou majorar qualquer espécie tributária. Entretanto, para que
assim o faça terá de atender a dois requisitos: que o tributo possa ser criado por lei ordinária e
que seja convertido em lei no mesmo ano de sua edição.

Art. 62 da CF
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

e) 5ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá, por fim, o Poder Executivo alterar o


prazo para pagamento de tributo por meio de decreto ou portaria. Compreende-se pela
desnecessidade de norma, visto que tal matéria não está assim disposta no artigo 97 do CTN,
ou seja, não sendo necessária lei para tal realização.

18.2 Princípio da Isonomia


Reza o artigo 150, II, da Constituição Federal que:

Art. 150, II da CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos.

Diante do que compreendido pelo inciso supra citado todos terão tratamento igualitário
perante a norma tributária, carecendo somente de um trato desigual aqueles que se apresentam
em uma situação de desigualdade.

18.3 Princípio da Anterioridade


Tal princípio irá limitar a possibilidade e atividade dos entes competentes de cobrarem os
tributos por eles respectivamente realizados. Logo, este princípio servirá para informar ao
contribuinte quando ele deverá e poderá ser cobrado dos respectivos tributos, uma vez
realizados os fatos geradores dispostos na norma tributária.
Mas desde já, lembre-se: como se trata de limitação ao exercício da competência
tributária, ele será observado apenas quando da criação ou majoração de tributo, visto que
quando tratar-se de medida desonerativa (mais favorável) ao contribuinte, tal norma terá
aplicação imediata.
O princípio da anterioridade, com razão precípua da necessidade de evitar a surpresa aos
contribuintes, é entendido conforme texto constitucional pela anterioridade do exercício e a
anterioridade nonagesimal.

Art. 150 da CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Diante disto, na forma do artigo 150, III, B, da Constituição Federal, todo tributo criado ou
majorado somente poderá ser exigido no primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, uma vez
publicado, por exemplo, no ano de 2017, somente poderá ser exigido no primeiro dia do ano de
2018.
E para evitar esta surpresa, houve uma alteração no texto constitucional, vindo a criar o
princípio da anterioridade nonagesimal. Assim, na forma do artigo 150, III, C, da Constituição
Federal, todo tributo criado ou majorado, somente poderá ser exigido após 90 (noventa) dias da
publicação, justamente para evitar as surpresas acima citadas.
Assim, via de regra, todos os tributos criados ou majorados deverão aguardar as duas
anterioridades (requisitos cumulativos), ou seja, somente poderão ser exigidos no exercício
seguinte ao de sua publicação, somado a 90 (noventa) dias, igualmente da publicação.
Entretanto, compreendeu por bem o constituinte reservar à alguns tributos uma
possibilidade de exigência mitigada, justamente para enfrentar o mercado econômico (política
econômica e social) ou a necessidade de exigência do tributo. Assim, positivou o constituinte,
mitigando, portanto, os princípios da anterioridade:

Art. 150, §1º da CF


Art. 150 da CF - § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos
arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos
impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)

Logo, conforme positivado no parágrafo supra indicado, assim compreendeu o


constituinte:
- Terão exigência imediata, ou seja, mesmo que majorados ou criados poderão ser exigidos tão
logo publicados: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Operações
Financeiras, Empréstimo Compulsório de Guerra Externa ou sua Iminência, Empréstimo
Compulsório de Calamidade e Imposto Extraordinário de Guerra.
- Outrossim, terão exigência respeitando apenas a anterioridade nonagesimal, ou seja 90 dias
após a sua publicação, sendo, portanto, possível a sua exigência no mesmo ano de sua
publicação: Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuições Sociais e CIDE/ICMS
Combustíveis.
- E terão exigência respeitando apenas a anterioridade do exercício, ou seja, podendo ser
majorados em 28 de dezembro, publicados em 29 e já exigidos no dia 01 de janeiro: Imposto de
Renda (alíquotas, base de cálculo) e Base de Cálculo (apenas) de IPVA e IPTU.

Por fim, outra questão de grande valia sobre o princípio da anterioridade é de que a
modificação de prazo para pagamento, mesmo que venha a antecipar a
arrecadação/pagamento, não estará sujeita a anterioridade, na forma da Súmula Vinculante nº
50 do STF.

Súmula Vinculante 50
Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade.

18.4 Princípio da Irretroatividade


Reza o artigo 150, III, A, da Constituição Federal que:

Art. 150, III, a da CF


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;

Em face do que disposto na presente alínea, a norma tributária não poderá retroagir, ou
seja, não poderá atingir fatos geradores que ocorreram antes de sua vigência. Sendo assim,
aplica-se a lei vigente, alíquota e base de cálculo que estiverem em vigor quando da ocorrência
do fato gerador. Logo, conclui-se: a norma tributária, via de regra, não poderá retroagir
justamente para preservar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a proporcionar para todos
uma segurança jurídica.
E vale dizer, ainda, que a Constituição Federal não traz nenhuma mitigação ou exceção.
Entretanto, o Código Tributário Nacional nos apresenta 3 exceções a este princípio:
a) 1ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que tenha caráter
interpretativo da norma antiga, que venha solucionar pontos obscuros, portanto, da norma antiga,
desde que não cause penalidade ao contribuinte, poderá retroagir. Assim, a lei nova de caráter
interpretativo poderá retroagir, desde que não cause onerosidade ao contribuinte.
Art. 106, I do CTN
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

b) 2ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que venha deixar de tratar


ato como infração (extinguir multa) ou reduzir a infração (reduzir o percentual da multa), poderá
retroagir para fatos geradores já ocorridos, desde que exista ato pendente de julgamento (seja
judicial ou administrativo). Vale ressaltar: trata-se de retroatividade mais benéfica somente e tão
exclusivamente no campo das infrações (jamais no tocante as alíquotas ou base de cálculo).

Art. 106, II do CTN


Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da
sua prática.

c) 3ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: por fim, poderá retroagir norma nova que
venha instituir ou estabelecer novos critérios de fiscalização e/ou proporcionar ao crédito
tributário nova classificação.

Art. 144 do CTN


Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e
rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
§1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador
da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,
ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o
efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

18.5 Princípio do Não Confisco


Reza o artigo 150, IV, da Constituição Federal que:

Art. 150, IV da CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Conforme acima exposto, nenhum ente público poderá estabelecer ou exigir tributo com
caráter confiscatório, ou seja, que impeça o uso adequado da propriedade ou não possibilite o
livre exercício da atividade privada.
Logo, o contribuinte não precisará vender seus bens em face da exigência de tributos que
o impeçam de fazer o livre exercício do direito fundamental da propriedade. Importante, ainda,
ressaltar que o STF passou a aplicar o presente dispositivo para as multas, ou seja, nenhuma
multa (penalidade) poderá ser exigida com o caráter confiscatório, como, por exemplo, multa
moratória (por atraso no pagamento) não poderá ter percentual superior a 20% (vinte por cento).
Sobre a matéria, importante colacionar 3 súmulas que tem trato recorrente no Exame da
Ordem, inclusive como teses para peças processuais.

Súmulas do STF
Súmula 70 - É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para
cobrança de tributo.
Súmula 323 - É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para
pagamento de tributos.
Súmula 547 - Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira
estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades
profissionais.

18.6 Princípio da Liberdade de Tráfego


Reza o artigo 150, V, da Constituição Federal que:

Art. 150, V da CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de
vias conservadas pelo Poder Público.

Nenhum tributo poderá impedir o livre exercício do direito de ir e vir, salvo a própria
mitigação exposta no inciso mencionado no que tange à cobrança de pedágios. Lembrando que,
salvo melhor juízo, quem cobra pedágio não cobra tributo, mas sim tarifas ou preço público em
que o contribuinte pagará para permissionários e/ou concessionárias do serviço público.

18.7 Princípio da Uniformidade Geográfica


Reza o artigo 151, I e II, da Constituição Federal que:
Art. 151, I e II da CF
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos,
em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;

Tal princípio tem força coercitiva diretamente para a União. Assim, o presente ente
federativo, em razão do texto constitucional, não poderá tratar os demais entes federativos e
seus contribuintes de forma desigual. Exemplo: a incidência sobre o Imposto de Renda que será
considerado no Rio Grande do Sul, igualmente deverá ser no Rio de Janeiro, não podendo haver
tratamento diferenciado. A justificativa para a presente norma cogente é: respeito à isonomia e
ao pacto federativo.
Entretanto, o mesmo inciso I trabalha com uma mitigação onde faculta a União conceder
tratamento diferenciado na tributação de sua competência, a fim de proporcionar
desenvolvimento socioeconômico de determinada região. Aqui encontra-se o clássico exemplo
da Zona Franca de Manaus.
Na forma do inciso II do artigo supra indicado, a União também não poderá conceder
tratamento diferenciado para seus servidores, bem como as obrigações de dívidas públicas.
Logo, se um Magistrado Federal tem retenção de 27,5% de seu ordenado, o mesmo deverá valer
para o Magistrado Estadual, não podendo, portanto, a União conceder tratamento diferenciado
para o federal em face deste pertencer aos quadros federais.

18.8 Princípio da Isenção Heterônoma


Reza o artigo 151, III, da Constituição Federal que:

Art. 151, III da CF


Art. 151. É vedado à União:
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.

Na forma do presente inciso, a União não poderá intrometer-se no que tange a benefícios
fiscais nos tributos que não são de sua competência. Assim, não caberá isenções heterônomas,
ou seja, a União não poderá conceder isenção de tributos que são de competência dos demais
entes.
Entretanto, algumas mitigações compreendidas na realidade como imunidades por
estarem expressas na Constituição Federal, poderemos visualizar:
a) 1ª Exceção: Imunidade de ISSQN para serviços destinados ao Exterior.
Art. 156 da CF
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei
complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

b) 2ª Exceção: Imunidade de ICMS para Mercadorias e Serviços para o Exterior:

Art. 155 da CF
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços
prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

c) 3ª Exceção: segundo o STF os Tratados ou Convenções Internacionais, uma vez


ratificados pelo Presidente da República, este agindo como Chefe de Estado (Pessoa Jurídica
de Direito Público Internacional), poderá isentar tributos estaduais e municipais, observando o
que disposto no artigo 98 do CTN.

Art. 98 do CTN
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
16. Limitações ao Poder de Tributar - Imunidades

Imunidade é a dispensa constitucional de pagar tributo, ou seja, tratam-se de formas de


dispensas constitucionais para que o contribuinte não realize o pagamento do crédito tributário.
Ademais, vale ressaltar que apresentam-se dois tipos de imunidades: as específicas e as
genéricas.
As imunidades específicas são todas aquelas dispostas no texto constitucional, que dizem
respeito a determinado caso concreto. E o mais importante: poderão albergar qualquer espécie
tributária. Aqui, exemplificando, apresentam-se os casos no texto constitucional: não incidir ISS
de serviço destinado ao exterior, não incidir contribuição social para as entidades de assistência
social sem fins lucrativos, entre outros.
Outrossim, também apresentam-se na Carta Magna as imunidades genéricas, dispostas
todas no artigo 150, VI, da Constituição Federal e apresentam dispensa constitucional apenas
no que tange aos impostos. São espécies de imunidades genéricas:
a) 1ª Espécie – Art. 150, VI, A, CF – Imunidade Recíproca: os entes públicos (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) não poderão cobrar impostos entre si sobre o patrimônio,
renda e serviços. Assim, exemplificando, a União não poderá cobrar IR sobre a renda auferida
pelo Município, bem como o Estado não poderá cobrar IPVA dos automóveis da União.

Art. 150, VI, a da CF


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

Sobre a presente espécie de imunidade genérica vale ressaltar que elas são extensivas
às autarquias e fundações públicas, na forma do artigo 150, §2º da Constituição Federal, desde
que a renda, patrimônio e serviços sejam destinados e/ou utilizados para o cumprimento da
finalidade essencial das referidas entidades públicas citadas.

Art. 150, §2º da CF


§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Mas para que estas autarquias e fundações públicas gozem de imunidade elas precisam
cumprir alguns requisitos que estão dispostos no artigo 150, §3º e §4º da Constituição Federal,
isto é:

REQUISITOS

a. Ser mantidas ou instituídas pelo poder público;


b. Manter atividade essencialmente pública;
c. Não entrar na concorrência privada;
d. Não cobrar taxa ou tarifa.

Também cabe ressaltar a posição do Supremo Tribunal Federal, muito embora a omissão
da Constituição Federal, de que as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista também
terão direito a gozar desta espécie de imunidade genérica, desde que explorem atividade
essencial pública em caráter de monopólio e não visem lucro. Neste condão, foram deferidas as
imunidades para os Correios (Agência e não Franquia), Infraero, Casa da Moeda, entre outros.

Art. 150, §3º, 4º da CF


§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,
à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.

b) 2ª Espécie – Art. 150, VI, B, CF – Imunidade Templos de Qualquer Culto: a presente


imunidade, tão criticada contemporaneamente, visa proteger a liberdade religiosa. Lembrando
que a Constituição Federal não objetivou ser aquela ou outra a religião a ser imunizada, visto
que vivemos em um estado laico.

