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2015 PI Mauro Ferreira
2015 PI Mauro Ferreira
São Paulo
2015
Mauro Ferreira da Silva Filho
___________________________________
Prof. Dr. Silas Derenzo (Orientador)
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
do Estado de São Paulo
São Paulo
Dezembro/2015
Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informação Tecnológica – DAIT
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT
This work seeks to describe step by step through a practical example, the
application of PDCA technique and quality tools in the management of industrial
processes, seeking improvements and maintenance results. The PDCA methodology
was applied in a cardboard machine from a company in the pulp and paper segment.
The main objective is to present this application case study of the PDCA
methodology in an industrial case study, to reduce production downtime in a paper
machine. With this methodology was possible to evaluate the gains made by the
management of the production process, using continuous improvement tool,
comparing the results of downtime for breaks Card paper machine before and after
PDCA implementation. The research method is exploratory category case study with
data collection through participant observation and data records of the production
process, characterized as qualitative and quantitative. The results showed that the
application of PDCA tool is of paramount importance to detailed and structured
analysis and provides a technical analysis of the issue. In order to reduce downtime
due to machine breakdown of paper and paper gain in productivity for the company
the methodology was applied during three consecutive years in which analysis were
performed; using quality and statistics tools, find the causes of paper breaks
occurrences and were prioritized and set the action plan to eliminate the root causes
of failures agreement. The daily breaks the digital indicator and time efficiency of the
production line were analyzed and, after three years, a significant reduction in
monthly downtime was found by breaking, whose values were analyzed in
comparison with benchmarking research other cardboard machines, allowing
production and achieve performance goals, creating more products to market and
competitive position.
Figura 4 - Atuadores do perfil do lábio superior para controle do perfil de gramatura .......... 29
Figura 13 – Região do bolsão delimitado entre tela secadora, cilindro e papel .................... 48
Figura 14 - Esquema de uma prensa de cola inclinada com poça de amido ........................ 50
Figura 23 - Gráfico do número de quebras por dia das máquinas de cartão em 2011 ......... 73
Figura 27 - Sistema Optvision / Neo Portal para consulta de tempos parados de produção 98
Figura 28 - Gráfico de horas paradas mensais de 2006 a 2011 ......................................... 101
Figura 31 - Foto de um buraco no papel cartão sendo comparado com o tamanho de uma
caneta comum ............................................................................................................ 105
Figura 43 - Gráfico pareto dos locais que aconteceram as quebras em 2012 .................... 132
Figura 44 - Gráfico pareto do número de quebras específico por gramatura ..................... 133
Figura 45 - Gráfico pareto das causas de quebras do papel em 2012 ............................... 134
Figura 46- Gráfico de resultado de tempo médio mensal parado por quebra ..................... 140
Figura 47 - Gráfico analisando número de quebras a cada 1000 toneladas produzidas por
gramatura ................................................................................................................... 141
Figura 48 - Gráfico pareto das causas de quebra do ano de 2013 ..................................... 143
Figura 49 - Vista lateral do segundo grupo secador detalhando posição do secador 9 ...... 145
Figura 51 - Gráfico do tempo parado médio mensal por quebra ano a ano da B6 ............. 148
Figura 52 - Gráfico de Eficiência de tempo das máquinas de papel cartão em 2014 ......... 150
Figura 53 - Gráfico do número de quebras por dia das máquinas de papel cartão em 2014
................................................................................................................................... 151
Figura 54 - Histórico do indicador de tempo parado por quebra mensal da máquina B6.... 153
Figura 55 - Gráfico de evolução anual do número de quebras por dia da B6 ..................... 155
Figura 57 - Gráfico de regressão linear de Eficiência de tempo e quebras por dia ............. 157
Lista de Tabelas
CD Cross Direction
LA Lado de Acionamento
LC Lado de Controle
MC Melhoria Continua
MD Machine Direction
NI Não Indentificado
SR˚ Schopper-Riegler
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15
3.1 O setor de Papel e Celulose .................................................................................. 15
3.1.1 Início da produção de celulose e papel no Brasil ................................................... 15
3.1.2 A Suzano Papel e Celulose ................................................................................... 16
3.1.3 Obtenção da fibra celulósica .................................................................................. 16
3.2 O papel .................................................................................................................. 18
3.2.1 A história do papel ................................................................................................. 18
3.2.2 O papel cartão ....................................................................................................... 19
3.2.3 Processo de fabricação de papel cartão ................................................................ 22
3.2.4 Preparação de Massa ............................................................................................ 24
3.2.5 Caixas de Entrada ................................................................................................. 25
3.2.6 Formadores ........................................................................................................... 29
3.2.7 Prensas ................................................................................................................. 32
3.2.8 Secagem ............................................................................................................... 39
3.2.9 Prensa de Cola ...................................................................................................... 50
3.2.10 Pintadoras ............................................................................................................. 52
3.2.11 Calandra ................................................................................................................ 56
3.2.12 Enroladeira ............................................................................................................ 57
3.2.13 Sistema de Passagem de Ponta ............................................................................ 58
3.3 Máquina B6 ........................................................................................................... 58
3.4 Quebras de Papel .................................................................................................. 63
3.5 Indicadores de Desempenho de uma máquina de papel ....................................... 64
3.5.1 Disponibilidade, D .................................................................................................. 65
3.5.2 Eficiência de Tempo, Et ......................................................................................... 66
3.5.3 Rendimento, η ....................................................................................................... 67
3.5.4 Eficiência Global, EG ............................................................................................. 67
3.6 Tipos de Paradas de Produção numa máquina de papel ....................................... 68
3.7 Benchmarking das máquinas de papel cartão referente a 2011............................. 71
3.8 Gerenciamento da Qualidade ................................................................................ 74
3.9 Melhoria Contínua ................................................................................................. 75
3.10 Ciclo PDCA............................................................................................................ 77
3.10.1 Etapa Plan ............................................................................................................. 80
3.10.2 Etapa Do ............................................................................................................... 88
3.10.3 Etapa Check .......................................................................................................... 88
3.10.4 Etapa Action .......................................................................................................... 89
3.10.5 Metas..................................................................................................................... 95
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 97
5 RESULTADOS .................................................................................................... 100
5.1 Identificação do Problema ................................................................................... 100
5.2 Análise do Fenômeno .......................................................................................... 101
5.3 Análise de Processo ............................................................................................ 111
5.4 Plano de Ação ..................................................................................................... 114
5.5 Execução do Plano de ação ................................................................................ 119
5.6 Acompanhamento do resultado ........................................................................... 128
5.7 Padronização....................................................................................................... 129
5.8 Aplicação da metodologia PDCA - Ciclo PDCA ano de 2013............................... 131
5.9 Aplicação da metodologia PDCA - Ciclo PDCA ano de 2014............................... 140
5.10 Benchmarking das máquinas de papel cartão em 2014 ....................................... 149
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 152
7 CONCLUSÕES ................................................................................................... 158
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 161
GLOSSÁRIO ..................................................................................................................... 168
APÊNDICE ........................................................................................................................ 176
CHECK-LIST DO CONDUTOR DA MÁQUINA B6 ............................................................ 176
ANEXOS ........................................................................................................................... 183
ANEXO A – PESQUISA METSO 2012 .............................................................................. 184
ANEXO B – PESQUISA VALMET 2014 ............................................................................ 188
11
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
Após conclusão dos ciclos do PDCA descrito neste trabalho, foi avaliado o
ganho de aumento de eficiência de tempo e redução de quebras do papel, utilizando
como base a pesquisa da Metso (2012) e Valmet (2015) que mostram o
benchmarking das máquinas produtoras de papel cartão de todo o mundo.
