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Isabella Giraldi - IPH
Isabella Giraldi - IPH
CURSO DE HISTÓRIA
UNIÃO DA VITÓRIA – PR
2020
ISABELLA GIRALDI DIAS
UNIÃO DA VITÓRIA – PR
2020
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
2- DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 5
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2- DESENVOLVIMENTO
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2.2 – PETER COHEN E SEU DOCUMENTÁRIO-TESE
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2.3 – ADOLF HITLER: O ARQUITETO DA DESTRUIÇÃO
Durante o Terceiro Reich artistas frustrados no mundo das Belas Artes era
uma constante. Adolf Hitler, sem dúvidas, foi um deles. Com o poder nas mãos e o
insucesso em tentar ingressar, aos 18 anos, na Academia de Belas Artes de Viena,
Hitler deslocou seu sonho fracassado de ser arquiteto e artista para a esfera politica.
Nesse sentido, todos os elementos estéticos do partido nazista passaram pelas
mãos do ditador. Bandeiras, estandartes, uniformes e a própria insígnia do partido,
por exemplo, foram frutos de seus “rabiscos”.
Hitler alimentava o desejo de ser artista desde muito jovem, passava a maior
parte de seus dias pintando e escrevendo poesias. Contudo, além da pintura e da
arquitetura, o austríaco também era apaixonado pela música, a qual certamente
instigou suas concepções acerca do classicismo. Dentre seus compositores
preferidos é possível citar Beethoven, Bruckner, Liszt e Brahms. Portanto, é
importante ter em mente que o projeto estético que Hitler vislumbrava para a
Alemanha partia de suas próprias aspirações artísticas.
Dessa forma, no filme “Arquitetura da Destruição” Cohen tem justamente a
pretensão de demonstrar o Nacional- Socialismo enquanto um movimento estético,
que tinha o objetivo central de purificar e embelezar a sociedade germânica,
prometendo livrá-la de toda a degeneração. Mas para alcançar essa “harmonia”, era
necessário extinguir tudo e todos que eram considerados uma ameaça para a
cultura, a raça e a arte.
Aos 15 anos, Adolf Hitler assistiu, na cidade de Linz, a ópera designada
“Rienzi,” de Richard Wagner, uma de suas inspirações supremas, chegando a
afirmar que não é possível compreender o nazismo se não conhecer Wagner, visto
que foi na figura dele que o Führer encontrou seu ideal estético. Além disso, o
fascínio pela antiguidade e a cidade de Linz, que em 1940 tornou-se um verdadeiro
“canteiro” de obras de arte, foram as três fixações que segundo Peter Cohen,
acompanharam toda a trajetória de Hitler e moldaram seus planos políticos.
Peter Cohen toma como ponto de partida de sua tese uma série de eventos
artísticos muito afamados do III Reich, a exposição de arte degenerada (Entartete
Kunst), realizada na cidade de Munique, simultaneamente em contraste com a
“Exibição da Grande Arte Alemã”.
A exposição de arte degenerada representava toda a repulsa que os nazistas
tinham em relação à arte moderna, considerada símbolo de decadência. Nessa
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exposição, fotografias retiradas de revistas médicas de pessoas que possuíam
algum problema mental ou físico eram colocadas ao lado de obras modernistas para
compará-las e assim, demonstrar toda a degeneração que precisava ser combatida
para o “bem” do povo.
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em março de 1935, na cidade de Berlim, chamada “Milagre da Vida”, perguntas
como “isto pode ser chamado de vida?” vinham acompanhadas de imagens de
pessoas com alguma “imperfeição”. Portanto, a pureza e a própria vida humana
passaram a ser medidas através de idealizações estéticas introduzidas pelos
nazistas.
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Figura 3: Cena extraída do filme “Arquitetura da Destruição”. Ideal de belo concebido pelos
nazistas.
A antiguidade não representava apenas um padrão corporal estético para o
ditador, uma vez que as cidades da antiguidade, como Atenas e Esparta, também
foram vistas como um modelo arquitetônico a ser seguido. Os projetos de Hitler
visavam transformar a cidade de Berlim, a qual seria a capital do Império, na mais
bela e com grandes edificações, que seguiriam o modelo greco-romano.
Dentre as técnicas de eliminação, a eutanásia foi muito utilizada nesse
período. Em 14 de julho de 1933 com a chamada “Lei para a prevenção contra uma
descendência hereditária doente” (Gesetz zur Verhütung erbkranken Nachwuchses)
foi posto a necessidade de esterilizar os doentes para que essa degeneração não se
perpetuasse. O programa “Aktion T-4” foi o auge das práticas de extermínio, onde
era utilizado o gás carbônico para matar os considerados degenerados. Contudo,
essa técnica de eliminação era realizada próxima as grandes cidades, o que
consequentemente começou a gerar desconfiança na população.
Logo, começa-se buscar outras formas de extermínio, dando origem aos
campos de concentração e a utilização das câmaras de gás, que matavam uma
quantidade maior de indivíduos em menos tempo. Em 1938, um filme chamado
“Guerra em Miniatura”, retrata a forma eficaz de matar “pragas” por meio do cianeto,
e após dois anos, o monóxido de carbono passa a ser utilizado para matar os
“loucos”. Cerca de três anos depois, o Zyklon B (cianeto) é usado em Auschwitz.
