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TEXTO DE APOIO DO CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE

Português
3º Ano
Disciplina: Estágio Docente II

Autor: Amândio Paulito Abacar

ISCED

2020
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Introdução

O presente texto de apoio foi concebido por um tutor que, habitualmente, trabalha com estudantes na
orientação e supervisão de estágio docente. A razão por detrás da necessidade que sentíamos de
elaborar um instrumento orientador que pudesse responder às principais preocupações que os
estudantes ao longo do estágio docente pudessem colocar, nomeadamente:

➢ Quais são os objectivos do Estágio Docente?


➢ Que valores / princípios orientam o Estágio Docente?
➢ Por que é que eu tenho de ir à escola se ainda tenho muita coisa para aprender nas disciplinas
teóricas?
➢ Como é que vou conseguir relacionar os conhecimentos que estou a aprender nas disciplinas
teóricas com o que vou observar na escola?
➢ Por que é que tenho de observar uma escola se eu a frequento desde a 1ª. classe?
➢ Eu já sou professor há muitos anos, por que razão tenho de fazer o Estágio Docente?
➢ Qual é o meu papel como “estudante estagiário”? Como me devo comportar na escola?
➢ Como é que vou conhecer a realidade escolar?
➢ Como vou ser avaliado no Estágio Docente?

Um dos objectivos deste texto de apoio é fornecer subsídios teóricos e práticos imprescindíveis para
a compreensão e realização do Estágio Docente, ao longo da formação.

O quadro teórico para a construção do texto de apoio foi multidisciplinar e usamos fundamentos
teóricos das áreas da Didáctica Geral, Didáctica do Português, Supervisão, Pedagogia e Metodologias
de Investigação Científica.

Objectivos gerais

O Estágio Docente visa:

✓ Levar o estudante a participar na dinâmica da escola e da sala de aulas.

Objectivos específicos

✓ Auxiliar o professor orientador na produção do material didáctico;


✓ Organizar e implementar situações de aprendizagem recorrendo à simulação em micro-aulas;
✓ Implementar o processo de ensino-aprendizagem de forma criativa de acordo com as
condições da escola;
✓ integrar progressivamente, o estudante em contextos reais de ensino e aprendizagem da
disciplina de Português;
✓ contribuir para a formação de um professor que possua saberes teóricos e práticos, um
professor que saiba fazer a gestão de um currículo, que saiba diferenciar a aprendizagens e
orientar a sua auto-formação;
✓ proporcionar a aquisição de habilidades e competências que possibilitem a intervenção, a
investigação e a pratica de projectos pedagógicos.

O estudante estagiário deve revelar as seguintes competências, capacidades e habilidades no âmbito


do “saber ensinar e aprender”:
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❖ conhecer conceitos fundamentais área de Língua Portuguesa e dos métodos de trabalho


apropriados;
❖ saber utilizar a sua criatividade de forma autónoma, tentando alcançar novas soluções no
contexto em que cada problema se insere, sabendo recorrer às fontes de informação
disponíveis para a resolução do problema encontrado;
❖ usar os instrumentos psicopedagógicos e didácticos para o exercício da sua função docente;
❖ saber utilizar correctamente as técnicas de comunicação e a língua de ensino na sua vertente
oral e escrita;
❖ ter capacidade de apresentar, forma oral ou escrita, os seus estudos, conclusão ou prpostas.

O estudante estagiário deve revelar as seguintes capacidades e atitudes no âmbito do “saber ser e
conviver profissionalmente”:

 ser assíduo, pontual e ter responsabilidade profissional;


 praticar relações de respeito mútuo entre alunos e professores da escoa integrada, bem como
entre colegas e tutor / orientador do ISCED;
 identificar-se de forma ponderada e respeitar as diferenças culturais e pessoais dos alunos e
demais membros da comunidade educativa, valorizando os diferentes saberes e culturas e
combatendo os processos de exclusão e de discriminação.

O texto de apoio é basicamente constituído por uma introdução, noções sobre micro-ensino,
micro-aula, plano de aula: fundamentos e prática, oficinas pedagógicas, Plano de Ensino à
distância (E@D) em contexto actual de pandemia, observação do PEA nas escolas, referências
bibliográficas / bibliografia e anexo (ficha de observação em contexto escolar).
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I. Micro-Ensino

O midaro-ensino é uma técnica que pode ser usada no estágio docente quando há turmas numerosas
no ISCED / escola integrada para praticar o estágio docente e não há possibilidades de
disponibilização de turmas para todos os praticantes. A alternativa é simular situações de ensino-
aprendizagem na instituição. Pimenta (1997:53) afirma que o micro-ensino cria situações
experimentais para que o futuro professor desenvolva as habilidades docente consideradas eficientes,
em situações controladas de ensino.

As principais habilidades a serem desenvolvidas, durante o micro-ensino, conforme Pimenta


(1997:53) são a espontaneidade, a gestão do tempo, variação de estímulo, perguntar e reforço. O
micro-ensino é considerado de acordo com Veras (1973), apud Pimenta (op.cit), “um poderoso
instrumento para aquisição de habilidades de ensino e prepara o professor para ser dinâmico
interativo”.

Apesar das vantagens anteriormente apontadas, o micro-ensino tem a desvantagem de trabalhar em


situações experimentais e simuladas e o estudante não tem a possibilidade de leccionar numa situação
real e concreta de sala de aula. Por essa razão, ele deve surgir como complemento do estagio docente.

O micro-ensino pode aparecer em duas modalidades: micro-aulas e ensino reflexivo.

1.1. As micro-aulas

1.1.1. Noção de micro-aulas

“O exercício de qualquer profissão, no sentido de que se trata de aprender a fazer “algo” ou “acção”.
A profissão de professor é eminentemente prática. O modo de aprender a profissão, conforme a
perspectiva da imitação, será a partir da observação, imitação reprodução e, às vezes, reelaboração
dos modelos existentes na prática consagrados como bons” (Pimenta e Lima -2004).