15
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 O setor de Papel e Celulose
3.2 O papel
Durante boa parte de sua história, o papel foi fabricado à mão. Em meados do
século XVII, os holandeses começaram a aplicar a força hidráulica para mover
grandes pedras que, movidas umas contra as outras, melhoravam a preparação das
19
Em 1798 teve êxito a invenção segundo a qual foi possível fabricar papel em
máquina de folha contínua. Inventada pelo francês Nicolas Louis Robert que por
dificuldades financeiras e técnicas não conseguiu desenvolvê-la, cedeu sua patente
aos irmãos Fourdrinier, que a obtiveram juntamente com a Maquinaria Hall, de
Dartford (Inglaterra) e posteriormente com o Engº Bryan Donkin. Assim a Máquina
de Papel Fourdrinier (Máquinas de Tela Plana) foi a primeira máquina de folha
contínua que se tem notícia (WILLIAMS, 2006).
O papel cartão é diferenciado pelo seu alto corpo, rigidez e com mais de uma
camada de papel, gramaturas geralmente elevadas com vasta aplicação para o
mercado de embalagens. De acordo com Mattos e Valença 2012, cartões são papéis
fabricados em múltiplas camadas, com gramaturas superiores a 150 g/m 2. Em sua
produção podem ser combinadas diversas matérias-primas principais, como, por
exemplo, celulose, pastas, fibras recicladas e laminados plásticos ou metálicos, o
que gera uma ampla variedade nos tipos produzidos e uma grande diversidade na
maneira como pode ocorrer a utilização final. Sua aplicação mais comum é na
fabricação de embalagens para bens de consumo imediato.
A caixa de entrada tem como função criar uma turbulência controlada para
eliminar floculação de fibras, descarregar a suspensão sobre a tela formadora com
ângulo de incidência e localização correta ao longo de toda a largura da máquina,
evitar variação de fluxo e consistência, manter a velocidade do jato constante e livre
de gradientes (SENAI; IPT, 1988).
3.2.6 Formadores
3.2.7 Prensas
rolo de transferência, dirigida para o feltro da primeira prensa, após passar pelo nip
do rolo lumpreaker, instalado sobre o rolo couch da mesa plana principal.
Nip é a linha que reúne os ponto de contato entre dois rolos de pressão, seu
feltro e a folha de papel. É nesta linha imaginária que ocorre a efetiva prensagem do
papel. Hoje existem vários modelos de prensas que tornam o nip muito mais do que
uma projeção pontual, tornando mais larga a área de contato entre dois rolos, o que
proporciona benefícios em termos qualitativos e quantitativos na produção de papel
CENTRE – Unidade 3, 2004).
Ao sair das prensas para a fase seguinte do processo, a folha de papel ainda
contém 60 a 65 % de água. Em algumas máquinas, com determinados tipos de
papel, esse teor pode chegar a 50 - 55 %. As características-chave em termos de
34
À medida que o teor de sólidos secos da folha se eleva, aumenta também sua
resistência à tração, o que tende a minimizar a possibilidade de quebras da folha na
máquina de papel. Porém, a simples aplicação de pressão nos rolos de prensa não
garante que a folha se compactará adequadamente. É necessário que os perfis
transversais de gramatura e de umidade da folha sejam uniformes, caso contrário,
poderá haver dificuldades nas seções posteriores da máquina de papel, tais como
maior consumo de energia na secagem ou, até mesmo, formação de bobinas
irregulares na enroladeira, provocando a rejeição do papel que esteja fora do padrão
de qualidade (CENTRE – Unidade 3, 2004).
Uma vez saturada (apenas água e fibras na folha) inicia-se a fase 2, em que a
água começa a sofrer pressão, aplicada pelo nip, forçando sua migração para o
feltro. À medida que a folha entra no nip, a pressão e a convergência aumentam,
aumentando a saída de água da folha e transferência para o feltro. Próximo ao
36
A terceira fase começa no meio do nip e termina quando a folha está no ponto
de máximo teor de sólidos secos. A pressão hidráulica ainda está positiva, mas
decrescendo, tendendo a zero (fim do nip). Na quarta e última fase, o nip torna-se
divergente, o que permite que a folha se expanda parcial ou totalmente, até a
espessura original, dependendo do tipo de fibras e do processo de elaboração da
massa. Uma pressão negativa é criada entre o feltro e a folha. Este vácuo provoca
um pequeno retorno da água contida nos feltros à região periférica da folha,
acarretando um leve reumidecimento da mesma. O feltro e a folha de papel
expandem-se, fazendo com que o papel reabsorve água do feltro, mas devido à
expansão, volta ao estado não saturado (DRUMMOND, 2008). Esta reversão na
direção do fluxo de água pode ser observada na indicação da pressão hidráulica
negativa na curva do gráfico da Figura 6.