Art. 150, VI, b da CF


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto;
Portanto, gozarão desta imunidade toda e qualquer religião que prestigie um Deus, que
tenha como objetivo levar a palavra de Deus para toda uma comunidade. Entretanto, para que
estas religiões gozem desta espécie de imunidade genérica sobre seu patrimônio, renda e
serviços, deverão aplicar seu patrimônio ou renda auferida para o cumprimento da finalidade
essencial.
Logo, se a igreja ou templo faz um bingo para manter a “Casa do Senhor”, ou seja, a renda
auferida será revertida para a finalidade essencial, não terá que pagar impostos sobre tal valor
recebido. O mesmo vale para cobrança de dízimos, estacionamento para fiéis ou até mesmo
cemitério em nome da instituição religiosa. Tudo isso, observando o que disposto no artigo 150,
§4º da Constituição Federal.
Mas sobre a presente imunidade, algumas perguntas restarão em aberto e faz-se
necessário a devida resposta:
- Maçonaria goza de imunidade? Não, visto tratar-se de filosofia de vida.
- Cemitério em nome de empresa privada goza de imunidade? Não, visto que empresa privada
visa lucro.

c) 3ª Espécie – Art. 150, VI, C, CF – Imunidade Subjetiva: a presente imunidade contempla


algumas pessoas, ou seja, observando igualmente o artigo 150, §4º do CTN, os partidos políticos
e suas fundações, sindicato dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social
sem fins lucrativos, terão direito a não pagar impostos sobre seus patrimônios, rendas e serviços,
desde que observado o cumprimento da norma e a finalidade essencial.

Art. 150, VI, c da CF


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

Mas diferente das demais espécies de imunidades genéricas, a norma elenca a


observação e cumprimento dos requisitos previstos em lei. Qual seria a lei, artigo e seus
requisitos? São aqueles dispostos no artigo 14 do CTN. Assim, para estas pessoas gozarem
desta imunidade também deverão ater-se aos requisitos do artigo supra referido.

Art. 14 do CTN
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos
seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer
título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001)
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

Vale ressaltar nesta imunidade, que as entidades de assistência social sem fins lucrativos,
na forma do artigo 195, §7º da Constituição Federal também terão imunidade no que tange as
contribuições sociais, tratando-se aqui de clássico exemplo de imunidade específica.

Art. 195, §7º da CF


§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

E, caso estas pessoas venham a locar um imóvel seu e reverter os valores locatícios para
o cumprimento da finalidade essencial, gozarão desta imunidade? Sim, na forma da Súmula
Vinculante 52 e Súmula 724 do STF, continuarão a gozar desta imunidade genérica.

Súmula Vinculante 52
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que
o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas.

d) 4ª Espécie – Art. 150, VI, D e E, CF – Imunidade Objetiva: por fim, a presente imunidade
diz respeito a espécie de imunidade genérica no tocante a alguns objetos. Portanto, os livros,
periódicos, jornais e papéis destinados a sua impressão, bem como CD´S e DVD´s
confeccionados por artistas ou intérpretes brasileiros não pagarão impostos.

Art. 150, VI, d e e da CF


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais
ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)
Mas é importante que se diga: aqui a imunidade será apenas no tocante ao objeto e não
sobre eventual renda auferida com a venda do objeto ou imóvel pertencente a fábrica do jornal.
E para gozarem desta imunidade quais são os requisitos necessários que devem ser
observados: transmitir um pensamento e ter uma ideia formalmente orientada
independentemente do conteúdo. Portanto, inclusive as revistas com apelo sexual gozarão desta
imunidade.
E as revistas com finalidade de marketing, que desejam prioritariamente vender produtos?
Estas revistas não gozarão de imunidade.
Já a lista telefônica gozará desta imunidade? Sim, visto que ela tem caráter informativo.
Vale ressaltar, ainda, que inclusive o papel fotográfico destinado (Súmula) a impressão
dos itens acima expostos gozará de imunidade, ao contrário da tinta destinada à impressão, que
não terá imunidade.

Súmula 657 do STF


A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

Por fim, segue importante e recente julgado, que faz contemplar a presente imunidade
dos livros eletrônicos, decisão esta realizada pelo STF e reconhecida em sede de repercussão
geral.

RE nº 330817-RJ
EMENTA - Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Imunidade objetiva
constante do art. 150, VI, d, da CF/88. Teleologia multifacetada. Aplicabilidade. Livro
eletrônico ou digital. Suportes. Interpretação evolutiva. Avanços tecnológicos, sociais e
culturais. Projeção. Aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e-readers). 1. A teleologia
da imunidade contida no art. 150, VI, d, da Constituição, aponta para a proteção de valores,
princípios e ideias de elevada importância, tais como a liberdade de expressão, voltada à
democratização e à difusão da cultura; a formação cultural do povo indene de
manipulações; a neutralidade, de modo a não fazer distinção entre grupos
economicamente fortes e fracos, entre grupos políticos etc; a liberdade de informar e de
ser informado; o barateamento do custo de produção dos livros, jornais e periódicos, de
modo a facilitar e estimular a divulgação de ideias, conhecimentos e informações etc. Ao
se invocar a interpretação finalística, se o livro não constituir veículo de ideias, de
transmissão de pensamentos, ainda que formalmente possa ser considerado como tal,
será descabida a aplicação da imunidade. 2. A imunidade dos livros, jornais e periódicos
e do papel destinado a sua impressão não deve ser interpretada em seus extremos, sob
pena de se subtrair da salvaguarda toda a racionalidade que inspira seu alcance prático,
ou de transformar a imunidade em subjetiva, na medida em que acabaria por desonerar
de todo a pessoa do contribuinte, numa imunidade a que a Constituição atribui
desenganada feição objetiva. A delimitação negativa da competência tributária apenas
abrange os impostos incidentes sobre materialidades próprias das operações com livros,
jornais, periódicos e com o papel destinado a sua impressão. 3. A interpretação das
imunidades tributárias deve se projetar no futuro e levar em conta os novos fenômenos
sociais, culturais e tecnológicos. Com isso, evita-se o esvaziamento das normas
imunizantes por mero lapso temporal, além de se propiciar a constante atualização do
alcance de seus preceitos. 4. O art. 150, VI, d, da Constituição não se refere apenas ao
método gutenberguiano de produção de livros, jornais e periódicos. O vocábulo “papel”
não é, do mesmo modo, essencial ao conceito desses bens finais. O suporte das
publicações é apenas o continente (corpus mechanicum) que abrange o conteúdo (corpus
misticum) das obras. O corpo mecânico não é o essencial ou o condicionante para o gozo
da imunidade, pois a variedade de tipos de suporte (tangível ou intangível) que um livro
pode ter aponta para a direção de que ele só pode ser considerado como elemento
acidental no conceito de livro. A imunidade de que trata o art. 150, VI, d, da Constituição,
portanto, alcança o livro digital (e-book). 5. É dispensável para o enquadramento do livro
na imunidade em questão que seu destinatário (consumidor) tenha necessariamente que
passar sua visão pelo texto e decifrar os signos da escrita. Quero dizer que a imunidade
alcança o denominado “audio book”, ou audiolivro (livros gravados em áudio, seja no
suporte CD-Rom, seja em qualquer outro). 6. A teleologia da regra de imunidade
igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e-readers)
confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que, eventualmente, estejam
equipados com funcionalidades acessórias ou rudimentares que auxiliam a leitura digital,
tais como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo e do tamanho da fonte etc.
Esse entendimento não é aplicável aos aparelhos multifuncionais, como tablets,
smartphone e laptops, os quais vão muito além de meros equipamentos utilizados para a
leitura de livros digitais. 7. O CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo
que está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Tanto o suporte (o CD-Rom) quanto
o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade da alínea d do inciso VI do art. 150 da
Constituição Federal. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. TESE DA
REPERCUSSÃO GERAL: 9. Em relação ao tema nº 593 da Gestão por Temas da
Repercussão Geral do portal do STF na internet, foi aprovada a seguinte tese: “A
imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-
book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.” RE 330817-RJ

e) Por fim, segue um quadro retirado da obra do Professor Ricardo Alexandre que trabalha
as demais formas de imunidades previstas no texto constitucional3:

Tributos cuja
Fundamento
Objeto/Pessoa/Operação imunizadas incidência é
constitucional
impedida
- Obtenção de certidões, exercício do direito de
Art. 5.º, XXXIV Taxas em geral
petição
Custas judiciais
Art. 5.º, LXXIII - Ação popular, salvo comprovada má-fé (consideradas
taxas pelo STF)
Emolumentos
- Registro civil de nascimento e certidão de óbito,
Art. 5.º, LXXVI (considerados
para os reconhecidamente pobres
taxas pelo STF)
Custas judiciais e
- Habeas corpus, habeas data e, na forma da lei, atos emolumentos
Art. 5.º, LXXVII
necessários ao exercício da cidadania (considerados
taxas pelo STF)
Contribuições
sociais e de
Art. 149, § 2.º, I - Receitas decorrentes de exportação intervenção no
domínio
econômico
Art. 153, § 3.º, III - Exportação de produtos industrializados IPI
- Pequenas glebas rurais, definidas em lei,
Art. 153, § 4.º, II exploradas por proprietário que não possua outro ITR
imóvel
Art. 153, § 5.º
- Ouro definido em lei como ativo financeiro ou Tributos em geral,
c/c ADCT, art.
instrumento cambial salvo CPMF e IOF
74, § 2.º
- Exportações de mercadorias e serviços;
- Operações que destinem a outros Estados petróleo,
inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e
Art. 155, § 2.º, X gasosos dele derivados, e energia elétrica; ICMS
- Prestações de serviço de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e
imagens de recepção livre e gratuita
- Operações relativas a energia elétrica, serviços de Impostos em geral,
Art. 155, § 3.º telecomunicações, derivados de petróleo, exceto II, IE e
combustíveis e minerais do País ICMS
- Transmissão de bens ou direitos incorporados ao
Art. 156, § 2.º, I patrimônio de pessoa jurídica em realização de ITBI
capital;
- Transmissão de bens ou direitos decorrente de
fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa
jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda
desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou
arrendamento mercantil
- Operações de transferência de imóveis
Art. 184, § 5.º Impostos em geral
desapropriados para fins de reforma agrária
- Rendimentos de aposentadoria e pensão Contribuição
Art. 195, II
concedidas pelo regime geral de previdência social previdenciária
Contribuições para
- Entidades beneficentes de assistência social que
Art. 195, § 7.º financiamento da
atendam às exigências estabelecidas em lei
seguridade social
Art. 226, § 1.º - Celebração do casamento civil Taxas em geral
- Contas-correntes de depósito especialmente
abertas e exclusivamente utilizadas para operações
de:
a) câmaras e prestadoras de serviços de
compensação e de liquidação de que trata o
parágrafo único do art. 2.º da Lei 10.214, de 27 de
março de 2001;
b) companhias securitizadoras de que trata a Lei
Art. 85 do ADCT 9.514, de 20 de novembro de 1997; CPMF
c) sociedades anônimas que tenham por objeto
exclusivo a aquisição de créditos oriundos de
operações praticadas no mercado financeiro;
- Contas-correntes de depósito, relativos a:
a) operações de compra e venda de ações,
realizadas em recintos ou sistemas de negociação de
bolsas de valores e no mercado de balcão
organizado;
b) contratos referenciados em ações ou índices de
ações, em suas diversas modalidades, negociados
em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros;
- Contas de investidores estrangeiros, relativos a
entradas no País e a remessas para o exterior de
recursos financeiros empregados, exclusivamente,
em operações e contratos referidos nas letras “a” e
“b” do item anterior.
17. Legislação Tributária

A legislação tributária, muito embora ignorada por grande parte dos “oabzeiros fiscais” tem
relevante importância para a resolução de questões do Exame da Ordem em Direito Tributário.
Outrossim, tal temática também enseja inúmeras dúvidas, o que tentarei dirimir através de um
texto sistematizado.
E a primeira grande questão que é recorrente é: qual tipo normativo poderá criar e/ou
majorar tributo? Via de regra, será mediante lei ordinária, possível a criação ou majoração.
Entretanto, existem 4 (quatro) espécies tributárias que somente poderão ser criadas ou
majoradas mediante lei complementar: Imposto Residual (art. 154, I, CF), Contribuição Social
Residual (art. 195, §4º, CF), Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF) e Empréstimos
Compulsórios (art. 148, CF).
Para que sejam criados esses tributos, seja por meio de lei ordinária ou complementar, o
legislador terá que ater-se a uma série de requisitos e imposições legais descritas em lei
complementar. Portanto, via de regra, normas gerais de direito tributário somente poderão ser
realizadas mediante lei complementar, na forma do artigo 146 da Constituição Federal.
E onde estão estas normas gerais de direito tributário? Estão no Código Tributário
Nacional, visto que este foi recepcionado como lei complementar pela Constituição Federal de
1988.
Importante ainda referir que tal temática tem vínculo com o princípio da legalidade.
Portanto, muito embora acima cita-se a possibilidade de criação ou majoração de tributo
mediante lei ordinária, não podemos esquecer que Medida Provisória também assim poderá
fazer, uma vez obedecidos os requisitos do artigo 62, §2º da Constituição Federal.
18. Obrigação Tributária e Constituição do Crédito Tributário

Teremos a ocorrência da obrigação tributária toda vez que o contribuinte praticar um fato
(fato gerador) que está descrito em uma lei (hipótese de incidência). Assim, a obrigação nada
mais é do que o resultado da realização do fato gerador no mundo exterior. Sobre a obrigação
tributária leciona o CTN:

Art. 113 do CTN


Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,
positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em
obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

No teor do referido artigo conseguimos vislumbrar a existência de dois tipos de obrigação


tributária: a principal e a acessória.
A obrigação principal é toda aquela obrigação do contribuinte para o pagamento do tributo
ou da penalidade (multa). Já a obrigação acessória é toda aquela obrigação que não consiste
em pagamento, mas sim no ato de fazer ou deixar de fazer. Portanto, são exemplos de
obrigações acessórias o ato de fazer um speed contábil, um balanço, tirar ou não rasurar uma
nota fiscal. Lembrando, ainda, que a obrigação acessória tem como objetivo colaborar para a
fiscalização e o pagamento do crédito tributário.
Ainda, sobre o referido artigo, mais precisamente na forma do parágrafo 3º, uma vez o
contribuinte não realizando ou cumprindo com sua obrigação acessória, surgirá uma obrigação
principal (multa).

