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inquérito®, apreender as varias dimensOes do pluralismo religioso no plan ‘conceitos que o explicam. Desta forma, estaremos a perspectivar o pl ‘em evidéncia as atitudes perante o fenémeno religioso e, de um modo: buindo toda a nuclearidade aos indicadores que permite medir o pluralismo. arr : (3) Foi remetida para anexo a explicitagdo dos procedimentostécnico-metodolégico tamento dos dados. Pluralismo religioso e diversidade religiosa: aproximacées e controvérsias A realidade da vida quotidiana apresenta-se perante mim mais um mundo que eu partilho com ie diferencia nitidamente a vida ‘quotidiana de outras realidades acerca das quais eu estou ‘consciente. Estou sozinho no mundo dos meus sonhos, mas sei ‘que 0 mundo da vida quotidiana é tao real para: quanto é para mim proprio. De facto, eu ndo posso. ida quotidiana sem permanentemente interagir ¢ comunicar ‘com os outros. Peter Berger & Thomas Luckmann, The Social Construction of Reality! regulamentacao do fenémeno religioso nas sociedades europeias contemporaneas. (1) Esta e outrastradugoes que constam no ivr so da responsablidade da autora, 1. UM DADO ADQUIRIDO? ‘Ao contrério da corrente anterior que enfatizava 0 ia a distribuigdo do poder enquanto medida politica conceito de pluralismo tem. lo com diferentes conotagbes nos mais varia dos contextos discursivos. Por vez a partir do préprio Estado. No registo cientifico encontra-se ainda 0 termo pluralismo, no an ‘epistemologica dos anos setenta ‘metodolégico» para dar conta “paradigmas que competem pela "tia lUbidem: 326). Os defensores ‘uma metodologia - 0 alvo de ataque era a ortodoxia p tiados aos nomes de Talcott Parsons e de Paul Lazarsfeld ~e, ne ia da utilizacio de varios métodos de andlise. 0 pluralismo met ‘emergéncia, no campo da sociologia, da fenomenologia, do estruturalismo, dos neomar- xismos e do relativismo filoséfico. ‘Como se pode constatar, o pluralismo, sendo uma concepgio sciais, ter sido tomado como um dado adquirido, ou ‘ago pouco precisa ou entao confinada a uma das suas ‘estudos que demonstrem o seu efeito real nas tendéncias em curso nas nossas sociedades contemporaneas e elementos que permitam o aprofundamento do debate e uma constru- igorosa. Essa dimensio de pluralidade tem estado ausente, nomea- ue se efectuaram as primei- presente no dicionério de passando a constituir xdo com a homogenei- também com o tema do etnocentrismo, da religido ou da cultura em sentido mais estrito. Desde a segunda metade do século XX, as sociedades ocidentais - a América do Norte, com maior evidéncia, e a Europa de forma ‘erescente — tornaram-se cultural, religiosa e etnicamente mais diferenciadas. Isso é um (4) Principalmente no Capitulo 2 ~ As perspectvas,o dehat, as reformulaghes roduto.das.macigas ondas migratérias que tiveram lugar no perfodo que sucedeu & I Grande Guerra. Este fenémeno migratério assenta num conjunto de causas (Berger, 1993: Srantes e a auséncia de medidas de contencao da imigracao nos paises de acolhimento. E aquilo que se pensou ser uma situagao transitéria acabou por se tornar uma permanencia, ismo ainda mais ‘como uma das causas para uma certa sociologia em geral. Para o principal representante da abordagem funcionalista, Talcott Parsons (1973), 0 pluralismo religioso significa um tipo de diferenciagao que permite definir de forma mais clara o lugar da religiso nos sistemas social e cultural. Tendo sempre como pano de fundo a realidade social americana, vé a pertenga religiosa como resultado de uma adesdo volun- taria, o que ele associa a um processo de privatizacao da religio. Tal como Bellah (1968) sugere, a privatizagio ea diversidade religiosa conduzem a «religiéo civil» ~conceito que retomaremos mais tarde -, isto é, uma «comunidade moral» (conjunto de normas e valo- res partilhados), no sentido durkheimiano do termo. Na perspectiva da sociologia do conhecimento, representada por Peter Berger (1967), ‘Edefendido que a secularizagao produs.o fim do monopélio das religides tradicionais e que ‘no mercado religioso as empresas religiosas se confrontam com o imperativo de competi- rem permanentemente entre sie com visdes do mundo nao religiosas (cientificas, flos6- ficas, politico-ideolégicas). Nessa medida 0 pluralismo implica uma relativizagao das visdes do mundo e, em consequéncia, uma precarizagao das estruturas religiosas, De certo 0 a uma certa tendéncia para a anomia. Ora, € inegével que o estudo do pluralismo tem inevitavelmente a ver com a distribui- ssio-do poder na sociedade. Por essa razao, temos de recordar os contributes dos socislo- 0s de tradigdo marxista ~ ainda que estes ndo tenham at igioso, nem & religido em geral — e, em especial, a reflexio releitura por Pierre Bourdieu. entendem coexistir com um «conjunto geral de conheci- iés, como defende Beckford (1999), mais correcto que a _sociologia optase pela utilizagéo do i¢do de pluralismo | quando pretende dar conta da coexisténcia de grupos heterogéneos numa determinada _sociedade ou num mesmo contexto social. Este autor sustenta que a defesa de «que deveria haver respeito métuo entre os diferentes sistemas cul liberdade para todos eles» (Ibidem: 1). No entanto, contextos sociais, do ponto de vista reli- (étnico, cultura...) diversificados poserdo néo ser pluralistas, facto que, por si s6, problemas a operacionalizagdo do conceito. Se, em alternativa, nos referirmos a _mesmos contextos em termos da diversidade dos seus tragos culturais, a atitude sera acautelada e metodologicamente mais rigorosa. Pela nossa parte, reconhecemas a validade da proposta de Beckford. Tal procedimento ida, no entanto, que o termo pluralismo seja utilizado, mas sempre que o fizer- Imos teremos presente o seu conteido substantivo, isto é, analitic. Adoptamos, deste {oder se encontra disperso por varias organizagdes, porque somente em ‘sivel a coexisténcia dos seus elementos num mesmo campo sem monoy podem ser, por sua vez, um dado de f aparece, por regra, em Estados autorit de qualquer ou situagao de tas. Esse 6 0 feaminho seguido por Bryan Wilson. remos acompanhar de pe nesta matéria, em especial se comparada com vive: ‘ay mesmas pessoas podem participar numa variedade de actos de culto. Wilson 11) dio exemplo da India com o poltefsmo,o pantefsmo e oeclectismo e do Japio, onde ‘4s pessoas alternam os rituais xintofstas com os budistas. Nestas sociedades os contornos religiosos sio fluidos. Este sociélogo briténico afirma que af o pluralismo € uma norma e ‘atolerancia costuma prevalecer. Nao podemos, contudo, deixar de nos interrogar se nestes Ceontextos sociais nao impera mais 0 inclusivismo face ao sincretismo frequente — do que opluralismo. Num intento explicativo da variedade de posigoes face ao pluralismo, no ocidente - ¢ {sso pode ser ilustrado pela posigao crista em matéria de dislogo inter-religioso -, Peter Berger (bide, 25-31) construiu uma tipologia de atitudes. Designou o primeiro tipo de {duos que «insistem na finalidade e singularidade da reve- lagio biblica», ou seja, negam qualquer revelagao salvifica fora da tradicao crista. Os énclu- sivistas, por seu turno, embora atribuam centralidade & mensagem biblica, admitem a pos- de de existirem pedagos de revelagdo da verdade em lugares fora do quadro judaico- -cristio. O terceiro tipo € o dos pluralistas e agrega todos aqueles que, segundo as mais diversas variantes,abdicam da centralidade da verdade crista, Estes advogam