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Direito Ambiental | 5ª ed.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4

2. MEIO AMBIENTE E BEM AMBIENTAL 8

a) Principais Artigos Da Constituição Federal Sobre Direito Ambiental 9

3. TUTELA INTERNACIONAL DO DIREITO AMBIENTAL 9

4. ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE 10

5. TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 10

6. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 11

7. FEDERAÇÃO E COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL. 12

8. SOBRE A PNMA (POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) 13

a) Objetivos Gerais Da Pnma – Art. 2º, Caput, Da Lei 13


b) Objetivos Específicos Da Pnma – Art. 2º E Incisos Da Lei 13
c) Princípios Da Pnma 14
d) Instrumentos Da Pnma – Art. 9º Da Lei 14
e) Sistema Nacional Do Meio Ambiente (Sisnama) – Art. 6º Da Lei 15

9. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 16

a) Avaliação De Impactos Ambientais (Aia) 21


b) Estudo Prévio De Impacto Ambiental (Eia) 21
c) Relatório De Impacto Ambiental (Rima) 22
d) Publicidade E Participação Pública 22
e) Audiência Pública 22
f) Outras Modalidades De Avaliação De Impacto Ambiental (Aia) 23
g) Zoneamento Ambiental 23
h) Tombamento 24
i) Infrações E Sanções Administrativas 24

10. DANO AMBIENTAL E TEORIA OBJETIVA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 25

a) Dano Ambiental 26
● Classificação De Dano Ambiental 26
● Reparação Do Dano Ambiental 26

11. TUTELA PRÉ-PROCESSUAL 28

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12. TUTELA PROCESSUAL DO MEIO AMBIENTE 30

a) Ações Individuais 30
b) Ação Civil Pública Ambiental (Acp) 30
c) Ação Popular Ambiental Constitucional 32
d) Mandado De Segurança Coletivo Ambiental 32
e) Mandado De Injunção Ambiental 32

13. TUTELA PENAL DO MEIO AMBIENTE 33

a) Norma Penal Ambiental 33


● Competência 33
b) Concurso De Agentes E Omissão Penalmente Relevante 34
c) Responsabilidade Penal Da Pessoa Jurídica 34
d) Aplicação Da Pena 35
e) Penas Restritivas De Direitos Aplicáveis Às Pessoas Físicas 35
f) Sursis Ambiental 36
g) Multa 36
h) Perícia 36
i) Sentença Condenatória 37
j) Penas Aplicáveis Às Pessoas Jurídicas 37

14. AÇÃO PENAL 37

a) Infração De Menor Potencial Ofensivo (Impo) 37


b) Sursis Processual 37
c) Crimes Em Espécie 38

15. FLORA E DIREITO AMBIENTAL 38

a) Área De Preservação Permanente (App) 39


b) Reserva Legal 43
c) Unidades De Conservação 45

16. POLÍTICA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE 48

17. RECURSOS HÍDRICOS E DIREITO AMBIENTAL 53

18. TUTELA DO MEIO AMBIENTE CULTURAL 54

19. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 56

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1. INTRODUÇÃO

O meio ambiente é considerado um patrimônio público, bem difuso, cuja preservação a


toda a coletividade interessa. Nesse sentido, é válido notar que, segundo a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, o meio ambiente não se restringe à natureza (meio ambiente
natural), mas abrange também aspectos culturais da sociedade (meio ambiente cultural), o
ambiente de trabalho (meio ambiente do trabalho) e o conjunto de construções feitas pelo
homem (meio ambiente artificial).

Partindo-se dessa premissa, observa-se que, ao longo da história, a preocupação com


a preservação do meio ambiente surgiu, com maior vigor, nos anos 60, na Europa. Desde
então, os estudos científicos passaram a atestar que as fortes intervenções humanas
decorrentes da revolução industrial, da sociedade de consumo, da urbanização e da
exploração de recursos naturais estavam a prejudicar, de modo visceral, o meio ambiente, em
todos os seus aspectos: cultural, artificial, laboral e natural.

Nessa toada, surgiram correntes que buscaram traçar uma visão acerca do papel do
homem frente ao meio ambiente, sobretudo diante do meio ambiente natural. São as
principais:

CORRENTE Aspecto central

Antropocentrismo absoluto Enxerga o homem no centro e o


meio ambiente como um instrumento que
deve ser preservado para servi-lo.

Ecocêntrica absoluta O homem é um, dentre tantos,


componentes do meio ambiente.

Antropocêntrica moderada O meio ambiente é um bem jurídico


penal autônomo, mas indiretamente
vinculado aos interesses individuais.

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Biocentrismo Os demais seres vivos têm tanto


valor quanto os homens

Note que, apesar das diferentes visões apresentadas por essas correntes, todas têm
em comum o fato de jamais negarem a necessidade de preservar o meio ambiente. Nessa
senda, dois grandes movimentos voltados a cuidar, sobretudo do meio ambiente natural,
destacaram-se no mundo:

Conservacionismo: Defende o equilíbrio entre o


homem e o meio ambiente através do
desenvolvimento sustentável​.

Preservacionismo: Mais radical, sustenta que o


ser humano é a maior ameaça ao meio
ambiente.

Na Constituição Federal de 1988, o principal dispositivo a tratar da temática é o


art. 225, no qual se vislumbra a predominância de uma visão antropocêntrica mitigada por
algumas influências do biocentrismo e do ecocentrismo, no que toca à proteção dedicada à
fauna. De modo bastante evidente, a nossa Ordem Constitucional Ambiental tem clara matriz
Conservacionista, na medida em que erigiu como princípio central e norteador de toda a
política ambiental o Desenvolvimento Sustentável.

Recomenda-se, portanto, que o aluno domine os conceitos aqui apresentados e


que leia com bastante atenção o art. 225 da Constituição, na medida em que grande parte
das questões são extraídas da redação desse dispositivo.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

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 I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das


espécies e ecossistemas;
  - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
II
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
  - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
III
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção;
  - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
IV
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente;
  - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
VII
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
  2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
§
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
  4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
§
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na
forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram
cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais,
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei
específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. ​(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 96, de 2017)

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Note que a última modificação do dispositivo constitucional fez inserir o §7º, que
relativiza o Princípio da Senciência (segundo o qual os animais, por terem sentimentos e
afeto, merecem significativa proteção jurídica), extraído do art.225, §1º, VII. Essa mitigação
decorreu de uma reação legislativa à decisão do Supremo Tribunal Federal, na qual se
reconheceu a inconstitucionalidade de lei que regulamentava a prática de vaquejada.

Após esse julgado, o legislativo considerou a repercussão cultural e o fomento


econômico gerado pela vaquejada em diversos municípios do Brasil e, atendendo ao clamor
dos grupos ligados a essa prática, deliberou Emenda Constitucional que culminou com o §7º
do art. 225 da CF. Com isso, foi autorizada a prática da vaquejada e outras manifestações
culturais que causam sofrimento aos animais. Interessante notar que esse fenômeno (reação
legislativa), também denominado ​efeito ​blacklash​, decorre do fato de a decisão do STF em
controle de constitucionalidade não vincular o legislativo.

2. MEIO AMBIENTE E BEM AMBIENTAL

Antes de iniciarmos o estudo dos tópicos que compõem a matéria de Direito Ambiental,
é importante que alguns conceitos básicos sejam compreendidos para o bom
desenvolvimento do aprendizado:

O que é Meio Ambiente? O art. 3º, I da Lei 6938/81, preconiza ser o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas.

