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INTRODUÇÃO
A palavra amor está profundamente desgastada. John Mackay afirma que uma
das principais artimanhas do maligno é esvaziar o conteúdo das palavras. Se existe
uma palavra que foi esvaziada, distorcida, e adulterada em seu significado é a
palavra amor. Amor tornou-se símbolo de paixão, de sexo, sobretudo, de intercurso
sexual fora do casamento. Esse tipo de amor tem trazido ódio, desgraças, divisões,
lares arruinados e enfermidades.
É trágico que em muitas igrejas, como em Corinto, o amor que é fundamental
para o caráter cristão não caracteriza muitos dos irmãos. O amor estava faltando em
Corinto. Os dons espirituais estavam presentes (1:7); doutrina correta para a maior
parte estava presente (11: 2); mas o amor estava ausente. Ao longo da história, parece
que a igreja tem encontrado dificuldades para ser amorosa. É mais fácil ser ortodoxo
do que ser amoroso, e mais fácil de ser ativo no trabalho da igreja do que ser amoroso.
No entanto, a característica suprema que Deus exige de Seu povo é o amor.
O décimo terceiro capítulo de 1 Coríntios pode ser, do ponto de vista literário,
a maior passagem Paulo escreveu. Entre muitas outras coisas, ele tem sido chamado
o hino de amor, uma interpretação lírica do Sermão do Monte e as bem-aventuranças
com música.
Ao contrário do nosso português amor, nunca se refere ao amor romântico ou
sexual. Nem se refere a um mero sentimento, uma sensação agradável sobre algo ou
alguém. Nem Ágape significa caridade, um termo que os tradutores da Bíblia ARC e
que em português tem sido associado apenas com a doação para os necessitados.
Este capítulo é em si mesmo a melhor definição de ÁGAPE .
Os vv.4-7 contrastam o amor com as atitudes egoístas dos coríntios. Eles eram
impacientes, invejosos em relação aos dons e orgulhosos (cf. 4:8; 5:2; 8:1, 2). Os mais
ricos maltratavam os menos favorecidos nas reuniões da Ceia (cf. 11:17-34). Eles eram
injustos e egoístas (por exemplo, ao processarem judicialmente os menos favorecidos
e ao insistirem em participar das festas nos templos, cf. 6:1-8; 8:1-10:33). As divisões
na igreja certamente produziam ira e rancor (cf. 1:10; 3:1-3; 11:17-20). O v.7, “[O amor]
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”, é um retrato às avessas da igreja de
Corinto.
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1. O AMOR É PACIENTE
literalmente, “o amor age com paciência”. Significa “ser longânimo, “pensar
longamente antes de dar lugar à ação ou à paixão”; “o espírito permanente que nunca
desiste”, “O homem que possui amor... não vive perdendo sua paciência”. O amor
não faz retaliações. Montague comenta que “este é o tipo de paciência que Jesus
demonstrou em sua paixão. Ela não significa apenas ocultar uma ira interior debaixo de uma
aparência bondosa: ela vem do coração. O amor nunca se torna amargo”. Calvino diz que
esta paciência “promove a paz e a harmonia na igreja”.
O amor paciente pode suportar o mal, a injúria e a provocação, sem estar cheio
de ressentimento, indignação ou vingança. Ele faz a mente estar firme, dá-lhe poder
sobre as paixões furiosas e a supre com paciência perseverante, que espera e deseja
a restauração de um irmão, em vez de romper em ressentimento por causa de sua
conduta. Ele tolerará muito desprezo e negligência da pessoa que ela ama e esperará
por muito tempo para ver os efeitos amáveis de tal paciência sobre ela.
Você é paciente ou se irrita com facilidade? Você domina a ira ou é dominado
por ela? Ser paciente não é deixar de enxergar os próprios erros e os do próximo, mas
passar por cima deles, dando tempo para que haja arrependimento. Quem ama não
faz justiça com as próprias mãos, antes espera que o opressor se arrependa. O amor
se alegra não em punir, mas em perdoar. O amor vence a vingança.
APRENDEMOS A PACIÊNCIA
Um jovem cristão foi visitar outro amigo idoso e lhe pediu: “Você poderia orar
para que eu seja mais paciente?” Então eles se ajoelharam juntos e o homem começou a
orar: “Senhor, manda tribulações a este jovem pela manhã; envie-lhe tribulações à tarde,
envie-lhe…”
Então o jovem deixou escapar as palavras: “Não, tribulação não! Eu pedi
paciência”. O amigo sábio disse: “Eu sei, mas é através da tribulação que aprendemos a
paciência.”
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A natureza humana caída nos faz rápidos para a raiva, nos faz coléricos. Não
precisamos fazer força para nos irarmos, mas para ter paciência é necessária uma
força contrária à nossa própria natureza.
“Há ocasiões em que Deus nada pede de seus filhos, exceto silêncio, paciência e
lágrimas”. Charles Seymour Robinson
Warren Wiersbe disse que: "O amor se eleva acima das coisas insignificantes e é
generoso na forma como trata os outros. É fácil "amar" quando as pessoas são amáveis, mas
como é difícil amar quando elas, de uma forma ou de outra, nos atacam ou ferem. Pense na
paciência de Cristo com Pedro, depois de Pedro por vezes ter pecado contra Ele, e você terá
alguma ideia do que isso significa. O amor não só pacientemente suporta os erros, mas atua
positivamente em atos de bondade".