As micro-aulas inserem-se numa perspectiva ampla de desenvolver nos praticantes habilidades


instrumentais, actividades de “saber fazer” indispensáveis à realização da prática profissional do
professor.

Sabemos que os estágios e as práticas de lecionação reais, em sala de aula dão aos futuros
profissionais a possibilidade de experienciar a sua realidade. Através das micro-aulas os praticantes,
acreditamos, simulam a realidade, não só pelo manuseamento do conteúdo teórico específico do
curso, mas também, e principalmente, pela preparação da aula, doseamento do conteúdo e da gestão
do tempo de realização do segmento da aula mais extensa que terá de realizar. As micro-aulas são
assim, “…geralmente leccionadas em forma de simulação pelos estudantes. (…) não realizadas
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necessariamente em condições reais de uma sala de aulas com alunos de uma determinada classe na
escola (…) mas (…) de estudantes para estudantes, com a supervisão do docente (tutor).” (Mavanga
e Ismael, 2005:1)

2.2. Planificação e execução

O plano é um projecto, uma idealização da aula. A realização de uma aula seja ela qual for, não
dispensa a planificação.

O plano exige a previsão / questionamento assente em seis aspectos básicos aos quais o professor
deverá ter em conta. Tratando-se de uma micro-aula e considerando que a aula clássica inclui três
partes básicas (Néreci, 1999:100), nomeadamente:

i) a preparação de condições para a realização dos objectivos visados (motivação, revisão ou


articulação com a experiência anterior);

ii) a acção para alcançar os objectivos (desenvolvimento com a participação da classe);

iii) trabalho em torno dos objectivos (fixação, ampliação e verificação da aprendizagem).

No que se refere à avaliação, assim como nos outros aspectos, os critérios são idênticos ao da aula
clássica, contudo, devemos centrar-nos com maior enfoque nos objectivos, nos conteúdos e nas
estratégias definidas para cada segmento, reflectindo-se de modo particular para a questão da gestão
do tempo, pois o tempo definido para realização da micro-aula deve ser respeitado com maior rigor.

2.2.1. Um exemplo de micro-aulas

Para dar mais substância à perspectiva que estamos a desenvolver, apresentamos ao nosso praticante
exemplos de micro-aulas preparadas e realizadas por alguns estudantes durante o estágio docente. Os
praticantes organizaram-se e prepararam seis aulas de curta duração as quais foram lecionadas por
cada um deles. Os praticantes fizeram corresponder cada micro-aula a uma função didáctica. Assim,
enquanto o estudante A tratou da preparação e introdução da matéria , o B preparou a transmissão
e assimilação da matéria nova, o C tomou conta da consolidação e aprimoramento de conhecimentos,
habilidades e hábitos, o D tratou da aplicação de conhecimentos, habilidades e hábitos o E, finalmente
cuidou da avaliação e controle dos conhecimentos, habilidades e hábitos. O estudante F preparou os
meios para a concretização das micro-aulas.

Embora os estudantes tenham definido objectivos olhando para as micro-aulas no seu conjunto, estes
poderiam ter sido definidos de modo parcelar:
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a) Objectivos cognitivos

No fim desta aula, o aluno deve ser capaz de:

-identificar…

-descrever…

b) Objectivos psicomotores

No fim desta aula, o aluno deve ser capaz de:

- esquematizar a mancha gráfica…

- escrever…

c) Objectivos afectivos

Durante esta aula o aluno desenvolve as seguintes atitudes:

-utilizar convenientemente…

- expressar as suas ansiedades e sentimentos

d) Meios deensino

(…)

d) Desenvolvimento da aula

Actividades do professor

Actividades do aluno

Actividades do professor / Actividades do aluno

2.2.2. Ensino-reflexivo

O micro-ensino esta a ser usado tambem na variedade de “ensino reflexivo”. De acordo com Feldens
(1978), apud Pimenta (1997:54), no micro-ensino reflexivo um aluno ministra uma aula em diferentes
locais e essa aula é filmada e depois é analisada pelos seus colegas. Essa técnica aumenta as
oportunidades de prática de ensino e oferece feedback aos estudantes praticantes de reflectirem sobre
a sua actuação.
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PLANO DE AULA:
FUNDAMENTOS E PRÁTICA
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III. PLANO DE AULA: FUNDAMENTOS E PRÁTICA

Lucia Tobase
Denise Maria de Almeida
Débora Rodrigues Vaz

Antes de começarmos nossa abordagem sobre o assunto, temos uma proposta:

• Escolha um dia de sua vida, pode ser o dia de hoje, ontem ou outro memorável!!!
• Escolheu?
• Agora reflita como foi o desencadeamento dos acontecimentos: deu tudo certo?
• Poderia ter sido melhor?
• O (in)sucesso teve relação com a organização e o planejamento das ações?
• Com a definição de objetivos?
• Com os procedimentos, ações realizadas ou recursos/meios utilizados?
• Atingiu o objetivo?
• Fez uma análise sobre esses acontecimentos?
• Novas propostas/condutas emergiram dessa experiência?

A partir dessa reflexão, podemos perceber que o planejamento está presente em nosso cotidiano, ao
nortear a realização das atividades do dia a dia. Aplicado em diversos setores, é de fundamental
importância para o êxito de nossas ações, inclusive na atividade docente, durante o processo
educativo.

A ausência do planejamento pode ter consequências caóticas, resultados desastrosos, indesejados,


inesperados! No âmbito educacional, pode acarretar em aulas monótonas, improvisadas,
desorganizadas, desestimulantes, desencadeando o desinteresse dos estudantes pelo conteúdo e pelas
aulas, o que é extremamente prejudicial, em oposição aos resultados desejados para a boa formação.

