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Romuald Hazoumé. Galo. armado, assemblage (galdo de pléstico e metal) e 1 fotogralia cox, 380 x 110 x 100em, 2004 Tuo Felipe Fra “Texto apreseriaco ra ACA 1378 ‘Gulo Co Argan (1908-1982), fi um dos maiores hitoriarese tions do seul XK ‘gan tient petito de Roa e clog s2 senacor pelo Patio CbmunisaItalane ‘an06. some nme 8 to 2005, Qitica de arte - uma perspectiva antropol égica* Giulio Carlo Argan”* Discutindo a relagdo entre arte @ antropologia, Argan ‘uestiona tanto a abordagem historicsta quanto 0 ‘enfoque culturalista do objeto artistic © propde uma revisio da ate contenportnea a pattir da cise que a separou do sistema cultura ‘Antropologia da arte morte da arte, acuturagio ‘Aredugio da hiséria da arte ou mesmo da critica de arte & antropologia pode ser incluida a lagica dos fatos. No mundo contempordneo, a historia cost uma sor acusada do nose rigorosament ciomtitic. Considerando-se que a estruturada cultura modema éconsttuidapelacléncia,ahistéria assume uma posigdo marginal ou & posta fora do sistema Sendo a histéria a interpretago e 0 julgamento.dosfatos, ela pressupde a escola, em meio &contusa massa dos eventos, daqueles que so mais interessantes. Mas que citérios orentam essa escolha’ A acusagdo que se az a histria€ ade ser fundada sobre uma*petigéo do principio’, ou sea, oshistoriadoresfazom abistéria daqiloquejaé historco Ahistéria da arte, considerando-se que ela sea a discplina que se ocupa da arte, participa da decadéncia goral da histéria: o historiador de arte deveria ocupar-se daquilo que 6 artistic; mas qual 0 crt rio para so estabelecer uma Gisciminagaa entre o que 66 0 quende ¢ atistco? Deve-se acrescentar que a histériapressupte também a corelado, acoerécia entreos fats, portanto, uma tendéncia de todos os fatos em direcdo a um Gnico objetivo: mas quem fixou essa finalidade e suas regras de correlagao? E preciso reduzir osfatos a pura fenomenologia, a épocté, ou sea, colocar no mesmo nivel as manifestaes consideradas attics (ou que se apresentam como tl) © procede asa anise total para assogurar-se das caracterstcas comuns que podem estar contidas na mesma categoria. ‘Aualmente, 0 sistemas de infermacdo pamitem conheoero estado cultural de todos os grupos humanos, mas 6 completamente aritrrioafirmar-se que alguns dles ainda se encontram em estado pré-histério ov na dade Média e que outros, a0 contri, estdo mais proximo do estado cultura do mundo oidental:ninguém est avtorizado a acreditar que a existéncia do género hhumano no mundo seja uma longa marcha em diego a um nivel de pert go 01 de felicidad, do qual nosso estat de civilizagao se aproximavia cada vez mais, ainda que raste muito caminho a percorer.Considerando-se mais avancada aque as demais no camino da ciilizagao, nossa cuturapretende insula. Na realidade ela dissimula, sb esse aspecto missionéio eidético, a vontade de Club Caro Anan exploragdo e dominagdo. Nao parece estranho que ela busque ser ouvida e cultivar o esto do mundo quando néo pode maisignorar sua propria crise, suas prOprias contradigdes, 0 provavel fim do qual se aproxima? ‘Aantropologia, que ¢ seguramente a mals moderna e completa das ciéncias| hhumanas, contesta a prioridade ou o privilégio da cultura do mundo ocidental @, sobretudo, nega a uniformidade da civilizardo eo fato de que asdiferencas entre os diversos grupos étnicos constituem mera diversidade quantitativa. Compreende-seperleitamente que, nessecontexto,o problema da criapaoatistica seja fundamental, dado o alual reconhecimento de que ndo existe evolugdo ou progresso na arte e que, ao contrrio, na cultura ocidental, presumida como a mais avangada, a arte esta em regresséo, numa crise talvezireversivele final Doveriamos deduzir dal que 0 nivel da arte decresce & medida que o nivel da civilizagao aumenta? ‘Aconcepedo tleolégica dahistria,caracteristica da cultura cléssica crit, ‘no € a Unica