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Pressupostos Sintáticos e Semânticos
Pressupostos Sintáticos e Semânticos
1 A SEMÂNTICA NA GRAMÁTICA.
Para começar, recuperando: 1. A semântica tem muita história.
2. A semântica é pelo menos três.
3. A semântica não está sozinha.
(2) a. The doctor told the patient He was having trouble with to (de oração complemento – oração
live relativa)
(4) a. Todd gave the boy the dog bit a bandage (de duplo objeto)
b. Ian gave her earrings to Mary
Resposta: As mudanças gramaticais nas línguas são condicionadas pelo modo de conceptualização de mundo
(LANGACKER, 1993)
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Há três grandes motivações empíricas e teóricas para a representação X-barra na sintaxe: a fronteira entre
palavras de classe aberta e as palavras de classe fechada; a vantagem da representação binária em detrimento
da ternária; a assimetria entre sujeito e objeto.
As classes abertas resumem-se a quatro: a raiz cant-, a raiz caix-, a raiz instrument- e a palavra ontem. O quadro
abaixo faz a correspondência com seus significados conceituais:
As classes fechadas, relacionais, vão construir outros significados às palavras sobre as quais operam:
Mas: Classe aberta pode ser relacional? Classe fechada pode ter significado? Sim.
Da sintaxe de reescritura (década de 70, da Gramática Gerativa) para a sintaxe X-barra (década de 90 pra
frente).
Uma gramática de reescritura:
vocabulário: Det ⇒ o, a
N ⇒ mesa, cozinha, armário, lavanderia, joão
V ⇒ comprou
P ⇒ de
Conj ⇒ e
regras de reescritura: S ⇒ NP VP
S ⇒ S Conj S
NP ⇒ (Det) N (PP)*
NP ⇒ NP Conj NP
VP ⇒ V (NP) (PP)
PP ⇒ P NP
3
NP
Det N PP
a mesa P NP
de Det N
a cozinha
Figura 1: estrutura arbórea ou derivacional ternária de a mesa da cozinha, segundo o fragmento de gramática
acima.
Problemas: como decidir se a direção da derivação? Qual é a diferença entre a mesa da cozinha e a construção do
muro pelo pedreiro? A estrutura não dá conta. Então:
NP
Argumento 1 N’
N0 Argumento 2
Figura 2: estrutura arbórea ou derivacional binária de um NP, desdizendo o fragmento de gramática acima, e
contemplando a teoria X-barra.
DP
D’ NP
D0 N’ PP
a N0 pelo pedreiro
construção
PP
do muro
Figura 3: estrutura arbórea, derivacional, binária X-barra, com projeção DP para a construção do muro pelo
pedreiro.
4
DP
D’
posição de adjunção – na duplicação de
NP
D0 NP
a NP PP
N’ P’
N0 P0 DP
mesa de
D’
D0 NP
a
N’
N0
cozinha
Figura 4: estrutura arbórea, derivacional, binária X-barra, com projeção DP para
a mesa da cozinha.
O papel do VP:
A iteratividade:
Novamente, os VPs:
Logo, a estrutura x-barra parece dar conta de classes abertas e fechadas, da vantagem da estrutura binária e
da assimetria entre sujeito e objeto:
XP
Argumento 1 X’
X0 Argumento 2
Figura 5: representação genérica de constituinte XP.
A figura acima aplica-se a NP, VP, AspP, TP, MoodP, etc., fazendo com a que derivação sintática ocorra sob
um menor conjunto de regras possível.
SENTIDO
+HUMANO
Aristóteles ⇒⇒⇒⇒⇒⇒
REFERÊNCIA
Ser grego
Ser filósofo
CONCEITO Nascer em Estagira
Ser aluno de Platão
...
Figura 6: esquema das noções de sentido, referência
referência e conceito, em Frege.
Cálculo de Predicados: um sistema formal que inclui sintaxe e semântica, cujas regras relacionam-se
isomorficamente.
As sentenças possíveis:
Rolo anda
Tina anda
O passarinho voa
Rolo fotografa o passarinho
Rolo mostra a língua
Tina projeta a sombra na grama
Rolo projeta a sombra na grama
CÁLCULO DE PREDICADOS
Teoria cognitiva
MENTE
LÍNGUA
☺ MUNDO
Figura 8: O exercício da tripla abstração teórica para a semântica de língua, mente e mundo.
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Referências
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