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B5.01
026
Aplicações da Norma IEC 61850 -
Sistemas de Automação Operando
com Redes de Comunicação
Outubro 2020
Brasil
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850
SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO
OPERANDO COM REDES DE
COMUNICAÇÃO
GT B5.01
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1. RESUMO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Referências:
TB 326 (2007) WG B5.11 – The Introduction of IEC 61850 and Its Impact on
Protection and automation Within Substations;
TB 401 (2009) WG B5.32 – Functional Testing of IEC 61850 Based Systems;
TB 427 (2010) WG B5.38 – The Impact of Implementing Cyber Security
Requirements using IEC 61850;
TB 464 (2011) WG B5.06 – Maintenance Strategies for Digital Substation Automation
Systems;
TB 466 (2011) WG B5.12 – Engineering Guidelines for IEC 61850 Based Digital SAS;
TB 540 (2013) WG B5.36 – Applications of IEC 61850 Standard to Protection
Schemes;
TB 628 (2013) WG B5.39 – Documentation Requirements Throughout the Lifecycle of
Digital Substation Automation Systems;
TB 637 (2014) WG B5.45 – Acceptance, Commissioning and Field Testing
Techniques for Protection and Automation Systems;
TB 760, WB B5.53 – Test strategy for Protection, Automation and Control (PAC)
functions in a fully digital substation based on IEC 61850 applications;
IEC 61850: 2016 SER – Series Communication networks and systems for power
utility automation - ALL PARTS.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Sumário
1. RESUMO .................................................................................................................................................. 2
2. SIGLAS ..................................................................................................................................................... 7
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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2. SIGLAS
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A tecnologia digital vem sendo aplicada nos sistemas de Proteção, Automação e Controle
(Protection, Automation and Control System – PAC) há mais de 25 anos. Neste período,
passou-se de uma realidade eletromecânica e de informação mínima, para uma tecnologia
digital que invadiu o controle e proteção dos equipamentos e as interfaces de operação,
propiciando uma supervisão completa dos processos envolvidos. As novas tecnologias
permitiram aumentar consideravelmente a observabilidade do sistema de potência
melhorando a qualidade da operação em tempo real, principalmente em sistemas altamente
complexos como é o caso brasileiro.
Diversas áreas se beneficiaram deste processo: operação em tempo real, suporte à
operação, manutenção de sistemas de proteção, controle e supervisão, manutenção de
equipamentos, telecomunicação e engenharia de projetos. Assim, passou-se a ter
informações para o sistema de supervisão e fazer de maneira mais eficiente o controle em
tempo real, análise de ocorrências, estatísticas operacionais, estatísticas de desempenho de
equipamentos, avaliação de vida útil, de desempenho econômico, de disponibilidade, de
supervisão dos sistemas de comunicação (em função da teleproteção e do telecontrole de
instalações), de qualidade de energia, etc.
O Sistema de Automação da Subestação – SAS, que também pode ser descrito como o
sistema de Proteção, Automação e Controle (Protection, Automation and Control System –
PAC system), é fundamental para garantir a disponibilidade do sistema de potência com
confiabilidade, disponibilidade e eficiência. A Figura 1 apresenta de forma geral a integração
funcional do PAC system convencional eletromecânico de uma subestação.
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Portanto, a norma IEC 61850 define os aspectos do sistema, a definição de uma linguagem
para descrição das funcionalidades (System Configuration description Language - SCL), um
modelo de dados e os serviços de comunicação. Ela adota os protocolos de comunicação:
modelo cliente servidor (MMS) para controle e supervisão, GOOSE para comunicações
horizontais substituindo o cabeamento metálico convencional, e SV para grandezas
analógicas. O sistema pode ser representado pela Figura 5.
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O sistema se organiza pela entidade que fornece o serviço (Server), dentro de uma instância
física (Logical Device) onde se tem uma funcionalidade (Logical Node). A funcionalidade tem
uma serie de atributos que definem a forma como se adquirem informações, enviam
controles, sincroniza tempo e transfere arquivos.
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A norma IEC 6850 define os tipos de Logical Nodes, definindo as categorias e a letra inicial
de cada tipo. A parte 7-4 traz essas definições.
A Figura 9 mostra um exemplo de como definir uma função e suas diferentes instâncias.
Neste caso a sincronização de manobra do disjuntor, a proteção de distância e de
sobrecorrente.
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Em alguns casos a solução caminha pela definição dos IEDs à medida que são definidas as
funcionalidades necessárias. Em outros casos, podem já estar definidos os IEDs a serem
aplicados. Neste último caso o caminho será diferente porque serão definidos os
dispositivos lógicos (Logical Devices) para o mapeamento. A Figura 10 a seguir mostra o
fluxo de trabalho de um projeto baseado na norma IEC 61850.
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Até agora foi abordada a aplicação da norma IEC 61850, considerando sua correta
implementação. Obviamente que nenhuma tecnologia disruptiva se estabelece sem
problemas e desafios. A seguir serão comentadas estas dificuldades.
Nas primeiras aplicações, especialmente baseadas na primeira edição da norma, a
interoperabilidade entre diferentes fabricantes, e muitas vezes entre versões diferentes de
produtos de mesmo fabricante, era bastante difícil. Além disso, em vez de aplicar os Logical
Nodes específicos determinados em norma, era utilizado um número excessivo de pontos
genéricos, do tipo Generic Process I/O - GGIO, que são previstos para ser utilizado em
situações de funcionalidades não definidas, o que não era o caso. Possivelmente parte do
problema foi a incorporação das funcionalidades da norma em IEDs existentes, como se
fosse uma casca focada especialmente nos protocolos de comunicação, MMS e GOOSE.
Por não serem produtos projetados conforme a norma, nativos em sua concepção, o arquivo
para descrição da subestação – SCD, não era totalmente aderente à filosofia da IEC 61850.
Esta situação levou a se ter vários arquivos SCD, de acordo com cada ampliação ou
modernização, e não um único arquivo para a subestação.
Esta falta de conformidade à norma dificultou a eficiência dos softwares envolvidos na
configuração dos sistemas, que em ocasiões perdiam configurações ao se fazerem
alterações posteriores à implementação. Apesar disso, o impacto no desempenho no tempo
real não ficou comprometido, mas dificultou muito a manutenção e a integração com novas
ampliações. Outro aspecto importante é que num ambiente de subestação digital
precisamos de novas ferramentas de software. Elas devem ser focadas de acordo com o
objetivo (configuração, diagnostico, registro e teste), e com o nível da equipe (básica,
intermediaria e especializada). A questão está em que ainda têm-se ferramentas de
fornecedores focadas em produto, e nas primeiras implementações com problemas.
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Também existe uma dificuldade das empresas para entender quais ferramentas são
necessárias e em definir ter um processo de requisitos e de homologação.
A documentação é outro aspecto desafiador. Especialmente porque muitas vezes se insiste
em manter uma forma não adequada. Culturalmente, tanto as empresas quanto
fornecedores, tendem a manter a forma de documentação de soluções convencionais. Isto
faz com que a documentação não seja adequada, e não aproveite as vantagens de uma
solução totalmente digital. Nas primeiras aplicações, em muitos projetos a documentação
ficou incompleta, ou de difícil interpretação, dificultando especialmente as equipes de
manutenção e as futuras ampliações.
A regulação também é um aspecto importante a considerar na aplicação da norma IEC
61850. A solução de uma subestação totalmente digital (full digital) baseada em
comunicação numa rede Ethernet com dispositivos eletrônicos deve atender aos
procedimentos de rede definidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS. Os
requisitos definidos pela Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL na definição de
autorização dos empreendimentos também devem fazer parte dos requisitos. Implementar
novas tecnologias sem uma definição clara na regulação pode dificultar a segurança da
solução. Por isso é importante que os requisitos regulatórios permitam de maneira clara a
aplicação de uma solução totalmente digital. Cabe ressaltar que o ONS está em processo
de atualização de seus requisitos para os sistemas de proteção e controle constantes em
seus procedimentos de rede, visando adequação às subestações digitais, tomando como
referência as experiências já adquiridas por operadores e empresas internacionais, além
dos projetos pilotos implementados e andamento no Brasil.
A aplicação de uma solução totalmente digital impacta fortemente nas rotinas de como se
executa um projeto e se realiza a manutenção. Nos projetos implementados, normalmente
não houve um foco para que a implementação seguisse um fluxo consistente. Além disso,
nem sempre as empresas prepararam as equipes de manutenção para ter o domínio e
compreensão de uma solução IEC 61850. Os procedimentos devem ser revistos para
atender aos requisitos das novas tecnologias e se apropriar das suas vantagens.
Da mesma forma, a convergência tecnológica implica numa mudança na estrutura das
organizações, já que a segregação de ativos e funcionalidades não está mais limitada
fisicamente. A especialidade de conhecimento também não é mais única, com necessidade
de aproveitar a expertise de cada área: redes, automação, proteção, e controle. Porém, na
maioria dos casos, não ocorreu esta reorganização e o domínio da tecnologia nas empresas
é limitado. A qualificação das equipes nem sempre aconteceu adequadamente, de maneira
sistematizada, com domínio sobre o conhecimento básico (redes, protocolos e norma) e de
produtos (software, configuração e ajustes).
Quando se planeja uma solução digital é importante estar atento às tendências tecnológicas
que podem impactar ao longo da vida útil das instalações, considerando futuras ampliações
e modernizações. Neste sentido existem diversas discussões sobre futuras tecnologias e
procedimentos dentro do CIGRE, que está sempre atento a estas novas potencialidades.
Uma das tendências futuras é a completa virtualização do ambiente do PAC system. A
limitação a dispositivos específicos (IEDs) não existira mais, sendo possível a aplicação de
Central Control Unit - CCU, ou seja, computadores como ambiente onde as funcionalidades
de proteção e controle são instanciados. Esta discussão está em andamento no WG B5.60 -
Protection, Automation and Control Architectures with Functionality Independent of
Hardware.
Outra discussão importante é como podemos melhorar o processo de especificação, numa
linguagem de mais alto nível, de maneira a facilitar que a descrição do PAC system não
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A tecnologia digital vem sendo aplicada nos sistemas de supervisão, controle e proteção há
mais de 25 anos. Neste período, passamos de uma realidade eletromecânica e de
informação mínima, para uma tecnologia digital que invadiu o controle e proteção dos
equipamentos, as interfaces de operação além de uma supervisão completa dos processos
envolvidos. As novas tecnologias permitiram aumentar consideravelmente a visibilidade do
sistema de potência melhorando a qualidade da operação em tempo real, principalmente em
sistemas altamente complexos como é o caso brasileiro.
Os requisitos funcionais de um sistema PAC não estão relacionados somente ao tipo de
tecnologia aplicada para seu funcionamento: tem como ponto de partida as funções de
controle, proteção e supervisão. Além disso, os requisitos regulatórios das agências, que
determinam a concessão e as condições operativas do sistema elétrico de potência, devem
ser obrigatoriamente considerados na concepção do SAS.
Uma especificação técnica tem que descrever as funcionalidades, a infraestrutura e a
conexão com os equipamentos primários. Quando se opta por uma solução baseada na
norma IEC 61850, as principais diferenças estão na forma de apresentar estes requisitos,
baseado numa linguagem descritiva, a SCL, numa infraestrutura em que os sinais são
transmitidos através de protocolos de comunicação horizontal e vertical na casa de controle
e/ou com os equipamentos de pátio.
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funcionalidades. Com essas informações será possível gerar o arquivo previsto pela norma
IEC 61850 (SSD) que descreve a subestação.
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As ferramentas podem também ser definidas de acordo com a fase do ciclo de vida na
subestação:
Ferramenta de especificação do sistema;
Ferramenta de configuração do sistema;
Ferramenta de configuração do IED;
Ferramentas de simulação;
Ferramentas de engenharia de proteção;
Ferramentas para teste de dispositivos;
Ferramenta para testes de sistema;
Ferramentas de diagnóstico;
Ferramentas de documentação;
Ferramentas de manutenção.
Desta maneira foram descritos todos os requisitos de uma especificação técnica e do projeto
básico necessário do sistema PAC. A seguir serão aprofundados os aspectos mais
específicos de uma solução aderente à norma IEC 61850.
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Como se pode ver na Figura 15, a primeira etapa é a especificação do sistema utilizando
uma ferramenta de especificação (specification tool) que será utilizada para gerar o arquivo
SSD. Usando uma ferramenta de configuração do sistema (system configurator) pode-se
configurar uma solução, um sistema, utilizando as funcionalidades dos dispositivos descritas
nos arquivos ICD e IID em conjunto com o arquivo SSD gerando um arquivo SCD. Com uma
ferramenta de configuração de IED (IED configurator) é possível descarregar em cada
dispositivo uma configuração dos IEDs, os arquivos CID.
Gerado por uma ferramenta de software, o arquivo SSD contém as informações da
subestação, incluindo o diagrama unifilar e uma biblioteca de funções, Logical Nodes.
O nome dos Logical Nodes pode ser editado:
• Prefixos e instâncias dos Logical Nodes podem ser editados;
• Instancias de Logical Nodes podem ser inseridos a partir de uma biblioteca existente;
• Data Objects podem ser criados ou remanejados através da função drag and drop;
• Verificações de consistência são feitos automaticamente para garantir que as regras
e números de caracteres dos objetos não sejam violados.
Uma ferramenta de configuração deverá lidar com as informações apresentadas na Figura
16.
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O produto final é uma descrição completa da subestação no arquivo SCD. Ele servirá não
apenas para realizar a configuração dos equipamentos, mas também para gerar toda a
documentação do sistema.
A norma IEC 61850 define o sistema lógico como a união de todas as aplicações e funções
de comunicação, executando alguma tarefa completa como o gerenciamento da subestação
e empregando nós lógicos. O sistema físico é composto por todos os dispositivos que
hospedam essas funções e a rede de interconexão física da comunicação. Dentro do
escopo da norma, sistema sempre se refere ao SAS (Sistema de Automação da
Subestação).