E se fosse você? Gostaria de participar de uma aula ministrada sem planejamento, realizada as
pressas, por “falta de tempo” para sua elaboração, utilizando um recurso qualquer pelo fato do
professor não ter selecionado ou se preparado previamente?

Estas questões merecem nossa atenção de maneira muito cuidadosa, porque além do planejamento
refletir o que será realizado, reveste-se de uma grande responsabilidade, assumida pelo educador na
formação do estudante e no compromisso com a escola, com a educação e com a sociedade.
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Conforme os níveis de complexidade, o educador elabora diferentes planos: plano de curso, plano
de ensino e plano de aula. Estes documentos possuem como objetivo geral, a previsão de resultados
desejáveis e descrição dos meios necessários para alcançar estes resultados.

Certamente, antes de iniciar a construção dos planos é necessário conhecer a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) e demais legislações que regem o ensino, o Código de Ética
Profissional e o Projeto Político Pedagógico (PPP) do curso, como documento norteador na
elaboração do planejamento do docente.

Reflita: por que essas bases são necessárias para o planejamento escolar?

PLANO DE CURSO

Os Planos de Curso, componentes do PPP, objetivam garantir a organicidade e continuidade dos


cursos oferecidos pela Escola. Por exemplo, considere o cenário educativo da nossa Universidade:
como tem vários cursos, cada curso tem o seu próprio Plano de Curso. Se criar um novo curso,
deverá ser elaborado o Plano de Curso correspondente e encaminhado à autoridade competente
(Secretaria de Educação, do Município ou Estado), para ser analisado e homologado; somente após
a homologação oficial é que as turmas poderão ser abertas. (LDB 9.394/96).

O Plano de Curso explicita os objetivos educacionais e perfis profissionais a serem desenvolvidos,


como parâmetros para a organização da Instituição, dos cursos como um todo, das atividades
programadas, servindo como referência das ações dos docentes e estudantes.

Na estrutura o Plano de Curso contém: a descrição dos objetivos do curso; sequência dos
componentes curriculares; conteúdos programáticos, como subsídio à elaboração dos planos de
ensino; carga horária mínima dos cursos e seus componentes curriculares; planos de estágio
profissional; procedimentos de acompanhamento e avaliação.

Pense bem: quem participa da elaboração do Plano de Curso? Quais intencionalidades podem ser
identificadas na maneira como as instituições descrevem o curso no Plano?
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PLANO DE ENSINO

É aquele que compreende todo o processo ensino aprendizagem durante o ano letivo, explicitando
todas as disciplinas ou módulos do curso. É o documento que o aluno recebe no primeiro dia de
aula descrevendo: identificação da disciplina, carga horária, objetivos, cronograma de atividades
(conteúdos), instrumentos de avaliativos, bibliografia recomendada. Eventualmente o educador não
tem oportunidade de elaborar o plano de ensino, pois, conforme a instituição é previamente
elaborado e apresentado, sem espaço para ser revisitado.

Pense bem: como futuro educador, qual a sua percepção ao utilizar um plano de ensino previamente
estruturado, sem sua participação na construção?

PLANO DE AULA
Está diretamente relacionado ao plano de ensino, mas descreve uma sequência didática a ser seguida
para o desenvolvimento integral e integrado da aprendizagem, diariamente, em cada aula ou
atividade prática (laboratório, estágio, visita). Facilita a visualização da dinâmica da aula ou
atividade, contribui para que outro docente possa utilizar-se desta referência, em caso de
impossibilidade ou ausência do docente responsável.

Pense bem: O plano de aula expressa uma sequência previamente estabelecida, mas é possível
flexibilizar e alterar esta sequência? Você acha que deve ser seguido rigorosamente como foi
delineado, ou pode ser alterado, no decorrer da aula?

Para saber mais: Ao fazer uma busca rápida na internet, você encontrará diferentes Planos
de Curso, de Ensino ou de Disciplina (a denominação varia, conforme a instituição) e de Aula.
Aproveite a oportunidade para fazer uma leitura mais crítica sobre a maneira como são estruturados,
a profundidade das abordagens, a característica dos métodos de ensino e no decorrer do nosso curso
de Licenciatura, compreenderá como podemos identificar as concepções pedagógicas
predominantes na instituição, as intencionalidades na formação do profissional e o quão a escola é
atuante e transformadora da realidade, ao assumir o seu papel, inclusive na dimensão social.
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Vamos elaborar o plano de aula?

Para Libâneo, “o planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das
atividades didáticas em termos de organização e coordenação em face dos objetivos propostos,
quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino”. Portanto, o planejamento de
aula é um instrumento essencial para o professor definir as estratégias pedagógicas, conforme o
objetivo a ser alcançado, criteriosamente adequado para as diferentes turmas, com flexibilidade
suficiente, caso necessite de alterações.

Na elaboração do plano de aula devemos nos atentar para:

• Clareza e objetividade;
• Atualização do plano periodicamente;
• Conhecimento dos recursos disponíveis da escola;
• Noção do conhecimento que os alunos já possuem sobre o conteúdo abordado;
• Articulação entre a teoria e a prática;
• Utilização de metodologias diversificadas, inovadoras e que auxiliem no processo de ensino-
aprendizagem;
• Sistematização das atividades de acordo com o tempo disponível (dimensione o tempo/carga
horária, segundo cada etapa da aula/atividade);
• Flexibilidade frente a situações imprevistas;
• Realização de pesquisas buscando diferentes referências, como revistas, jornais, filmes entre
outros;
• Elaboração de aulas de acordo com a realidade sociocultural dos estudantes.

