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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO, DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL, SECCAO DE ESTRUTURAS MECANICA DOS SOLIDOS Alvaro Azevedo 1996 PREFACIO A matéria leccionada na disciplina de Mecinica dos Solidos tem-se mantido praticamente inalterada nos Gltimos anos. Esta estabilidade deve tratar de uma matéria nuclear do curso de Engenharia Civil e também por constituir se ao facto de se uma introdugdo clissica ao estudo do comportamento das estruturas. Os trés capitulos fundamentais sio os relativos aos estados de tensio e de deformagio, complementados com o estudo das relagdes entre tensdes e deformagdes. Com o objectivo de facilitar a exposigdo destas matérias, é efectuada uma breve introdugio a0 cAleulo tensorial, com especial énfase na notagdo indicial e na mudanga de referencial. Nesta publicagdo o ritmo de exposigio & propositadamente lento ¢ pormenorizado, de modo a facilitar a um aluno de Licenciatura a apreensio de todos 08 conceitos expostos, sem ter de recorrer & bibliografia classica. Esta, por se destinar a leilores mais experientes, apresenta-se quase sempre demasiado compacta e resumida, requerendo uma capacidade de abstracgdo elevada, que nio esta ao alcance da generalidade dos alunos. © indice desta publicasio respeita a ordenagdo de assuntos que tem sido idos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Algumas das matérias aqui adoptada nos tltimos anos pelos docentes da disciplina de Mecanica dos $ expostas baseiam-se nas ligdes do Prof. Correia de Araijo, que se encontram compiladas no livro “Elasticidade e Plasticidade” (ver a Bibliografia). Os apontamentos da disciplina de Fisica II da autoria do Prof. Pinho de Miranda, bem como alguns manuscritos dos Profs. Silva Matos e Anténio Arede, constituiram também uma preciosa fonte de informagio, que muito facilitou a preparacdo desta publicagdo. A todos os meus agradecimentos. Alvaro Azevedo Dezembro de 1996 INDICE CAPITULO I 1 - INTRODUCAO AO CALCULO TENSORIAL --- 1.1 - Notagdo indicial 1.2 - Definigdo de tensor- 1.3 - Transformagaio linear de coordenadas 1.4 - Ortogonalidad 15 - Significado dos elementos da matriz de transformagio 1.6 - indices livres e indices mudos ~ 1.7 - Ortogonalidade em notago indicia 1.8 - Tensor de ordem n. 1.9 - Lei de transformagio em notagao matricial - 1.10 - Operages com tensores 1.10.1 - Adigao 10.2 - Produto ~ 10.3 - Contracga 10.4 - Produto contraido 10.5 - Derivagio 11 - Tensores notaveis ~ 11.1 - Delta de Kronecker 11.2 - Tensor alternante: 12 - Operadores tensoriais 12.1 - Gradiente~ 12.2 - Divergéncia~ 12.3 - Rotacional- 13 - Simetria e antissimetria tensorial ~ CAPITULO 2 2- ESTADO DE TENSAO 2.1 - Caso geral tridimensional ~ 2.1.1 = Consideragdes gerais: 2.1.2 Estado de tensdo num ponto ~ 2.1.3 » Tensor das tensdes 2.1.4 - Equagées de equilibrio definido- 2.1.5 - Equagées de equilibrio indefinido 2.1.6 - Mudanga de referencial 2.1.7 = Tensdes principais e invariantes do tensor das tensdes ~ 2.1.8 - Tensdes tangenciais maximas e minimas ~ 2.1.9 = Circunferéneias de Mohr —~ 2.1.10 - Tenses octaédricas ~ 2.1.11 - Tensor hidrostitico e tensor de desvio~ 2.2 - Estado plano de tensio- 2.2.1 - Formulagio 2.2.2 - Circunferéncia de Mohr ~ 2.2.3 Facetas conjugada: CAPITULO 3 3 - ESTADO DE DEFORMACAO -- 3.1 - Deformagio homogénea 3.2 - Sobreposicdo de deformagSes homogéneas- 3.3 - Decomposigiio de deformagées homogéneas. 3.3.1 - Rotagao 3.3.2 - Deformagio pura ~ 3.4 - Deformagao volumétrica — 3.5 - Deformaciio em torno de um ponto 3.6 - Tensor das deformages - mudanga de referencial 37- Extensdes principais e direeges principais de deformagao 3.8 - Tensor do desvio das deformagdes— 3.9 - Equagdes de compatibilidade 3.10 - Estado plano de deformagao. 3.11 - Circunferéneia de Mohr— CAPITULO 4 4 - RELACOES ENTRE TENSOES E DEFORMACO! 4.1 - Lei de Hooke generalizada ~~ 4.2 ~ Casos de simetria elastica ~ 4.2.1 - Simetria elastica relativamente a um plano 4.2.2 - Simetria elastica relativamente a dois planos ortogonais~ 433 - Isotropia~ 4.3.1 - Relagdo inversa 4.3.2 - Valor maximo do coeficiente de Poisson ~ 4.3.3 - Casos particulares 4.3.3.1 - Estado plano de tensio 43.3.2 - stado plano de deformagao~ BIBLIOGRAFIA SIMBOLOGIA A =matriz de transformagao de coordenadas entre dois referenciais (transfor- magio directa) 4, elemento da matriz A B__ ~matriz de transformagao de coordenadas entre dois referenciais (transfor magdo inversa) C - corpo C_ - centro da circunferéncia de Mohr Gq) _~ elemento do tensor de 4* ordem correspondente a lei de Hooke generalizada € = matriz 6x6 correspondent & lei de Hooke generalizada G,_~ ¢lementos da matriz 6x6 correspondente a lei de Hooke generalizada d — -tensor das deformagdes |, __~ elemento do tensor das deformagdes d' _ - tensor do desvio das deformagées dj - elemento do tensor do desvio das deformagdes d _ ~ vector com as 6 componentes independentes do tensor das deforma- ges (Cap. 4) d, _~componentes do vector d (Cap. 4) ~ extensio média dS - elemento infinitesimal de superficie dV - elemento infinitesimal de volume E _-médulo de elasticidade longitudinal ou médulo de Young & — -versor correspondente ao eixo x, @, _~ tensor de I* ordem que caracteriza uma deformagio homogénea (translagaio) ¢, _ - tensor de 2" ordem que caracteriza uma deformagio homogénea (=u, /éx,) F - forga genérica F ~veotor forga com componentes (f, f,.f1) componente do vector F segundo x, F., ~ forgas massicas ou de volume fi, ~ forgas de superficie G — - médulo de elasticidade transversal ou médulo de distorgao I -matriz identidade I, _ - 1° invariante do tensor das tensdes ou das deformagdes * invariante do tensor das tensdes ou das deformagdes - 3° invariante do tensor das tensdes ou das deformagdes, I, ~ circunferéncia de Mohr: polo irradiante das direcgdes J, ~circunferéncia de Mohr: polo itradiante das facetas L__ - comprimento genérico L_ - Lagrangeano M > - vector momento com componentes (m,,m,,m,) componente do vector M segundo x, fi versor de uma direcgdo arbitraria com componentes (1,,7,,7,) fi =versor normal a um elemento de superficie = componente do versor fi segundo x, fi, versor da 1 direcgao principal de tensdo ou de deformagao fi ~ versor da 2* direcgdo principal de tensio ou de deformagao fig ~ versor da 3* direccdo principal de tensdo ou de deformagao fi, ~ versor normal a uma faceta octaédrica 0 -origem do referencial P__ -ponto genérico de coordenadas (x,,x,,x,) B ~ vector posigdo do ponto P R_— -raio da circunferéncia de Mohr S— -referencial (0,x,,.5,%;) S— -superficie 7 - vector tense com componentes (1,,t,,/,) - tenso num ponto para uma faceta de normal 7. i, ~ tensdo num ponto para uma faceta de normal é, 1 ~grandeza do vector 7 tq grandeza do vector tensdo numa faceta octaédrica % —_- vector deslocamento com componentes (u,,1;,44) 4, - componente do vector i segundo x, ii’ - componente de translacao do vector deslocamento - componente de rotagdo do vector deslocamento - componente de deformagio do vector deslocamento Vv -volume - tensor rotagio - elemento do tensor rotagao i vector rotagtio com componentes (1, w, componente do vector ¥ segundo x, ll) X —~ponto genérico de coordenadas (x,,x, ~ Angulo de rotagao ( ¥ _- vector posigdo do ponto X - eixo do referencial - coordenada de um ponto segundo 0 eixo x, @ — - Angulo entre duas direcgdes a, ~ estado plano de tensao ou deformagao: angulo que define a 1* direcgao principal @,_~ estado plano de tensdo ou deformagdo: angulo que define a 2* direcgio principal A =deslocamento genético AS - elemento de superficie 5, _~ delta de Kronecker ou simbolo de Kronecker &, ~ tensor altermante 4 ~extensdo segundo 0 eixo x, (€8 6d) 6, = l"extensdo principal &, > 2° extenso principal - 3° extensdo principal &, _~ estado plano de deformagao: extensio segundo x - estado plano de deformagdo: extenso segundo y £ — -estado plano de deformagao: extensdo na direeyo a @ — ~valor proprio de um tensor de 2* ordem Yq ~ Angulo entre os eixos 6 ¢ 8, (Cap. 1) Yy _~distorgdo entre os eixos x, € x, (7y=2d,, comi# fj) Yy _~ estado plano de deformagao: distorgdo entre as direcgdes x ¢ y 7 ~estado plano de deformagao: distorgio entre as direcgdes a e a +90° A -multiplicador de Lagrange A -uma das constantes de Lamé (a outra & 0 médulo de distorgo G) coeficiente de Poisson x -plano & _ - vector correspondente 4 componente normal da tensio 9g, _~ componente normal da tensio na faceta perpendicular ao eixo ., (C8 O=T) o = grandeza da componente normal da tensio 7; _- I tensio principal r, _~ 