a combina- ago de verdads com fonteem diferentes culturasreligosa, e que Berger Aqui nao se trata apenas da questio da eta de uma atitude religiosa. construfda, uma vez que é uma atitude sustentada por alguns sectores Como se pode v' {quar ao ponto de vista aqui em desenvolvimento, teria antes de ser designada por plura- lista, dado que € aquela que mais se aproxima da acepgdo de pluralismo que apresentamos. Em contrapartida, a atitude descrita pelo autor para o terceiro tipo (0 grupo dos pluralis- tas), essa sim, enquadra-se numa I6gica inclusivista, jé que € sugerida, neste caso, uma postura religiosa sincrética. tadas num mesmo pl (con)fundia-se coma “se mutuamente ¢ ar comum a judeus, romanos e gregos. Isso nao significa que no e Gio entre o temporal e o transcendente’, s6 que a tendéncia, principalmente numa fase sacralizagio das instituigdes sociais ou politicas com tendéncia para a sua confusio; €0 processo de separacio crescente entre 0 sagrado e 0 profano quer no judaismo ‘no cristianismo’. Na antiguidade grega até a emergéncia do pensamento filosofico-racional, as narrati- seu turno, legitimavam 0 poder no € menos verdade que o pol toda a tolerancia em relagdo as diversas formas de culto, permanentemente em cresci- mento por via das conquistas. ‘0s judeus demarcam-se daquelas sociedades pelo facto de terem ums mundo - ou de, pelo desenvolveu uma ética assim, caminhos para a secularizacio. O cristianismo emerge dentro da comunidade judaica e, nessa medida, herda 0 quadro Ateol6gico monotefsta (permanecendo dentro dele), mas introduz uma nova conceptuali- entre o politico e o religioso. questo da salvagio e a 0 Povo Escolhido (Gauchet, Ibidem: -oncede ao homem a possi fiador. Esse dom podera ibertar do pecado e de se ediante a f€ e o arrepen- dimento de cada individuo. A partir destes pressupostos irdo surgir, na perspectiva de Jénatas Machado (bidem: ‘um conjunto de implicagdes quer na dimenséo indivi- «dual quer na dimensio colectiva quer, sublinhamos, no plano das relagdes entre o politico © 0 religioso. No que concerne & dimensao individual, a {6 transfere-se muito mais para uma ques- em que a crenga é colocada & consciéncia individual, passando a stir uma liberdade de op¢io. Trata-se de uma atitude perante o sagrado perfeitamente da Antiguidade e em ruptura com formas coercivas ipagdo dominante a sua afirmagdo como comu- © culto ao pee ‘A mensagem anunciada se vai definir por uma grande cap les de origem e de pertenca soci ite aqueles que nao adoram o seu Deus, tinico, de toda a humanidade, e que no se traduzia unicamente na exclusio da comunidade daqueles cuja conduta no se ope- lizava conforme as normas, mais tarde, nas sociedades onde o cristianismo se tornou te, a exclusdo foi alargada a toda a vi Embora a comunidade crista dispusesse para o efeito); depois, com Constantino, € consagrada a liberdade de crenga. Finalmente, ‘Teodsio, j4 numa fase de declinio do império, declara o cristianismo a religido oficial, Ao ‘adquirir uma dimensio pablica, a 6 a ‘politico e de manutencao da coesso 50 dente disso reside no facto de 486 podia ser encontrada no servigo a Deus. 0 monop6 Jntoerincia (Wilson, ‘idem: 13). 0 paganismo passou a ser perseguido € ‘como opcdo da consciéncia de cada um ~ principios ‘mundo socialmente constru‘do, & colectividade humana, uma dimensio césmica (bidem: 35-39). A ordem social ¢ legitimada por uma ordem sagrada e universal, sempre vigilante ‘em relagdo & anomia e, dessa forma, combatendo o caos. No perfodo em questo, todos os dominios da vida social (a . @ economia, o direito, a cultura ou a arte) vo, pro- Sressivamente, submeter-se a uma construcao t Na era p6s-Constantino, verificou-se 0 novo tipo de relacio entre a estrutura social as representagoes colectivas religiosas que ndo se confinou a uma simples mistura com as formas religiosas arcaicas, antes se imp6s de forma totalizante sobre essas estruturas anti- ‘as (Luckmann, 1999: 252), ensaiando um periodo de longa duragio que se arrastou até & era moderna. De facto, a Igreja € a Gnica instituicao que consegue atribuir sentido e unidade a uma Europa remanescente da queda do Império. A obra de Agostinho de Hipona vai, de certo modo, teorizar uma teologia que servird de sustentaculo a este periodo de transigio poli- tico-social ¢ religiosa. A Cidade de Deus explica, dentro da perspectiva judaico-cristao do Deus que se manifesta e intervém na Historia dos homens, a queda do império romano. A cidade dos homens, dominada pelo pecado — concepgao que revela o pessimismo antropo- ogico de Agostinho (Markus, 1990: 51-52) -, 6 substituida pela cidade de Deus que surge na linha do seu plano sah sentimento de moralizagio jia optimista, Este tratado teol6gico vird a ter implicagbes e aplicagoes quer "9 quer no plano institucional, que se traduzirao numa tendéncia de longa duragdo, no espaco europeu do ocidente, de unidade politico-religiosa com a supremacia do poder eclesidstico. Aqui residem as origens da sobreposigdo dos discursos politico e reli- ioso e do conflito secular de afirmagao de um poder sobre o outro. Entretanto, o regime de cesaropapismo" que dominava o leste do império nio reage ‘bem ao curso da evolucao politico-religiosa do ocidente. Em Constantinopla cabia 20 Imperador 0 poder supremo (Machado, /bidem: 27 e Swenson, Ibidem: 276) e, nesse sen- tido, aTgreja a ele se submetia ¢ guardava fidelidade, vendo, em contrapartida, assegurada protegida a sua ortodoxia. Tomas de Aquino, na linha de Agostinho, dara cor de teologia, fundamentalmente através do desenvolvim idade, no século XIL, a este tipo to do coneeito de libertas eccle- reio a traduzir em liber- dade serd confinado A liberdade da Igreja, uma vez que esta imada pelo monopélio da verdade e na ‘Sequencia disso deverd gozar de exclusi ico deste modelo, Swenson acrescenta: «|0] paradigma secular que vai desde o tempo do primeiro Imperador Romano Cristio| timo imperador de Roma oci gma teve uma histéria bem té& queda do Estado Cearistana Risia, (6 existe liberdade dentro da verdade, ora s6 Ipreja detém a verdade, logo s6 existe liberdade no seio da Igreia) implicard que o dis- teoligico determine o funcionamento das diferentes esferas da vida social, bem “como a conceptualizacdo de individuo. Se fora da Igreja ndo ha salvagao, a posigao desta Instituigdo no que respeita a tolerancia ird traduair-se nos seguintes termos: os hereges __deverio ser obrigados a retomar o caminho da verdade, pois s6 por essa via alcangario a __liberdade ea salvacdo. Como diria Bourdieu (2001: 124), os dominantes acabam por impor ‘Gomo norma universal 0s prinefpios que regem a sua pr6pria pratica, ieval viré a pautar-se por um ideal de Império Cristo ~ as Cruzadas sho disso a principal manifestagio -, objectivo que obrigava a um entendimento coorde- thado entre o Estado e a Igreja, na medida em que ambos deveriam zelar pelo bem-estar do ser humano. A Histéria mostra como esse entendimento desejado esteve longe de se rea- lina de forma luna vez que se trata de um tempo de abertura ao debate 21-25) designa esse periodo de «pluralismo doutrinal», oq ‘uma crise de autoridade da propria Igreja. Ambos ‘aos reformadores que, num pri ideias sem o risco de serem cons leixa de estar associado am por abrir caminho iures de expressar as suas revitével até porque Lutero recebe o apoio politico que viabilizaré o rompimento. Sera ento a partir da Reforma Protestante! e das ‘uerras religiosas que se comeca