Ao elaborar o plano, faça um diagnóstico inicial, respondendo a questões:

• Para quem vou ensinar? Quem são os estudantes? Quais as características (faixa etária, grau
de maturidade, conhecimentos prévios, habilidades adquiridas, contexto social em que vivem
(alunos trabalhadores com múltiplas jornadas de trabalho)).

• Por que ensinar? Quais os objetivos da educação e da escola? Do módulo ou da aula? Quais
a competências a serem desenvolvidas? Na educação, segundo Ferraz, 2010, decidir e definir
os objetivos de aprendizagem significa estruturar, de forma consciente, o processo
educacional para propiciar mudanças de pensamentos, ações e condutas. Essa estruturação
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resulta do planejamento diretamente relacionado à seleção de conteúdos, de procedimentos,


de atividades, de recursos disponíveis, de estratégias, de instrumentos de avaliação e da
metodologia a ser adotada no processo educativo, alinhados à formação das competências, de
acordo com o perfil profissional delineado pela escola.

• O que ensinar? Qual o conteúdo requerido, selecionado? Como integrar conteúdos e outras
áreas do saber (temas transversais, interdisciplinaridade)

• Como ensinar? Quais os recursos didáticos disponíveis? Outros podem ser providenciados/
construídos? Qual o período da aula (matutino, vespertino, noturno)? Como aproveitar os
conhecimentos e experiências prévias? Quais estratégias utilizar?

• Como verificar a aprendizagem? Como acompanhar o processo educativo? Quais os


critérios para definir o sistema de avaliação? Quais os métodos e tipos de instrumentos de
avaliação? Há coerência entre os métodos de avaliação e os objetivos delineados? Consideram
os resultados a serem alcançados?

Nessa perspectiva, em um modelo prático (mas, não único!), estruturalmente o Plano de Aula é
constituído por: Identificação, Objetivos, Conteúdos, Metodologias, Recursos e Avaliação.

CABEÇALHO E IDENTIFICAÇÃO

Escola:
Turma:
Disciplina:
Professor(a):
Data:
Horário:
Duração:
Tema:

OBJECTIVOS

Para falarmos sobre objetivos vamos relembrar um trecho do filme “Alice no País das Maravilhas”,
aquele em que a personagem se encontra frente a vários caminhos para prosseguir sua busca pelo
coelho que fugiu com o relógio:
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Ao ver um grande gato no alto de uma árvore pergunta-lhe:


— Você pode me ajudar?
Ele diz: — Sim, pois não.
— Para onde vai essa estrada, pergunta ela. Ele responde com outra pergunta:
— Para onde você quer ir? Ela diz: — Não sei, estou perdida. Ele, então, lhe diz assim: — Para
quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve.

Os professores, especialmente àqueles que compreendem a função social e política da educação,


não podem ser estilo “Alice”, ou seja, não ter clareza do que querem atingir com suas aulas.

Como escapar desse estilo? É necessário planejar criteriosamente suas aulas. A elaboração de um
plano de aula inicia-se com a formulação dos objetivos de aprendizagem, ou seja, a definição clara e
precisa do que se espera que o estudante seja capaz de fazer após a conclusão da aula/disciplina
(Gil, 2009).

A elaboração de objetivos mais adequados ao ensino pode ser facilitada pelo uso da Taxonomia de
Bloom (auxilia a identificação e a declaração dos objetivos). Uma estrutura de organização
hierárquica de objetivos educacionais. Essa taxonomia resultou do trabalho de uma comissão
multidisciplinar de especialistas de várias universidades dos Estados Unidos, liderada por Benjamin
S. Bloom, na década de 1950. A classificação divide as possibilidades de aprendizagem em três
grandes domínios:

• Cognitivo: abrangendo a aprendizagem intelectual (relacionado ao aprender, dominar um


conhecimento);
• Afectivo: abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de valores (relacionado a
sentimentos e posturas);

• Psicomotor: abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o organismo


muscular (relacionado a habilidades físicas específicas).

Para melhor compreensão do assunto vamos rever os objetivos de nossa aula:

• Compreender os princípios norteadores da elaboração do plano de aula.


• Identificar os elementos que compõem o plano de aula.
• Elaborar o plano de aula.
• Refletir sobre a importância do planejamento na organização das ações de ensino.

Você pode nos dizer a quais domínios da Taxonomia de Bloom eles se relacionam?
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Como você pode observar a declaração de um objetivo se inicia com um verbo no infinitivo que
descreve o desempenho esperado do estudante. Ao selecionar os verbos, precisamos considerar o
que o estudante deverá ser capaz de. Veja no quadro referente ao domínio cognitivo, os verbos
associados às diferentes categorias.
Categoria Verbo
definir, escrever, selecionar, sublinhar, selecionar, relembrar, declarar,
Conhecimento
listar, reconhecer, reproduzir, nomear, rotular, medir
identificar, ilustrar, explicar, justificar, representar, julgar, selecionar,
Compreensão
nomear, constatar, indicar, formular classificar
predizer, escolher, encontrar, construir, selecionar, mostrar, computar,
Aplicação
avaliar, demonstrar, usar, explicar, desempenhar
analisar, selecionar, justificar, identificar, separar, resolver, concluir,
Análise
comparar, separar, diferenciar, contrastar, criticar
combinar, arguir, selecionar, repetir, discutir, relacionar, sumarizar,
Síntese
organizar, generalizar, sintetizar, derivar, concluir
julgar, suportar, identificar, avaliar, defender, evitar, determinar, atacar,
Avaliação
selecionar, reconhecer, criticar, escolher

Portanto, lembre-se da Taxonomia de Bloom ao definir os objetivos: conforme o domínio, os


objetivos são expressos por verbos que explicitam a ação esperada, de forma coerente.

