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ANÁLISE PRÉVIA DAS FINANÇAS MUNICIPAIS EM 2020

Aequus Consultoria Econômica e Sistemas


abril/2021

Sumário

Resumo por tópicos


1. Introdução
2. Como se comportaria a receita municipal sem os apoios financeiros
3. Desempenho efetivo da receita com os auxílios
4. Disponibilidade de caixa e cenário para 2021
5. Desempenho por itens da receita
5.1. ISS
5.2. IPTU
5.3. ITBI
5.4. FPM
5.5. ICMS
5.6. IPVA
6. Desempenho da despesa por categoria econômica
6.1. Pessoal
6.2. Custeio
6.3. Investimentos
6.4. Encargos e amortizações da dívida
7. Desempenho por itens da despesa por função
7.1. Saúde
7.2. Assistência social
7.3. Educação
7.4. Legislativo
8. Conclusão
Anexo 1 – Os apoios financeiros
Anexo 2 – Tabelas

Resumo por tópicos

✓ A pandemia da Covid-19 derrubou a arrecadação dos principais tributos municipais e


das mais importantes transferências constitucionais em 2020.
✓ O único tributo municipal a crescer foi o ITBI, cuja boa performance está relacionada
ao mercado imobiliário.
✓ Com os auxílios financeiros, os municípios reverteram o que seria uma queda real
de 1% em aumento de 4,8% da receita corrente líquida (RCL).
✓ Favorecidos pelos critérios de distribuição dos auxílios, pequenos municípios têm
melhor desempenho da RCL, em 2020, na comparação com as grandes cidades.
✓ Com economias mais resilientes, municípios do Norte e do Centro-Oeste
apresentaram maior crescimento da RCL.
✓ Municípios fecham 2020 com as contas mais saudáveis que em 2019. Porém, o
cenário para 2021 é preocupante e exige vigilância na gestão.
✓ Gastos com pessoal e custeio cresceram em meio a pandemia, ao passo que os
desembolsos com a dívida sofreram forte recuo.
✓ Gastos com saúde cresceram 13,5%, acima da inflação, e bateram recorde em
2020, devendo atingir R$ 190 bilhões.
✓ Puxadas pelos grandes centros urbanos, as despesas com assistência social
também tiveram forte aumento real, de 13%.
✓ As despesas com educação encolheram nos pequenos municípios e ficaram
estáveis nos maiores.
✓ Mesmo diante da pandemia, despesa dos legislativos municipais recuou apenas
0,9%, em termos reais.

1. Introdução

A pandemia do novo coronavírus abreviou a trajetória de vida de milhões de pessoas e


teve um impacto profundo na organização da vida econômica e social em todo o
planeta. No Brasil, seus efeitos econômicos fizeram-se sentir a partir de meados de
março de 2020, quando a Covid-19 começou a se disseminar pelo país. A exemplo das
expectativas pessimistas para a economia mundial, era esperado um efeito muito
severo na atividade econômica doméstica, com graves consequências sobre o nível de
emprego, na renda e nas receitas públicas das três esferas de governo.

O presente trabalho traz uma análise resumida do impacto da pandemia nas finanças
dos municípios brasileiros no ano de 2020. Uma avaliação mais abrangente estará
disponível na próxima edição do anuário Multi Cidades – Finanças dos Municípios
do Brasil, que deverá ser lançada no mês de outubro de 2021. A publicação,
consolidada perante os formadores de opinião, meios de comunicação e público
especializado, é uma realização da Aequus Consultoria em parceria com a Frente
Nacional de Prefeitos (FNP).

A análise prévia aqui apresentada tem como base os dados dos Relatórios Resumidos
da Execução Orçamentária (RREO) e dos Relatórios de Gestão Fiscal (RGFs) do
último bimestre ou quadrimestre de 2020, divulgados no Sistema de Informações
Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) até o dia 24 de fevereiro. Até
essa data, foi possível utilizar as informações para uma quantidade de municípios que
varia de 1.836 a 3.805, dependendo do item da receita ou da despesa. Portanto, a
amostra adotada é significativa, uma vez que representa de 33% a 68% do total dos
5.568 municípios.

Dessa forma, antecipamos neste material os resultados que muito provavelmente serão
confirmados no anuário Multi Cidades, cuja base são as informações das Prestações
de Contas Anuais de uma quantidade ainda maior de municípios.

2. Como se comportaria a receita municipal sem os apoios financeiros

A disseminação da Covid-19 no Brasil causou um forte baque nas finanças municipais


a partir do mês de abril. No primeiro trimestre de 2020, o agregado das receitas
municipais havia apresentado crescimento de 6,2% na receita corrente líquida (RCL),
na comparação com igual período de 2019, em valores descontados da inflação
medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O ritmo de alta no primeiro trimestre foi mais intenso nas grandes cidades brasileiras,
cuja taxa de ascensão ficou em 7,4%1 no intervalo analisado. Nos municípios
brasileiros com até 20 mil habitantes, a subida mostrou-se bem inferior, da ordem de
2,2%.

1
Excluindo o dado da cidade de São Paulo, que apresentou expansão de 13,3%, o aumento da RCL do total dos
municípios foi de 5,1%, enquanto que no grupo daqueles com mais de 500 mil habitantes foi de 5,2%, no primeiro
trimestre.
Gráfico 1

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

A partir de abril, a RCL dos municípios, se excluídos os auxílios financeiros federais,


teria entrado em uma trajetória descendente para fechar o ano de 2020 com uma perda
de 1%2.

A retração teria sido mais acentuada nos pequenos municípios, com taxas negativas de
3,9% naqueles com até 20 mil habitantes. Nas grandes cidades, a contração média
teria sido mais suave, de -0,8% (gráfico 4), graças ao excelente desempenho da receita
desse grupo no primeiro trimestre (gráfico 1). Do ponto de vista regional, o Nordeste
sofreria a baixa mais forte (-3,3%), seguido pelo Sul (-1,3%) e Sudeste (-0,6%). É
interessante observar que, mesmo sem os auxílios, os municípios das regiões Centro-
Oeste (3%) e Norte (0,8%) teriam registrado aumento na RCL (gráfico 6).

O recuo mais expressivo da RCL nos pequenos municípios brasileiros, sem considerar
os apoios federais, deve-se ao fato de o FPM, principal fonte de receita dessas
cidades, ter caído 7,1%. Além do arrefecimento da atividade econômica, seu
encolhimento deveu-se à postergação do recolhimento de impostos adotada pela
Receita Federal para aliviar o caixa das empresas, notadamente por meio do

2
O cálculo da queda de 1% da RCL é conservador, pois desconsidera os efeitos indiretos, uma vez que a ausência
dos apoios financeiros poderia ter impactado negativamente a atividade econômica, o que se repercutiria em
retração da RCL ainda maior.
adiamento do pagamento dos optantes do Simples Nacional, por 180 dias, e do IRPJ e
do IPI, impostos que alimentam de recursos do fundo.

Esse mesmo fator teria provocado o declínio mais intenso da RCL entre os municípios
localizados no Nordeste, para os quais o FPM também é uma importante fonte de
receita, independentemente do tamanho da cidade. Além disso, os municípios da
região sofreram uma significativa queda nas transferências estaduais de ICMS, da
ordem de 2,4%. Essa perda do imposto, por sua vez, é explicada pelos efeitos severos
da pandemia sobre a economia da região. Segundo o Índice de Atividade Econômica
do Banco Central da Região Nordeste (IBCR-NE), a economia nordestina encolheu
2,1%, em 2020. O resultado desse mesmo indicador foi de -1,3% no Sudeste, que
computou, ainda, retrocesso de 0,6% na RCL, sem os recursos auxiliares. No Sul, o
IBCR foi de -1,7%, e a RCL, de -1,3%.

No Centro-Oeste e Norte, mesmo desconsiderando os apoios federais, o desempenho


positivo da RCL é explicado pelo aumento nas transferências estaduais de ICMS,
sendo de 2,6% no Centro-Oeste e de 1,7% no Norte. O IBCR mostra que as economias
dessas duas regiões foram as mais resilientes aos impactos da pandemia, pois a
primeira registrou a menor contração, de 0,3%, e a segunda alcançou expansão de
0,6% em 2020, na comparação com 2019.

3. Desempenho efetivo da receita com os auxílios

Diante do esperado arrefecimento da atividade econômica e das receitas públicas,


foram instituídos três blocos de recursos, entre abril e julho de 2020, visando a
compensar as perdas dos estados e dos municípios. A definição dos auxílios emergiu
depois de um duro embate entre o Poder Executivo Federal e o Congresso Nacional,
cujo histórico não é objeto do presente trabalho.

Cada uma das três medidas estabeleceu montantes a serem repassados para os
governos estaduais e municipais, mas a avaliação aqui apresentada focará
exclusivamente os valores distribuídos aos municípios.

Um dos auxílios, da ordem R$ 7,73 bilhões, foi estabelecido por meio da Medida
Provisória nº 938, editada em 2 de abril, que depois se converteu na Lei nº 14.041, de
18 agosto. Outro, de R$ 22,99 bilhões, foi instituído através da Lei Complementar (LC)
nº 173, de 27 de maio. Foi criada ainda uma terceira ajuda financeira por meio da
Portaria nº 1.666, do Ministério da Saúde, de 1º de julho de 2020, que disponibilizou R$
11,33 bilhões. Veja mais informações sobre os aportes no Anexo 1. Esses três grandes
auxílios totalizaram R$ 42,05 bilhões direcionados para os municípios brasileiros.