2* tensio prineipal Oy ~ 3* tensio principal gj ~ I tensio principal do tensor do desvio das tensdes oy ~ 2* tensio principal do tensor do desvio das tensdes Gy ~ 3° tensio principal do tensor do desvio das tensdes - tensio normal média - tensio normal numa faceta octaédrica @, _~ estado plano de tensio: tensdo normal numa faceta perpendicular ao eixo x - estado plano de tensdo: tenso normal numa faceta perpendicular ao eixo y 4 ~ Angulo entre duas direcgdes - tensor das tensdes 1, Vv ~ elemento do tensor das tensdes r ~ tensor do desvio das tens - elemento do tensor do desvio das tensdes = tensor hidrostatico ou isotrépico - vector correspondente 4 componente tangencial da tensio - grandeza da componente tangencial da tensdo - tensGo tangencial numa faceta octaédrica - vector com as 6 componentes independentes do tensor das tensdes (Cap. 4) - componentes do vector ¢ (Cap. 4) - estado plano de tensSo: tenso tangencial numa faceta perpendicular ao eixo x - operador gradiente (4/6x, .d/6x, ,4/@x,), também designado nabla EEUP - Mecsnica dos Sélidos - 196 Alvaro Azevedo LL 1 - INTRODUGAO AO CALCULO TENSORIAL Neste capitulo so apresentadas algumas nogdes sobre o célculo tensorial, de modo a facilitar mais adiante a dedugdo de algumas expressdes fundamentais da Mecanica dos Sélidos, 1.1 - Notagio indicial A principal vantagem da utilizagdo da notagdo indicial é a de permitir a dedugdo de expresses complexas utilizando uma notago compacta. Considere-se a seguinte equagio que relaciona as grandezas vectoriais @, 5 e & z +b aay Uma vez que (1.2) (1.3) (14) (1.3) 6) (Ly) As equagGes (1.5)-(1.7) relacionam as componentes dos vectores segundo cada um dos eixos coordenados x1, x» ¢ x3. Em ver, de escrever estas trés equagdes poder-se-ia recorrer a um indice 7 ¢ escrever apenas (1.8) Em (1.8) pode-se omitir a expresso entre parénteses porque se subentende que 0 indice i pode adoptar os valores 1, 2 ou 3, Partindo de (1.8) chega-se as equagdes 12 originais (1.5)-(1.7) efectuando uma permutago cfclica dos indices, ie, atribuindo-Ihes sucessivamente os valores 1, 2 € 3. Recorrendo a utilizagio de indices, consegue-se, na generalidade dos casos, manipular expresses de um modo mais compacto, A notagdo indicial & também designada notaedo tensorial, devido ao facto de ser utilizada no célculo tensorial, que seré em seguida apresentado, Nalguma bibliografia esta notagdo é designada notagdo de Einstein, por ter sido muito utilizada por este fisico. 1.2 - Definigio de tensor Um tensor & um conjunto de grandezas fisicas definidas em relago a eixos coordenados (¢.g., deslocamento de um ponto no espago). © conjunto de grandezas fisicas que constitui 0 tensor apresenta algumas caracteristicas independentes do referencial, que por esse motivo se designam invariantes (e.g,, grandeza de um deslocamento no espago). A nogdo de tensor pode ser generalizada a situagdes mais complexas e abstractas, que serdo adiante apresentadas. Quando um tensor se encontra definido num sistema de eixos ortonormado & designado disciplina de Mecinica dos Sdlidos todos os tensores so cartesianos, sendo de aqui em diante designados apenas tensores. Na Fig. 1.1 encontra-se representado. um desses eixos. (Notas: um versor sistema de cixos ortonormado, bem como os versi us eixos um vector de norma unitéria; um referencial é ortonormado quando os sio perpendiculares entre si ¢ a escala segundo cada um dos eixos é comum a todos os eixos e apresenta como unidade a grandeza dos versores). hey Figura 1.1 - Sistema de eixos ortonormado ¢ respectivos versores. Em certos casos particulares a notagdo matricial pode apresentar vantagens em relagio a indicial, por exemplo, para climinar ambiguidades ou para aumentar a clareza da exposigdo, Sempre que tal se verificar, deve-se recorrer & notago matricial. 13 1.3 - Transformagao linear de coordenadas Na Fig. 1.2 encontram-se representados os referenciais ortonormados Se S', sendo o primeiro constituido pelos eixos x1, x2 € x3 € 0 segundo pelos eixos x1',x2' €.x3'. Ambos os referenciais tém como origem comum 0 ponto O ¢ sio directos. (Nota: um referencial € directo quando ao rodar o semi-eixo x; positive em torno de x3, aproximando-o de x; positivo, um saca-rolhas avangaria segundo x; positive), Na disciplina de Mecnica dos Solidos apenas serao considerados referenciais ortonormados directos, Ax Referencial § = (O, x), x2, x)) Referencial 8! = (O, x1', 2, )) Figura 1.2 - Referenciais S e S' respectivos versores. referencial § € definido pelos versores é, é e és, ¢ 0 referencial S' pelos versores 41", 6 e &', Quando um referencial é ortonormado e directo, atendendo a definigdo de torial (x) verifi produto vi -se 0 seguinte 8-82, (19) &=8x8, (1.10) 14 Na Fig. 1.2, P é um ponto genérico e 6 o respectivo vector posigdo, Projectando p sobre cada um dos eixos x1, x2 € x3 obtémese as suas componentes no referencial 5, que se designam x), x2 € x5. Assim, tem-se B=(x,..%5), aan ou Banden drnd (1.12) Os valores de x1, x2 € x3 sio as coordenadas do ponto P no referencial S. Relativamente a S' tem-se x1 3.8), (1.13) ou Bam eax Saxe (14) sendo xx)’, x2' €.x;' as coordenadas do ponto P em S’, Na Fig. 1.3 encontra-se representado um vector @ ¢ uma direcgdo definida pelo versor fi. Quer 0 vector, quer 0 versor, podem ter uma orientago qualquer no espago a trés dimensdes a i / Figura 1,3 - Projecsao de um vector sobre uma recta, A projecgio do vector d sobre a ditecgdo definida pelo versor A coresponde a0 produto escalar afi, porque LS [a4] cose =a cosa = 6 aus Notas: ‘* no clculo da projecgiio de 2 sobre fi, o sinal do Angulo o é irrelevante porque cos(az) = cos(~a); * quando a ]90°,180° ], b apresenta sinal negativo. Regressando a Fig. 1.2 ¢ atendendo a (1.15), verifiease que as coordenadas do ponto P no referencial S, i.e., as projecgdes de p sobre os eixos do referencial dadas por (1.16) (1.17) (1.18) De um modo semethante tém-se as seguintes expressées para as coordenadas do ponto P no referencial S. (1.19) (1.20) = Ble (1.21) Substituindo (1.12) em (1.19)-(1.21), tem-se (x, 8 hx 8, +58) [Bf (1.22) x=(x G42 +544) /8 (1.23) x(x, 6 +x, & +28) |e (1.24) Atendendo & propriedade distributiva do produto escalar em relago 4 soma vectorial, tem-se xl =x, 6 |e +x, 6 |e +x, 6,18 (1.25) =x ilés tm le + &lé (1.26) 2S =4, G | +x & [8 +x, 8,8 (1.27) 16 Atendendo a propriedade comutativa do produto escalar, verifica-se facilmente que as equagdes (1.25)-(1.27) so equivalentes a seguinte expresso matricial Mi] ele ele ele |) x =/Ele Ge G12 |) (1.28) Md Le Ble ele | Ley ou wadAx (1.29) sendo A a seguinte matriz 3x3 ale; ea, (1.30) ee, A matriz A, definida em (1.30), é designada matriz de transformagio de Sem S. Se a mattiz A for conhecida, recorrendo a (1.29) & possivel converter as coordenadas de um ponto do referencial S para o referencial S. Esta transformagao de coordenadas designada transformaeao directa. Se em vez de se ter efectuado a substitui substituido (1.14) em (1.16)-(1.18), obter-s coordenadas de P no referencial S jo de (1.12) em (1.19)-(1.21) se tivesse iam as seguintes expr (x! 8 xf & +f) 1 a3) x1 8l+-xf 64x48!) |@ (1.32) 1G + x3 8 +5) | aya (xf ei +x3 8 +248) | 8, (1.33) Tal como no caso anterior, tem-se Ha E16, +5 G18, +44 118, (1.34) =X O16, +x} 818, +15 2 (1.35) x, =x1Eié, +4 G8, +4 2, (1.36) © matricialmente 12 (137) x (1.38) com Cd ee B=|ele le, ele (139) Com a expressio (1.37) ou (1.38) fica definida a transformagio de coordenadas de S em S, que se designa transformacdo inversa, 1.4- Ortogonalidade Atendendo a (1.29) ¢ (1.38) verifica-se simultaneamente (1.40) (al Substituindo (1.41) em (1.40) resulta x =ABx (1.42) ‘Uma vez que x’ é um vector qualquer, de (1.42) conclui-se que AB=1 (1.43) sendo J a matriz identidade. Multiplicando ambos os membros de (1.43) pela inversa da matriz A, resulta B=A" (1.44) Observando (1.30) ¢ (1.39), constataese que Bea’ (1.45) Ls De (1.44) ¢ (1.45) conclui-se que Ay (1.46) Assim se conclui que a matriz de transformagao € ortogonal. (Nota: uma matriz & ortogonal quando a sua inversa coincide com a sua transposta). Substituindo (1.45) em (1.41), che; sea x= Al x! (1.47) {que constitui uma expressdo alternativa para a definigdo da transformacio inversa. 