Ex: considerando o domínio cognitivo, o verbo escolhido no objetivo deve expressar o que o
estudante deverá conhecer; no domínio psicomotor, o que o estudante deverá ser capaz de fazer e no
domínio afetivo que atitudes e comportamentos o estudante deverá adotar após a aula.

Características dos objetivos bem delineados:

• Orientados para os sujeitos da ação;


• Fornecem uma descrição dos resultados desejados;
• São claros e precisos;
• São facilmente compreendidos;
• São relevantes;
• São realizáveis.
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CONTEÚDOS

A seleção dos conteúdos a serem trabalhados na aula deve responder a questão: Para alcançar os
objetivos delineados quais conteúdos devem ser trabalhados?

Considere também os critérios abaixo:

• Vinculação aos objetivos;


• Validade (aplicável à vida real);
• Significância (relação com experiências pessoais dos sujeitos);
• Utilidade para os sujeitos (atender as necessidades e interesses dos estudantes); • Adequado
à diversidade dos sujeitos;
• Adequado ao tempo da ação.

Para facilitar o delineamento dos conteúdos e seleção das estratégias de ensino, Zabala (1998)
propõe a tipologia dos conteúdos de aprendizagem:

• Factuais: referem-se ao conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e


fenômenos concretos e singulares. Envolve memorização e repetição.

• Conceituais: relacionam-se com conceitos propriamente ditos e referem-se ao conjunto de


fatos, objetos ou símbolos que possuem características comuns. São mais abstratos e
envolvem compreensão, reflexão, análise e comparação. Envolve compreensão e utilização
dos conhecimentos.

• Procedimentais: Referem-se ao aprender a fazer, envolvem regras, técnicas, métodos,


estratégias e habilidades. Como exemplos, temos: ler, desenhar, observar, classificar e
traduzir. A aprendizagem envolve a realização de ações, ou seja, para aprender é preciso fazer
e aplicar o conhecimento em diferentes contextos.

• Atitudinais: envolvem valores, atitudes e normas. Incluem-se nesses conteúdos, a


cooperação, a solidariedade, o trabalho em grupo, o respeito, a ética e o trabalho com a
diversidade. A aprendizagem desses conteúdos envolve a reflexão, tomada de posição e
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avaliação, o que pode ser facilitado por meio de estudos de casos, situações-problemas, júri
simulado, etc.

Selecione os conteúdos, baseando-se no Plano de Ensino, estabelecendo uma sequência lógica para
facilitar a integração dos demais conteúdos. Conforme o contexto pode-se estabelecer a abordagem
dos aspectos mais gerais até os mais específicos, preferencialmente iniciando dos mais simples para
os mais complexos. Certifique-se de que está contemplando o necessário para o momento,
quantitativa e qualitativamente, sem exceder os limites, incluindo outros assuntos que podem ser
abordados posteriormente, de maneira mais facilitadora, à compreensão e ao aprendizado.

ESTRATÉGIAS

Corresponde aos caminhos/meios para atingir os objetivos. Para a seleção das estratégias de
ensino é preciso responder a questão: Que situações de aprendizagem devo organizar para que o
estudante atinja os objetivos delineados?

Alguns critérios devem ser considerados na seleção das estratégias:

• Concepção pedagógica adotada;


• Domínios dos objetivos;
• Tipologia dos conteúdos;
• Características dos estudantes;
• Características da estratégia;
• Características do professor;
• Características do assunto abordado;
• Tempo para desenvolvimento da ação;
• Recursos disponíveis: materiais, físicos, humanos e financeiros.

Na seleção das estratégias o alcance dos objetivos se torna mais fácil quando estas:

• Permitem resgatar o conhecimento prévio dos estudantes;


• Promovem a participação ativa dos estudantes;
• Valorizam os saberes dos estudantes, ainda que estes sejam do senso comum.
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Alguns exemplos de estratégias de ensino:

• Jogos, dramatização, dinâmica de grupo, roda de conversa, oficina pedagógica, palestra,


projetos, resolução de problemas, blogs, seminários, estudos de caso e outros...
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RECURSOS DIDÁTICOS

São os meios necessários à concretização da estratégia. Estão relacionados aos métodos de ensino
e estratégias a serem utilizadas. Devem ser previstos os recursos materiais, físicos, humanos e
financeiros.

Os recursos variam desde quadro branco, pincel e apagador, projetor de slides, filmes, mapas,
cartazes, a aplicativos e softwares de última geração. É importante contemplar ainda manifestações
artísticas na formação, tais como poesias, músicas, esculturas, pinturas, fotografias para aprimorar
a inserção cultural dos estudantes.

Considerando o perfil atual dos estudantes, os nativos digitais, torna-se vital a inclusão das
tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) em atividades dinâmicas como jogos,
simulações, aulas virtuais, etc.

Isso faz com que estudantes e professores se sintam estimulados, tornando o conteúdo mais
agradável com vistas a facilitar a compreensão e o aprendizado. Considere que a eleição de
determinados recursos e estratégias metodológicas expressam as concepções pedagógicas
adotadas pelo docente e pela escola, bem como as intencionalidades subliminarmente
identificadas no processo educativo.

AVALIAÇÃO

Trata da verificação do alcance dos objetivos e compreende: o processo de avaliação, os critérios


e os instrumentos necessários a esse propósito. Vamos trabalhar com quatro questões
fundamentais:

1. Por que avaliar?

Trata-se da verificação do alcance dos objetivos e compreende verificar se:


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• Os objetivos foram alcançados?


• O que deu certo?
• O que pode ser mudado/melhorado?

2. O que avaliar?

• A aprendizagem dos estudantes;


• O grau de satisfação dos estudantes e do professor com a aula;
• O planejamento da aula;
• A participação e envolvimento dos estudantes nas atividades desenvolvidas;
• O impacto da aula no dia a dia dos estudantes.