Gráfico 2

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

Em primeiro lugar, cabe salientar que a distribuição dos auxílios financeiros ocorreu
com atraso em relação ao início dos impactos da pandemia sobre as finanças
municipais. Nos meses de abril e maio de 2020, as prefeituras contaram apenas com a
compensação pelas perdas do FPM, o que aliviou as contas das pequenas cidades,
mais dependentes do Fundo. Nesses meses, a RCL recuou 6,6% e 11,5%,
respectivamente, para o total dos municípios (veja tabela 15 no Anexo 2). No entanto,
somente a partir de junho, com a chegada da primeira das quatro parcelas do montante
previsto na LC 173, é que as grandes cidades, pouco dependentes do FPM e
pressionadas por uma demanda maior pelo sistema de saúde, passaram a contar
efetivamente com recursos para o enfrentamento da crise sanitária (ver gráfico 3 e
tabela 15 do Anexo 2).
Gráfico 3

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional.

Mesmo chegando tardiamente aos tesouros municipais, os auxílios contribuíram para


que a RCL do conjunto das cidades terminasse o exercício de 2020 com aumento real
de 4,8%, e não com retração de 1%, caso não tivessem sido instituídos. Entretanto, os
apoios assinalaram um impacto diferenciado quando se consideram o porte
populacional e a localização geográfica dos municípios.

O gráfico 4 mostra de quanto teria sido a perda de RCL em cada grupo de municípios
por faixa populacional, sem os auxílios, e qual foi, de fato, o ganho com tais recursos.
Percebe-se, por exemplo, que as cidades com até 20 mil habitantes e as de 20 mil a 50
mil moradores teriam sofrido as maiores quedas, de -3,9% e -3,5%, respectivamente, o
que se explica pelas retrações do FPM. Com os valores das verbas auxiliares, esses
grupos tiveram um crescimento da RCL de 4,8% e 4,6%, nessa ordem. Assim, o
impulso de elevação na receita foi de 8,7 pontos percentuais (3,9% + 4,8%) no primeiro
grupo e de 8 p.p. (3,5% + 4,6%) no segundo, os maiores entre todas as faixas
populacionais (gráfico 5).
Gráfico 4

Variação da receita corrente líquida dos municípios, com e


sem os auxílios, por porte populacional - 2020/2019
6,9%
5,8% 5,4%
4,8% 4,6%
3,9%

-0,2% -0,7% 0,0% -0,8%


Até 20 mil hab. De 20 mil a 50 mil De 50 mil a 100 De 100 mil a 200 De 200 mil a 500 Acima de 500 mil
hab. mil hab. mil hab. mil hab. hab.

-3,9% -3,5%

Sem auxílios federais Com auxílios federais

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

Gráfico 5

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

Observando-se o desempenho da receita municipal sem e com esses montantes, é


possível constatar o seguinte:

• Os valores distribuídos pela LC 173, de R$ 22,99 bilhões, foram, sem dúvida, os


mais importantes tanto por terem sido os de maior monta, como pelo fato de
terem sido rateados proporcionalmente ao tamanho populacional dos
municípios. Assim, o efeito de alavancagem da receita causado pela LC 173 foi
o mais forte em todos os grupos de municípios, e também não houve
diferenciação de impacto significativa entre eles, ou seja, foi o apoio que mais
ajudou tanto os menores quanto os maiores.

• Os R$ 7,73 bilhões, repassados pela Lei 14.041 com o objetivo de compensar


as perdas nominais do FPM em relação ao mesmo mês do ano anterior,
beneficiaram sobretudo os pequenos municípios, aqueles com até 20 mil
habitantes, cujo orçamento é altamente dependente deste Fundo. Quanto maior
o município, menor foi a alavancagem da receita provocada por esse apoio
financeiro, chegando a ser ínfimo para as cidades com mais 500 mil moradores.

• Também os R$ 11,33 bilhões transferidos pela Portaria 1.666 contribuíram mais


com as pequenas cidades do que com as grandes. Os seus critérios de
distribuição fizeram com que um município com até 20 mil habitantes recebesse,
em termos per capita, 2,5 mais que um com mais de 500 mil residentes. Assim,
na alavancagem da receita, esses recursos foram mais importantes para os
menores do que para os maiores, porém, a diferença do impacto nas finanças
entre menores e maiores não foi tão forte quanto aquele causado pela
compensação do FPM.

Em síntese, para as cidades com até 20 mil habitantes, os três auxílios financeiros
federais foram igualmente fundamentais. Entretanto, à medida que cresce o porte
populacional, os recursos da LC 173 passam a ser a parte que mais pesa na
alavancagem de suas receitas, até o ponto no qual, para os municípios com mais de
meio milhão de habitantes, essa fonte chega a explicar 70% da alavancagem, contra
pouco mais de 20% para os montantes advindos da Portaria 1.666 e menos de 10%
para a compensação do FPM (tabela a seguir).

Participação de cada um dos auxílios financeiros federais na alavancagem da receita corrente líquida
dos municípios - 2020

Auxílios Até 20 De 20 mil a De 50 mil a De 100 mil a De 200 mil a Acima de Total dos
federais mil hab. 50 mil hab. 100 mil hab. 200 mil hab. 500 mil hab. 500 mil municípios
LC 173 37,5% 46,3% 53,5% 56,1% 68,5% 69,6% 58,6%
Lei 14.041 30,7% 22,5% 18,3% 15,2% 13,0% 8,7% 15,5%
Port. 1666 31,8% 31,3% 28,2% 28,8% 18,5% 21,7% 25,9%
Fonte: elaborado por Aequus Consutloria com base nos dados de Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária
(RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.
Do ponto de vista geográfico, é possível verificar uma clara diferenciação do
comportamento das receitas municipais entre as regiões do país. As maiores
alavancagens foram registradas no Centro-Oeste (7,9 p.p.) e no Norte (7,6 p.p.),
justamente as duas áreas que teriam alcançado aumento na RCL mesmo sem os
recursos federais auxiliares, pois, conforme mencionado, são os locais que
apresentaram melhor desempenho econômico em meio à pandemia. No Nordeste
também ocorreu uma elevada taxa de alavancagem, de 7,5 p.p. Os municípios da
região teriam apontado queda de 3,3% na RCL, mas os apoios a reverteram para um
crescimento de 4,2%.

No Sul e Sudeste, por sua vez, os critérios de distribuição dos auxílios federais
resultaram em taxas de alavancagem significativamente inferiores, de 5,9% e 4,6%,
respectivamente. No Sul, os apoios financeiros da União mudaram uma situação que
seria de encolhimento de 1,3% da receita para um aumento de 4,6%; no Sudeste, de
uma variação negativa de 0,6% para um percentual positivo de 4,1%. Esse efeito
menos favorável para o Sul e Sudeste deve-se ao fato de que os auxílios pesaram
menos nos orçamentos desses municípios, uma vez que suas receitas já são mais
robustas que a das demais áreas. Além disso, essas regiões sentiram mais fortemente
os efeitos adversos da pandemia em suas economias.

Gráfico 6

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.
Gráfico 7

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

4. Disponibilidade de caixa e cenário para 2021

Os municípios brasileiros fecharam o ano de 2020 com uma situação mais confortável
de endividamento de curto prazo. Os Relatórios de Gestão Fiscal (RGFs) apontam que,
de uma amostra de 2.396 cidades, 70% encerraram o exercício de 2020 com
suficiência financeira (caixa positivo), contra 58,1% em 2019 (gráfico 8). Assim, a fatia
dos municípios que havia anotado um resultado negativo recuou de 41,9% em 2019
para 30% em 2020.

O indicador de suficiência financeira é obtido por meio do confronto entre a


disponibilidade de caixa e os restos a pagar, considerando exclusivamente os
recursos não vinculados. O indicador demostra se o ente, ao final do exercício,
possuía recursos desvinculados suficientes para fazer frente aos restos a pagar e
outras obrigações financeiras. Se positivo, o ente obteve suficiência financeira, ou seja,
teve mais dinheiro em caixa do que contas a pagar. Caso contrário, quando os restos a
pagar superam a disponibilidade de caixa, diz-se que ocorreu uma insuficiência de
caixa.

O encerramento das contas no ano passado em melhor situação foi motivado pela Lei
de Responsabilidade Fiscal (Lei nº 101/2000). Em seu artigo 42, ela veda ao prefeito
contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro de
seu mandato ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja
suficiente disponibilidade de caixa para esse efeito. Essa regra legal, sem dúvida, foi
decisiva para incentivar as administrações municipais em final de mandato no ano de
2020 a fecharem as contas no “azul”, ou seja, com suficiência financeira positiva.

Não se pode deixar de mencionar a contribuição dada pelos auxílios financeiros para a
constituição deste cenário positivo, pois, como já explicado acima, sem esses recursos
os municípios teriam fechado o ano com perda de 1% na RCL. Considere-se, no
entanto, que parte dos recursos de apoio estava vinculada às despesas com saúde e
assistência social, não contando, portanto, como disponibilidade de recursos livres,
mesmo que não tivesse sido gasta. Do total de R$ 42,05 bilhões dos auxílios, R$ 14,33
bilhões, ou 34%, estavam vinculados.