Mesmo perdendo as forças na Segunda Guerra Mundial, o arquiteto da
destruição manteve suas práticas eliminatórias, sendo seu objetivo central. Porém,
no inicio de 1943 seus planos começaram a cair por terra quando o exército
soviético começou a avançar, obrigando a SS a esconder os corpos para eliminar a
prova do crime. Em 1944, o exército alemão retira-se de todas as frentes de batalha,
passando a utilizar a ”tática da terra arrasada”. No dia 27 de janeiro de 1945, os
russos chegam a Auschwitz e se deparam com toda a barbárie cometida pelos
nazistas, marcando o fim do Terceiro Reich.
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totalitário para assim, compreender o que fez tantas pessoas aderirem a uma
ideologia absurda, como é o caso do nazismo.
A filósofa judia Hannah Arendt, responsável por escrever o célebre livro
chamado “As origens do totalitarismo”, é uma daquelas “figurinhas carimbadas” em
relação aos estudos acerca dos movimentos totalitários e certamente, indispensável
para quem trabalha com essa temática.
Como o próprio nome sugere, o movimento totalitário é total, ou seja,
apresenta-se de forma onipotente e atinge a sociedade como um todo, desde as
ações politicas até a vida privada.
Segundo Arendt, o principal instrumento utilizado por um regime totalitário
para chegar ao poder é a propaganda. Assim, as massas são o alvo dessas
propagandas e o Estado totalitário coloca-se sempre como um “salvador”,
trabalhando com a fantasia de que a sociedade está vivendo constantes ameaças e
instaurando de fato um terror na população.
Os nazistas utilizaram fortemente da propaganda para disseminar suas
ideologias, seja por meio do cinema, do radio ou da imprensa. Para convencer a
população em relação à pureza da raça ariana e a necessidade de combater toda a
degeneração da época, por exemplo, os membros do partido produziram inúmeros
filmes, dentre eles o chamado “Vitimas do Passado”, onde retratava a necessidade
de abolir os “doentes incuráveis”.
Ainda na perspectiva de Hanna Arendt um regime totalitário é dependente das
massas, a qual se diferencia da chamada ralé. Em linhas gerais, a ralé é aquele
grupo que possui certo apreço pela violência e apresenta-se contra qualquer tipo de
politica, enquanto a massa não tem essa mesma aspiração pela violência e acaba
aderindo aos discursos demagogos dos lideres totalitários, esquecendo-se de lutar
pelo seu próprio bem-estar.
Sendo assim, em um regime totalitário, os homens são moldados
ideologicamente para comportarem-se de acordo com os desejos impostos por
aqueles que os dominam. Ocorre, portanto, uma ruptura com a realidade e essa
sociedade massificada, apresenta um pensamento unívoco e não possui mais
capacidade de pensar por conta própria.
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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mergulhada em uma crise econômica e devastada pelas consequências da
Primeira Grande Guerra, a aparentemente afável promessa dos nazistas de “salvar”
o povo alemão de todo o caos instalado em território germânico e o projeto de
embelezamento do mundo, certamente custou milhares de vidas inocentes. Hitler e
seus cúmplices estavam dispostos a dar uma nova “cara” para a sociedade alemã,
mesmo que para isso precisassem causar destruição.
Em seu documentário-tese, Peter Cohen evidencia como o poder e a arte
estavam intrinsicamente conectados durante o Reich Alemão. Logo, seria
ingenuidade pensar que a arte trata-se de um mero elemento decorativo, uma vez
que ela pode ser utilizada enquanto mecanismo ideológico para justificar práticas
eliminatórias. De um lado, a arte moderna, considerada símbolo de decadência, e
do outro, o classicismo, apresentado pelos nazistas como o padrão estético a ser
seguido.
Judeus, homossexuais, pessoas com deficiência, enfim, todos aqueles que
não pertenciam a sociedade por não atenderem aos padrões idealizados pelos
nazistas, representavam a verdadeira escória e deveriam ser extinguidos para dar
espaço a um novo homem, saudável e com uma beleza utópica.
Há, portanto, a necessidade de compreender o Nacional-Socialismo não
apenas como um movimento politico a rigor, mas também estético. O objetivo dos
nazistas não era eliminar os opositores do regime, e sim aqueles considerados
“degenerados”, para assim, se obter uma eugenia.
Adolf Hitler, ou seja, o arquiteto da destruição, não pode ser visto apenas
como um artista fracassado e medíocre, mas sim capaz de transferir suas
aspirações artísticas para a esfera politica, e assim, juntamente com seus aliados,
marcar o século XX como um dos períodos mais cruéis e tenebrosos da história da
humanidade.
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4- FONTE E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fonte:
Arquitetura da Destruição (Undergangens Arkitektur) Peter Cohen, Suécia, 1989.
Referencias Bibliográficas:
MEIRELES, Willian R. O cinema como fonte para o estudo da Historia. Hist. Ensino,
Londrina, V.3, p.113-122, abr. 1997. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/download/12698/11060
Acesso em 28 de mai. de 2020
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SOUSA, Tauan de Almeida. A purificação através do despertar estético e a
administração total da morte: Uma leitura sobre o documentário “Arquitetura da
Destruição”. Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (RICS), São Luís,
Vol. 4, Número Especial, p. 43-57, Jul./Dez. 2018. Disponível em:
http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/1050
1/6107. Acesso em: 15 de jun. de 2020.
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