3. Como avaliar:

• Elaborar os critérios de avaliação.


• Construir os instrumentos de avaliação.
• Apresentar e discutir os critérios de avaliação com os estudantes no início da
disciplina/aula.

4. Quando avaliar?

• Início do processo: verificar os conhecimentos prévios – Função Diagnóstica.


• Durante o processo: acompanhar a aprendizagem e redirecionar o planejamento – Função
Formativa.
• Final do processo: decisão acerca da progressão/certificação do estudante) – Função
Somativa.
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É desejável que a avaliação tenha caráter contínuo e processual, considerando-se a participação do


estudante nas atividades desenvolvidas, a evolução na trajetória escolar e na formação das
competências. Os métodos de avaliação devem ser alinhados com as estratégias de ensino, os
objetivos e os resultados a serem alcançados. Seja qual for o método ou sistema de avaliação,
considere que o momento de avaliação é também um momento de aprendizado. Requer coerência,
respeito, ética e estética.

CARGA HORÁRIA

Agora que você já definiu quase todos os componentes de sua aula, é hora de pensar em
delimitar o tempo para realização de cada atividade. Para definir a carga horária da aula você
deve considerar a complexidade de cada atividade, do assunto tratado, as características dos
estudantes, do professor e os recursos selecionados.

Lembre-se que a distribuição da carga horária deve ser relativamente flexível e o professor pode
e deve alterá-la conforme o andamento da aula e as necessidades dos estudantes.

BIBLIOGRAFIA

Ao preparar a aula, o professor necessita selecionar referências atualizadas e de origem confiável


oriundas de órgãos governamentais, instituições de renome, reconhecidas
nacional/internacionalmente e compartilhar com os estudantes para que possam aprimorar o
aprendizado.
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Esquema Prático para Elaboração do Plano de Aula (Texto expositivo-


explicativo)“Higienização das Mãos”
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REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Proposta Pedagógica: avaliando a ação. Formação pedagógica


em educação profissional na área da saúde: enfermagem, Módulo 8 . 2000.
2. Ferraz APCM, Belhot RV. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das
adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gest. Prod.
17(2):421-31; 2010.
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4. Hoffmann J. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à
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5. Leal RB. Planejamento de ensino: peculiaridades significativas. Universidade de Fortaleza,
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6. Libâneo JC. Didática. São Paulo, Cortez, 1994.
7. Libâneo JC. Disponível em: http://letrasunifacsead.blogspot.com.br/p/jose-carlos-
libaneoalgumas-obras.html
8. Luckesi CC. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo:
Cortez; 2011.
9. Masetto MT. Didática: a aula como centro. São Paulo, FTD, 1994.
10. Masetto MT. Inovação curricular no ensino superior. Rev. e-curriculum. 7(2):01-20; 2011
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12. Sant’anna FM. Planejamento de ensino e avaliação. 11 ed. Porto Alegre, Sagra DC
Luzzatto, 1996.
13. Saviani D. Disponível em http://letrasunifacsead.blogspot.com.br/p/dermeval-
savianibiografia.html
14. Seiffert OLB, Abdalla IG. Avaliação Educacional na Formação Docente para o ensino
superior em saúde. In: Batista NA, Batista SH. (Orgs). Docência em Saúde: temas e
experiências. São Paulo: SENAC, 2004.
15. Spudeit D. Elaboração do plano de ensino e do plano de aula. Rio de Janeiro. 2014.
Disponível em
26

http://www2.unirio.br/unirio/cchs/eb/ELABORAODOPLANODEENSINOEDOPLANO
DEAULA. pdf
16. Zabala A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul
Ltda, 1998.
27

IV. Oficinas Pedagógicas

A resolução de problemas e o trabalho de projecto vão ser desenvolvidas em Oficinas Pedagógicas


(OP). A Oficina Pedagógica pode ter duas acepções principais:

-OP como espaço físico de produção de material didáctico;

-OP como espaço de aprendizagem individual ou colectiva.

Oficina Pedagógica de produção de material didáctico

A OP pode ser considerada um espaço físico, uma sala (no ISCED ou na Escola Integrada), em
que os estudantes produzem material didáctico auxiliar para as aulas que estão a ser ministradas
pelos professores das escolas, ou por eles próprios (estágio docente).

O objectivo da OP é o de levar os praticantes a aprenderem a produzir material didáctico, que


tornará as aulas mais motivadoras e interessantes para os alunos e a elevar a aprendizagem
daqueles.

São vários os materiais didácticos que os estudantes praticantes podem usar e produzir como, por
exemplo:

- flanelográfo – o estudante pode usar para movimentar peças, para seriar, agrupar, classificar e
ordenar os elementos da aula. Trata-se de um quadro de dimensões variadas feita de uma superfície
rija (madeira, cortiça, contraplacado) ou material leve como placas de espuma, cartolina…

- imanográfo – difere-se do flanelográfo por verso com íman magnetizado que permite a aderência
dos vários dos elementos que estão a ser apresentados;

- quadro de pregas – é feito de cartolina ou de tecido grosso, onde se insere o material constituído
pelas fichas;

- gravuras - são usadas para que o aluno veja objectos, coisas, seres de forma a que seja possível
reproduzir a situação natural, mas devem ser apresentadas uma de cada vez e contextualizadas à
situação desejada;
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- fotografias – tal como as gravuras, as fotografias podem ser usadas para a visualização de
coisas, objectos, imagens e seres relacionados ao contexto da aula.