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A definição das funções está relacionada aos grupos de funções lógicas do sistema de
proteção, automação e controle, classificados conforme a Figura 18. Pode-se definir cada
um deles na especificação, incluindo a comunicação horizontal de mensagens GOOSE.
Figura 18 – Estrutura hierárquica do modelo de dados da norma IEC 61850 / Logical Nodes
A definição das funções pode seguir padrões de projeto da empresa. Além das funções
características para cada tipo de vão (bay), transformador, linha de transmissão, barra,
reator, banco de capacitores, gerador e serviço auxiliar. As funções não definidas na norma
podem ser organizadas como genéricas GGIO, e padronizadas dentro dos projetos de
acordo com as definições da empresa.
A Figura 19 apresenta como é a estrutura de dados de um IED para um cliente.
Figura 19 - Estrutura de dado vista por um client IEC 61850 para o IED P1L2PR1 [28]
Outro aspecto importante é definir a relação das nomenclaturas das funções IEC 61850,
incluindo as genéricas GGIO, com as nomenclaturas operacionais. Uma boa estratégia é a
utilização de modelos (templates) que relacionam estas informações. Ela é necessária para
estabelecer como as informações do sistema serão apresentadas aos diversos usuários do
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Para fazer esta relação, podemos incluí-la na descrição do ponto dentro do arquivo SCL ou
incluí-la externamente com outras formas de documentação. É mais comum utilizar planilhas
para fazer esta relação aplicando dicionários que determinam tratamento de cada
informação. Isto ocorre também por causa de dispositivos que não estão incluídos na
solução IEC 61850, porque aplicam tecnologias mais antigas com protocolos como ModBus,
DNP ou IEC-104.
A Figura 21 mostra um exemplo da relação entre as funções tradicionais ANSI, Logical
Nodes IEC 61850 e sistema SCADA.
Figura 21 – Tabela com exemplo de relações das funcionalidades de um projeto IEC 61850
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A norma IEC 61850 tem diversos requisitos obrigatórios e outros opcionais. Por isso é
fundamental que uma especificação técnica inclua as funcionalidades desejadas.
A descrição destes requisitos está apresentada nas seguintes partes da norma:
Part 3: General requirements;
Part 4: System and project management;
Part 5: Communication requirements for functions and device models;
Part 6: Configuration description language for communication in power utility
automation systems related to IEDs;
Part 10: Conformance testing
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Uma especificação técnica pode ou não definir uma arquitetura para a rede. Depende de
optar somente por requisitos de desempenho ou aplicar padrões da empresa que facilitem o
projeto e a manutenção, por ser uma solução conhecida. Pode se aplicar uma topologia
estrela, simples ou dupla, ou ainda, em anel. Neste caso é preciso definir o mecanismo de
recomposição: Rapid Spanning Tree Protocol (RSTP). As mensagens podem ser replicadas
por dois caminhos, e neste caso, as mensagens GOOSE não tem perda de tempo quando
da falha de um dos caminhos. Para se utilizar esta solução e garantir que as mensagens
tenham atraso zero pode-se aplicar os protocolos PRP numa rede em dupla estrela ou HSR
numa rede em anel. A solução de redundância com tempo de recomposição zero exige a
aplicação de dispositivos capazes de processar esta duplicidade e, portanto que possuam
suporte a PRP/HSR. No caso de conexão com outro dispositivo que não possua esse
suporte há necessidade de uso de redbox para fazer a interface. Os requisitos serão os
apresentados na Figura23 a seguir.
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A definição adequada depende da opção de ter uma rede física dedicada ou não para o
serviço de tempo, a segurança da informação, a disponibilidade e a precisão desejada. Com
estas informações podem-se definir os requisitos de precisão conforme as características de
desempenho apresentado na Figura 25 a seguir.
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A primeira missão ocorre durante o fato; a segunda missão ocorre após o fato.
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No padrão de sincronismo proposto pela norma IEEE1588 edição 2 (Precision Time Protocol
- PTP), os telegramas trocados para calcular o offset e o atraso relativo ao tráfego de rede
entre os relógios do cliente em relação ao servidor são processados em camadas mais
baixas (MAC) do padrão Ethernet. Sendo assim, alcançam precisão na faixa de décimos de
nano-segundos e garantem os requisitos da classe de sincronismo de tempo para SV (T5).
Entretanto, os dispositivos devem possuir tal funcionalidade já disponível no hardware,
sendo impossível sua implementação via software.
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certificação indica que o produto atende a todos os itens obrigatórios descrevendo quais dos
opcionais estão aplicados. Nesta etapa também são realizados testes de interoperabilidade
considerando as definições do produto.
Num segundo momento acontecem os testes de rotina do produto, que seria a homologação
do produto para as soluções aplicadas pela empresa. Cada empresa tem uma abordagem
para esta etapa. Pode ser uma etapa de homologação genérica, para ser aplicada em
futuras aplicações, ou parte dos testes de aceitação de um projeto. A homologação pode ser
realizada pela equipe própria da empresa, integradores ou o próprio fabricante
apresentando relatórios técnicos.
Os critérios de teste devem estar definidos na especificação técnica. São aplicados testes
de desempenho estáticos e dinâmicos, incluindo a infraestrutura de comunicação local e o
sistema de supervisão: alarmes, sinalizações e comandos. A execução destes testes
considera versão de firmware, modelo do IED, arquitetura e protocolos, configuração
aplicada nos IEDs e a inabilitação de funções não aplicadas. Os testes incluem também o
sistema de supervisão e controle, a IHM e toda a infraestrutura associada de plataforma
computacional e de comunicação da rede.
Nestas atividades as empresas utilizam frequentemente centros de pesquisa e empresas de
consultoria dedicadas a homologar produtos e sistemas, que possuem ambiente dedicado e
preparado para isto. Nos testes que envolvem a solução completa são utilizadas plataformas
no próprio fornecedor onde será aplicado que precisa aplicar roteiro de testes específico
definido pelo cliente.
A grande dificuldade da validação destes testes são as alterações posteriores,
principalmente com relação a novas versões de firmware gerando risco de efeitos colaterais.
Embora não seja o recomendado as empresas acabam aceitando novas versões de
firmware para atender a problemas detectados após a implantação dos sistemas, sem
conseguir aplicar a mesma quantidade de testes inicialmente realizados. A rigor, quando se
altera o firmware de um IED deve ser realizado novamente um conjunto de testes funcionais
pré-estabelecidos, para garantir o seu funcionamento no sistema em questão.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
necessário que as empresas invistam mais em softwares que permitam gerar os projetos,
descrevendo de forma mais correta os requisitos.
Também se deve melhorar o conhecimento das equipes sobre a comunicação em rede
Ethernet. A migração da infraestrutura cablada para redes de comunicação exige aplicação
de uma engenharia de projeto da mesma forma. Assim como é preciso definir capacidade
de cabos, conexões, relés auxiliares, conectividade, para uma rede similarmente deve-se
definir capacidade, desempenho, conexões, conectividade, para poder garantir a
confiabilidade e disponibilidade do sistema de proteção, automação e controle.
Nesse sentido, o esforço das empresas nos últimos anos tem sido:
Qualificação das equipes;
Definição de padrões de projeto;
Especificação técnica mais descritiva, formalizada, utilizando arquivos e linguagens;
padronizados, com relação às funcionalidades, requisitos e arquitetura de rede;
Melhoria no processo de testes de aceitação.
Considerando que nos próximos anos a implementação do nível de pátio (Process Level)
será uma realidade nas empresas no Brasil, será muito importante melhorar todo o processo
de implementação, iniciando pela especificação técnica.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
5.1 INTRODUÇÃO
“The industry’s experiences have demonstrated the need and the opportunity for developing standard
communication protocols, which would support interoperability of IEDs from different
manufacturers. Interoperability in this case is the ability to operate on the same network or
communication path sharing information and command.” (IEC 61850-1 p. 9).
“The objective of SAS standardization is to develop a communication standard that will meet
functional and performance requirements, while supporting future technological developments” (IEC
61850-1 p. 10).
A norma viria garantir a troca de informações entre IEDs através de objetos e serviços
comuns em ambientes de instalações de energia elétrica, independentes do protocolo de
comunicação utilizado:
“This standard specifies a set of abstract services and objects which may allow applications to be
written in a manner which is independent from a specific protocol” (IEC 61850-8-1 p. 14).
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
“The communication protocol standard, to the maximum possible extent, should make use of
existing standards and commonly accepted communication principle.” (IEC 61850-1 p. 18).
IEC 62351-6, Power systems management and associated information exchange – Data
and Communication Security – Part 6: Security for IEC 61850;
IEC 62439-3:2010, Industrial communication networks – High availability automation
networks – Part 3: Parallel Redundancy Protocol (PRP) and High availability Seamless
Redundancy (HSR);
IEEE C37.111:1999, IEEE Standard Common Format for Transient Data Exchange
(COMTRADE) for Power Systems;
IEEE 754:1985, IEEE Standard for Binary Floating-Point Arithmetic;
IEEE 802.1Q:1998, IEEE Standards for Local and Metropolitan Networks: Virtual Bridged
Local Area Networks (VLAN);
RFC 4330, Simple Network Time Protocol (SNTP) Version 4 for IPv4, IPv6 and OSI, IETF,
available at http://www.ietf.org.
A parte 5 da norma IEC 61850 define que as funções do sistema de automação são
logicamente alocadas em três níveis diferentes: Station, Bay/Unit e Process. O capítulo visa
criar funções existentes num sistema de automação de subestações e aplicá-las em
basicamente três níveis que são:
Process level Funções relacionadas aos equipamentos primários, sensores etc.,
ou seja, ligadas ao processo. Utilizam as interfaces (IFs) 4 e 5 do Bay/Unit level,
apresentadas na Figura 33;
Bay/Unit level Funções que utilizam dados do vão (bay) e interagem tanto
verticalmente com o processo (interfaces 4 e 5), quanto horizontalmente (interface 3).
De acordo com a norma, estariam fora do escopo caso as interfaces 4 e 5 cabeadas;
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Funções de um SAS são tarefas comumente executadas em uma subestação. Devem ser
baseadas em tarefas que visam operar, supervisionar, proteger e monitorar o sistema da
melhor maneira possível. Essas funções incluem também tarefas secundarias que visam
manter a saúde do sistema, como sincronização de tempo, supervisão de mensagens
GOOSE, etc.
“The power utility functions refer to tasks which have to be performed by the utility power
automation system. These are functions to operate, supervise, protect and monitor the
system to keep it running in the best way as possible and to guarantee the reliable and
economic power supply” (IEC 61850-5 p. 17).
“The functions of a substation automation system (SAS) refer to tasks which have to be
performed in the substation. These are functions to control, monitor and protect the
equipment of the substation and its feeders. In addition, there exist functions, which are
needed to maintain the SAS, i.e. for system configuration, communication management or
software management and, very important, for time synchronization” (IEC 61850-5 p. 18).
As funções atualmente mapeadas estão definidas no capítulo 5 da norma IEC 61850, com
descrição, sugestão de uso e categorizadas. Segue abaixo, como exemplo, a função
“XCBR” utilizada para disjuntores (IEC 61850-5 p. 49):
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Cada agrupamento de funções é representado por uma letra, indicador (IEC 61850-7 p. 18):
O intuito da norma não é limitar o uso das funções nem definir suas alocações dentro do
sistema:
“The communication standard must support the operation functions of the substation.
Therefore, the standard has to consider the operational requirements, but the purpose of the
standard is neither to standardize (nor limit in any way) the functions involved in substation
operation nor their allocation within the SAS” (IEC 61850-1 pg. 18).
A ideia é sugerir ao usuário utilizar as funções existentes e caso não encontre aquela que
melhor atenda (ou atenda parcialmente) aos fins desejados, estarão disponíveis as
instruções para criação de novas.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A alocação das funções é livre e deve ser realizada conforme a filosofia do projeto, os níveis
lógicos, a disponibilidade e capacidade dos dispositivos, assim como os requerimentos de
desempenho, custos e estado da arte em tecnologia.
“Despite of the similarity of logical and physical levels there is no unique way for mapping the
logical function structure to the physical device structure. The mapping is depending on
availability and performance requirements, cost constraints, the state of the art in technology,
etc. It is influenced also by the operation philosophy and the acceptance of the users i.e. of
the power utilities” (IEC 61850-7-4 p. 161).
Na Figura 37 abaixo temos as funções de proteção de sobrecorrente (PTOC) e distância
(PDIS) gerando uma condição de Trip (PTRC) do disjuntor (XCBR). Note que, no esquema à
esquerda, todas as funções estão concentradas no mesmo IED, mas no esquema à direita
as funções estão distribuídas em mais de um. Note também que, existe a possibilidade de
utilização tanto de redes de comunicação quanto de cabeamento metálico.
41
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Em nenhum momento a norma indica em quantos e em quais IEDs as funções devem ser
alocadas. Algumas funções sugeridas pela norma, como no caso da figura abaixo (IEC
61850-5 p. 20), dependem da implementação e demanda para que sejam padronizadas
definitivamente pela norma.
42
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A norma IEC 61850 é baseada no conceito de orientação a objetos, que por sua vez tem
conceitos fundamentais e elementos relacionados:
Conceitos fundamentais
Elementos
o Classe: tipo de dado que representa o que um objeto pode ter ou fazer;
o Objeto: instância de uma classe;
o Atributos: representam o estado do objeto;
o Métodos: representam os comportamentos e operações que o objeto pode
executar.
43
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Enquanto o capítulo 5 da norma IEC 61850 lista e descreve os grupos de funções, a parte 7-
4 detalha as funções mandatórias (M), opcionais (O) ou condicionais (C). No caso deste
Logical Node, o data object “Pos” é o único obrigatório e indica em seguida o seu tipo
através de uma classe de dados comum (Common Data Class).
44
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Esta classe de objetos é detalhada no capítulo 7-3. No caso deste exemplo, o grupo “DPC”
refere-se a classe de pontos do tipo “Duplos Controláveis”. Nele, encontramos funções para
fins como estados, substituição, configuração, descrição e comando.
