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SCENT aru 0 Or. Waldenar Baroni Santos advogads e@ Professor-Adjunto aposentado do Instituto de Ar- ‘tes co Planalto da Universide- de Estadual Paulista (UNESP), historiador de grande onverga~ dure, mormente no ambito da Heréidica, apds muitos anos de exercicio no Magistério, divul- gando seus estudos om grande nimero de revistas © jornais do Brasil e do Exterior, vem a piblics com o segundo volume de seu fostojado Tratado de He- *Ghdica focalizando, ce modo perticular, o Directo NobéLéa- 240, Antetremente {lustrado com desenhos de sua lavra. —Em.torno deste nieleo, com habilidade magistral, faz o Autor graviter diversos tomas, inéditos muitos deles, que in ‘timamente se relacionam. A partir da teorta do Diret- to Divino, naesteira de Hobbes, Bossuet e outros escritores eristéos, expde o Autor sua doutrine con sélide argumente- gc, clareza som par @ preci- sho diddtica, de onde fluem os poderes @ as prerrogativas da soberania dos reis que, extin- tos seus tronos, se projetam em sous herdeires © sucessores, na Figura dos Chefes de Nome @ de Munas de sua Dinastia. Envolvendo seus leitores num emeranhado de ricos e oportu- 298 ensinamentos, brinda-lhes 9 Autor com conhacimentos no- vos néo antes ventiiedeo nom expestos por pesquisedores de renome que o precederam. Teré © lettor oportunidade de se en- fronher nas questées da Sagra- gao dos Reiss da Génese das Prerrogatives Reais; de Outor~ gae 0 Uso ce Dignidades Nobi- Aiérias; do Poder Judiciério 2 as Entidades Catanices: Caracter{stices, Legitimtdad Brorteta tis Ketoorixs EdLoyiimey tor KSpiov Benedicamus Domino DEDICATORIA HERALDIC — GENFALAGICA Numa espléndida lapide de marmore Carrara,esculpi, so- brepujado pela invocag&o “Bendigamos ao Senhor" escrita em grego e latim, em aluséo a crista confraternizagéo historica entre os povos do Sacro Romano Império no Oci-~ dente e no Oriente, um escudo de guerreiro de blau,envol- to de um "cordone d'amore" atado em ponta pelas maozinhas delicadas de meus netinhos: Tatiana, Caroline e Bianca; Raphall ', Patrick e Isabelle, com a seguinte inscrigao lavrada em letras de ouro: "A justa memoria de meus antepassados, na pessoa de meu trisavé D.GIOVANNI BATTISTA I, Baroni dei Guarioni , Capos- tipite di CATAONIA, em 1843, e de meus pais: D-Annibal Pereira dos Santos, de Villanova e de Ber- muez dei Longobardi (14~6-1885/06-02-1926) 2 N.D, Elide Giulia Maria Baroni Santos,di CataGnia, (08- 8-1896/22-5-1989), Q.E.P.D. A meus inmaos e a minha esposa N.D.Aracy Domingo D'Aquino e Baroni Santos, dei Cas - tro Reale; a meus filhos e as minhas noras: ‘arcisio Armando e Luis Cassio; Magaly e Iréne Colette Odile, OS meus agradecimentos pelo estimulo. W.B.S.,1990." Vv ——— WALDEMAR BARONI SANTOS Presidente da Academia Brasileira de Ciéncias Sociais e Politicas, Perito e Membro da "Cham bre Européenne des Arbitres Extrajudiciaires+ et des Experts d'Europe" no ambito da Juris prudéncia internacional,Membro Emérite do Ins tituto Histérico e Gecgrafico de $.Paulo. Pro Tessor-Adjunto aposentado do Instituto de Ar tes do Planalto da Universidade Estadual Pau lista(UNESP) ete. a BARON! SANTOS, Waldemar Taatado de Heraedica, 119 Volume - Dineito Nobikianio $30 Paulo, Edigdo do Autor, 1990. Conteiide: 1, Do Direito Divino e da Sagragao. 2. Do Direito Nobiligrio. 3. 00 Direito Heraldico. 4. Das Ordens de Cavalaria. 5, Documentario: 1) Sentencas do Poder Judicidrio; 2) Brasondrio; 3) Arquivo His- t6rico, Bibliografia. 316 paginas. (+XIV) cDU - 929.6 CDD - 929.6 Edicao do Autor, cum direitos reservados, nos terms da Lei. Rua Afonso Celso, 694 - Ap. 121/B (Tel.: 572-9061). 04119 - Sao Paulo, SP - Brasil. Compesto e impresso na Avemiga Séo Joao, 324-1 Anaar Ton). 105 -Tetetone- 221.3751-S Paulo Nossa Capa: Escudo do "Estado do Brasil", conservado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Portugal; 4 dextra, es- cudo coma “cobra esta fumando" da Forga Expediciona- ria Brasileira, em 1945: a senestra, wm candeeiro dos séc. XVII e XVIII pousades sobre uma espadaeuma ada- ga da mesma Gpoca, passadas em aspa. (A adaga, por motivos de composicao artistica, foi desenhada do mes- mo tamanho da espada). i INTROITO A certeza é umestado que nasce na alma quando se tem consciéncia de conhecer a verdade. (Mercier, Logéque,vol.1,p.383) O nosso Tratado de Heraldica que hoje se aventura na apresentagao de seu segundo vo- lume, tem recebido de nossos amigos e compa- nheiros de luta no Magistério e na Imprensa em geral, do Brasil e do Exterior, elogiosos e gratificantes encémios. O Sr. Ministro da Educagao Prof. Eduardo Portella, Secretarios de Estado e eminentes -professores universi- tarios de diversos pafses tém noshonrado com vigorosas palavras de estimulo para que nado esmorecamos em nossa empreitada. £ nossa intengao continuar com esta obra. Outros volumes terdo em mira a Heraldica de Dominio e outros temas de interesse, j@ an- teriormente versados, muito pela rama, no Primeiro Volume, em 1978. Este trabalho focaliza, de modo particu- lar, o Dinetto Nobitiario, calcado em firmada jurisprudéncia. Procuramos enriquecé-lo com numerosas citagoes de ilustres, e renomados autores, principalmente participantes da Cor- te de Justiga peninsular. Fazemos votos que este procedimento possa atender as honrosas solicitagGes de wewbros do Judiciario e de especialistas no assunto, desejosos de ter, em maos, um compendio que focalize, em lin- guagem juridica, este tema que, nao obstante tao antigo, com reminiscéncias da época me- dieval, nao deixa de ser oportuno e atuali- zado. E nossa intengéo conduzir nossos lei- tores 4s préprias fontes a par das que com- XI pulsamos e reproduzimos. A nossa responsabilidade, como professor universitario e advogado, reconhecido como jurisconsulto pela Pretura Unificata di Bergamo - Ministero di Grazia e Giustizia d'Italia - através da Perizia Giurata Stragiudiziate registrada sob © numero 22641 de 23 de dezembro de 1981, bem como pela apreciagao da Revue Internationale de Criminologie et de Police Technique de Geneve (15.01. 1980) fez que fossemos algados ao prestigioso cargo, por eleigao internacional, da "Com mission Member for the American Jurisdiction of the International Commission for the Re- cognition of Orders of Chivalry", de Sydney, na Australia. Confitemum! Em nossa sincera hu- mildade, com pleno conhecimento de nossas li- mitagdes, confessamos que tudo isto nos sur- preende e nos ateroriza. Confiteantut Domino m- sericondiae ejus... Louvado seja o Senhor, por suas miseric6rdias. (Ps.106.8). & de real oportunidade a transcri¢gao, do original, na integra, de algumas sentengas, transitadas em julgado, prolatadas pela Jus-— tiga italiana. Um detido exame de seu texto, analisando-lhe o mérito e seus conceitos, ira, por certo, firmar um ambasamento juridi- co a nossas propostas j& por nés defendidas na Universidade de Reims, para a conquista do titulo de Docteur d'Etat es-Lettres et Sciences Humaines - Option Histoine. Isto nos facilita a exposi¢ao do tema, poupando nossos leitores da fadiga em examinar demonstragdes repeti- tivas e tantas vezes repisadas. Wa esteira da Jurisprudéncia Heraldica, atrelamos algumas consideragées, de magna importancia, para melhor se compreender a es— trutura de uma Ordem Cavaleiresca eos direi- tos de um Cavaleiro. Os capitulos sobre a sagragao de reis, principes e demais soberanos mereceram de nossa parte especial aten¢ao. XIT 4 Seguindo a técnica da dialética escolas- tica, embrenhamo-nos, bem