1.5 - Significado dos elementos da matriz de transformagao © elemento genético da matriz de transformagdo A designa-se a,. Atendendo a (1.30), a sua expressdo é a seguinte a, =6lé, (1.48) Em a, 0 indice / representa a linha de 4 ¢ 0 indice j a coluna, Os indices 7 e j podem adoptar os valores 1, 2 ou 3. Considerando, por exemplo, (ver Fig. 1.4) a,,=65|8, (1.49) as=[e] |e (1.50) ‘Uma vez que as normas dos versores so unitérias, resulta ay, =cos(é, (1s) Designando por 743 0 Angulo formado pelos versores é,' ¢ és (ver Fig. 1.4), tem-se (1.52) 19 ex Figura 1.4 - Definigo do angulo 7, Generalizando estas _consideragdes, conclui-se que os elementos da matriz de ‘transformagdo 4 so cosenos de angulos entre os semi-eixos positives dos referenciais Se 8. Estes angulos podem ser sempre definidos no intervalo [0,180°] co8(741) C08(7.2) €08(753) A=|cos(72:) ©05(722) c0s(¥ss) (1.53) £08(7)) COS(Ys) COS(733) a, =cos{ n) (1.54) Exceptuando alguns casos particulares (¢.g,, referenciais $ ¢ S' coincidentes), 0 Angulo entre é' ¢ & 6 diferente do Angulo entre &' © é: (ver Fig. 1.4). As sim, tem-se cos(7,s)#e0s(7,,) @, atendendo a (1.54), 4,44. Conelui-se assim qu exceptuando casos particulares, a matriz de transformacdo 4 nao é simétrica. De acordo com (1.30), considere-se que cada linha da matriz A constitui um vector CA 4-| Ge ale, ale (1.55) 10 Atendendo a Fig. 1.3 ¢ a (1.15), constata-se que a primeira linha da matriz A é& constituida pelas projecgdes do versor é}' sobre os versores dos eixos do referencial S (4, & © é)). Tratam-se assim das componentes do versor é;' em S. De um modo semelhante, verifica-se que a segunda linha © a terceira linha da matriz 4 sio constituidas pelas componentes de éy' 6;' no referencial S. Conelui-se assim que as linhas da matriz de transformagdo A sdo constituidas pelas componentes dos versores de S’ no referencial S. Se num determinado problema os versores de S' forem os seguintes é'=(a,b,c), (1.56) (def), (1.57) &=(g,h,i), (1.58) a matriz de transformagio A pode escrever-se imediatamente como sendo la be de (1.59) 1.6 - indices livres e indices mudos ‘As coordenadas de um ponto no referencial S* podem ser obtidas a partir das suas coordenadas no referencial 5 recorrendo equagio matricial (1.29). Atendendo 8 (1.28) ¢ designando por a, o elemento genérico da matriz A, pode eserever-se a By Ay Ay || % |=] a an |] x (1.60) x ay ayy Desenvolvendo o produto matricial em (1.60) chega-se a x 1% (1.61) 4, X44) HY Sy, Ky Hyg Hy Fy Xs (1.62) X= aX) Fay Hay,% (1.63) De acordo com a notagdo indicial apresentada na Secgdo 1.1, pode-se recorrer a um indice ie escrever de um modo mais compacto = a, 4,40, ¥, +4,,%, (1.64) Esta equagiio é valida para i=1, A seguinte equago & equivalente a (1.64). (1.65) (1.66) Nota: a notagao indicial tornou as equagdes (1.61)-(1.63) mais compactas. Em (1.66), i é um indice livre e j ¢ um indice mudo. As suas caracteristicas sio as seguintes: ~ aparece uma vez em cada monémio indice livre | - pode adoptar os valores 1, 2 ou 3 = figura em todos os monémios ~ aparece duas vezes no monémio indice mudo_| - pode nao figurar em todos os monémios - implica a existéncia de um somatério de | a3 ao nivel do monémio Notas: ‘* nenhum indice pode aparecer mais do que duas vezes num monémio ‘qualquer indice mudo pode ser substituido por outra letra que ndo figure no monémio. Como exemplo, apresentam-se as duas seguintes expresses que sto equivalentes: x) =a,x, <> x/=a,x, ‘* qualquer indice livre pode ser substituido por outra letra que ndo figure na expresso. Por exemplo: x/=a,x, <> x1, ‘¢ num monémio a ordem dos factores é arbitraria: Para clarificar as caracteristicas dos dois tipos de indices, apresenta-se a seguinte equagio Ey Ep = 8yp5y 8, 5p (1.67) 12 Em todos os mondmios de (1.67), ‘ep sdo indices livres. No primeiro membro, j e & so indices mudos. Em ambos os monémios do segundo membro,j é um indice mudo, Substituindo p por ¢ em todos os monémios obtémese a seguinte equagdo, que é equivalente a (1.67) =8,5,-8,8, (1.68) 2 Eye = 88-83, Substituindo j por r no tltimo monémio, obtém-se uma nova equagio que & equivalente as anteriores En bp = 8y8y— 5,8, (1.69) 1.7 - Ortogonalidade em notagio indicial Considere-se que P, Q € R sto matrizes 3x3 arbitrérias, cujos elementos genéricos stop), qj © r tespectivamente, Atendendo as caracteristicas da notagdo matricial ¢ da no io indicial, verifica-se a seguinte equivaléncia PO=R & py dy = (1.70) Nota: a repetigio do indice j no monémio implica a existéncia de um somatério de j=1 até 3, Pelos mesmos motivos, verifica-se também a seguinte equivaléncia POER & pydy =the (71) ta: em notagdo indicial, a transposi¢do de uma matriz corresponde a troca da ordem dos seus dois indices. Considere-se agora a matriz de transformagio A definida na Secgo 1.3. Da substituigdo de (1.45) em (1.43) conelui-se que T (1.72) ou a, a, alfa, a a) [1 0 ol a dy ays ||a ay ay =]0 1 | (1.73) a, a alla, a, a} [0 0 1 Atendendo a (1.71), em notagao indicial (1.72) e (1.73) correspondem a 4 ay = Oy (1.74) Nesta equagio, , & 0 dk que apresenta as seguintes propriedades: quando i=k, 6,=1; quando i#k, 5,=0. Estas caracterfsticas fazem com que o delta de Kronecker corresponda & mattiz identidade 1. Multiplicando ambos os membros de (1.72) por A” resulta AA Abs At (1.75) Concluindo-se que A A=I (1.76) Em notagao indicial (1.76) corresponde a Ay ay = (1.77) ‘As equagées (1.74) e (1.77) exprimem a ortogonalidade da matriz de transformagio A em notagao indicial. 18- Pensor de ordem ” De acordo com o que foi exposto nas Secgdes 1.3 ¢ 1.6, as componentes de um vector B no referencial S' podem ser caleuladas com a expresso (1.66), em que intervém as componentes de i no referencial Se a matriz de transformagao A. (1.78) Considere-se agora um vector ¥=(v,,r,,15), a0 qual corresponde um conjunto de grandezas fisicas no espago a trés dimensées. Se a respectiva lei de transformagao for (1.79) Lid passa a designar-se v por tensor de primeira ordem. Not + o tensor v possui 3! = 3 componentes; © necessirio que a lei de transformagao (1.79) seja valida para que v seja um tensor. Generalizando estes conceitos, chega-se a lei de transformagdo de um tensor de segunda ordem, que é a seguinte Wh = yay W, (1.80) Notas: «no segundo membro de (1.80) esta implicito um duplo somatério em i e em j; + tal como em (1.79), 0s indices / e j podem adoptar os valores 1, 2 ou 3; #0 tensor w possui 3? ~ 9 componentes. ‘No caso mais geral, a lei de transformagdo de um tensor de ordem 1 € a seguinte Whepso= yyy a Wy (1.81) ‘© cm w ¢ em w" figuram n indices; ‘© no segundo membro de (1.81), a matriz de transformagio A figura n vezes; #0 tensor w possui 3 componentes. Considerando 0 caso do tensor de ordem n com um valor de 7 nulo, tem-se 0 caso do tensor de ordem zero, cuja lei de transformagio é a seguinte w (1.82) no tensor w que figura em (1,82), existem zero indices; © a matriz de transformagdo A aparece zero vezes © w éum escalar, ,, no apresenta componentes segundo os eixos coordenados; ‘a equagio (1.82) revela que o tensor w apresenta o mesmo valor em Se em S, sendo portanto independente do referencial. Assim se conclui que um tensor de ordem zero é um invariante. 1.9 - Lei de transformagio em notagio matricial As leis de transformagao dos tensores de primeira e de segunda ordem podem ser expressas em notagdo matricial. No caso do tensor de primeira ordem, a lei de transformagao definida em (1.79) (1.83) corresponde & seguinte equago matricial, ja referida nas Secgdes 1.3 e 1.6 (ver (1.29) © (1.66) ) (1.84) No caso do tensor de segunda ordem, cuja lei de transformagao se encontra definida em (1.80), pode-se efectuar uma troca de factores e escrever Why = dy, Wy a, (1.85) A expresso que figura no segundo membro de (1.85) corresponde a um duplo somatério, que pode ser explicitado do seguinte modo Whe = Dd My dy (1.86) ‘A seguinte equagdo matricial, que ¢ equivalente a (1.86), corresponde a uma representagiio altemnativa da lei de transformagdo de um tensor de segunda ordem. w= Awd? (187) Nesta expressio A, w e w' so matrizes 3x3 1.10 - Operagées com tensores Nesta secgdo so apresentadas algumas operagdes envolvendo tensores. Nalguns casos demonstra-se que o resultado da operagdo continua a ser um tensor, i.., respeita a lei (181). de transformagdo tensorial, cuja expresso genéri 116 1.10.1 - Adigio Considerem-se dois tensores de segunda ordem designados u, € v,. Uma vez que se tratam de tensores, a lei de transformagao (1.80) é valida para cada um deles (1.88) Vy = dy dy Vy (1.89) Em S,a soma de u, com v, designa-se w, , sendo Wy (1.90) Em $' tem-se wy =u} +v} (1.91) Uma vez que i ¢ j sto indices livres, podem ser substituidos por outra letra que no figure na expressio, podendo escrever-se Why aul +My (1.92) Substituindo (1.88) e (1.89) em (1.92), obtém-se Wrq =O ay My FO ay Vy (1.93) Wg =F a,(u, +) (1.94) Atendendo a (1.90), resulta Whe =O yy Wy (1.95) ‘A equagio (1.95) mostra que o resultado da soma tensorial é transformado de S para S' recorrendo a lei de transformagio de tensores de segunda ordem. Assim se conclui que da operagio de adigdo de tensores resulta um tensor. 