3.2.7.3 Feltros
Os feltros são definidos como produtos têxteis, responsáveis pelo suporte
físico da folha, transporte da folha, extração da água contida na folha e responsáveis
por conferir acabamento e propriedades físicas da folha. Na prensagem, certa
quantidade de água da folha é transferida para os feltros, alojando-se em seus
interstícios, esse volume de água extraída, deve ser retirada do feltro, a fim de
acondicioná-lo a uma nova prensagem (DRUMMOND, 2008).
Atualmente, em algumas aplicações, têm sido utilizados feltros com fios mais
finos na face de contato com a folha e fios mais grossos na face oposta, visando
melhorar a uniformidade do desaguamento (malha mais compacta em contato com a
folha) e evitar o efeito do reumidecimento, dificultando a passagem da água de
dentro do feltro para a folha na saída dos nips (baixa pressão).
Na passagem pelo nip, o feltro acumula água, fibras, cinzas e toda espécie de
cargas que foram adicionadas à massa durante a preparação. Ao longo de cada
volta do seu percurso, é necessário lavar e retirar água do feltro para que ele esteja
adequado para retornar ao nip em condições de promover a desejada remoção de
água da folha, ao longo de toda a sua área. Para que isto ocorra, existe no circuito,
uma série de chuveiros e caixas de sucção (Uhle Box) que realizam este trabalho
continuamente conforme Figura 7.
39
3.2.8 Secagem
Para ser utilizado, o papel ou o cartão requer, em geral, um teor de água na faixa de
3% a 7%. Entretanto, após a prensagem, a folha ainda contém de 53% a 62% de
água, dependendo da máquina e do produto em particular. Por meio da evaporação,
é possível remover praticamente toda a água de uma folha de papel com qualquer
quantidade inicial de umidade. Entretanto, é mais econômico evaporar apenas a
água que não pode ser removida por métodos mais baratos, tal como a prensagem
mecânica (CENTRE – Unidade 4, 2004).
1 A umidade é um fator que deve ser muito bem monitorado durante todo o processo
produtivo, pois tem uma grande influência no produto final e que pode ser diagnosticado
através de um teste bem simples. Sendo apenas necessário se ter uma estufa e uma
balança analítica, desta forma a amostra é pesada e em seguida colocada na estufa que
deverá ficar por um período de tempo e temperatura constante. Sendo em seguida pesada
novamente e comparado com o padrão (MOURAD, 1999; TAPPI, 2010).
41
VARIAÇÃO DO AMIDO
PARÂMETROS DE
PARÂMETRO APLICADO
CONTROLE
> = aumenta; < = diminui [kg/ton]
Teor de sólidos da solução > >
Velocidade da máquina > >
Gramatura da folha base < >
Umidade da folha < >
Porosidade do papel < >
Pressão do NIP > >
3.2.10 Pintadoras
COMPONENTE % SÓLIDOS
Pigmentos 80 - 90%
Ligantes 10 - 20%
Espessantes < 1%
Aditivos < 2%
Água (teor de sólidos final - 40 a 70%)
Na saída da secagem a ar, nos quais também não há contato da folha com a
fonte de calor, a tinta encontra-se imobilizada, isto é, sem característica de fluidez e,
assim, o cartão já pode fazer contato com a superfície de cilindros secadores a
vapor sem se aderir a eles. A última fase da secagem é realizada por meio de
cilindros secadores aquecidos a vapor, onde a umidade final é ajustada. Após a
secagem de uma camada de revestimento a folha inicia nova sequência de
3.2.11 Calandra
efeito, pois pode provocar efeitos indesejados nas propriedades óticas e prejuízo
na opacidade. O resultado da calandragem depende de vários fatores, como carga
de compressão, temperatura, umidade da folha e tempo de permanência no nip.
Outros fatores incluem o tipo de fibra do papel, a formulação da tinta de
revestimento, a rugosidade dos rolos da calandra e a formação da folha (CENTRE -
Unidade 6, 2004).
3.2.12 Enroladeira
3.3 Máquina B6
30% – de 135 mil para 175 mil toneladas/ano. Para suprir este aumento, foi iniciada
a utilização de aparas de papel. Hoje, a Máquina B6 produz em média 650 toneladas
de papel cartão por dia, dependendo da gramatura a ser produzida, sendo eles:
papel cartão Supremo Duo Design®, Supremo Alta Alvura®, TP Premium®, Super 6
Premium®, TP White® e TP White Pharma®, que vão de 210 a 350 g/m².
Após o rolo de carga o papel passa pela sessão das prensas, composta por 3
prensas, sendo que somente a primeira possui um rolo de sucção as demais são
prensas lisas com somente 1 feltro no circuito do rolo inferior. Na Figura 17 é
possível verificar o layout das prensas da B6.
61
encanamento especificado.
3.5.1 Disponibilidade, D
Considera-se que não são descontadas perdas de tempo provocadas por falta
de utilidades (energia, vapor, ar e etc.) e desenvolvimento de novos produtos.
Assim,
Et = Tprodução x 100
Tdisponível máximo
Paradas técnicas;
Paradas Operacionais;
Reinício;
Parada por quebra do papel;
Passagem de ponta;
Parada devido problema de manutenção.
3.5.3 Rendimento, η
sendo:
Eg = D . Et . ɳ
Todo ano a empresa Metso, hoje Valmet, faz uma pesquisa com dezenas de
máquinas produtoras de papel cartão de todo o mundo, avaliando a produtividade,
eficiências e desempenho em quebras de papel e estes dados são divulgados
apenas para as empresas participantes da pesquisa. Nesta pesquisa, as máquinas
de papel são nomeadas por siglas, devido ao sigilo dos número de performance,
porém cada empresa conhece somente a própria sigla, a qual é informada pela
Metso. A partir dos resultados desta pesquisa, que podem ser vistos no Anexo A, é
possível fazer um ranking de eficiência e performance destas máquinas, que serve
como análise de benchmarking para os fabricantes de papel.