O que é Risco Ambiental? O risco ambiental pode ser aferido sempre que houver
possibilidade de degradação ambiental diante de alguma atividade ou empreendimento.

O que é Degradação Ambiental? É a alteração adversa das condições do meio


ambiente.

O que é Poluição? O art. 3°, III da Lei n° 6.938/81, define que poluição é a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

● prejudiquem a ​saúde, a segurança e o bem-estar​ da população;


● criem condições adversas às ​atividades sociais e econômicas​;
● afetem desfavoravelmente a ​biota​;
● afetem as ​condições estéticas ou sanitárias​ do meio ambiente;
● lancem matérias ou energia em ​desacordo com os padrões ambientais estabelecidos​.

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O que é Poluidor? A definição é trazida pela inteligência do art. 3°, IV da Lei n°


6.938/81, em que poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.

Note que, entre os conceitos aqui apresentados, os mais trabalhados em questões de


prova são os de degradação e poluição. É possível entender esta como uma espécie daquela,
que se apresenta quando a degradação resulta das atividades acima mencionadas (art. 3º, III
da Lei nº 6.938).

PRINCIPAIS ARTIGOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SOBRE DIREITO AMBIENTAL

a) art. 1º, III: dignidade da pessoa humana – sua aplicação pressupõe que somente
há vida digna se inserida num ambiente ecologicamente equilibrado;

b)​ art. 5º, caput: garantia da inviolabilidade do direito à vida;

c) art. 170, caput e incisos III e VI, da CF: a ordem econômica deve respeitar os
princípios da função social da propriedade e da defesa do meio ambiente;

d) art. 225, caput: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

3. TUTELA INTERNACIONAL DO DIREITO AMBIENTAL

Conferência Sobre Meio Ambiente Humano

O mais relevante documento internacional relacionado à proteção jurídica do meio


ambiente é a ​Declaração de Estocolmo/72​. Atribui-se a esse diploma o marco inicial da
proteção jurídica ambiental, na medida em que foi a partir dele que se instituiu o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Além dela, a Convenção das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
também tem destaque relevante. Também conhecida como ​ECO 92​, a conferência foi

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realizada no Rio de Janeiro, e traçou diversos princípios, dentre os quais o mais importante é
o do Desenvolvimento Sustentável.
Derivado da ECO 92, outro importante documento de proteção ambiental é o
Protocolo de Kyoto, cujo objetivo central é a redução dos gases que geram efeito estufa. Foi
nesse diploma que se instituiu o ​Crédito de Carbono​, por meio do qual países desenvolvidos
(maiores poluidores) poderiam investir em mecanismos para redução da emissão desses
gases nos países em desenvolvimento, com vistas a compensar a sua poluição.
O Relatório “Nosso Futuro Comum” (​relatório Brundtland​) trouxe o conceito de
desenvolvimento sustentável: aquele que atende às necessidades das gerações presentes
sem comprometer as necessidades das gerações futuras. De tão relevante, esse princípio foi
adotado pela Constituição Federal no art. 225.

4. ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE


De acordo com a construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, o meio
ambiente pode ser subdividido nos seguintes tipos:

a) ​Meio ambiente físico ou natural: compreende o solo, o ar, a água, a flora e a fauna
(art. 225 da CF e art. 3º da Lei 6.938/81).

b) ​Meio ambiente artificial ou urbano: constituído pelo espaço urbano construído e


pelos equipamentos públicos (art.182 da CF).

c) Meio ambiente cultural: compreende o patrimônio histórico, artístico, cultural,


paisagístico e turístico, ou seja, bens que refletem a identidade, formação e memória do povo
brasileiro, sejam bens materiais ou imateriais (art. 226 da CF).

d) ​Meio ambiente do trabalho: compreende todas as condicionantes para a tutela da


saúde e segurança do trabalhador no ambiente no qual desenvolve suas atividades laborais
(art. 200, VII, CF).

5. TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE


Dada a magnitude da proteção ao meio ambiente, o Constituinte brasileiro entendeu
devido conferir proteção jurídica máxima a esse bem difuso, na medida em que previu uma

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série de dispositivos voltados a esse intento ao longo da Carta Magna. Fala-se, com isso,
num Estado Democrático Social de Direito Ambiental.

O principal dispositivo é o art. 225, no qual se extraem deveres genéricos (voltados ao


Poder Público e à Coletividade) e específicos (voltados ao Poder Público). Nessa regra, está
prevista também a responsabilidade objetiva por dano ambiental, a indisponibilidade das
terras arrecadadas com intuito de proteger ecossistemas e o elenco de ecossistemas que
compõem o Patrimônio Nacional (Mata Atlântica, Serra do Mar, Zona Costeira, Pantanal
Matogrossense e Floresta Amazônica). Frise-se que não se deve confundir os conceitos de
patrimônio nacional e de bem público, sendo aqueles bens de titularidade difusa, e não de um
ente público específico.

Alerta-se o aluno para a necessidade de memorizar todos os incisos e parágrafos do


art.225, inclusive aquele que se refere aos ecossistemas acima mencionados. ​São poucas as
normas dele extraídas, mas a importância delas é muito grande para fins de prova.

Com a constitucionalização do direito ambiental, ocorre o fenômeno da “ecologização


da propriedade”, que é um desdobramento da função social da propriedade. Verifica-se
também o incentivo à maior participação pública no desenvolvimento de políticas públicas e a
redução da discricionariedade administrativa no processo de fiscalização do cumprimento das
normas ambientais.

6. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL


Ubiquidade O meio ambiente é vetor principal a ser aferido em todas as
atividades ou empreendimentos.

Desenvolvimento É um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental. Este


sustentável princípio busca o equilíbrio do desenvolvimento econômico e o
meio ambiente, a chamada ​sustentabilidade​. Decorre do ideal
conservacionista e foi proclamado na Conferência ECO 92 e no
Relatório Brundtland.

Direito à sadia A vida, concebida constitucionalmente, é uma vida sadia se inserida


qualidade de vida num meio ambiente ecologicamente equilibrado.

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Participação O dever de zelar pelo meio ambiente é conferido à sociedade e ao


Estado, concomitantemente.

Função O direito à propriedade passou a incorporar duas novas


sócio-ambiental concepções: observância da função social e da função ambiental.
da propriedade

Poluidor-pagador Cabe ao poluidor suportar todos os custos das medidas


necessárias para indenizar e/ou recuperar o meio ambiente.
Frise-se que não se pode falar aqui em direito adquirido de poluir
diante do pagamento dos custos.

Usuário-pagador Complementa o princípio anterior, na medida em que prevê que o


usuário pague pela utilização de recursos ambientais, sendo o
proveito econômico disso revertido em favor da preservação.

Prevenção Devem ser adotadas todas medidas possíveis para evitar ​os danos
previsíveis​. Observe que nesse caso há uma certeza científica
acerca do risco de dano ambiental diante do empreendimento, o
qual deve ser evitado.

Precaução Este princípio busca uma ação antecipada à ocorrência do dano


ambiental, sobretudo quando não há certeza científica ​acerca do
risco de dano ambiental de um empreendimento. Em decorrência
dele, há a possibilidade de inversão do ônus da prova em causas
nas quais se discuta licenciamento ambiental.

Senciência Os animais têm sentimentos, tais quais os serem humanos, e


merecem receber proteção jurídica adequada.