1a: de um modo semelhante seria possivel chegar 4 mesma conclusdo para 0 caso dos tensores de ordem 7. 1.10.2 - Produto Considerem-se os tensores u, (segunda ordem) e v, (primeira ordem), Uma vez que se tratam de tensores, sdo vilidas as leis de transformagio (1.79) e (1.80) (1.96) (1.97) Em S, 0 produto de u, por v, designa-se W,., sendo definido do seguinte modo (1.98) Em S'tem-se Whee =u vf (1.99) Nota: em (1.98) e (1.99) ndo esta implicito qualquer somatério porque ndo existem monémios com indices repetidos, Substituindo (1,96) e (1.97) em (1.99) resulta wh Uy Vy (1.100) ‘rar — 4 pi aj Ai My Substituindo (1.98) em (1.100) chega-se a Whar = yi May Mr Wy (0b, Uma vez que (1.101) corresponde a lei de transformagdo de um tensor de terceira ordem, conclui-se assim que o resultado do produto entre um tensor de segunda ordem e um tensor de primeira ordem é um tensor de terceira ordem. Nota: de um modo semelhante poder-se-ia coneluir que do produto de um tensor de ordem m por um tensor de ordem n resulta um tensor de ordem m+n. 1.10.3 - Contracsio Efectuar a contracgo de uma expressio tensorial consiste em igualar dois indices livres em todos os monémios. Este par de indices livres passa a constituir um par de indices mudos. Por exemplo, a contracgdo dos indices / e j corresponde & substituigio Lia do indice j pelo indice i ou, em alternativa, & substituigo do indice i pelo indice j, Esquematicamente tem-se jit (1.102) ou jog (1.103) Considere-se por exemplo 0 monémio w,,. A contracgdo de j ¢ k coresponde a efectuar a seguinte substituigao ‘ ——ame> Wy; +i +¥, Wig eae? Wig = Wir + Wire + Wins ase (1.104) (res) Da contracgdo de um tensor de terceira ordem resultou um tensor de primeira ordem. E pos de ordem n-2. (+ oxaen vel demonstrar que da contracgo de um tensor de ordem 7 resulta um tensor Quando a contracgo é aplicada a uma equagio tensorial, tem de se aplicar a mesma contracgdo a todos os mondmios. Apresenta-se como exemplo a seguinte equagio tensorial En Ent = 5p Oy Sy 6, (1.105) ie Eat a Op Apés a contracgao dos indices je g, i.e., apés a substituigdo de q por j em todos os monémios, resulta Fu Emp = Fy Oy 8 Oy (1.106) Se a equagdo (1.105) for verdadeira, entiio a equagao (1.106) também é verdadeira, porque resulta de uma operago de contracgio. 1.10.4 - Produto contraido produto contraido consiste no produto de dois tensores seguido de uma ou mais contracgdes. Atendendo as caracteristicas do produto e da contracgao, atris referidas, conclui-se facilmente que a ordem do produto de dois tensores de ordem p e q seguido den contracgées € —p-+q-2n. Apresenta-se em seguida um exemplo, que 119 corresponde a produto de dois tensores de segunda ordem seguido de duas contracgdes. dy Vay = Wit) —aomrmeeia Wy —aomraceto Ma (aes) (2 ote) (aes) a) (cuen x) aaen 1.10.5 - Derivagio Esta operagdo consiste na derivagdo das componentes de um tensor de ordem n em ordem as variéveis do sistema (xy, x, x), resultando um tensor de ordem n+1 Considere-se 0 seguinte exemplo que corresponde & derivagio de um tensor de segunda ordem ow, "yam Gy Mo x, (1.108) (eeieo) (ster) Neste exemplo, a derivagio de um tensor de segunda ordem deu origem a um tensor de terceira ordem, (Nota: a representagdo da derivada com uma virgula consiste numa alternativa mais compacta do que a notagdo tradicional.) 1.11 - Tensores notaveis Apresentam-se em seguida dois tensores que possuem caracteristicas particulares ¢ que so muito utilizados em equagdes tensoriais. 1.11.1 - Delta de Kronecker O delta de Kronecker (4), que também é por vezes designado simbolo de Kronecker, foi j4 referido na Secgao 1.7. As suas caracteristicas sao as seguintes 5, -{bauando i= j 9 10, quando i # j (1.109) 120 Atribuindo aos indices livres i ¢ j os valores 1, 2 ou 3, obtém-se a seguinte matriz 3x3 1 (matriz identidade) (1.110) seo 0 Aplicando a lei de transformagdo de tensores de segunda ordem (1.80) ao delta de Kronecker (4,) resulta 8, = dy ay 6 (1b, Atendendo as caracteristicas de 6,, a equago (1.111) pode ser simplificada, resultando &, (1.112) Devido & ortogonalidade da matriz de transformagao (ver (1.74) ), 0 segundo membro de (1.112) corresponde a0 delta de Kronecker, chegando-se assim & seguinte conclusio 6 (1.113) Esta equagio indica que as componentes do delta de Kronecker apresentam © mesmo valor em Se em S’. Assim se conclui que 0 delta de Kronecker é um tensor invariante ou isotrdpico, porque é independente do referencial, 1.11.2 - Tensor alternante ‘As caracteristicas que definem o tensor altemante (¢,,) so as seguintes 0, quando dois quaisquer indices forem iguais 1, quando os indices ijk estiverem por ordem circular directa (1.114) ~1, quando os indices ijk estiverem por ordem circular inversa Na Fig. 1.5 & indicado o significado de ordem circular directa ¢ ordem circular inversa. 121 3 123 Ordem circular directa pf \ 231 1 > 312 3 321 Ordem circular inversa f \ 213 1 > 132 Figura 1.5 - Ordem circular directa e ordem circular inversa, O tensor altemante ¢,, & de terceira ordem, apresentando um mimero de componentes igual a27 (3" = 3° = 27), Atendendo 4 sua definigdo (1.114), verifica-se que trés componentes so unitirias, outras trés so iguais a -1 e as restantes 21 so nulas. ny =n = 1 (1.115) Restantes 21 componentes so nulas fee = Fy, = 6 = | E possivel demonstrar que o tensor alternante é um tensor de terceira ordem invariante ou isotrépico. 1.12 - Operadores tensoriais Os operadores gradiente, divergéncia e rotacional so em seguida apresentados, quer em notagdo matricial, quer em notago indicial. Qualquer um deles pode ser definido com recurso ao seguinte operador 4) (1.116) 12 1.12.1 - Gradiente Considere-se 0 seguinte campo escalar aus) gradiente de u define-se do seguinte modo fad w= Vu =| 2 2H grag eens la ° Bx, Ox) Em notagao indicial a representagio do gradiente de u é ou Ox, ‘ou, de um modo mais compacto u correspondendo esta expresso a um tensor de primeira ordem, 1.12.2 - Divergéncia Considere-se 0 seguinte campo vectorial 9= (u(s.a.m)ov (mm es)on(oraa)) A divergéncia de ¥ & um escalar definido do seguinte modo ‘ou, de um modo mais compacto div ¥ = (1.117) (1.118) (1.119) (1.120) (121) (1.122) (1.123) (1.124) 1.23 Notas: em (1.123) e (1.124), a presenca de indices repetidos num monémio implica a existéncia de um somatério de | a 3; * V,y, corresponde ao produto contraido de V, por v,; +», resulta da derivagio de v, seguida de contracgao, 1.12.3 - Rotacional rotacional do campo vectorial 7 define-se do seguinte modo Ov, Oy, eo 1.125 Ox, Ox, 125) ou 1.126) ax, Ox) (28) rotacional pode também ser definido como o seguinte produto vectorial é 8 ret d= Vav=t (1.127) ax, Ox, YoY Em notagio tensorial tem-se TOT = Ey Vy, (1.128) Nesta expresso ,, é 0 tensor alternante. Desenvolvendo os somatérios em je k, & atendendo as caracteristicas de &,,, chega-se expresso (1.126). 1.13 - Simetria e antissimetria tensorial Este assunto apenas 6 abordado para o caso dos tensores de segunda ordem. Um tensor de segunda ordem é simétrico quando 124 Wy = Wy (1.129) para todos os valores de i ej. Quando i=//, a igualdade verifica-se sempre. Assim, um tensor de segunda ordem é simétrico quando Wig = Why + Ws=Wyy © Wy) = Why (1.130) ‘Um tensor de segunda ordem é antissimétrico quando (1.131) para todos os valores de i ej. Quando i= j, (1.131) s6 se verifica se 0 termo for nulo. Por este motivo, um tensor de segunda ordem é antissimétrico quando 0 (1.132) Var» Was=— Wap © Wy) =— Wis (1.133) Qualquer tensor de segunda ordem pode ser substituido pela soma de um tensor simétrico com um antissimétrico. Apresenta-se em seguida o respective modo de decomposigao. Considere-se um tensor de segunda ordem qualquer, designado d, . Este tensor pode ser substituido pela adigo das suas metades ly = 34) +54, (1.134) Somando e subtraindo metade do tensor transposto (d,,), chega-se uma equagio que & sempre verdadeira 1 (1.135) (1.136) obtém-se a decomposicdo pretendida. 125 Para tornar mais evidentes as caracteristicas de (1.136), atribuiese a 7e aos valores 1, 2 ou 3, chegando-se seguinte expresso - 5 (1.137) dy tds dy tds ay dy dydy dyy~dy day tdy doy +dsy|45]dn dy dnd ds dy dy tds dytdy| “ldy-dy dy-dy dy dey que é equivalente a fay 4, dy dy dy 2 8. a - (1.138) Ady di tdy dys tdy, dy) 1 2 3] Yd dytdy | SIM. 2dys ou fd dy ds a, dy dy |= bd, ds dss 1 4, Has+4,) ds, SIM. 4|- wileni= J (1.139) FEUP - Mecinica dos Sélidos - 1996 Alvaro Azevedo 20 2. ESTADO DE TENSAO ‘Neste capitulo sio descritas as caracteristicas do estado de tensdo a que um corpo pode estar sujeito. Comega-se por apresentar 0 caso geral tridimensional, seguindo-se um caso particular, que & o do estado plano de tensio. 