a prefigurar 0 Estado moderno, concretamente com 0 modelo de Estados independentes preconizado pelo Tratado de Vestefalia, como uma solu- ‘go politica possivel. Desde essa data a Igreja Catélica permanece maioritéria em muitos paises, mas adquire um estatuto minoritério noutros. No primeiro caso, a Igreja procura ‘manter 03 privilégios junto dos aparethos do Estado, dentro do paradigma hierocratico, No segundo, ela defende ~ mas 36 até certo ponto, como mais adiante veremos ~ 0 direito { liberdade religiosa, abdicando de uma argumentagio com base no principio libertas eeclesiae. -A defesa da liberdade religiosa dentro do protestantismo conhece limitagdes, sendo Aambém visiveis sinais de intolerdncia que contrariam as suas declaragGes iniciais. Wilson Ubidem: 14) recorda as atitudes intolerantes de Lutero e Zuinglio, este nas suas relagdes ‘¢om 0s anabaptistas, aquele na sua declaracéo da missa como blasfémia, Ambos os refor- ‘adores negam as suas disposigdes de tolerdncia iniciais. A questio relevante nao é a de ‘quantificar aqui os niveis de perseguigao dos « a protestantes ~ que foram bem ‘mais numerosas por via da criagdo da Inquisiggo ~ nem a de protestantes a cat6licos. Como ainda refere Wilson (Ibidem: 15), 0 aspecto mais significativo reside no facto de que «a osigdo cristé recebida era essencialmente de intolerancia e as principais denominagdes Drotestantes nao escaparam inteiramente a essa heranca>. (15) Acerca das transformagbes sociais consulta, entre outros, a obra de Trevor-Roper (1972), Rei (ito, Reforma e Transformardo Social, Lishea: Editorial Presenga / Martins Fontes. “a {6 diferente da dominante tendiam a associar-se com os sectores mais anticle- ‘Swenson recorda que a Reforma veio produzir um conjunto de sociais e politi- assim aconteceu na Alemanha co nista, na Gra-Bretanha onde uma Igreja, no mundo da Reforma, correspondem a um paradigma secular com alguma proxi midade a0 cesaropapi ‘curso seguido pelo cristianismo ortodoxo de leste. 2.1. Dois mundos, duas tradigSes: 0 pluralismo religioso no velho continente e nos Estados Unidos da América dica, a educacdo, a arte ou a satde. A {ainda num plano microssociolégico, deixou de exer "ee sovializacao da familia. Ao perder o controlo Iqreja deixou de ter também legitimidade para peus evolufram em parceria com as respectiv ‘Nautoridade moral r ‘cedeu lugar as competéncias técnicas. Wilson (1996: 17) assistimos a uma subordinacio do Estado & explicita como essas tr ages se operaram na social: Bega iver. Masa fusko dos dois sistem (..) desde que dissidentes como os puritanas em Inglaterra, os huguenotes em plificada pelo papel desempenhado, quer no mundo catélico quer no protestante, por Franca, 0s hulertas e menonitas em vdrias partes da Europa continental mostraram homens da lareja do séeulo XVII como o Cardeal Richelieu em Franga ou o Arcebispo capacidade para a inovagdo, o empreendimento eas saberes prdticos do homem de tra- Re ceand em batho comum — todas elas faculdades reconhecidas como socialmente vdlidas -, as autoridades seculares manifestaram menas medo em relagdo a dsidinciareligosa ea intolertncia tornou-se uma politica menos vidvel™. A coesio social deixou, por esta via, tar associada ao imperativo do consenso reli- indo para a concessdo de liberda- “0s que professavam empenhada- rotestantes franceses .e mesmo ~ 0 processo aqui foi mais lento ~ dos nao religiosos ou das jo, a.emergéncia dos Estados Unidos como o primeiro Estado secular da_conformidade inham escapado da per- ANTES MARGINAL ROTEST. >a 10 norma, levou a que o prin- etl jo do monopétio da verdade teligiosa Ubi. “tituiggo ou movimento inha para celebrar os seus actos de culto, pre " sua mensagem ¢ recrutar novos membros. Foi também dentro deste quadro que a socie- dade americana encontrou no te | i i i : i CATOLICOS DO OCIDENTE ‘encontrou uma solucao intermédia entre as concep¢des tradicionais de «lgr nalizada» e «seita marginal» e introduziu uma perspec! ainda que demasiado generalista. Para este autor, todas as seitas tendiam para o denominaciona- partir do ensaio de Bellah foi possfvel perceber a importancia, de longa duragao, que ‘ido assume na vida politica dos Estados Unidos da América e, em especial, como ela cons- izagao. Se, por um societais que 0 colocam na vanguarda do processo de tica religiosas, por exemplo). No Capit pais contornos dessa discussio. Por agora basta sublinhar que a questio religiosa € con- figurada, na sociedade americana, em parametros di lecendo na Europa. Mesmo que existam controvérs NMRe*, 0 conflito ¢, lup.com): Poll Analyses, March 2 (24) Guardaremos também para o Capitulo 3a explicitago dos conceit de «culto» ede «novo movi- mento religioso». io (Beckford, 1993: 134). 0 palco € assim a sociedade civil, mesmo que essa luta ‘extensivel as agéncias do Estado. Mas se o Estado interfere nesse conflito no ¢ , mas mais com o propé- ‘na Europa; e uma Constituicao que salvaguarda extensamente e Mimensio religiosa das tensdes originada pelo pluralismo faz-se sentir mais na Europa ‘Mo que na América do Norte, também por outros motivos. Neste sentido, esclarece Berger (1993: 25): ‘consiste no simples facto de os Estados Unidos e o Canadé, co longa historia de absorgdo de imigrantes bem suce- ‘teologicamente dest ‘edo cristianismo em geral, pela sua concepgo divina néo trintéria go da Santissima Trindade). Em contrapartida, em Inglaterra verificaram-se algumas situagdses particulares em que seitas religiosas como os Quakers usufrutram de «privilégios especiais» (bide: 20-21), ‘como a dispensa do servigo militar na II Grande Guerra, desde que um dirigente do grupo fizesse prova da pertenca do a0 seu grupo. Mas nestes casos nio se trata de lum direito & liberdade de consc dividual. Estes «pri recuperagdo de um modelo que vigorou ni mais propriamente, numa época caracterizada pela auséncia de perseguiga0 por moti- vos religiosos. Gozavam entio, desse estatuto especial, judeus e mesmo muculmanos nna Europa crista e judeus e cristdos sob o Império Otomano. As minorias religiosas eram entdo consideradas como um grupo a parte, uma espécie de corporagao com uma cultura especifica e 05 seus chefes simultaneamente exerciam 0 controlo social no interior da comunidade e mediavam, sob a forma de protagonistas, as relagées desta com a sociedade cenvolvente. 86 recentemente a legislago comegou a contemplar ou a alargar os direitos das mino- igiosas. Nisso foram pioneiros os pases de maioria protestante e com democracias mais consolidadas. Essas mudangas foram-se processando ao longo do século XX e, com especial rel Grande Guerra e da constituigao da Comunidade Economica Buropeia. revela, nos varios momentos e contextos geograficos, que sempre que foram feitas leis acerca de liberdades religiosas, estas nunca protagonizaram ‘uma iniciativa de mudanga, antes tém representado um imperativo de resposta a aconte- cimentos* (Bruce e Wright, 1995), alguns dos quais inesperados. 2.2. A religiio na Unido Europeia: entre o universalismo dos direitos humanos e 0 par- ticularismo do Estado-Nagio A integracao na Unido Europeia comporta transformagdes de ordem politica, econé- mica € cultural que seguramente tém vindo a afectar os varios Estados nacionais. Jean- J (1994, 1996) € um 's que mais ateng&o tem prestado & andlise \gbes de tal processo em matéria religiosa. Como aspecto relevante, lembra que ‘uma legislagdo comum que homogeneize as relagdes entre o Estado ea Igreja 0 enraizamento profundo de relagoes josas diversas tornou esta dimensio rferéncia do Conselho da Europa ou da Unido Europeia nas relagdes entre o Estado e a Igreja seria entendida como uma inter- feréncia em questoes tidas como da exclusiva identidade nacion: Dor Bruce e Wright, de forma incisiva nos seguintes termos: «|. 