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7. FEDERAÇÃO E COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL.

a) ​Competência legislativa: ​a competência legislativa em matéria ambiental é


concorrente. Dessa forma, cabe à União a edição de normas gerais sobre meio ambiente (art.
24 § 1º, da CF) e aos Estados (art. 24, § 2º, da CF) a atuação suplementar. A competência
legislativa dos municípios em matéria ambiental deve se limitar à demonstração da existência
de interesse local, como no caso das normas. Em interessante julgado, o STF entendeu que
não cabe ao Município reduzir, através de sua legislação, a proteção conferida pela legislação
federal a áreas de preservação permanente.

b) ​Competência material (administrativa): de acordo com o art. 23 da CF, a


competência material é do tipo comum, competindo à União, aos Estados e Municípios
proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, preservando
as florestas, a fauna e a flora. A fim de melhor harmonizar a atuação dos entes, porém, a Lei
Complementar nº 140 traçou uma distribuição de competências entre os entes federativos em
matéria de licenciamento ambiental, evitando conflito e a sobreposição de tarefas.

c) ​Competência fiscalizatória: de acordo com o art. 23, III, IV, VI, VII e IX da CF, ficou
estabelecido que a competência para realizar a proteção do meio ambiente é comum à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

8. SOBRE A PNMA (POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE)

A lei federal n. 6.938/81, denominada Lei da Política Nacional do Meio Ambiente,


dispõe sobre a POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA); tendo instituído o
SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA), integrado pela União, Estados e
Municípios.

OBJETIVOS GERAIS DA PNMA – ART. 2​º​, CAPUT, DA LEI

a)​ a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental;

b)​ assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico;

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c)​ promover os interesses da segurança nacional;

d)​ a proteção da dignidade da pessoa humana.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PNMA – ART. 2​º​ E INCISOS DA LEI

● Desenvolvimento sustentável;
● Definição de áreas prioritárias de ação governamental;
● Estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental;
● Desenvolvimento de pesquisas e tecnologias;
● Difusão de tecnologias; divulgação de dados e informações ambientais; e formação de
uma consciência pública;
● Preservação e restauração de recursos ambientais;
● Imposição, ao poluidor, de obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos (princípio
do poluidor-pagador) e ao usuário da obrigação de contribuir (como compensação)
pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos (princípio do
usuário-pagador).

PRINCÍPIOS DA PNMA

● Meio ambiente como patrimônio de uso comum do povo (direito difuso);


● Racionalização do uso de recursos naturais;
● Planejamento e fiscalização do uso de recursos naturais;
● Proteção e preservação dos ecossistemas, inclusive com o estabelecimento de áreas
de proteção ambiental e Estações Ecológicas de uso severamente restritivo;
● Controle e zoneamento de atividades poluidoras;
● Incentivos ao estudo e à pesquisa;
● Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
● Recuperação das áreas degradadas;
● Proteção de áreas ameaçadas de degradação;
● Educação ambiental.

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INSTRUMENTOS DA PNMA – ART. 9​º​ DA LEI

a) ​Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental (compete ao CONAMA,


segundo o art. 8º, VII, estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos
ambientais, principalmente os hídricos);

b)​ ​Zoneamento ambiental;

c) ​Avaliação dos impactos ambientais (o art. 225, § 1º, IV, da CF, exige estudo prévio
de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade efetiva ou potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente);

d) ​Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (o


licenciamento ambiental é previsto no art. 10 da lei n. 6.938/81);

e) ​Incentivo à produção e instalação de equipamentos e criação ou absorção de


tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

f) ​Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,


estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico
e reservas extrativistas (aqui se trata da criação de espaços especialmente protegidos, nos
termos do art. 225, § 1º, III, da CF);

g)​ Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

h)​ Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

i) Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas


necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

j) Instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado


anualmente pelo IBAMA;

k) A garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se


o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

l) O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou


utilizadoras dos recursos ambientais;

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m) Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro


ambiental e outros.

SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) – ART. 6​º​ DA LEI

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é integrado por um conjunto de


órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Trata-se da gestão ambiental. É
fundamental que o aluno saiba diferenciar os papéis de cada um dos seguintes órgãos do
SISNAMA:

a) Órgão superior: Conselho de Governo, cuja função é assessorar o Presidente da


República na formulação da política nacional e das diretrizes governamentais para o meio
ambiente e recursos ambientais;

b) Órgão central: ​Ministério do Meio Ambiente;

c) Órgão consultivo e deliberativo: ​CONAMA, cuja função é assessorar, estudar e propor


ao Conselho de Governo as diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e
deliberar sobre normas e padrões de qualidade ambiental. Deve realizar estudos e definir
padrões de qualidade. É presidido pelo Ministro do Meio Ambiente;

d) Órgãos executivos: IBAMA (cuida preponderantemente do licenciamento ambiental


federal e do poder de polícia ambiental federal) e ICMBio (cuida prioritariamente das unidades
de conservação);

e) Órgãos setoriais/locais: são aqueles que desenvolvem a política ambiental no âmbito dos
Estados e Municípios.

9. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O licenciamento ambiental é um procedimento exigido para aferir os riscos ambientais


de determinado empreendimento e definir condicionantes a serem observadas com o fito de

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mitigar esses riscos. Nesse sentido, é necessário observar quais tipos de intervenções devem
ser licenciadas.

O que é licenciável?

De acordo com o art. 10 da lei nº 6.938/81, necessita de licenciamento a construção,


instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

No mesmo sentido, o art. 2º da Resolução CONAMA, n° 237/1997, diz que a


localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos
e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente,
sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

Em suma, serão submetidos ao prévio licenciamento ambiental qualquer atividade ou


empreendimento que possa causar danos ao meio ambiente. Vale destacar, ainda, que a
obtenção de outras autorizações e permissões junto à Administração Pública não assegura o
direito do empreendedor ao exercício de atividade potencialmente poluidora.

O que é o licenciamento?

O licenciamento “é o procedimento administrativo realizado pelo órgão ambiental


competente, que pode ser federal, estadual ou municipal, para autorizar, mediante condições,
a instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e empreendimentos que
utilizam recursos naturais, ou que sejam potencialmente poluidores ou que possam causar
degradação ambiental”.

O licenciamento é um dos instrumentos de gestão ambiental estabelecidos pela lei


federal n.º 6938, de 31/08/81, também conhecida como Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente.

Em 1997, a resolução nº 237 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente -


definiu as competências da União, Estados e Municípios e determinou que o licenciamento
deverá ser sempre feito em um único nível de competência. Esse foi um marco no
denominado federalismo cooperativo, que se reflete numa organização de atribuições entre

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os entes cuja competência é comum. Tal definição evita a sobreposição de diferentes


licenciamentos sobre o mesmo projeto por mais de um ente.

No licenciamento ambiental, são avaliados impactos causados pelo empreendimento,


tais como: seu potencial ou sua capacidade de gerar líquidos poluentes (despejos e
efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de risco, como, por
exemplo, explosões e incêndios.

Cabe ressaltar que algumas atividades causam danos ao meio ambiente


principalmente na sua instalação. É o caso da construção de estradas e hidrelétricas, por
exemplo.