Gráfico 8
Distribuição do indicador de (in) suficiência financeira em 2020

34,6%

70% dos municpios apresentaram


PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS

30% dos municpios apresentaram suficiência de caixa.


insuficiência de caixa.
19,5%

18,1%
12,1%

1,5% 2,3% 1,0%


0,0% 0,3% 5,6% 0,6%
4,5%

<-100% <-50% <-25% <-10% <-5% <0% >0% >5% >10% >25% >50% >100%

DISPONIBILIDADE DE CAIXA / RECEITA CORRENTE

Fonte: Relatórios de Gestão Fiscal (RGFs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

É um alento saber da melhora da situação financeira de curto prazo ao final de 2020,


pois, ao que tudo indica, 2021 mantém-se como um ano de grandes desafios fiscais
para os municípios brasileiros, já que assistimos ao recrudescimento da pandemia da
Covid-19 a partir de março. De fato, a performance da média móvel da RCL de 12
meses, sem os auxílios financeiros federais, revela uma trajetória de crescimento que
se interrompeu em março de 2020, conforme já indicado. A partir de então, quando
excluídos os apoios financeiros, a RCL cai até agosto, quando se estabiliza com uma
taxa de aproximadamente 3 pontos percentuais abaixo dos níveis prevalecentes em
março de 2020, mês que marca mais claramente o início da pandemia no país.
Gráfico 9

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi

Esse desempenho só não foi pior graças a um conjunto de medidas adotas no âmbito
da União e do Congresso Nacional para a redução dos impactos econômicos da
pandemia sobre as pessoas, as empresas e o emprego, das quais salienta-se a criação
dos auxílios emergenciais (Lei nº 13.982, de 02/04/2020) direcionados àqueles com
maior vulnerabilidade. A distribuição dos recursos encerrou‐se em dezembro de 2020,
tendo beneficiado cerca de 68 milhões de brasileiros com um total que supera R$ 258
bilhões, valor que ajudou a manter aquecida a demanda das famílias durante todo o
segundo semestre.

Mesmo com a nova rodada do auxílio emergencial 3, que teve início em abril do corrente
ano e beneficiará 45,6 milhões de pessoas a um custo total estimado de R$ 43 bilhões,
o comportamento das receitas públicas nos próximos meses estará muito dependente

3
Sobre o novo auxílio emergencial, veja:
https://www.gov.br/cidadania/pt-br/servicos/auxilio-emergencial

https://www.gov.br/cidadania/pt-br/noticias-e-conteudos/desenvolvimento-social/noticias-desenvolvimento-social/tire-suas-duvidas-em-30-
perguntas-e-respostas-sobre-o-auxilio-emergencial

https://g1.globo.com/economia/auxilio-emergencial/noticia/2021/03/23/auxilio-emergencial-2021-veja-perguntas-e-respostas.ghtml
do ritmo de vacinação da população e da retomada da atividade econômica. Não
restam dúvidas de que o retorno a uma nova normalidade do convívio social e a
retomada da atividade econômica neste momento dependem, fundamentalmente, da
vacinação em massa. Porém, a imunização da população brasileira está em ritmo
bastante lento, e não se apresentaram perspectivas de aceleração do processo até o
momento de fechamento desse relatório, em abril de 2021, quando o Governo Federal
anunciou mais um adiamento no cronograma do Plano Nacional de Imunização.

Um dos poucos fatores que contam a favor é o cenário internacional, no qual há


diversos sinais de retomada do crescimento econômico. Eles vêm, sobretudo, da China
e dos Estados Unidos e se refletem favoravelmente no Brasil por meio do comércio
exterior.

Dessa forma, diante da trajetória claudicante da RCL (exclusive os auxílios financeiros)


nos últimos oito meses de 2020, do recrudescimento da pandemia em 2021, da falta de
um plano econômico consistente para o país, da ausência de coordenação para a crise
sanitária por parte do Governo Federal e na presença de elevados níveis de incerteza,
faz-se necessária uma atenção redobrada por parte das gestões municipais sobre a
execução orçamentária do exercício em curso. O mais prudente, neste momento, é
realizar um monitoramento permanente das contas públicas.

5. Desempenho por itens da receita

O gráfico abaixo apresenta o comportamento dos principais itens da receita municipal


em 2020 na comparação com 2019. Na sequência é feito um breve comentário sobre
cada um deles.
Gráfico 10

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

5.1. ISS

A arrecadação do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) dos municípios


brasileiros fechou o ano de 2020 com uma queda real de 3,2%. Com base nesse
desempenho, que foi calculado tendo como amostra 1.929 municípios, projeta-se que a
perda na receita desse imposto tenha sido da ordem de R$ 2,4 bilhões. Dessa forma,
estima-se que os municípios tenham recolhido cerca de R$ 72 bilhões em 2020.

A crise sanitária e econômica causada pela pandemia da Covid-19 em 2020 afetou


fortemente os serviços, o principal setor econômico do Brasil. O Produto Interno Bruto
(PIB) da atividade foi o mais penalizado, amargando tombo de 4,5%, o maior recuo de
sua série histórica, iniciada em 1996. A baixa, inclusive, é mais forte do que o resultado
da indústria, que teve queda de 3,5% no mesmo indicador. A agropecuária, por sua
vez, anotou crescimento de 2%.

Observando-se o desempenho do segmento dos serviços por trimestre, verifica-se que


o retrocesso mais acentuado ocorreu no segundo trimestre (-10,2%), o que se refletiu
na arrecadação municipal de ISS no mesmo período, registrando uma significativa
contração de 16,9%.
Variação do PIB do setor de serviços e da receita de ISS por trimestre e anual em
relação ao mesmo período do ano anterior - 2020/2019

1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 2020/2019


PIB do setor de serviços -0,7% -10,2% -4,8% -2,2% -4,5%
Arrecadação de ISS 6,3% -16,9% 0,0% -2,3% -3,2%
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No desempenho anual do ISS, nota-se que foram as grandes cidades as que mais
sentiram os efeitos da pandemia no recolhimento do tributo, marcando decréscimos de
3,8%. Os municípios com menos de 100 mil habitantes apresentaram aumento médio
de 1,3%.

Entre as regiões, nota-se subida de 3,8% no Norte e de 1,9% no Centro-Oeste, ao


passo que o Nordeste apontou a queda mais acentuada (-6,2%). O Sul (-3,9%) e o
Sudeste (-3,3%) também fecharam o ano em retração.

É importante ressaltar que um desempenho ruim do ISS é muito mais prejudicial para a
gestão fiscal das grandes cidades, onde o tributo responde por uma fatia considerável
do orçamento. Nas capitais brasileiras, por exemplo, o imposto contribuiu, em 2019,
com 22% da receita corrente. Nos municípios com menos de 100 mil habitantes, essa
presença variou de 2,8% a 6,1%, em média.4

5.2. IPTU

Em 2020, a arrecadação das prefeituras com o Imposto sobre a Propriedade Territorial


Urbana (IPTU) baixou 3% em relação à do ano anterior. Esse resultado equivale a uma
perda de recursos da ordem de R$ 1,5 bilhão para o conjunto dos municípios, com o
recolhimento do tributo totalizando cerca de R$ 50 bilhões. A estimativa leva em conta
a receita de IPTU de uma amostra de 1.958 municípios em 2020.

Embora o ano tenha começado com sinais positivos, ao fechar o primeiro trimestre com
crescimento de 4,5%, as dificuldades impostas pela pandemia nos meses seguintes
provocaram a elevação do nível de inadimplência e prejudicaram os lançamentos de

4
Sobre a importância do ISS para os municípios e outros dados como arrecadação per capita, ver o anuário Multi
Cidades – Finanças dos Municípios do Brasil – ano 16/2021, página 80.
https://multimidia.fnp.org.br/biblioteca/documentos/item/882-anuario-muli-cidades-ano-16
novos programas de recuperação de créditos tributários. Assim, o IPTU passou a
experimentar fortes declínios que culminaram com a mencionada perda anualizada de
3%.

Regionalmente, destaca-se o desempenho dos municípios sulistas, onde o IPTU caiu


apenas 0,5%, em 2020. No Sudeste, a queda foi de 3,2%. Retrações também foram
vistas nas demais regiões: Nordeste (-4,6%), Norte (-4,3%) e Centro-Oeste (-2,7%).

5.3. ITBI

A receita com o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI) saltou
8,2%, em 2020, na comparação com 2019, um adicional que pode ter chegado a R$ 1
bilhão aos cofres públicos das cidades brasileiras, com base na performance de uma
amostra de 1.958 municípios. Estima-se que esse excelente resultado tenha elevado a
receita municipal total com o tributo para aproximadamente R$ 14 bilhões, devido ao
impulso advindo da oferta de crédito para a aquisição imobiliária. Com a queda nas
taxas de juros, ficou mais barato comprar um imóvel, levando à disparada dos
financiamentos. Segundo dados do Banco Central do Brasil, em 2020 esses
empréstimos saltaram 30,9% em relação a 2019.