0 motivo do radual abandono por parte do Estado do sew papel medieval eda moder. le religiosa, contrariamente & suposigao comum, fol mais uma neces- idem: 103). recomendacdes que tém emanado do Conselho da Europa (Wi jan. Bim termos mais claros, o que esté ai em_causa.é acima de tudo, 0 peso sociale poli- ‘tea dessas relagies,tratando-se de um assunto delicado, que comporta alguns riscos ¢ “que, até a data, tem sido objecto de um interesse residual. Compreendem-se as dificulda Hes cxistem em incur ne projesto da castro europea quater propos de ni formizagio das relagdes entre o Estado e as Igrejas, uma vez que isso iria tocar no exerct- Stason racial Over 0s Tratados de Maastricht quer os de Amesterdo revelam Jum modelo de Europa que respeita as constituigdes de cada pats-membro e respectivas Aradigoes (Ferrari, 199: 359). Se existe um «direito europeu das religies», o mesmo rege- “se por principios lats, evitando confrontos com as legislagées particulares, em materia teligiosa, de cada um dos Estados-membros. Mas este facto no impede que a construcio ‘uiropeia nio deixe de produzir influéncia em assuntos religiosos nos paises que dela fazem parte, Isso € constatavel ao nivel da Convengao Europeia dos Direitos do Homem e das ime, 1996 e Ferrrari, 0 aos «novos movimentos teligios0s», 1999), no sentido de uma maior tolerdncia em re ‘mas nfo impondo qualquer directiva particular. No foi uma tnica vez que grupos religiosos apetaram ao Tribunal Europeu como pro- sito de fazerem valer os seus direitos de liberdade rel tulo exemplificativo Ins cas das Testerunhas de Jena Gréca que em 1885, reoreram 20 artigo ¥ 1a Convenao* com o propésit 0, pelo tribunal grego, de um ee a segundo 0 artigo 13 da tros de Itélia aprovou, em 21 de € a Congregacio Crista das ‘Testemunhas de Jeov», ao abrigo do 0 do pais, no sentido de sal- Vaguardar os direitos desta minoria rel de reunigo e métodos de difusio da mensagem bibl ‘eolocando-a em situacao semelhante a de outras hhistorica de longa data. (29) 0 ponto 1 desse artigo dz: «Toda a pessoa tem o direito de liberdade de pensamento, de cons- nte ou colectivamente, em pico de tos. , acrescentamos 0 que Habe ticularidade das lutas das minorias étnicas, c ‘mais complexo quando as reivindicagdes se centram no tema das ident ‘minoritarias. Neste caso, para os membros da cultura maioritéria, lerpretacao da acgdo e dos interesses dos outros (minoritérios) ndo altera necessariamente o papel de quem ¢ domi Quanto e do poder a ela associado - em relagio ao reconhe mais estes tenderdo uma «posigao ré de modo a firmar uma 08 desafios aumentam de izam a pluralidade social ¢ escala e geram atitudes mutuamente defen: cconstrangem o préprio sistema democritico. Encontramo-nos num «ponto de chegada» (provi r € certo) que nos obriga, se nao Essa tarefa foi pro- le - parece-nos ~ de ‘um corpo te6rico e igao e de gestao de recursos, one) A hegemonia e a inevitabilidade do modelo da secularizagio na sociologia da religiao {ina vez que areligido foi consierada pelos socilogos como uma teoria pré-sociolégica de sociedade, entao a sociologia da eligi, enquanto tal, tem de ser inevitavelmente wma disciplina onde terdo de estar em discussdo questOes epistemolégicas centras. Bryan Wilson, Religion in Sociological Perspective ‘Anogio de secularizagao, antes de ser apropriada pela sociologia como conceito ope- i6rio para a compreensdo da religito nas sociedades modernas, teve usos diversificados, posterior. Otermo «secular» (secularis) associado a mun- isso na questo delicada ‘Tschannen 1992: 112). 0s negociadores do Tratado, como refere, precisavam de um termo neutro. para se referirem 4 «laicizagao de certas propriedades denburg» (Dobbelaere, /bidem). 0 obje compensacao pelas suas perdas territ perda era, em simulténeo, negada e adi Porque continha um sentido de transitorie- dade, de transformagio (pacifica e, ‘eventualmente, reversivel) do uso das propriedades esti A ambiguidade do termo foi-se reproduzindo ao longo dos tempos. e continua a pro- ‘ectar-se nas posteriores perspecti teologia. As definigdes divergem e ‘secularizagao como um produto intrinseco do ‘como.um sintoma do enfraquecimento da for: 4a moderidade. 10 ensaiada a partir do despontar 1. ENO PRINC{PIO TAMBEM ERA A SECULARIZACAO... ‘Ao contrério de outros ramos do conhecimento como a filosofia, a astronomia, a mate. ‘mitica, a medicina ou a propria tifcas ¢ de mentalidades. Apesar de, ao longo do séc a nogao de $6 no século seguinte se afirma a autonomia do ia do conceito, a moderni- IM 0s processos sociais, eco- némicos, politicos ou culturais que encontram a sua raiz na afirmagio da rardo, iiciada, entre outras coisas, plas Luzes ¢ pela Revoluggo Ind | Campiche, 1992: 27). De facto, n € XVIII; no plano sociale pol ram a mudanga; ao nivel da ciéncia e do conhe: cimento, 0 triunfo do racionalismo e a autonomizacao dos ramos cientificos inauguraram uma nova era. 03 fundadores da sociologia receberam influencias quer da flosofia das Lamigrese res- Pectiva critica racionalista ~ necessiria a uma abordagem cientifca da religiio ~ quer das reacgbes romanticas ao llumi trugio de uma nova ‘moralidade (Willaime: 19 or um lado, foram um movimento filos6- fico de elites, tiveram, por outro, consequéncias culturas e poiticas que se estenderam a ‘a sociedade, Serd nessa pedra angular (do século XVIII) que teremos de situar as ori- da modernidade ocidental. Ao interrogar-se sobr imidade do poder politico e sm permedveis & heranca iluminista, importando imperativos cle fo século XVII empenhow-se em fundamentar racionalmente as relgides, sindo na consciéncia individual e reconhecendo plenamente a utilidade social da igido. Neste quadro, cristdos esclarecidos, tais como os defensores do catolicismo ilustrado em Espanka, procuraram juntar-se aos filésofos, preconizando um cristia- rismo despojado de suprsticdes¢inspirado nos primeiras séculos. 0 esprit das Lauzes ‘buscou, assim, uma transformagao in interiorizagéo da fé. Este século ndo é unicamente 0 da razdo, é também 0 fo e da subjectividade: 0 Aufklirung, {epoca das Luzes e 0 pietismo no protestantismo, a haskala (as Lzes no pensamento judaismo, o catolicismo esclarecide e 0 jansenismo' mantive- anglo-saxnico em geral ena Hol inismo € Luzes» (Ibidem: 207), até porque aquela corrente colocava em sinto- © politico ¢ 0 religioso. De modo semelhante, a magonaria teve ‘mundo anglo-saxénico, por contraste ao mundo latino cat6- ico?, onde as posigdes entre Estado e Igreja se radicalizaram assistindo-se a um ambiente lerical e, com menor evidéncia, anti mnizado pelas elites politicas e intelectuais. Martin (Ibidem: 209) re América, George Washington, como 0 «exem naria com 0 episcopalismo’». Vitimas de perseguigao religiosa no continente europeu, os puritanos fundadores do ‘Mundo abragam 0 1 Aliberdade religiosa. 