É importante lembrar que as licenças ambientais estabelecem as condições para que a


atividade ou o empreendimento cause o menor impacto possível ao meio ambiente. Por isso,
qualquer alteração deve ser submetida a novo licenciamento, com a solicitação de licença

Com base no que foi exposto, pode-se sintetizar o licenciamento ambiental com
atenção aos seguintes aspectos:

a)​ ​Natureza jurídica:​ é um instrumento preventivo de tutela do meio ambiente.

b) ​Conceito legal: “é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso”.

c) ​Necessidade de estudo prévio de impacto ambiental: o licenciamento ambiental


deve ser precedido de estudo prévio de impacto ambiental (EIA) sempre que o
empreendimento ou atividade forem considerados efetiva ou potencialmente causadores de
significativa degradação ambiental.

d)​ ​Etapas:​ o procedimento de licenciamento ambiental tem 8 etapas:

1. definição pelo órgão ambiental licenciador, com a participação do empreendedor, dos


documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do processo do
licenciamento;
2. requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, e seu anúncio público;
3. análise pelo órgão licenciador dos documentos, projetos e estudos apresentados e

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realização de vistorias técnicas, quando necessárias;


4. solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão licenciador, podendo
ocorrer reiteração caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido
satisfatórios;
5. realização ou dispensa de audiência pública;
6. solicitação de esclarecimentos e complementações decorrentes de audiências
públicas, bem como reiteração quando os esclarecimentos e complementações não
tenham sido satisfatórios;
7. emissão pelo órgão ambiental de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico;
8. deferimento ou indeferimento do pedido de licença, com a devida publicidade, que se
desdobra em licença prévia, licença de instalação e licença de operação ou
funcionamento.

e) ​Espécies:​ são 3 as licenças a serem concedidas pelo órgão competente:

1. Licença prévia (LP): por meio dela, o órgão licenciador atesta a viabilidade ambiental
do empreendimento ou atividade e estabelece requisitos e condicionantes a serem
atendidos nas próximas fases; a licença prévia tem prazo de validade de no máximo 5
anos;
2. Licença de instalação (LI): a licença de instalação, obrigatoriamente precedida pela
licença prévia, autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com
os planos, programas e projetos aprovados; o prazo da licença de instalação não
poderá superar 6 anos;
3. Licença de operação ou de funcionamento (LO ou LF): essa licença sucede à de
instalação e tem por finalidade autorizar a operação da atividade ou empreendimento;
o prazo da licença de funcionamento será de no mínimo 4 e no máximo 10 anos.

#SELIGA! É fundamental conhecer os prazos de cada tipo de licença. As questões


costumam cobrar com certa frequência!

# SELIGA! As licenças ambientais são caracterizadas por uma discricionariedade ​sui


generis.​ Isso quer dizer que o órgão licenciador tem uma margem de avaliação mais
ampla ao praticar tal ato, podendo inclusive revogá-lo ou alterar as condicionantes

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diante de novas necessidades ambientais, sem que isso gere dever de indenização ao
cidadão.

f)​ ​Competência

● União: federal – IBAMA. Cabe à União promover o licenciamento ambiental dos


empreendimentos e atividades enumerados no art. 7º, inciso XIV, da lei complementar
n. 140/2011. É interessante que o aluno leia os casos, mas não há necessidade de
uma profunda memorização, já que são situações em que é possível deduzir o
interesse da União. Frise-se que, nesses casos, a autarquia federal responsável é o
IBAMA;
● Estados: cabe aos Estados, nos termos do art. 8º, XIV, da lei complementar n.
140/2011, promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts.
7 (competência da União) e 9º (competência dos Municípios);
● Municípios: cabe aos Municípios, conforme o art. 9º, XIV, da lei complementar n.
140/2011, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos
que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade.

g) ​Modificação, suspensão e cancelamento: a licença ambiental garante estabilidade


temporal, mas não direito adquirido a continuar o empreendimento. Segundo o art. 19 da
Resolução CONAMA n. 237/97, “o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada,
poderá modificar as condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou
cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

I – violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais;

II – omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a


expedição da licença;

III – superveniência de graves riscos ambientais e de saúde”.

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h) ​Titularidade da Licença Ambiental: Além de serem analisadas as características do


empreendimento ou atividade potencialmente poluidora, a licença ambiental é concedida a
um sujeito que será o seu titular, seja ele uma pessoa física ou jurídica.

Esta titularidade é personalíssima, o que significa dizer que não é possível alterá-la.
Nesse caso seria preciso a emissão de uma nova licença.

i) ​ ​Casos em que o licenciamento ambiental é dispensável​:

- Extração de lenha de áreas que não sejam de APP nem de RL;


- Urgência;
- Segurança Nacional;
- Obras para defesa civil para evitar acidentes na área urbana;
- Manejo sustentável sem propósito comercial;
- Reflorestamento de espécies nativas ou exóticas.

j)​ Algumas observações finais sobre licenciamento ambiental:

- Se o Poder Público pretende fazer um obra que pressuponha licença ambiental, deve
obtê-la antes de abertura do procedimento licitatório;
- Não se exige inscrição no Cadastro Ambiental Rural para a concessão de licença;
- À licença deve ser dada publicidade;
- Caso o ente público competente não tenha condições técnicas ou operacionais para
promover o licenciamento, o ente maior pode fazê-lo, valendo-se da competência
SUPLETIVA;
- Caso o ente público tenha aparato técnico para promover o licenciamento, mas
necessite de um suporte do ente maior, este poderá SUPLEMENTAR à atribuição
daquele.

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)

A Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento da Política Nacional do Meio


Ambiente, e consiste na avaliação dos impactos ambientais de uma atividade ou
empreendimento, de modo a permitir, pela antevisão dos riscos e impactos ambientais, a
adoção de medidas preventivas, mitigadoras, corretivas ou compensatórias. Existem diversas

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maneiras de se avaliar impactos ambientais. Uma das principais é o Estudo Prévio de


Impacto Ambiental (EIA).

ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)

a) ​Conceito: conjunto de estudos técnicos, científicos, econômicos e sociais, dentro


do procedimento do licenciamento, pelo empreendedor, cuja finalidade é diagnosticar a
viabilidade da realização de um empreendimento, obra ou atividade;

b)​ ​Natureza jurídica:​ instrumento preventivo de tutela ambiental;

c) ​Pressuposto: ​é exigido diante de obra, empreendimento ou atividade considerados


efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação ambiental;

d) Elaboração e custeio: ​os estudos necessários ao processo de licenciamento


deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do
empreendedor, sendo que o empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos
previstos no caput do art. 11 da Resolução CONAMA n. 237/97 serão responsáveis pelas
informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)

a) ​Conceito: é o documento que reflete as conclusões do estudo de impacto


ambiental. Deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à compreensão de qualquer
pessoa, trazendo informações em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas,
quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam
entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências
ambientais de sua implementação;

b)​ ​Conteúdo mínimo:

● objetivos e justificativas do projeto;


● descrição do projeto;
● síntese do diagnóstico ambiental da área de influência do projeto;
● descrição dos prováveis impactos ambientais;
● caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência;

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● descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras;


● programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
● recomendação quanto à alternativa mais favorável.

PUBLICIDADE E PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

O art. 225, § 1º, IV, da CF, determina ao Poder Público dar publicidade ao estudo
prévio de impacto ambiental, garantida a realização de audiências públicas.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

As audiências públicas poderão ser convocadas:

1º) quando o órgão ambiental julgar necessário;

2º) por solicitação de entidade civil;

3º) por solicitação do Ministério Público;

4º) a pedido de 50 ou mais cidadãos.1

OBSERVAÇÃO: no caso de haver solicitação de audiência pública, e na hipótese


de o Órgão Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade.