fundo, na pesquisa das verdadeiras causas convictos de que, des-— cobertas elas, poderemos compreender todos os seus efeitos. A sagragao 6 causa; as prerro- gativas da soberania, os seus efeitos. "As escolas medievais sao geralmente ins- piradas neste conselho do fundador do Liceu: Antes de fornecer a solugao de um problema, exponde as razdes que se insurgem contra a tese que desejais expor. Deste modo, o espi- rito melhor discerniraé onde esta o 'nd' da questao, © ponto preciso do litigio, ai con- centrara a sua atengao e percebera, com con- viccao, aquilo au tera resistido ao exame contraditério.” (') "Abri a Summa Theologica de Santo Tomas D'A- quino, monumental sintese do saber medieval ad enruditionem incipientium. No caput de uma Ques- tao ou de um membro de questao (Artigo) le- reis, em resumo, Os argumentos da autoridade e as intrinsecas razdes que emergem contra a tese a estabelecer e a defender: Videtur quod Eis as nossas diretrizes. Muitos problemas deordem juridica, 4 oo meira vista, parecem-nos de dificil solugao. Cabe-nos pesquisar e desvendar-lhes as cau- sas. Encastelados em farta e idénea documenta- ¢a0, sentimo-nos felizes de termos alcangado os nossos objetivos. "Proinde veritas logica in schola commu- niter definitur ut sit: conformitas vel adae- quatio intellectus ad rem" (2) ou em outras palavras, a verdade 6 a conformidade entre a inteligéncia e o objeto conhecido. E£ com satisfagao que desejamos deixar aqui consignados os nossos agradecimentos aos ami-— gos e colegas que muito se empenharam para que viesse 4 luz este nosso trabalho. XIII INDICE DAS MATERIAS Hedicsteria: ... 1. . pacee a a ees PHtEOLtO: sc). 2. ee ee Livro 1 DO DIREITO DIVINO E DA SAGRAGAO Cap. I - Do Direito Divino . A Influéncia do Cristianismo sobre octoder Real ©. 45. is 4 os Doutrina de Bossuet ...-..-+.- Simbolos da Soberania Pontificia . Doutrina de Hobbes .....-. Doutrina de Sto, Agostinho . .. . Cap. II - Da Consagracao dos Sacerdotes On EAAACE 5 5s a tees See Passagens Historicas da Sagrada Escritura . . eee Cap. Ill - A Béncao dos santos Beeos 2 2 1. Dos Efeitos de uma Sagragao . . . Liturgia da Béngao dos Santos Oleos Efeitos da Sagragao de Soberanos . Cap. IV - Da Sagracto Reak 1. we we ee Primeiros Reis Sagrados . ... + Locais do Corpo Escolhidos para BCSAGTROAO 0 a 3 fee tc eee Investiduras .. + 1. see ee Sagragao de Outros Soberanos .. . Sagragao dos Déspotas < es RIES Sagragao de Principes Grandes PQUCRUGE IOS Cele oa ar gre ai aan Sagragdo de Duques Soberanos . . . Cap. V - 0 Certmonial da Sagragao dos Recs de. Pranen 5. a. 2 io, ee A Ordem da Santa Ampola .... - LIVRO it DO DIREITO NOBILIARIO Cap. I - A Génese das Prerrogativas Reais Le -Parte: ©. 250 eae VI be we 1H PY 13 a3: 15 a5: 19 19 24 24 25 2 26 26 28 35 39 4. Pecreto de $.M.Francesco IL, Rei das Duas Sicilias a favor da Casa Real Paternuense-Balear . 214 Origens Historicas da Real Casa Paternuense-Balear ...,. 216 6. Fac-simille do Decreto Original de S-M,Francesco. II . ..0.. +. 221 7, S.A.B.Francesco Mario II d'Emmaniel (foto)... ke 222 » 8, S.M,Francesco II das Duas Sicit daseCfotabene GOL aa 2 223 9. Os Longobardos - Senhores Hes PERGU ERM ine << BSR

Franca arse ea te oe eee 267 Iv. Baasdes de Dominio 1. Cidade de Reims, Franca ..... 269 v. Sofenidades de Investidunra de Cavakeinos Professos .....+.. 272 I -Jure Recepto ab Initio ...... II -Pelo Direito de Conquista ..... III -Jure Sanguinis . . Cap. Ir - A Génese das Prenrogativas Reais” UEP Parte: tessa th sy Mice ig ~~ As Casas Dinasticas do Brasil e Portugal . at ee a ie Cap. III - Da ‘Sucessao Nobivezria | sips ecse I -Direitos 4 Sucessdo . -. +--+ Il -Da Sucessao Feminina .. +... TIL =A AeeiSe lca s cenge sh simian + IV -Sistemas de Sucessao no Direito BiZaNtIG s\ lbeivieete S12 on V -Do Direito de Sucessdo no Governo Imperial do Brasil . - peut Cap. Iv - Sobre o Uso das Vignidades Nobikiarias no Brasil . 1... Cap. v - 0 Poder Judicianrio e Entidades CORGNACES 6s ss ee ee LIvRO IIT DO DIREITO HERALDICO Cap. 1 - Concessoes de Brasoes-de-Armas 1. Cartas de Armas de Mercé Nova . 2. Cartas de Armas Novas .... + 3. Cartas de Acrescentamento .. . 4, Armas de Sucessao .. +... + Cap. IL - Processes de Justificacao de Nobreza . uw wee we ewe Cap. IIL - Diferencas Reais... se vee TiSBYSGr) ae sss) kee wae Ai Ig lSterea cs 5s oe ee ae Tit Portugal 2. Sec et iV -Franga . . Oe eens es Cap. IV - Diferencas Popukanes vo we 8 1. Quebras de Bastardia.... 2, 0 Engenho da Heraldica: de um Esquartelado ...... VIL Evolugao, 40 46 AT 49 Om: 56 56 59 62 62 63 65 80 89 89 90 90 96 98 06 196 108 109 110 110 113 121 LIvRo Iv ORDENS DE CAVALARIA Cap. I - Caractenrtsticas de wna Ondem de Cavalaria .. we GA22 Cap. Il - Doutrina @ Jurisorudéncia Sobre Ordens de Cavalaria. ....... 2131 Cap. ILL ~ Da Investidunra de um Coleen . . 135 d--Axmacad soe 68 ©55.e ee BAR BEGG 2, -Adonbement Ge eee 8 3. Ordenagao ... eer ee Sh ISB Notas: I. Aprovacae do Ri cual de Investidura ...-.. 140 Il, Accolade . pees .. 141 III. Investiduras Alternativas 142 Cap. Iv. - Cédigo de Honra da Cavalaria . . 145 Cap. V - Sobre 04 Dineitos Historicos e@ Hertldicos de un Cavaleino - Conota- goes Juridico-Herdldicas ..... 154 APENDICE DOCUMENTARIO I SENTENCAS PROFERIDAS PELO PODER JUDICIARIO TEALTANO. Sy eee eG I. Principe Pietro Audrobe7@Aneeona.. 164 Il. Principe Marziano II Lavarello Obrenovitsch . 6... ese ee ee 181 IIt, Principe Francesco Mario II Paterno di Carcaci Sa es SSK. 200 DOCUMENTARIO IT BRASONARTO - ARQUIVO HISTGRICO I, Casas Reais 1. Maison Royale Grande Feudataire dé ‘Cetaonie iss eee oe 2. Serenissima Casa Cesarogéenita Real e Apostolica da Grande Prigia =. eee eT 3, Ilustrissima e Serenissima Casa Soberana Principesca de Conejera, ws joe a ee 212 oo VIIL Brasonarios e Livros de Genealogia.... 287 Bibliografia =e. 290 Referscias ao I* Volume do Tratado de Heraldica .. - 299 ADVERTENCIAS 1. O arcebispo,ao receber a Sta.Ampola,en- toa o canto "O pretiosum munus". O vocabulo “munus" possui diversos sentidos: cargo, fun- gao,dever,graca, dom, obsequio,ete. Cicero, p.ex.,empregou-o com a significagao de pre- sente:"Mittere alicui munera'- Mandar pre= sentes a alguem.O texto integral é:"0 pre- tiosum munus! o pretiosa gemma! quae pro un- ctione Francorum Regum ministerio Angelico caelitus est emissa!"-6 presente precioso! 6 pedra preciosa que enviastes do ceu, pe- lo ministério dos Anjes,para sagrar os reis de Franga.(Cf. p.31). 