Observações:
Server e Logical Device são combinados sem espaços (ex: IED001 e CTRL =
IED001CTRL)
Logical Node deve ser acrescido de prefixo e sufixo (index number) (ex: Q0CSWI1)
45
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A classe WYE tem “Sub data Objects”, ou seja, sub objetos, pois é necessário informar a
corrente de qual fase será representada. Esta subclasse, por sua vez, possui como atributo
a classe CMV, como pode ser visto na Figura 44.
46
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
O atributo “cVal” do tipo “Vector” fornece valores absolutos ou angulares, como pode ser
visto na Figura 46.
E finalmente o atributo tipo “Analogue value” com valores em inteiro ou floating, como pode
ser visto na Figura 47.
47
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Entretanto, temos subclasses diferentes para outras medições. No caso da potência total,
sua subclasse common data classe correspondente é “MV” (Measured Value).
IED001MEAS/Q1MMXU1.TotW.mag.f
E por último, tensão fase-fase com sua subclasse correspondente “DEL” (Phase to phase
related measured values of a three-phase system)
IED001MEAS/Q1MMXU1.PPV.phsAB.cVal.mag.f
Podemos concluir que os Logical Nodes criados para representar o SAS real reforçam a
ideia de “abstração”, e ao compartilhar suas classes, subclasses e atributos entre os
demais, reforçam também o conceito de “polimorfismo”.
Do ponto de vista da aplicação, os data atributes dos data objects são organizados de
acordo com seus usos específicos (ex. pontos digitais, analógicos, comandos, descrições,
etc.). Este tipo de agrupamento é chamado de “Functional Constraint”. A Figura 48
apresenta os valores de Funciontal Constraints definidos na parte 2 da norma IEC 61850.
“From an application point of view, the data attributes are classified according to their specific
use; for example, some attributes are used for controlling purposes, other attributes are used
for reporting and logging, configuration, others indicate measurements or setting groups, or
some identify the description of a specific data attribute.” IEC 61850-7-2 ed2 pg. 53.
48
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Este tipo de organização facilita a localização das informações para o Client, tanto para
exibição dos dados de maneira hierárquica quanto para mapeamento de datasets. A Figura
49 mostra a visão dos Functional Constraints em um software de configuração.
5.2.9 DataSets
DataSets são listas ordenadas de referências a Data Objects e/ou Data Attributes contidos
em um modelo de dados IEC 61850, ordenados de acordo com os requisitos e
conveniências da aplicação. Os elementos do dataset são chamados de “membros”, e a
ordem na qual são indexados é conhecida tanto pelo cliente quanto pelo servidor. Isto vem a
facilitar o reporte de dados do servidor para o cliente, uma vez que apenas os índices e
valores são transmitidos.
“A data-set is an ordered group of ObjectReferences of functional constraint DataObjects,
functional constraint SubDataObjects, functional constraint DataAttributes, and functional
constraint SubDataAttributes, in short of FCDs or FCDAs (see 12.3.3.2), organized as a
single collection for the convenience of the client.” IEC 61850-7-2 Ed2 pg. 61.
Os datasets podem ser do tipo:
Persistente: visível a todos os clientes e permanece sempre disponível. Pode ser
eliminado pelos clientes;
Não-Persistente: criado com fins temporários, sendo eliminado assim que o cliente
que o gerou é desconectado.
Datasets podem ser criados a partir de qualquer Logical Node, desde que sigam as sintaxes
apresentadas na Figura 50.
49
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A Figura 51 abaixo mostra dois datasets persistentes disponíveis em um servidor. Note que,
o primeiro (SIP7SJ85RApplication/LLN0$Data_demo) tem membros que fazem referência a
diferentes caminhos e não somente aos Data Objects contidos dentro do caminho
“SIP7SJ85RApplication/LLN0” (SIP7SJ85RCB1 e SIP7SJ85RDc1). Já o segundo
(SIP7SJ85RApplication/LLN0$DataSet) selecionou como membros somente Data Attributes
como “q” e “stVal”.
O significado de cada bit do Data Attribute “q” pode ser encontrada na tabela 33 do capítulo
8 da norma IEC 61850.
50
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Na figura acima, são considerados os tempos “ta” e “tc” para empilhar os dados nas filas de
comunicação mais o tempo “tb” referente à transferência da rede, o que inclui tempos de
espera, atrasos e retransmissões (derivadas de possíveis colisões e perdas) de dispositivos
de rede (descrito em IEC 61850-5 – edição 2.0 página 63).
Os deltas de tempo necessários para a execução das funções do SAS podem variar e
requererem diferentes tempos de transmissão. Isto dependerá da análise de desempenho
dos IEDs de acordo com o tamanho e complexidade do sistema. Neste caso, certas
implementações podem não ser adequadas a determinadas aplicações.
Enquanto as classes como Logical Nodes, Logical Devices, Data objects e Data attributes
fornecem as funções para o SAS baseado nas funções reais do sistema, a troca de
informações é definida através de categorias de serviços no capítulo 7-2 para execuções de
tarefas como:
Obter a autodescrição de um device;
Troca de informação rápida e confiável entre IEDs (trip ou bloqueio de funções);
Reporte de qualquer conjunto de informações (data atributes), sequência de eventos
(SOE do Inglês: Sequence of Events) cíclica ou disparada;
Registrar ou recuperar qualquer conjunto de dados (data atributes) cíclicos ou
eventos;
Substituição de valores;
Ajuste ou manuseio de grupos de ajustes;
Transmissão de valores amostrados (SV) por sensores;
Sincronizar o tempo;
Transferir arquivos;
Operar (controlar) dispositivos;
Configurar online.
51
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Pooling (GetDataValues)
O pooling é um dos métodos mais simples para transferência de dados verticalmente
(servidor-cliente). O cliente envia ao servidor uma solicitação de leitura de um objeto. Este
método é eficiente para aplicações cujos dados obtidos não necessitam de ação imediata da
operação (ex. leitura de ajustes de proteção), mas ele não é recomendado para envio de
dados para o SCADA devido ao tempo de varredura ser superior ao tempo de
atuação/normalização de eventos (ex. disparos).
Na Figura 54 abaixo temos como exemplo uma requisição para os status ($ST$) do objeto:
“BCP1700CTRL/ACTBCGGIO1.SPCO1”
A resposta enviada pelo servidor contém o valor (false), a sequência de bits referentes aos
qualificadores do ponto e sua estampa de tempo baseada no fuso horário central (UTC do
Inglês: Coordinated Universal Time).
52
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A designação dos RCB para cada cliente é informada nos arquivos SCL (Substation
Configuration Language). Entretanto, o cliente pode buscar dinamicamente o próximo RCB
fazendo-se a leitura do campo “RptEna” (onde 1 significa “ocupado”) e do campo
“ResvTms” para identificar se, apesar de disponível, é reservado para algum outro cliente.
Uma vez associado a um RCB, o campo “SqNum” indicará quantos telegramas já foram
enviados e se houver alguma mudança (adição/remoção/ordenamento) do DataSet, será
acrescida ao campo “ConfRev”. O campo buffer time (“BufTm”) pode reduzir a quantidade
de envio de mensagens a enviar por agregar múltiplos eventos durante um certo delta
temporal (em ms).
A tabela 4 da parte IEC 61850-7-1 edição 2.0 (apresentada na Figura 56) compara os
métodos mais típicos para referência, mas esclarece que não é possível para um único
método endereçar todos os casos (diferentes requisitos).
53
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Devido a aplicar a camada TCP/IP, as mensagens GOOSE são transmitidas pelo IED
“Publisher” através de telegramas multicast (camada 2) constantemente na frequência
“Tmax”. Na primeira ocorrência de algum evento gerado por um dos membros de sua lista
(Dataset), a frequência é alterada imediatamente para “Tmin” sendo duplicada a cada envio
consecutivo até alcançar Tmax novamente e assim permanecer até a ocorrência do próximo
evento.
Apesar do telegrama multicast ser recebido por todos os IEDs dentro do mesmo domínio de
broadcast, apenas aquele que tem interesse, o “Subscriber”, processará o telegrama. Ele
manterá a informação como válida para as funções internas desde que o tempo de
recebimento não ultrapasse a marca do “time allowed to live” (tempo máximo de vida,
geralmente configurado como 1,5 x Tmax). A Figura 58 ilustra esse mecanismo.
54
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
56
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
O método de filtragem pelo subscriber é similar ao GOOSE Control Block, iniciando-se pelo
MAC address e application ID. Como o objetivo é a recomposição das medições pela(s)
unidade(s) remota(s), a frequência constante de recebimento é mais importante do que a
validação do telegrama em si.
57
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
O padrão Ethernet (IEEE 802.3 IEEE Standard for Ethernet) utiliza o protocolo Carrier Sense
Multiple Access with Collision Detection (CSMA/CD) para a gerência de acesso ao meio e
divide os dados em pequenos pacotes para envio através de camadas com funções
específicas, baseadas no modelo ISO-OSI de comunicação. Estas camadas incluem o tipo
de meio físico e conectores, o enquadramento dos dados, transporte, endereçamento e
aplicação. Desde o surgimento em meados da década de 1980, ele acompanhou a evolução
tecnológica e é o padrão comercial mais utilizado desde a década de 1990 até a atualidade.
A norma IEC 61850 precisava confiar em algum padrão sólido e amplamente aceito no
mercado para que os esforços fossem concentrados no aprimoramento dos objetos e
serviços do sistema:
“This standard specifies a set of abstract services and objects which may allow applications
to be written in a manner which is independent from a specific protocol.”
58
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Topologia é o layout lógico adotado pela rede para o fluxo de dados. Os mais comuns
adotados em ambientes de subestação são barramento, estrela e anel. A escolha
dependerá de fatores como velocidade, custo, confiabilidade e principalmente
disponibilidade em se tratando de sistemas de infraestruturas críticas.
A rede deve ser gerenciada e monitorada para evitar problemas de Broadcast Storm ou
looping de pacotes que são retransmitidos infinitamente até consumir todo o processamento
dos switches e, consequentemente, indisponibilizar todos os recursos da rede.
59
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Os IEDs trocam telegramas chamados “BPDUs” (Bridge Protocol Data Unit) para a eleição
do “Root” da rede. O dispositivo eleito será o de menor valor de “Bridge Priority” e, em caso
de empate, o menor valor de “MAC address” deve ser considerado. A partir do momento que
o elemento “Root” é eleito, iniciam-se os cálculos para eliminação dos caminhos menos
eficientes, ou seja, os caminhos de maior custo.
Observa-se na Figura 67 que o segmento em vermelho é diferente dos demais por ser um
segmento de 100 Mbit/s, sendo os demais de 1 Gbit/s. Saindo do primeiro elemento “Root”
até o último elemento da rede, temos do lado direito um custo de 40.000 (20.000 + 20.000) e
do lado esquerdo um custo de 220.000 (20.000 + 200.000). Logo, o segmento mais custoso
será interrompido virtualmente para que não haja fluxo de telegramas por este caminho e
consequentemente pacotes não circulem duplicadamente.
60
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
As duas LANs são independentes e não devem ser conectadas em hipótese alguma. Elas
podem inclusive ter topologias distintas (exemplo: estrela e anel RSTP). A Figura 68 ilustra o
funcionamento do PRP.
É possível que dispositivos Single Attached Network (SAN), sem suporte a PRP como
laptops ou impressoras, sejam ligados somente a uma das LANs. Entretanto, dispositivos
SAN pertencentes a LAN_A não podem se comunicar com dispositivos SAN pertencentes a
LAN_B e vice-versa. Switches também são considerados dispositivos SAN. Esta
compatibilidade existe porque os switches podem ignorar (truncar) os bits de controle do
PRP, chamado Redundancy Check Trailer (RCT), localizado no final do telegrama. A Figura
69 apresenta o frame com os bits de controle do PRP.
É possível conectar dispositivos SAN nas duas LANs através de um dispositivo intermediário
denominado “RedBox”. Esse dispositivo gerenciará as idas e vindas de frames Ethernet e
transformará o SAN em um Virtual DAN - Double Attached Node (VDAN).
O PRP traz uma desvantagem financeira já que tanto os nós da rede como a infraestrutura
de interligação (cabos elétricos ou fibras ópticas) devem ser duplicados.
61
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Dispositivos SAN sem compatibilidade com HSR não podem participar do anel de
comunicação sem dispositivos Redbox, pois a etiqueta do HSR é utilizada antes da camada
de aplicação.
62
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Dispositivos do tipo “QuadBox” conectam dois anéis HSR. Eles gerenciam os pacotes de um
anel para outro, evitando a circulação desnecessária de cópias. Geralmente utilizam-se dois
dispositivos do tipo QuadBox adjacentes para evitar que um único ponto de falha torne a
redundância indisponível, como ilustrado na Figura 72.
A combinação das soluções PRP e HSR é possível com a utilização de RedBox. Para evitar
a re-injeção de pacotes, cada mensagem HSR carrega a informação de Lan ID (A=0, B=1) e
Net ID (1 a 7), formando a etiqueta de 4-bits do PathID. Sendo assim, até 7 redes PRP
podem ser conectadas ao anel HSR. A Figura 73 apresenta um exemplo de uso do PRP
combinado com o HSR.
63
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
6.1 DOCUMENTAÇÃO
A parte IEC 61850-6 especifica a linguagem a ser utilizada em subestações para descrever
as configurações do IED e os sistemas de comunicação. Essa linguagem é chamada de
System Configuration description Language (SCL) e tem as seguintes características:
Utilizar esquema XML (versão 1.0 na edição 1.0 e versão 2.3 na edição 2.0 da parte
IEC 61850-6);
Possuir mais de um tipo de arquivo;
Necessitar de ferramentas para criar/editar/extrair dados dos arquivos SCL que vão
depender da etapa e/ou usuário do projeto.