OUTRAS MODALIDADES DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA)

O CONAMA definiu estudos ambientais como todos e quaisquer estudos relativos aos
aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença

1
Cuidado com essa informação! É constantemente cobrada em provas.

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requerida, e enumerou algumas espécies que se perfilam ao lado do EIA e do RIMA: relatório
ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar (RAP),
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise
preliminar de risco (art. 1º, III, da Resolução CONAMA n. 237/97).

ZONEAMENTO AMBIENTAL

a) ​Natureza jurídica: instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, e


instrumento da política urbana;

b) Conceito: procedimento pelo qual o Poder Público regra o uso e a ocupação do


solo, limitando o direito de propriedade para que atenda à sua função socioambiental, com a
finalidade última de garantir a salubridade, a tranquilidade, a saúde e o bem-estar da
população. A sua aprovação se dá por lei, e seu objetivo é organizar de forma vinculada as
decisões dos agentes públicos;

c) ​Zoneamento urbano (zoneamento municipal): procedimento urbanístico destinado


a fixar os usos adequados para as diversas áreas do solo municipal, de competência do
Poder Público Municipal. O zoneamento urbano tem como finalidade ordenar o uso e a
ocupação do solo municipal urbano.

TOMBAMENTO

a) ​Natureza jurídica: instrumento de proteção ao patrimônio cultural, considerado


instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente e instrumento de política urbana;

b) ​Conceito: instituto pelo qual o Poder Público declara/reconhece o valor cultural de


bens de valor histórico, paisagístico, estético, arqueológico, arquitetônico e ambiental, que
passam a ser preservados no interesse da coletividade;

c)​ ​Efeitos

● obrigação de transcrição no registro público;


● restrições à alienabilidade;
● restrições à modificabilidade;
● possibilidade de intervenção do órgão de tombamento para fiscalização e vistoria;

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● sujeição da propriedade vizinha a restrições.

INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

a) Aspectos gerais: a infração ambiental, quase sempre, acarreta sancionamento de


natureza penal, civil e administrativa;

b) Sancionamento administrativo: a lei n. 9.605/98 dedicou um capítulo específico à


matéria das infrações administrativas (arts. 70 a 76), tendo sido regulamentada, na parte
relacionada às infrações administrativas, pelo decreto n. 6.514/2008;

c) Infração administrativa ambiental: toda ação ou omissão que viole as regras


jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente;

d) ​Competência para a apuração de infração ambiental: funcionários de órgãos


ambientais integrantes do SISNAMA designados para as atividades de fiscalização, bem
como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha;

e)​ ​Elenco das sanções administrativas

I – advertência;

II – multa simples;

III – multa diária;

IV – apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,


petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V – destruição ou inutilização do produto;

VI – suspensão de venda e fabricação do produto;

VII – embargo de obra ou atividade;

VIII – demolição de obra;

IX – suspensão parcial ou total de atividade;

X – restrição de direitos.

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f) ​Prazos prescricionais: ​prazo prescricional de ​5 anos ​para a ação da Administração


objetivando apurar a prática de infrações administrativas ambientais, contados da data do ato
ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado. Já a
prescrição intercorrente incidirá no procedimento de apuração do auto de infração quando
este ficar paralisado por mais de ​3 anos pendente de julgamento ou despacho. Nesse caso,
os autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade funcional e da reparação dos danos ambientais.

10. DANO AMBIENTAL E TEORIA OBJETIVA DA


RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

DANO AMBIENTAL

CLASSIFICAÇÃO DE DANO AMBIENTAL

a) Dano Ambiental, em sentido amplo: é aquele que atinge o meio ambiente e todos que
dele usufruem;
b) Dano Ambiental Individual/Reflexo/Ricochete: é aquele que atinge particularmente uma
pessoa, atingindo a saúde ou a esfera econômica;
c) Dano Patrimonial: ​é a perda ou a deterioração dos bens da vítima;
d) Dano Extrapatrimonial/Moral Ambiental: é o dano emocional, psicológico, que a lesão
ambiental causou à vítima, podendo, em certos casos, ser presumido (​in re ipsa)​ .

OBSERVAÇÃO: ​Dano Moral Coletivo → a terceira turma do STJ admitiu o dano


moral coletivo nas relações de consumo (direito do consumidor).
Obs.​: a primeira turma não admite o dano moral coletivo.

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REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

Há 2 modalidades, sendo que elas não estão em pé de igualdade. São estas:

a) Reparação In Natura/Em Espécie: é reparar o dano causado ao próprio meio ambiente.


Essa será a primeira alternativa a ser concretizada;
b) Reparação Pecuniária: ​caso não seja possível reparar a área onde ocorreu o dano
ambiental, então far-se-á a reparação pecuniária.

Ação Civil Pública: o objeto da ação civil pública é a condenação em dinheiro ​ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. O ​STJ tem admitido a cumulação de
pedidos em ação civil pública,​ podendo ser tanto a obrigação de fazer e a condenação em
dinheiro.

Importante ressaltar que a ação ​civil de reparação de danos ambientais é


IMPRESCRITÍVEL. Não confunda com as infrações penais e administrativas, que são
prescritíveis.

a) ​Responsabilidade civil ambiental: é a obrigação que alguém tem de reparar os


danos ambientais causados.

● Fundamento: ​está no art. 14, § 1º, da lei n. 6.938/81, e o fundamento constitucional no


art. 225, § 3º, da CF;
● Natureza objetiva e solidária: a responsabilização pelos danos ambientais, além de
solidária, é objetiva, bastando a comprovação do dano e do nexo de causalidade. Não
confunda com a responsabilidade penal e administrativa, as quais são de natureza
subjetiva;
● Reparação específica (in natura): a reparação de danos deve ser específica, buscando
reverter a situação ao ​statu quo ante​, o que não impede, todavia, que danos materiais
e morais resultantes da lesão sejam também exigidos;
● Indenização: a indenização dos danos ambientais somente deve ser pleiteada e
admitida se a reparação específica for tecnicamente impossível ou desaconselhável
por inviabilidade técnica.

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b) ​Elementos necessários para a responsabilização civil: ​no sistema de


responsabilidade objetiva, os elementos são: conduta/atividade, dano e nexo de causalidade.

● Responsáveis – poluidores: entende-se por poluidor toda pessoa física ou jurídica, de


direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental;
● Desconsideração da personalidade jurídica: ​poderá ser desconsiderada a pessoa
jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente. Adota-se, portanto, a teoria menor;
● Danos: os danos ambientais, quer derivados de atividade lícita, quer derivados de
atividade ilícita, são indenizáveis, inclusive os danos individuais;
● Imprescritibilidade ​– a pretensão reparatória ambiental de caráter coletivo é
imprescritível (nesse sentido: doutrina e jurisprudência do STJ);
● Nexo de causalidade: é aferido de maneira objetiva, bastando que se demonstre que o
dano resultou da atividade desenvolvida, não comportando causas excludentes de
ilicitude. Adota-se, portanto, a teoria do risco integral, que não admite excludentes para
fins de afastar a responsabilidade civil. Desse modo, o caso fortuito, força maior e fato
de terceiro não afastam o dever de indenizar, sendo a atividade causa eficiente para
tanto;
● Desconsideração da personalidade jurídica: poderá ser desconsiderada a pessoa
jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente. Adota-se, portanto, a teoria menor;
● Imprescritibilidade: a pretensão reparatória ambiental de caráter coletivo é
imprescritível (nesse sentido: doutrina e jurisprudência do STJ).