2, Dom ALFONSO DI BORBONE (1841-1934) ,Con- de de Caserta,Chefe da Casa Borbone-Sicilie, sucessor de seu irmao FRANCESCO II d! As - sise,4° rei das Duas Sicilias,pelo casamentc de seu pai Ferdinando II com Marie Therese Isabelle,Arquiduquesa d'Austria e que re- conheceram, respectivamente,em Gaeta (16- 9 - 1860) e em Cannes (15-5-1933)os direitos di- nasticos dos principes PATERNO-CASTELLO E GUTTADAURO D'EMMANUEL (cf.p.218),foi pai de Dona Maria Pia Clara Anna di Borbone-Sicilie (1878-1973),esposa de Dom Luiz de Orléans e Bragancga (1878-1920) progenitores de Dom Pe~ dro Henrique (1909-1981).Cf. p.45. x Se estas linhas, como as do I? Volume, me- recerem a acolhida de nossos leitores, dar- nos-emos por plenamente satisfeitos e regia-— mente recompensados. Sao Paulo, 1990. WaLdemar Baroni Santos () D'Aquin, St.Thomas Metaphysique I11; Etique @ Ni- comaque, VI1,1. (*) Mercier, Card. "La cause formelle de l'ordre lo- gique!' in Couns de Philosophie, vol.!, Logique. Louvain, Belgique, 1933, p. 374, (3) Reinstadler, Seb. Elementa Phitosophiae Scholas- ticae, Metis, die 26 Decembris 1919. XIV DEDICATORIA ESPECIAL A"DOMUS AUGUSTA" Antiquissima e Augustissima Casa Imp. e Real Apostolica dos Romanos,da Progénie Dardanica silvia -Julia-Claudia-Valéria-Flavia,Porphy- rogénita Flavia, Isaurica-Angela-Comnena-Dou- kagina Palaiologina,Herdeira Savén-Pahlavon- ni Bagration,sucessora De Vincenzi Christo- pharida (Banu'l-'Yakoub),sob a chefia de S.M. I.R.A.Dhus. JOHANNES VII DANIEL IV ALEXANDE AUGUSTUS, Dux Illyrici,reg. no 3% Cartorio de Tit. e Documentos de S.Paulo,em 19/3/1990 sob o n.3118258 e na ORCANIA,Inst. de UTILI- DADE PUB.Lei 2471 de 28-3-90 de Braganga Pta. LIVRO I DO DIREITO DIVINO E DA SAGRAGAO CAPITULO 1 DO DIREITO DIVINO Non est enimPotestas,nisi a Deo. (Rom. 13, 1) Os poderes e as prerrogativas reais sido provenientes de Deus. Sao manifestagdes quc promanam de sua benevoléncia e infundem-se, pela Santa Ungdo, em seus eleitos, tornando-— os seus ministros e delegados. Em seu santo Nome exercem a nobre e santa missao que lhes € confiada. Sé a Ele devem prestar contas de seus atos. £ o que se infere de numerosas passagens das Sagradas Escrituras e dos en- simamentos dos eminentes pensadores cristaos. Nisto se fundamenta adoutrina do direito di- vino, Ha que se distinguir Déineito Divino que é intocavel, indiscutivel e perpétuo, do Direi- to Eckesiastico gerador das normas qe norteiam as atividades do Povo de Deus, passiveis de modificagdes e adaptagdes segundo a evolugao dos tempos. Os poderes e os privilégios episcopais sao manisfestagdes da vontade divina que sao ‘transmitidos aos prelados pela sucessao apos- t6lica. E da competéncia, porém, do Direito Eclesiastico, a eleigao de bispos, a desig- nagao de suas dioceses e outras questées de natureza administrativa e disciplinar. (') "Los poderes de régimen vienen de Dios (...). La persona, designada de esta o la ts Bandeira € um pano e € toda uma Nagao como a Cruz 6 um madeiro e € toda uma Fé CoeLho Neto TRATADO DE HERALDICA TI? Volume Direito Nobiliario. Jurisprudéncia Heraldica. A Situwagao Juridica das Ordens Cavaleirescas. A Sagracdo Real. Coletanea de Sentencas do Poder Judicidrio Italiano. SH Paulo, 1990. otra manera, recibe los poderes de Dios me- diata o immediatamente; en su nombre los ejer- ce, dentro de los limites fijos y precisos marcados sustancialmente por Cristo." (2) "Nenhum costume contrario ao direito di- vino pode alcancar forca de lei." (*) A INFLUENCIA DO CRISTIANISMO SOBRE O PODER REAL A Ijade Média @ plenamente absorvida por um ideal de unidade entre os povos sob a égi- de das normas de vida prescritas pela menta- lidade crista. "Os principes insistem reivindicar o ti- tulo de Defensor da Igheja e lhe reconhecem em ambito vastissimo, a influéncia, mesmo em ma- téria secular, em causas judiciarias, obras de miseric6rdia, diregao das Cruzadas, par- ticipagdo na administragao do pais, taxas, etc. Em contrapartida, a Igreja sagra os Prin- cipes e coroa o Imperador, confirmando dou- trinal e praticamente sua autoridade..." (*) "O mundo medieval € dominado e regido por um grande e mesmo ideal,o ideal cristao. To- dos tendem ao mesmo ideal e a um bem comum. Um mesmo pensamento, a mesma f@, a mesma ma- neira de viver, congregando todos em um sd povo, Oo povo fiel, o povo cristo." "Sonha-se, com efeito, com a mistica real que se vincula 4 ceriménia da sagra¢cao, aos poderes miraculosos atribuidos ao Principe, a origem divina, 4 sua autoridade ou 4 sua missao de protetor da Igreja em seu territé- rio." (*). Dai o titulo atribuido ao Princi- pe cristao, no ato de sua sagragao: "Chris- tianae Fidei, Defensor et Propugnator™. -De- fensor e Propugnador da F& Crista. Segundo o Pictatus Papae, XIX (Mandamento do Papa) de Gregdrio VII, em 1095, "o direi- to de deposi¢gao do Imperador 6 uma conseqtién- 225 o cia do poder de ligar @ destigar. (©) A Senten- ga de Deposigao, de 1080, atesta nitidamente a sua referéncia ao poder de Pedro: "Se vos (Pedro e Paulo) podeis ligar e desligar no Céu, vds podeis, sobre a Terra arrebatar ou conceder, a cada um, segundo osseus méritos, impérios, reinos, principados, ducados, mar- quesados, condados @ possessoes de todos os homens..." (7) "O Papa estima, com efeito, que o objeti- vo assinalado em sua atividade politica é de suprimir o poder do Principe que delle faga mau uso. Que 6 preciso apelar nao um rei, mas um tirano. Ele nao pretende asuzerania sobre nao é adepto da Teocracia. Mas a Sua missdo de Pastor impoe-lhe o controle do uso que os principes fazem de seu poder e de censurar aqueles que se mostrem indignos e incapazes. A escolha dos meios para atingir este objetivo (excomunhao, ruptura do vincu- lo de fidelidade, deposigao) | éde importancia secundaria. A deposic&éo sera sua filtima ar- mas" (°) eaK Bossuet, Hobbes, Santo Agostinho e outros pensadores cristados tém defendido a tese do Direito Divino, no que tange 4s prerrogati- vas e os poderes dos reis, principes e pre- lados. DOUTRINA DE BOSSUET Jacques Benigne Bossuet, bispo de Condon, depois de Meaux, nasceu em Dijon, em 1627 e faleceu em Paris, em 1704. TJIlustre orador, foi chamado de a "Aguia de Meaux". Escolhido para preceptor do Delfim, entre outras obras, escreveu Le Discours sur L'Histoine, sustentando os principios do direito divino. -3- SIMBOLOS DA SOBERANIA PONTIFICIA Uma tiara de prata encimada de um globo de ouro imperial cingido de um listel em fai- xa_e abobadado por meia-pala de ouro perfi- lados de blau sobrepujado por uma cruz e guarnecida de trés coroas de ouro sobrepos- tas com duas infulas pendentes; postas em sautor uma chave de ouro a dextra e outra de prata 4 senestra. iS Bossuet, segundo Hautecour (*), escreveu uma carta a Luis XIv, datada de 10 de julho de 1675, de onde extraimos o seguinte: "V6s deveis considerar, Senhor, que o trono que vés ocupais, pertence a Deus, que vés tendes seu beneplacito e que, por isso, deveis reinar segundo suas leis. O Rei 6 o ministro de Deus e esta ex- pressdo vem redigida pela pena de numero- sos autores. Visto que Deus concede ao Rei a gestao dos negécios do reino, o poder pode ser chamado de direito divino. Esta nogao, que 34 existia no Oriente onde o rei era man- tido por benevoléncia de Deus, como vem escrito na Biblia, o mesmo se admitia en- tre os soberanos gregos, assim como entre os imperadores romanos divinizados. A un- ¢gdo era o simbolo desta espécie de consa- gragao. Surge, inclusive, entre os visigodos, que tinham esta cerimOnia como uma lus- tragao, uma espécie de Batismo que fazia do rei um Cristo, um Messias, um Sacerdo- cee Em 1699, Aguesseau declarou que Luis XIV é "rei e sacerdote ao mesmo tempo". "QO grande Bossuet argumentava que a Sobe- rania nao pode vir do povo, porque este nao pode conceder aquilo que nao tem; essa ema- na, portanto, de Deus, do qual provem cada cousa. Bem por isto, o lema da Imperial Fa- milia Angelo 6: "Deus meus et omnia". O pro- prio Deus desde a primeira 6poca, reinou e guvernou - seyundo a pia tradi¢cao © mundo visivelmente. Deus, Senhor, Pai e Protetor da sociedade humana, por sua iniciativa criou os reis, chamou-os seus Cristos, elegeu-os seus luga- res-tenentes, e colocou em suas maéos a espa- da, para que exercitasse a Sua justiga”; as- sim se exprime o santo bispo Bossuet. Hoje a teoria do direito divino transfor- mou-se naguela do Legitimismo, com base na qual uma Dinastia, que por um tempo, ainda que minimo, tenha reinado scbre qualquer ter- ritGrio ainda que pequenino, por este fato, adquiriu, em pernétuo, o direito de