21.1 Elisão Fiscal


Reza o artigo 116, §º único do CTN:

Art. 116, §ú do CTN


Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e
existentes os seus efeitos:
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios
jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo
ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os
procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

O presente parágrafo único faz nascer a subjetividade frente à realização de planejamento


tributário pelo contribuinte e sua validação ou não. Mas como a presente obra não tem como
objetivo doutrinar ou suscitar divergências, cabe ao signatário informar que, caso o enunciado
da peça ou questão no Exame da Ordem deixe claro a existência de ato realizado com a tentativa
de não pagar tributo, simular ou cometer fraude, poderá o fisco desconsiderar tal ato e cobrar os
tributos devidos pela realização dos fatos geradores.

21.2 Sujeito Ativo e Passivo da Relação Tributária


Mas afinal de contas, quem poderá cobrar e quem irá pagar a obrigação tributária? Serão,
respectivamente, o sujeito ativo e passivo da relação tributária.
O sujeito ativo, na forma do artigo 119 do CTN, é toda pessoa jurídica de direito público
que tem a competência constitucional para criar e/ou exigir o crédito tributário, observando a
norma e a realização do fato gerador pelo contribuinte.
Já o sujeito passivo será aquele responsável pelo pagamento do crédito tributário e até
mesmo da multa, uma vez realizado o fato gerador ou descumprida eventual obrigação
acessória. Na forma do artigo 121 do CTN, o sujeito passivo poderá ser tanto o contribuinte
(aquele que realiza e tem vínculo direto com o fato gerador), quanto o responsável (não realiza
o fato gerador, mas a norma legal lhe atribui o dever de pagar tributo).

21.3 Das convenções particulares e da Obrigação Tributária


Reza o artigo 123 do CTN:

Art. 123 do CTN


Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública,
para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
correspondentes.

Logo, na forma do presente artigo, nenhum contrato, acordo ou instrumento particular


poderá ser oposto/apresentado contra a fazenda pública a fim de modificar a responsabilidade
pelo pagamento do crédito tributário. Assim, na realização locatícia, por exemplo, onde 99% dos
contratos estabelecem a responsabilidade pelo pagamento do IPTU ao locatário, caso este não
venha a satisfazer o crédito, o fisco irá exigir o IPTU do proprietário, in casu, locador.

21.4 Da Solidariedade
Reza o artigo 124 do CTN que os sujeitos passivos poderão ser solidariamente obrigados,
caso exista interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.
Lembrando, ainda, que tal solidariedade não comportará benefício de ordem, ou seja, quem
pagará primeiro ou não.
Ademais, o tema mais recorrente sobre solidariedade é o que disposto no artigo
125 do CTN sobre os efeitos da solidariedade. Cito aqui o campeão de cobrança em prova, que
é o inciso II, onde leciona que eventual isenção concedida em razão de caráter pessoal não será
estendida para os demais, mantendo-se o saldo devido pelos demais sujeitos passivos (logo,
desconta-se a cota parte do sujeito isento).

21.5 Da capacidade tributária


Na forma do artigo 126, I, do CTN a capacidade tributária não dependerá da capacidade
civil das pessoas naturais. Logo, mesmo que o sujeito passivo não tenha capacidade civil plena
(por exemplo, seja menor de idade, portador de deficiência) ele terá que pagar tributo. Essa
conclusão também será estendida para o falido que quebrou uma empresa e hoje realiza outra
atividade capaz de gerar fato gerador, bem como para sociedades de fato ou irregulares.

21.6 Da constituição do Crédito Tributário


Não basta a ocorrência do fato gerador para que o tributo possa ser constituído e,
consequentemente, exigido do contribuinte. Para que o mesmo possa ser cobrado faz-se
necessário que ocorra o lançamento. Logo, conclui-se que a constituição do crédito tributário
ocorrerá por meio do ato administrativo de lançamento.
A primeira espécie de lançamento é a de ofício, regulada pelo artigo 148 do CTN. Nessa
hipótese de constituição do crédito, o fisco identifica a ocorrência do fato gerador, faz o cálculo
do valor devido, emite à guia e notifica o contribuinte. Portanto, aqui teremos apenas a
participação da fazenda pública, em nada participando o contribuinte. São exemplos de
lançamento de ofício: IPVA, IPTU, Taxas, Contribuição de Iluminação Pública.
A segunda espécie de lançamento é a por declaração, regulada pelo artigo 147 do CTN.
Aqui o contribuinte apenas irá informar ao fisco que realizou o fato gerador, sendo de atribuição
da fazenda pública os demais itens para ensejar a cobrança do crédito tributário. O fisco irá
calcular o valor do tributo e emitir a guia. São exemplos de lançamento por declaração: ITBI,
ITCMD.
Por fim, a terceira espécie para constituição do crédito tributário é o lançamento por
homologação. Na forma do artigo 150 do CTN será o contribuinte que irá declarar a existência
do fato gerador, fará o cálculo do tributo devido, bem como irá emitir a guia para pagamento.
Trata-se da regra de constituição do direito tributário. São exemplos deste lançamento por
homologação: IR, IPI, ICMS, ISS, entre outros.
19. Da suspensão da exigibilidade do crédito

Na forma do art. 151 do CTN teremos algumas hipóteses de suspensão do crédito


tributário. Quando da ocorrência de quaisquer uma das hipóteses (incisos) situadas no rol
taxativo do referido artigo, o fisco estará impedido (temporariamente) de cobrar (exigir) o crédito
tributário. Mas veja, trata-se de hipótese que impede a Execução Fiscal, mas não a constituição
do crédito através do lançamento, sob pena de ocorrer a decadência. Sobre isso, colaciona
importante esquema de Ricardo Alexandre4:
Advento da causa
“ suspensiva”

Impedem propositura
de execução fiscal

Outrossim, igualmente a título introdutório, é importante compreender que a fazenda


pública/contribuinte somente poderá utilizar-se das hipóteses de suspensão que estão
lecionados no CTN, bem como qualquer alteração somente poderá ser realizada mediante lei
complementar, na forma do artigo 146, III, B, da CF.
São formas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, na forma do artigo 151 do
CTN:
Art. 151 do CTN
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação
judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

A primeira hipótese de suspensão prevista no rol é a moratória. Este instituto trata-se da


concessão, mediante lei específica do ente competente, do aumento do prazo para pagamento
do crédito tributário devido. Logo, caso o contribuinte albergue-se em lei que concede moratória,
terá prazo dilatado para o pagamento do tributo.
A moratória é utilizada, na maioria das vezes, como medida política a fim de colaborar
com os contribuintes que passam por situações extremas, como de calamidades ou estragos
causados pela natureza.

Art. 152 do CTN


Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:
I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência
federal e às obrigações de direito privado;
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada
por lei nas condições do inciso anterior.
Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua
aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que
a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos.

O presente instituto poderá ser concedido de forma geral ou individual. Na ocorrência da


moratória geral, a mesma irá abranger um número indeterminado de contribuintes, não
dependendo de requisitos ou autorização da autoridade administrativa competente.
Já a moratória em caráter individual será quando a lei específica do ente competente exigir
alguns requisitos para que o contribuinte faça uso da norma protelatória, bem como depende da
checagem de tais itens pela autoridade administrativa do ente competente, não gerando,
portanto, direito adquirido.
Art. 155 do CTN
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será
revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de
satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a
concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora (...)

Por fim, é importante colacionar que, via de regra, a moratória é concedida por lei do ente
competente. Entretanto, mitigando tal informação, na forma do art. 152, I, B, da CF, a União
poderá conceder moratória de tributos que não são de sua competência (Estados, DF e
Municípios) desde que faça o mesmo com seus tributos.
Sobre moratória, trago importante esquema de Ricardo Alexandre5

Autônoma (art. 152, I, Gera direito adquirido e


a) dispensa o oferecimento de
CARÁTER GERAL garantias pelo beneficiário
(beneficia a todos que
se encontram em
determinada situação
- art. 152, I) Heterônoma
(situações
excepcionais - art.
152, I, b)
Moratória
Não gera direito
adquirido e pode
depender do
oferecimentode
garantia pelo
CARÁTER INDIVIDUAL beneficiário
(depende da
comprovação de
condições e requisitos -
art. 152, II)

A segunda hipótese de suspensão prevista no rol é o depósito do montante integral. Este


instituto será realizado, via de regra, dentro dos processos judiciais, visto que a simples
interposição de recurso administrativo já suspende a exigibilidade, não sendo, portanto,
necessário e muito menos exigível a realização de depósito para suspender quando do processo
administrativo, na forma da SV 21 do STF.
Igualmente, esta segunda hipótese de suspensão quase sempre será faculdade da parte.
Ao ver do presente autor somente não será faculdade da parte quando da utilização da ação de
Consignação em Pagamento, visto que conjugando-se a motivação da ação (quero pagar e não
posso) com o artigo 542, I, do CPC, compreende-se que, neste caso, apenas o depósito será
condição de ação.
Apenas o depósito integral e em dinheiro irá suspender a exigibilidade do crédito, bem
como ele jamais poderá ser condição para ingresso de recurso administrativo ou de ajuizamento
de ação judicial (com exceção da Consignação em Pagamento).

Súmulas
Súmula 112 do STJ - O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se
for integral e em dinheiro.
Súmula Vinculante nº 21 do STF - É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula Vinculante nº 28 do STF - É inconstitucional a exigência de depósito prévio como
requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de
crédito tributário.

A terceira hipótese de suspensão prevista no rol é a reclamação e o recurso administrativo.


Tal hipótese será realizada toda vez que houver interposição de qualquer recurso administrativo
de forma tempestiva pelo contribuinte. Lembrando mais uma vez aqui que não poderá ser exigido
depósito recursal ou custas recursais para a realização desta forma de suspensão.
A quarta hipótese de suspensão prevista no rol é a liminar e a tutela provisória. As
presentes hipóteses de suspensão irão ocorrer, respectivamente, em sede de Mandado de
Segurança (liminar) e nas demais ações do processo subjetivo (tutela provisória).
Para ocorrência de quaisquer uma destas formas terá o contribuinte que solicitar, ou seja,
fazer pedido expresso para a concessão, bem como o magistrado, para o deferimento, poderá
solicitar a realização de caução para garantir indenização em caso de eventual dano à parte
prejudicada.
Por fim, é importante lembrar que a concessão de tais medidas não impedirá a fazenda
pública de efetuar o lançamento.
A quinta hipótese de suspensão prevista no rol é o parcelamento. Esta última hipótese de
suspensão é uma espécie de moratória, apresentando como item diverso é que esta forma irá
fracionar (parcelar) o pagamento da dívida tributária. Tal concessão de suspensão não importará
obrigatoriamente no corte de juros e multas.
Art. 155-A do CTN
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei
específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
§ 1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a
incidência de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à
moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Por fim, finalizando o presente capítulo, cumpre informar que, ocorrendo qualquer uma
das hipóteses de suspensão, suspenderá apenas a obrigação principal (de pagar), devendo o
contribuinte continuar a efetuar o cumprimento das obrigações acessórias (de fazer ou não
fazer).
20. Da extinção do crédito tributário

Na forma do artigo 156 do Código Tributário Nacional apresentam-se várias formas de


extinção do crédito tributário. Lembrando que tais modalidades contemplam um rol taxativo,
podendo ser alterados apenas mediante lei complementar.
A primeira forma de extinção é o pagamento. Trata-se da forma mais aguardada de
extinção do crédito tributário, onde o contribuinte, a fim de extinguir o tributo, faz o pagamento
através da entrega de dinheiro ao ente público competente.
Importante referir ainda que, diferentemente do direito civil, na forma do artigo 158 do
CTN, o pagamento parcial de parcelas não poderá fazer presumir que as demais estão quitadas,
assim como o pagamento, por exemplo, de IPTU do ano de 2017, não poderá fazer presumir que
os anteriores estão quitados.
Caso o pagamento do tributo devido não seja feito no prazo legal, os efeitos moratórios
serão automáticos, na forma do artigo 161 do CTN.
Quanto ao prazo de pagamento, igualmente, caso não haja regra específica na legislação
tributária do ente competente, o vencimento do crédito ocorrerá trinta dias depois da data em
que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Lembre-se, ainda, sobre o prazo
para pagamento6:
Prazo para pagamento/modalidade de lançamento

Direito O vencimento do crédito deve ser


estabelecido pela legislação
pertinente a cada tributo. Sendo a lei
omissa, aplica-se a regra do art. 160
do CTN - 30 dias da ciência da
notificação.
Por declaração

A legislação tributáriado tributo


Por homologação
deve estabelecer o prazo de
pagamento, não se aplicando a
regra do art. 160 do CTN

Lembre-se que em Tributos Federais (âmbito federal), a correção monetária e os juros de


mora estão reunidos em único índice, a taxa SELIC. Sendo assim, conforme orientação pacífica
do STJ, não posso cumular SELIC com qualquer outro índice de correção monetária.
Conforme o artigo 162 do CTN, o pagamento poderá ser efetuado em moeda corrente,
cheque ou vale postal. E nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por
processo mecânico.