Cabe ressaltar que esse resultado se deve ao crescimento de 25,9% ocorrido no


segundo semestre, uma vez que nos primeiros seis meses do ano houve uma
diminuição de 12,8%. A disparidade entre os semestres é reflexo da postergação da
transferência dos imóveis comercializados, consequência das restrições impostas pela
pandemia. Isso porque as medidas sanitárias incidiram também sobre o funcionamento
dos cartórios de registro de imóveis.

Sob a ótica do porte populacional, é possível concluir que os grandes centros urbanos
registraram uma ascensão mais tímida no recolhimento do ITBI. Nos municípios com
mais de 500 mil habitantes, a taxa média foi de 3,1% e, entre as capitais, de 5,1%.
Naqueles com menos de 500 mil moradores, o adicional foi na casa de dois dígitos.

Regionalmente, o ITBI auferiu maiores taxas de crescimento no Centro-Oeste (16%),


Norte (13,4%) e Sul (10,7). No Sudeste, a elevação foi de 7,3%, enquanto no Nordeste,
de apenas 3,8%.
5.4. FPM

O Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal transferência constitucional


da União para o conjunto das cidades brasileiras, recuou 7,1% entre 2019 e 20205, em
valores corrigidos pelo IPCA médio de 2020. Sem considerar o auxílio financeiro que a
União concedeu para compensar as quedas do fundo através da Lei nº 14.041, de 18
de agosto de 20206, as prefeituras teriam perdido cerca de R$ 6,7 bilhões no FPM de
2020.

Sendo o FPM muito mais importante para os orçamentos dos municípios menores, a
queda desse repasse em 2020 teria sido mais prejudicial para essas cidades caso não
houvesse a compensação dada pela Lei 14.041. O auxílio anulou, então, as variações
negativas do FPM para cada município no período de março a novembro. A diferença,
paga a partir de abril, permaneceu até dezembro de 2020. O total encaminhado foi de
R$ 7,74 bilhões.

Assim, no final das contas, incluídas as compensações, o FPM fechou 2020 com
aumento real de 1,2%, fruto das compensações que zeraram as perdas de março a
novembro e do excelente desempenho do fundo em fevereiro do mesmo ano, quando
houve uma expansão real de 11% em relação ao mesmo mês de 2019, acrescentando
quase R$ 1 bilhão em um único mês.

5
Variação calculada com base nos dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
6
A Lei nº 14.041 consolidou a Medida Provisória nº 938, de 2 de abril de 2020, e prorrogou os seus efeitos até
novembro do mesmo ano. Para saber mais sobre o processo de recomposição do FPM em 2020, veja o anuário
Multi Cidades – Finanças dos Municípios do Brasil – ano 16/2021, páginas 16 e 64.
https://multimidia.fnp.org.br/biblioteca/documentos/item/882-anuario-muli-cidades-ano-16
Gráfico 11

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

5.5. ICMS

As transferências estaduais de ICMS para os municípios sofreram, em 2020, o impacto


da pandemia da Covid-19 e tiveram redução de 1,8%, em termos reais, na comparação
com 20197. Projetando esse encolhimento para o conjunto dos municípios, estima-se
que em 2020 a perda tenha sido de, aproximadamente, R$ 2,3 bilhões, com o total das
transferências atingindo R$ 124 bilhões.

No primeiro semestre, todas as regiões do país foram afetadas, com exceção do


Centro-Oeste, que alcançou expansão de 2,2% no ICMS em relação ao mesmo
período de 2019. Assim, o primeiro semestre fechou com queda de 3,9% nas
transferências globais do imposto.

A queda no número diário de casos novos de Covid-19 entre o final de agosto e a


primeira semana de novembro8 e a consequente flexibilização das medidas restritivas,
combinados com o auxílio emergencial e as ações de proteção ao emprego, deram um
alento à economia brasileira. De fato, a retração do PIB em 4,1% em 2020, foi menos
acentuada do que as previsões divulgadas em meados ano.9

7
Desempenho calculado com base numa amostra de 1.934 municípios.
8
Fonte: Consórcio de Veículos de Imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde:
https://especiais.g1.globo.com/bemestar/coronavirus/estados-brasil-mortes-casos-media-movel/
9
O Boletim Focus de 26/05/2020 previa queda de 6,54%
(file:///C:/Users/T%C3%A2nia%20Aequus/Downloads/R20200626.pdf) e o Fundo Monetário Internacional (FMI)
Nesse contexto, a arrecadação de ICMS no segundo semestre de 2020 parou de cair
(+0,1%, na mesma base de comparação) em termos reais, com exceção da Região
Sudeste (-1,3%), cuja economia mais dinamizada sentiu os efeitos dos problemas
enfrentados pela indústria e pelos serviços de forma mais intensa.

Assim, no cômputo final de 2020, duas regiões obtiveram crescimento na arrecadação


de ICMS, apesar da pandemia: Norte (+1,7%) e Centro-Oeste (+2,6%). Essas
economias não só se beneficiaram do auxílio emergencial, que atingiu inclusive as
famílias que não estavam dentro do Bolsa Família, mas também, e principalmente,
foram impulsionadas por atividades produtivas. Ao contrário das demais regiões, tais
segmentos tiveram alta da demanda ao longo do ano passado, através do agronegócio
e da extração mineral. Conforme o IBGE, o valor adicionado da agropecuária e da
indústria extrativa, cujo peso é substancial nas economias dessas duas regiões, saltou
em 2020, respectivamente, 2% e 1,3%, enquanto que a indústria de transformação
amargou uma diminuição de 4,3%.

Na avaliação da arrecadação do ICMS por porte populacional dos municípios, observa-


se que aqueles com mais 500 mil habitantes foram os mais prejudicados, com
contração de 2,8%. Nas cidades com população entre 200 mil e 500 mil moradores, o
comportamento foi o mesmo, finalizando o exercício com -1,9%. Nas demais faixas
menos populosas, o ano encerrou com taxas mais amenas, que variaram de 0,2% a -
1,6% em cada faixa.

5.6. IPVA

A parte da arrecadação estadual do IPVA que cabe aos municípios brasileiros cresceu
4,2%, em 2020, quando comparada com o resultado de 201910. Entretanto, essa
ampliação é apenas contábil, devido a uma excepcionalidade ocorrida em Minas
Gerais11. Se desconsiderássemos os municípios mineiros, a variação nacional do IPVA

estimava a retração em 9,1% (https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/06/24/com-impacto-do-coronavirus-


fmi-preve-queda-de-91percent-para-o-pib-do-brasil-neste-ano.ghtml).

10
A amostra para esta avaliação é composta por 1.852 municípios.
11
Em meados de 2019, o Governo do Estado de Minas Gerais, após negociação com a Associação Mineira dos
Municípios (AMM), mediada pelo Tribunal de Justiça de Minas (TJMG), celebrou um acordo para pagamento
parcelado de débitos constitucionais e legais do Estado para com seus municípios. Nos exercícios de 2017 e 2018 e
em janeiro de 2019, o Executivo estadual deixou de transferir aos municípios suas parcelas de ICMS e de IPVA.
Com o acordo, a partir de janeiro de 2020, valores excepcionais passaram a ser recebidos pelas prefeituras
seria de 0,3% no mesmo período. Com essa taxa, estima-se que as cidades brasileiras
mantiveram a receita de IPVA em cerca de R$ 23 bilhões, em 2020.

Desconsiderando os municípios mineiros, é possível notar que a pandemia afetou o


desempenho do tributo ao longo do primeiro semestre, quando o recolhimento caiu
5,8%, influenciado principalmente pelos meses de abril (-37,4%) e maio (-28,4%). No
segundo semestre, o imposto assinalou uma forte recuperação, com crescimento de
18,2%. Dessa forma, o bom desempenho do segundo semestre compensou as perdas
ocorridas no primeiro.

Regionalmente, destaca-se a expansão no Norte (3,1%) e no Sul (2,9%), diante da


retração ocorrida no Centro-Oeste (-1,5%) e no Sudeste (-0,6%). A variação registrada
no Nordeste, de 0,3%, foi a mesma da média dos municípios brasileiros.

6. Desempenho da despesa por categoria econômica

O gráfico abaixo mostra o comportamento dos principais itens da despesa municipal


por categoria econômica em 2020 na comparação com 2019. Na sequência, é feito um
breve comentário sobre cada uma delas.

mineiras para repor o que havia sido bloqueado. Porém, contabilmente, muitas prefeituras lançaram esses
recursos na conta referente ao IPVA. Ou seja, o valor registrado no IPVA das prefeituras mineiras, em 2020,
contém parcelas do ICMS e do próprio IPVA dos exercícios de 2017, 2018 e 2019, o que distorce completamente a
análise desse item.
Gráfico 12

Variação das despesas por categoria econômica -


2020/2019
30,7%

3,6% 5,1%

Pessoal Custeio Investimento Juros e


Amortizações

-27,0%
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

6.1. Pessoal

A despesa municipal empenhada com gastos de pessoal subiu 3,6% em 2020,


conforme apontam os dados de 3.315 municípios. Dessa forma, prevê-se que o total
das cidades brasileiras tenha alocado cerca de R$ 345 bilhões no funcionalismo, R$ 12
bilhões a mais que em 2019. Cabe destacar que o desembolso com pessoal no setor
público tem como característica o crescimento vegetativo da folha de pagamentos, que
decorre das regras de progressão e dos benefícios concedidos ao longo das carreiras.
Mesmo em anos atípicos, como o de 2020, os gastos com o funcionalismo público
apresentam pouca margem para redução.