reger- lhe os destinos, ainda que seja nominalmente, no caso em que tenha perdido o dominio dire- to. Portanto, o Soberano_ deposto permanece sempre Soberano; nao ser& umsoberano reinan- te, sera apenas um soberano ex-reinante e ere-endente, mas permanece, todavia, sempre soberano." ('°) Nao € o soberano uma pessoa comum, mas su- jeito do Direito Internacional Piblico. Po- dera manter tratados e designar embaixadores, ministros plenipotenciarios e demais membros da Diplomacia. DOUTRINA DE HOBBES Thomas Hobbes de Malmesbury, fildsofo in- glés, nasceu em Westport, Malmesbury, (1588- 1679). Sua filosofia 6 um materialismo que engloba uma teoria do homem e uma teoria po- litica e tenta explicar toda a realidade pe- la agao do corpo em movimento. Em se apoian- do sobre o modelo das ciéncias da natureza, sua teoria do Estado- Leviata, inaugura com aquelas de Machiavelli e Sninoza, a era das teorias politicas modernas. Hobbes & o autor do Leviata, em 1651. (11) Escreveu, Hobbes, sobre o direito divino: "SS 9 monarca, Ou a assembléia soberana possui, abaixo de Deus, autoridade para en- sinar e instruir o povo, e nenhum homem além do soberano recebe seu poder Dei Gratia sim- plesmente isto 6 de um favor que vem apenas de Deus. Todos os outros recebem seus pode- ~~ 6- res do favor e providéncia de Deus e de. seus soberanos, e assim numa monarquia se diz Dei gratia & Regis, ou Dei prodentia & voluntate Re- gis." (1?) DOUTRINA DE SANTO AGOSTINHO "Langou o bispo de Hippona os fundamentos do monismo politico (instaurare omnia in Cristo) na grande voz da pacificagao; reconheceu o direito divino ('*) em favor da autoridade, que o respeitasse ()"); comandou o movimento de adesao do sacerd6cio Amonarquia, onde es- ta lhe acatasse o primado, esclarecendo, aris-— totelicamente, que o melhor regime teria de variar com o meio e o tempo ('*); mas, por ou- tro lado, determinou a criacgao da Igreja co- mo ordem independente, para que incorporasse na sua Grbita os dispersos elementos do im- pério - de que tinha a sucessao especial. Com o Civitas Dei repontam os novos valo- res providenciais que, sem excluir o livre arbitrio, prolongam nos governos a vontade divina ('®), da monarquia catélica da Igreja, da unidade organica da Hist6ria ('’) coma no- ticia do progresso coerente na perfectibili- dade, portanto da justaposi¢ao politica, o poder sagrado acima do profano a este funda- do em razao e justi¢ga - corrigindo a timidez dos taumaturgos que os orientara para senti- dos opostos. (1°) Formava-se destarte a ordem medieval ou concéntrica, a que o novo elemento étnico, o germanico, deu a dupla originalidade, do prin- cipe debonfrio e da assembléia igualita- pias (ts) a7 C) Cédégo de Dineito Candnico, Ed. Loyola, 1983, can. 375 a 430. (?) Codigo de Derecho Candnico (1917) y Legisfacion complementaria. Biblioteca de Autores Cristianos. EDICA S/A, Madrid, 1978, p. XV. (3) Codigo, Ed. Loyola, op. cit. can. 24 §1. (*) M.Bremond et J.Gaudement L' Empire Chrétien et ses destinées en Occident du XIe. au XXXe. siecle, Libr. Gén. de Droit et de Jurisprudence, Paris, 1944, pp. 15 a 20. (5) Brémond, op. cit, ibidem. (®) Ev. S. Mateus, XVI, 19: "Et quodcumque ligaveris super terram erit ligatum et in coelis; et quod- cumque solveris super terram, erit solutum et in coelis." (7) Reg. VII, 14 a 487; cf. Arquil liére Saint Gregoire VII et sa conception du pouvoir pontifical, Paris, 1934, p. 259. (®) Brémond, op, cit. p. 13. (°) Hautecour Louds XIV, Rod Select, p. 39. Francesco, Dott. Prof. Renato (Consigliere di Cor- te d'Appello) Michele 11 Angelo Comneno d'Epino e fa sua discendenza, Ed. Ferrari, Roma, 1951,p.36. C7) Petit Larousse illustré, 1984, (?) Hobbes, Leviata, 11, in Os Pensadores, Ed. Abril, S.Paulo, p. 151. (13) De Civ. Det, Liber V, ¢.XX, cit. oProv. VIII, 15. ('") Idem, Ibéidem, c. XXIV, coma definigao do bom principe. (5) Pe.Charles Boyer, S.J. Saint Augustin, Paris 1932, p. 275, (8) Capanaga, P.Victorino Intr. general a Obras de S. Agustin, |, Madrid, 229. (17) La Ciudad de Dios def glonioso doctor de la Igte- 44a Santo Agustin, Mabers 1700, p.527 (Trad. An- tonio de Roys e Rogas). C4)0 cae “Idade Média"! é de Cristévao Keller, em 1688, (1°) CF. Calmon, P. Historia das Iddias Politicas, Liv. Freitas Bastos S/A, 1952, p.66. B= CAP{TULO II DA CONSAGRAGAO DOS SACERDOTES EM ISRAEL Os historiadores em geral ao comentarem e analisarem biografias de reis, principes e prelados, apenas citam a data de sua coroa- gao e sagragao, preocupando-se mais com o seu desempenho na politica e na solucao de problemas sociais. Nao entram no mérito das ceriménias da sagragao. Nao sendo provavel- mente versados em assuntos de natureza re- ligiosa, evitam enfocar as causas e os efei- tos dessas _Sagragdes com os Santos Oleos. Varias sao as férmulas rituais para a Sa- SEAGAD de reis e principes: "Eu vos sagro net, diz o Paekado, com este dleo Santi ficado, em nome do Pad +, do Filho +e do Espirito + Santo.” (*) — "Invocando sobrse ti a béngdo do Pai, @ amon do Fifho e a forga do Espirito Santo, unjo-te com estes Santos feoos para que, como um Principe Cristac, te tormes um vatente e fiel de fensonr da Igneja, amparo dos enfenmos, dos invalidos e dos oprimidos, em nome do Pat +, do Fitho + 2 do Espirito + Santo. — Amen." 2) PASSAGENS HISTORICAS DA SAGRADA ESCRITURA No capitulo 29 do Bxodo, encontramos a des- crigao do ritual previsto para a consagra- gao dos sacerdotes: 1) Prepara¢ao "1, Este @ o ritual com que oS sagraras para Acnom meus sacerdotes: tomanas um novitho sem defeito, (*) 2. paes azimos, com bolo sem fermento e bola- chas Azimas amassadas com azeite e prepa- nadas, todas estas coisas, com farinha de thigo sl 6. . Oferece-Las~-as, dentro dum cesto, juntamen- 4e com o novitho e os dois carnetws. . Faris aproximan Aardo e seus fithos da en- trada do Tabernaculc do _Testenunho e, de- pois de pursgicados com agua, (*) . tomanas as vestes para revestin Aardo: a tinica, o manto, como ego @ 0 pectoral, cingindo-o com a faixa de ef6, (*) por-Lhes-as sobre a testa o turbante e 40- bre o turbante a Lamina sagrada. 2) A Santa Ungao = 7, Derramanas sobre a sua cabega o okeo da ungao, ungindo-o, (*) 8. A seguir, chamanas os seus ,ilhos para re- a vestr-, Los com as tunicas; cinginas Aanao e seus siLhos coma faixa e@ Lhes atants os turbantes. Ent&o o sacer- docio thes peatencend por Let eterna. As- Adm consagnanas Aardo e seus §ithos.” 3) 0 Ef No cap. 28, vers. de 6 a 28, ha a descri- gao do ef6 e de seu emprego: "6% Confeccionanto 0 efo em ouro, purpura r0- 7 & xa, canmesim brithante e Linho neforgado, obra tecida de varias cones. (7) Cons tara de suas pegas que se enconinamnas extremidades, segurando-se assim: a faixa que esta acima dele, para segura- Lo, do mesmo feitio, fornando uma peca com ele, sera de ourc, de pitpura roxa, escar- 2ate, camesin brithante e Lénho forte. . Tomands duas pedras de berifo e ghavarits lis 12, nelas of nomes dos silhos de lsaael. . Seis nomes numa pedra e seis om outha, Se- gundo a orden do seu nascimento. Gravanas nas duas pedras os nomes dos fi- thos de Tsrael, como se costuma gravar um Selo, @ as engas tanas em aneis de ouro. Cokocanas as suas pedras sobre as pecas do e240, como pedras de memoria para os filhos de snack; e Aakmo carregard 05 nomes na S10= presenca de Jave, sobre os seus ombaos pa- na recondacac." (*) 4) Da preparagao e do uso do dleo da ungao No cap. 30, faz-se referéncia ao dleo da’ ungao, nao somente quanto 4 sua preparagao (vers. 22 a 25) como tambémaseu uso (vers. 26 a 33): G @ "22. Java fatou a Moises dizendo: 23. Tomanas balsamo de quatidade, quinhentos sickos de mirra Liquida, metade de cinamo- mo balsdmico, ato 2, duzentos e cingllenta sickos, duzentos sickos de cana adonk fera, 24. quinhentos siclos de cassia, segundo o pe- 50 padrao do santuario, e mais um hin de azette de oliva, 25. part congecetonar wn Gkeo santo paraas un- coes, mistura pergumada segundo a arte de boticario.” (°) ) Formula da sagracao dos reis da Franga, v.cap.V. ) Cf.Braganga Jornal Didrio de 30.10.1976, 13.11. 