2.1 - Caso geral tridimensional Nesta secgdo € apresentado 0 caso geral tridimensional, i.e., 0 estado de tensio é caracterizado em pontos de um corpo que apresenta uma forma qualquer no espago a ‘rs dimensdes, Admite-se também que as forgas podem estar orientadas segundo uma qualquer direcgo do espaco. 2.1.1 - Consideragies gerais Apresentam-se em seguida algumas definigdes ¢ suposigdes. a 3 ae . 2.0. descontinua —- caso real devido a natureza atémica da matéria. © £80 Matéria continua simplificagdo do problema ‘Ao supor a matéria continua, introduz-se uma simplificagdo, que na generalidade dos casos nio introduz erros significativos. nao homogéneo Material homogéneo Diz-se que um material homogéneo quando as suas propriedades no variam de ponto pata ponto, Na generalidade dos casos, supde-se que o material que constitui o corpo homogéneo. No entanto, distintos materiais apresentam em geral_propriedades distintas. Se um determinado corpo for constituido por dois ou mais materiais homogéncos, existe uma descontinuidade na transigdo entre os diversos materiais 22 anisétropo = caso geral Material isotropo = caso particular Material anis6tropo - as suas propriedades variam com a direcgio considerada. Material isétropo _- as suas propriedades so independentes da direcgdo. plastico - caso geral Material com comportamento | eldstico ndo linear - caso particular elastico linear ~ caso particular Para exemplificar estes trés tipos de comportamento num caso simples, considere-se uma barra prismatica com uma extremidade fixa e com uma forga F aplicada na outra extremidade (ver Fig. 2.1). A extremidade livre apresenta um deslocamento A. Nas figuras 2. , 2.3 e 2.4 apresentam-se os diagramas F—A para os trés tipos de comportamento atras referidos. Va ae Fig, 2.1 - Barra prismatica sujeita a uma forga F. Comportamento plistico s deformagées nao sio reversiveis. - existem deformagies residuais, ~ a relagdo forga-deslocamento é nao linear. Fig, 2.2 - Comportamento plastico, 23 Comportamento elistico nao linear F ~ as deformagées so reversiveis. - no existem deformagdes residuais. ~ a relagdo forga-deslocamento € no linear. a Fig. 2.3 - Comportamento elistico nio linear. Comportamento elastico linear F - as deformagées sdo reversiveis. - ndo existe deformagies residuais. ~ a relagdo forga-deslocamento é linear. Fig. 2.4 - Comportamento elistico linear. © comportamento de um corpo pode ainda ser classificado relativamente ordem de grandeza das deformagSes a que esta sujeito - materiais muito deformaveis (e.g., borracha) Grandes deformagées ou - configuragdes muito deformaveis (¢.g., lamina de ago) Pequenas deformagdes - materiais muito rigidos com configuragdes pouco deformaveis (e.g., paralelepipedo em ago) 2 Exceptuando indicagdo em contrério, na disciplina de Mecdnica dos Solidos apenas serdo tratados problemas com as seguintes caracteristic - material homogéneo - material is6tropo - material com comportamento elistico linear ~ pequenas deformagaes 2.1.2 - Estado de tensao num ponto Considere-se um corpo nas condigGes indicadas na Fig. 2.5. C- corpo qualquer x > 3 Se om V- volume arbitrario do c P, corpo C, limitado pela superficie de contacto S P- ponto da superficie $ Fig. 2.5 - Corpo sujeito a forgas mAssicas ¢ de superficie. f,, ~ forgas massicas aplicadas a V Forgas que actuam sobre um corpo As - forcas de superficie aplicadas a V através de S Forcas massicas ou forcas de volume - exercem a sua acgio sobre todos os elementos infinitesimais de volume (e.g., forgas graviticas, forgas de inércia). Forgas de superficie - actuam na superficie exterior do corpo (¢.g., acgdo do vento, ). pressio de um gis sobre a parede interior de uma ald Na Fig. 2.5 estio ainda definidos os seguintes elementos AS - elemento de superficie de S contendo o ponto P fi ~ normal AS dirigida para o exterior de S Af, - forga exercida através de AS pela matéria exterior a V sobre a matéria interior a V Definigdo de tenso no ponto P para uma faceta de normal fi: fom BOS as en + Af, - forca que o exterior a V exerce sobre o interior a V. -Afs — - forga que o interior a V exerce sobre o exterior a V. Trata-se do principio da igualdade da acgao ¢ reacgdo de Newton. Por este motivo, verifica-se que 2.2) 213- ‘ensor das tensies Na Fig. 2.6 esté representado um cubo cujas faces sio paralelas aos planos coordenados. As trés faces representadas na figura so aquelas cujo versor normal coincide com ,, 2, ou 2. As faces do cubo sio facetas infinitesimais que contém um mesmo ponto P. Na Fig. 2.6 esta também representado o vector tensio i. correspondente a cada uma das trés facetas. Kay) Xo tas paralelas aos planos coordenados. 26 Cada um dos vectores tensdo representados na Fig. 2.6 possui trés componentes, i.e 7=(t,..4)=48 +48 +66, sendo “a4 4, a0) -8 +28 + l®)-8, (2.3) Em notagdo tensorial este conjunto de equagdes pode ser escrito de um modo mais ‘compacto é, (2.4) Nesta equago, 7 é um indice livre ¢ j é um indice mudo. A cada indice mudo esta associado um somatério de 1a 3 Considerando 120) (2.5) resulta Fyn 2.6) Nesta expressio, j,, representa o vector tensdo numa faceta de normal 4, te ta |P4 Tt |] (2.7) A matriz 3x3 cujos elementos so os r, designa-se por tensor das tensdes, (Nota: a demonstragdo de que + & um tensor serd apresentada mais adiante). Na Fig. 2.7 encontram-se representadas as componentes do vector tensfio em cada uma das trés facetas definidas na Fig, 2.6. 27 Fig, 2.7 - Significado dos elementos do tensor das tensdes. ‘Nos elementos do tensor das tensdes ( z,), 0 indice i estd associado a faceta ¢ 0 indice j esté associado & componente de 7 Os elementos do tensor das tens Fig. 2.7). s podem ser classificados do seguinte modo (ver Tus Tas To - tensdes normais (valor positive = tracg%o) Tay Tins Tats Tasy Tay Tox ~ tenses tangenciais 2.1.4 + Equagées de equilibrio definido Considere-se um ponto P cujo estado de ten: io & caracterizado pelo tensor r. Na Fig, 2.8 encontra-se representado um tetraedro infinitesimal (ABC), cujas caracteristicas so em seguida referidas. 28 Fig. 2.8 - Tetraedro infinitesimal ‘A face ABC & uma faceta que apresenta uma orientagdo arbitréria definida pelo versor fi. As faces OAB, OAC e OBC sao paralelas aos planos coordenados. © referencial utilizado tem a origem coincidente com 0 ponto P, Uma vez que 0 tetraedro apresenta dimensdes infinitesimais, no limite todas as suas faces contém o ponto P. fi - normal A face ABC 6, & e &, - versores normais as faces que so paralelas aos planos coordenados ., ~ forgas massicas dV - volume do tetraedro dS - area do tridngulo ABC dS, - area da face normal ao eixo x, Equagdo de equilibrio segundo x,: (io as)ie +(7 a 4s,) a(7 a 4s,) a(7 a) as,)le,+(F,av)lg (2.8) Devido ao principio da igualdade da acco e reacgdo de Newton (2.2), tem-se (2.9) Verifica-se também que 29 dS, = dS n, (2.10) sendo n, a componente de fi de ordem i. © termo em que figura dV & um infinitésimo de ordem superior, podendo ser suprimido, Destas consideragdes resulta \a)as ny =0 (2.11) Dividindo ambos os membros por dS resulta inle-(i,) 1a) m-(i,) 1a)m-(i,, 1a)m=0 (2.12) ‘A projecgdo sobre o versor é, corresponde & primeira componente de cada vector 1) (2.13) Uma vez que tle, (2.14) resulta 1 My Ty My Tay My (2.15) Recorrendo ao indice mudo j, pode-se escrever esta equagdo de um modo mais ‘compacto (2.16) (2.17) (2.18) ( =7,0, (2.19) 210 T tT Ts T. Ty Ty (2.20) TT Ty. ou igor a (2.21) Esta expressdo representa as equagdes de equilibrio definido. Fica assim demonstrado que é suficiente conhecer 0 tensor das tensdes r para poder calcular a tensio no ponto P para qualquer orientagdo de A 2.1.5 - Equagdes de equilibrio indefinido Antes de iniciar a dedugo das equagdes de equilibrio indefinido, apresenta-se a expresso correspondente ao teorema da divergéncia (ou teorema de Gauss). Considere-se um campo vectorial F=(hff) (2.22) As componentes de F sao fungies de x,, x, © x3 © teorema da divergéncia (ou teorema de Gauss) justifica a seguinte substituigo de um integral de volume por um integral de superficie JavF av =f Fins (2.23) / 1 [FB F) arf (Hatt) ienomon) ds a2 Considere-se agora um volume arbitrério de um corpo, de acordo com a seguinte figura V- volume arbitririo de um corpo AV - elemento infinitesimal de volume S.