Art. 162 do CTN


Art. 162. O pagamento é efetuado:
I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico.

A segunda forma de extinção é o compensação. Ocorrerá o direito a compensar quando


duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra. Agora, não bastará para
ocorrer a compensação ter crédito e débito, mas também faz-se necessário a existência de
norma específica do ente competente que estipule as condições e garantias, observando o teor
do artigo 170 do CTN.
Sobre a compensação é importante o examinando conhecer o teor das Súmulas 212, 213,
460 e 461 do STJ.
A terceira forma de extinção é a transação. Trata-se de forma de negociação realizada
entre as partes que, mediante concessão mútua, acabam por extinguir obrigações, visando
terminar litígios. Na forma do artigo 171 do CTN ela somente irá terminar litígios, não cabendo,
portanto, transação de forma preventiva.
Outrossim, a presente modalidade de extinção somente poderá ser realizada mediante lei
específica do ente competente, onde tal norma irá delimitar as condições para a realização da
transação. Veja que o CTN não afirma a necessidade do litígio ser judicial ou administrativo,
cabendo assim, ao ver do signatário, tanto para litígios administrativos quanto para judiciais.
A quarta forma de extinção é a remissão. A remissão trata-se da dispensa gratuita da
dívida tributária. Na forma do artigo 150, §6º da Constituição Federal a remissão somente poderá
ser concedida mediante lei específica do ente competente.
A remissão, diferente da anistia, poderá perdoar tributo e multa. Além disso, por tratar-se
de forma de extinção do crédito tributário, somente poderá existir de créditos já constituídos
(lançados).
Por fim, teremos a remissão de forma individual ou geral, devendo utilizar-se dos
parâmetros da moratória para realização.
A quinta forma de extinção é a prescrição e a decadência.
O prazo para que a Administração Tributária, por meio da autoridade competente,
promova o lançamento é decadencial. O prazo para que se ajuíze a ação de execução fiscal é
prescricional.
Operada a decadência, tem-se por extinto o direito de lançar. Verificada a prescrição, tem-
se impossibilitado o manejo da execução fiscal.
Lembre-se que, diferentemente do direito civil, aqui no Direito Tributário o pagamento de
débito prescrito gera direito a sua repetição, na medida em que, muito embora exista o direito
material, a pretensão estará extinta quando da ocorrência do pagamento.
Ademais, ressalta-se: o lançamento é exatamente o marco que separa, na linha do tempo,
a prescrição da decadência.
Importante ainda dizer que: o termo inicial do prazo decadencial não é exatamente a data
da ocorrência do fato gerador, mas uma data em torno deste momento (via de regra, o primeiro
exercício financeiro subsequente). Mas no caso do lançamento por homologação, contudo, o
termo inicial pode coincidir com precisão com a data do fato gerador.
O prazo decadencial é de 5 anos. Outrossim, a decadência tem algumas regras próprias
que veremos abaixo.

Regra Geral do Prazo Decadencial


O direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após cinco anos,
contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado.
Percebe-se nitidamente que a Administração Pública acaba tendo mais de cinco anos
para exercer o direito de constituir o crédito. Mas na OAB = o prazo decadencial é de 5 anos.

Regra do Lançamento por Homologação


O término do prazo para a homologação, sem que esta tenha sido expressamente
realizada, não apenas configura homologação tácita, mas também decadência do direito de
constituir o crédito relativo a qualquer diferença.
Aqui, no lançamento por homologação, a regra é: único caso em que o prazo decadencial
é contado exatamente da data da ocorrência do fato gerador.
Assim, se o contribuinte antecipou o pagamento dentro do prazo legal, mesmo que o valor
recolhido tenha sido ínfimo, a homologação tácita ocorrerá em cinco anos, contados da data do
fato gerador.
Mas atenção aos casos de lançamento por homologação onde não houver lançamento ou
ele for realizado com dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial passará para a regra geral
(art. 173, I, do CTN, ou seja, 1º dia do exercício subsequente.
Cuidado que a FGV ainda insiste em cobrar o prazo decadencial para a realização do
lançamento das contribuições para o financiamento da seguridade social. A própria lei fala em
10 anos, mas o STJ, em 2007, e o STF, em 2008 (súmula vinculante nº 8), decidiu que tal prazo
é inconstitucional, sendo o mesmo igual aos demais (5 anos).

Prescrição
Já opera-se a prescrição quando a Fazenda Pública não propõe, no prazo legalmente
estipulado, a ação de execução fiscal para obter a satisfação coativa do crédito tributário.
Conforme o artigo 174 do CTN o prazo de prescrição é de cinco anos, iniciando sua
contagem da data da constituição definitiva do crédito tributário.
Art. 174 do CTN
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados
da data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela
Lcp nº 118, de 2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.

Mas cuidado: não será com a notificação que o crédito estará definitivamente constituído,
mas sim, não havendo pagamento ou impugnação (ou após o processo administrativo), e
ultrapassado o prazo para pagamento do crédito tributário sem pagamento, é que começará a
fluir o prazo prescricional.
Lembre-se que a prescrição se interromperá quando: houver despacho do juiz ordenando
citação em execução, qualquer protesto judicial ou ato judicial que constitua o devedor em mora
e por qualquer ato inequívoco (mesmo que seja extrajudicial) que importe reconhecimento do
débito pelo devedor.
A sexta forma de extinção é a conversão de depósito em renda. Tal modalidade irá ocorrer
quando da realização de depósito ou penhora de dinheiro em processo judicial e em caso de
vitória (decisão favorável de mérito ao fisco) o dinheiro irá para a fazenda pública. Tal ato é
nominado de conversão de depósito em renda.
A sétima forma de extinção é a consignação em pagamento. A presente forma irá ocorrer
quando do ajuizamento de Ação de Consignação em Pagamento pelo contribuinte nas
possibilidades ofertadas do artigo 164 do CTN. Lembrando que tal demanda judicial busca
justamente a satisfação do crédito tributário não recebido pela fazenda pública. Assim, julgando-
se procedente a presente ação, o dinheiro que fora depositado, na forma do artigo 542, I, do
CPC, será convertido em renda, vindo a extinguir o crédito tributário pela consignação.
21. Da exclusão do crédito tributário

As formas de exclusão do crédito, que estão dispostas no artigo 175 do Código Tributário
Nacional, sempre serão realizadas mediante lei própria do ente competente, bem como vão
impedir a fazenda pública de constituir o crédito. Logo, como consequência disso, o contribuinte
está livre do cumprimento da obrigação principal.

Art. 175 do CTN


Art. 175 do CTN - Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das
obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou
dela consequente.

Diante do referido no artigo supra copiado, serão formas de exclusão do crédito a isenção
e a anistia. Reforçando-se, assim, que são institutos desonerativos, que o Poder Executivo não
poderá realizar (somente mediante lei) e que não dispensa a obrigação acessória.

24.1 Isenção
A isenção trata-se de um instituto desonerativo que visa dispensar, mediante lei, o dever
de pagar tributo. Veja que trata-se de um instituto diferente da imunidade, visto que esta última
trata-se de dispensa constitucional do dever de pagar tributo. Ainda, sobre a isenção é importante
ressaltar:

- Dispensa legal realizada pelo respectivo ente competente.


- Via de regra, poderá ser revogada a qualquer tempo.
- Só admite interpretação literal.

Art. 176 do CTN


Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que
especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se
aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade
tributante, em função de condições a ela peculiares.
Logo, conforme acima exposto, a isenção, via de regra, poderá ser revogada a todo e
qualquer tempo, com exceção da isenção onerosa, que é aquela realizada por condição e tempo,
na forma do artigo 178 do CTN. Tal isenção onerosa é aquela realizada na maioria das vezes
quando uma empresa deseja instalar-se em determinado local (condição) e deseja por certo
período (tempo) não pagar tributo. Essa, em razão da segurança jurídica, não poderá ser
revogada a qualquer tempo.

Art. 178 do CTN


Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas
condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o
disposto no inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 1975)

Súmula 544 do STF


Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente
suprimidas.

Ainda, sobre isenções, cabe dizer que a sua concessão, em razão de tratar-se de um
benefício para o contribuinte, não observará a anterioridade, bem como na forma do artigo 177
do CTN, via de regra, não se estenderá a taxas e contribuições de melhoria, salvo previsão
expressa em norma.

Art. 177 do CTN


Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:
I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

Importante referir que as isenções poderão ter caráter individual ou geral. A de caráter
individual só alcançará determinadas pessoas, que preenchem requisitos, mediante análise da
autoridade administrativa competente. Ainda, ela não gerará direito adquirido, justamente em
face da necessidade da análise dos requisitos para sua concessão.

Art. 179 do CTN


Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado
faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos
em lei ou contrato para sua concessão.
§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste
artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os
seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de
promover a continuidade do reconhecimento da isenção.
§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando
cabível, o disposto no artigo 155.
Por fim, cumpre mencionar questão recorrente em prova sobre isenção: trata-se das
isenções de ICMS. Estas somente poderão ser realizadas mediante convênio e não por meio de
lei, na forma do artigo 155, §2º, XII, G, da CF combinado com a Lei Complementar 24/75. Tudo
isso a fim de evitar guerra fiscal entre os entes federativos.

24.2 Anistia
A anistia também trata-se de medida desonerativa que, entretanto, visa retirar (perdoar)
do contribuinte o aspecto, a denominação de infrator. Logo, o legislador, mediante lei própria
(específica do ente competente), poderá excluir e dispensar o contribuinte do pagamento da
multa tributária.

Art. 180 do CTN


Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à
vigência da lei que a concede, não se aplicando:
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem
essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou
por terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais
pessoas naturais ou jurídicas.

Tal anistia poderia ser realizada, inclusive, sobre determinado território e/ou região, sendo
possível, portanto, a delimitação da extensão do referido instituto.

Art. 181 do CTN


Art. 181. A anistia pode ser concedida:
I - em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante,
conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja
fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.

E, por fim, o referido instituto político poderá ser concedido em caráter geral e individual,
obedecendo os mesmos critérios da isenção.

Art. 182 do CTN


Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado
faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos
em lei para sua concessão.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-
se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
22. Da responsabilidade tributária

Via de regra, todo tributo será satisfeito pela pessoa que realiza o fato gerador, ou seja,
aquele que tem vínculo direto com a realização da hipótese descrita em norma legal. Entretanto,
o artigo 121 do CTN afirma que será também sujeito passivo da relação tributária, além do
contribuinte, o responsável.
Mas afinal de contas quem é o responsável? É aquele que não tem vínculo direto com à
realização (fato) da hipótese prevista na norma, entretanto, a lei lhe atribuí responsabilidade para
satisfazer o crédito tributário.
Outrossim, antes de iniciarmos os tipos de responsabilidade, é importante referir que o
próprio CTN afirma e entrega a possibilidade ao legislador ordinário de estabelecer hipóteses
específicas de responsabilidade tributária, conforme leciona o artigo 128.
Como a presente obra não tem o condão de exaurir qualquer matéria exposta, vamos
trabalhar especificamente a responsabilidade por transferência (sucessão e terceiros), que está
disciplinada entre os artigos 130 até 135 do CTN.
Reza o artigo 130 do CTN que:

Art. 130 do CTN


Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação
de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa
dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre
o respectivo preço.