1976 e La Lampada, N.311. ) CF. Bib2éa, vol. 1, 0 Pentateuco, ed. Abril, S. Paulo, Nos comentarios do rodapé do cap. XXIX, temos: "0 ritual da consagragao constava de tres partes: 1? - a ablugao_ dos corpos, a vestidura dos sacerdotes e a unga0 de Aarao (wv. 4/9); 2° a oferta dos sacriffcios (vv. 10/35); 32-a con- sagracado do altar dos holocaustos (vv. 36 e es)! A ablucao que se requer antes da vestidura é€o simbolo da pureza da alma de quem se deve apro- ximar do altar e exercer as fungdes sagradas. (Ex. 30, 17-21; 40, 30 ess. - dem, ibidem). No cap. 28 enumeram-se as varias pegas da indu~ mentaria sacerdotal. Aqui se acrescenta o nezer ha codech, isto é, a placa de ouro que se fixa ao turbante, uma espécie de diadema, que é 0 si- nal da consagragao a Javé. 0 sumo sacerdote e 0 rei traziam este distintivo de sua consagragao 2 a4— (e @) ce ee) Javé. (1 Sam. 1,10; S 1. 132, 18, Idem, ébidem). 0 Gleo que se derrama sobre a cabega do sumo sam cerdote Aardo, vai ter sua composi¢ao minuciosa- mente descrita no cap. 30. 0 dleo tem um simbo- lismo muito complexo: € alimento, é luz, é for- tificante, é remédio. Quando, apos a ungao, a Es- critura fala da vinda do Espfrito de Javé, af es- ta o efeito simbolizado pelo dleo. (1 Sam 10, 1. 6; 16,13; Is. 61,1). Pessoas e coisas eram con- sagradas a Deus mediante a ungdo do Gleo = (Gén. 28,16-18). Também entre os povos vizinhos da Me- sopotamia e do Egito vigorava costume semelhan- te. (Idem, ibidem), 0 240 & uma das pecas essenciais do vestuario li- tGrgico dos sacerdotes de Israel. Havia duas es- pécies de 2f0, um de linho liso, usado por todos os sacerdotes e auxiliares (1 Sam. 2,18e11 Sam. 6,14); outro ricamente bordado em azul, purpura e carmesim. Era constituido de duas partes, uma cobrindo 0 peito e outra as costas, unidas sobre os ombros. (Cf. Grande Enciclopedia Portuguesa e Brasileina, vol. 9, p-437). Também hoje entre os varios graus da hierarquia ha diversidade de pa- ramentos. (Idem, Ibédem). Sobre o suspensorio ou espaldadeira havia duas pedras preciosas contendo, cada uma, seis nomes gravados das tribos de Israel. Assim, o sacerdo- te era intermediario entre Deus e seu povo, com esta lembranga das tribos de Israel (25,7 - Idem, dbidem) . Qs perfumes sempre foram apreciados e procurados pelos orientais. Mistura-se Gleo puro de oliva, com aromas de quatro especies, para preparar 0 6leo da unc3o dos sacerdotes e dos objetos sa- grados, A ungao também se fazia na investidura do rei. A terra de Saba, ou a parte meridional da Arabia, é a terra classica do incenso. A mistura dos perfumes ou aromas que se acrescentavam a0 incenso, além do valor simb6lico, provocava maior fumaga que se evolava entre o Santo e o Santfs- simo. (Idem, ibidem). w12- caPfTULO III A BENGAO DOS SANTOS OLEOS DOS EFEITOS DE UMA SAGRACAO Nas cerimOénias da Quinta-Feira Santa, o bispo, em solene pontifical, consagra o oleo dos Enfermos, o OLeo dos Cateciimenos e o Santo Cris- ‘0 Olea dos Engermos e o dos Catecimenos séo ben- tos com menor solenidade, enquanto que o do Santo Carisma @ consagrado com grande pompa. 1) 0 O€eo dos Enferamos @a matéria sacramen- tal usada para cancelar as seqtlelas deixa- das pelo pecado assim como para dar ao pa- ciente um grande conforto _espiritual. 2) © Bkeo dos Catecumenos @ usado para ungir © peito e as costas dos batizandos, assim co- mo para a sagragao das maos do neo-sacerdo- te. Emprega-se, também, para benzer a fonte batismal, no Sabado Santo e na vigilia de Pentecostes. 3) O Santo Criema, matéria do sacramento do Crisma, @ uma mistura de dleo de olivas e balsamo extraido de plantas aromaticas. & usado para consagrar bispos, reis, princi pes, igrejas, altares, calices e sinos. Cy LITURGIA DA BENCKO DOS SANTOS GLEOS Enquanto o pontifice se dirige ao presbi- tério, acompanhado de sacerdotes precedidos pelo turibulario com seu turfbulo fumegante, os cantores entoam o seguinte hino: "Estribilho: 0 Redentor, neceber o hino dos que vos cantam nae Louvores. Ouvé, O Juiz dos mortos, inica esperanca dos eos. ouvé as vozes dos que ofenecem este dom Se pressagio da paz. 2. Uma arvone fertil sob o sok fecundo (o dom) produziu para ser consagrado; e esta turba reve- vente Leva-o ao Sakvadon do mundo. 3. De pe, diante do altar, suplicante o Ponti- fice, com sua mitra, cumpre seu dever, consagrando o Chima. 4. 0 Reé da eterna patria, dignai-vos sagrar es- te dkeo, Simbolo da vida contra a dominacao dos de- monies." © prelado benze as ampolas dizendo: "0 Deus, prepanador dos méistertos eelestes e das virtudes, ouvé, vo-Lo rogamos, as nossas proces; pelo vosso sacrificto tornai aceite este Liquido, {que manando como_um suor de um tronco ditoso nos enriquece de um balsamo sacerdotal) Lagrima odoro- 4a que @ de um cdrtice seco, e santificai-o conce- dendo-fhe vossa bencac. Por N.S. ... - Amem.” ApOds a mistura do 6leo com o balsamo, o bispo, seguido dos sacerdotes, bafeja por trés vezes, em cruz, sobre as ampolas. Diz o bispo: "Que esta mistura de Liquidos se converta para todos os que forem com ela ungidos, em propiciacao @ guarda satutar, por todos oA secutos dos secu- | fos. Amon." | Apés profundas reveréncias, por trés ve- zes, em tons cada vez mais altos, aclamam: "Salve, 6 Santo Crisma!" (7) | hie | £ o Gleo de oliveira, substancia emolien- te, medicinal e suavisante. Indica a mansi- | dao, a forga e a luz comunicada pelo Espi- rito Santo. © balsamo, obtido de algumas A4rvores odo- riferas do Oriente, simboliza as virtudes que devem emanar do ungido e confirmando. == EFEITOS DA SAGRAGAO "OQ cei, representante de Deus, recebe uma marca divina. 0 dleo miraculoso, vindo do céu, 0 marca como um ato batismal ouinicia- tico. A atgn) aad reflete o aspecto sagrado ao homem". (4) " Podem | fatter outros elementos, como a coxoacao, a imposigas do diadema, porem nunca a uncao. Ungin em hebraico @ machah, de onde se ori- ginou a palavra Machiah - Messias, isto 6, ungido. Em grego, ungido é christes, daraiz chriein - ungir. O som ch 1lé-se, em grego co mo k; dai, em portugués e outras linguas in- do-européias: Christo. Ungido e Cristo sao, pois, sindnimos. Todo o rei, em Israel, era um messias, em potencial, embora apenas dentro do Ambito nacional: libertador e salvador de Israel. Jesus, como messias, era considerado velos romanos como Rex Ludeoaun neste sentido nacio- nal estreito, j& que lhes era inadmissivel aceitar o messianismo fora das fungoes mo- narqui cas. Nao acreditando no messianismo de Jesus, a inserigao Rex Iudeotum tirha caraéter de zom- baria. Escapava aos romanos osentimento am- plo da missao de Jesus. Todavia, por nao ser, de fato, rei de Israel no sentido tra- dicional do termo, Jesus foi rejeitado como messias por todos aqueles judeus que nao con- cebiam messianismo fora da realeza nacional judaica, tal a ligagao etimolégica entre os termos Ae e ungido. A uncao, em Israel, foi sempre umrito re- ligioso, externamente manifestado pela des- cida do Espirito de Javé. Quando