Essa expansão foi observada em todo o país, com mais intensidade nos municípios
menores. Naqueles com população até 100 mil habitantes, a taxa de crescimento
chegou a 4,9%, ao passo que nas cidades com contingente populacional acima de 100
mil habitantes a variação ficou em 2,9%. Entre as capitais, a taxa média fixou-se em
2,7%. Nos dois grandes centros urbanos, o aumento do gasto com pessoal mostrou-se
mais tímido ainda. No município do Rio de Janeiro, foi de 2,5%, enquanto que na
capital paulista, de 1,7%. No Centro-Oeste (6,4%), no Norte (5,3%) e no Nordeste
(5,1%), a elevação foi mais intensa que no Sul (3%) e no Sudeste (2,8%).
6.2. Custeio

As despesas empenhadas com o custeio municipal cresceram 5,1% em 2020. Apesar


da alta, ela foi menos intensa se comparada às registradas nos dois anos anteriores,
de 7,2% em 2018 e de 6%, em 2019. A ampliação em 2020, averiguada numa amostra
com 2.800 municípios, quando estimada para o conjunto das cidades brasileiras,
deverá representar um acréscimo de R$ 14 bilhões nesse item do gasto, fazendo o
total atingir R$ 295 bilhões. No conceito aqui adotado, as despesas de custeio
correspondem a todos os desembolsos correntes, exceto pessoal e pagamentos de
juros e encargos da dívida.

Estratificando os municípios por faixa populacional, é possível observar que o custeio


expandiu de forma mais intensa nos grandes municípios brasileiros. Naqueles com
população acima de 500 mil habitantes, a alta foi de 9,1% e entre as capitais, de 8,6%,
taxas que refletem, principalmente, o aumento da oferta de serviços públicos nessas
localidades relacionados à saúde e assistência social.

Já nas pequenas cidades, aquelas com até 20 mil habitantes, o custeio ficou estável,
com leve recuo de 0,2%. Nessas localidades, a suspensão de alguns serviços públicos
presenciais, que foram realizados de forma remota ou paralisados temporariamente,
resultou em menores despesas com custeio, principalmente na educação. Ao mesmo
tempo, a Covid-19, quando chegou às pequenas cidades, não exerceu a mesma
pressão de demanda na saúde como a ocorrida nos grandes centros urbanos, até
porque os pacientes dos municípios menores são direcionados para as cidades-polo,
onde são ofertados os atendimentos mais complexos.

6.3. Investimentos

Os municípios brasileiros ampliaram em 30,7% os investimentos empenhados em


202012, na comparação com o ano anterior. Com o incremento, prevê-se o acréscimo
para o conjunto das cidades tenha sido de cerca de R$ 15 bilhões e que o montante
total tenha chegado à casa dos R$ 60 bilhões, posicionando 2020 entre os anos de
maiores níveis de investimentos municipais registrados nas duas últimas décadas.

12
Esse resultado está baseado nos dados dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) de uma
amostra de 3.431 municípios.
A exemplo de 2019, cerca de metade dos aportes (51,1%) foi financiada com recursos
próprios. As cifras restantes vieram de operações de crédito, alienação de bens e
transferências de capital obtidas com os governos estaduais e federal, nestas últimas
inclusas as emendas parlamentares.

De forma geral, quanto menor a faixa populacional do município, maior foi o aumento
dos investimentos. No grupo com população de até 20 mil habitantes, a variação ficou
em 49,5%, enquanto que naqueles com mais de 500 mil residentes, em 20,8%. No
total, a expansão foi mais acentuada no segundo semestre (34,5%) do que no primeiro
(28,3%). Deve ser levado em conta que, apesar da crise sanitária e econômica
causada pela pandemia do coronavírus, 2020 foi ano de final de mandado e, assim,
muitos dos investimentos já programados estavam sendo executados pelas
administrações municipais.

6.4. Encargos e amortizações da dívida

Os desembolsos municipais para pagamento dos serviços da dívida caíram 27% no


ano de 2020, o que causou uma economia de aproximadamente R$ 5 bilhões em
relação a 2019. No total, estima-se que os municípios tenham empenhado R$ 14,5
bilhões com essa finalidade13. O resultado é fortemente influenciado pela redução de
57,1% ocorrida no município do Rio de Janeiro e pela retração de 46,9% registrada na
capital paulista. Ao desconsiderar as duas cidades, a baixa nos demais municípios
brasileiros fica em 14,1%.

Essa queda foi motivada pela LC 173, que suspendeu contratos de refinanciamentos
de dívidas e débitos previdenciários dos municípios com a União que venceriam entre
março e dezembro de 2020. Os valores postergados serão quitados a partir de janeiro
de 2022.

7. Desempenho por itens da despesa por função

O gráfico abaixo apresenta o comportamento das despesas municipais em 2020 no


confronto com 2019 em relação a saúde, assistência social, educação e Poder
Legislativo municipal. Na sequência é feito um breve comentário sobre cada uma delas.

13
Projeção para o conjunto dos municípios baseada no desempenho de 3.431 cidades.
Gráfico 13

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro
Nacional no Siconfi.

7.1. Saúde

Com aumento de 13,5%, o mais forte da última década, estima-se que os recursos
aportados em saúde devam ter superado os R$ 190 bilhões em 2020, o mais alto valor
já aplicado pelos municípios brasileiros na área 14. Desse total, quase a metade (49%)
foi financiada com recursos próprios dos municípios, sendo o restante coberto por
repasses da União e dos estados, conforme dados do Sistema de Informações sobre
Orçamentos Públicos em Saúde (Siops)15. No biênio 2018-2019, a participação dos
municípios no financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) foi de 54,5%. A queda
da parcela municipal para 49% em 2020 se explica pela elevação nos aportes feitos
pelos demais níveis de governo, notadamente pela União, para que os municípios
aplicassem no enfrentamento à Covid-19.

Em 2020, a parcela municipal no financiamento da saúde consumiu, em média, 23,76%


das receitas municipais vinculadas à saúde 13. Segundo preconiza a Emenda
Constitucional nº 29/2000, o percentual mínimo é de 15%.

14
Aplicou-se a variação verificada numa amostra de 3.248 municípios sobre o valor total da despesa com saúde de
2019, já corrigido pelo IPCA.
15
http://siops-asp.datasus.gov.br/CGI/deftohtm.exe?SIOPS/serhist/municipio/mIndicadores.def
A expansão da despesa empenhada com saúde foi mais intensa no segundo semestre
(+16,6%) do que no primeiro (+11,6%). Ao final do ano, não foram grandes as
diferenças de desempenho entre os municípios de acordo com o seu porte
populacional. As taxas de crescimento variaram de 10,3% a 15,8%, sendo que os
menores, aqueles com menos de 20 mil habitantes, anotaram alta de 13,7% e os com
mais de 500 mil habitantes, de 14,6%. Entre os maiores municípios, convém separar o
desempenho do Rio de Janeiro, que, contra todas as expectativas, registrou ampliação
de apenas 2,2% na despesa com a função saúde, em 2020. Sem a capital fluminense,
os maiores municípios tiveram acréscimo de 15,9%.

7.2. Assistência social

Os gastos municipais com assistência social subiram 13% em 2020 na comparação


com o ano anterior, já considerada a inflação pelo IPCA, de acordo com dados de
2.928 cidades. Foram recursos adicionais necessários para mitigar os efeitos sociais
em face das restrições das atividades econômicas impostas pela pandemia da Covid-
19.

Nesse cenário, a ajuda governamental às pessoas mais vulneráveis tornou-se


essencial para manter minimamente uma parcela da sociedade, seja por meio de
transferência direta de recursos ao cidadão 16, seja pela criação e ampliação de
serviços de assistência prestados pelo Executivo municipal. Estima-se que essa rede
de proteção social tenha custado cerca de R$ 22 bilhões para o conjunto dos
municípios brasileiros, um crescimento de R$ 2,5 bilhões em relação a 2019.

O aumento das despesas em assistência social foi muito mais substancial nos grandes
centros urbanos, chegando a 25,6% naqueles com mais de meio milhão de habitantes.
Na faixa imediatamente anterior, onde os municípios possuem população entre 200 mil
e 500 mil habitantes, a variação foi de 10,1%. Nos demais municípios, o percentual foi
menor, de 5,2% em média.

A Região Sudeste foi onde as despesas mais cresceram entre 2019 e 2020, com
variação de 16,6%. Porém, se excluída a capital de São Paulo, onde a expansão ficou
16
Não há, até o momento, um levantamento preciso sobre as cidades que instituíram auxílios emergenciais para
sua população em 2020. Entre as 26 capitais, sabe-se que oito delas o fizeram, duas deram continuidade em 2021,
e outras cidades estão se preparando para fazê-lo. https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/02/07/oito-
capitais-criaram-versao-municipal-do-auxilio-emergencial-apenas-duas-ainda-pagam-o-beneficio.ghtml
em 37,2%, o percentual retrocede para 11,3%. No Nordeste, a taxa também foi
elevada, de 15,4%. Logo depois vem a Região Centro-Oeste, com 11,4%. Já no Sul
(5,8%) e no Norte (6%), os percentuais foram mais tímidos.