possvel:radicalmente diferente, embora derivando do mesmo tronco, ala pode-se opor a concepydo materialista e marxista, segundo a qual © progresso nao @ automético, mas determinado polo contraste de forcas constitidas no interior da socedade, Em uma cultura que se encontra totalmente liberada de qualquer tipo de dogmatismo e teologismo, de todo principio de autoridade e de hierarquia, ou seja, uma cultura inteiramente laica, a fenomenologia ja tomou o lugar da metafisica, ea descri¢do, 0 da interoretacdo eendmenos. A hist6ria, que no pode fica limitada as vicissitudes politicas € ‘nem s esferas cons!deradas culturalmente privilegiagas e que sobretudo n&o pode exprimir-se através de um julgamento, tende a identificar-se com a antropologia.Ahistoriografia, porém, como qualquer disciplina ecomo apropria antropologia, renova continuamente sua prépria metodologia.Ligando-se ou, ‘melhor, identiticando-se com a antropologia, ela modtica apenas 0 processo ou sua propria estrutura? Em outros termos, ela cessa de ser histériaou reduza hist6ria ao nivel cientifico da antropologia? Nao acrecitamos que a antropologia poss constitu essa kunstwtssenschaft {que atualmente alguns pesquisadores desejam colacar no lugar da hunsgeschicht, 0 fato dea Antropoiogia ter permitido que'se conhecesse a arte de povos comumente consideredos fora da histéria(ecuja arte, somos obrigados a econhecer, é muitas, vezes melhor, mesmo em fungao de nossos parémetros do que aquela de palses que s@.consderam mais avangados) nao ¢ suicienteparajustitic 10, Nessa cultura dita “primiiva’,o topo da dvilizagdo ~ que a nossa identifica com 0 progresso tecnol6gico ~ ndo seria arte? Mas, se¢ evidente que a cultura atistica de povos culturalmente avangados 66 pode ser estudada de um ponto (e vista histérico, visto que somente desse modo temos a possbilidade de integra a0 sistema global da cuitura, nao é completamente garantido que possamos fazer a histria da Africa ou da Polinésia, Exstem, antes de tudo, ‘ano 6. some nme 8 2005, (Gaca deane -uma empectia antopoligies Giticuldades objetivas, como 0 conhecimento limitado da cronologia @ de Circunstancias exteriores em que essa arte fol produzida. Nada impede acreditarmas que, apds um minucioso trabalho de pesquisa, conseguissemos reconstruir a cronologia da produgéo artistica de tribos primitivas; mas 6bastante duvidoso que, uma vez estabelecida essa cronologia, acompreensio dessa ate setomasse mais facil. Seiaigualmente dificil, embora 130 Impossivel, compreender o significado de imagens de arte indigena em relagio &celebragdo deritos, a crencasrligiosas ou, smplesmente, aoscostumes a vida cotidiana; mas, mesmo assim, no conseguiriamos captar 0 sentido atistico protundo dessas obras. Na verdade, saber que uma determinada esatua negra representa uma divindade da chuva ou da fecundidade pouco acrescenta ‘nossa compreensio, considerando-se que ela nao nos aproxima do mundo interior dos indigenas, para os qualstal estatua nada mais é do que um objeto mégico supostamente capaz de produair oartos eet, sem nenhuma possitilidade de um valor que utrapasse afungao ritual. Mesmo que 0 pesquisador europeu ou americana tente adequar-se & objetividade absolut, ole no poderd jamais encarar a cultura "primitiva’ abstraindo a sua propria cultura; ea objet ividade centiica, que deveria colocé- Jo. ao abrigo da unilateralidade do eurocentrismo, é uma forte caracteristica do rOprio eurooentrismo. A necessidade de absorver essas culturas que esto alastadas de nossa experiéncia 6 prépria de uma cultura como a nossa, que tende a se expand, a comunicar, aSeimpor. 1880 se prova pelo lato de, no iniclo o séoulo XX. 0 conhecimento da arte negra ter tido por tungdo dar cultura atistica europ6ia a possbilidade de tomar consciéncia de seus limites: assim como aexploragio da arte ocidental nos paises do Terceiro Mundo so serviu para

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