Samuel un- giua Saul, Deus se apossou do ungido (I Sam.X, 10); o mesmo se deu com Davi (I Sam.XVI,13). De certo modo, a pessoa do rei co-parti- cipa de algumas prerrogativas divinas, como 215= a santidade. Sendo pessoa consagrada,@ tam- bém inviolavel. A ungdo @ tao essencial a criagao dé um rei, que sem ela ninguém se torna_tal. Podem fattar outros elementos, como a conoagao, a Amposicao do diadema, poném nunca a un- cao. Na Sagrada Escritura a un¢ao pareceser um sinal habitual de realeza, o signo externo da eleigao do rei. ak A expressao ungide de Jave indica de modo claro e conciso o cardter sagrado do sobe— xano. Um rec fica definitivamente entronizado quan- do recebe a uncao. Ocorre, por vezes, na Biblia a expressao fot ungido pelo povo (II Sam. II, 4-7; Vig tt Reis (II) XXIII, 30); entretanto, isso nao significa que foram muitos os oficiantes do xrito. Ungir um rei nao era pratica exclusi- va de Israel; j& existia por exemplo, emCa- naa (Jz. IX, 8-15). Aludem a isto os docu- mentos de Tel-el-Amarna, no Médio Egito. Os reis hititas eram sagrados com o 6leo santo da realeza; seu titulo era taberna, que significa exatamente unigido, e, por ampliagao do sentido, grande ret. © Cristianismo adotou este rito: sao un- gidos os bispos, os sacerdotes e, outrora, © eram os reis catélicos. Ungem-se ainda, o altar, OS vasoS Sagra~ dos, etc. O ritual que cerca essas cerim6- nias @ enriquecido com textos biblicos que reportam ao Antigo Testamento. Samuel tomou um recipiente cheio de dleo (provavelmente um chifre) e derramou sobre a cabega de Saul, acrescenLando algumas pa- lavras consecratorias, entre as quais a afirmagao de que ele era chefe da proprie- dade de Javé." (*"*) RK -16- Sao trés os efeitos dos sacramentos: a gta- Ga santificante, a graga sactamentak e, em alguns casos, também o carter. Caxaten significa a marca espiritual, um si~ nal indelével e perpétuo que sera impresso, na alma, em fungao do Batismo, da Confirmagao e da Ordem, impedindo-se a recepcao destes sacramentos, pela segunda vez. pon forca propria que os sacramentos produzem 0S seus efeitos, desde que o recipiedario nao ponha obstaculos a sua eficacia. E o pré- prio Jesus Cristo, porintermédio de seu mi- nistro, quem opera e da ao sacramento sua graga e lhe comunica sua plena eficacia. (°) Do exposto, ingere-se que os Santos OLeos, por forga propria, confenem ao principe ungide, a ‘plené- dude das prerrogativas reais. (7) Na Igreja Arménia, o Patriarca Supremo e Katho- likés, atualmente, € $.S. VAZKEN 1; tem ele o "privilégio de benzer os Santos Oleos. A béngado dos Santos Oleos celebra-se de sete emsete anos. 0s componentes s30: dleo de oliva e louro, mis- turados ao balsamo e a 40 esséncias de plantas aromaticas. Acrescenta~se um litro do Santo Oleo do preparado anterior e tem-se deste modo anova mistura que contém 6leo bento por Jesus Cristoe levado pelos Apostolos para a Arménia. 0 preparo dos Santos Oleos requer quarenta dias."' (Khazi- nedjian, A. A Igteja Apostolica Armenia Imagem Moderna e Viva da Igneja Paimitiva, Trad. de M. Ekizlerian, S.Paulo, Av. Santos Dumont,55- 1987). Cf. Silva, Pe. A.B.Alves Manual da Semana Santa, Liv. Salesiana, $.Paulo, 1941. (3) Schuon, Frithjof Perspectives spirituetfes, p. 2715 (") A BIBLIA - Antigo e Novo Testamentos, v. 11, p. 106 (Comentarios ao cap. X). Ed. Abril, $.Paulo, 8 aay com o Imptimatur do Mons. José Lafayette Ferrei- rd Alvares, Vigario delegado, de 23.10.1964. Baroni Santos, W. Onigens das ceniménias da Sa- gracdo Real e seus efeitos. Retrospectiva e ana- lise de dados historicos, heraldicos e jurfdicos 4n Bracanga Jornal, com 7 cap. public. em 19-X, 20-X, 21-X, 22-X, 23-X, 26-X e 27-X- 1982. Cf. Cauly, Mons. Curso de Instrucdo Religiosa, |, p. 281 e ss. Ed. Feo.Alves, S.Paulo, 1913. =18- = CAPITULO IV DA SAGRAGAO REAL O Pontificate Romanum, mormente o antigo de Bezangon, dedica varias paginas ao assunto . prescrevendo o seu ritual. Tém-se ciéncia de que a ungao de Saul foi a primeira sagragdo real, registradanas Sa- . gradas Escrituras. Desde os tempos remotos de nossa Histé6ria, percebe-se a perfeita uniao entre o poder civil e 0 religioso. Em outra oportunida-~ de voltaremos ao assunto, focalizando 0 pro- blema, principalmente durante aTdade Média. Av primeiro denomina-se realeza e ao segun- do sacerdécio. Eram coroados os chefes das doze tribos de Israel, portanto, provém es- te costume dos reinos de Jud&aeIsrael, pon- do-se na linha Davi e Salomao. Quanto ao segundo, o Sacerdécio, dele se ocupavam os chefes da tribo de Levi. (") I PRIMETROS REIS SAGRADOS 1. Em Faanga Clovis (Chlodewing) enfrenta uma batalha (496/497) no vale do Reno, entre |Aix-la-Cha- pelle e Cologne. 0 combate, indeciso, pare- cia favoravel aos alem&es e aos suecos. Clo- a vis, em vao, implora a seus deuses pagaos. Finalmente, fez uma oragdo ao Deus de Clo- tilde, sua mulher, que © recompensou com a * vitéria. Batizado em 25.12.498, e converti- do ao catolicismo, fez que a Franga recebes- se o titulo de Filha Primogénita da Igreja. Pepino o Breve, 229 rei de Franca, — sa- grado na catedral de Soissons, por Bonifacio, arcebispo de Mayenne, em 751. =19s Assim se sucederam com Charlemagne, 1° fi- lho de Pepino, sagrado em setembro ou agos— to de 754, em St. Denis, na 12 vez; em 768, em Noyon, pela 2@ vez; em Lombardie, em 774 (32 vez) e em Roma, em 800 (4% vez). Assim como com Carloman, 29 filho de Pepino o Bre- ve, Sagrado em 754, em Saint-Denis, na pri- meira vez, e em 768, em Soissons, na segun- da. (?) Bayard, in op.cit,, relaciona os reisde Fran- ¢a que foram ungidos, até Napoleao I, sagra- do imperador dos franceses, emNotre Dame de Paris, em 02.12.1804 e pela 22 vez, comorei da Italia, em Milao, pelo Cardeal Caprard, no dia 25.05.1805. Posteriormente_vém Louis XVIII e Louis— Philippe I que nao receberam a santa ungao. Entre estes, houve Carlos X, 699 rei de Fran- ga e filtimo a ser sagrado rei, em Reims, em 29.05.1825, pelo Cardeal de Latil. (*) 2. Sagragdes na Inglaterra Fournier, Ozanam e Pange admitem a origem da sagragao nos celtas que se refugiaram na Gra&-Bretanha, onde mantinham uma grande par- te de suas tradicoes. A Igreja Celta, inde- pendente da Igreja de Roma, tinhapor centro a Irlanda. Evangelizados por Sao Patricio, conservaram 0 carater particularde sua bri- ihante cultura amalgamada somente nos prin- cipios biblicos, com o culto em lingua ver- nacula e nao em latim, A sagragao de um rei — semelhante 4 de um sacerdote — realiza- se sem a ungdo, unicamente com a imposi¢ao de maos. © primeiro documento histérico da ungao real inglesa data do ano de 787, onde no Con- cflio de Chelsea, Eabert, filho do rei de Mercie Offa, é sagrado rei. (*) "Jean de Page estudou minuciosamente a ques- tao das investiduras que aconteciam no rei- = 20= nado de Henrique 1. 