64
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Faz parte do SCL um conjunto de arquivos divididos de acordo com suas funcionalidades e
as ferramentas de engenharia são desenvolvidas para ler e/ou editá-los. Como vimos no
capítulo 3 os arquivos são:
IED Capability Description (ICD): descreve as capacidades de um único IED, ou
seja, aquilo que está disponível nele. É obrigatório que possua o data type template
com as definições dos tipos de nós lógicos do IED;
Configured IED Description (CID): descreve as partes relacionadas a comunicação
de um IED instanciado em projeto. Esse arquivo contém as informações que o IED
irá disponibilizar na rede;
System Specification Description (SSD): descreve o sistema incluindo o diagrama
unifilar e as funções relacionadas a cada IED;
Substation Configuration Description (SCD): descreve a configuração de toda a
subestação. Contém os IEDs com as configurações do fluxo de dados, seção de
subestação e seção de comunicação, ou seja, contém as fontes dos dados e seus
destinos, seja na comunicação entre IEDs ou entre IED e sistema de supervisão e
controle;
Instantiated IED Description (IID): arquivo incluído a partir da edição 2.0 da norma
IEC 61850. Ele e utilizado para troca de dados de apenas um IED pré-configurado
entre o configurador do IED e o configurador do sistema. Por exemplo, para incluir
um arquivo com instância pré-configurada ou alterações de parâmetros ou modelo
de dados de um IED previamente instanciado. Não substitui todo o IED do projeto
como no caso de utilizar o CID;
System Exchange Description (SED): arquivo incluído a partir da edição 2.0 da
norma IEC 61850. Ele descreve as interfaces de um projeto que será utilizado em
outro projeto. É um subconjunto de um arquivo SCD utilizado para troca de dados
entre configuradores de sistema diferentes.
65
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
6.3 PROJETOS
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Para uma subestação aderente à norma IEC 61850 esse mesmo projeto teria as
nomenclaturas alteradas, por exemplo, 52 para XCBR, 89 para XSWI, 21 para PDIS ou a
utilização das duas nomenclaturas.
O projeto funcional que contempla as entradas e saídas dos IEDs em instalações
convencionais que são exclusivamente físicos e por isso suas representações seguem o
padrão mostrado na Figura 77 a seguir.
67
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Em um projeto IEC6 1850 essa representação passa a não ser a melhor para as conexões
por mensagens de rede. Por exemplo, o ponto físico representando a chave 789P1,
apresentada no desenho como o contado normalmente fechado conectado nos pontos 30 e
31 da régua de borne X1, passaria a ser uma conexão realizada por mensagem de rede,
representado, por exemplo:
IED_LT$CFG$LLN0$GPub01$PRO$X89AXSWI5$Pos$stVal.
A criação de variáveis com nome simplificado, como realizado no projeto lógico, pode ser
uma solução para a visualização das variáveis de comunicação dentro do projeto funcional.
Nesse caso seria necessário um dicionário para correlacionar as nomenclaturas.
A Figura 78 ilustra um exemplo simples e hipotético de documentação contendo o nome do
IED (IED name), endereço IP, MAC address da porta física, número de portas e o tipo de
conector. Para o switch é apresentado o tag do equipamento, a porta de conexão do
respectivo IED e as VLAN’s a serem atribuídas para permitir a segregação das mensagens
GOOSE.
68
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Por fim, a lista de IEDs da Figura 80 exibe outro exemplo de documentação contendo a lista
de dispositivos que publicam e assinam as mensagens GOOSE na rede de comunicação
das subestações.
69
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Durante as etapas do projeto, como TAF, podem ser encontradas inconsistências que
geram alterações no projeto emitido. Como vários documentos do projeto são inter-
relacionados, essas alterações são realizadas em mais de uma ferramenta de engenharia,
necessitando de alterações manuais que podem inserir erro de execução.
Para minimizar as falhas e atrasos causados pela alteração manual em documentos do SAS
deve-se utilizar software que permitam a automatização da documentação.
Um processo automatizado eficiente exige que haja garantia de consistência das
informações contidas em todos os sistemas envolvidos no projeto. Para isso é necessário
que:
a) A documentação necessária para o SAS seja bem conhecida;
b) Os itens necessários para consistir diferentes projetos sejam definidos claramente.
Dúvidas sobre quais informações serão enviadas de uma ferramenta para outra não
podem existir;
c) Sejam bem definidas as regras e critérios para trocas de informações entre
ferramentas de engenharia. Exemplos de informações que exigem conhecimento
prévio são: o número máximo de caracteres para nomear ou povoar uma variável, se
são permitidas variáveis iniciadas com número e quais caracteres especiais são
permitidos utilizar;
d) A permissão de quem pode editar, criar ou visualizar cada projeto sejam bem
definidas;
e) Projetos não fiquem com situação “em revisão” por muito tempo. Através de um fluxo
automático os responsáveis devem receber avisos das necessidades de interação
com o sistema e os prazos estabelecidos para o término das tarefas.
Apesar das soluções IEC 61850 estarem estabelecidas no Brasil como padrão na maioria
das empresas de energia elétrica, a documentação ainda não se adaptou aos novos
requisitos e recursos da norma. Ainda é comum representar as funcionalidades com
desenhos elaborados manualmente, sem explorar as facilidades da norma o que torna
menos eficiente o processo de implantação e de atualização de documentos.
A mudança não passa apenas por utilizar ferramentas de software e documentar de maneira
mais adequada, mas alterar processos, organização interna e perfil profissional. Significa
compreender o impacto da aplicação da norma IEC 61850 no processo de implantação do
sistema de proteção, automação e controle incluindo a casa de controle e os equipamentos
primários no pátio da subestação.
A consequência em muitas empresas é que a aplicação destes sistemas tornou mais
complexa o acesso e a compreensão das equipes de projeto, manutenção e operação para
avaliar o desempenho, realizar intervenções e planejar ampliações no sistema. Se não se
utilizar as vantagens tecnológicas da solução, perde-se o motivo de sua aplicação.
Naturalmente, no início (primeiros projetos) o esforço será maior e as vantagens virão com a
experiência e serão mais evidentes no ciclo de vida do SAS.
Esta mudança ainda está em andamento nas empresas no Brasil. Avançou-se em alguns
aspectos com uma melhor documentação de mensagens GOOSE, VLANs, lista de sinais.
70
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
71
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
7.1 INTRODUÇÃO
O sistema elétrico de potência precisa, dada a sua natureza, manter elevadíssimos padrões
de continuidade de serviço, bem como ter a sua indisponibilidade minimizada quando
condições inadmissíveis de operação ocorrem. Essas condições são geradas por fatores
como eventos naturais, acidentes, falhas em equipamentos, erros humanos e na prática são
impossíveis de serem evitadas por completo. O PAC System, em especial o esquemas de
proteção, carregam uma grande parcela de responsabilidade na manutenção desses
padrões de continuidade do sistema elétrico de potência, ao identificar e tomar as ações
necessárias, com o menor impacto sistêmico possível, durante as condições inadmissíveis
de operação.
Dada a importância do esquema de proteção para o sistema elétrico de potência, esse
necessita ser projetado considerando os seguintes aspectos:
72
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Ao se avaliar o emprego de novas tecnologias, métodos, filosofias etc. é essencial que seja
verificado se esses aspectos são atendidos em patamares aceitáveis pelos critérios da
empresa de energia, bem como pelos órgãos de regulação e controle do sistema elétrico de
potência. Além disso, deve-se determinar se existe ganho ou prejuízo em cada um desses
aspectos com relação à situação anterior, avaliando então se a mudança é positiva ao não.
73
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
IED 1
F1
74
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IED1 Partida
Temp.
GOOSE IN – IED2 Partida
E SAÍDA DIGITAL – Disparo
GOOSE IN – IED3 Partida OU
GOOSE IN – IED4 Partida GOOSE OUT – Disparo
75
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Reversa
IED 1 IED 2
Direta
IED
Proteção
Barramento
F1
IEDs Módulos
76
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A lógica se baseia no fato de quando existe uma falta interna ao barramento, as correntes
fluem em direção à barra. Porém, quando ocorre uma falta externa o fluxo vai em direção a
barra em todos os circuitos, exceto onde ocorre a falta.
Os sinais de partida e de direcionalidade direta dos IEDs dos módulos podem ser obtidos de
um mesmo Logical Node, por exemplo, PDIS ou PTOC, utilizando o Data Object adequado
para cada sinal ou, dependendo da necessidade da aplicação, podem ser utilizados dois
Logical Nodes distintos. A temporização apresentada é fundamental para se manter a
coordenação e seletividade desse esquema e deve ser ajustada considerando o
desempenho do sistema bem como uma margem de segurança.
O exemplo de aplicação mostrada acima pode ser adaptado para outros arranjos de
barramento, inclusive naqueles que possuem mais de um barramento e módulo de
transferência, mantendo seletividade no disparo.
A ausência de alguma mensagem GOOSE pode levar o esquema de comparação direcional
a não operar de maneira satisfatória. As possibilidades de solução são as mesmas
apontadas para o esquema de bloqueio, com exceção que no caso de se optar pela
habilitação de alguma unidade instantânea, seja uma distância ou sobrecorrente com
direcionalidade reversa, essa habilitação deve ser realizada nos IEDs de todos os módulos.
77
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
IED SW
Proteção Barramento
Barramento de Processo
As Merging Units (MUs), que são as UPs nesse caso, recebem a informação do estado dos
componentes, normalmente chaves seccionadoras, utilizada para determinar o arranjo atual
dos barramentos, ou seja, quais módulos estão conectados em cada barramento ou
segmento de barramento. Elas também fazem a medição de corrente do respectivo módulo,
que será convertida em Sampled Values. Além disso, as Merging Units recebem os
eventuais comandos de disparo da função diferencial de barramento para proceder com a
abertura do respectivo disjuntor. Todo esse tráfego de informação ocorre no Process Level.
Todos os requisitos de comunicação, rede e sincronismo de tempo, apresentados no
Capítulo 4 devem ser observados, sob pena de mau funcionamento da função diferencial.
A Unidade Central executa todos os algoritmos de proteção (diferencial, zona de supervisão,
TC aberto, detecção de falta externa, detecção de saturação etc.) e toma a decisão pelo
disparo e gera a mensagem GOOSE de intertrip para as Unidades Periféricas, que no caso
são as próprias Merging Units que comandarão a abertura dos respectivos disjuntores.
A função falha de disjuntor (breaker failure – BF) fornece retaguarda local aos sistemas de
proteção no caso em que um disjuntor seja chamado a operar, ou seja, receba um sinal de
disparo de alguma função de proteção, e por algum motivo não consiga executar a abertura
dos seus polos. A atuação da função falha de disjuntor normalmente promove inicialmente
um redisparo no disjuntor monitorado (Retrip) e posteriormente, caso as condições se
mantenham, o comando de disparo em todos os disjuntores adjacentes a esse, inclusive
com a transmissão de transferência de disparo para o terminal remoto em caso de linhas de
transmissão.
A função de falha de disjuntor (RBRF) pode ser alocada nos IEDs da proteção dos
componentes, no IED da proteção de barramento, em IED exclusivo para este fim ou na
própria Merging Unit. A escolha do local onde será alocada essa função deve levar em conta
também como os sinais de disparo serão enviados aos disjuntores adjacentes, bem como o
processo de evolução da subestação. Como nessa função existe uma interação entre vários
módulos, algumas soluções podem levar à necessidade de reconfiguração e
recomissionamento quando da alteração da subestação, notadamente nos casos de
inclusão de novos módulos.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
S1PDIF1
.Op
S1PTRC1
.Tr
.OpEx
.Tr .Tr .Tr
M1PTRC1 F1Q1RBRF1 M2PTRC1 F2Q1RBRF1 M3PTRC1 F3Q1RBRF1
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Fazendo a mesma consideração sobre a adição de um novo módulo, neste caso todos os
IEDs devem ser reconfigurados e testados. Também nesse caso aqui é possível contornar o
problema pré-configurando os IEDs com todos os possíveis módulos futuros da subestação.
Os Sistemas Especiais de Proteção – SEP são aplicados com o objetivo de evitar violações,
acima dos limites de suportabilidade de curta duração dos equipamentos, ou instabilidades
no sistema. Suas ações são planejadas previamente e implementadas de forma que as
contingências previstas não provoquem um aumento na área de abrangência da
perturbação.
Existem ainda no Sistema Interligado Nacional os Esquemas de Controle de Emergência –
ECE, que são esquemas especiais que visam automatizar as ações dos operadores. Estes
esquemas podem ter ações semelhantes as dos SEP, porém os objetivos e níveis de
ajustes são diferentes. Enquanto o SEP tem ação de proteção, o ECE tem ação de controle.
80
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
7.4 TELEPROTEÇÃO
82
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Um sistema de teleproteção pode ser configurado para funcionar sobre canais analógicos
tipicamente sendo capaz de transmitir e receber até quatro comandos combinados (tom
único) ou independente (dual tone) de teleproteção, ou até trinta e dois comandos
codificados (duplo tom).
Um sistema de teleproteção configurado para funcionar em canais digitais tipicamente
permite a transmissão bidirecional de até oito comandos de teleproteção usando linhas
digitais com interface elétrica ou óptica. A interface elétrica pode ser de 2 Mbit/s ou 64 kbit/s
de acordo com a Recomendação G.703 do ITU-T, bem como 64 kbit/s, 56 kbit/s ou 32 kbit/s
de acordo com as recomendações V.11 / X.21 e V.35 do ITU-T. A interface óptica dos
terminais de teleproteção em geral funciona a uma velocidade de 64 kbit/s ou de acordo
com o padrão C37.94 (2 Mbit/s frame).
Os sistemas de teleproteção devem atender às normas IEC 60834-1 e IEC 6100-6-5 e às
normas ANSI C37.90.1 e ANSI C37.90.2.
A Norma IEC 60834-1 define os seguintes parâmetros básicos de desempenho:
Confiabilidade: a capacidade de fornecer informações de teleproteção no final do
recebimento, apesar da presença de degradações do canal de comunicação;
Segurança: a capacidade do receptor de rejeitar uma falsa informação de
teleproteção que foi provocada pelas degradações do canal de comunicação.