11. TUTELA PRÉ-PROCESSUAL

O meio ambiente, enquanto bem difuso, é objeto cuja tutela interessa a toda a
coletividade, que a exerce por intermédio dos legitimados à propositura das diversas ações
coletivas. Nesse sentido, todo o microssistema processual coletivo tem total serventia na
busca pela máxima efetividade da tutela ambiental. Ademais, os mecanismos
extraprocessuais típicos das demandas coletivas também encontram lugar na proteção
ambiental. Dentre eles, destaca-se o Termo de Ajustamento de Conduta, a ser celebrado por
órgãos públicos.

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Através do TAC, é possível uma composição extrajudicial, por meio da qual são fixados
os meios que o particular ou o Poder Público deverão manejar com o intento de cumprir seus
respectivos papéis no seio da política ambiental. Ganha-se celeridade, eficiência e menor
conflituosidade.

Acerca do TAC, seguem algumas observações, a começar pela sua distinção em


relação ao Termo de Compromisso. Este busca alcançar, extrajudicialmente, a concordância
do infrator às normas ambientais, ou seja, em adequar-se às exigências impostas pelas
autoridades ambientais competentes. Tanto o Termo de Compromisso quanto o TAC
possuem a natureza jurídica de título executivo extrajudicial, pela disposição do art. 79-A da
lei nº 9.605/98 e art. 784, XII do Novo CPC.

Quadro Comparativo: TAC x Termo de Compromisso

Características TAC Termo de Compromisso


Fundamento Art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 Art. 79-A da lei nº 9.605/98
(MP 2163- 412001)
Partes Mesmos legitimados para o Integrantes do SISNAMA
ajuizamento da ACP (art. 5ª, caput da
Lei nº 7.347/85)
Prazo Avaliado caso a caso 90 dias a 3 anos, com
possibilidade de prorrogação
Provocação Os legitimados da ACP ou o infrator, Os integrantes do SISNAMA
no exercício do direito de petição (art. ou o infrator (art. 79-A, §2º
5º XXXIV, letra a da CRFB) da lei nº 9.605/98)

Quanto ao TAC, algumas observações relevantes:

a)​ ​Previsão legal: ​art. 5º, §6º, da lei n. 7.347/85;

b) ​Natureza jurídica: ​o TAC tem natureza bilateral e consensual (o infrator se submete


às imposições para recomposição ambiental e o legitimado ativo apenas abre mão de ajuizar
a ação, além de respeitar o conteúdo do ajuste) e tem eficácia de título executivo extrajudicial;

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c) ​Objeto: o objeto do ajuste não é o meio ambiente (que é indisponível), mas as


condições de modo, tempo e lugar do cumprimento da obrigação de recuperar integralmente
o meio ambiente;

d)​ ​Características:

● é tomado por termo por um dos órgãos públicos legitimados à ação civil pública. Nesse
aspecto, note que as pessoas jurídicas de direito privado aptas a mover ação civil
pública (ex: associações) não estão autorizadas a formular TAC, mas tão somente os
órgãos públicos (ex: Ministério Público e Defensoria Pública);
● não há concessões de direito material, devendo o causador do dano assumir
obrigações de fazer e/ou não fazer, sob cominações pactuadas. Em outros termos, não
cabe transigir acerca da proteção ambiental, mas elaborar maneiras de sanar ou evitar
danos e infringências à legislação;
● as obrigações devem ser líquidas (obrigação certa quanto à existência e determinada
quanto ao objeto);
● gera título executivo extrajudicial;
● trata-se de garantia mínima (se outro colegitimado não aceitar o TAC formalizado
extrajudicialmente, poderá buscar a via judicial, bem como firmar outro TAC, se for
órgão público).

e) ​Transação judicial: é admissível a celebração de ajuste nos autos de ação civil


pública ou coletiva. Ocorrendo homologação em juízo, tecnicamente, teremos um título
executivo judicial (art. 515, III, do Novo CPC).

12. TUTELA PROCESSUAL DO MEIO AMBIENTE

AÇÕES INDIVIDUAIS
Com base na Teoria do Risco Integral, a obrigação de indenizar os prejuízos causados
pelo dano ambiental independem da demonstração de culpa, ainda que o postulante seja uma
pessoa física em demanda individual.
Além disso, a responsabilidade desses danos é solidária, sendo a obrigação de
indenizar não apenas para aquele que causa o dano diretamente, mas também para aquele
que, indiretamente, dele participa.

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL (ACP)


A Ação Civil Pública é um dos mais importantes instrumentos processuais
utilizados na tutela do meio ambiente. Através dela, um legitimado coletivo pode buscar em
juízo a tutela de um bem difuso, como é o caso do meio ambiente e, com um único processo,
obter soluções que podem beneficiar todo o país. Para melhor compreender esse mecanismo
tão relevante, seguem algumas de suas características legais.

a)​ ​Previsão:​ tem previsão na lei n. 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública);

b) ​Objeto: embora o art. 3º da LACP preveja somente provimento condenatório


(condenação em dinheiro ou cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer), o espectro
foi ampliado pelo art. 83 da lei n. 8.078/90, que permite qualquer espécie de ação para a
tutela de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos (ações de conhecimento ou
de execução, cautelares ou mandamentais etc.), dispositivo esse aplicado à LACP por força
dos arts. 90 do CDC e 21 da LACP;

c) ​Legitimação ativa: são legitimados o Ministério Público, a Defensoria Pública, a


União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, as autarquias, as empresas públicas,
as fundações e as sociedades de economia mista, e as associações (para estas exige-se
representatividade adequada, ou seja, devem possuir, concomitantemente: pertinência
temática – finalidade institucional compatível com a defesa judicial do meio ambiente;
pré-constituição – constituição legal há pelo menos 1 ano, salvo se ocorrer dispensa pelo juiz,
nos termos do art. 5º, §4º, diante do manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico protegido), sendo a legitimação
concorrente e disjuntiva (todos podem promover a demanda, ou seja, agir isoladamente, não
se exigindo anuência ou autorização dos demais, tampouco comparecimento em
litisconsórcio);

d) Legitimação passiva: a ACP pode ser proposta contra o responsável direto, o


responsável indireto ou contra ambos (responsabilidade solidária);

e) ​Competência: o art. 2º da LACP dispõe que “as ações previstas nesta Lei serão
propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa”. Se o dano atingir mais de uma localidade, aplica-se o princípio da
prevenção (será competente o juiz que despachou em primeiro lugar, se as ações tramitam
na mesma Comarca e, se tramitam em Comarcas diferentes, o critério será pela citação
válida);

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● Conforme o parágrafo único, “a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para


todas as ações posteriores intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
mesmo objeto”;
● Tratando-se de danos de alcance regional, será competente a justiça “do foro da
Capital do Estado ou do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional,
aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência
concorrente”.

f) Coisa julgada: o art. 16 da LACP restringiu o alcance da coisa julgada aos limites
territoriais do juiz prolator, ao assinalar que “a sentença civil fará coisa julgada ​erga omnes,​
nos limites da competência territorial do juiz prolator”. Cumpre observar, porém, que o
dispositivo é equivocado, na medida em que confunde limites da coisa julgada (limites
subjetivos) e competência territorial. A melhor compreensão é no sentido de que os efeitos da
decisão se irradiam por toda a extensão territorial influenciada pelo dano combatido. Além
disso, merece ser analisado em cotejo com o sistema do CDC, que tem disciplina no art. 103,
dispositivo aplicado não somente à defesa coletiva dos consumidores, mas também a toda
tutela judicial de interesses transindividuais, inclusive em matéria ambiental. Cuidado, porém,
com as questões subjetivas, que podem exigir a redação literal dos dispositivos legais, como
o art. 16 da LACP.