0O Anénimo de York faz do rei um membro do clero: o rei 6 a imagem do Cristo; ele se acha divinizado pela un- ¢a0o; Jean de Pange acha que a doutrina do Andnimo de York sobre o carater sacramental da uncdo real pdde contribuir para afastar as mulheres da sucessao ao trono, até que a Reforma, na Inglaterra, suprimiu este cara- ter. (5) E assim que pela morte de Henrique I, em 01.12.1135, sua filha Matilde, casada em 1114 com o imperador Henrigue V, casada novamente com Geoffroy Plantagenét, conde d’ Anjou, foi primeiramente reconhecida tendo, depois, seus direitos recusados. Os grandes senhores elegeram, entao, Etienne de Blois, sagrado em 22.12.1135, peloArcebispo de Can- terbury. So eles de parecer que a realeza, que 6 um sacerd6cio, nao pode seracessivel as mu- Iheres." (°) "Jean. de Pange, neste ponto assinala que: se os duques _ tém direito a todas as insig- nias, mesmo 4 coroa representada pelo GiEs culo de ouro, nao tém direito a un¢gdo que faz um rei e que, pela doutrina de ives de Chartres, tem c caradter de um sacramen- to." (7) Jean de Pange, comentando a sagragao de George VI, pai da Rainha Elizabeth II, 399 rei da Inglaterra, por forga da abdicagao de seu irmao Eduardo VIII, manteve este, apenas, o titulo de Duque de Windsor, visto que nao foi sagrado e somente a ungao con- fore um carater indelével. (*) 2; Sagnracoes em Espanha Oo primeiro rei a ser sagrado com a impo- sigao de mdos e ungao com os Santos Oleos, em Espanha, foi Recaredo, noConcilio de To- ledo, em 06.05.589. Como Clovis de Franga, Recaredo converteu~ -21- se do Arianismo para o Catolicismo, por in- fluéncia de sua poposa: a rainha Bada, filha de Quilpérico. (°) As primeiras ceriménias de Sagragao Real processaram-se em Toledo. Apds a fixagao da xesidéncia dos reis, em Madri, as cerimonias passaram a realizar-se na Igreja de Sao Je- rénimo. 4. Sagracdes na Russia Os reis da Rissia eram coroados como os outros soberanos da Europa, desde Wolodomir Basile que, por seu batismo em 988, assumiu © titulo de Czar. A cerim6nia da sagragao realizava-se, com toda a pompa, na igreja de Notre Dame de Mos- cou, pelo Primaz ou Metropolita Patriarca Ortodoxo. Eram eles ungidos nas maos, nariz, boca, orelhas e joelhos. A Czarina era un- gida somente na testa, comungando ambos, se- gundo o rito ordinario da Igreja Ortodoxa, sob as duas espécies de pao e vinho consa- grados. No que concerne ao titulo de Czar ou Tzar adotado pelos imperadores russos, ha diver- sas opiniGes quanto 4 sua origem. Queremal- guns que seja uma altera¢gao de Cesar, ado- tado pelos imperadores romanos; outros, que seja de filiagao muito mais antiga, de ori- gem gOtica ou cfintia, com significado de ‘wi, inferior ao de dmpenadon.. Quando Pedro oGran- de, em 1721, assumiu o titulo de imperador, Caesarea majos tas , recebeu protestos da Corte de Viena. Segundo o Grand Déctionnaine Univewel de P, Lawusse, (V,p.738, Paris, 1865), apala- vra tzat nao vem de cesai mas que pertence 4 antiga lingua eslava. “Pougens lembra que a Palavra tzar encontra-se no gdtico thzar, tzar, Sar, San..." 22 (1) Ungdo de Saul, por Samuel (1 Samuel X, 1); - de La por Samuel (1 Sam. XVII,14; Cronicas Mh ohe : - de Jehu, por Elias (I! Reis XIX, 15-16); - de Jehu, por Eliseu (11 Reis 1X, 3-6). (?) Cf. Bayard, J.P. Le Sacte des Rois, Pleins Feux 2, La Colombe, p.36, Paris, 1964. (3) Cf. BAYARD, op.cit. pp. 39/49. (*) Cf. BAYARD, op.cit. p. 79. (5) PANGE, (Jean de) Le Rot Tres Chrétien, p. 318. (8) BAYARD, op.cit. p. 81. (7) PANGE, op.cit. p.. 318. (®) Cf. Bayard, op.cit. p. 85. (°) cf. Le Sement du Sacre in "Rev. du Moyen Age La- tin, I/71X, 1950, p. 40, (29) Cf. Bayard, op.cit. pp.88/90. (1) cf. Vieira da Cunha, Rui A Constituicao de 1824. Insignias Imperiais in "Boletim do Circulo de Estudos Brasileiros" n.2/1972, p. 3. (7?) Cf. Bayard, op.cit. p. 78. (13) Idem, Tbidem, p. 248. (4) Ka'ba ou Kaaba @ um edificio de forma ctbica que se ergue no centro da grande mesquita, em Meca. Ha em sua parede a famosa e historica Pedra Ne- g%a, venerada pelos islamitas. C5) Auda-Gioanet, Ida Une Randonn@e & Travers £'His- toine d'Onrient, Ed. Ferrari, Roma, 1953, pp. 20/ 2. () Bayard, op.cit. p. 141; Patnetpe Gr. Feud. de Catadnia (CF. Baaganca- “Jonnal de 30.10. 76, ©°de 13.11.1976 e La Lampada n. 311/312), =27= cree 5. Na Italia A sagragao real comegou a ser praticada, na It&@lia, apds o ano de 781. 6. Em Portugal Afonso Henrique I, filho de’ Henrique de Borgonha, 49 Conde de Portugal, foi coroado em 739, como rei de Portugal, juntamente com Sua mulher Teresa, filha de Alfonso VI, rei de Castela. 7. Na Pokonia A Poldénia que perdeu seu titulo de reale- za em 1082, tendo-o reassumido em 1295, com Ladislau IV, o Pequeno, em 1320, tinha seus reis sagrados em Cracévia, pelo Arcebispo de Gnesne. 8. Na Dinamarca Apos Harold VI, em 930, os reis da Dina- marca eram sagrados, com o mesmo ritual dos alemaes. 9. Na Suéeta z Na Suécia, a primeira sagragao se fez com Eric VIII, em 980, em Upsala. ('°) 10. No Brasif Dom Pedro I do Brasil foi coroado e en- tronizado em 01.12.1822. As disposigdes para a sagragao de S.M. o Imperador foram assinadas por Ant6nio José de Paiva Guedes de Andrade, em 15.07.1841, nos escritérios de Estado dos Assuntos do Império. A cerimonia da sagragao, presidida pelo Bispo Capelao-Mér Dom José Caetano da Silva Coutinho, assistido pelos bispos de Mariana e de Kerman, consistiu na ungado com os San- tos Oleos sobre o brago direito, peito e espaduas. (1!) =23= TT LOCAIS DO CORPO ESCOLHIDOS PARA A SAGRACAO Os reis e os principes soberanos, em ge- ral, recebem a ungaéo com o Santo Crisma e se tornam inviolaveis, como ungidos do Se- nhor: “Mas depois disso teve remorgos de ter cortado a ponta do manto de Saul e disse aos seus: ‘Javé nado me permita fazer o mes- mo a meu Senhor, estendendo a minha mao contra ele, pois & 0 ungido de Javé." (I Samuel XXIV, 6-7). "N&o toqueis em meus ungidos, diz o Se- nhor." (Salmo CV, 15). "Os reis, segundo o Pontificale Romanum, nfo recebem mais que duas ungdes com o Oleo Santo: uma nas juntas do brago direito eou- tra entre as espaduas. A ungao da cabega 6 reservada aos fonti- fices e aos reis de Franga, por um privilé- gio especial, por serem considerados Filhos Primogénitos da Igreja." (*7) Segundo o Cerimonial da Sagracao dos Reis de Franga, minuciosamente relatadomais adi- ante, eram eles ungidos: 1) - sobre a‘cabeca; 2) - sobre o est6mago; 3) - entre as espaduas; 4) - sobre a espddua direita; 5) - sobre a espadua esquerda; 6) - sobre as juntas do brago direito; 7) - sobre as juntas do brago esquerdo. ("%) Tit INVESTIDURAS No que tange 4 investidura cavaleiresca, ha que se distinguir a Franga da Inglaterra. Em Franga, em primeiro lugar, procedia-se a investidura do Cavaleiro, para depois re- <24— ceber, Oo Rei, a Santa Ungao; na. Inglaterra, ao contrario, a Ung¢do se procede antes da outorga das honras da Cavalaria. A investidura real nao 6 exclusivados po- vos cristaos. Os mugulmanos , por exemplo, rogam a Alah que lhes sejam entregues a co- roa, a espada e o punhal, bentos, como sim- bolos da autoridade. vao buscar os islamitas no Corao as pre- ces que farao durante.a cerim6nia, voltando seus olhos para a_ Kaaba, ie bs. F Apés a ceriménia da coroagado, seus sidi- tos prestam-lhes homenagem, de joelhos, in- clinando-se profundamente, Iv SAGRACAO DE OUTROS SOBERANOS i Sagnagae dos Despotas Os déspotas, do grego déspotes, comum pou- co usado sindnimo Aijpannos , gerando as pala- vras despotism (gr. despoteta e tupannts) e despo- tico (gr, despoticds e tupannicés) eram verdadei- ros reis, com todas as suas peculiares prer- rogativas; permaneciam no poder, independen- tes da autoridade imperial. Seus direitos eram transmitidos, in perpetuun, a todos os seus descendentes e sucessores, fossem eles legitimos ou naturais, e na falta de her- deiros masculinos, habilitavam-se, por de- volugao feminina, também as mulheres. A deposigao da dinastia imperial em nada influia 4 Majestade Sagrada dos déspotas, por- que eram estes aut6nomos e governavam com leis proprias. Além dos déspotas ha que se registrar os Grandes Costureinos, os Prefeitos Palatinos e os Grandes Domesticos que ‘eram nomeados diretamen- te pelos déspotas