Tipos de esquemas:
Transferência Direta de Trip por Subalcance (Direct Underreaching Transferred
Tripping) – DUTT;
Transferência de Trip Permissivo por Subalcance (Permissive Underreaching
Transferred Tripping) – PUTT;
Transferência de Trip Permissivo por Sobrealcance (Permissive Overreaching
Transferred Tripping) – POTT;
Transferência de Trip Direto (Direct Transferred Tripping) – TDD.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A Norma IEC 61850 apresenta a proposta de Nós Lógicos para todas as funções de
proteção. Para o Esquema de teleproteção o nome do Nó Lógico é: PSCH.
Este Nó Lógico deve ser usado para modelar o esquema lógico para coordenação da função
de proteção de linha. O esquema de proteção permite a troca das saídas “Operate" de
diferentes funções e condições de proteção para esquemas de proteção de linha.
A Norma IEC 61850 apresenta a proposta de Nós Lógicos para todas as funções de
proteção. Para o Esquema de teleproteção o nome do Nó Lógico é: PSCH.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Conforme a Norma IEC 61850 estabelece, os Nós Lógicos PSCH e PTRC são utilizados em
aplicações em Esquemas de teleproteção. O Nó Lógico PSCH é usado para modelar
esquemas típicos em IEDs multifuncionais para proteção de linha. Os dados fornecidos
permitem seu uso para modelagem de diferentes comunicações baseadas em esquemas de
aceleração para proteção de linhas de transmissão.
O PSCH pode trocar dados com muitos Nós Lógicos (PDIS, PTOC,..., ou até mesmo outros
PSCH). Todos esses Nós Lógicos podem estar localizados em diferentes Dispositivos
Lógicos e Dispositivos Físicos (IEDs). O Nó Lógico PTRC é usado para agrupar vários sinais
de disparo e aplicá-los em uma única condição de disparo. O exemplo na Figura 95,
diagrama extraído da Norma IEC 61850, ilustra um esquema de proteção de linha que
consiste em funções para Proteção de distância (três instâncias para três zonas) com
teleproteção (PDIS + PSCH), para Proteção por comparação direcional de faltas à terra
(PTOC2) e para proteção sobrecorrente (PTOC1) em ambas as extremidades da linha.
85
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Os dois terminais de teleproteção se comunicam através de uma rede PDH que eles
acessam por meio de um canal de 64 kbit/s. O sistema de teleproteção da subestação A
está conectado à rede corporativa da concessionária de energia elétrica, para que os
usuários autorizados possam acessá-lo a partir de qualquer ponto da rede.
O equipamento de teleproteção da subestação A possui módulos de interface para IEDs de
proteção compatíveis com o padrão IEC 61850 e, relés não compatíveis. A proteção da
subestação B não é compatível com a norma IEC 61850. Considera-se que quatro
comandos são transmitidos entre os terminais de teleproteção, embora o número de
comandos possa ser de até oito.
O exemplo da Figura 98 mostra como um sistema de teleproteção pode ser equipado com
duas interfaces de comunicação, de modo que ele tenha um canal de backup que possa
evitar qualquer possível falha do canal principal.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Como pode ser visto, a subestação A não está preparada para funcionar de acordo com o
padrão IEC 61850, enquanto a subestação B está capacitada.
A Teleproteção em um ambiente onde o canal de comunicação seja baseado em um
sistema de comutação de circuito SDH funciona através de um quadro E1. Quando a
mensagem de teleproteção é otimizada para obter tempos de transmissão adequados para
o canal de comunicação e para os requisitos da norma IEC 60834-1. Essa otimização
permite que os comandos da proteção de distância cheguem ao lado remoto com tempo
suficiente para o sistema de proteção atuar nos tempos necessários.
O vasto crescimento da Internet fez com que o Protocolo de Internet (IP) se tornasse a base
das redes de telecomunicações atuais. Dessa forma, as empresas de energia tendem a
substituir as interfaces analógicas e digitais tradicionais por interfaces padrão tipo Ethernet
ou IP, com o objetivo de usar uma única rede para transportar todos os tipos de
informações, incluindo, entre outros serviços, teleproteção, um dos serviços mais
importantes em redes de transmissão de energia.
Um dos desafios na adaptação da teleproteção aos novos canais de comunicação é manter
a confiabilidade dos equipamentos de proteção no novo sistema de comunicação. Ao mudar
de um sistema de comutação de circuito SDH para um sistema de comutação de pacotes
MPLS-TP, é necessário adaptar os quadros de comunicação do equipamento ao novo
ambiente, a fim de manter os tempos de transmissão necessários para as proteções e
continuar cumprindo a norma IEC 60834-1 no que diz respeito à segurança e confiabilidade.
Muitos fabricantes vêm adequando os seus equipamentos de teleproteção a esta nova
realidade adicionando um novo módulo de comunicação que permite acesso ao nó de
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Como explicitado nos capítulos anteriores, atualmente os agentes no Brasil estão utilizando
muito mais os protocolos descritos na norma do que as filosofias e fundamentos baseados
nela. Com isto, muitos RDP em funcionamento já registram canais digitais através do
protocolo GOOSE, provenientes de pontos de atuação (TRIP) publicados pelos IEDs de
proteção, entretanto ainda utilizam canais analógicos cablados. Podem-se citar as seguintes
características dos sistemas atuais:
Projeto de interligação mais simples;
Conversão A/D (corrente e/ou tensão) realizada pelo RDP;
Limitação devido a capacidade de processamento do RDP;
Facilidade de expansão e adequação de novos pontos digitais (GOOSE);
Equipamentos mais compactos, porém mantendo canais analógicos físicos e alguns
canais digitais físicos.
Como exemplificado anteriormente o uso do RDP nos sistemas atuais tem como base sua
independência em relação ao IED de proteção, ou seja, os registros oscilográficos são
formados a partir do conversor A/D do próprio RDP. Entretanto, em uma arquitetura
utilizando Merging Unit (MU) a conversão A/D deixa de ser interna aos IED de proteção e ao
RDP e passa exclusivamente a ser realizada pelo conversor A/D da Merging Unit.
A seguir vai se detalhar algumas arquiteturas possíveis de implementação do RDP em
sistemas baseados na IEC 61850 com Merging Unit.
Conforme se pode verificar na Figura 100 a seguir, cada Bay possui um RDP específico.
Essa arquitetura pode ser utilizada quando se possui anéis HSR individuais para cada bay.
Nesta arquitetura o RDP recebe as informações analógicas via Sampled Values (SV) e
digitais via GOOSE. Entretanto, como a conversão A/D é realizada pela Merging Unit, as
informações analógicas via SV que chegam no RDP são as mesmas do IED de proteção.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Barramento de Estação
Bay 1 Bay 2
Barramento de Processo
Nível de Processo MU MU
MU Pátio MU
Conforme se pode verificar na Figura 101 abaixo, um RDP pode ser utilizado por mais de
um vão (bay). Nesta arquitetura o RDP recebe as informações analógicas via Sampled
Values (SV) e digitais via GOOSE de todos os bays envolvidos. Assim como a arquitetura
anterior a conversão A/D é realizada pela Merging Unit, as informações analógicas via SV
que chegam no RDP são as mesmas do IED de proteção.
Barramento de Estação
Bay 1 Bay 2
Barramento de Processo
Nível de Processo MU MU
MU Pátio MU
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Conforme se pode verificar na Figura 102 a seguir, o RDP está instalado no pátio. Nesta
arquitetura o RDP recebe as informações analógicas físicas e informações digitais via
GOOSE e/ou físicas. A conversão A/D é realizada pelo próprio RDP garantindo a
individualidade em relação aos sistemas de proteção. Outra característica importante dessa
arquitetura é que ela permite a localização de faltas por ondas viajantes e as taxas de
amostragem das oscilografias não estão associadas às MUs. Essa arquitetura não poderá
ser utilizada quando na existência de TP e TC óptico na subestação.
O RDP além de desempenhar o papel de “auditor” da proteção pode também realizar o
papel de “auditor” da própria Merging Unit nos momentos de perturbação do sistema.
Possuindo a capacidade de monitoração ativa dos “watchdogs” das MUs (binária de saída
por falha interna) reportando diretamente para o sistema supervisório via MMS.
Barramento de Estação
Bay 1 Bay 2
Barramento de Processo
Pátio
Nível de Processo MU MU
MU RDP MU
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Com a digitalização total das subestações é provável que novas tecnologias e novos
conceitos surjam para colaborar nas análises de perturbações e na confecção de registros
oscilográficos. Devido a todos os dados das grandezas analógicas e digitais estarem
circulando pelas redes de comunicação, uma monitoração ativa nessa rede de comunicação
durante as perturbações se tornará cada vez mais importante. O papel do registrador não
ficará mais restrito ao sistema elétrico, pois terá de registrar os acontecimentos da própria
rede de comunicação durante a perturbação.
Com o avanço dos sistemas de armazenamento, o registrador poderá guardar ao longo do
dia todas as informações que estão circulando pela rede de comunicação de uma
subestação. Estas informações poderão ser armazenadas e consultadas com a finalidade
de entendimento de perturbações na própria subestação ou até em subestações próximas,
trazendo para a engenharia elétrica conceitos como Big Data e mineração de dados. Essa
extraordinária quantidade de dados pode auxiliar nos estudos de curto-circuito, estabilidade
sistêmica, arquitetura de equipamentos entre outros.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Com a evolução das subestações aplicando tecnologia digital, com dispositivos eletrônicos
inteligentes na sala de controle e no pátio da subestação, conectados numa rede ethernet e
utilizando sistemas de comunicação para aquisição de dados e aplicação de funções, um
aspecto novo e fundamental é garantir a segurança cibernética.
Numa solução IEC 61850 ela é muito importante porque toda a infraestrutura de
comunicação adota uma solução padronizada, portanto conhecida e que deve ser protegida
para garantir a confidencialidade, integridade e, principalmente a disponibilidade dos dados
e dos fluxos de informações, de acordo com as metas de proteção definidas em ISO/IEC
27000 (CIA Triangle).
Apesar dos requisitos e mecanismos de segurança na rede industrial ser similar a uma rede
aplicada tradicionalmente pela Tecnologia da Informação – TI, existem diferenças
importantes, porque a premissa dos IACS - Industrial Automation and Control Systems é que
foram concebidos para atender requisitos de escalabilidade, desempenho, eficiência,
interoperabilidade, redundância e, principalmente, disponibilidade, e normalmente sem
preocupação inicial com segurança cibernética, mas com foco em ciclos de vida longos sem
interrupção. Estes requisitos, portanto, não podem ser impactados pelos mecanismos de
proteção.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A aplicação intensa de uma solução digital, baseada em dispositivos eletrônicos numa rede
ethernet, com serviços, funcionalidades e protocolos padronizados permite agregar grandes
vantagens de flexibilidade, interoperabilidade, monitoramento e acesso.
Por outro lado, o sistema de proteção, automação e controle fica mais vulnerável, o que
pode levar a sérias consequências para o sistema de potência. Isto acontece porque a
infraestrutura está mais exposta e uma configuração incorreta ou uma fragilidade no sistema
permite que incidentes cibernéticos ou ataques direcionados sejam efetuados,
comprometendo a confidencialidade, a integridade ou a disponibilidade do sistema.
Um grande desafio é que normalmente em dispositivos utilizados nos sistemas de
automação e proteção são aplicadas poucas atualizações. Os motivos disso são
principalmente:
Garantir a disponibilidade sem interrupção dos serviços;
Complexidade em testes de validação, já que atualizações de firmware são tratadas
como um novo produto tendo que passar por todos os níveis de testes, laboratório e
campo gerando custos, riscos e indisponibilidade;
Limitações de hardware e versões de produto que não suportam atualizações
tecnológicas mais recentes.
Por isso é comum termos sistemas legados, que atingiram o limite de sua atualização
tecnológica. Isto aumenta a vulnerabilidade e facilita as ações de quem quer invadir
sistemas. O grupo de trabalho WG B5.38 do CIGRE definiu o adversário como muitas
pessoas (não um único hacker) com um conhecimento abrangente das funções críticas de
proteção e automação de missão crítica, que são o objeto do ataque. O conhecimento
técnico necessário para realizar um ataque e atingir um sistema crítico de energia está
ficando cada vez menor. Por isso, sabe-se que com um patrocinador que financie o ataque e
com a paciência suficiente para treinar e ensaiar adequadamente todos os elementos do
ataque durante o tempo necessário é cada vez mais difícil proteger toda esta infraestrutura
crítica e seus dispositivos.
A Figura 104 mostra a evolução de algumas ferramentas, utilizadas por profissionais de
segurança e também por atacantes, que reduzem significativamente o nível de
conhecimento necessário para elaborar e efetuar um ataque cibernético.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Como um sistema IEC 61850 é baseado nos protocolos TCP/IP Ethernet aplicada em
grande escala, está sujeito às mesmas ameaças que qualquer outro sistema de controle
distribuído do setor com base nesses protocolos. Alguns exemplos são:
• Ataques de negação de serviço (DoS), por exemplo, pelo uso de pacotes
fragmentados disparados em larga escala em direção ao alvo;
• Ataques de verificação geralmente consistindo em um host que testa a
acessibilidade de todos os endereços IP em uma LAN procurando oportunidades de
acesso backdoor;
• Sessões incompletas, como ataques TCP SYN Flooding, que tentam saturar os
hosts atacados (recusa de serviço);
• Sobrecargas de interface;
• Falsificação de IP, em que um pacote usa um endereço IP de origem incorreto para
ocultar sua verdadeira fonte;
• Exploração de pilha de protocolos (falhas de implementação da IEC 61850) -
necessário patch para correção.
As ameaças podem ser consideradas com relação a duas origens: riscos internos e
externos.