O que disposto no artigo supra, trata-se da responsabilidade dos adquirentes de bens


imóveis. Portanto, todos os tributos devidos, relativos ao bem imóvel (impostos, taxas e
contribuição de melhoria) serão transferidos ao adquirente do bem.
Entretanto, o adquirente apenas não poderá ser responsabilizado quando houver
comprovação da negativa de débitos (possuir certidão negativa na data da compra) ou quando
adquirir o bem em leilão judicial, visto que neste último caso, os valores das dívidas estarão sub-
rogadas pelo preço pago em hasta pública. Logo, se houver saldo pendente, mesmo com a
realização da arrematação, o adquirente não poderá ser cobrado pelo saldo devido.
Por fim, ainda sobre o referido artigo, cabe dizer que a mesma hipótese de
responsabilidade será do adquirente de bem móvel, na forma do artigo 131, I, do CTN.
Outrossim, decidiu o STJ que as possibilidades de não pagamento dos débitos para o presente
caso pelo adquirente, aplicam-se as mesmas regras expostas para o artigo 130 do CTN.

Responsabilidade do Artigo 131 do CTN


a. Inciso I (2 casos):
a. Responsável é o Adquirente.
b. É do Bem Móvel (Exemplo IPVA – Compra de Veículo).
c. Responsável é o Remitente.
d. É o Resgaste do Bem (Exonerando de Dívida).

b. Inciso II e III:
a. Responsável é o Espólio.
b. Responsável é o Cônjuge Meeiro.
c. Responsável Sucessor à Qualquer Título
i. Só ocorrerá após a sentença de partilha.

Responsabilidade do Artigo 132 do CTN


a. Pessoa Jurídica de Direito Privado.
a. Fusão, Transformação, Incorporação.
b. Operação Societária é o exemplo.
c. Cuidado que Cisão também é: Lei S.A.
d. Responsável: Unidade Resultante.

Responsabilidade do Artigo 133 do CTN


a. Aquele que Compra e Continua a Explorar Comercialmente.
a. Regra: quem responderá é o Adquirente.
b. Integralmente será pelo Adquirente: se quem vendeu cessar a prática de exploração.
c. Subsidiariamente será: se aquele quem vendeu continuar a explorar ou retornou no prazo de
até 6 meses.
Responsabilidade do Artigo 134 do CTN
a. Aqui é a Responsabilidade do Terceiro = Dever de Zelo.
a. Portanto aqui não é quem comete o fato gerador.
b. Quem são os responsáveis: (pais, tutores, curadores, sindico, tabelião).
c. Aqui tem responsabilidade solidária: primeiro você vai no contribuinte e depois no responsável.
Cuidado porque não é subsidiária, mas sim ordem de vocação do artigo 134, caput.
d. Mas importante: aqui não tem dolo.

Responsabilidade do Artigo 135 do CTN


a. Aqui é a Responsabilidade do Terceiro = Dever de Zelo.
b. Mas quando ocorrer dolo, são pessoalmente responsáveis.
c. Tutor, Curador, Tabelião = se cometerem atos em excesso.
d. Aqui entram os administradores da empresa também. Mas tenha muito cuidado: não é
qualquer sócio. Aqui são aqueles que tenham e exerçam cargo de administração da empresa.
Vide: Súmula 430 do STJ e 435 do STJ.
23. Da denúncia espontânea, garantias e privilégios do crédito
tributário

A denúncia espontânea é o famoso instituto que imita a delação premiada no direito penal.
Ela ocorrerá quando o contribuinte e/ou responsável realizar um fato gerador e, posteriormente
a sua ocorrência, o realizador do fato gerador vem realizar tal comunicação junto a autoridade
fazendária.
E qual benefício gozará o contribuinte/responsável que delatar-se para o fisco? Ele, na
forma do artigo 138 do CTN, estará livre do pagamento da multa, devendo pagar apenas o tributo
devido, este acrescido de multa e juros.
Mas lembre-se da condição disposta na norma: tal fato gerador deverá ser totalmente
desconhecido da autoridade fazendária, sob pena de ser impossível utilizar-se do referido
instituto.
Por fim, e não menos importante: aplica-se o instituto da denúncia espontânea aos tributos
sujeitos ao lançamento por homologação, desde que estes não venham a ser declarados. Acaso
declarados, por mais que não sejam pagos e/ou cobrados, não poderá mais o sujeito passivo
utilizar-se de tal benefício na forma da súmula 360 do STJ.
Reza o artigo 184 do CTN:

Art. 184 do CTN


Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam
previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e
das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa
falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados
unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Na forma do artigo supra citado, o crédito tributário poderá servir-se, via de regra, de
quaisquer bens do devedor para a satisfação do crédito, inclusive aquelas gravadas com cláusula
de inalienabilidade ou impenhorabilidade. Entretanto, os bens descritos no artigo 833 do CPC e
na lei 8.009/90 (único bem imóvel – família) serão impenhoráveis.
Mas tenha cuidado, visto que na própria lei 8.009/90 (art. 3º) temos uma exceção à
impenhorabilidade por dívida fiscal, visto que quando o crédito tributário for oriundo do bem
imóvel, ele poderá ser penhorado para pagamento destes débitos (exemplo: IPTU, Taxa,
Contribuição de Melhoria).
Ainda, quanto as disposições legais sobre a garantia, é importante referir o artigo
185 do CTN:

Art. 185 do CTN


Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu
começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida
inscrita.

Reza o artigo acima que será presumida fraude toda vez que ocorrer alienação (venda)
de bens com a finalidade de não pagar tributo. O lapso temporal para definição da referida fraude
é a inscrição em dívida ativa. Ainda, afirma o parágrafo único do referido artigo que apenas não
será considerado fraude se o devedor conservar bens suficientes para à satisfação do crédito
tributário.
Sobre o artigo, ainda é importante lecionar que não aplicamos para efeitos de Execução
Fiscal a Súmula 375 do STJ, visto que aqui trata-se de norma especial.
Já sobre preferências do crédito tributário, leciona o artigo 186 do CTN:

Art. 186 do CTN


Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo
de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do
acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
I – o crédito tributário não prefere aos créditos extra concursais ou às importâncias
passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real,
no limite do valor do bem gravado; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos
decorrentes da legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. (Incluído pela Lcp nº 118,
de 2005)

Logo, no entendimento do caput do artigo supra citado, o crédito tributário tem preferência,
via de regra, sobre qualquer outro, independente da natureza do crédito. Na forma do caput e da
regra geral, o crédito tributário apenas perde na preferência para os créditos de natureza
trabalhista e de acidente de trabalho.
Entretanto, conforme dispositivo do parágrafo único do referido artigo, combinado com o
artigo 83 da Lei 11.101/05, em processo de falência, o crédito tributário será satisfeito em 4º
lugar, desde que tenha ocorrido o fato gerador antes da falência (se for após a decretação da
falência, será extraconcursal – art. 188 do CTN). Assim, na prática, o crédito tributário no
processo de falência perderá para: extraconcursal, trabalho (limitado em 150 SM) e acidente de
trabalho, crédito com garantia real no limite do valor do bem gravado.
24. Da Administração Pública

A administração tributária nada mais é do que a possibilidade objetiva do exercício do


poder de polícia por parte da autoridade fazendária. Assim, este poderá fiscalizar, executar e
arrecadar tributo para o respectivo ente competente.
Vale ressaltar que o exercício desta administração tributária deverá ser sempre balizada
observando-se os ditames legais, bem como a capacidade contributiva e econômica do
contribuinte.
Leciona o artigo 194, §º único do CTN que qualquer livro do contribuinte poderá ser
fiscalizado, mesmo de pessoa que goza de imunidade ou isenção.
Também ensina o artigo 195, §º único do CTN que o contribuinte deverá guardar todos os
documentos fiscais dentro do prazo prescricional. E lembre-se: cuidado ao observar apenas o
prazo de 5 anos, visto que por vezes o crédito poderá ter sofrido interrupção ou suspensão da
prescrição, devendo, portanto, o contribuinte ter cuidado com a contagem do prazo.
Na forma do artigo 199 do CTN as fazendas públicas poderão cooperar entre si, inclusive
fazendo trocas de informações.
Quando do exercício da fiscalização, ou seja, da atribuição do Poder de Polícia, a
administração pública terá que entregar obrigatoriamente um termo de início de ação fiscal onde
o mesmo trará o motivo da fiscalização e o período que está sendo objeto de análise. Tudo isso
a fim de garantir o devido processo legal.
25. Dos Impostos em Espécie

28.1 Impostos Federais

28.1.1 ITR – Imposto Territorial Rural

COMPETÊNCIA
• União;
• Artigos 153, IV, da CF;
• Artigo 29 e seguintes do CTN;
• Decreto 4.382/2002.

TEM CARÁTER EXTRAFISCAL

IMPORTANTE INSTRUMENTO DE POLÍTICA AGRÁRIA

TERÁ ALÍQUOTA PROGRESSIVA:


• Desestimular propriedades improdutivas;
• Tributar de maneira mais gravosa os menos produtivos.

NÃO INCIDIRÁ SOBRE PEQUENAS GLEBAS RURAIS:


• Art. 153, §4º da CF;
• Definição de pequena gleba – lei 9393/96;
• Proprietário que explore e não tenha outro imóvel;
• Art. 2º da lei 9.393/96;
• 100 hectares – Amazônia Ocidental, Pantanal Mato-Grossense;
• 50 hectares – polígono das secas – Amazônia Oriental;
• 30 hectares – em qualquer outro município.

SUJEITO PASSIVO:
• Proprietário;
• Titular de domínio útil (usufrutuário);
• Possuidor (ad usucapionem);
• Se houver propriedade e possuidor ao mesmo tempo: será cobrado do proprietário (é sobre
propriedade);
• Importante salientar que não existirá sobre acessão física;
• Fato gerador sobre acessão física (construções não);
• Somente imóveis por natureza;
• Vide artigo 79, §1º do Código Civil.

FATO GERADOR
• Propriedade;
• Domínio útil;
• Posse de imóvel;
• Por natureza: o solo com a sua superfície;
• Fora da zona urbana do município (cuidado) – art.15 dl 57/66;
• Imóvel com destinação econômica e exploração natural;

CUIDADO: No caso de invasão de sem-terra, proprietário pagará ITR?


Conforme o STJ não. Nesse caso existirá perda do domínio e atributos da propriedade.

ELEMENTO TEMPORAL
• 1º de janeiro de cada ano;
• Será por anualidade.

ELEMENTO ESPACIAL
• Propriedades que estejam fora da zona urbana.

BASE DE CÁLCULO
• É o valor fundiário do imóvel;
• É o valor da terra nua.
• Terra nua = preço de mercado: Excluídas construções, instalações e benfeitorias.
• Mas compreendendo árvores, frutos pendentes, subsolo e espaço aéreo.
ALÍQUOTAS
• Serão proporcionais;
• Serão progressivas;
• Conforme grau de utilização da área rural;
✓ Caráter extrafiscal;
✓ Visa desestimular propriedades improdutivas.

IMUNIDADE EM REFORMA AGRÁRIA


• Enquanto não for transferida a propriedade = não paga, salvo se houver imissão prévia da posse.
• É a imunidade do artigo 184, §5º da CF, combinado com o art. 1º, §1º, da lei 9.393/96.

OBS: Imunidade (não isenção).


LEGITIMIDADE PROCESSUAL
• Município que exerce capacidade ativa tributária deverá compor polo no processo.
• Assim, se o município arrecada integralmente, a competência será da justiça estadual comum,
conforme STJ.

IMÓVEL EM MAIS DE UM MUNICÍPIO


• Município da sede do imóvel; ou
• Se não existir sede = município que fica maior parte do imóvel.

28.1.2 IOF – Imposto sobre Operações Financeiras

COMPETÊNCIA
• União;
• Artigos 153, V, da CF;
• Artigo 63 e seguintes do CTN;
• Decretos 6.306/07 e 6.339/08.

TEM CARÁTER EXTRAFISCAL

CONTROLE DE POLÍTICA MONETÁRIA


SUA ARRECADAÇÃO OCORRERÁ NAS SEGUINTES OPERAÇÕES:
• Bancos;
• Caixas econômicas;
• Corretoras;
• Lojas de câmbio;
• Empresas de seguro privado.

SUJEITO PASSIVO
• Art. 66 do CTN = qualquer das partes na operação.
✓ Ficará a critério do legislador ordinário.
• Decreto 6.306/07:
a. PF e PJ tomadoras de crédito;
b. Compradores e vendedores de moeda estrangeira;
c. PF e PJ seguradas;
d. Adquirentes de títulos ou valores imobiliários;
e. Instituições autorizadas = primeira aquisição de ouro.

FATO GERADOR
• Operação de crédito = entrega total/parcial do dinheiro;
✓ Até mesmo colocação à disposição.
• Operações de seguro = emissão da apólice;
• Operações de títulos e valores mobiliários;
✓ A emissão, transmissão ou pagamento.