- cartazes – visam a transmissão rápida da mensagem, para direccionar a atenção do aluno ao


tópico da aula;

- quadros didácticos – são recursos que contem ilustrações para determinado conteúdo e que
são acompanhados de explicações do professor;

- material tridimensional; álbum seriado; letreiros; ilustrações; banda desenhada;


normógrafo ; varal didáctico, mapas; gráficos; diagramas; exposição ; museu; dioramas;
gravador; disco; radio e televisão (são óptimos para trazer assuntos da actualidade para a sala
de aula);
29

V. Plano de Ensino à distância (E@D) | 2.º e 3.º ciclos + Ensino Secundário

Tendo em consideração o actual contexto de pandemia e a vigência da suspensão das Actividades


Lectivas Presenciais, é imperativo definir o Plano de Ensino à Distância - E@D - para o
primeiro, o segundo ou terceiro trimestre de acordo com o momento do do decurso das aulas.
Pretende-se assim estabelecer um conjunto de princípios orientadores de carácter geral para o
processo de ensino-aprendizagem nos moldes de e-learning durante o tempo em que esta
modalidade seja necessária. Este será reformulado, caso se justifique, em função da actualização
da situação atual e das normas oriundas do Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano.

O presente plano é resultado do trabalho em equipa tendo por base a análise dos relatórios
elaborados pelos Diretores de Turma, com a recolha de opinião dos alunos e Encarregados de
Educação, bem como dos relatórios elaborados pelos Coordenadores de Agrupamento, fruto da
reflexão realizada pelos Docentes nos respetivos Agrupamentos Curriculares.

O Plano E@D para cada trimestre /segundo momento do primeiro ou segundo semestre, o qual
se apresenta seguidamente, enquadra os seguintes tópicos base:
1) Estrutura e organização geral do plano;
2) Recursos tecnológicos;
3) Planificação disciplinar;
4) Monitorização do Plano E@D.

1) Estrutura e organização geral do plano

• Aulas em videoconferência, previamente agendadas pelos Professores das disciplinas. Desta


forma, pretende-se facilitar a organização das famílias sempre que se verifique partilha dos
recursos informáticos por vários elementos;
• Por se considerar fundamental a existência de momentos dedicados essencialmente ao
esclarecimento de dúvidas e apoio pedagógico, disponibilizaram-se tempos de tutorias marcados
nos horários para os respectivos níveis de ensino. Estas funcionarão preferencialmente por
videoconferência, google class room , zoom, etc. em pequeno grupo e, por isso, a sua frequência
fica ao critério do Professor da disciplina ou por iniciativa manifestada pelos alunos;
30

• Neste modelo de ensino a distância, a função do Diretor de Turma assume um papel ainda mais
estruturante e imprescindível, quer na comunicação com os alunos e Encarregados de Educação,
quer entre os Professores do Conselho de Turma e o grupo/turma. Com o intuito de manter a
relação pedagógica de proximidade, cada Diretor de Turma irá agendar com a turma momentos
com alguma periodicidade para aferir questões ou constrangimentos, bem como disponibilizará
aos Encarregados de Educação um tempo semanal no horário sujeito a solicitação e marcação
prévia;
• O isolamento social imposto e o confinamento ao espaço casa introduziram acentuadas e bruscas
alterações ao quotidiano dos alunos que impactam no seu estado emocional e físico. Assim,
considerou-se essencial o contributo da disciplina de Educação Física para atenuar e minimizar os
possíveis efeitos nefastos. Foram contemplados nos horários de todas as turmas dois tempos
semanais para a disciplina de Educação Física, sendo, pelo menos, um deles em videoconferência;
• Horários: os horários de cada turma, bem como a carga horária de cada disciplina, foram
adaptados à realidade da modalidade de ensino à distância, tendo em conta a matriz curricular em
vigor e considerando as disciplinas sujeitas a avaliação externa (no caso do Ensino Secundário).
Tendo em conta os constrangimentos do ensino a distância, considerou-se necessário alterar a
duração de tempos letivos, tendo cada aula a duração de uma hora. Estabeleceu-se, igualmente,
uma reorganização dos intervalos entre aulas, os 30 minutos de intervalo correspondem ao tempo
que consideramos necessário, quer para a realização de uma pausa, quer para a entrada numa nova
Sala de Aula da plataforma Classroom.

2) Recursos tecnológicos

• Para facilitar a comunicação entre os Professores e alunos, bem como a organização das
atividades letivas, haverá uma plataforma única de contacto com os alunos bem como para entrega
de trabalhos – Google Classroom;
• Para permitir uma melhor gestão familiar dos recursos tecnológicos, o prazo de entrega de tarefas
(tempo fixo e igual para todas as disciplinas) será de 48 horas, após a data da aula, com exceção
dos trabalhos de desenvolvimento ou trabalhos de projeto, cujo prazo será definido pelo respetivo
professor;
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• As aulas por videoconferência devem realizar-se através de uma das seguintes


plataformas: Google Meeting (Hangout) ou Zoom de acordo com o agendamento do Professor.

3)Planificação disciplinar

Conscientes que as circunstâncias são muito diferentes das idealizadas, tencionamos dar
continuidade aos diferentes Programas e Planificações de cada disciplina. A disponibilização de
materiais para estudo e atividades são da responsabilidade de cada Professor na sua disciplina,
atendendo ao conhecimento que tem de cada um dos seus alunos.

A proposta de telescola (#EstudoEmCasa) sugerida pelo Ministério da Educação é um recurso


complementar de frequência opcional.

4) Monitorização do Plano E@D

Dada a instabilidade da situação atual, está previsto efetuar um acompanhamento e monitorização


da implementação do plano de e-learning. Neste contexto, pede-se que, qualquer imprevisto,
sugestão de melhoria ou impedimento, seja comunicado ao Diretor de Turma.
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V. Observação do Processo de Ensino e Aprendizagem nas Escolas

Observar vs Ver

 A palavra observar provém do latim observare, e quer dizer olhar ou examinar com
minúcia e atenção. A acção de observar implica considerar atentamente os factos para os
conhecer bem.