- superficie exterior do volume V dS - elemento infinitesimal de superficie f,, ~ forgas massicas fi -normal & faceta dS , - tensio na faceta dS Fig. 2.9 - Volume V sujeito a forcas méssicas de superficie. Equilibrio das forgas que [[Gear)ra]+f [linas)ie uam sobre 0 volume V (projecsdes sobre x) (2.25) [U.la)ar+[ (io la)as=o (2.26) As projecgdes sobre @, correspondem as primeiras componentes de cada vector Jfnav +] i? as=o (2.27) Atendendo as equagdes de equilibrio definido Sn V + tn, dS=0 (2.28) Jimav + run, : a repetigdo do indice j implica um somatério. Representando "r),, como um produto escalar, obtém-se J far AV +] (rastaueta) [(riamasms) dS = 0 (2.29) Atendendo ao teorema da divergéneia (ou teorema de Gauss) (2.30) 231) Uma vez que o volume seleccionado é arbitrario, a fungdo integranda tem de ser sempre nula, resultando 0 (2.32) Efectuando a projecgGo das forgas que actuam sobre o volume V sobre os eixos ~, © x,, obter-se-iam as seguintes equagdes 0 (2.33) 0 (2.34) ér, Sut =0 (2.35) Or, Esta expresso representa as equacdes de equilibrio indefinido. Considere-se agora um ponto X no espago, cujas coordenadas sio x,, Fig. 2.10 - Ponto Ye componentes da forga que nela actua. Neste ponto encontra-se aplicada uma forga F cujas componentes sio f,, f, ¢ fy vector posigdo do ponto X é designado ¥ Verifica-se 0 seguinte ) x, ~ distancia do ponto X ao plano (0 x, x,) x, + distancia do ponto X ao plano (0 x, x, x, - distincia do ponto X ao plano (0 x, x,) Os momentos de F em torno dos diversos eixos io Momento em tomo de x: m= f% SiX Momento em tomo de x,: m, =f, Momento em tomo de x, m= f,%,- fim Nota: o sinal dos momentos respeita a regra do saca rolhas. Estes trés momentos so agrupados no vector M = (mmm) = (Kf he-Laha-Sm) 236) Atendendo a definigo de produto v torial, verifica-se que 6 4 8% M=XxF=|x, x, x (2.37) fi fh fi Considete-se agora 0 equilibtio de momentos do volume V (ver Figs 2.9 e 2.10) Jaxfav+] xxi,ds=6 (2.38) Destas trés equagdes de momentos, seleccione-se a primeira J (Sao Soa) aV +f (x8 x) a5 = 0 (2.39) Em seguida vai-se proceder apenas ao desenvolvimento do integral de superficie, Atendendo as equagdes de equilibrio definido 1M =rn Weran, Nota: a repetigao do indice j implica somatério. resulta para o integral de superficie J (seam —a rom) as Js (ram team teamox (ram trim +tam)] a Reagrupando [Goss a)nels nna) alain nada ‘A fungdo integranda pode ser substituida por um produto escalar J (x e455 Fn oa Fas “Xs Tan 92 Fas —¥s Fan) | (ata ots) AS Atendendo ao teorema da divergéncia (ou teorema de Gauss) ax," Ox ex Retomando a equacao de equilibrio de momentos, resulta J (fas faa) AY 4 oj |s(S Ot Oty rx) (Or, Got) AGS On 8 (Gs On (2.40) (2.41) (2.42) (2.43) (2.44) (2.45) (2.46) 21S Ot ' Ox, Ox, Ox, Isto 2) B 3 ou) alte ty Otm Oty ts Ox, | Ox, ‘As expresses entre parénteses curvos so nulas (ver as equagdes de equilibrio indefinido), resultando Jl ry) av =0 (2.51) ‘Uma vez que 0 volume seleccionado & arbitrario, a fungdo integranda tem de ser sempre nula, resultando Ty- ty =0 (2.52) Tas = Tap (2.53) Desenvolvendo 0 equilibrio de momentos do volume V em tomo dos eixos x, © x, obter-se-iam as seguintes equagies ™ (2.54) ta = Ta (2.55) (2.56) Esta conelusdo constitui as equagdes de reciprocidade de Maxwell. Conelui-se também que o tensor das tensdes & sempre simétrico. Por este motivo, s6 seis componentes do tensor das tensdes so independentes, Atendendo a esta conclusdo, as expressdes atrés deduzidas podem tomar a seguinte forma: Equacdes de equilibrio definido (2.57) (2.58) goth (2.59) Oty Sui * FZ (2.60) Ox, (2.61) (i=12,3) (2.62) 2.1.6 - Mudanga de referencial Considere-se a transformagio directa entre dois referenciais S e S' (2.63) © a respectiva transformagao inversa (ver Capitulo 1) x=ATx' (2.64) Considere-se uma faceta cuja normal ¢ 0 versor #. A lei de transformagao inversa para este versor & ai (2.65) (© vector tenso na faceta de normal fi pode ser transformado do seguinte modo At (2.66) Recorrendo as equagdes de equilibrio definido 7 =r resulta (2.67) Substituindo # de acordo com a lei de transformagao inversa resulta Aca (2.68) No referencial 5" as equagées de equilibrio definido escrevem-se (2.69) Comparando estas duas iltimas equagSes conclui-se que =AtA® (2.70) Em notagio tensorial escreve-se ay, dy t, 71) Conelui-se assim que r, € um tensor de segunda ordem, porque respeita a lei de transformagao tensorial. 2LT- snsdes principais ¢ invariantes do tensor das tensdes Considere-se um estado de tenstio num ponto P. Na generalidade das facetas o vector tensio ndo é paralelo ao versor da faceta (ver caso A na Fig. 2.11). Contudo, é possivel demonstrar que existe um néimero finito de facetas em que a tensio é paralela ao versor fi (ver caso B na Fig. 2.11). caso A caso B Fig. 2.11 - Vector tensdo num ponto P para uma faceta de normal Para determinar quais so as facetas em que o vector tensio é paralelo ao versor f recorre-se 4 seguinte equagdo em que fi € versor das facetas que se pretendem determinar. (2.72) Nesta equagio, o & um escalar cujo valor traduz a grandeza e 0 sentido do vector tensio, O médulo de o é a grandeza do vector tensio. Uma vez que 0 versor ft est orientado para o exterior do corpo, a um o positivo corresponde uma tensao normal de tracgio © a um o° negativo corresponde, obviamente, uma tenséo normal de compressio. Recorrendo is equagdes de equilibrio definido f,,)= 7 resulta tion (2.73) Ou, matricialmente Tm T Ts T Ty. Ty (2.74) TT Ths. que equivale a Tr Ta Ts |) ™ fn, ta ts |Jm [=o]m (2.75) Ty T35 ]LMs, ou (u-¢) ” h n]=|0 (2.76) 5 ) IL Este sistema de trés 10 © seguinte versor (n,n, 0) =(0,0.0) (2.77) Esta solugdo trivial ndo caracteriza nenhuma faceta e ndo respeita a seguinte condi¢do de norma unitéria 1 (2.78) ou (2.79) Para que o sistema de equagdes (2.76) possua outras solugdes, além da solugio trivial, & necessario que o seu determinante principal seja nulo. Uma vez que o é também uma inedgnita do problema, & possivel calcular o seu valor de tal forma que resulte um sistema de equagdes indeterminado, i.c., com miltiplas solugdes. Entre esta infinidade de solugdes, s6 serio consideradas as que respeitam a condigio de norma unitéria (2.79). Assim, os valores de o que respeitarem a seguinte condigdo de determinante nulo sio aqueles que conduzem a existéncia de solugdes nfo nulas para o sistema de equagdes (2.76) (u-0) om tm tm (m-o) tm |=0 (2.80) note (ry-2) Desenvolvendo este determinante obtém-se a seguinte equagdo do terceiro grau que & designada equagio caracteristica o-Io+1,o-1, (2.81) Nesta equagdo do terceiro grau, cuja incdgnita é o , as expressdes de J, J, ¢ 1, so as seguintes (2.82) (2.83) (2.84) As trés raizes da equagao caracteristica (2.81) so as trés tensdes principais (o,, 0, € Oy,). A cada tensdo principal corresponde uma faceta em que o vector tensio é paralelo ao versor fi. Estas trés facetas designam-se facetas principais e as respectivas normais sdo as direcgdes principais de tensio. célculo dos versores # que caracterizam as direegdes principais & efectuado do seguinte modo: - substituir & pelo valor de o, no sistema de equagdes (2.76). 2.20 = acrescentar ao sistema de equagdes (2.76) a condigdo de norma unitéria (2.79), resultando um sistema de quatro equagdes a trés inedgnitas. A quarta equagdo é nio linear. ~ resolver este sistema de equagdes por substitui¢do, Existe a garantia de pelo menos uma das equagées ser dependente das restantes. = a solugdo do sistema de equagdes & um versor fi, que caracteriza a faceta principal em que ocorre a tensio 0, Este procedimento deve ser repetido com oj, no lugar de a, obtendo-se assim 0 versor fi. Para que 0 conjunto de versores que definem as direcedes principais de tensio constitua um referencial directo, 0 terceiro versor deve ser calculado com a seguinte expresso (Nota: a demonstragio de que fy, € perpendicular ao plano definido por fi, e fi, sera apresentada mais adiante) fig fy Xtiy (2.85) © célculo das tensdes ¢ direcgdes principais coincide com o cAleulo dos valores ¢ vectores proprios de uma matriz, sendo 6.0415 q ~ Valores proprios de zr, fiz, fy fi, ~ Vectores proprios de r, Uma tensio & uma forga exercida sobre uma superficie infinitesimal com uma determinada orientagio, A tensio em si ndo depende do sistema de eixos utilizado, mas os valores das suas componentes modificam-se quando a tenso passa a ser expr a noutro referencial. Contudo, numa faceta principal, a grandeza de uma tensio principal € 0 seu sentido sio independentes do referencial utilizado. Portanto, os valores das tensdes principais so independentes do referencial. Devido ao facto