Vale notar que parte da expansão desses gastos foi financiada por meio dos recursos
enviados pela União através da LC 173, que destinou R$ 3 bilhões aos municípios para
serem aplicados em saúde e assistência social.

7.3. Educação

Os gastos empenhados dos municípios brasileiros com educação encolheram 5% em


2020, em termos reais, com base no desempenho de 3.076 cidades. Estima-se assim
que, no total, os municípios tiveram uma redução aproximada de R$ 9 bilhões no
dispêndio com essa função e que a educação tenha absorvido cerca de R$ 173 bilhões
dos orçamentos municipais ao longo do ano. Os cortes mais significativos começaram
no terceiro bimestre, com uma retração de 12,2%, e seguiram até o fim do ano. Devido
ao fechamento das escolas e à suspenção das aulas presenciais, uma parcela dos
recursos necessários para a atividade educacional não foi utilizada. No primeiro
semestre, a diminuição das despesas foi de 1,1% em relação ao mesmo período de
2019. No segundo semestre, o recuo foi bem mais intenso, de 10,2%.

O corte na educação foi mais acentuado nos municípios de menor porte populacional.
Nas cidades com até 100 mil habitantes, os desembolsos despencaram 9,4%, entre
2019 e 2020. Nas de médio porte, com população entre 100 mil e 200 mil habitantes,
verificou-se uma baixa de 6,5%. Já nas cidades entre 200 mil e 500 mil habitantes, a
queda foi ainda mais moderada, da ordem de 3,8%. Por fim, o indicador ficou
praticamente estável nos municípios com mais de meio milhão de habitantes.

7.4. Legislativo

Entre 2019 e 2020, os municípios brasileiros reduziram as despesas empenhadas com


seus respectivos poderes legislativos em 0,9%, em termos reais, de acordo com dados
de uma amostra de 1.836 municípios. Dessa forma, a contração não significou grande
impacto nas cifras repassadas aos parlamentos municipais. Com isso, prevê-se que o
valor total desse dispêndio, que foi de R$ 18 bilhões em 2019, deva se repetir em 2020,
apesar das imposições causadas pela pandemia ao funcionamento das repartições
públicas.

Regionalmente, enquanto no Norte (1,9%) e no Nordeste (3,4%) houve acréscimo nas


despesas municipais com os seus legislativos, as demais áreas apresentaram em 2020
variação negativa no indicador, que no Sudeste chegou a 1%; no Centro-Oeste, a
2,4%; e no Sul, a 4%.

8. Conclusão

O primeiro ano da pandemia da Covid-19 derrubou a arrecadação dos principais


tributos municipais e a receita das mais importantes transferências constitucionais
recebidas dos demais níveis de governo, o FPM e o ICMS. O único tributo municipal a
crescer foi o ITBI, cuja boa performance está relacionada ao mercado imobiliário.

A queda nas transferências estaduais do ICMS, apesar de ter sido de apenas 1,8% na
média dos municípios, foi mais impactante nas cidades de médio e grande porte, que
dependem mais desse recurso. O FPM, por sua vez, registrou uma retração mais
significativa, de -7,1% em termos reais, o que teria sido muito prejudicial para as
cidades menores, caso não houvesse a compensação financeira dada pela Lei nº
14.041. Como já indicado acima, o FPM é muito mais relevante nos orçamentos dos
pequenos municípios e em regiões de menor desenvolvimento econômico.

No cômputo final, a receita corrente líquida (RCL) dos municípios obteve um


crescimento real de 4,8% graças ao conjunto dos auxílios financeiros disponibilizado
pelo Governo Federal, que somaram R$ 42,05 bilhões, e também ao bom desempenho
das receitas nos três primeiros meses do ano, período anterior ao início da pandemia,
quando a RCL alcançou aumento real de 6,2%.

Entretanto, os apoios tiveram um efeito heterogêneo quando se considera o porte


populacional dos municípios, pois foram mais favoráveis àqueles de menor porte
populacional. Ao mesmo tempo, o melhor desempenho econômico do Norte e do
Centro-Oeste em meio à pandemia do Brasil beneficiou as finanças dos municípios
localizados nessas regiões.

Ressalte-se que a distribuição dos auxílios financeiros aconteceu com atraso em


relação ao início dos impactos da pandemia sobre as finanças municipais, pois ficou
concentrada no período de junho a setembro de 2020, ao passo que a queda na
arrecadação e o aumento da demanda por serviços públicos de saúde e assistência
social iniciaram-se no segundo bimestre, entre março e abril de 2020.

Os auxílios financeiros contribuíram para que, no encerramento do exercício de 2020,


cerca de 70% das prefeituras apresentassem disponibilidade positiva de caixa. Porém,
quando se olha para 2021, vislumbram-se apenas incertezas. Primeiro porque a RCL
dos municípios sem os auxílios financeiros já se mostrava claudicante. Adicionalmente,
ocorre o recrudescimento da pandemia da Covid-19 a partir de março e, para
completar, não há previsão para a edição de novos apoios financeiros por parte do
Governo Federal. Tal cenário exige um estado de vigília permanente das
administrações municipais sobre a gestão fiscal.

Pelo lado das despesas, houve um aumento dos gastos com pessoal e custeio, de
2019 para 2020, sendo possível observar que a subida do segundo ocorreu de forma
mais intensa nos grandes municípios brasileiros em razão, principalmente, da
expansão da oferta de serviços públicos relacionados à saúde e assistência social
nessas cidades.

Os investimentos, por sua vez, foram ampliados em 30,7%, na comparação com o ano
anterior, devendo atingir R$ 60 bilhões em 2020, um dos maiores níveis registrados
pelas cidades brasileiras nas duas últimas décadas.

Os desembolsos municipais para o pagamento dos serviços da dívida caíram 27% em


2020, principalmente em virtude da suspenção dos contratos de refinanciamentos de
dívidas e dos débitos previdenciários dos municípios com a União que venceriam entre
março e dezembro de 2020, estabelecida pela LC 173.

Pela ótica funcional, os dados revelam que os municípios registraram uma forte
elevação nos gastos com saúde (13,5%) e assistência social (13%), neste último caso
muito mais acentuado nos grandes municípios. Na educação, por sua vez, os
desembolsos encolheram 5%, em 2020, com o nível de despesa ficando praticamente
estável nos municípios com mais de meio milhão de habitantes. Fechando esta análise,
vale destacar que as despesas com os legislativos municipais mantiveram-se
praticamente inalteradas entre 2019 e 2020, com ligeira queda de 0,9%, apesar das
imposições causadas pela pandemia ao funcionamento das repartições públicas.
ANEXO 1 – Os apoios financeiros

Medida Provisória nº 938, 02/04/2020 e Lei nº 14.041, 18/08/2020 – O primeiro


auxílio financeiro disponibilizado foi o da MP 938, depois convertida na Lei 14.041, cujo
objetivo consistiu em compensar estados e municípios pelas retrações no Fundo de
Participação dos Estados (FPE) e no Fundo de Participação dos Municípios (FPM),
conforme essas perdas se processaram, mês a mês, em comparação com o mesmo
mês de 2019. Para os municípios estipulou-se a importância máxima de R$ 8,26
bilhões, sendo que, de fato, foram repassados R$ 7,74 bilhões, pois esse foi o volume
da perda referente aos repasses de março a novembro. Assim, houve uma sobra de
pouco mais de R$ 500 milhões em relação ao estipulado pela Lei.

Lei Complementar nº 173, 27/05/2020 – Por sua vez, a LC 173 deu origem ao
Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, com a injeção direta de R$ 60
bilhões nos tesouros dos entes subnacionais, dos quais R$ 23 bilhões foram
direcionados aos municípios. Desses recursos, R$ 3 bilhões foram repassados para os
municípios segundo o critério populacional, para serem utilizados exclusivamente em
ações de saúde e assistência social. O restante, R$ 20 bilhões, que poderia ter
aplicação livre de vinculações, foi dividido inicialmente na proporção estabelecida para
cada Estado segundo o Anexo I da Lei e, em seguida, pelo tamanho populacional de
cada município.