Por fim, é importante frisar que, antes da propositura da ACP, é possível (mas não
obrigatório) que o Ministério Público promova um Inquérito Civil. Trata-se de um procedimento
investigativo que somente o Ministério Público tem aptidão para desenvolver, por meio do
qual se buscar o esclarecimento de fatos e a obtenção de provas que servirão de lastro para
a ação civil pública.

AÇÃO POPULAR AMBIENTAL CONSTITUCIONAL

A Ação Popular está prevista no art. 5º, LXXIII, da CF (“qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência”).

Trata-se, como se vê, de ação constitucional que pode ter por objeto a defesa do meio
ambiente, ajuizada por qualquer cidadão (leia-se: eleitor), e que tem como legitimados

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passivos a pessoa jurídica, a autoridade responsável e os beneficiários do ato lesivo,


exigindo-se, para a sua propositura, tão somente a lesividade ao meio ambiente.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO AMBIENTAL

A CF, no art. 5º, LXX, prevê o mandado de segurança coletivo como instrumento
processual passível de ser ajuizado por partido político com representação no Congresso
Nacional, organização sindical, entidade de classe e associação legalmente constituída há
mais de 1 ano, destinado à defesa dos filiados do partido, do sindicato, da entidade de classe
ou da associação. Todavia, como a regra constitucional não menciona a natureza do direito
tutelado, entende-se que o MSCA pode ser manejado para tutelar direito difuso, ligado ao
meio ambiente, desde que caracterizado pela prova pré-constituída, sendo o fato, portanto,
líquido e certo.

MANDADO DE INJUNÇÃO AMBIENTAL

A CF, no art. 5º, LXXI, prevê a concessão de mandado de injunção “sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”, daí ser cabível o
MIA para tutelar o meio ambiente, que é um direito subjetivo constitucional, bem difuso de
toda a coletividade e essencial para a sadia qualidade de vida.

Assim, o MIA é admissível toda vez que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais, entre eles os direitos difusos,
coletivos e individuais, quando previstos em normas de eficácia limitada.

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13. TUTELA PENAL DO MEIO AMBIENTE

NORMA PENAL AMBIENTAL


Considerando o alto grau de proteção conferido pela Constituição Federal ao Meio
Ambiente, enquanto bem jurídico, é possível dela se extrair um mandado de criminalização de
condutas lesivas ao meio ambiente. Nesse sentido, a lei. 9.605 trata da tutela penal do meio
ambiente, fixando especificidades e tipos penais diversos. Recomenda-se ao aluno a leitura
dessa lei com ênfase, porém, nos tipos de pena aplicáveis à pessoa física e jurídica, bem
como nas especificidades dos demais institutos penais, como sursis.

Nessa lei, muitos tipos penais ambientais são normas penais em branco, cuja
descrição típica mostra-se incompleta, lacunosa, indeterminada, necessitando de
complemento de outra disposição legal, em regra, de cunho extrapenal, sendo a parte
integradora necessária e indispensável para a tipicidade.

COMPETÊNCIA
A competência dos crimes ambientais, via de regra, é da Justiça Estadual. Portanto,
somente havendo interesse direto da União, de suas autarquias ou de empresas públicas
federais, é que a competência se desloca para a Justiça Federal, a exemplo do que ocorre
com um dano ambiental cuja repercussão se alastra por territórios de mais de um estado ou
atinge rio federal. Frise-se que, segundo a jurisprudência do STJ, o fato de atingir rio federal
não atrai a competência federal se a lesão for de pequena monta, sem repercussão
interestadual.

CONCURSO DE AGENTES E OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE

O art. 2º da lei n. 9.605/98, na primeira parte, reproduz o art. 29 do CP; na segunda


parte, complementa o art. 13, §2º, a, do CP, atribuindo ao dirigente da pessoa jurídica,
especialmente aos que ocupam cargo de direção, a obrigação de impedir a prática criminosa,
quando poderia evitá-la, levando-o a responder pelo delito de se omitir a respeito (crime
comissivo por omissão).

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RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA

A responsabilidade penal da pessoa jurídica é um instituto inovador e muito peculiar ao


direito penal ambiental. Surgiu diante da dificuldade de responsabilização de agentes que
faziam parte de grandes corporações, cuja organização tinha uma complexidade tal que
dificultava a individualização de condutas.

Embora haja debate doutrinário a respeito, o STF já se pronunciou admitindo essa


forma de repressão. Hoje, é pacífico o entendimento a respeito da possibilidade de
responsabilização penal da pessoa jurídica, de forma independente da responsabilidade dos
sócios. Portanto, não interessa se os sócios responsáveis foram identificados, absolvidos ou
condenados.

Vale frisar, porém, os requisitos legais para que seja possível a responsabilidade penal
da pessoa jurídica, quais sejam:

a) Decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado;


b) Decisão no interesse ou benefício da sua entidade.

Por fim, cumpre frisar as penas aplicáveis à pessoa jurídica:

a) multa;
b) restritivas de direitos;
c) prestação de serviços à comunidade.

As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações, por até 10 anos.

Vale ressaltar que também é possível a liquidação forçada, caso a pessoa jurídica
tenha sido criada especialmente para o fim de causar danos ambientais.

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APLICAÇÃO DA PENA

Atendendo ao princípio da individualização da pena, o juiz aplicará a pena pelo sistema


trifásico, e levará em conta, para fixação da pena-base, as circunstâncias judiciais do art. 59
do CP e o art. 6º da lei n. 9.605/98, que traz condicionantes próprias para tanto, que merecem
ser memorizadas:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências


para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse


ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS

Os arts. 7º a 13 da lei n. 9.605/98 enunciam as penas restritivas de direitos aplicáveis


às pessoas físicas e os requisitos.

a) ​Requisitos: o art. 7º diz que as penas restritivas de direitos são autônomas e


substituem as penas privativas de liberdade quando:

● tratar-se de crime culposo ou, se doloso, a pena privativa de liberdade for inferior a 4
anos;
● a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias do crime, indicarem que a substituição seja
suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

b) Elenco das penas restritivas de direitos: ​prestação de serviços à comunidade;


interdição temporária de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação
pecuniária; recolhimento domiciliar.

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SURSIS AMBIENTAL

O sursis ambiental é possível para condenação a pena privativa de liberdade não


superior a 3 anos. As condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se à proteção
ao meio ambiente.

MULTA

A pena de multa deve ser calculada segundo os critérios do Código Penal, com uma
diferença: se a multa se mostrar ineficaz, ainda que aplicada no máximo, “poderá ser
aumentada até 3 vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida”, ou seja,
estabelece outro parâmetro a permitir que a pena, já aplicada no máximo, seja triplicada no
caso da vantagem econômica auferida pelo agente com a prática do crime ambiental.

PERÍCIA

A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante


do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no


processo penal, instaurando-se o contraditório.

SENTENÇA CONDENATÓRIA

A sentença penal condenatória fixará, sempre que possível, o valor mínimo para a
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido ou pelo meio ambiente. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução
poderá efetuar-se pelo valor fixado, sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano
efetivamente sofrido.

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PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS JURÍDICAS

Multa, pena restritiva de direitos e prestação de serviços à comunidade.

14. AÇÃO PENAL

A ação penal, nas infrações penais ambientais, é pública incondicionada.

INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (IMPO)

Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a transação penal somente


poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo
em caso de comprovada impossibilidade.