• Mero saque em caderneta de poupança não paga IOF.


✓ Súmula 664 do STF.

BASE DE CÁLCULO
• Previsão legal: artigo 64 do CTN e Decreto 6.306/07;
• Operação de crédito = valor + juros (art. 7º do Decreto);
• Operações de câmbio = valor recebido (art. 14º do Decreto);
• Operação de seguro = montante do prêmio (art. 21 do Decreto).

ALÍQUOTAS
• Serão proporcionais (vide decreto 6.306/07);
• Terão variação conforme natureza das operações:
a. Operação de crédito: máximo de 1,5% ao dia (art. 6º);
b. Operação de câmbio: máximo de 25% (art. 15);
c. Operação de seguro: máximo de 25% (art. 22).
• Nos depósitos judiciais não haverá incidência de IOF.
✓ Súmula 185 do STJ.
• Ouro destinado à fabricação de joias e ouro destinado à fabricação de peças para odontologia,
não considera-se ativo financeiro.
✓ Terá incidência de ICMS.
• Teremos incidência de IOF nas operações de FACTORING.

28.1.3 Imposto de Importação

COMPETÊNCIA
• União;
• Artigos 153, I, da CF;
• Artigo 19 e seguintes do CTN;
• Decretos 6.306/07 e 6.339/08.

TEM CARÁTER EXTRAFISCAL


VISA PROTEGER A INDÚSTRIA NACIONAL

POLÍTICA ECONÔMICA E FISCAL

É TAMBÉM CONHECIDO COMO TARIFA ADUANEIRA


LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO
• INCIDIRÁ SOBRE:
✓ Inserção no território nacional de bens procedentes de outros países;
✓ Vide artigo 19 do CTN.

SUJEITO PASSIVO
• Importador (qualquer PF ou PJ que entre com mercadoria);
• Arrematante de produtos apreendidos ou abandonados;
• Destinatário de remessa postal com remetente.
✓ Previsão no artigo 22 do CTN;
✓ Previsão no artigo 31 do dl 37/66.

FATO GERADOR
• Entrada real ou ficta de produto estrangeiro;
• Início do despacho aduaneiro;
• Momento da apresentação;
• Momento do registro da declaração de importação.
✓ Salvo hipóteses do instrumento normativo 680/06 – art. 17.
✓ Poderão ser registrados antes da entrada: plantas, animais vivos, papel para impressão.

CUIDADO!
• Imposto de Importação somente em casos de permanência em definitivo.
• Não englobará mercadorias estrangeiras, que permaneçam temporariamente, a fim de cumprir
finalidades esporádicas.
✓ Circuito da fórmula 1;
✓ Feiras e exposições.

• Também será cobrado Imposto de Importação no retorno de mercadorias, SALVO:


✓ Mercadoria em consignação não vendida;
✓ Devolução da mercadoria por defeito;
✓ Retorno da mercadoria por guerra ou calamidade.

BASE DE CÁLCULO
• Quantidade de mercadorias;
✓ Tantos reais por tonelada.
• Valor do produto importado;
• Valor do preço da arrematação do bem em licitação.
ALÍQUOTAS
• ESPECÍFICA
✓ Valor em dinheiro sobre unidade de medida.
• AD VALOREM
✓ Aplicação de alíquota sobre determinado valor.

QUESTÕES DE PROVA
• Zona franca de Manaus;
• Emenda constitucional nº 83;
✓ Prorrogou os benefícios até 2073.

• Drawback;
• Proteção produto nacional: exporta produto pronto;
• É ressarcido do Imposto de Importação sobre insumos importados.

28.1.4 Imposto de Exportação

COMPETÊNCIA
• União;
• Artigos 153, II, da CF;
• Artigo 23 e seguintes do CTN.

TEM CARÁTER EXTRAFISCAL

TEM FUNÇÃO ECONÔMICA

INCIDIRÁ SOBRE EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NACIONAIS E NACIONALIZADOS

SUJEITO PASSIVO
O exportador: qualquer pessoa que promova a saída de produtos nacionais ou
nacionalizados do nosso território.
FATO GERADOR
• Momento da liberação pela autoridade aduaneira; ou
• Data do embarque ou saída conforme declaração.
CUIDADO: A guia poderá ser exigida pela Receita Federal antes mesmo da saída do
produto.

BASE DE CÁLCULO
• Preço normal da mercadoria ao tempo da exportação, podendo ser:
✓ Pela quantidade de mercadoria;
✓ Preço da arrematação do produto adquirido;
✓ Pelo valor monetário do produto exportado.
OBS: O fisco não está vinculado ao valor da fatura.

ALÍQUOTAS
• Estão previstas na tarifa aduaneira do brasil e poderão ser:
✓ Específicas (valor sobre a unidade de medida);
✓ Ad valorem (alíquota sobre determinado valor).
• Atualmente é de 30%.
• Poderá o executivo aumentar 150%.
• Vide artigo 3º do Decreto lei 1.578/77.

• REGRAS DE DESONERAÇÃO
ARTIGO 156, §3º, II, DA CF – EXPORTAÇÃO ISS – ISENÇÃO.
ARTIGO 155, §2º, X, DA CF – IMUNIDADE PARA ICMS.
ARTIGO 153, §3º, III, DA CF – IMUNIDADE PARA IPI.

28.1.5 Imposto sobre Produto Industrializado


COMPETÊNCIA
• União;
• Artigo 153, IV, da CF;
• Artigo 46 e seguintes do CTN.

É IMPOSTO REAL (RECAI SOBRE PRODUTOS DA INDÚSTRIA)


TEM FUNÇÃO REGULATÓRIA DE MERCADO

É IMPOSTO SELETIVO (NECESSIDADE DE PRODUTO)

SUJEITO PASSIVO:
• Importador;
• Industrial;
• Comerciante de produtos para indústria;
• Arrematante de produtos apreendidos.

FATO GERADOR:
• Importação;
• Saída do estabelecimento industrial = produto;
• Aquisição em leilão;
• Primeira saída por revenda de produtos importados.

CUIDADO: O STJ entende que não incide IPI de veículo importado para uso próprio.
• Recentemente o STF disse que incide (RE 723.651).
✓ Mesmo que não desempenhe atividade empresarial.
✓ E faça importação para uso próprio.

CONCEITO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
• O produto foi submetido a qualquer operação que modifique sua natureza, finalidade ou
o aperfeiçoe para consumo.
✓ Transformação, beneficiamento, montagem, renovação.
BASE DE CÁLCULO
• Valor da operação da saída do produto;
• Preço normal, acrescido do Imposto de Importação;
✓ + encargos cambiais.
✓ + tarifas aduaneiras.
• Preço da arrematação.

ALÍQUOTAS
• Proporcional;
• Será conforme grandeza econômica tributada;
• Variam de 0% até 365,63% (cigarros).

28.1.6 Imposto de Renda

COMPETÊNCIA
• União;
• Artigos 153, III, da CF;
• Artigo 43 e seguintes do CTN.

TEM FUNÇÃO FISCAL

TENTA PROMOVER REDISTRIBUIÇÃO DE RENDA

SUJEITO PASSIVO
• Pessoa física ou jurídica;
• Titular de renda ou provento de qualquer natureza;
• A lei poderá exigir retenção da fonte pagadora:
✓ Empregado = contribuinte.
✓ Empregador = responsável.
• Em caso de omissão na retenção a fonte pagadora irá arcar com a multa.
✓ Mesmo sendo responsável = não precisará pagar o IR.
FATO GERADOR
• Aquisição de disponibilidade econômica/jurídica de renda:
✓ Decorrente de capital (aplicações, bonificações);
✓ Do trabalho (salário, comissões);
✓ Dos dois (lucro);
✓ Provento de qualquer natureza (aposentadorias, doações).

BASE DE CÁLCULO
• Soma dos fatores que se agregam ao patrimônio:
✓ Positivos (rendas, acréscimos);
✓ Negativos (deduções, dependentes, saúde).
BASE DE CÁLCULO (ART. 44, DO CTN), SERÁ O MONTANTE:
• Real (cálculo do lucro, abatendo do faturamento as despesas permitidas)
• Arbitrado (não é possível apurar lucro real, em razão da omissão).
✓ Ocorre também quando o sujeito passivo não cumpre obrigação acessória.
• Presumida (percentual legal sobre o valor da receita bruta).

ALÍQUOTAS
• Generalidade: todos os contribuintes que pratiquem o fato;
• Universalidade: quaisquer rendas e proventos;
• Progressividade: variação de acordo com a base de cálculo.

ATENÇÃO! QUESTÕES PASSÍVEIS DE PROVA:

• Súmula 125, STJ – Não incide IR sobre renda auferida por férias não gozadas.
• Súmula 215, STJ – Não incide sobre indenização – programa de demissão voluntária.
• Súmula 498, STJ – Não incide sobre dano moral.
• Súmula 463, STJ – Incide sobre horas extraordinárias recebidas.
• Súmula 556, STJ – Não incide IR no valor da complementação de previdência privada = anos de
89/95.
• Súmula 447, STJ – Entes que fazem retenção serão partes nas ações.
28.2 Impostos Municipais

28.2.1 IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

COMPETÊNCIA
• Municípios e DF;
• Artigos156, I, da CF;
• Artigo 32 e seguintes do CTN.

MEDIANTE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA

ISENÇÃO TAMBÉM SERÁ POR LEI ORDINÁRIA

CUIDADO: Em caso de IPTU de hipotético território, a competência será da União.


✓ Artigo 147, parte inicial, da CF.
✓ União fará por lei Ordinária.

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IPTU


• É política e indelegável.

CUIDADO, LEMBRE-SE QUE:

IPTU -> ZONA URBANA


ITR -> ZONA RURAL

SUJEITO PASSIVO DO IPTU:


• Proprietário (pleno com registro);
• Possuidor (posse com animus domini);
• Titular de domínio útil:
✓ - Usufrutuário, enfiteuta, superficiário;
✓ - Superficiário (artigo 21, §3º - lei 10.257/01).
CUIDADO:
• Locatário não será responsável pelo IPTU;
• Convenção em contrato particular é normal;
- Mas não poderá ser oposta perante fisco (art. 123).
• Assim, pelo IPTU só proprietário perante fisco.
• Locatário também não terá legitimidade para:
✓ - Impugnar lançamento;
✓ - Solicitar repetição de indébito tributário.
• Súmula Vinculante nº 52;
✓ - Locação para terceiros – imunidades – templos.
• Esta relação de locatário também valerá para o comodatário.

VALE RESSALTAR QUE:


• A Fazenda Pública poderá escolher para cobrar:
✓ - Proprietário;
✓ - Titular de domínio útil;
✓ - Possuidor com animus de domini.
• Compromisso irretratável de compra e venda.
✓ - Quem vende é imune.
• Comprador pagará IPTU.
• Artigo 150, §3º da CF.
• Imóvel urbano com área de preservação permanente.
✓ - Não impedirá incidência de IPTU sobre todo o imóvel.

FATO GERADOR
• Propriedade;
• Domínio útil;
• Posse de bem imóvel.
✓ - Por natureza ou acessão física.
✓ - Localizado em zona urbana.
• O que é zona urbana?
✓ - Vide artigo 32, §1º do CTN;
✓ - Será definida em lei municipal
✓ - Deverá ter a presença de dois requisitos do 32, §1º, do CTN.

• Também poderá sofrer incidência as áreas urbanizáveis ou de expansão urbana.


✓ - Vide artigo 32, §2º do CTN;
✓ - Previsão em lei municipal;
✓ - Inserção em loteamento aprovado para moradia, indústria ou comércio.

CUIDADO:

Imóvel situado em zona urbana, mas que explore atividade de zona rural, como plantação, criação
de galinha, será cobrado ITR, com fundamento no artigo 15, dl 57/66.

QUANDO OCORRERÁ O FATO GERADOR


• Espacial: município do imóvel;
• Temporal: anual.

BASE DE CÁLCULO DO IPTU


• Valor venal do imóvel.
• Não será considerado o valor dos bens móveis.
• Cuidado com a simples atualização da base de cálculo:
✓ - Poderá ser realizada por decreto municipal.

ALÍQUOTAS DO IPTU
• Será progressiva;
✓ - Lei municipal deverá prever progressividade;
• É extrafiscal (função social – único imóvel);
• É fiscal (em razão de localização e uso do imóvel).

28.2.2 ISSQN – Imposto sobre Serviço de qualquer natureza


COMPETÊNCIA
• Municípios e DF;
• Artigos 156, III, da CF;
• Lei complementar nº 116 de 2003.

REGRA
• O ISSQN será pago no local do estabelecimento do prestador do serviço.

MAS TENHA MUITO CUIDADO:


• REGRA: No local do domicílio do prestador (art. 3º da LC);
• EXCEÇÃO: Artigo 3º, e seus 22 incisos:
✓ - Poderá ser no local da prestação do serviço:
✓ - Execução e fiscalização de obras;
✓ - Demolição;
✓ - Varrição de ruas.