Portaria do Ministério da Saúde nº 1.666 – O apoio financeiro entregue aos


municípios por meio da Portaria 1.666 foi de uso exclusivo nas ações de saúde para o
enfrentamento da pandemia e disponibilizou R$ 13,8 bilhões para os entes
subnacionais, sendo direcionados R$ 11,33 bilhões para os municípios. Os recursos
foram repassados em agosto com base em pesos aplicados a critérios de população,
valores dos procedimentos em saúde de média e alta complexidade e cifras
transferidas aos municípios relativas ao Piso de Atenção Básica (PAB), com dados
referentes ao exercício de 2019. Vale notar que a distribuição teve baixíssima eficiência
alocativa, já que atribuiu pesos que não refletiam a estrutura de atendimento médico-
hospitalar disponível nos municípios. Dessa forma, enquanto um município com até 20
mil habitantes recebeu, em média, R$ 1,1 milhão por leito, ou R$ 88,01 per capita, os
mesmos indicadores para uma cidade com mais de 500 mil moradores foram de R$
64,8 mil e R$ 35,46. Ou seja, considerando o número de leitos, uma pequena cidade
conseguiu 17,1 vezes mais que uma grande e, com relação à população, obteve 2,5
vezes mais.17

Lei Aldir Blanc (Lei nº 14.017), 29/06/2020 – Vale citar ainda a Lei Aldir Blanc, que
transferiu R$ 1,5 bilhão em parcela única aos estados e a mesma quantia aos
municípios. As prefeituras então apenas repassaram os recursos para o setor cultural,
sendo que os valores não utilizados deveriam ser devolvidos ao Tesouro Nacional.
Nesse sentido, os montantes da Lei Aldir Blanc, apesar de constar na RCL, apenas
transitaram pelos orçamentos municipais e, por isso, não devem entrar no cômputo do
auxílio financeiro do Governo Federal para compensar as perdas de receitas. As
transferências tiveram início em setembro, conforme os municípios foram se
inscrevendo para receberem esse repasse.

ANEXO 2 – Tabelas

TABELA 1
Variação da receita de ISS por porte populacional
Municípios do Brasil
Trimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Trimestral Semestral Anual
ISS
1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 8,2% -10,4% 6,1% 7,8% -1,3% 7,0% 3,1%
De 20 mil até 50 mil hab. 7,5% -13,0% 4,8% 3,3% -3,0% 4,0% 0,7%
De 50 mil até 100 mil hab. 7,4% -15,6% 6,6% 5,7% -4,3% 6,1% 1,2%
De 100 mil até 200 mil hab. -4,7% -21,8% 2,5% 0,9% -13,2% 1,7% -5,6%
De 200 mil até 500 mil hab. 2,7% -14,3% 1,8% -0,5% -5,8% 0,6% -2,5%
Acima de 500 mil hab. 8,1% -17,4% -1,4% -3,9% -4,9% -2,7% -3,8%
Total dos municípios 6,3% -16,9% 0,0% -2,3% -5,5% -1,2% -3,2%
Nota: dados de 1.959 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

17
Avaliação elaborada por Kleber Pacheco de Castro com base na Portaria 1.666/2020 do Ministério da Saúde,
IBGE (estimativas populacionais) e Conasems (Plano de Contingência Covid).
TABELA 2
Variação da receita de IPTU por porte populacional
Municípios do Brasil
Trimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Trimestral Semestral Anual
IPTU
1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 6% -26% 14% 6% -12% 10% -4%
De 20 mil até 50 mil hab. 10% -27% 7% 2% -7% 5% -3%
De 50 mil até 100 mil hab. 8% -24% 4% -5% -6% 0% -4%
De 100 mil até 200 mil hab. 5% -20% 6% -10% -5% -2% -4%
De 200 mil até 500 mil hab. 7% -23% -6% -10% -5% -8% -6%
Acima de 500 mil hab. 4% -11% -4% -4% -1% -4% -2%
Total dos municípios 5% -16% -2% -5% -3% -4% -3%
Nota: dados de 1.958 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 3
Variação da receita de ITBI por porte populacional
Municípios do Brasil
Trimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Trimestral Semestral Anual
ITBI
1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes -14,9% 0,8% 9,0% 52,8% -6,8% 29,2% 13,1%
De 20 mil até 50 mil hab. 3,5% -12,8% 46,2% 66,2% -5,2% 56,4% 28,2%
De 50 mil até 100 mil hab. -9,1% -13,8% 41,7% 49,5% -11,5% 45,7% 19,0%
De 100 mil até 200 mil hab. 0,5% -14,7% 33,2% 44,2% -7,5% 39,0% 17,4%
De 200 mil até 500 mil hab. 9,5% -18,5% 19,9% 36,0% -5,1% 28,3% 13,2%
Acima de 500 mil hab. -0,5% -30,9% 11,9% 26,1% -16,3% 19,4% 3,1%
Total dos municípios 0,2% -24,9% 18,3% 32,8% -12,8% 25,9% 8,2%
Nota: dados de 1.958 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 4
Variação da receita de FPM por porte populacional
Municípios do Brasil
Trimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Trimestral Semestral Anual
FPM
1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes -1,4% -18,6% -11,6% 1,9% -9,5% -4,4% -6,9%
De 20 mil até 50 mil hab. -1,6% -18,4% -12,0% 1,7% -9,5% -4,6% -7,1%
De 50 mil até 100 mil hab. -1,1% -18,4% -11,6% 1,8% -9,2% -4,4% -6,8%
De 100 mil até 200 mil hab. -1,0% -17,8% -10,9% 2,4% -8,9% -3,7% -6,3%
De 200 mil até 500 mil hab. -0,4% -20,0% -12,6% 1,6% -9,8% -5,0% -7,4%
Acima de 500 mil hab. -1,6% -19,4% -13,0% 0,8% -10,0% -5,6% -7,8%
Total dos municípios -1,2% -18,8% -12,0% 1,7% -9,5% -4,7% -7,1%
Nota: dados de 1.924 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.
TABELA 5
Variação da receita de ICMS por porte populacional
Municípios do Brasil
Trimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Trimestral Semestral Anual
ICMS
1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 6,0% -15,8% 2,2% 0,2% -4,8% 1,2% -1,6%
De 20 mil até 50 mil hab. 8,2% -13,3% 3,5% 0,7% -2,5% 1,9% -0,1%
De 50 mil até 100 mil hab. 12,1% -15,2% 3,4% 0,6% -1,7% 1,9% 0,2%
De 100 mil até 200 mil hab. 8,2% -14,6% 2,2% -0,8% -3,2% 0,6% -1,2%
De 200 mil até 500 mil hab. 9,0% -16,1% 1,5% -2,0% -3,6% -0,4% -1,9%
Acima de 500 mil hab. 4,2% -14,7% 1,9% -3,0% -5,1% -0,8% -2,8%
Total dos municípios 7,1% -15,0% 2,2% -1,6% -3,9% 0,1% -1,8%
Nota: dados de 1.934 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 6
Variação da receita de IPVA por porte populacional
Municípios do Brasil
Trimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Trimestral Semestral Anual
IPVA
1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 2,0% -10,9% 15,5% 13,8% -2,2% 14,8% 3,6%
De 20 mil até 50 mil hab. 1,1% -16,8% 17,1% 18,7% -3,9% 17,8% 2,4%
De 50 mil até 100 mil hab. 1,6% -12,6% 14,5% 20,4% -2,8% 17,3% 2,7%
De 100 mil até 200 mil hab. 0,9% -19,6% 16,1% 20,5% -4,3% 18,2% 1,6%
De 200 mil até 500 mil hab. 1,0% -19,0% 17,7% 20,5% -4,7% 19,0% 1,6%
Acima de 500 mil hab. -1,1% -27,6% 16,3% 20,9% -7,3% 18,4% -1,2%
Total dos municípios -0,1% -22,2% 16,4% 20,3% -5,8% 18,2% 0,3%
Nota: dados de 1.852 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 7
Variação da despesa empenhada com pessoal por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Bimestral Semestral Anual
Pessoal
1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 5,7% 8,2% 2,3% 4,2% 2,6% 5,6% 5,4% 4,3% 4,8%
De 20 mil até 50 mil hab. 5,8% 8,4% 1,4% 4,3% 6,2% 7,5% 5,3% 6,1% 5,7%
De 50 mil até 100 mil hab. 1,5% 7,7% 3,9% 4,4% 3,5% 6,0% 3,5% 4,7% 4,1%
De 100 mil até 200 mil hab. 3,2% 7,5% -5,6% 0,7% 2,1% 1,6% 1,7% 1,5% 1,6%
De 200 mil até 500 mil hab. 6,6% 9,7% 3,5% -5,4% -0,3% 2,5% 6,6% -0,8% 3,1%
Acima de 500 mil hab. 11,0% -4,8% 1,6% -0,4% 3,4% 3,1% 4,1% 2,1% 3,2%
Total dos municípios 7,1% 3,0% 1,4% 0,7% 3,0% 4,0% 4,5% 2,7% 3,6%
Nota: dados de 3.315 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.
TABELA 8
Variação da despesa empenhada com custeio por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Bimestral Semestral Anual
Custeio
1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 11,1% -2,0% -15,6% -8,9% -0,1% 5,1% 1,0% -2,0% -0,2%
De 20 mil até 50 mil hab. 7,5% 5,5% -11,5% -3,3% 2,8% 0,5% 2,8% -0,2% 1,7%
De 50 mil até 100 mil hab. 8,2% 7,9% -5,3% -3,0% 1,5% 2,0% 5,6% -0,1% 3,8%
De 100 mil até 200 mil hab. 6,8% 10,8% -15,8% -15,1% 6,0% -1,8% 3,4% -5,0% 0,9%
De 200 mil até 500 mil hab. 0,9% 2,5% 1,1% 4,2% 10,7% -8,3% 1,2% 2,8% 1,7%
Acima de 500 mil hab. 9,9% 2,1% 8,6% 6,3% 9,9% 19,6% 8,0% 11,5% 9,1%
Total dos municípios 7,8% 3,1% -1,6% 0,3% 6,9% 9,3% 5,1% 5,1% 5,1%
Nota: dados de 2.800 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 9
Variação da despesa empenhada com investimento por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Bimestral Semestral Anual
Investimento
1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 21,5% 47,1% 59,9% 73,1% 56,9% 42,9% 41,0% 59,7% 49,5%
De 20 mil até 50 mil hab. 26,5% 30,0% 22,4% 63,4% 42,1% 73,4% 26,1% 55,8% 37,6%
De 50 mil até 100 mil hab. 41,6% 30,6% 27,0% 41,8% 48,0% 54,8% 34,6% 45,2% 38,3%
De 100 mil até 200 mil hab. 22,9% 68,9% 22,3% 31,8% 25,7% -44,3% 34,6% 18,3% 28,1%
De 200 mil até 500 mil hab. 40,5% 13,5% 16,5% 54,5% 26,3% -247,5% 28,3% 29,8% 28,7%
Acima de 500 mil hab. 46,6% 14,7% -5,5% 37,8% 24,5% -7,8% 21,3% 20,1% 20,8%
Total dos municípios 36,8% 25,6% 17,8% 49,2% 34,5% 4,6% 28,3% 34,5% 30,7%
Nota: dados de 3.431 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 10
Variação da despesa empenhada com encargos e amortizações da dívdia por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Encargos e amortizações Bimestral Semestral Anual
da dívida 1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 4,3% -3,1% -31,0% -28,2% -16,9% 11,8% -3,4% -12,4% -6,3%
De 20 mil até 50 mil hab. -10,5% 5,9% -28,3% -34,3% -22,9% 5,5% -10,9% -18,0% -13,0%
De 50 mil até 100 mil hab. 13,7% -3,5% -20,6% -22,2% -13,3% -6,6% 6,1% -14,4% 0,5%
De 100 mil até 200 mil hab. -0,6% 2,0% -37,8% -54,7% 20,1% -22,8% -6,3% -24,3% -11,5%
De 200 mil até 500 mil hab. 14,7% -26,6% -36,5% -63,9% -26,3% 20,4% -3,2% -24,9% -9,7%
Acima de 500 mil hab. 7,2% 16,4% -448,7% -34,7% -138,9% -142,6% -24,9% -106,8% -38,2%
Total dos municípios 6,7% 2,6% -221,2% -40,5% -65,7% -76,7% -17,8% -61,0% -27,0%
Nota: dados de 3.431 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.
TABELA 11
Variação da despesa empenhada com a função saúde por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Bimestral Semestral Anual
Saúde
1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 7,1% 11,0% 8,2% 16,8% 23,5% 22,2% 8,4% 20,7% 13,7%
De 20 mil até 50 mil hab. 6,0% 20,4% 12,8% 20,2% 29,0% 20,8% 11,0% 23,2% 15,8%
De 50 mil até 100 mil hab. 6,2% 26,2% 18,5% 13,0% 21,1% 14,8% 12,9% 16,2% 14,2%
De 100 mil até 200 mil hab. 7,1% 27,4% -0,3% 8,9% 23,6% 6,8% 9,7% 12,7% 10,8%
De 200 mil até 500 mil hab. -4,7% 30,7% 17,5% 30,2% 25,2% -0,7% 6,3% 17,8% 10,3%
Acima de 500 mil hab. 8,0% 16,4% 33,0% 10,9% 16,2% 14,5% 15,2% 13,7% 14,6%
Total dos municípios 5,0% 19,9% 19,6% 15,4% 21,1% 13,3% 11,6% 16,6% 13,5%
Nota: dados de 3.248 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 12
Variação da despesa empenhada com a função assistência social por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Bimestral Semestral Anual
Assistência social
1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 8,2% -4,6% -10,4% 0,0% 13,7% 9,7% -0,7% 7,5% 2,9%
De 20 mil até 50 mil hab. 6,9% 16,5% 4,4% 19,3% 17,9% 10,1% 8,9% 15,9% 11,7%
De 50 mil até 100 mil hab. 12,4% 2,8% -6,4% -1,5% 2,9% -0,4% 5,2% 0,2% 3,2%
De 100 mil até 200 mil hab. -9,6% 29,5% -6,6% 4,5% 8,8% 6,0% 0,6% 6,3% 2,7%
De 200 mil até 500 mil hab. 4,6% 12,5% 15,9% 13,7% 18,0% 9,6% 8,2% 13,9% 10,1%
Acima de 500 mil hab. 10,4% 24,5% 17,0% 19,8% 15,6% 130,8% 14,4% 49,9% 25,6%
Total dos municípios 7,1% 14,3% 4,0% 10,6% 13,9% 42,4% 8,1% 21,4% 13,0%
Nota: dados de 2.928 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 13
Variação da despesa empenhada com a função educação por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Bimestral Semestral Anual
Educação
1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 0,7% -5,0% -18,3% -17,3% -18,7% -12,6% -6,2% -16,1% -10,7%
De 20 mil até 50 mil hab. 3,2% -8,7% -14,8% -15,8% -15,0% -10,3% -4,7% -13,6% -8,6%
De 50 mil até 100 mil hab. 6,9% -1,9% -11,6% -21,8% -24,3% -11,4% -0,2% -19,1% -8,6%
De 100 mil até 200 mil hab. 7,4% -2,5% -15,4% -12,9% -16,9% -11,8% -1,1% -13,7% -6,5%
De 200 mil até 500 mil hab. 7,1% 4,5% -10,1% -20,4% -12,8% -4,2% 2,3% -12,2% -3,8%
Acima de 500 mil hab. 5,6% -2,4% -7,9% -10,3% -4,6% 7,0% 0,7% -1,5% -0,3%
Total dos municípios 5,2% -2,7% -12,2% -15,3% -13,1% -3,4% -1,1% -10,2% -5,0%
Nota: dados de 3.076 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.
TABELA 14
Variação da despesa empenhada com a função legislativa por porte populacional
Municípios do Brasil
Bimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Bimestral Semestral Anual
Legislativo
1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. 5º bim. 6º bim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes 3,5% -7,2% -6,2% -2,7% -3,6% -2,6% -1,8% -2,9% -2,3%
De 20 mil até 50 mil hab. 20,4% -9,4% 0,5% -13,4% -6,8% -3,0% 8,6% -7,6% 1,8%
De 50 mil até 100 mil hab. 6,4% 0,7% 8,0% -6,6% 0,6% 8,0% 5,5% 1,1% 3,6%
De 100 mil até 200 mil hab. 4,8% 23,7% -13,7% -11,7% -8,4% -0,9% 4,6% -6,8% -0,4%
De 200 mil até 500 mil hab. -3,5% 4,0% -3,9% -3,7% -6,5% 8,2% -2,0% -0,2% -1,3%
Acima de 500 mil hab. -1,4% -11,4% -6,0% 4,9% -0,2% -2,1% -3,2% 0,7% -2,1%
Total dos municípios 1,5% -2,5% -4,4% -3,5% -3,5% 0,7% -0,3% -2,0% -0,9%
Nota: dados de 1.836 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