A pesquisa realizada em 2012, com dados referente ao ano de 2011, foi feita a
partir dos dados enviados pelas empresas fabricantes para a empresa Metso, que
resultou numa análise comparativa de 25 máquinas de papel cartão, distribuídas
pelo mundo. Dentre várias análises realizadas por esta pesquisa, será abordada
principalmente a análise da eficiência de tempo (%) e quebras de papel por dia.
relação ao tempo disponível para produção, e pode ser calculada pelo tempo de
produção em relação ao tempo total disponível ou conforme a seguir:
Breaks per day é um indicador muito usual nas máquinas de todos os tipos de
papel em de todo o mundo e indica o número de quebras do papel por dia, que pode
ser calculado pelo número total de quebra de papel por mês dividido pelo número de
dias do calendário ou disponíveis para produção. Seu valor varia na faixa de 0,2 a
3,0 quebras por dia, como pode ser verificado no gráfico da Figura 23.
Figura 23 - Gráfico do número de quebras por dia das máquinas de cartão em 2011
Em 2011, a máquina B6 teve em média 0,8 quebras por dia, isto é, média de
24 quebras de papel mensais, ocupando a 10˚ colocação do ranking da Metso, valor
relativamente próximo a média de todas as máquinas que é de uma quebra por dia.
Este indicador é esperado sempre alcançar menores valores, isto é, menor número
de quebras por dia.
Esta ferramenta tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos
envolvidos na execução da gestão, como por exemplo na gestão da qualidade,
dividindo-a em quatro principais partes. Deve começar pelo planejamento, em
seguida a ação ou conjunto de ações planejadas são executadas, checa-se o que foi
feito e compara com o que foi planejado constantemente e repetidamente, e toma-se
uma ação para eliminar ou ao menos reduzir defeitos no produto ou no processo.
Dentre outros fatores pode-se citar como fator crítico para o atingimento dos
resultados é alinhar as metas do PDCA com a estratégia de resultados da empresa,
o que possibilita comprometimento da alta gerencia.
O ciclo PDCA envolve as fases para resolução dos problemas na qual aborda
os pontos:
Definir o problema;
Analisar o problema e definir objetivos;
Determinar o desempenho;
Explorar soluções possíveis;
Analisar e encontrar soluções;
Planejar e implementar soluções;
Avaliar o desempenho encontrado;
Registrar melhorias e obstáculos;
Padronizar soluções;
Melhorias posteriores e repetir o ciclo.
Localizar o problema;
Estabelecer meta;
Análise do Fenômeno (utilização de gráficos de pareto e
diagramas estatísticos);
Análise do Processo (causas prováveis e diagrama de causa e
efeito/Ishikawa);
Elaboração do plano de ação.
mostra, por ordem de importância, a contribuição de cada item para o efeito total.
Este diagrama, ou gráfico de pareto, é uma técnica gráfica simples para a
classificação de itens desde o mais ao menos frequente. O Diagrama de Pareto é
baseado no princípio de Pareto que declara que muitas vezes apenas alguns itens
são responsáveis pela maior parte do efeito. Ao distinguir os itens mais importantes
dos menos importantes, maior melhoria será obtida com menor esforço.
What? (o que?);
When? (quando?);
Who? (quem?);
Where? (onde?);
Why?(por que?);
How? (como?);
How Much?(quanto?).
3.10.1.5 Benchmarking
3.10.2 Etapa Do
Esta etapa pode ser dividida em duas partes, na qual a primeira é a de atuar
corretivamente e a segunda é de agir para melhorar.
A segunda parte, agir para melhorar, Andrade e Melhado (2003) explicam que
deve executar ações para promover continuamente a melhoria do desempenho do
processo. Esta fase é responsavel pela padronização dos procedimentos
implantados na fase “Do”. Ou seja, tendo comprovado a eficacia das ações tomadas,
e sendo o resultado satisfatório para atender as necessidades da organização,
90
1992):
3.10.5 Metas
As metas de melhoria são aquelas que devem ser atingidas e para que isso
seja possível será necessário modificar a forma atual de trabalho. As expressões
“reduzir em 30% a variação da dureza das peças de aço fabricadas pela empresa
até o final do ano” e “reduzir o prazo máximo de entrega do produto ao cliente de
dois dias para um dia até o final do ano” são exemplos de metas de melhoria. Cada
96
meta de melhoria gera um problema que deverá ser “atacado” pela empresa.
4 METODOLOGIA
No início do ano de 2012 foi dado início ao primeiro ciclo do PDCA para
redução do tempo parado devido a quebras do papel da máquina B6 com o intuito
de atingir o orçamento de tempo parado mensal da máquina e ganho de eficiência
de tempo e por consequência a eficiência global da máquina B6.
Para aplicar o método PDCA na solução das quebras do papel na máquina B6,
foram feitos levantamentos de todas as ocorrências de quebra do papel do período
em estudo, utilizado como base de dados para as análises. Geralmente,
dependendo do problema e da disponibilidade dos dados, são levantados dados dos
últimos 6 ou 12 meses.
Identificação do problema;
99
Análise do fenômeno;
Análise de processo;
Plano de Ação;
Execução do plano de ação;
Acompanhamento do resultado;
Padronização.
100
5 RESULTADOS
De 2006 a 2011, o tempo médio de paradas por quebra do papel era de 18,2
horas, conforme gráfico da Figura 28. Em 2011, o tempo médio de quebras mensal
foi de 17,5 horas e, sabendo-se que o tempo de parada por quebras previsto ou pré-
estabelecido pela companhia é de 12 horas, definiu-se como meta atingir até o final
de dezembro de 2012, a média de 12 horas por mês de parada de máquina devido
quebras do papel, mesmo que este valor nunca tenha sido atingido anteriormente.
101
No Excel foi possível fazer uma tabela dinâmica, a partir do banco de dados
planilhados, contendo as horas paradas de máquina por tipo de parada. Este dados
são enviados para o Minitab que possibilita construir o gráfico tipo pareto da Figura
29, tipo este de gráfico que é amplamente, ou o mais utilizado, em análises de
fenômeno do PDCA.