As ameaças internas são muito preocupantes, pois significa ter alguém que conhece com
detalhe, não apenas como o sistema de proteção e automação funciona, mas também os
pontos de acesso mais vulneráveis que permitem vetores de ataque. Por isso a proteção
deve começar internamente, olhando para incidentes que podem ser causados, por
exemplo, por funcionários (ou ex-funcionários) insatisfeitos, chamados insiders, que tem
acesso à rede da empresa, ou por falhas humanas e erros de configuração e operação,
causados principalmente por excesso de privilégios e/ou acessos inadequados (bastante
frequente). Incidentes cibernéticos nem sempre são causados por ataques direcionados e
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
98
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Mas existem outras referências importantes que devem ser consideradas que dependem do
papel no sistema: vendedor, integrador, operador e das etapas do processo: orientação,
requisitos e implementação. A Figura 108 apresenta uma visão geral neste sentido.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Uma das principais normas a considerar é a IEC 62443, padrão internacional criada pela
ISA - International Society of Automation que consiste em uma série de normas, relatórios
técnicos e informações relacionadas que definem procedimentos para aplicar os IACS -
Industrial Automation and Control Systems que devem ser eletronicamente seguros.
Ela cobre de forma abrangente todos os aspectos de segurança industrial, conforme vemos
na próxima figura.
100
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
O princípio básico é não confiar numa única medida de segurança para evitar invasões.
Desta maneira deve se construir várias camadas de proteção, sendo que cada uma suporta
as demais camadas. Desta maneira aumentamos a segurança do sistema, e se ocorrer a
invasão numa camada dificultamos o avanço e ganhamos tempo para detectar a ameaça e
tomar ações de proteção para reagir a tempo.
A aplicação de uma solução digital IEC 61850 segura depende de incorporar ao projeto os
conceitos necessários e as estratégias para aplicar uma arquitetura segura e princípios para
um design seguro. Estes aspectos são abordados na norma IEC 62443 parte 3-3: Requisitos
de Segurança do Sistema e Níveis de Segurança.
Ela considera aspectos de outras normas, com as principais entradas da ISO / IEC 27002 e
NIST SP800-53, rev. 3. A IEC 62443-3-3 é utilizada no NIST Cybersecurity Framework.
A norma IEC 62443 aborda as medidas de segurança de um sistema:
102
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
O escopo da norma IEC 62443-3-3 não é um produto único, mas um sistema para fazer uma
abordagem completa. Ele prescreve os requisitos de segurança para sistemas de controle
relacionados aos sete requisitos fundamentais (FRs - foundational requirements) definidos
na IEC 62443-1-1 e atribui níveis de segurança do sistema (SLs - system security levels) ao
próprio sistema em questão (SuC - system under consideration).
As medidas de segurança do IACS - Industrial Automation and Control Systems não devem
ter o potencial de causar perda de serviços e funções essenciais, incluindo procedimentos
de emergência. As metas de segurança do IACS concentram-se na disponibilidade do
sistema de controle, proteção da planta, operações da planta (mesmo em modo degradado)
e resposta do sistema com tempo crítico.
Uma etapa fundamental na avaliação de risco, conforme exigido pela IEC 62443-2-1, deve
ser a identificação de quais serviços e funções são realmente essenciais para as operações.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Desta maneira podemos avaliar a força de segurança das soluções indicadas por níveis de
segurança padronizados.
Toda esta metodologia permite visualizar o nível de segurança de maneira gráfica com uma
representação vetorial dos diversos critérios, conforme apresentado na Figura 117.
Figura 115 – Avaliação níveis de segurança dos requisitos fundamentais: Vetor SL [15]
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Proteção contra malware: A proteção contra malware exige software que atua de
forma que pode ser categorizada de duas maneiras:
- Blacklisting (antivírus clássico);
- Whitelisting (lista de permissões de aplicativos).
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Com relação à confidencialidade a norma IEC 62351-6 recomenda que para aplicativos que
usam GOOSE e Sampled Values e exigem tempos de resposta de 4 ms, configurações de
multicast e baixa sobrecarga da CPU, a criptografia não é recomendada. Em vez disso, o
processo de seleção do caminho de comunicação deve estar restrito a uma VLAN especifica
da subestação, especialmente no barramento de processo, o que fornece confidencialidade
às trocas de informações em termos de segurança das informações em trânsito. Estes
aspectos devem estar definidos no projeto da rede de comunicação, envolvendo o nível de
Station Level e Process Level.
Numa solução IEC 61850 a aplicação de ferramentas em todos os processos envolvidos é
fundamental. Eles ajudam a melhorar a segurança do sistema porque consolida a correta
aplicação do projeto, a possibilidade de monitoramento e certificação da solução. As
ferramentas necessárias são:
Ferramentas de configuração: Executam a configuração do sistema, seja de todo o
sistema, de um IED individual ou de certos componentes do sistema. As ferramentas
de configuração típicas são o System Configurator e o IED Configurator;
Ferramentas de teste: Fornecem facilidades para realizar testes, como simulação
de condições e injeção de sinais. Em um sistema IEC 61850, os tipos de ferramentas
nesta categoria são o Station Bus Simulator e o Process Bus Simulator;
Ferramentas de coleta de dados: Realizam operações de coleta de dados na rede.
Além disso, eles fornecem coleta permanente ou temporária, local ou remota, para
recuperação automática de registros de falhas internas, status e medições, relatórios
e outros dados disponíveis dos IEDs, bem como coleta de dados brutos para análise
de pacotes;
Ferramentas de segurança: Usadas para configurar e testar os recursos de
segurança cibernética implementados no sistema. Embora importantes, eles não
estão afetando especificamente ou são afetados pela IEC 61850;
Ferramentas de comissionamento: Geralmente são combinações de recursos de
outras ferramentas, como ferramentas de configuração e teste, e, como tal, qualquer
impacto nos sistemas IEC 61850 já é considerado.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A primeira pergunta pode ser respondida pela apresentação deste capítulo do trabalho,
baseado nas diretrizes da IEC 61850, seus requisitos, pesquisas de mercado, e no
entendimento dos membros deste grupo de trabalho.
Para a segunda pergunta pode-se considerar que também está no foco deste capítulo, que
é o teste funcional, ou seja, pode-se auxiliar a indústria da energia elétrica descrevendo em
detalhes os métodos e ferramentas necessárias para a realização dos testes funcionais de
uma subestação completamente digitalizada, em qualquer nível de seu ciclo de vida.
Para responder a terceira pergunta aqui proposta, este capítulo apresentará inicialmente a
descrição dos testes relacionados com a IEC 61850 edição 2.0, assim como métodos de
teste e ferramentas para diferentes tipos de teste.
Por fim, os testes descritos neste capítulo compreendem um importante papel na
confiabilidade e segurança do sistema elétrico.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A norma IEC 61850-5 define três protocolos de comunicação de dados exclusivos. São eles:
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Onde:
(1): Troca de dados baseado na IEC 61850-9-2 Sampled Value;
(2): Troca de dados rápida de I/O para proteção e controle;
(3): IEC 61850-8-1 GOOSE;
(4): Configuração e Engenharia;
(5): IEC 61850-8-1 MMS baseado em cliente / servidor – Monitoramento e Supervisão;
(6): IEC 61850-8-1 MMS baseado em cliente / servidor – Comunicação Centro de Controle;
(7): IEC 61850-9-3 (IEEE 1588) Sincronização de tempo.
Nos capítulos anteriores, já foi bastante discutido a confiabilidade (mensagem chega onde
deve chegar) e desempenho (com o tempo adequado).
É importante destacar que confiabilidade e desempenho, em redes de comunicação de
subestações, devem ser balanceados entre eles.
O uso de protocolos como o RSTP, PRP, HSR, também já discutidos e demostrados,
garante a confiabilidade das redes de comunicação.
Métodos de controle de fluxo, também já discutidos, que podem ser destacados são a
utilização de VLAN e filtros MAC.
Considerando todos os protocolos, filtros, controles de fluxos de dados aqui listados, é
importante salientar que um teste de uma subestação totalmente digital deve prever os
protocolos e filtros para a execução do teste.
Por exemplo, em seu modo mais básico, o teste deverá criar entradas simuladas a uma
função ou dispositivo para verificar sua operação e expectativa de desempenho
considerando os resultados do teste e redes de comunicação. Em uma subestação digital,
isso é feito considerando nós lógicos e dispositivos lógicos, passando pela simulação pela
rede de comunicação. Para isto, é necessário que o sistema de teste publique mensagens
baseadas nas definições do arquivo SCD descritivo da subestação.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
9.3.1 VLAN
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Todas as relações de comunicação são descritas nos arquivos SCD, porém, nem todas são
mandatórias. Assim, nem todos os IEDs possuem tais funcionalidades.
No nível do IED, há a opção do dado Sim.stVal do Nó Lógico LPHD ser ajustado como
TRUE ou FALSE. Esse ajuste permite ao IED selecionar que os sinais multicast sejam
processados, assim:
Se LPHD.Sim.stVal = TRUE e existe um sinal GOOSE e/ou SV com o bit de
simulação = TRUE na rede = Esse sinal será processado. O mesmo sinal GOOSE
e/ou SV com bit de simulação = FALSE não será processado;
Se LPHD.Sim.stVal = FALSE e existe um sinal GOOSE e/ou SV com bit de
simulação= TRUE na rede = Esse sinal não será processado.
Assim, para se processar um sinal de simulação, é obrigatório:
Ajustar LPHD.Sim.stVal = TRUE;
Ajustar bit de simulação do GOOSE / SV = TRUE.
Na IEC 61850, cada função pode adotar um de cinco diferentes modos funcionais - Mod:
on: Função está operativa, toda comunicação está em serviço;
blocked: Somente pode ser usada por funções que possui interação direta com o
processo, por exemplo, saídas através de contatos que podem ser bloqueadas de
alteração por um período de tempo. Toda comunicação permanece em serviço;
Test: Não deve ter impacto na comunicação, no entanto, uma função em “test” deve
ser operativa mas indicar uma condição de teste, reagindo somente a um comando
com uma indicação de teste (de uma IHM, telecomando, por exemplo);
Test/bloqued: Similar ao “blocked”, adicionado à indicação de teste;
off: Essa opção desabilita a função.
120
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Ainda, para o propósito de teste, Mod pode ser ajustado para test, permitindo assim o
“processamento como válido” considerando um indicador de teste = TRUE e q.test = TRUE.
121
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As saídas e/ou as entradas físicas das funções podem ser bloqueadas, dado a necessidade,
utilizando-se para isso a função “blocked” ou “test/blocked” diretamente no bloco de controle
“CmdBlk”. Assim, desabilitam-se as saídas/entradas da função em referência, diretamente
no nó logico.
Figura 130 – Dado usado para bloqueio do nó logico de entrada/saída - IEC 61850-7-1
122
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9.4.5 InRef
O método de entrada de sinais de cada nó lógico pode ser alterado entre sinais de processo
para outras funções e, também, sinais de testes de funções dedicadas, definido através do
objeto InRef demonstrado na figura abaixo. Ele não depende do Behavior ou Mode, e os
dados são publicados de acordo com o Behavior.
Figura 131 – Exemplo de entrada de dado usado para teste com InRef - IEC 61850-7-1
As ferramentas de teste devem incluir todos os requisitos para execução dos testes TAF e
TAC, promovendo condições de verificação de todas as entradas e saídas de equipamentos
primários, comunicação com o centro de controle e funções individuais de IEDs. Deve,
portanto, executar os testes nas três categorias:
Simulação convencional de processo;
Simulação de processo transitório e de faltas;
Verificação de comunicação e simulações.
123
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124
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Durante o teste, o status dos IEDs deve ser monitorado. Normalmente, existem 3 maneiras
de se executar este monitoramento: blocos de reports, GOOSE e MMS. Assim, a ferramenta
de teste deve ser capaz de executar este monitoramento em tempo real, através de um
MMS Browser, ou da criação de um dataset para teste, escrita de um report control block ou
GOOSE control block.
9.6 MONITORAMENTO
125
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126
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Uma subestação totalmente digital é um SPACS complexo onde o IED interage com
sistemas primários e processa aplicações locais e distribuídas e suas funções. Essas
funções são baseadas nas trocas de informações entre o barramento de processo e
barramento de estação.
Por sistemas, entende-se:
Sistema lógico de dados;
Sistema físico de dados.
Dessa forma, deve-se ter uma definição muito clara e consistente dos cenários de teste,
tendo em vista condições realísticas no plano de teste. Teste de um sistema, ou subsistema,
a fim de avaliar sua conformidade com seus requisitos. Isto pode incluir testar parte do SAS
em operação.
Essa definição deve incluir:
Contexto da aplicação;
Função ou sistema sob teste;
Componentes do sistema e seus ajustes;
Passos do teste (procedimento de teste) incluindo isolação, se aplicável;
Resultados esperados.
127
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Métodos de testes funcionais podem ser divididos em diversas categorias, onde devem ser
levados em consideração os diferentes níveis de complexidade, funções de monitoramento,
utilização de sistemas de redundância, propósito do teste: Aceitação, comissionamento de
componente ou sistema, manutenção, entre outros.
Essas informações ajudarão a definir o melhor método de teste a ser utilizado.
Podem-se destacar, aqui, quatro metodologias:
Caixa Preta: Esta metodologia é utilizada quando não se tem o interesse em saber o
comportamento interno do dispositivo sob teste, e sim somente suas entradas e
saídas. É bastante utilizado no conceito de testes sistêmicos, onde não há interesse
nas funções específicas, e sim no comportamento de todo o seu sistema de proteção
e automação de subestações e suas interações.
128
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Com este novo cenário de subestação totalmente digital, é importante ratificar que o sistema
de teste deve ser previsto no projeto, principalmente no projeto de comunicação de
subestações (SCL), com IP FIXO e tratamento de segurança cibernética.
A configuração dos switches também deve permitir o roteamento de mensagens para o
equipamento de teste, com portas temporariamente disponíveis para tal finalidade (testes).
Caso o conceito de “lista branca” seja aplicado, deve ser previsto o equipamento de teste
evitando, assim, alarmes falsos devido à utilização deste instrumento. Ainda, operações nos
nós lógicos LN e LD em Modo de Teste e Modo de Simulação do IED devem ser previstas,
evitando assim o bloqueio destes comandos.
129
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Enquanto os testes são executados, é essencial que o operador seja informado do status do
sistema primário. Assim, deve ser previsto na IHM o recebimento dos dados em modo SIM
e/ou modo TEST, e devidamente tratados.