QUEM PAGARÁ O ISSQN


• Quem pagará é o prestador do serviço.
✓ - Poderá ser tanto a empresa, quanto o profissional liberal.

• Não pagará pelo serviço.


✓ - Os que prestam serviços em relação de emprego;
✓ - Diretores, membros de conselhos consultivos; e etc.

FATO GERADOR
• É a prestação do serviço;
• Pela empresa ou profissional autônomo;
• Com ou sem estabelecimento fixo;
• De serviços constantes na lista anexa da LC 16/03.

CUIDADO, NÃO TEREMOS ISSQN NOS SEGUINTES SERVIÇOS:


a. Serviço feito a si próprio;
b. Taxa de serviço pelo poder público (específico e divisível);
c. Transporte intermunicipal e interestadual – ICMS;
d. Prestação de serviços destinados ao exterior – isenção;
e. Prestação de serviços entre ente público – imunidade.

BASE DE CÁLCULO
•Preço bruto do serviço.
✓ - Serviços gratuitos não poderão ser cobrados.
• Atenção: eventuais descontos deverão ser computados.
✓ - Juros, multas e indenização = não entram para cálculo.

ALÍQUOTAS
• Será fixa (profissional liberal) ou proporcional (serviço);
• A depender do sujeito passivo;
✓ - Alíquota mínima = 2% - artigo 88 da ADCT;
✓ - Alíquota máxima = 5% - artigo 8º da LC 16/03.

ATENÇÃO:
• É inconstitucional a cobrança de ISSQN sobre locação de bens móveis.
✓ - Súmula vinculante nº 31 do STF.
• ISSQN sobre software de computador:
✓ - Software produzido em escala = ICMS;
✓ - Software sobre encomenda = ISSQN.

• ISSQN sobre arrendamento mercantil (leasing):


✓ - Arrendamento (tipo aluguel e no fim permite compra);
✓ - Leasing financeiro = incidirá ISSQN;
✓ - Leasing operacional (mera locação) = não incidirá ISSQN.

• ISSQN sobre franquias:


✓ - Após a LC 16/03 decidiu-se que haverá incidência.

28.2.3 ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis

A QUALQUER TÍTULO

POR ATO ONEROSO DE BENS IMÓVEIS (USO, USUFRUTO)


✓ - Exceto os de garantia.
BEM COMO CESSÃO DE DIREITOS

COMPETÊNCIA
• Município e DF;
• Artigos 34 até 42 do CTN;
• Lei Ordinária.

SUJEITO PASSIVO
• Qualquer uma das partes da operação de transmissão.
• Poderá ser:
✓ - Transmitente;
✓ - Adquirente (a regra é este).

ELEMENTO ESPACIAL
• Situação (localização) do bem.

ELEMENTO TEMPORAL
• É o momento da transmissão ou da cessão.

FATO GERADOR
• Ocorrerá mediante registro no registro de imóvel;
• Não posso cobrar o ITBI antes do registro (cuidado).
• Mero contrato de gaveta não enseja pagamento de ITBI.
• O ITBI não ocorrerá sobre direitos reais de garantia:
✓ - Anticrese: entrega de bem imóvel para outro usar até quitar.
✓ - Hipoteca: devedor oferece bem em garantia.
✓ - Penhor: recai sobre bens móveis alheios.

BASE DE CÁLCULO
• Valor venal do imóvel:
✓ - Que está sendo transmitido;
✓ - Que está sendo cedido.

ALÍQUOTAS
• Serão proporcionais, conforme lei municipal;
• Jamais poderão ser progressivas (Súmula 656 do STF);
• Progressiva somente: IR, IPTU, ITR E ITCMD.

ATENÇÃO:

Não incidirá ITBI sobre transmissão de bens imóveis incorporados a pessoa jurídica para realização
de capital, nem sobre operações societárias, salvo se as empresas tiverem finalidade de compra e
venda de imóveis, locação e arrendamento de imóveis. Artigo 156, §2º, da CF.

28.3 Impostos Estaduais

28.3.1 ITCMD – Imposto Transmissão Causa Mortis ou Doação

SERÁ ESTABELECIDA PELO ESTADO E DF


MEDIANTE LEI ORDINÁRIA
OCORRERÁ SOBRE TRANSMISSÃO DE QUAISQUER BENS OU DIREITOS
RECEBIDOS
• Em razão de sucessão causa mortis.
• Em razão de doação.

INCIDIRÁ SOBRE TRANSMISSÃO NÃO ONEROSA


• Incidirá sobre qualquer tipo de bem.

ATENÇÃO

No inventário por morte presumida, que você não sabe o fato gerador, terá incidência desse imposto
– Súmula 331 do STF.

COMPETÊNCIA
• Bens imóveis e respectivos direitos.
✓ - No Estado ou DF – situação do bem.
• Bens móveis, títulos e créditos:
✓ - No estado onde se processar o inventário.
✓ - No estado do domicílio do doador.
• Doação por pessoa que resida no exterior.
• Bens deixados por alguém que mora no exterior.
• Bens deixados por alguém que teve inventário no exterior.
✓ - Dependerá de lei complementar. (Que não existe até hoje).
QUEM PAGARÁ O ITCMD
• Nas doações ( Donatário dos bens;
• Nas transmissões por morte ( Herdeiro;
• Nas cessões ( O cedente.

BASE DE CÁLCULO
• Valor venal dos bens.

ATENÇÃO

Será aplicado e considerado no momento do fato gerador.

ALÍQUOTAS
• Será definida pelo Senado Federal;
• Atualmente a alíquota máxima é de 8% - resolução 9/92;
• No imposto causa mortis é devido a alíquota – da morte;
• O STF disse que as alíquotas são progressivas (caráter pessoal).

28.3.2 IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

COMPETÊNCIA
• Estados e DF.

IRÁ PAGAR IPVA


• Proprietário de veículo automotor.
• Paga-se anualmente.
• Exceto aeronaves e embarcações, segundo o STF.

SUJEITO PASSIVO
• Proprietário;
• Adquirente;
• Titular de domínio útil;
• Possuidor com animus domini.

ATENÇÃO:

O STF já decidiu acerca da possibilidade de serem fixadas sanções administrativas em caso de


ausência de pagamento de IPVA.

BASE DE CÁLCULO
- Valor venal dos veículos;
- Poderá variar conforme o tipo;
- Poderá variar se novo ou usado.

ALÍQUOTA (CARÁTER FISCAL)


• A emenda constitucional n° 42 de 2003 estabeleceu competência do Senado: para mínima.
• Poderemos ter alíquotas diferenciadas:
✓ - Em razão do tipo e utilização do veículo (art. 155, §6º).

28.3.3 ICMS – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação


de Serviços

E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS:
- Transporte intermunicipal e interestadual;
✓ - Comunicação.

COMPETÊNCIA
• Estados e DF;
• Vide artigo 155, II, da CF;
• Vide lei complementar 87 de 1996.

SUJEITO PASSIVO
• Artigo 4º da lei complementar 87;
• Pessoas que pratiquem circulação de mercadorias;
• Importadores de qualquer natureza (PF ou PJ);
• Transporte intermunicipal e interestadual;
• Serviços de comunicação.

CONCEITO DE CIRCULAÇÃO
Quando ocorrer mudança de titularidade do bem. O bem sai de uma titularidade e passa
para outra.

ATENÇÃO, NÃO TEREMOS ICMS:

a. Em saída de mercadoria para mostruário;


b. Transporte de mercadoria entre matriz e filial.

CONCEITO DE MERCADORIA
• Coisa que constitua objeto de venda.
• São aquelas mercadorias que serão comercializadas.

• ASSIM CUIDADO, NÃO TEREMOS ICMS: Sobre mercadorias que sejam para consumo
próprio empresário.

ATENÇÃO, PODERÁ CAIR NA PROVA:

Empresa do setor fumageiro decide vender seus carros para adquirir novos veículos. Assim cuidado,
não teremos ICMS: O objeto da empresa não é venda de carros. Logo, se vender ativo fixo, não terá
de pagar ICMS.

NÃO INCIDIRÁ ICMS:


• Sobre coisas corpóreas que não sejam mercadorias;
• Na alienação de bens do ativo fixo ou imobilizado;
• Na simples transferência de mercadorias – Súmula 166 do STJ;
• Na remessa de mercadorias para mostruário ou consignação.

CONCEITO DE TRANSPORTE INTERMUNICIPAL


• Aquele realizado entre municípios.

CONCEITO DE TRANSPORTE INTERESTADUAL


• Aquele realizado entre Estados.
OBS: Dentro do município paga-se ISSQN.

CONCEITO DE SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO


• Prestação de serviços onerosos:
✓ - De qualquer meio de comunicação.
✓ - Geração, emissão, retransmissão, ampliação.

BASE DE CÁLCULO DO ICMS


• Valor da operação (circulação de mercadorias);
• Valor do serviço (transportes e comunicação);
• Valor da importação (do bem importado).

ALÍQUOTA DO ICMS
• Teremos internas (cada Estado fixará livremente).
✓ - A depender do produto.
• Teremos Interestaduais (Resolução 22 do Senado Federal).
✓ - Que não tem nos Vades.
✓ - Trata-se da Emenda Constitucional 87 de 2015.

ALÍQUOTA INTERESTADUAL
• Foi fixada pelo Senado Federal - Resolução 22/89.
• Previsão legal: Art. 155, §2º, VII, VIII, da CF.
• A partir de 1990:
✓ - Será de 7% ou 12% (Conforme Estado de destino).

ALÍQUOTA INTERESTADUAL
• Se o Estado de destino for:
✓ - Norte, Nordeste, Centro Oeste e Espírito Santos = pago 7%.
• Mas se o Estado de destino for:
✓ - Sul ou Sudeste = pago 12%.
• Tais alíquotas vão ocorrer independentemente do produto.
• Chamamos de alíquotas genéricas.

✓ Assim, se a empresa Nini machão, situada em POA-RS, vender para o Sul ou Sudeste
pagará 12% de ICMS. Já se vender para o Norte, Nordeste, Centro Oeste ou Espírito
Santos pagará 7% de ICMS.

MAS ATENÇÃO: Se a empresa estiver situada em Natal – RN, sempre pagará 12% de
ICMS, eis que estará na região Norte, Nordeste, Centro Oeste, ES. Assim, não interessa para
onde venderá.

RESUMINDO
Operação de mercadoria interestadual e prestação de serviço interestadual:
Regra = pagará 12%.
Exceção = Se origem for do Sul, Sudeste ( para Norte, Nordeste, Centro Oeste e Espírito
Santos = pagará 7%.

• MAS A EMENDA CONSTITUCIONAL NÃO PARA POR AQUI


✓ A empresa Nini machão, situada em POA-RS, acaba por vender bolachas para NATAL –
RN. Nesse caso, a empresa Nini machão pagará 7% para o Estado do RS, conforme o art.
155, §2º, IV, CF. Porém, quando a bolacha chegar em Natal – RN deverá ser paga a alíquota
diferencial. É o que chamamos de DIFAL. Logo, para calcular, é preciso saber a alíquota
interna - cada Estado terá a sua.
✓ Vamos imaginar que em Natal – RN a alíquota interna seja de 17%. O DIFAL, PORTANTO,
SERÁ: 17% - 7% = 10%

QUEM VAI RECOLHER O DIFAL?


• DEPENDE!
✓ Se o destino for contribuinte de ICMS e estiver inscrita como recolhedora de ICMS, será ela
que terá que recolher (art. 155, §2º, VIII, a, da CF).
✓ Agora, se o destinatário, em Natal – RN, for alguém que não seja contribuinte de ICMS, a CF
mandará a empresa Nini machão pagar o DIFAL, conforme o Art. 155, §2º, VIII, b, da CF.
Tais mudanças quebraram as vendas pela internet. A maioria das vendas são para não
contribuintes, no tocante as operações interestaduais. Logo, as lojas deverão recolher:
- Tanto as alíquotas do envio.
- Como as alíquotas dos destinos.

Foi por essa razão que a Emenda Constitucional nº 87 também inseriu o art. 99 da ADCT,
alterando as regras de repartições.
Criou-se uma regra de transição para que os Estados de origem não sintam tanto esta
mudança até 2018.

ATENÇÃO, PODERÁ CAIR NA PROVA:


Você, pessoa física, resolve importar roupas dos EUA. Você estará diante do pagamento de ICMS?
Sim, conforme artigo 155, §2º, IX, a, da CF.

• Não constitui fato gerador de ICMS:


- Saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato.
✓ - Súmula 573 do STF.

• Fornecimento de água potável por empresa concessionárias, não é tributável.


- RE 607.056 – Repercussão Geral.
26. Taxas

As taxas são 1 (uma) das 5 (cinco) espécies de tributos existentes em nosso ordenamento
jurídico. Na forma do artigo 145, II, do texto constitucional, a competência é comum, ou seja,
todos os entes poderão criar, mediante a edição de lei ordinária. Por fim, vale ressaltar que tal
tributo é vinculado à prestação de um serviço público.