103
A partir do gráfico pareto da Figura 30, percebe-se que 63% das quebras são
causadas por buracos e cortes na folha de papel cartão durante o processo de
fabricação. Estes buracos e cortes na folha se abrem, fazendo com que a folha se
rompa no meio da máquina, levando a máquina a parar de produzir, sendo
necessária a passagem de ponta da folha para restabelecer o processo de
fabricação. Na Figura 31 é possível verificar uma foto de um buraco na folha de
papel cartão da B6.
105
Ainda, após estratificação feita no gráfico da Figura 34, é possível fazer nova
estratificação nas causas de cortes e buracos, a fim de aproximar a análise nas
causas raízes das quebras de papel.
Para obter os dados de causas raízes das quebras que formam o banco de
dados para as análises e gráficos da analise de fenômeno devem ser utilizados
todos os recursos possíveis existentes no processo em estudo. O processo deve
possuir registros de variáveis ou formas de obter dados e informações do processo
como “log de falhas” nas interfaces homem-máquina (IHM) para entender e
conhecer a causa dos problemas.
A partir da análise do gráfico da Figura 33, conclui-se que 46% das quebras
devido buracos no papel foram provocadas por impurezas na linha 4. Esta linha é a
camada do miolo do papel cartão, que é abastecida pela central de pastas da
máquina B6, onde recebe as pastas mecânicas em fardos e processa na central de
pastas para desagregação e depuração. Esta pasta mecânica é responsável por dar
corpo (espessura) e rigidez no papel cartão. Para alguns tipos de cartões fabricados,
há uma maior exigência da quantidade de pasta, isto é, requer maior vazão de
pasta mecânica para abastecer a máquina e nesses momentos, a central de pastas
trabalha acima do limite de sua capacidade. Por isso é necessário enviar para a
máquina pasta mecânica com baixa depuração, ou seja, parte das impurezas vão
para a máquina devido necessidade de envio de rejeito dos depuradores para
conseguir atingir a especificação do produto. Na análise da causa fundamental para
a quebra do papel será visto que a baixa capacidade de depuração da central de
pastas é uma causa a ser priorizada para criação de plano de ação.
No gráfico de pareto da Figura 34, é possível verificar que 27% das causas de
quebra por corte são provocadas pela passagem de amido na borda da prensa de
cola, causa que também deve ser priorizada para criação de plano de ação. Após
análise dos gráficos da Figura 33 e 34, atacando somente a principal causa de corte
e de buracos do período analisado, reduziriam 24% das causas que geram quebras
do papel.
110
Após uma segunda análise das quebras de 2011, foi possível realizar um
gráfico pareto das causas de quebra do 2˚ semestre de 2011, como pode ser
verificado no gráfico da Figura 35.
Percent
50 60
40
40
30
20 20
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G C
M A A
E SS L
G A
A PA 8,18 A N8,08
SS C2 20,53 17,60 6,18 4,43 3,92 3,77 3,63 2,95 2,93 2,87 2,62
PA P ercent 23 20 9
C
9 7 5 4 4 4 3 3 3 3
C um % 23 43 53 62 69 74 79 83 87 90 94 97 100
As demais causas, como por exemplo, a passagem de água pelas raspas das
prensas e arrancamento/pelotes de massa também devem entrar na análise de
causa fundamental e serem priorizadas para criação do plano de ação. Analisando
todos os gráficos do capítulo 4.1.2, percebe-se causas que constam como “NI”, isto
é, não identificado. Estas causas também devem ser priorizadas com o argumento
de que devem ser tomadas ações para ajudar na identificação de causas e analisar
111
FOLGA NO
DEFICIÊNCIA EIXO DO FOLGA NO
NA MOTOREDUT - - EIXO DE
OSCILAÇÃO OR DE OSCILAÇÃO
OSCILAÇÃO
REGIÃO COM
REGIÃO COM
MUITA
DEFICIÊNCIA MUITA
ROLAMENTO UMIDADE
NA - UMIDADE PARA
ESTOURADO PARA O TIPO
OSCILAÇÃO O TIPO DE
DE
ROLAMENTO
ROLAMENTO
FALTA DE
FALTA DE
DEFICIÊNCIA CONTROLE
FOLGA NO FIM DE VIDA CONTROLE DE
NA DE VIDA
PASSAGEM MANCAL ÚTIL VIDA ÚTIL DOS
OSCILAÇÃO ÚTIL DOS
DE ÁGUA MANCAIS
MANCAIS
PELAS
RASPAS DA FALTA DE
2º E 3º FALTA DE
FILTRO NA
PRENSA FILTRO NA
LINHA DE
LINHA DE ÁGUA
ÁGUA DOS -
DOS
CHUVEIROS
CHUVEIROS
DAS
DAS PRENSAS
PRENSAS
ENTUPIMENT SEM BICOS
FALTA DE SEM BICOS
O DE BICOS BICOS RESERVA
LUBRIFICAÇÃ RESERVA PARA
DO CHUVEIRO DANIFICADOS PARA
O DO ROLO TROCA
LEQUE TROCA
FALTA DE
FALTA DE
SISTEMÁTICA
SISTEMÁTICA
DE LIMPEZA
DE LIMPEZA
DOS -
DOS
CHUVEIROS
CHUVEIROS
DAS
DAS PRENSAS
PRENSAS
NECESSIDAD NECESSIDAD
FALHA/FALT E DE REVISÃO E DE REVISÃO
A DE AJUSTE DOS - - - DOS
DE PASSE PADRÕES DE PADRÕES DE
PASSE PASSE
DIFICULDADE CAMERAS
NA SISTEMA DE CAMERAS SEM SEM
-
QUEBRAS NI IDENTIFICAÇÃ CAMERAS MANUTENÇAO MANUTENÇA
O DAS COM FALHAS O
CAUSAS FALTA DE
FALTA DE
COMUNICAÇÃ
COMUNICAÇÃO
O DO
DO SISTEMA -
SISTEMA DE
DE DEFEITOS E
DEFEITOS E
CAMERAS
CAMERAS
REFILO BAIXA BAIXA
ACOMPANHA PRESSÃO PRESSÃO
- - -
NDO A BOMBA DO BOMBA DO
FOLHA PICHASSO PICHASSO
114
FALTA DE
OPORTUNIDA
INTRETRAVA INTRETRAVAM
DE DE
MENTO DAS - - ENTO DAS
MANOBRA
REFILO VÁLVULAS VÁLVULAS
DAS BOMBAS
ACOMPANHA RESERVAS
NDO A
FOLHA CAIXA DE
VÁCUO DO
FALHA FALHA
PICHASSO - -
OPERACIONAL OPERACIONAL
COM VÁCUO