O operador deve ter a correta informação, se dados simulados ou reais, de fácil
entendimento. Ainda, os alarmes devem ser removidos do SCADA, em uma situação de
recebimento de mensagens modo SIM e/ou TEST. É indicado que se utilize alterações de
cor em ocasiões de falhas de comunicação, e uma cor diferente em situações de modo SIM.
2. Documento da Função
130
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O primeiro passo para o teste do SAS durante o TAF ou até mesmo em pré-TAF é verificar
se todas as suas interfaces de comunicação correspondem às definições do arquivo SCD
definido. Isto inclui data set e control block para os serviços implementados.
Já o teste do SAS no estado nominal deve ser entendido como um teste ponta a ponta em
TAF ou TAC convencional, com fronteira no SAS, e pode ser feito com a injeção de
Sampled Values. Porém, também se recomenda a injeção analógica primária no
transformador de instrumentos não convencional – NCIT, para a verificação de cabeamento.
Este tipo de teste deve ser feito em Testes de Certificação, TAF e TAC.
Outro processo de teste que pode ser discutido é o teste da cadeia completa de função.
Neste caso, adiciona-se ao teste acima descrito a injeção analógica na MU, tendo a
possibilidade de visualização dos sinais também no centro de controle. Pode-se inclusive
argumentar sobre a real necessidade deste teste, fato este que cabe ao cliente a decisão de
sua necessidade.
Também se pode ter o teste do sistema completo de proteção associado ao NCIT, onde se
devem aplicar correntes e tensões nominais primárias, e de falta com valores primários.
Este tipo de teste é um problema para ser executado por limitações técnicas, porém em TAF
é possível que seja executado. Pode ser considerado que se trata de testes sobrepostos,
onde também cabe ao cliente a decisão final.
O teste de funções isoladas é de grande valia, pois se pode testar realizando a injeção de
valores SV e a leitura de valores GOOSE. Nesta metodologia, a ideia é testar somente uma
função específica do SAS, por exemplo, função de distância, não interferindo em outras
funcionalidades do sistema. No entanto, deve-se ter atenção quando se aplica este conceito
em IEDs com funções distribuídas. Para isso, o procedimento correto a ser adotado é:
Verificar se a função está isolada;
Verificar se a injeção de SV não irá impactar nas operações do IED;
Verificar se colocar a função em Test Mode, o IED continuará em modo ON.
131
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Por fim, para o processo de teste de subestações digitais, deve ser possível simular perdas
e alterações de mensagens, de acordo com:
Atraso de mensagens durante um sobrecarregamento de rede;
Mensagem fora de sequência;
Perda de mensagem;
Perda de um IED;
Perda de um link ou switch;
Chegada de mensagens duplicadas.
O trabalho apresentado pelo TB 760, WB B5.53, apresenta uma grande variedade de casos
de uso de como testar um sistema IEC 61850 e seus componentes, detalhadamente, que
podem ser consultados..
Neste tópico, serão descritos os diferentes tipos de teste executados em um SAS, quais as
topologias e tecnologia a serem aplicadas.
Devem ser realizados testes de distúrbios em redes de comunicação. Esses testes devem
incluir testes funcionais ajustadas ao IED, controle do Disjuntor e Merging Unit.
132
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Para o TAF, deve-se usar a topologia Top-down baseado no plano de teste incluindo os
cenários de teste definidos no projeto do sistema, podendo ser utilizada a metodologia caixa
preta até que nenhuma falha específica ocorra.
Caso tenha alguma falha e deseja-se investigar, utiliza-se a metodologia caixa branca.
Como neste tipo de teste nem todos os componentes estão disponíveis, muitas vezes deve
ser necessário simular alguns componentes do SAS para sua efetivação.
133
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Este tipo de teste é requisitado quando o IED não é totalmente monitorado, tanto suas
entradas e saídas quanto suas funções de comunicação.
Bastante utilizado para ensaios periódicos, podem ser executados em funções isoladas do
SAS.
Não há requisitos de periodicidade definido na norma IEC 61850 para este tipo de teste.
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Figura 140 – Possíveis configurações de testes para hardware em loop fechado baseado em
interface analógica e barramento de processo
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Funções são desempenhadas por IEDs (dispositivos físicos). No entanto, todas as funções
consideradas consistem em trocas de dados entre nós lógicos. Esses nós lógicos podem ser
alocados em diferentes dispositivos físicos.
Esta abordagem pode ser utilizada para diferentes propósitos de teste, quando aplicável,
sendo eles aceitação, TAF, TAC, comissionamento e manutenção.
136
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Caso o teste seja executado remotamente, existe um impacto nas ferramentas de teste e na
infraestrutura necessária. As ferramentas devem ser instaladas em campo e possuírem
acesso remoto, além da empresa estar preparada para tal atividade. Por razões práticas,
este tipo de teste deve ser limitado a testes simples em fase de manutenção ou
comissionamento.
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Ratifica-se que não se trata de uma recomendação de ferramentas, mas somente uma nota
de que essas ferramentas existem, são comerciais e estão disponíveis no mercado.
139
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Transformadores convencionais de corrente (TC) e tensão (TP) com fios de cobre estão em
uso há muito tempo, mas atualmente, estão sendo substituídos por NCIT -Non Conventional
Instrument Transformers (Transformadores de Instrumentação Não Convencionais), com
várias opções disponíveis para se medir correntes e tensões CA. NCITs, como os
transformadores ópticos de corrente (OCT), os TCs da Rogowski Coil, os TPs eletrônicos de
potência, começaram a ganhar popularidade.
Os OCTs funcionam com o princípio do efeito de Faraday - a corrente que flui através de um
condutor induz um campo magnético que afeta a propagação da luz que viaja através de
uma fibra óptica que circunda este condutor. A OCT é colocada em torno do condutor com
corrente primária e um sinal de saída correspondente à corrente primária é produzido
conforme IEC 61850 9-2LE.
Os desafios mais importantes para os OCTs são, por um lado, a publicação direta dos
valores amostrados, sem a necessidade de elementos intermediários (MU) entre a medição
e seus usuários (proteções e medidores) e, por outro lado, o uso de sensores ópticos para
realizar as medições. As implicações e melhorias desses dois fatos são numerosas, além
das do uso do barramento de processo. Eles são vantajosos em relação aos TCs
convencionais por várias razões, incluindo uma melhor resposta na faixa de frequência
(ampla faixa linear), menor peso etc.
142
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Sejam quais forem as origens, os sinais analógicos convertidos em pacotes Ethernet (SV)
são disponibilizados, via multicast e modo publisher-subscriber, aos IEDs de proteção e
controle, localizados no nível de bay, através da rede Ethernet de comunicação local. Esta
troca de dados com os equipamentos no barramento de processo é proporcionada por meio
das interfaces lógicas indicadas com os números 4 e 5, na Figura 149.
143
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Uma vez que, pela IEC 61850, todos os IEDs são descritos de um modo padronizado, torna-
se possível que todos compartilhem dados por meio de uma estrutura idêntica relacionada
às suas funções, além de permitir que estes IEDs apresentem comportamentos idênticos.
Dentro desta abordagem e também pela perspectiva do comportamento da rede, o ACSI -
Abstract Communication Service Interface fornece a especificação para o modelo básico, o
qual define os modelos de informação específicos da subestação. A especificação do
conjunto de modelos de serviço de troca de informações e as respostas a esses serviços
também faz parte do seu escopo. O uso desta técnica de abstração permite separar o
aplicativo SAS, dos protocolos de comunicação e dos sistemas operacionais adotados,
Figura 152.
145
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Observa-se que as interfaces nos diversos níveis da subestação são criadas pelo sistema
de comunicação, com um papel fundamental na troca de informações e nas funções,
podendo ser considerado como elo de união entre os vários níveis da subestação. Desta
forma, o desempenho, a confiabilidade, a velocidade e as funções suportadas dos sistemas
podem ser determinados e definidos por suas redes de comunicação.
Dentre os vários tipos de mensagens em um SAS, as mensagens GOOSE com difusão
seletiva são mensagens críticas de alta velocidade e alta prioridade que devem ser
transferidas para o destino final com uma latência (transfer time) de menos de 4 ms, Figura
154.
146
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
147
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que sempre haja uma separação lógica entre os dois barramentos e os diferentes tipos de
tráfegos. A segregação do tráfego é uma etapa importante para manter o desempenho
necessário e não sobrecarregar os dispositivos de rede. Os valores amostrados
provenientes da MU não devem inundar todas as portas de um switch Ethernet e devem
apenas ir para a porta em que o respectivo IED assinante desta informação está conectado.
Da mesma forma, os sinais GOOSE para o comando de trip do relé de proteção devem ser
encaminhados apenas para a porta em que a SCU assinante está conectada. Esta
separação lógica entre barramentos pode ser realizada definindo-se domínios (filtros)
multicast nas portas dos switches das LANs, ou implantando-se VLANs - Rede Local Virtual,
os quais dividem logicamente a rede conectada fisicamente e controlam o fluxo de dados
nos barramentos.
A Figura 156 mostra a aplicação de VLAN e da filtragem de endereços multicast para um
exemplo de subestação. Uma VLAN é alocada para o tráfego PTPv2 – sincronismo de
tempo, sem nenhuma filtragem de endereço multicast, pois os endereços são fixados pelo
próprio padrão. Duas VLANs GOOSE são atribuídas: uma para mensagens de trip de alta
prioridade (tipo 1A) e um para mensagens de mais baixa prioridade (tipo 1B), os quais são
definidos na seção 13.7 da IEC 61850-5. Nesta aplicação foi usada filtragem de endereço
multicast, pois geralmente é improvável que o número de mensagens exceda a capacidade
de processamento de um IED. No caso de se exceder a capacidade do IED, os filtros de
endereço multicast poderiam ser utilizados. Na última VLAN configurou-se o tráfego de
todas as mensagens SV, sendo a filtragem de endereços multicast utilizada para separar
bays e setores. Cada MU em um setor é colocada no mesmo grupo multicast, pois os IEDs
de proteção de alimentador ou de transformador requerem as medições de vários conjuntos
de TCs. Os alimentadores e os transformadores conectados, por disjuntores únicos, em um
arranjo de bay possuem um mesmo grupo multicast.
148
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Nos dois protocolos, cada nó possui duas portas Ethernet idêntico para uma conexão de
rede. Eles contam com a duplicação de todas as informações transmitidas e fornecem
tempo de chaveamento zero se os links ou switches falharem, atendendo a todos os
requisitos em tempo real da automação da subestação.
O PRP (IEC 62439-3, seção 4) especifica que cada dispositivo seja conectado em paralelo a
duas redes locais de topologia semelhante.
O HSR (IEC 62439-3, Cláusula 5) aplica o princípio do PRP a anéis e anéis de anéis para
obter redundância. Para esse efeito, cada dispositivo incorpora um elemento de switch que
encaminha quadros de porta a porta.
A IEC 62439 é aplicável a todas as redes Ethernet industriais, uma vez que considera
apenas métodos independentes de protocolo. Ele contempla dois métodos básicos para
aumentar a disponibilidade de redes de automação por meio de redundância:
Redundância na rede: a rede oferece links e switches redundantes, mas os nós são
anexados individualmente aos switches por meio de links não redundantes. O ganho
na disponibilidade é pequeno, pois apenas parte da rede é redundante. A
redundância normalmente não está ativa e sua inserção custa um atraso de
recuperação. Um exemplo típico desse método é o protocolo de árvore de expansão
rápida (RSTP IEEE 802.1D). No entanto, o RSTP pode garantir apenas um tempo de
recuperação inferior a um segundo em uma topologia restrita. No entanto, o RSTP é
uma boa opção para o barramento da estação em sistemas não redundantes;
149
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
O HSR aplica o princípio PRP de operação paralela a um único anel. Para cada mensagem
enviada, o nó (que possui um switch incorporado) envia dois quadros um para cada porta,
tratando as duas direções como duas LANs virtuais. Ambos os quadros circulam em
direções opostas sobre o anel e cada nó encaminha os quadros que recebe de uma porta
para a outra. Quando o nó de origem recebe um quadro enviado, ele o descarta para evitar
loops, Figura 158.
150
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
A transferência de amostras usando SVs também é atribuída a essa classe de requisito para
evitar, por exemplo, atrasos na detecção de falhas pela proteção. Os requisitos devem ser
cumpridos não apenas pelos IEDs, mas também pelo design do sistema de SAS.
Para analisar adequadamente a sequência de eventos no sistema de automação e para a
análise de falhas pós-evento, os eventos precisam de um registro de data e hora com
precisão de tempo de 1 ms. No entanto, a sincronização de tempo para amostras de
corrente e tensão, necessárias para proteção diferencial ou à distância, requer uma precisão
da ordem de 1 μs.
O nível de precisão de 1 ms pode ser alcançado usando o SNTP diretamente através de um
link de comunicação serial e a sincronização de tempo de 1 μs através do uso do padrão
IEEE 1588, sincronização de tempo de alta precisão, sobre Ethernet.
Os requisitos de tempo para o barramento de estação e do processo são distintos; eles
ditam como a redundância será usada. O tempo de recuperação da rede deve ser menor
que o tempo que a subestação tolera uma interrupção do sistema de automação.
Os tempos de recuperação compilados pelo Grupo de Trabalho 10 (GT10), do Comitê
Técnico da IEC 57 (TC57), estão mostrados na Figura 159.
151
APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Estes projetos pilotos instalados em diversos países pelo mundo, inclusive no Brasil, com
maturidade de mais de 5 anos de instalação deu confiança para a implantação dos primeiros
projetos operacionais.
Os projetos de subestações totalmente digitais, chamadas de Full Digital, têm sido aplicados
por diferentes empresas, em diferentes países e em parceria com diferentes fornecedores, o
que mostra a maturidade da solução e a tendência tecnológica de aplicar a norma IEC
61850 de maneira plena nas soluções futuras.