0 «espirito de religido» eo «espirito de inhar lado a lado. Inaugura-se naquele continente um tipo de no € resultante de uma identidade confessional tinica, dentro do modelo ia da religido se espalhasse pelo a rial oto para qari utc «compl separa etre gaa © 0 stad. Kio hesto om afar que nr 1, leigo ou clérigo, que ndo Embora nao tenha um trabalho especifi en Amérique, Tocqueville aborda a questio d especial na formacao da democracia naquele tentavam uma retracgéo do zelo reli erdade e de humanismo, apatia e da indiferenca religiosas que ‘com a existéncia de um partido soci ndo um perfodo menos anticlerical, © que em cia em relagdo a0 poder turco (Argyriou, 0 sho mais do que as versbes do angli- we & presenga do episcopalismo (ou istOrco-socais que desenvolveremos anglicanismo) no pats e a sua designa ro Capitulo 5, do pensamento social conservador e romintico que reage &laicidade das Luzes. Os textos produzidos pelos primeiros sociélogos: interpretativa teolégica da vida so« Produgio de conhecimento sobre os fenémenos sociais ou, de outro mod © racionalismo no campo da reflexao e interpretag3o da vida social. dominio passaria a ocupar na reflexo marcada pelo confronto e com tonalidades profél Wf essa razdo e em izada uma panordmica anteriores, 0 objec- imo ~ que procura descortinar a ismo, na sua vertente de religido. Via nesta tradicao teol6gica 0 de quem emana o cosmos, a ordem natural fe quadro cognitivo, a Histéria Humana 0 facto de a explicagio sociolégica, preconizada por Comte, retirar a Deus 0 lugar cen- tral.na explicagao da ordem moral e social, traz. como consequéncia uma nova interpreta- . Comte sustenta que para se colectiva ¢ individual e uma permanente ‘Comte considerava que a ciéncia acabaria A religido, sempre presente, num sinuoso percurso através da teia da Histéria do -Homem, exprime factos etemos; enquanto a Ciéncia é um corpo organizado de verda- des, em eterno crescimento e em eterna purificacdo dos seus erros. E se ambas assen- ique eles tem do social (Ibider: 11 Spencer as partes determinavam 0 todo. ). Se para Comte o todo determinava as partes, mite, ao conceber a religiio como meio de interpretagao do mu ‘Spencer jd nao precisava desse imperativo, fazendo uma distingSo clara entre religifo, cién- cia e moralidade e preferindo «recorrer a uma moralidade secular, dfusa e consenstial». Embora a atitude de Comte em relacio & nao revele uma orientacgo exclusiva, a sociologia, ao remontarmos aos seus escritos e perspectivas apercebemo-nos da fonte de tensdes entre as reivindicagbes de uma soci de se tornar cientifica ‘uma visio do mundo (Weltanscha © mitico, o ritualista e o emocional termos de organiza¢ao social e das consci cias individuais em fases hist6ricas pré-cientificas, ela terd necessariamente de assumir «0 6pio do povo», uma falsa consciéncia, uma de controlo social. icagio da realidade e uma instituigo sinificativo de Marx para a sociologia das Religibes diz respito & surge como 0 «6pio do como uma pretensio de salvacao ou auxilio, por parte da sua vivencia. Contrariamente, Marx (199: Quando as ideias cristas sucumbiram no século XVIII as ideias da «Epoca das | ‘travava a sociedade feudal a sua luta de morte com a burguesia entao revot As ideias da liberdade de consciéncia e de religido exprimiam apenas 0 dominio da lire concorréncia no campo do saber (Marx, 1975: 83). cada Dielécticae da Filosofia de Hegel, alexa sua esséncia, no a vejo confirmada na reli Is/avanga um pouco mais do-que Marx na anélise que faz da reliido, propondo logia de evolucdo por etapas, onde numa primeira fase ~ ant = seria 0 dominio das «religies naturais», a qual se caracterizaria por ‘ia perante a natureza. E de burgués-reformador e finalmente Engels reconhece que a ito menos redutor do que aquele (oJ Na sociedade burguesa existente, as homens sdo dominados pelas condides ‘econdmicas criadas por eles préprios, pelos meios de producdo que eles préprios produ: _2iram, como se de uma forca estranha se tratasse. A actual base da actividade relexioa ‘que alimenta a religiéo continua entado a existire, com ela, a propria reflex religiosa (Engels: 1950 le de inscrever qualquer grupo eral das relagdes sociais we caracterizam uma sociedade. Igualmente numa pers 3) sugerem que a abordagem das ideologias ~a rocesso de substituigso no deixa ente & prépria ideologia, 0 autor que esta sea defendida plas massas como uma ici human: fortemente no modo como uma boa parte dos longo do século XX; fizeram-no segundo um modelo muito reducionista, con- indo ainda para 0 tardio reconhecimento da religiéo, enquanto érea auténoma de sociolégico, 1.2. 0s alicerces para uma teoria da secularizacio Para Durkheim, o estado de anomia auséncia de substituigdo das. normas.m ppara este autor, deveria caber sociologi laica adequada as exigéncias do esph lida como uma ciéncia pro- Icio essa que devera ser esta- racional. A questio seré colocada, como veremos, diferente- mente-em.Weber, autor que, ao descrever 0 fendmeno de «desencantamento do mundo» como. produto. da racionalizagao dos sistemas sociais, atribui um papel fundamental aos carismas, dos de Tocqueville, Durkheim também enfatiza ncia as Regras do método sociologico, este socidlogo io articulada dentro «duma elaboraca 5). Frangois-André Isambert caracterfstica da religiao. Essa concep¢ao ogo de sagrado pela estruturas que permitem conceber sagrado, O breve trecho, abaixo tr imano, sendo essas is e operacies do las Formas elementares da vida religiosa é 10. Todas as crencas religiosas conhecidas, sejam elas simples ou complexas, apresen- fam uma mesma caracterstica comum: elas supdem uma classiticagao das coisa reais (21 ideas, que representam os homens em duas classes, em dois génerosopostos, desi. tivo, Para demonstrar a sua concepcio mas elementares ~ 0 totemismo -, o que seri ie a ‘ionalizagao de uma morali- pica, 0 problema nuclear consiste na construgao e na operacionalizagao d rnadas geralmente por dois termos distintos que traduzem bem as palavras profano e ssagrado (Durkheim, 1925: 50). lia, Durkheim analisa as fungoes ‘tempo essas fungbes, través do estudo das sociedades aborigenes da. ites da religito. No quadro das rriormente desempenhadas pela associagbes profissionais, dese do sagrado e, como tal, nio pode ser separada da comunidade; el identidade colectiva, demarcando-se assim da magia. Segundo de laicizacio. Na passagem da solidariedade meca o ir de grapos reuni lidades colectivas; os ritos sao formas de agir que sé nascem a partir dos e que si destinados a susctar, a entreter ou a refazer certos estados mentais desses ‘grupos (Durkheim, Ibider: 13). basear na autoridade da tradigo mas aspira a constituir 0 ponto de partida do desenvolvi- mento do futuro» (Ferraroti, Ibidem: 429-430). ‘Aeterna questio em Durkheim é, assim, ae saber como € que uma sede madera tuma_outra.questio, a da auséncia em ‘ho pode gerar consenso e coesio social. De certo modo, o aut ‘movimentos de contestagio blema tomando o carécter sagrado da pessoa humana como 0 ‘6s homens na sociedade moderna. Ao fazé-lo, Durkheim est a contribuir para o actual debate sobre a nova ética que fundamenta a vida social onde uma das questées fulcrais em conseguir garantir «a sacralidade dos direitos humanos» (Baubérot, 1990: través de uma modalidade laica. outro aspecto da sociologia.na perspectiva de Durkheim é que ele nfo ignora o to dinimico do sentimento n sio inegiveis e adequa- de Kenneth Thompson (1993: 457), que virdo a expressar-se décadas mai A definigao da religio pelo sagra Durkheim considera as duas nogBes como equivalents. Mas no chega a definir substantivamente 0 conceito, contrapondo-o com um outro conceito, o de Profano. ‘A abordagem de Durkheim enferma ainda de um paradoxo por resolver. Por um lado, teduz.a religiao ao social, por outro conduz o social ao religioso, considerando que a socie. dade 56 subsiste através duma sacralizagao do sentimento colectivo: ica crescente da consciéncia 0 facto que talvez methor manit ta tendn te comu a transcendence praela do mais essencial ds seus elementos refrome d nogdo de divindade (Durkheim, 1997b: 73). [E, adiante, esclarece que] a nogio de divin- A conelusdo geral do tio (..) 