FECHADO
FALTA DE
RESÍDUO DE RETIRADA
FALTA/FALHA FALTA/FALHA
QUEBRA NA DURANTE -
DE INSPEÇÃO DE INSPEÇÃO
MÁQUINA PASSAGEM
DE PONTA
FALTA FALTA
RESÍDUO DE LANTERNA LANTERNA
FALTA DE
QUEBRA NA REPARO NA - REPARO NA
QUEDA DE ILUMINAÇÃO
MÁQUINA ILUMINAÇÃO ILUMINAÇÃO DA
REFUGO NO DA SECARIA SECARIA
PAPEL
FALTA DE
RETIDARA DE FALTA DE
FALTA DE
RESÍDUO DE REFUGO DAS SISTEMÁTICA
SISTEMÁTICA
QUEBRA NA CAIXAS - DE LIMPEZA EM
DE LIMPEZA EM
MÁQUINA SOPRADORAS PARADAS PARADA
EM PARADA PROGRAMADA
PROGRAMADA
As ações devem descrever o que fazer, quem irá fazer e até quando fazer,
isto é, deve conter ações com responsáveis e prazo. A Tabela 4 mostra as ações do
PDCA do ciclo de 2012. O líder do PDCA deve fazer a gestão destas ações para que
as ações sejam concluídas no menor tempo possível de modo a obter os resultados
no menor prazo. Ações concluídas sem o resultado esperado indicam uma falha na
análise de fenômeno e do processo, isso é, o problema e sua causas raízes ainda
não são bem conhecidos. Portanto, a análise de fenômeno e processo devem ser
muito bem elaboradas, discutidas a partir de um banco de dados confiável.
inserido no cheque-list
verificação do horimetro dos
discos e solicitação para Mauro Filho 31/01/12 31/01/12
inspeção e troca do disco
Contaminação quando necessário
da linha 4 Melhoria no sistema de
depuração de pastas com
aumento de capacidade de Ricardo 14/06/12 14/06/12
abastecimento de pasta na
máquina (evita aceite MR18)
Ativar sistema supervisório da
Dosagem de dosagem de aditivo percol,
Leonardo 10/02/12 30/05/12
Aditivos hidrocol e afranil para
monitoramento.
Incluir na sistemática programa
de parada programada revisão
geral dos raspadores Mauro Filho 22/03/12 05/05/12
Passagem de (rolamentos), sistema de
água pelas lubrificação das prensas.
raspas das Planejar junto a manutenção
prensas reparo no raspador das prensas
(porta lâmina - mangueiras) Mauro Filho 22/03/12 05/05/12
sempre que houver troca dos
rolos.
Entrar em contato com
fornecedor de apalpadores,
revisar nosso sistema, verificar
Passagem de Mauro Filho 10/05/12 30/07/12
novas tecnologias para melhoria
água pelas
nos apalpadores das telas e
raspas das
feltros.
prensas
Instalar filtro na linha de água
Mauro Filho 22/03/12 14/06/12
dos chuveiros da 2º e 3º prensa.
118
Como pode ser verificado na Tabela 4, o prazo das ações devem ser
compatíveis com a dificuldade de cada uma dela, visto que algumas ações requerem
investimentos ou apenas revisão de procedimentos, porém o prazo deve ser o mais
curto possível uma vez que é necessário obter resultados o quanto antes para o
atingimento da meta do PDCA.
Dois fatores primordiais para obter resultados com o ciclo PDCA é uma boa
análise criteriosa do problema, identificando as verdadeiras causas fundamentais e
após criar o plano de ação, garantir sua execução o quanto antes para que se
obtenha os resultados a tempo para garantir o atingimento da meta no prazo
estabelecido pelo PDCA. A execução do plano de ação foi feita dando prioridade
para as ações de baixo custo e de simples execução.
A máquina B6 possui seis principais produtos, dentre eles o S6N, TPR, TPW,
TWF, SBA e DUO. Cada um possui características diferentes com relação a
estrutura, revestimentos, receita, aditivos e especificações de qualidade.
Para alguns cartões, como por exemplo o TPW e o S6N, há maior consumo de
pastas devido maior exigência de espessura em sua especificação, porém a vazão
necessária de pastas é maior do que a capacidade real da central de pastas. Para
compensar esse fato algumas linhas de rejeito dos depuradores, isto é, pastas com
contaminantes e sem depuração, são enviados para a máquina para atingir a
espessura do cartão. Esses contaminantes como palitos de madeira, areia, plásticos
entre outros são causadores da quebra do papel, uma vez que, após enviada a
pasta para a máquina, há somente um depurador (DV6) para processamento antes
da massa entrar na caixa de entrada. A abertura das fendas da cesta peneira DV6 é
de 0,35 mm, de modo que qualquer impureza com dimensão semelhante ou menor
passará pelas fendas e será alimentada na caixa de entrada.
Foi criado uma sistemática para que estas quatro principais funções realizem
as inspeções na máquina e preencham o check-list nas primeiras horas do turno de
produção. Assim conseguem observar os desvios presentes na máquina,
diagnosticar o que as está causando, tentar eliminá-los ou informar toda a equipe
para que na primeira oportunidade de máquina parada, possa haver intervenção e
eliminar o desvio.
Sem conhecer as causas raízes3 dos problemas, não é possível criar plano de
ação para eliminar estas anomalias e desta forma elas continuaram a ocorrer até
que as causas sejam identificadas.
3
Causa Raiz: A causa que, se corrigida, preveniria a recorrência desta ou de ocorrências
similares. A causa raiz não se aplica apenas a ocorrência em análise, mas tem implicações
genéricas a um grupo amplo de possíveis ocorrências, e este é o fundamental aspecto de
que a causa deva ser identificada e corrigida (BAPTISTA, 2011).