 O termo ver provém do latim videre “percepcionar através da visão”, este deriva do Indo-
Europeu weid “saber, enxergar”.

Observação em contexto escolar

Conjunto de actividades destinadas a obter dados e informações sobre o que se passa no


PEA com a finalidade de, mais tarde, proceder a uma análise do processo numa ou noutra
das variáveis em foco. Esta pode recair sobre: o aluno, o ambiente físico da sala de aula, o
ambiente socio-relacional, a utilização de materiais de ensino, a utilização do espaço ou do
tempo, os conteúdos, os métodos, as características dos sujeitos, etc. (Alarcão e
Tavares,1987, p.103)

Não se trata apenas de ver, mas de examinar. Não se trata somente de entender mas de
auscultar. Trata-se também de ler documentos (livros, jornais, impressos diversos) na
medida em que estes não somente nos informam dos resultados das observações e
pesquisas feitas por outros, mas traduzem também a reacção dos seus autores (Minon apud
Rudio,1999,p.39).

Neste contexto:

A observação é um procedimento e uma técnica de recolha de dados;

Os dados recolhidos devem ser analisados.

O observador não observa aulas para aprender algo, aprender um “como se faz”, uma receita,
mas para poder reflectir sobre a possibilidade de se ver naquela posição, a de professor
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responsável por uma turma, questionando-se ou questionando o professor observado, acerca


das múltiplas escolhas tomadas antes, durante e depois da aula (Nodari e Almeida,2012,p.33).

A observação como instrumento metodológico requer uma planificação, registo adequado e


deve ser submetida a controle de precisão.

Tipos de observação

 observação sistemática.

 observação assistemática;

 observação sistemática.

 Também apelidada de planificada, estruturada ou controlada, realiza-se em condições


controladas e responde a propósitos anteriormente definidos. Esta requer planificação e
necessita de operações específicas para o seu desenvolvimento.

Observação assistemática

 Também conhecida por ocasional, simples, não estruturada, realiza-se “sem planejamento
e sem controlo anteriormente elaborados, como decorrência de fenómenos que surgem de
imprevisto”(Rudio, 1999, p.41).

Capacidades do observador:

 Percepção: é a capacidade de apreender os fenómenos. O acto de percepção apresenta


aspectos objectivos e subjectivos.

 Atenção: é a atenção que dirige, assegura e mantem a percepção. Permite que o observador
se oriente de acordo com o foco conceptual.

Memorização: esta capacidade envolve fixação, reprodução, reconhecimento e evocação


de algo conhecido;
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Análise: é a capacidade de segmentar o todo observado em partes significativas,


reorganizando-as de forma a que as relações entre as partes existentes sejam
adequadamente visualizadas;

Generalização: é a capacidade de chegar a afirmações categóricas, inferidas a partir da


análise e interpretação dos dados;
Comunicação: é a capacidade de equacionar os dados, organizando o relato de forma a
que possa ser compreendido e utilizado por outras pessoas.

A observação sistemática guia-se pelos seguintes elementos:


 Por que observar (motivações)?
 Para que observar (objectivos)?
 Como observar (instrumentos)?
 O que observar (o campo de observação)?
 Quem observa (sujeito)?

Conteúdos da observação
O conteúdo da observação deve compreender uma parte descritiva e outra mais reflexiva.
A parte descritiva deve ser um registo detalhado do que ocorre no campo e incide sobre:
A descrição dos sujeitos. Sua aparência física, seu modo de vestir, de falar e de agir;

Reconstrução de diálogos. As palavras, os gestos, os depoimentos, as observações feitas


entre os sujeitos e entre estes e o observador devem ser registados;

Descrição de locais. O ambiente onde é feita a observação deve ser descrito.


Descrição de eventos especiais. As anotações devem incluir o que ocorreu, quem estava
envolvido e como se deu esse envolvimento;
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Descrição das actividades. Devem ser descritas as actividades gerais e os


comportamentos das pessoas observadas, sem deixar de registar a sequência em que
ocorrem;
Os comportamentos do observador. É importante que o observador inclua nas suas
anotações as suas atitudes, acções e conversas com os participantes durante a observação.

Dias (2008) propõe uma ficha de observação com os seguintes elementos:


 Observador;
 professor observado;
 data;
 língua;
 tempo lectivo;
 duração da aula;
nível;
 número de alunos;
 material utilizado;
 descrição da aula,;
 actividades realizadas;
 pontualidade;
 adequação do vocabulário ao nível dos alunos;
 uso do quadro;
 tom de voz;
 ligação entre a matéria antiga e a matéria nova,
 adequação dos exemplos;
 verificação da compreensão da matéria;
 comunicação na sala de aula;
 pontos fortes e pontos fracos;
 Pontos que modificaria.
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BIBLIOGRAFIA
ALARCÃO, Isabel (Org.). Formação reflexiva de professores: Estratégias de Supervisão. Porto:
Porto Editora, 1996.
DIAS, Hildizina Norberto et al. Manual de Práticas Pedagógicas. Maputo: Editora Educar,
2008.
RUDIO, F.,V.. Introdução ao Projecto de Pesquisa Científica.24ª .ed. Petrópolis, Vozes, 1999.

Bibliografia recomendada para o trabalho de campo


➢ Programas de Ensino de Português dos níveis Primário, Secundário e Básico;
➢ Manuais escolares de Língua Portuguesa das classes correspondentes em uso na escola
integrada;
➢ Obras de Didáctica Geral, Didáctica do Português e Texto de Apoio de Estágio Docente
II;
➢ Planos de aula;
➢ Relatórios diários do estudante estagiário.
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ANEXO
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