6 a de que a religido & uma coisa eminentemente social. As representagdes religiasas so representacdes colectivas que exprimem as rea- BN) A preci de Durkheim re arog fo pucks es tases ce responsiveis pela fundagio da Escola Francesa de Soc Marcel Mauss, em particular, eativza a teora do sagrado,recusando, tal como Weber, viragem essencialista que 0 conceto de sagrado sofreu em Durkheim (Martell, 1999: 377). idual relativa- dade tormase mais gra mais abstract, pos 6 formada node sensagbes, como no iy analoga,estabelecida por Simunel, entre 0 comportamento individual princi, mas de ides idem, 1, comum de que fala 0 autor baseia-se numa nova moralidade ancorada iosa (a judaico-crista) © noutra secular (a racionalidade do pés. ‘uestdes que esto bem presentes ao longo da sua obra A divisdo do traba. ‘Simmel considera que «essas formas criam_ jos miiltiplos, que permanecem perante nés como virtualidades ae ee 1: 380-381). A vida alcanga apenas alguns dos seus fragmentos — mundes diversos qu transformar os seus fins e entrar em conflito, mas que se fundam a pa pode ainda ser abordada numa outra ver- recuperando io nos EUA, € colectiva em nte de Simmel para a manifestacao de ime, Ibic le sociedades em que a identidade ide confessional, ou onde, no minimo, a reli- colectivo? ido por Durkheim, Georg Simmel t le «relacionalista», recusa toda a reifica- 380). Abandona o termo sagrado porque recusa quer abordagem em Para Simmel, que se verifica formas que as manifestam> (Ibidem). A.concepgao de sociedade de Simm igo paraa crenga» (We io enquanto forma interior da experiencia humana. A -omenta Roberto Cipriani (Ibidem), € um «fenémeno con- Soria religiosa nas relagd A base profunda sobre a qual (8s sociais, mas também deixar se ser oda reflexio do autor sobre a divisio do trabalho 25), aproximando-se de Weber no que respita & nogao de adquire novos contornos, tal como o conhecemos hoje, 0 que passa pelos fenémenos de bricolage religioso (crengas e representacoes religiosas individualmente construidas), pelos ‘novos movimentos religiosos pelo ressurgimento de novas modalidades de pietismo. A semethanga de Sir © fendmeno religioso de uma forma ressar-se, entre outros aspectos, pelo assim, a sociologia da religi r Alids, a rejeigdo de uma relagdo linear de causa e efeito entre aqueles aspectos ‘questo que este socidlogo cuida de esclarecer: Obviamente a mera existéncia de certos tipos de capitalismo ndo é suficiente, de forma alguma, para produzir uma ética uniforme, para jé ndo falar de uma religido ‘afinidade ver a luz apenas ocasionalmente fora do Ocidente, 0 qual &0 lugar distintivo do racionalismo econdmico. No Oeste, este fendmeno & muito claro e as suas manifes- jc ‘quando nos apraximamos dos bereos cldssicos do em Ténnies, a percepcdo nitida da perda lividuo. Sociedade, porque genericamente se caract que a sobrevivencia dos grupos sectérios lito, por via da assungdo de uma atitude menos radical relativamente ao contexto envolvente, mas, por outro lado, a dissidéncia € também indutora de novas dinami- sionalizagao so con- ‘ceitos centrais em Weber, para a caracterizagao de uma tendéncia histérica partis €a do mundo ocidental ha segundo o qual a vida social se organiza de acordo com sociedade ocidental caminhou, segundo Weber, para fo que Weber apresenta 0 seu conc em diferentes tipos de racionalidade e que a pr6- to de «agrupamento hierocrético» ~ grupo que exerce sobre i don smo, que inaugura ‘monoteismo e apresenta um Deus ético. A isso se pode ainda juntar 0 papel dos profetas sacerdotes ~ mediadores entre Deus ¢ os homens. Entendendo que os comportamentos eo de umpara om ssa, com © modo duktwiman de soldrcdale mecinen ores, sem que isso signifique que esteja «condenada a perder a batalha» (Ibidem: 131- ) 133). Num certo sentido e como atenta Wilson (1988:9), Weber tem uma po: ente em relagao a religido: o homem moderno viver com. pode viver sem ela, sendo, por isso, bastante bre a religido no mundo . Weber constitui, como jisas eram orientados para o mundo terreno, Weber vé no ascetismo (puri- ano) intramundano um expoente méximo da acc3o racional orientada para o mundo: 10} mundo converte-se neste tiltimo caso [do ascetismo intramundano] numa obri- _gacdo imposta ao religioso virtuoso. Bem no sentido de que a missdo consiste em trans. formé-to segundo os ideais ascéticos. Entao 0 asceta converte-se num reformador ou revoluciondirio racional ..) (Weber, 19833: 429), O asceta busca a perfeicao ~ 0 que ¢ bastante claro na doutrina da santificaggo procla- mada pelo metodismo de John Wesley -, que é a realizago da virtude religiosa. Weber diz ideal que parte de tual € transposto e aplicado a todas as dimensdes da vida. E por isso que, regra geral, o asceta nao se conforma massificada, que actua sob 0 coma tradiggo profética do antigo faceta da racionalizagdo ¢ um conceito também fundamental na explicagao que Weber produz sobre a Tanto no ju smo, na sua vertente do pk encontramos elementos que cont im para esse desencantament O «desencantamento do mundo» é uma Quer 0 pensamento marxista da soci ea do catolicismo explicam, em part [Com 0 puritanismo dase o fim do grande processo his industrializagdo, originam um desenvolvi- tual que vai favorecer a racionalizagio e mora- 19) que davam 20 i ‘sentido de pertenca e de sentidos partilhados. Colocou-o na posigao de isol © Criador. Daf que o ascetismo medieval das ‘numa «ascese puramente 9, 0 desenvolvimento, da ciéncia ~ que o protest quadros cogni- tivos tradicionais, facultando um tipo de conhecimento baseado em prinefpios de raciona- lidade. afirma que nada sugere que Weber veja o declinio como inevitével. Este autor fundamenta a sua interpretagao sobre o e: a religiéo em Weber, adoptando a pers- pectiva bourdiana de que a religiio se encontra dentro de um campo onde lutam varios. Ticismo e protestantismo — monisticae do esbatimento, Tepercussdes em Durkheim e este influenciou os autores da secularizagio. Da mesma forma que a teoria de Ferdinand Tonnies esté presente em Max Weber, autor de referéncia em toda a sociologia da religido. 