125
Durante todo ano de 2012 foram tomadas várias ações no sistema de câmeras
a fim de deixá-lo mais robusto, prático e com bom funcionamento. Todo o sistema foi
revisado e ajustado, contribuindo de maneira significativa na redução de causas não
126
Através dos gráficos abordados no capítulo 5.2, é possível verificar que cerca
de 21,6% das causas de quebras são referentes a contaminações e impurezas na
linha 4 (miolo do cartão). Como já abordado neste capítulo, toda impureza que vem
com a pasta passará pelo depurador vertical do approach flow4 da linha 4, o DV6.
Este depurador possui uma cesta peneira cilíndrica com fendas de 0,35 mm de
abertura por onde passa a massa considerada livre de impurezas. Toda a massa e
agentes que possuem dimensão maior que 0,35 mm é retido pelas fendas e não
entram na caixa de entrada. Estas impurezas, uma vez retidas, sairão pela linha de
rejeito do depurador, retornando ao processo de depuração. Com o passar do
tempo, as fendas do depurador sofrem avarias devido a presença de grandes
contaminantes no circuito de massas e approach flow como, por exemplo, pedaços
de metais dos discos refinadores que estouram, pedaços de azulejos de tanques de
massa e qualquer outro material rígido que possa a cair nos tanques e entrar no
depurador.
um cáliper de 0,35 mm, é realizada inspeção nas fendas e aquelas que estiveram
acima desta medida são “rebatidas” para que tenham abertura correta.
No gráfico da Figura 40, percebe-se que apesar de a média mensal ter ficado
em 11,8 horas/mês, atingindo a meta do PDCA, em seis meses a meta foi atingida
(colunas verdes) enquanto nos outros seis meses a mesma não foi atingida
(colunas vermelhas).
Portanto, nos meses do ano de 2012 que ficaram fora da meta, pode-se dizer
que as falhas durante o processo que geraram maiores números de quebras de
129
papel eram causas especiais que não estavam mapeadas nas análises de
fenômeno.
5.7 Padronização
Neste ciclo, fez-se também uma análise de quebra de papel avaliando a sua
ocorrência por setores da máquina, conforme gráfico da Figura 43, no qual é
132
possível constatar que aproximadamente 42% das quebras ocorriam na região das
pintadoras (P1, P2 e P3).
Os gráfico das Figura 42 e 43, possuem boa relação uma vez que os cortes e
buracos formados na folha de papel durante o processo produtivo se rompem nas
lâminas das pintadoras, isto é, os defeitos (corte e buraco) na superfície da folha ao
passar pelas lâminas aplicadoras de tinta (que são lâminas metálicas que
pressionam a superfície do papel para a remoção do excesso de tinta) rasgam a
folha por inteiro gerando a quebra do papel na região das pintadoras.
Outra análise, que difere daquela realizada no primeiro ciclo, é o gráfico tipo
pareto avaliando qual a gramatura em que a quebra do papel é mais frequente,
como pode ser visto no gráfico da Figura 44. Para este tipo de análise levou-se em
consideração o volume produzido de cada cartão, isto é, criou-se o indicador número
de quebras a cada 1000 toneladas produzidas de cada gramatura (n˚ PQU/1000t).
133
Pelo gráfico percebe-se que apenas 8% das quebras do ano de 2012 não
tiveram causa definida, número relativamente baixo. Quanto mais se conhece as
causas dos problemas, mais fácil atingir o resultado, pois, após conhecidas as
causas é possível implementar ações que eliminem as anomalias do processo,
evitando reincidências. A Tabela 5 apresenta as causas das ocorrências de quebra
do papel diagnosticadas no ano de 2012, que serviram para a análise da causa
fundamental na análise de processo.
abertura do
abertura do
bico pequena
bico pequena
gerando
gerando maior
Buracos maior
velocidade do
velocidade do
jato
jato
anel de
falhas na Falhas na
retífica da
rolo retífica do retífica do
calandra
reaproveitado revestimento revestimento
com
da calandra da calandra
ressalto
falha na Falha na
formato da indicação e indicação e
folha muito medição do medição do
Cortes aberto Formato acima formato do formato do
Laterais encostando do padrão papel papel
no anel da falha no
Falha no ajuste
calandra ajuste do
do formato do
formato do
papel pela
papel pela
operação
operação
Falha/Falta
Falha/Falta de
parada do de ajuste da
Falta de Bombas de raspa do filtro ajuste da raspa
redutor do raspa da size-
amido na amido travou na da size-press
filtro de amido press em
size-press intertravadas cesta peneira em paradas
da size-press paradas
programadas
programadas
Figura 46- Gráfico de resultado de tempo médio mensal parado por quebra
houve uma causa especial, que gerou grande quantidade de quebras de papel, foi
mantido este período para o terceiro ciclo a fim de garantir que as ações tomadas
para estas quebras fossem eficazes.
Neste novo ciclo do PDCA, foi dada continuidade nas análises de número de
quebras por tipo gramatura de papel com objetivo de detectar se há maior incidência
de quebra de papel em alguma gramatura específica. Para retirar o efeito do volume,
isto é, o papel que mais é produzido tem mais chance de quebrar, foi feito, portanto,
o indicador de número de quebras dividido por mil toneladas produzidas. O resultado
dessa avaliação pela gramatura é apresentado na Figura 47.
10
9
8
Número de quebras/kt
7
6
5
4
3
2
1
0
200 220 240 260 280 300 320 340 360
Gramatura (g/m²)
Foram feitas várias análises junto aos principais fornecedores dos rolos como
impressão do NIP dinâmico/estático, que mostra o estado dos dois rolos em relação
à a largura de contato das superfícies ao introduzir pressão hidráulica, a análise do
perfil do revestimento no fabricante, análises químicas da borracha, entre outras.
Algumas hipóteses de causa foram levantadas, como desalinhamento mecânico da
alavanca do lado acionamento da máquina (LA) devido problemas no rolamento,
falta de refrigeração interna do rolo móvel, falta de quebrador de folha na entrada da
prensa, entrega pelo fornecedor dos rolos com falha na vulcanização e mudança de
matéria prima utilizada pelo fabricante do rolo.
Foram tomadas várias ações para eliminar estas ocorrências, dentre elas a
instalação de um quebrador de folha na entrada da prensa de cola, foi adquirido um
rolo com refrigeração, iniciado testes com fornecedores alternativos, avaliação de
tipos de borrachas diferentes, etc.
