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Chauí: Serra, versão empobrecida de FHC


Posted By Luiz Carlos Azenha On 20 de outubro de 2010 @ 13:02 In Política | 10
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Quarta, 20 de outubro de 2010, 10h11


Marilena Chauí: “Serra é versão empobrecida de FHC”

Claudio Leal
Do Rio de Janeiro, no Terra Magazine [1]

A professora de Filosofia, Marilena Chauí, 69 anos, foi uma das intelectuais mais
entusiasmadas no ato de apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT), no Teatro Oi
Casa Grande, no Rio de Janeiro, segunda-feira à noite (18). No púlpito, puxou um
santinho do adversário José Serra (PSDB) e criticou o uso de uma mensagem religiosa
(“Jesus é a verdade e a justiça”) na propaganda política. “É religiosamente obscena”,
atacou.

Militante histórica do PT, Marilena retornou aos verbos de campanha depois que a sua
candidata passou a rebater ataques morais e religiosos. Nesta entrevista a Terra
Magazine, após a manifestação de artistas e de intelectuais, ela afirma que Serra é
uma “versão empobrecida” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

- Esse discurso religioso foi uma maneira de desconversar. Ele não tem um projeto
para o Brasil. Ele é a versão empobrecida do horror que foi Fernando Henrique
Cardoso e, por falta de um projeto real para o Brasil, eles encontraram uma maneira
de desconversar.

Para Marilena Chauí, o governo Lula não se distanciou dos intelectuais petistas. O
manifesto pró-Dilma, sustenta a professora da USP, “é a retomada do vigor da
esquerda”. Só não se reuniram antes porque “não tinham que gritar contra nada”.

- A nossa presença foi difusa no interior nas várias áreas institucionais do governo. O
que eu diria, é: o que nós tivemos hoje foi uma coisa que fazia tempo que a gente não
fazia. Mas é porque fazia tempo que não tinha que gritar contra nada, reunir toda
essa lindíssima história brasileira.

Confira a entrevista.

Terra Magazine – Ao discursar no ato de artistas e intelectuais que apoiam Dilma, a


senhora mostrou e criticou um santinho de Serra, com a frase “Jesus é a verdade e a
justiça”. Como a senhora avalia a entrada de temas religiosos na campanha?
Marilena Chauí – Olha, esse discurso religioso foi uma maneira de desconversar. Ele
não tem um projeto para o Brasil. Ele é a versão empobrecida do horror que foi
Fernando Henrique Cardoso e, por falta de um projeto real para o Brasil, eles
encontraram uma maneira de desconversar. Primeiro, foi “Dilma é guerrilheira”. Não
deu certo. Depois foi “Dilma e Erenice”. Não deu certo. Agora é Dilma e o aborto. E ele,
protetor da sociedade brasileira. É um escândalo, um escândalo. Sobretudo, o que eu
acho mais grave, ele está fazendo essa operação através da TFP (Tradição, Família e
Propriedade) e da Opus Dei. Nós temos uma pessoa que foi de esquerda, trazendo
pela porta da frente aqueles que fizeram a ditadura no Brasil. Trazendo os
produtores, os autores da ditadura brasileira. Trazendo pela porta da frente essa
conversa religiosa. Isso é inadmissível. Isso é um escárnio. É tripudiar as nossas lutas.
É tripudiar a memória. É tripudiar os mortos, os desaparecidos, os torturados. Isso é

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um escárnio, é um deboche!

Mas o PSDB acusa o PT de fazer também terrorismo com o tema das privatizações, já
que Dilma afirma que eles querem privatizar o pré-sal. Não ocorre isso?
Ah, não, não, eles não têm um caráter privatista… A política econômica neoliberal, você
sabe, não tem nada a ver com privatização… A ideia do Estado mínimo, a ideia do
enxugamento, a ideia de que o Estado não tem que se encarregar dos direitos, mas
apenas de serviços, e que o Estado não tem nenhuma obrigação de intervir
diretamente na economia, não são princípios neoliberais… Não são princípios que
foram adotados pelo PSDB… Não são os princípios que regeram a política do FHC e do
Serra em São Paulo, no pouquinho que ele ficou na Prefeitura, no pouquinho que ele
ficou no governo do Estado! Ele tem essa peculiaridade. Um homem que foi eleito
senador e não cumpriu o mandato. Eleito prefeito, não cumpriu o mandato. Eleito
governador, não cumpriu o mandato. Ele é o homem dos desmandatos.

O que esse ato de intelectuais e artistas representa para a campanha de Dilma?


Ele é a retomada do vigor da esquerda, do vigor de uma trajetória histórica de lutas
pela democracia, de lutas pela vida republicana, de lutas pelos direitos, de lutas pelas
igualdades, pela justiça. É o coroamento de um processo de dignidade dos brasileiros.

Pode significar uma retomada da participação dos intelectuais dentro do PT? Há essa
sensação de que eles não estiveram tão integrados ao governo de Lula e deveriam
estar, pelo que representaram na história do PT.
Não acho que houve distância entre os intelectuais e o governo. É que os intelectuais
participaram de setores importantes da participação popular. Nas câmaras de direitos
humanos, nas câmaras de economia solidária, nas câmaras de ecologia, no Bolsa
Família nem se fala, no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar)… Por exemplo, eu participei do Conselho Nacional de Educação – e, como eu,
inúmeros petistas, professores… A nossa presença foi difusa no interior das várias
áreas institucionais do governo. O que eu diria, é: o que nós tivemos hoje foi uma
coisa que fazia tempo que a gente não fazia. Mas é porque fazia tempo que não tinha
que gritar contra nada, reunir toda essa lindíssima história brasileira.

A senhora sempre faz críticas às posições da imprensa. Como ela se comporta no


processo eleitoral?
Eu sou crítica da mídia como um todo. Em primeiro lugar, o fato de ela ser um
monopólio de quatro famílias e que identifique a liberdade de pensamento e de
expressão com os lucros dessas famílias no mercado. É uma destruição da noção de
liberdade de pensamento e de expressão. Eu tenho dito que aqueles que defendem,
verdadeiramente, a liberdade de pensamento e de expressão têm como obrigação
fazer a crítica da mídia e recusar a imposição que a mídia nos faz. E eu acho a coisa
mais maravilhosa, mais perfeita, o que aconteceu com a (psicanalista) Maria Rita Kehl.
Quer dizer, foi esse jornal, o Estado de S. Paulo, que iniciou a cruzada contra o
“partido autoritário, totalitário, que impedia a liberdade de expressão”. Ele encabeçou
essa campanha. E na hora que Maria Rita Kehl escreve uma opinião que discorda da
linha editorial do jornal, eles demitem a Maria Rita! Em nome do quê? Então, é preciso
fazer a crítica.

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empobrecida-de-fhc.html

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