2. A SECULARIZACAO AUTONOMIZA-SE NO CAMPO DO SABER SOCIOLOGICO Convém esclarecer que esta opcdo nao resulta de uma partilha da p autor em relagéo & secularizagio ~ Tschannen entende-a como um ma sociologia da religido ~ mas do facto de ele, tal como Dobbelaere, proceder a uma ‘ionada, no sentido de identificar, quer nos fundadores da soci a regularidade de certas te designagbes diferentes), como os de racionalizacao, tagac lum paradigma, Segundo, ha que precisar as contornos e os contetidos do debate ue Dobbelaere foi pioneiro. A propésito da extensa polémica que envolve a so, € ati ter presente Bourdiew (1979), quando este afirma que as edefinigées cas da le estio sempre situadas num campo social». Este pressuposto, diz ‘Tschannen (bide: no apenas aos conceitos que visam dar conta da reali- dade através de teorias, «mas também aos conceitos metadiscursivos, que procuram des. ‘crever as teorias em si mesmas». E reproduzindo aqui o argumento de Bourdieu2", este autor afirma: também no seu testo de 1981, «Secularization: a Multi- i 9 diferentes As diferentes defniebes do campo da «teoria da secularizagdo» dads por autores no campo socal da socologia ndo podem ser reduzidas a puras divergéncias rmetodol6gicas ou tericas. las devers tarabém ser compreendidas como esforgos na {uta pelo monopélio da violencia simbolica no interior do campo (Tschannen,Ibidem). a a da secularizagao, as criticas que a ‘Aauséncia de consenso sobre o contetdo da teoria lidam de confusa e contradit6ria sioa prova cabal da luta entre os agentes (cientificos) tro deste campo. | Utilizaremos, de seguida, como i20 no seio de um mesmo qt independente, o tema do plu {A sociologia cr fe urbanizacao Torna-se mais «consistente> para a teoria socioldgica encarar a industrializagao e a ‘urbanizag3o na sua especificidade hist6rica e social, admitindo, ee que tais mo ‘cessos irdo ter repercussdes na ortanto, hé, segundo lade do sistema sox ; fungio englobante desempenhada pela fio, fendmeno que no acontece nas sociedades mais complexas. A medida que as. dades se complexificam ea Apesar de as civilizagbes cléssica rizadas por uma forma de clero ins tabelece uma completa especializago » da religido, com todas as suas concomitdncas es lem 102 e 99). Associada a privatizagio da crenga, Luckmann, roduz assim a ideia de bricolage religiosa, isto é, 0 surgimento de cional ndo especializada da ddidos na vida social. Sem para além da questo da resentes no todo da vida, ‘mais nao é do que referenciais rel lusio ao titulo do livro, The Invisible Religion rem izagdo, para esses vestigios das representacdes religiosas |. A este propésito, diz-nos: (0s temas dominantes no moderno cosmos sagrado concedem algo como um status sagrado aos individuos, ao articular a sua das novas classes so ui, segundo Wilson (Ibidem: 47. nais € para o proprio proceso Observando a realidade das cultural em expansio e o pl ialmente as rivalidades e 0 fosso ica aprofundada, perspecti ata iva essa que acompanhamos de perto, 20 josa nao sio mais do que uma das facetas De acordo. de troller ‘ordo com o grau de pluralismo, ele cris ‘monopélio-pluralismo, a partir do ‘qual (exemplo de Es, 0 estabelecimento do pl religoso fazia parte de um processo de diferencia (0 entre o sistema cultural ie tema societal, processo que reduzia a rigidez eo cardc- {er difuso da sua interpenetragdo.(..) O desenvolvimento da cultura com o seu alto nivet de diferenciagao relativamente @ sociedade gl para que a interpenetracio da religido e da sociedade prossequisse »pblios protestan Pluralismos Protestantes (os EUA, como aso mais sobre ilumi mo deste capitulo tive- _ Aplicando estes pressupostos a realidade social americana, Parsons entende que a plu- lizacdo do complexo religioso nessa sociedade, que culmina na inclusio de vastos grupos de ser um processo de secularizagao, mas em oposigio a um sis- i , Parsons afirma que os valores da socie- ) ea respecti 7 smo religioso, é realizado também respectiva evolucao , ras de acordo com Dobbelare (1981. ecolégica herdada da Escola de Do sistemas politico ¢ ido de coisas, uma vez ir-se na sociedade civil eito a Bellah — acaba or uma igualdade de direitos, uma cera «reigiocivil ~ € assim que Martin vai absoner on comum, trata-se de «uma estrutura orgnica de ideias, valores e crengas que consti- uma fé comum para os americanos» (Ibidem: 77). Essa fé nao é marcada por uma re ‘eligido Gnica, mas pelas trés religides principais (cristianismo nas suas vertentes cat6lica € protestante e judafsmo). No entanto, Herberg nio deixa de associar o estilo de vida ame- ricano a uma ética protestante secularizada. no duplo sentido étnicoe religioso, é objecto de uma interpretagso seu livro The Broken Covenant (1975), concretamente no capi- rl Pluralism, este autor escreve: perspectivas funcionalista e cognitiva do pluralismo apresentam pontos de conver- cia Ris (1999) exemplifca essa convergéncia comparando Parsons com Berger. Ambos temas comuns como «a privatizagio da religito, a democratizagio da sociedade A sobrevivéncia das comunidades étnicas parece-me sb ter sentido no contexto da sobrevivéncia das identidades religiosas. A religido providencia uma mediagio essencial ‘entre o grupo étnico ea cultura no sentido araplo) do mundo moderno, A religido nao ite, 0s simbolas mais profundes da identidade énica, como igo civil dagem colocam-se mais, como também @ plano conclusivo e consequencial. Enquanto weberianos, como Berger e Wilson, adop- ‘uma postura mais pessimista em relagdo 4s consequéncias do pluralismo, temendo m excesso de relativizagao na esfera religiosa, conducente a estados de anomia, Parsons ‘outros funcionalistas subavaliam aspectos menos positives do em exclusivo, no postulado de que a diversidade a0 de valores. ¢ judeus a tradigdes yoga), sugerindo que a lizada, por exemplo, na diminuigao da pratica e das vocagées a0 mi decréscimo ao longo do século XX no mundo ocidental ~ rupos € denominagGes nos EUA— Por outro, considera indispensével a existencia de uma unidade de valores que dé coe Gia &dversdade, Sem uma estrutura desta natureza, 0 todo socal core o isco deen pciolégica passou, entre outros aspectos, pel Ponto de pssagem origi, como rengas ¢ de préticas através do qual um grupo ‘om estes problemas titimos da vida humana ‘pelos seus defensores. Uma questao de relevo para nés foi a de tentar perceber as poten- alidades deste modelo te6rico para a compreensio do pluralismo religioso e a localiza- ‘io das suas coordenadas te6ricas de origem. Outra questio essencial é a de rever recon- sideragdes, pistas alternativas e, principalmente, as modalidades sob as quais se reconfi- ura 0 universo religioso contemporineo, para Id da secularizagio, e de que modo isso permite reequacionar a problematica do pluralismo religioso. Reconfiguragées do universo religioso e pluralismo Mase a odernitade avanca. “Phillip Hammond (1985), por exemplo, é um dos autores que procura estabelecer um paradigms dentro da sociloga da religiio em alterati 20 da seclariaro, sting, efectuada por lp E. Hammond tularizagéo € directamente influenciado pela teoria de Niehbur, que joga com os con- tos de igreja, seita e denominacao, Enquanto outros autores consideram que Niehbur -6i uma tipologia e nao uma teoria, Stark e Bainbridge, encarando-a a luz do modelo escolha racional, devolvem-Ihe o estatuto de teoria, 1. A TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL: ARGUMENTOS E CONTRA-ARGUMENTOS ‘A teoria da escolha racional deriva de principios da economia neoclassica e € transpor- 1 com vista a atingir objectivos determinados por uma hierarquia 408 ¢ 433-434), Dentro dma concepeéo util 0 autor defende ainda ‘que, numa sociedade em que a economia religiosa néo esté regulamentada, o pl ‘religioso tenderd a prosperar. A economia religiosa regulamentada caracteri autores como Finke, Stark e Bainbridge entendem Ip leases escola racioal € artiulzrrmnteadequae per a explicaio da fag. ‘mentagio e diversidade religiosa contemporaneas. Contudo, uma vez que ponto de par- tida € a sociedade americana incorrem no risco de generalizagdes abusivas. Melhor con- cretizando, eles tentam encontrar uma explicagdo para o facto de certos enovagdo ou recuperacio dos p :ntfica anomalias no modelo da secu- jmenos como o fundamentalismo, a per- ligioso - ou a diversi yeaga aos sistemas de tagdo reside a perspectiva de que essa