de as raizes da equagdo caracteristica (2.81) serem as tensdes principais, os valores de J,, /, e /, tém de ser também independentes do referencial, Por este motivo, 1,, 1, ¢ J; designam-se invariantes do tensor das tensdes e o seu valor no se modifica quando o tensor das tensdes passa a estar definido num outro referencial. Apresenta-se em seguida a demonstragao da seguinte afirmagao: ~ Quando duas tensdes prineipais so distintas, as respectivas dire principais de tenso so ortogonais entre sie, consequentemente, as correspondentes. facetas principais sdo também ortogonais entre si. 2.21 Demonstragao: Considerem-se duas tensdes principais o, ¢ o,, ¢ os versores das correspondentes facetas principais n, e n,. Estas tensdes principais e estes versores respeitam a equagao (2.74), que em notagao tensorial apresenta a seguinte forma t)ni=o,n! (2.86) tym =o ni! (2.87) Multiplicado ambos os membros de (2.86) por 7 por n/, obtém-se © ambos os membros de (2.87) nf ry ni=ni! on) (2.88) on" (2.89) nf x, =n! Subtraindo a equagdo (2.89) & equagio (2.88), resulta all jn! nl zn! =n! on! —n! oy n! (2.90) que & equivalente a nl nl! c,—ni nll 2, =n) nl! (o,-) (2.91) ‘Trocando i com j no primeiro monémio, resulta nf nl" (o,-0,) (2.92) Atendendo a simetria do tensor das tensdes, conclui-se que nf ni! (o,-0,)=0 (2.93) Em (2.93), sempre que , #0, , tem de se verificar o seguinte ni nl (2.94) (2.95) (2.96) (2.97) 2.22 Se as trés tensGes principais forem distintas entre si, ie., 0) # Oy 5 Op #Opy © O; FO n> entdo as trés direcgdes principais so mutuamente ortogonais. Os versores i, Ay € fi definem um referencial que se designa referencial principal, ‘Nas consideragdes que se seguem o referencial utilizado & o referencial_principal. Nestas circunstincias, as facetas principais so paralelas aos planos coordenados Fig. 2.12 - Referencial principal - tensdes nas facetas paralelas aos planos coordenados. Nas facetas principais o vector tensiio é normal & faceta, sendo 5, )=erh, (2.98) ru Fy (2.99) ‘ar Ap (2.100) Nestas circunstincias, tensor das tensGes apresenta a seguinte expresso (ver Seosdo 2.1.3) o 0 0 r=] 0 0, 0 (2.101) 0 0 Cw Apresenta-se em seguida o caso particular de duas tensdes principais serem iguais entre si ea terceira ser distinta das outras duas, (2.102) 2.23 Oy =b (2.103) (a#b) Vai-se em seguida proceder ao célculo do vector tenso numa faceta cuja normal fi’ se situa no plano definide por fi, fiy (ver Fig, 2.13). Fig, 2.13 - Referencial principal - f’ encontra-se no plano definide por fi © fi. ‘Nestas circunstdncias o versor fi’ apresenta as seguintes componentes A'=(n.n', 0) (2.104) Recorrendo as equagdes de equilibrio definido, tem-se (2.105) Atendendo a (2.101), (2.102) e (2.103), resulta a 0 Olfn',] fan’ n, =|0 a 0|fm,]=/an', |=a]n, (2.106) 0 0 allo 0 0 an (2.107) Py =o, A (2.108) Conclusio: qualquer que seja o versor fi! no plano (74, #i,), a correspondente faceta & principal e a tensdo principal ¢ igual a o,. A direcg3o principal #,, & normal ao 224 plano (7, #,,). Conelusdes semelhantes seriam obtidas para os casos em que jy = ou o)= oy. Apresenta-se em seguida um outro caso particular em que todas as tensdes principais so iguais entre si. O04 =O y= 4 (2.109) Vaiese em seguida proceder ao célculo do vector tenso numa faceta com orientago arbitréria © normal '. Nestas circunstincias 0 versor #’ apresenta as seguintes componentes (2.110) Recorrendo as equagdes de equilibrio definido, tem-se Py =th (2.111) Atendendo a (2.101) e (2.109), resulta a 0 Olfm,] fan, n, 0 a Offn',|=lan', |=a]n, (2.112) 0 0 alin} lan’, n, i qrai (2.113) oft (2.114) Conclusdo: qualquer que seja 0 versor fi’, a correspondente faceta é principal e a tensio principal é igual a 7, . Quando as trés tensdes prineipais apresentam 0 mesmo valor, 0 estado de tensio designa-se isotrépico ou hidr 4tico. Num estado de tensio isotrépico as tensdes tangenciais so nulas em todas as facetas. Retomando 0 caso geral, com todas as tensdes principais distintas entre si, ja foi visto atrds (2.101) que, no referencial principal, o tensor das tensdes apresenta a seguinte expresso ry 0 (2.115) 2.25 Nestas circunstincias os invariantes do tensor das tensdes apresentam as seguintes expresses W=0, +04 + Oy (2.116) LO y Oy +O yy FO) Fy (2.117) 1 On Oy (2.118) ‘A tensio numa faceta genérica de normal fi dada pela seguinte expresso n°) lo, 0 0 |[n, om MH ]=10 6, 0 |\n, |=] o,n, (2.119) WY 0 0 ow )Lm} Loam ») (2.120) fa (orm. 0S Aplicando a lei de transformagao tensorial (2.70) ao tensor (2.115) resulta (2.121) ty #s| 4 a2 a, |/o, 0 0 fa, ay ay Un es Ay Gy Ay |) 0 Oy 0 Jay an ay (2.122) ty yt lay ay ads ILO 0 Oy Jha, as as. Desenvolvendo (2.122) resulta Oy 4g qn Fy + Ops Ags Oar (2.123) 2.1.8 - Tensdes tangenciais maximas e minimas Nas consideragdes que se seguem, o vector tensio numa faceta de normal fi é designado apenas por 7 f (2.124) © vector tensio (7 ) pode ser considerado como a soma de um vector normal a faceta (&) com um vector tangente a faceta (7 ) (ver Fig. 2.14) fads? (2.125) 2.26 ze s i lel ? a irl oi? , Fig. 2.14 - Decomposigio do vector tensio 7 nas suas componentes normal e tangencial. A componente normal & obtém-se projectando 0 vector 7 sobre o versor normal & faceta (ii) (2.126) ‘A componente tangencial 7 obtém-se com a seguinte expresso, que é idéntica a (2.125) (2.127) elif (2.128) (2.129) (2.130) Atendendo ao facto de & ser perpendicular a 7 , pode-se escrever a seguinte equagao, que relaciona as grandezas dos vectores indicados na Fig. 2.14 (teorema de Pitégoras) Poot (2.131) As expressdes apresentadas nesta secgdo até este ponito so genéricas. As consideragdes que se seguem apenas so validas se o referencial utilizado for o referencial principal C4 iy Fi). 227 Considere-se uma faceta cujo versor # possui componentes (n,,1,,7%) no referencial principal. De acordo com (2.120), o vector tenstio nesta faceta apresenta as seguintes ‘componentes no referencial principal F=(0, 1,05 m%,0n™) 2.132) Anorma de? é = (o;m) +(onm) +(onn,) Qu Elevando ambos os membros ao quadrado resulta Pot nf +o} nt +03, 2.134) ‘A grandeza da componente normal (o ) pode ser calculada do seguinte modo otf (2.135) = (5M. M21 Ms) | (ys) (2.136) OF 0,M Oy 0+ Oy Me (2.137) Atendendo a (2.131) tem-se (2.138) Substituindo (2.134) e (2.137) em (2.138) resulta 4, 0} + 04,0} +o m8) (2.139) Paap nm) +o My + Om M — Vaiese agora proceder ao céleulo dos valores minimos e méximos de r*. Devido a0 facto de r ser sempre considerado positive ou nulo, os minimos e méximos de r* coincidem com os minimos e méximos de +. Interessa conhecer também as facetas em que esses minimos ou maximos ocorrem. Para calcular estas grandezas, formula-se 0 seguinte programa matemitico Minimizar ou Maximizar 7? sujeito a (2.140) lal= A solugio de (2.140) é um ponto estaciondrio do Lagrangeano L, cuja expressdo é a seguinte 2.28 P+ A(n} +n3 +n? -1) (2.141) Substituindo (2.139) em (2.141) obtém-se 1) (2.142) Leo} +o} n+ Os pontos estaciondrios do Lagrangeano L sio as solugdes do seguinte sistema de quatro equagGes ndo lineares a quatro incégnitas (n,, ,, n, © 2). Supde-se que os valores das tensGes prineipais (¢, , 0% € 0) so conhecidos. OL 2 2 2 2 Fy 20 29} m= 2( 9,0) +04 E+ Ow 2) 20,n,+24m=0 (2.143) OL 2 2 2 2" Fp 0 2 Lem 2a, m +o m5 + O02) 2oy my +2An, =0 (2.144) an, OL Sra 0 2 2a m—2(o, nt Oy ME + Oy M2)2Oy ny +2AN, =0 (2.145) (2.146) Simplificando estas expressdes, resulta n, [67 -2(o; n} + oy n3 + oy n2) 0, +2] =0 (2.147) [03 -2( om? + oy 03 +05) m2) oy + (2.148) [oi —2(6 22 +04 23 +o y 23) oy +A] =O (2.149) ntnen=l (2.150) sistema de equagdes (2.147)-(2.150) apresenta diversas solugdes. Pode-se verificar facilmente que as solugdes que sio em seguida apresentadas satisfazem as quatro equagdes, sendo portanto minimos ou maximos de 7. ‘ota: omitem-se os versores de sentido oposto porque se referem & mesma faceta. 1° Conjunto de solugées A=(1,0,0) ow 0,1,0) ow 0,01) = +. (2.151) 2.29 Esta conclusio é evidente, porque os versores (2.151) coincidem com os versores das direcgses principais. Nas facetas principais a tensio ¢ paralela ao versor fi, sendo nula a componente tangencial da tenso (ver Fig. 2.14). Nas facetas em que r ¢ nulo a tensio tangencial assume o seu valor minimo (Nota: r é sempre maior ou igual a zero). 2° Conjunto de solugdes: a) (2.152) b) | (2.153) ofp AS] asa) fam-se de facetas que sGo paralelas a uma das direcgdes principais ¢ fazem 45° com as outras duas (ver Fig. 2.15). Fig. 2.15 - 2° Conjunto de solugdes do sistema de equagdes nao lineares. A tensio tangencial maxima é o maior dos trés valores indicados em (2.152)-(2.154) max (F49, Feo. Fur) (2.155) Se as tensGes principais estiverem ordenadas, i.