145
Houveram várias hipóteses para a causa desta anomalia, dentre elas pode-
se citar: diferenças de temperaturas entre os cilindros secadores adjacentes,
diferenças de pressão dos secadores de grupos adjacentes, sujidade na tela
146
Por fim, foi avaliada a única diferença deste cilindro secador comparado aos
demais, que é o contato da tela secadora neste cilindro. Os demais cilindros
secadores da máquina possuem em média 40% de contato com a superfície da tela,
já o secador 9 tinha cerca de 1/8 (~12%) do perímetro de contato com a superfície
do secador, deste modo a tela esfregava a folha neste ponto, devido a uma pequena
diferença da velocidade entre a folha no secador 9 e a tela secadora, provocando o
acúmulo de fibras na superfície do secador.
Foi realizada a compra de novos bicos para os chuveiros, que foram trocados
em paradas programadas, e a partir de então, reduziram as quebras por este
motivo.
Mesmo após troca dos bicos, ainda há ocorrência de quebras por blocos de
amido seco que caem na folha. Quando analisadas as amostras dos buracos, era
possível verificar com o uso de uma solução de iodo, a presença de amido na região
do buraco. Após várias inspeções na máquina com o objetivo de encontrar outras
causas para esta anomalia, foi verificado que a névoa dos chuveiros de amido,
juntamente com a vaporização da água das mesas formadoras provocavam
condensação e acúmulo também nas calhas e estruturas da parte-úmida da
máquina. Esta condensação, com o passar do tempo geravam acúmulo de amido
nas gotas, e os pingos da condensação provocavam os buracos no papel.
148
No gráfico da Figura 51, é possível verificar o tempo parado médio mensal por
quebra desde 2006. Verifica-se no gráfico a queda e a mudança de patamar do
indicador desde 2011 e sua estabilidade desde então até maio/15 quando o tempo
parado médio por quebras em 2015 ficou em 8,1 horas por mês acumulado até o
mês de setembro15.
Figura 51 - Gráfico do tempo parado médio mensal por quebra ano a ano da B6
Figura 53 - Gráfico do número de quebras por dia das máquinas de papel cartão em
2014
A B6 teve 0,56 quebras por dia em 2014, contra uma média de 1,06 quebras
por dia, semelhante a média de quebras por dia em 2011 de 1,0 quebra por dia,
mostrando que as máquinas mantiveram seu número de quebras de papel
constante, sendo que a máquina B6 avançou no ranking, mudando seu indicador de
0,8 para 0,56 quebras por dia.
152
0,8 0,79
0,7 0,69
0,6 0,58
0,56
0,5
201 0 201 1 201 2 201 3 201 4
ano
94,92
95 94,8
94,63
94
93,37
93
92,7
92
91
201 0 201 1 201 2 201 3 201 4
ano
94,5
94,0
93,5
93,0
7 CONCLUSÕES
Em 2011 o tempo parado por quebras do papel era de 17,5 horas/mês, a após
os três ciclos do PDCA o tempo média de quebras por mês na máquina B6 foi
reduzido para 10,3 horas, contribuindo para a redução do indicador de quebras por
dia e também para o aumento da eficiência de máquina.
qualidade, faz com que os níveis hierárquicos abaixo não deem a devida importância
ao programa, uma vez que aquilo que é importante para si é dispensada pelos altos
níveis hierárquicos da companhia.
REFERÊNCIAS
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Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1999.
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Nov 2004. Unidade 2, V.01. 68 p.
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2004. Unidade 3, V.01. 54 p.
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Mar 2005. Unidade 5, V.01. 64 p.
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2005. Unidade 6, V.01. 40 p.
______ Manual Técnico da Enroladeira, Máquina de Papel B6, Campinas, SP. Mar
2005. Unidade 7, V.01. 40 p.
CHIN, K.S., RAO, V.M.T., CHAN, K.M. Quality management practices based on
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WILLIAMS R. C. The Advent of the Paper Machine - Institute of Paper Science and
Technology at Georgia Tech - Atlanta, Georgia - June 13, 2006. Disponível em:
<http://www.ipst.gatech.edu/amp/collection/museum_machine.htm> Acesso em
3/04/2015.
GLOSSÁRIO
Backing Roll – rolo que serve de suporte para a folha de papel ou cartão, oposto ao
rolo aplicador, na operação de revestimento com tinta.
Calandra - conjunto de rolos sobrepostos, entre os quais o papel passa para receber
um acabamento, tal como, alisado, acetinado, etc. Sobre os rolos existe um
dispositivo aplicador de pressão. Estão descritas à parte, a lisa ou calandra da
máquina de papel, a super-calandra e a calandra gravadora.
Cordas - são as cordas de sisal, algodão, nylon, ou algodão reforçado com nylon,
usadas no sistema de cordas para passagem da ponta na máquina de papel.
NIP - também chamada de “nip “ é a faixa de contato entre dois rolos da máquina de
papel, entre os quais este passa. A largura desta faixa deve ser o mais uniforme
possível, para evitar que o papel receba pressões diferentes em sua largura. A
flexão do rolo inferior ocasionada pela pressão e peso próprio do rolo ou rolos
superiores, é compensada pelo abaulamento.
Permeabilidade (do feltro) – propriedade que permite que a água penetre no feltro
durante a prensagem.
sucção. Dois jatos fixos, um de cada lado, delimitam a largura da folha, os refilos
laterais caindo no poço do rolo de sucção. O terceiro jato, móvel em toda a largura
da folha, permite formar uma tira ou ponta, que é o início da passagem do papel pela
máquina. Uma vez que esta é passada até próximo do final da máquina, move-se o
jato d’água alargando-a até atingir toda a largura da máquina.
Refilo - tiras cortadas das beiradas dos rolos de papel bruto nas rebobinadeiras e
cortadeiras, ou das folhas de papel nas guilhotinas, para ter o formato pronto
desejado no papel acabado.
Teor seco – relação entre a massa de sólidos e a massa total da folha (%).
APÊNDICE
CHECK-LIST DO CONDUTOR DA MÁQUINA B6
177
178
179
180
181
182
183
ANEXOS
184