mesma co jo «assegurando que existe pelo menos uma escolha para hbur em Stark e em Bainbridge é bem mais extensa. © ponto de vista autores sobre a secularizagio ¢ directamente inluenciado pela teoria, Aue jog com os con NG ct Snenson, Donald 8, (129) Society, Spray and he Sacred Toronto Broadview Press. satisfazer qualquer gosto» (Bruce: 1992: 171). Perante esta situagio, a institui ligiosa vse impedia dese comprmee com rues esses remeeatv ae s o hantes. Se 0 contexto é 0 de um mercado competitivo, néo resta outra opgao senio a de forgar a oferta — os grupos religiosos — a dar ‘resposta imediata aos potenciais consumidores. Por regra, sao socidlogos americanos que tém procurado testar o modelo da seculari- ‘tagio através da evidéncia empirica da religiio na sua sociedade. Questionam se, efectiva- ‘mente, oadvento da modernizagéo conduziu & queda da rligio. Finke (1998), por exem- plo, ‘obedecendo ao pressuposto teérico de que a secularizacao descreve um process0 his- ee) que ocorre ee conjugagao com a modernizagao, analisa longitudinalmente est ticas — sempre que disponfveis utilizou dados relativos ao século XU lo: XX, até 1980 ~ no sentido de avaliar as tendéncias de longa duragao a a fc cia para outras denominagdes, por regra mi conservadoras ¢ fundamentalistas, defendem por exemplo uma interpretagao — da Biblia, izaa nos Estados Unidos, uma tendéncia ef.) recorre a0 os pales europe extra sempre lg ea, na sociedade americana esse vinculo nunea che, ter estabeecido. Nessa media, os moviments religous que foram eobelende viram-se sempre em ircunstancias com as denominagdes pré-exstentes ‘Nenhuma insituigdo qualquer subsidio esata, 0 que significa que cada tuo se aut-sustet, pede uncamente do ses arenes eo apoio material Esta explicagio proposta por Finke basea-se claramente numa lgica liberal -ausén- cia de regulagSo ~ aplicada ao mercado de bens religiosos. A concorréncia entre os diver. $05 grupos incentiva ao proselitismo e esi igioso. Mas o que este autor Dretende provar, segundo Steve Bruce Ubidem), é que a evidéncia histérica da religio nos Estados Unidos ndo sustenta o modelo tradicional de secularizagio. Aqui a modernizayao trouxevitaldade as organizacoesreligiosas e estimulou 0 empenhamento individual utra fraqueza do modelo da secularizagio, que Finke procura expor, tem a ver com 0 facto de este ni explicar por que razio a modernizagio produziu menor impacto numos sociedades do que em outrat. Assim na perspectiva de Finke, a expicagao da mudanca = (8) Para Finke, a questio 6 as crengas, 0s rituais, as fontes vdo como os erentes interpretam a dimensio da sua vida religiosa Seguindo uma postura metodolégica weberiana, Bryan Wilson defende a necessidade de empatia entre o investigador eo crente,atitude que tera de ser gerida, no ioe distancia para que a aproximagao nunca se traduza em conversio 0 € uma érea de pesquisa especialmente delicada, uma vez que a fé € para os crentes uma interpretagao de vida e nem sempre aceitam, de modo pacifico, que alguém 6s queira transformar em objecto de anilise cientifica. Num primeiro momento sentem que é veracidade da sua crenca ou a eficdcia dos seus rituais que estao a ser avaliadas. Daf que a entrevista exija, para além de capacidade relacional, o uso de uma linguagem adequada. Nao se pergunta a um protestante com que regularidade vai & «missa>, a um judeu quando a sua «igreja» foi construida, nem, simpaticamente, se deseja a uma Testemunha de Jeové um Feliz Natal ou se questiona em que partido votou nas siltimas igdes. O vocabulério deverd ser sempre adequado aos c6digos lingufsticos e aos quadros cognitivos'® do movimento ou comunidade religiosa em questo, caso contrério os obser- vvados podem entender que nao estdo a ser respeitados ou tratados com seriedade. (18) Claro que esta regra se aplica a qualquer grupo constituido come object de pesquisa sociologica, 'metodol6gicos estiveram subjacentes & primeira fase da investi- ineado um itinerério de observacao, realizado de forma intensiva em 1998", por diferentes grupos religiosos e acompanhado de entrevistas exploratérias a Varios dirigentes e protagonistas, com vista a uma «familiarizagdo» com diferentes orga- inizagdes € universos de crencas. Dada a implantagdo geografica dos grupos, muitas vezes regionalizada, este momento de trabalho obrigou a deslocacdes varias e permitiu uma visio global da diversidade religiosa em Portugal ‘A observacao contemplou entrevistas e reunides na Igreja de Jesus Cristo dos Santos imos Dias (Mormons) no Porto, nas sinagogas do Porto e de Lisboa, na Mesquita de {Praca de Espanha), cultos em comunidades protestantes do Conselho Portugués de Igrejas Cristés (COPIC) e noutras igrejas evangélicas (Irmios, Baptistas, Assembleia de Deus) ¢ reunides num Salio do Reino das Testemunhas de Jeové no centro do Porto, Seminério Baptista (Queluz) e & Sede do COPIC ni ra Para além de acompanhar as actividades regulares, o trabalho de também alguns eventos especiais como o Rosh Hashanah (festividad pio do ano judaico), a Comemoracao dos 75 anos da Alianga Evangélica, a Assembleia de Circuito, em Valongo, ¢ 0 Congresso, no Europarque de Santa Maria da Feira, das ‘Testemunhas de Jeova, a consagracio do Bispo da Igreja Cat Espago Inter-religioso da Expo'98" e trés aniversérios da Associ (ACM) no Porto, normalmente associados a debates tema ssivel tracar 0 quadro das coordenadas cronolé- como das minorias religiosas implantadas no iborado um mapa aproximado da realidade numérica do fenémeno analisando, por outro lado, a evolugio das iden- tidades e posicionamer desde o Recenseamento Geral da Populacio de 1900 até ao de 2001. Complementarmente e com base nas fontes internas dos grupos reli- ‘iosos evangélicos (concretamente os prontudrio de 1995, 1998/99 e 2002), procedeu-se a ‘uma inventariacio dos locais de culto e respectiva distribuigio territorial, das confissdes 0 que no conjunto apresenta a maior representatividade numérica entre josas em Portugal ‘espago portugués. Com hase religiosas, para além de se nda oestigma (quando no objctvo, pelo foi iniciads,contudo, em) 1996 e estendew-se até 1999 (20) Este espaco foi da responsabilidade da IgrefaCatdica Romana, CO} Portuguesa dos Adventstas do Sétimo Dia, lreja Ortodoxa Grega e Pé Bah lusive). ianga Bvangélica, Unio Figura 2: Pluralismo Religioso — Desenho de Investigago = Relago Estado / Igreja + Visdes do Mundo (Weber, Berger) Sop Say. Se ro i SE Bgie¢3 G22) |52 223825 fee |e uaey z2| EF { eee ods on = “MSH #84771 S82 2H PLURALISMO RELIGIOSO oan, ere A observacao directa, as entrevistas, as andlises documentais ¢ estatisticas representam ‘componentes da pesquisa que se reflectem nos capitulos 4 e 5. ‘A componente da pesquisa direccionada para o estudo das atitudes e valores individuais face ao pluralismo pluralismo religioso. Os obj Bisigiran(s aul do ho aa observacio empiri, fossem adoptadasvriasesralégias metodol6gicas. Para além de todos os pro- cedimentos necessarios a elaboracio do inquérito do RAMP, construgio da amostra e tra- tamento da informagio. logo, na parte ssa. investigngso ria do texto, onde ota sobre 0 lugar deste ralismo religioso Religiado e Estado na sociedade portuguesa lasophonie? da produgio ‘numa perspectiva temporal se aqui da refleio de Bourdieu (2001: 96) sobre a autonomia do campo clentificoe desen- xercicio semehante e devidamente acautelado para 0 campo relgioso.

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