Os desafios nestas implementações, algumas ainda a serem vencidas, têm sido:
Vantagem econômica da solução considerando o custo inicial de uma tecnologia
emergente, o que ainda impacta nos produtos, na qualificação de equipes e na
modernização de procedimentos;
Definição adequada de arquiteturas de rede que garantam desempenho,
disponibilidade e confiabilidade, e do projeto da rede Ethernet: VLANs, PRP, HSR;
Garantia do serviço de sincronismo de tempo em todos os dispositivos no
desempenho necessário;
Garantia de implementação dos recursos para testes de manutenção conforme
definido em norma, garantido isolamento de disparos indevidos e validação de
funcionalidades;
Definição das ferramentas adequadas de cada equipe de acordo a sua
responsabilidade no processo de implantação, operação e manutenção.
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Para os sistemas corporativos é mais facil gerar serviços a partir de bancos de dados
baseados em Oracle, ou Postgres. Com relativa facilidade é possivel formatar para cada
área as informações do seu interesse, estando disponivel no ambiente corporativo. Isto
favorece inclusive a segurança cibernética, já que os usuários não precisam acessar
diretamente as instalações.
A configuração do SCADA é baseada em sofwares especificos de cada produto. As etapas
para poder realizar este trabalho são:
Definição da arquitetura de comunicação;
Definição dos requisitos de redundância;
Definição das conexões de comunicação (IEDs) e protocolos;
Definição da Lista de Sinais a serem aquisitados;
Tratamento dos sinais dentro do SCADA;
Confecção das Telas Unifilares;
Confecção de Telas Complementares;
Definição de historico de dados;
Definição de configuração de banco de dados;
Definição de Usuarios e Perfis;
Definição de informações a repassar a outros níveis.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Como foi apresentada anteriormente, uma visão moderna de um sistema supervisório aplica
um conceito de tratamento da informação. Isto significa que queremos otimizar o processo
evitando dados que precisam ser traduzidos numa informação real.
A melhor maneira de fazer isto é aplicar um modelo de dados, de maneira a ter uma
informação estruturada. A norma IEC 61850 é exatamente isto, uma configuração descritiva
baseada em modelo, Logical Nodes, com definição de atributos e descrição da comunicação
e de sua infraestrutura.
Portanto pode-se utilizar o arquivo SCD descritivo da subestação como arquivo base para
configuração de nosso sistema SCADA. Nele temos todas as informações que precisamos
disponíveis dos IEDs para supervisão de estados, condições, medidas dos equipamentos,
além de sua saúde funcional.
Mas, aqui já é preciso aplicar conceitos de estrutura de dados e informação (DIS) conforme
já foi apresentado. Portanto, definir que informação, de que forma, em que tempo e em qual
lugar e para quem deve estar disponivel.
Na aplicação do arquivo SCD alguns aspectos devem ser observados:
O arquivo SCD tem muito mais informação do que é necessário ao sistema
supervisório;
Existem pontos genéricos GGIO originados de dados que não estão definidos em
norma, ou foram necessários para customizar funcionalidades;
A nomenclatura e descrição do SCD não é a desejada pelos usuários do SCADA;
O SCD não define nível de gravidade de uma informação: crítico, alarme,
sinalização, apenas registro historico;
O SCD não define o tratamento dentro do sistema supervisório: com que cor, fonte
deve mostrar ou não numa lista de alarmes, que nivel de som deve ser associado;
O SCD não define quais informações devem ir ou não para o Visor de Telas e de que
forma devem ser apresentados (objetos, textos, permanente ou somente quando
solicitado);
As nomenclaturas do SCD normalmente seguem descrição de projeto, que não
corresponde à descrição operacional, a qual inclusive pode mudar ao longo do
tempo;
No arquivo SCD pode não conter outras conexões do SCADA, com sistemas
legados, outros dispositivos não IEC 61850, e troca de dados locais com outros
sistemas/empresas em outros protocolos.
Então apesar do papel central do arquivo descritivo da subestação SCD, ele não é suficiente
para configurar e definir a configuração do SCADA.
Conforme viu-se no Capítulo 4 na especificação do sistema, outras fontes de informação
devem ser consideradas. Podemos organizar incluindo mais duas fontes de informação do
projeto:
Lista de Pontos: Nela aplicamos um dicionário de tratamento e nomenclatura de
todos os sinais, medidas e comandos que irão definir a base de dados do SCADA.
Normalmente ela contém basicamente:
o Informações fisicas e lógicas da origem dos sinais;
o Protocolo e endereço de cada sinal;
o Nomenclatura operacional;
o Identificador e descrição baseado num dicionário padrão da empresa;
o Definição de tratamento: nivel do alarme, visores onde apresentar a
informação.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
Template: Para poder gerar as telas do SCADA se precisa das definições de cores,
fontes, detalhes do unifilar da subestação e de outras telas utilizadas (bandeirolas de
proteção, comunicação, etc). A maneira de poder gerar automaticamente estas telas
depende obviamente do software SCADA aplicado, mas normalmente é possivel
gerar os arquivos automaticamente se eu tiver a definição de vãos tipicos:
o Função: Linha de Transmissão, Transformador, Serviço Auxiliar, Barra, etc;
o Nível de Tensão;
o Arranjo da Subestação;
o Informações Complementares (Caixas de detalhes).
Existem diferentes recursos para realizar este processo. Sistemas SCADA de geração mais
nova são capazes de realizar a integração destas fontes de descrição e gerar a base de
dados e desenhos unifilares.
Atualmente é mais comum utilizar ferramentas de Virtual Basic for Applications – VBA,
programação na planilha Excel, onde se importa o arquivo SCD, se tem a definição de
dicionário, se interpretam as informações do projeto às descrições operacionais e de
tratamento. Dependendo do SCADA é possível inclusive exportar diretamente as telas
utilizando templates típicos da aplicação da empresa.
A forma, entretanto, não é o aspecto mais importante, mas se apropriar das vantagens de
poder automatizar o processo de configuração. As vantagens principais são:
Menor tempo de implementação para configurar todo o sistema SCADA;
Maior segurança de qualidade e aderência a padrões definidos;
Facilidade para realizar alterações seguras no sistema;
Documentação de todas as informações aplicadas;
Gestão de mudança de padrões com confiabilidade e possibilidade de fazer em
grande escala sem prejuízo dos sistemas em operação.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
12. CONCLUSÃO
A aplicação de soluções IEC 61850 tem se estabelecido como padrão na maioria das
empresas do sistema de energia elétrica no Brasil. Isto não significa que as implementações
são plenamente aderentes à norma, ou na sua plenitude. A aplicação de tecnologias
disruptivas são normalmente implementadas em etapas e sofrem dificuldade em serem
assimiladas pelo impacto que provocam especialmente no perfil de conhecimento das
equipes responsáveis pelo projeto, operação e manutenção e nos procedimentos e na
organização das empresas.
As vantagens dependem de uma visão abrangente da aplicação de uma solução totalmente
digital e de ter uma estratégia para se beneficiar das potencialidades da norma IEC 61850.
Isto significa avançar não apenas no Sistema de Automação da Subestação – SAS, mas
nas implementações do sistema primário, para incorporar as vantagens econômicas, de
confiabilidade, disponibilidade e gestão.
A aplicação de Station Level está consolidada no Brasil. A utilização de mensagens verticais
aplicando MMS para os sistemas de supervisão e controle é amplamente utilizado, e as
mensagens GOOSE nas mensagens horizontais para intertravamentos e condições
operativas como transferência de proteção ou posição do bay de transferência. Por outro
lado falta avançar na aplicação de disparos de proteção.
A experiência de projetos pilotos de Process Level criou o ambiente para a implementação
dos primeiros projetos reais. Estas aplicações em subestações do sistema de potência
darão a segurança para avançar na aplicação completa da norma. Também apontarão
sobre as melhorias e adequações necessárias.
Um aspecto importante na direção de aplicar soluções completas e seguras é avançar nas
ferramentas de configuração e de manutenção. Isto implica tanto na melhoria dos softwares
quanto na qualificação das equipes responsáveis (empresas de energia, fornecedores,
integradores).
O monitoramento do sistema também deve avançar, para avaliar a desempenho das
aplicações e monitorar os aspectos de segurança cibernética.
Os aspectos regulatórios também avançam para permitir a aplicação segura de soluções
completas IEC 61850 o que cria um ambiente seguro para as empresas aplicar e avaliar
empresarialmente as vantagens destas soluções.
Será muito importante consolidar as tecnologias de instrumentos não convencionais (Non
Conventional Instrument Transformers – NCIT) que podem potencializar as vantagens
econômicas e de confiabilidade quando comparadas às soluções tradicionais.
A crescente virtualização dos sistemas possivelmente irá impactar profundamente as atuais
soluções, fugindo das “caixas” que associam as funcionalidades do sistema. As aplicações
de proteção e controle estarão definidas como partes de um sistema virtualizado, sem
depender de um determinado hardware, e por isso com maior disponibilidade, flexibilidade e
confiabilidade.
Os diversos grupos de trabalho nacionais e internacionais do CIGRE avançam aspectos
muito concretos da aplicação da norma e contribuem significativamente para consolidar
conceitos e soluções. Envolvem os diferentes agentes envolvidos no processo:
fornecedores, integradores, laboratórios de pesquisa, empresas de energia, consultores. Isto
enriquece tremendamente as discussões e as sugestões apontadas nos documentos
produzidos.
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
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APLICAÇÕES DA NORMA IEC 61850 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO OPERANDO COM REDES DE COMUNICAÇÃO
13. REFERÊNCIAS
[1] IEC 61850: 2016 SER Series Communication networks and systems for power utility
automation - ALL PARTS
IEC 61850-1
IEC 61850-2
IEC 61850-3
IEC 61850-4
IEC 61850-5
IEC 61850-6
IEC 61850-7-1
IEC 61850-7-2
IEC 61850-7-4
IEC 61850-8-1
IEC 61850-9-1
IEC 61850-9-2
[2] TB 326 (2007) WG B5.11 – The Introduction of IEC 61850 and Its Impact on Protection
and automation Within Substations.
[3] TB 401 (2009) WG B5.32 Functional Testing of IEC 61850 Based Systems
[4] TB 427 (2010) WG B5.38 The Impact of Implementing Cyber Security Requirements
using IEC 61850
[5] TB 464 (2011) WG B5.06 Maintenance Strategies for Digital Substation Automation
Systems
[6] TB 466 (2011) WG B5.12 Engineering Guidelines for IEC 61850 Based Digital SAS
[7] TB 540 (2013) WG B5.36 Applications of IEC 61850 Standard to Protection Schemes
[8] TB 628 (2013) WG B5.39 Documentation Requirements Throughout the Lifecycle of
Digital Substation Automation Systems
[9] TB 637 (2014) WG B5.45 Acceptance, Commissioning and Field Testing Techniques
for Protection and Automation Systems
[10] TB 760 (2019) WB B5.53 Test strategy for Protection, Automation and Control (PAC)
functions in a fully digital substation based on IEC 61850 applications
[11] IEC 62351-6: 2007 Power systems management and associated information
exchange, Data and Communication Security Part 6: Security for IEC 61850
[12] IEC 62439-3: 2010 Industrial communication networks, High availability automation
networks Part 3: Parallel Redundancy Protocol (PRP) and High availability Seamless
Redundancy (HSR)
[13] IEC 60834-1: 1999 Teleprotection equipment of power systems - Performance and
testing
[14] IEC 61000-6-5: 2015 Electromagnetic compatibility (EMC) - Part 6-5: Generic
standards - Immunity for equipment used in power station and substation environment
[15] IEC 62443: 2018 Security For Industrial Automation And Control Systems
[16] IEEE C37.111: 1999 IEEE Standard Common Format for Transient Data Exchange
(COMTRADE) for Power Systems
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[17] IEEE 754: 1985 IEEE Standard for Binary Floating-Point Arithmetic
[18] IEEE 802.1Q: 1998 IEEE Standards for Local and Metropolitan Networks: Virtual
Bridged Local Area Networks (VLAN)
[19] RFC 4330: 2006 Simple Network Time Protocol (SNTP) Version 4 for IPv4, IPv6 and
OSI, IETF
[20] ANSI/IEEE C37.90: 2006 Standard For Relays And Relay Systems Associated With
Electric Power Apparatus
[21] ISO/IEC 27000: 2018 Information Technology Security Techniques Collection
[22] NIST SP 800-53: 2009 Recommended Security Controls For Federal Information
Systems And Organizations
[23] NIST: 2018 Framework for Improving Critical Infrastructure Cybersecurity
[24] https://www.scriptcaseblog.com.br/encapsulamento-programacao-orientada-a-objetos/
[25] https://www.devmedia.com.br/fundamentos-basicos-da-orientacao-a-objetos/26372
[26] Flores,P.H., Paulino,M.E.C.,Lima,J.C.M, Penariol,G.S., Carmo,U.A., Bastos,M.R.,
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[27] Paulino,M.E.C.: “IEC 61850 automação de subestações”, Revista O Setor Elétrico,
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[28] Flores,G.H., Alexandrino,M.,Guglielmi Filho,A.J.,Souza Junior,P.R.A, Harispuru,C.,
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[29] Instruction manual, ZIV Line Differential Protection model DLF Zamudio (Spain),
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[30] Instruction manual, ZIV UNIVERSAL TELEPROTECTION TPU-1 Barcelona (Spain),
reference TPU-1 General Description (MVJ_Sun_Web_version_TPU-1R)_R3.13-I
[31] South East Asia Protection and Automation Conference - SEAPAC, 2019, 19-20
March, 2019, Sidney, Australia Teleprotection in the new WAN world
[32] A.C. Adewole, R. Tzoneva, “Impact of IEC 61850-9-2 Standard-Based Process Bus on
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[33] J. Castellanos, I. Ojanguren, I. Garces, R. Hunt, J. Cardenas, M. Zamalloa, J. Garcia,
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[34] K. Narendra, N. Perera, R. Midence, “Micro processor based advanced bus protection
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[35] H. Vardhan, R. Ramlachan, W. Szela, E. Gdowik, “Deploying digital substations
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[36] M. Mekknen, “IEC-61850-for-digital-substation-automation-systems - On Reliability and
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