ou pelo imperador. "Logo abaixo do déspota, registra a His- toria a presenga do Sebastocrator, isto 6, o -25- Governador-Chefe, titulo este, para todos os efeitos, pessoal." ('*) Na Grécia, ou seja, no Império Bizantino, os titulares da hierarquia dependiam do im- perador: magistr0s ou magistrado (archon, ar- chontes), juiz (dicastes), magistratura (arche) , corpo de magistrados (atchontes); proconsul (anthipatos) , proconsulado (anthupateia); pa- tricio (eugen@s), patriciado (patniziotes); proto-espatario, aspirante, espatario, atcz Ao imperador , denominava-se autocrator ou hegemnhy @ autoridade suprema de governar: erndo; influéncia sobre alguém: dunasteuc. Rei = imperador: Basi£eus; reinado ou rei- no: basifeta, De Sagracao de Paincipes Grandes Feudatarios Aos principes soberanos grandes feudata- rios competia a eleigao de um rei. "A elevagao de Grandes Feudat4rios, diz Bayard, comporta um ritual calcado no ritual da sagragao de reis. Apesar de bem resumi- do, conserva o mesmo espirito gue o presi- de." (7%) 3. Sagnracao de Duques Soberanos Em tempos idos havia dugques, condes e até bardes com as prerrogativas da soberania. Os duques eram sagrados obedecendo ao mes-— mo cerimonial da sagragado real, porque na verdade, a idéia era a mesma — conferir- lhes os privilégios semelhantes aos da Rea- leza. Em resumo, fazia-se a entrega aopostulan- te do anel e das luvas, apds as juras pres- critas pelo cerimonial._ A itmica diferenga era que, como na sagra¢ao dos principes gran- des feudatarios, a solenidade termina com a béncao pontifical, na sagragao real abéngao precede a entronizagao . -26- cAPETULO V 0 CERIMONIAL DA SAGRAGAO DOS REIS DE FRANCA O cerimonial prescrito para a sagragao e coroagao dos reis de Franga @ longo e faus- toso. Foi ele publicado por E. Desprez, em 1775, (*) por Charles Millon, em 1931 (7), repro- duzido por Jean-Piérre Bayard, em 1964 (*) e por diversos outros autores. Temos ciéncia de que nado somente emReims, mas também em Paris, realizaram-se coléquios de estudo focalizando este tema. No Museu do Tau, em Reims, encontram-se o cetro, a coroa, o manto e demais pegas, in- clusive a Santa Ampola, usados para a coro- agao de Carlos X. Ai estivemos e, por um longo periodo, tivemos ensejo deadmirar es- ta magnifica exposi¢ao. eee 1. Chegada do Rei & Reims Primeiramente, gostariamos de descrever a chegada do rei, 4 Reims, que & recebido, com grandes festas, com o repique de sinos da Catedral, pelo governador da provincia e pe- las autoridades do municipio. O arcebispo de Reims, acompanhado de ou- tros bispos, paramentado com a capa-de-as- perges, mitra e baculo, aguarda a chegada de Sua Majestade. No Atrio da catedral, o rei recebe a Aqua benta e beija o livro dos Santos Evangelhos. OQ chantre-mér entda o Ecce ego mitto Angetum meum — Eis que vos envio o meu Anjo... Ou- ve-se, em _seguida, pelos cantores, uma bela saudagao &@ Virgem Maria, declarando-a tem- plo do Senhor e taberndculo do Espirito San- to, solicitando-lhe a intercess&o a favor do Clero e particularmente das mulheres que a veneram. Uma nova oragao @ recitada peloarcebispo, pedindo as gragas do Senhor paraonovo rei, dando-lhe o poder de combater ovicio e ven- cer os inimigos do reino. Ao som de uma salva de artilharia; canta- se o Te Dew, laudamus — A V6s, 6 Deus, lou- vamos... (de autoria de Sto.Agostinho, anos 354/430). Apés este canto de alegria-e louvores a Deus, 0 eleito do Senhor. recebe » a» béngao pontifical. Retira-se, entao o rei, apés ter recebido as homenagens do Capitulo e dos diversos corpos. oficiais. 2. A Vigibia da Sagragao © rei, acompanhado dos principes, retor- na, apods o meio dia, a catedral, paraassis- tix 4s primeiras vésperas da sagragao. Ouve-se, de um bispo, um sermao relativo a Sagragao. Recebe o rei, nesta oportunidade, osacra- mento da Peniténcia e a Absolvigao. 3. A Transferencia da Santa Ampola Quatro cavaleiros transpertam a Santa Am— pola, sob o juramento de defendé-la, até a morte. Esta santa reliquia vem da abadia de Sao Remigio. £ este imponente cortejo formado de guar- das franceses e suigos, acompanhados de re- tigiosos beneditinos e de irmaos francisca- nos menores, de escudeiros e cavaleiros da Ordem de Sao Luis, em uniformes escarlates bordados a ouro. 0. Grao-Prior, revestido de uma capa dou- rada, transporta a Santa Ampola, em um re- lic&rio, suspenso ao pescogo. 0 arcebispo recebe esta preciosa reliquia a2g— das maos do Prior e a deposita sobre o al- tar. 4. 0 Levantanr do Rei Desde 4s seis horas da manha, comecaa ce- rim6nia da sagragao, com a chegada do arce- bispo de Reims, acompanhado do Chantre-mér, de quatro bispos, do bispo de Soissons, de diaconos, do bispo de Amiens, com as suas respectivas mitras, e dos subdiaconos. Todas as grandes personalidades convida- das tomam assento. Os marechais, nomeados pelo rei, levam a coroa, o cetroe a mao-da-justiga. Antes da chegada do rei, que se encontra enclausurado, o bispo faz uma oragao supli- cando a Deus que o rei governe com justi¢ga e em busca da verdade. Designam-se o bispo de Laon e de Beauvais para assistirem ao rei, durante asua sagra- gao. Revestidos de paramentos pontificais e acompanhados de grande nimero de clérigos, saem da igreja e se dirigem aopalacio epis- copal, até 4 camara do rei. A porta acha-se fechada e o chantre-mér a bate com o seu bastao. Sem abri-la, o grande chamberlain pergunta: - "Que desejais?" 0 grande cham- berlain responde: - "O Rei." Retruca o cham- berlain: - "O Rei dorme." O chantre bate ve- la segunda vez e recebe a mesma resposta. Pela terceira vez, 0 Bispo insiste: - "De- sejamos Luis que Deus nos deu para rei." As- sim as portas. se abrem e o chamberlain con- duz os dois bispos junto ao rei que o sai- dam profundamente e depois é ele conduzido a Catedral, para a ceriménia da sagragao. 5. 0 Conteso Todos os dignitarios apresentam-se com vestuarios apropriados para a ceriménia e assumem as suas fungdes especificas; por -30- exemplo, o grande escudeiro deve receber a touca do rei e também levar a cauda do man~ to real. Em outros paises, aceriménia da sagragao, como por exemplo, aquela realizada por oca~ sido da sagragao dos imperadores do Brasil, adwite-se a participagao de outros convida~ dos, conforme os cargos existentese as exi- géncias do Protocolo. Notamos, com efeito, que tambémem Franca, como em Inglaterra, por ocasido da sagragao da rainha Elisabeth II, da-se grande impor- tancia 4 composicao deste cortejo, respei- tando a hierarquia e a posi¢ao politica e social de cada dignitario. 6. Chegada do Ret a Catedral K medida que o rei se aproxima do coro, recita-se 0 Salmo 20, em agao de gragas pa- ra o rei e festejar a vitdria. © protocolo fixa os lugares das autorida- des que assistirao 4 ceriménia. O arcebispo de Reims entoa o Vent, Creator Spiritus, mentes tuorum visita, Ample superna gratia, quae tu creasti, pectora — Vem, 6 Creador Es— pirito, visita as almas dos teus, enche de qraga celeste os coragoes que creaste... Apés o canto, a Santa Ampola & entregue nas maos do arcebispo que diz a seguinte ora~ Gao: 0 pretiosum munus! — © presente precioso! 7. 04 Juramentos O rei, a pedido do arcebispo, promete con- servar @ proteger os privilégios candnicos, os direitos e a jurisdigao da Igreja. Os bispos pedem aos senhores assistentes e ao povo que o aceitem como rei. O rei, em seguida, presta juramento, com a maéos sobre os Evangelhos. Havia, nos textos antigos, a promessa de sis a

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