TABELA 15
Variação da receita corrente líquida por porte populacional
Municípios do Brasil
Mensal, trimestral, semestral e anual - 2020/2019
Em percentual, corrigidos pelo IPCA
Mensal Trimestral Semestral Anual
Receita corrente líquida
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º sem. 2º sem. 2020/2019
Até 20 mil habitantes -3,8% 6,9% 3,7% 5,4% -10,9% 17,2% 10,7% 34,3% 19,5% 8,1% 6,5% -17,3% 2,2% 3,2% 20,3% -4,4% 2,7% 6,7% 4,8%
De 20 mil até 50 mil hab. -1,3% 5,3% 5,6% -3,2% -12,1% 16,7% 9,9% 30,6% 22,3% 6,7% 5,1% -14,3% 3,1% -0,4% 20,2% -3,2% 1,4% 7,4% 4,6%
De 50 mil até 100 mil hab. 2,4% 8,2% 8,0% -7,3% -9,7% 19,3% 15,9% 34,3% 20,6% 1,2% 8,5% -6,8% 6,1% 0,2% 23,1% -0,3% 3,2% 10,4% 6,9%
De 100 mil até 200 mil hab. 4,3% 4,2% 7,6% -5,9% -11,6% 18,9% 13,0% 29,2% 25,0% -1,8% 7,5% -8,5% 5,3% -0,4% 21,8% -2,0% 2,6% 8,9% 5,8%
De 200 mil até 500 mil hab. 3,6% 5,7% 10,0% -6,2% -8,6% 16,0% 8,4% 23,6% 23,5% -3,5% 9,5% -6,6% 6,3% 0,0% 17,9% -1,3% 3,3% 7,5% 5,4%
Acima de 500 mil hab. 9,8% 3,3% 10,0% -9,1% -13,0% 10,1% 8,5% 17,9% 20,4% -4,3% 2,5% -5,6% 7,4% -4,4% 15,4% -2,8% 2,1% 5,7% 3,9%
Total dos municípios 5,7% 4,6% 8,8% -6,6% -11,5% 14,2% 10,1% 24,0% 21,6% -1,7% 5,4% -8,0% 6,2% -1,8% 18,1% -2,3% 2,5% 7,1% 4,8%
Nota: dados de 1.959 municípios.
Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.

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