Art. 145, II da CF
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,
de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
disposição;

Art. 77 do CTN
Art. 77 do CTN - As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. (Vide Ato
Complementar nº 34, de 1967)

Observando, ainda, o referido artigo, que dá competência aos entes para criação de taxas,
verifica-se a existência de duas espécies de taxas:
a. Em decorrência do exercício do poder de polícia;
b. Pela utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível.
A primeira espécie de taxa é aquela que decorre do serviço de fiscalização, a fim de
regular as atividades exercidas pelos contribuintes, visando não prejudicar, por exemplo, a
coletividade. Aqui elencamos como exemplo o alvará sanitário. Também cabe ressaltar que,
conforme o Supremo Tribunal Federal, basta a existência de um órgão fiscalizatório e em
atividade para que torne-se possível a cobrança da referida taxa.

Art. 78 – CTN - Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que,


limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada
pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso
ou desvio de poder.

E a segunda espécie de taxa é aquela que decorre da utilização efetiva ou disponibilização


de serviço público, desde que este seja específico e divisível. Específico aqui significa que o
contribuinte sabe qual serviço público está utilizando, e divisível quer dizer que o ente público
consegue visualizar e individualizar quem faz utilização do seu serviço público. É o famoso “eu
te vejo”, “tu me vê”.
Assim, considerando os atributos inerentes à esta segunda espécie de taxa é que foi
julgada inconstitucional a taxa de iluminação pública (TIP), visto que o ente público não consegue
visualizar quem se utiliza da iluminação situada em logradouros públicos.

Súmula Vinculante 41
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

Ademais, utilizando-se do mesmo fundamento, colaciona-se que jamais poderá ser


cobrada taxa de segurança pública e limpeza de logradouros públicos, justamente pelo fato de
não estarem presentes os requisitos da divisibilidade e especificidade.
Mas daí poderá questionar-se: e o serviço de recolhimento domiciliar (coleta) de lixo em
imóveis, pode ser cobrado mediante taxa? A resposta é altamente positiva, justamente pelo fato
de que o contribuinte sabe o serviço que recebe, bem como o ente público consegue
individualizar quem utiliza-se do referido serviço. E acrescento que tal taxa poderá ser cobrada
mesmo se o serviço não for utilizado, visto que o referido tributo poderá ser cobrado em face da
disponibilização do serviço pelo ente competente.

Súmula Vinculante 19
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo
145, II, da Constituição Federal.

Passada a análise do artigo 145, II, da Constituição Federal, faz-se necessário analisar o
§2º do referido artigo. O mesmo leciona que as taxas não poderão ter base de cálculo própria de
impostos.

Art. 145, §2º da CF


§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Considerando o referido parágrafo, vários questionamentos foram realizados sobre a
possibilidade de cobrança da taxa de recolhimento individual de lixo (coleta domiciliar), com base
de cálculo considerando a metragem do imóvel. Assim, novamente, exigiu-se posicionamento do
STF que veio a editar, inclusive, Súmula Vinculante sobre o assunto. E o Supremo Tribunal
decidiu que as taxas não poderão ter base de cálculo idênticas, mas sim poderão ter um ou outro
requisito (desde que não tenham identidade) da base de cálculo dos impostos.

Súmula Vinculante 29
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base
de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre
uma base e outra.

Súmula 595 do STF


É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de
cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.

Por fim, vale ressaltar que as custas judiciais são espécies de taxa, podendo, assim, ser
criadas somente mediante lei ordinária do ente competente. Ademais, sofrem limitações e
deverão observar todos os demais princípios e limitações impostas ao poder de tributar.

Súmula 667 do STF


Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite
sobre o valor da causa.
27. Contribuição de melhoria

Conforme analisado no capítulo anterior, a taxa é vinculada à realização de um serviço


por parte da administração pública. Já a contribuição de melhoria trata-se de uma espécie de
tributo, com competência comum, e está vinculada diretamente à realização de obra pública de
que decorra valorização imobiliária.

Art. 145 – CF - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os


seguintes tributos:
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Art. 81 – CTN - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.

Logo, considerando a legislação exposta, tanto na Constituição Federal, quanto no Código


Tributário Nacional, podemos compreender que todos os entes poderão criar a contribuição de
melhoria, mediante lei ordinária, desde que realizem obra pública e que dela decorra valorização
imobiliária no imóvel do contribuinte. Portanto, trata-se de condição cumulativa.
Outrossim, a cobrança do referido tributo deverá observar dois requisitos, igualmente
expostos no artigo 81 do Código Tributário Nacional:
a. Limite Individual: o fisco não poderá cobrar mais do que valorizou individualmente o imóvel do
contribuinte.
b. Limite Geral: o fisco não poderá cobrar mais de todos os contribuintes beneficiados com a
obra pública do que o custo total gasto para sua realização.

Por fim, a título ilustrativo e exemplificativo, cabe ressaltar que a contribuição de melhoria
poderá ser cobrada quando da realização do primeiro asfalto, mas não quando for retificado o
mesmo, ou seja, quando for feito mero recapeamento.
28. Empréstimos Compulsórios

A presente espécie tributária tem competência privativa da União e o presente ente


somente poderá realizar a criação mediante lei complementar. Reza o artigo 148 da Constituição
Federal:

Art. 148 da CF
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Na forma do artigo supra demonstrado, teremos 3 hipóteses que justificam a criação deste
empréstimo aos contribuintes: guerra externa ou sua iminência, calamidade e investimento
público de caráter urgente e relevante interesse nacional.
Lembre-se, ainda, que, na forma do artigo 150, §1º da Constituição Federal, os
empréstimos compulsórios para guerra externa ou sua iminência, bem como o de calamidade,
uma vez criados, terão exigência imediata. Entretanto, o empréstimo de investimento público
deverá respeitar as duas anterioridades (exercício e nonagesimal) para ser exigido.
Por fim, é importante ressaltar sobre a presente espécie tributária, que trata-se de tributo
vinculado, ou seja, a arrecadação deverá ir diretamente para o caixa que gerou sua criação, bem
como será temporário e restituível. Tal restituição, conforme o STF, deverá ser em dinheiro,
observando a regra do artigo 3º do CTN e não em títulos de dívida pública.
29. Contribuição Especial

As contribuições especiais, conforme já demonstrado em capítulo próprio, são de grande


maioria de competência da União. Ademais, conforme texto constitucional, nós temos 4 espécies
de contribuições especiais: sociais, de intervenção no domínio econômico, de categoria
profissional e de iluminação pública.

32.1 Contribuições Sociais Gerais


Apenas a União poderá criar e servirá para financiar basicamente os direitos sociais
previstos no artigo 6º da Constituição Federal. Temos como exemplo da presente contribuição
aquela referente ao salário educação.
Igualmente, pronunciou-se o STF que as contribuições sociais para manutenção ao
sistema S, na forma do artigo 240 da Constituição Federal, são constitucionais, e servem
basicamente para formação do trabalhador.
Vale ressaltar que estas contribuições sociais gerais respeitam os dois princípios da
anterioridade.

32.2 Contribuições de Seguridade Social


Tem previsão geral no artigo 149 da Constituição Federal, mas objetivamente está
expressa e identificada no artigo 194 da mesma Carta Mãe. Será criada (regra) pela União
através de edição de lei ordinária.
Mas tenha cuidado: uma nova Contribuição Social Residual, ou seja, que não existe ainda,
somente poderá ser criada pela mesma União, mediante Lei Complementar, na forma do artigo
195, §4º da Constituição Federal. Vale ressaltar, ainda, que tal contribuição residual obedecerá
os requisitos do artigo 154, I, da Constituição Federal, ou seja: não poderá ser cumulativa e
deverá ter fato gerador/base de cálculo diversa das demais contribuições.
Portanto, fique atento: Contribuição Social Residual jamais poderá ser criada por Medida
Provisória, na forma do artigo 62, §1º, III, da Constituição Federal.
A Contribuição de Seguridade Social será realizada para custear: previdência, assistência
social e saúde. Aqui teremos os clássicos exemplos das famosas contribuições, ou seja, o PIS e
COFINS.
Importante ressaltar que, observando o que disposto na parte final do artigo 195, II, da
Constituição Federal, o trabalhador segurado aposentado pelo regime geral terá imunidade, ou
seja, não precisará pagar mais a presente contribuição em razão de sua pensão ou
aposentadoria. Mas vale dizer ainda: se ele laborar em outro local, mesmo aposentado, terá que
recolher contribuição sobre os vencimentos recebidos referente ao seu labor.
Outra questão que costuma aparecer sempre em prova é que, na forma do artigo 195, §6º
da Constituição Federal, as contribuições sociais, estas cujas quais servem para financiar a
saúde, seguridade e assistência, mesmo que majoradas, deverão aguardar apenas 90 (noventa)
dias. Logo, se majorar alíquota de CSLL ou criar uma nova Contribuição Social Residual, a União
terá que aguardar apenas a anterioridade nonagesimal, na forma do artigo 150, III, C, da
Constituição Federal.
As presentes contribuições para financiar a seguridade social terão como base de cálculo,
por exemplo:
a. Folha de pagamento salarial: contribuição patronal.
b. Faturamento e Receita: PIS, PASEP, COFINS.
c. Salário Empregado: INSS.
d. Lucro: Contribuição Social sobre Lucro Líquido.
e. Receita de Prognósticos: Lotérica.
f. PIS e COFINS para Importação.
As contribuições sociais não incidirão sobre receitas de exportações, na forma do artigo
140, §2º, I, da Constituição Federal.

32.3 Contribuição Social para Regime Próprio de Previdência para Servidor Público
A presente contribuição social, cuidado, terá competência comum. Assim, todos os entes
poderão criar esta contribuição a fim de financiar a previdência de seus respectivos servidores.
Entretanto, cuidado: para elas, aplico as duas anterioridades.
Outrossim, outro fato importante sobre a presente contribuição é que, na forma do artigo
40, §18º da Constituição Federal, o servidor público aposentado pelo regime próprio, ou seja,
albergado pela presente contribuição, estará imune somente até o teto do regime geral, em razão
do princípio da isonomia (art. 195, II, da CF).

32.4 Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico


A presente contribuição tem previsão inicial no artigo 149 da Constituição Federal e
somente poderá ser criada e/ou majorada pela União, mediante Lei Ordinária. A contribuição
mais famosa que apresenta-se aqui é aquela que visa intervir no comércio e importação de
combustível, ou seja, a famosa Cide Combustível.
Sobre a presente contribuição é importante ressaltar que ela poderá ser reduzida ou
restabelecida por Decreto e somente respeitará a anterioridade nonagesimal quando for
restabelecida, observando o que disposto no artigo 177, §4º, I, B, da Constituição Federal.

32.5 Contribuição de Interesse de Categoria Profissional


Esta contribuição também tem previsão inicial no artigo 149 da Constituição Federal. São
exemplos famosos aqui: Contribuição Sindical e dos Conselhos Profissionais. Vale ressaltar que,
somente a União poderá criar, mediante lei ordinária.
Importante lembrar aqui que a Contribuição Confederativa não é tributo, portanto, somente
poderá ser cobrada dos filiados aos sindicatos.
No tocante a contribuição paga para a Ordem dos Advogados do Brasil, ela também não
trata-se de tributo, visto que, conforme o STF, o órgão representativo dos advogados tem regime
jurídico sui generi. Portanto, caso o advogado venha a atrasar ou não satisfazer sua contribuição,
o presente conselho não poderá utilizar-se da Execução Fiscal para cobrar o valor devido.

32.6 Contribuição para o custeio da Iluminação Pública


Em razão da repercussão sobre a inconstitucionalidade da possibilidade dos entes criarem
taxa de serviço de iluminação público, através de Emenda Constitucional houve a inserção do
artigo 149-A da Constituição, vindo a criar a Contribuição de Iluminação Pública.
A presente contribuição tem como entes competentes os Municípios e o Distrito Federal e
estes exercerão sua competência mediante a edição de lei ordinária. Ademais, tal contribuição
respeita as duas anterioridades e poderá ser exigida na fatura de energia elétrica de cada
contribuinte.
Importante ainda dizer que, segundo o STF, poderão os entes cobrar a contribuição
inclusive daqueles contribuintes que sequer apresentam energia elétrica em seus lares, bem
como terão valores progressivos, conforme o consumo do respectivo sujeito passivo.

- INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES


Após analisadas as contribuições, faz-se necessário estabelecer algumas características
básicas e notáveis de cada uma delas:
a) Elas poderão ter o mesmo fato gerador e base de cálculo de impostos.
b) Elas terão arrecadação afetada (destinada) para despesa específica.
Assim, mais precisamente sobre o item B, cai ao lanço afirmar que, diferente dos impostos
que irão para um caixa geral, as contribuições (todas) terão finalidade e destino especial para
determinado órgão.

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