¢., 0,20, 20y,, 0 valor da tensio tangencial maxima pode ser calculado com a seguinte expressio (2.156) 2.30. As facetas em que esta tenso tangencial ocorre sao as facetas F ¢ F da Fig. 2.15e. Vai-se agora proceder ao cilculo da grandeza da tensio normal que ocorre nas facetas em que a tensdo tangencial é maxima, Atendendo a (2.132) ¢ (2.154), tem-se My Fy Mas Fy Ms) (2.157) (1 1 “a 045) (2.158) . (9, On 7 \% 0.28) (2.159) Atendendo a (2.135) =i |i, = (2.160) De um modo semelhante se concluiria que oe t+ Oy lip aan (2.161) Assim se conclui que a grandeza da tensGo normal que ocorre nas facetas em que a ‘grandeza da tensdo tangencial & méxima (facetas Ee F) & Ot Ou 7 (2.162) 3° Conjunto de solugdes: Trata-se de um caso particular em que se verifica o seguinte uF On (2.163) Nestas circunstincias, todos os versores i que verificam as seguintes condigdes correspondem a facetas em que r é maximo. [n? tnd =1/2 = 2.164) nat/vz > fom | 16h) Na Fig. 2.16 encontra-se representada uma superficie conica que ¢ tangente a todas as facetas cujo versor normal verifica (2.164). Fig. 2.16 - Superficie cénica tangente a todas as facetas cujo versor normal vetifica (2.164). Os casos particulares 0, =o #0, € 0, =O, #0, so semelhantes ao anteriormente exposto, Para obter as respectivas conclusdes, & suficiente efectuar uma circulagio de indices. 4° Conjunto de solucdes: Trata-se de um caso particular em que se verifica o seguinte 0,=0 y= (2.165) Nestas circunsténe ~ todas as direegdes so principais; ~ todas as facetas so principais; ~ em todas as facetas a tensdo tangencial é nula; ~ em todas as facetas a grandeza da tensio normal é o=0, -trata-se de um estado de tensio hidrostatico ou isotrépico. Este estado de tensio é 0 que ocorre no interior de um fluido em repouso (por este motivo se designa hidrostitico). O significado de isotrépico é 0 de "igual em todas as. direccdes" 2.1.9 - Circunferéncias de Mohr Apresenta-se em primeiro Iugar a equagdo de uma circunteréncia cujo centro se encontra sobre 0 eixo x (ver Fig. 2.17) YN Fig, 2.17 - Circunferéncia com 0 centro sobre 0 eixo x. Os pontos (x,y) que se encontram sobre a circunferéneia obedecem seguinte condigao (teorema de Pitigoras) +(x-cy? (2.166) Os valores de y* obtém-se com a seguinte expressio yP=R?-(x-C) (2.167) Considere-se agora um estado de tenstio cujas tensdes principais so o,, 0 € O,,.No caso de todas as tensdes principais serem distintas e de se encontrarem ordenadas por ordem decrescente, tem-se 9) > Fn > Om (2.168) Considere-se um versor # com componentes (71,,74,,7) no referencial principal. Na faceta de normal ft a tensio normal é o ¢ a tensdo tangencial & r. Atendendo as equagdes (2.131), (2.134) e (2.137) e ao facto de o versor f apresentar norma unitria, é possivel escrever o seguinte sistema de trés equagdes nitnen=l (2.169) opm + ogni +omm=o (2.170) aint taj ni 03m =o? + (2.171) Supondo que todas as grandezas so conhecidas com excepgdo de n,, m © ny, & possivel formular matricialmente o seguinte sistema de trés equagdes lineares a trés incégnitas (n;, nz © m3) 1 1 1 n 1 oO; On Om || ° (2.172) 0; oO, Omi Lm +r Este sistema de equagdes lineares pode ser resolvido por substituigo ou recorrendo & regra de Cramer, obtendo-se as seguintes expressées para as incégnitas n}, n} ¢ n? (2.173) (2.174) (2.175) Uma vez que ?, n} ¢ n} sio sempre nao negativos, os segundos membros de (2.173), (2.174) e (2.175) tém de ser também no negativos. Atendendo a (2.168), os segundos membros de (2.173) e (2.175) apresentam denominador positivo, enquanto o segundo membro de (2.174) apresenta denominador negativo. Por estes motivos, verifica-se 0 seguinte n20> 7 +(0-0,)(o-0,,)20 (2.176) n20> 2 +(6-oy)(o-0,)s0 (2.177) n20=> 1 +(0-0,)(0-0,)20 (2.178) Estas trés inequagdes podem ser escritas na seguinte forma P2-(0-o,)(o-o,) 2.179) Ps-(o-o,,)(o-2;) 2.180) F2-(0-0;)(o-0,) (2.181) Recorrendo a operagées algébricas elementares, & possivel obter as seguintes inequagdes, que so equivalentes a (2.179), (2.180) e (2.181), respectivamente (2.182) (2.183) (2.184) Por analogia com a equacdo (2.167) (ver Fig. 2.17), definem-se os seguintes parametros R= on > ;¢=2 on (2.185) R= (2.186) R (2.187) As inequagdes (2.182), (2.183) © (2.184) podem ser escritas recorrendo a estes parémetros re (2.188) sR -| (2.189) P2R-(o-cG) (2.190) Uma vez que T se considera sempre ndo negativo, conclui-se o seguinte (ver Fig. 2.18): = a inequago (2.188) impde que os pares (o',7) se situem acima de uma semi-circunferéncia de raio R, e centro (C,,0); ~ a inequago (2.189) impde que os pares (o',r) se situem abaixo de uma semi-circunferéncia de raio R, ¢ centro (C, .0): = a inequago (2.190) impée que os pares (o',7) se situem acima de uma semi-circunferéneia de raio R, ¢ centro (C,,0); 235 Assim se conclui que o lugar geométrico dos possiveis pares (o, 7) € a regidio que na Fig, 2.18 se encontra sombreada. Fig. 2.18 - Circunferéncias de Mohr. Da Fig. 2.18 é possivel extrair as seguintes conclusées: a) A tensio normal maxima é o, (pode ser positiva ou negativa). b) A tensdo normal minima é 6, (pode ser positiva ou negativa). ©) A tensdo tangencial maxima & Su (2.191) Nota: este resultado coincide com o expresso em (2.156). d) Na faceta em que ocorre r,,, ,@ tensio normal é a seguinte Ot Om —_— 2.192) $ 2.192) Nota: este resultado coincide com o expresso em (2.162), ‘A partir da equagio (2.173), que em seguida se reproduz, ¢ possivel obter mais algumas conelusbes (2.193) (o-0, (0-0) (2.194) Recorrendo as expresses de R, © C, indicadas em (2.185), & possivel mostrar a equivaléncia entre as equagdes (2.194) e (2.195) (0, ~64)(0,- on) A seguinte equacdo é equivalente a anterior -R+(0-c) (2.195) PR} +n! (0,-2,)(o,-0)-(0-G). (2.196) Considerado Rtn; 2u)(0;~ Fu) 2.197) resulta (2.198) De acordo com (2.167), a equagdo (2.198) corresponde a uma circunferéncia de centro (C,,0) e raio x no plano (o,r). © valor de ¥, pode ser calculado com a seguinte expressdo, que resulta de (2.197) apés a substituigao de R, pela sua expressao (2.185) (2.199) 0 valor de 7 depende de 0, 0, 0 © m,- Para um determinado estado de tenso num ponto, ¢,, oj, € 0, apresentam valores fixos. Portanto, atendendo a (2.198) € (2.199), conelui-se que a cada valor de n, correspondem pares (o,r) situados sobre uma circunferéneia de centro (C, ,0) ¢ raio 7(n,). Analogamente se pode concluir que 0s pontos situados sobre uma circunferéneia de centro (C,,0) ¢ raio 7, apresentam um valor constante de m, Apresenta-se em seguida 0 caso particular de ser n, =0. Da equago (2.199) resulta (2.200) 's semelhantes as que relacionam n,, R,, C, © 7 poderiam ser obtidas para n,, R,, C, © 7, © também para m, Ry, C, © 7. E assim possivel concluir 0 seguinte (ver Fig, 2.18) a) Aos pontos situados sobre a semi-circunferéncia de raio R, comespondem versores com 7,=0. b) Aos pontos situados sobre a semi-circunferéncia de raio R, cormespondem 0 versores com 1 ©) Aos pontos situados sobre a semi-circunferéncia de raio R, correspondem 0 versores com 7, Uma vez que © ponto 4, da Fig, 2.18 se situa sobre as circunferéncias as quais corresponde 0 © n,=0, pela condigdo de norma unitéria (2.169) n? tem de ser unitério, Esta conclusio era esperada, porque ao ponto 4, corresponde o = 0, ¢ r= 0 (faceta principal). Conclusdes semelhantes se obteriam para os pontos 4, © 4, da Fig. 2.18. 2.1.10 - Tensdes octaédricas Na Fig. 2.19 estio representadas as oito facetas que se apresentam igualmente inclinadas em relagdo ao referencial principal Fig, 2.19 - Facetas octaédricas. Em qualquer uma das oito facetas octaédricas o respectivo versor apresenta a seguinte expressio geral (tetet| (2.201) “ees ; Fag =(Mar Mar Pa Uma vez que este versor se encontra no referencial principal, € possivel utilizar a expressio (2.137) para calcular a componente normal da tenso PF Mag, + Fs Ms, (2.202) 1 Sto,54 Btu Fug + y+ Ou) (2.203) A expressio (2.116) fornece o valor de J, em fungo das tensdes principais, resultando A 2.204) Su =F ( De um modo semelhante ¢ recorrendo a (2.134) & possivel calcular 0 quadrado da norma do vector tensfio nas facetas octaédricas Dg =O] Mogg, + Oy Macy, + is Ma (2.205) i +o} +0%,) (2.206) Atendendo a (2.116) ¢ (2.117), & possivel demonstrar a equivaléncia entre os segundos membros de (2.206) e (2.207) a ay -21) (2.207) Recorrendo a (2.138), & possivel calcular a grandeza da componente tangencial da tensio nas facetas octaédricas (z,.,) (2.208) (2.209) (2.210)

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