Assim, prossigamos para a virtude que faz par com a paciência, isto é, a
benignidade. Mas antes, uma pergunta: O Seu Amor é Paciente?
2. O AMOR É BONDOSO
literalmente, “o amor age com bondade”. Significa “ser gentil e gracioso”,
“demonstrar bondade”, “alguém que se oferece para servir outros com graça e
disposição”. Barrett diz que a bondade “é a contrapartida positiva da paciência; o amor
faz o bem para aquele que lhe causa dano”. Ser bondoso é “responder com o mesmo coração
generoso e perdoador que Deus nos mostrou em Cristo (Ef 4:32)”. Orígenes dizia que isto
significa que o amor é "doce para todos". Jerônimo falou do que ele chama "a bondade"
do amor. A bondade dos cristãos do segundo século era tão marcante que Tertuliano
relata que os pagãos os chamavam de (‘feitos de gentileza ou bondade’), em vez de
(‘cristãos’)”.
Não havia nenhum homem mais religioso que Filipe II da Espanha, e,
entretanto, foi o fundador da Inquisição espanhola e pensou que estava servindo a
Deus aniquilando àqueles que pensavam de maneira diferente à sua. O amor é
benigno, amável, generoso; cortês e serviçal. Ela busca ser útil; e não somente
aproveita oportunidades para fazer o bem, mas faz o bem. Essa é a sua qualidade
geral.
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A bondade existente no coração sobe até o rosto e imprime ali sua beleza. “A
bondade de Deus é a raiz de toda bondade; e a nossa bondade, se temos alguma, origina-se em
Sua bondade”. William Tyndale
Jesus nos ensina sobre o amor bondoso do Pai: “Amai, pois, a vossos inimigos, e
fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do
Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.” Lc 6:35
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partidos. Desse modo, poderíamos traduzir ou parafrasear esta frase como “o amor
não é partidarista” ou “o amor não procura competir com o outro”. Os coríntios usavam
os dons espirituais para competirem entre si, e não como meios de graça para
promover a unidade e a edificação da igreja.
Calvino chama este tipo de inveja ou ciúmes de “a semente de todas as contendas”
e acrescenta que “quando a inveja reina, onde cada um deseja ser o primeiro, ou assim
parecer, não há lugar para o amor”.
“A inveja tortura as afeições, incomoda a mente, inflama o sangue, corrompe o coração,
devasta o espírito; e assim se torna, ao mesmo tempo, torturadora e carrasco do homem”.
Thomas Brooks
Crisóstomo disse: “Assim como a traça corrói a roupa, a inveja consome o homem”.
Já para William Plumer: “Não existe paixão pior do que a inveja”.
Adam Clark diz que a pessoa que tem ágape: “Não é triste porque o outro possui
uma parcela maior de bênçãos terrenas, intelectuais ou espirituais. Aqueles que têm este amor
puro se regozijam tanto na felicidade, quanto na honra e no conforto dos outros, como se
fossem deles mesmos. Eles estão sempre querendo que os outros sejam preferidos antes deles".
O ciúme invejoso é totalmente o contrário disso, como bem exemplifica John
MacArthur: "O ciúme, ou inveja tem duas formas. Uma forma, diz: "Eu quero o que a
outra pessoa tem'. Se eles têm um carro melhor do que o nosso, nós o queremos. Se
eles são elogiados por algo que eles fizeram, queremos o mesmo ou ainda mais para
nós mesmos. Este tipo de inveja já é ruim o suficiente. Mas a pior espécie diz: 'Eu
gostaria que eles não tivessem o que eles têm' (Mt 20:1-16). O segundo tipo de ciúme é
mais egoísta, é desejar o mal para alguém. É o mais profundo, corrupto e destrutivo
nível de ciúme. Este é o ciúme que Salomão descobriu na mulher que fingia ser mãe
de uma criança. Quando seu filho recém-nascido morreu, ela secretamente trocou o
bebê pelo de uma mulher que estava com ela. A verdadeira mãe descobriu a que
Quem somos nós para acharmos que quaisquer dos dons naturais que temos,
nossa aparência, linhagem, nome, sobrenome, recursos, etc. nos fazem melhores do
que os outros? O amor jamais se ensoberbece porque sabe que tudo o que tem, tem
porque vem de Deus; aquele que ama, com o amor de Deus, usa o que tem para o
bem do seu irmão. Aprendamos com Jesus, que nunca inflou o Seu peito para parecer
melhor do que os outros, mas que deixou tudo para se parecer com os que
precisavam e precisam Dele; aprendamos com Ele, que nunca se ensoberbeceu,
Como disse Paulo: "De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas
esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E,
achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de
cruz" (Fp 2:5-8) . "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado"
(Lc :14:.1) O Seu Amor Se Ensoberbece?
CONCLUSÃO