SURSIS PROCESSUAL

A suspensão do processo tem previsão no art. 28 da lei n. 9.605/98; por esse


dispositivo, somente ocorrerá a extinção da punibilidade, nos termos do §5º do art. 89, diante
de laudo de constatação da efetiva reparação do dano ambiental (ressalvada a
impossibilidade de fazê-lo).

a) ​Prorrogação: ​o art. 28, II, prevê que, na hipótese de o laudo de constatação


comprovar que a reparação não foi completa, “o prazo de suspensão será prorrogado, até o
período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais 1 (um) ano, com
suspensão do prazo da prescrição”;

b) ​Nova prorrogação: ​findo o prazo da prorrogação, assinala o art. 28, IV, que
“proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental,
podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o
máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III”. Ou seja, há nova
prorrogação por mais 5 anos;

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c) ​Retomada do processo: esgotado o prazo máximo de prorrogação, “a declaração


de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado
tomado as providências necessárias à reparação integral do dano”. Ou seja, se após as duas
prorrogações, constatar-se que não houve a reparação integral do dano, o processo deverá
ser retomado.

CRIMES EM ESPÉCIE

Os crimes em espécie estão dispostos nos arts. 29 a 69, nos quais encontramos os
crimes contra a fauna (arts. 29 a 37), contra a flora (arts. 38 a 53), os relativos à poluição e
outros crimes ambientais (arts. 54 a 61), contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural
(arts. 62 a 65) e contra a administração ambiental (arts. 66 a 69-A).

15. FLORA E DIREITO AMBIENTAL


INTRODUÇÃO

O Código Florestal Brasileiro e a lei nº 9.985/00 instituíram alguns dos denominados


Espaços Territoriais Especialmente Protegidos, que consistem em áreas de grande relevância
ecológica sobre as quais recai um regime jurídico especial. Nesses espaços, há uma série de
restrições ao seu uso e exploração, que podem variar conforme a espécie. De início,
analisaremos os dois mais relevantes espaços previstos no Código Florestal (Áreas de
Preservação Permanente e Reserva Legal). Depois, as Unidades de Conservação, previstas
na lei nº 9.985/00.

Frise-se que, no Código Florestal, também existem outros espaços previstos, tais
como os Apicuns, Salgados e Áreas de Uso Restrito.

Numa primeira análise, é relevante ressaltar que a criação de Espaços Territoriais


Especialmente Protegidos pode ser feita por lei ou medida provisória, mas a sua supressão
ou extinção somente pode ser feita por lei em sentido estrito. Revela-se, pois, uma exceção
ao princípio do paralelismo das formas.

Como forma de concretizar o princípio do Preservador-recebedor e a tributação


ecológica, há previsão legal para que, nesses espaços, haja isenção do Imposto Territorial

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Rural (ITR). Frise-se, porém, que a lei não confere a mesma isenção em relação ao Imposto
sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU).

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP)

As Áreas de Preservação Permanente são espaços caracterizados por:

Nativa ou não
Cobertura

Área urbana ou rural


Localização

- Recursos hídricos
Funções - Preservação da paisagem
- Estabilidade ecológica
- Biodiversidade
- Fluxo gênico
- Preservação do solo
- Bem-estar da população

A natureza jurídica da APP é de limitação administrativa. Nesse sentido, o particular é


obrigado a respeitar a APP identificada em sua propriedade, não lhe sendo devida qualquer
indenização por esse motivo.

Muitas das APP podem ser identificadas pela simples aplicação do Código Florestal.
Outras, porém, exigem normas infralegais para que sejam delimitadas.

São exemplos de APPs:

a) Mata Ciliar;
b) Entornos de lagos e lagoas;
c) Entornos de Reservatório d’água artificiais ou naturais;
d) Entornos de nascentes e olhos d’água;
e) Encostas com declividade superior a 45º;
f) Restingas fixadoras de dunas e estabilizadoras de dunas;

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g) Manguezais;
h) Borda de tabuleiros e chapadas;
i) Topo de morros, montes e montanhas;
j) Áreas em altitude superior a 1.800m;
k) Veredas;
l) As que forem declaradas de interesse social pelo CONAMA.

No que toca ao regime de proteção de APP, a regra geral é a impossibilidade de


supressão vegetal. Permite-se, porém, o acesso de pessoas e animais para captação de
água e atividades de baixo impacto. A obrigação de preservar a APP é de natureza ​propter
rem​.

A exploração em APP pode ser licenciada, porém, em casos de utilidade pública,


interesse social e para atividades de baixo impacto.

UTILIDADE PÚBLICA INTERESSE SOCIAL BAIXO IMPACTO


AMBIENTAL

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- Infraestrutura; - As atividades - Produtos não madeireiros


-Segurança Nacional; imprescindíveis à proteção para subsistência;
-Parcelamento do solo da integridade da vegetação - Pequena via de acesso
urbano; nativa, tais como prevenção, interno;
- Defesa Civil; combate e controle do fogo, - Pontilhões;
- Outras intervenções controle da erosão, - Plantio de espécies
Definidas em ato do erradicação de invasoras e nativas;
Poder Executivo. proteção de plantios com - Captação de água;
espécies nativas; - Manejo sustentável;
- A exploração agroflorestal - Ecoturismo;
sustentável praticada na - Rampa de lançamento de
pequena propriedade ou barcos;
posse rural familiar ou por - Moradia de agricultores e
povos e comunidades quilombolas;
tradicionais, desde que não - Cercas;
descaracterize a cobertura - Pesquisa.
vegetal existente e não
prejudique a função
ambiental da área;
- A implantação de
infraestrutura pública
destinada a esportes, lazer e
atividades educacionais e
culturais ao ar livre em áreas
urbanas e rurais
consolidadas, observadas as
condições estabelecidas
nesta lei;
- A regularização fundiária de
assentamentos humanos
ocupados
predominantemente por
população de baixa renda em
áreas urbanas consolidadas,
observadas as condições
estabelecidas na ​lei nº
11.977, de 7 de julho de
2009​;
- A implantação de
instalações necessárias à
captação e condução de
água e de efluentes tratados
para projetos cujos recursos
hídricos são partes

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integrantes e essenciais da
atividade;
- As atividades de pesquisa e
extração de areia, argila,
saibro e cascalho,
outorgadas pela autoridade
competente;
- Outras atividades similares
devidamente caracterizadas
e motivadas em
procedimento administrativo
próprio, quando inexistir
alternativa técnica e
locacional à atividade
proposta, definidas em ato do
Chefe do Poder Executivo
federal.

O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e


decidiu:

1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e


“instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais
ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012;

2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se
condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade
pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta;

3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV,
para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d’água
intermitentes configuram área de preservação permanente;

4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”,


contidas no art. 3º, parágrafo único;

5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, §2º, para permitir
compensação apenas entre áreas com identidade ecológica;

6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§4º e 5º, de modo a
afastar, no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos

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programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos


ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles
decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no §1º do art. 60 da Lei
12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de
suspensão da pretensão punitiva”.

Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados constitucionais (fonte:


https://www.dizerodireito.com.br/​).

Em casos de urgência, assim caracterizados pelo iminente risco de acidentes


urbanos, ou em nome da defesa civil e da segurança nacional, é possível que intervenções de
grande porte sejam feitas sem o prévio licenciamento ambiental. Trata-se de uma exceção à
regra geral, fundamentada na ponderação de interesses em conflito. Nessa circunstância,
privilegia-se a rápida proteção contra algum tipo de desastre, que poderia vir a acontecer se a
providência não fosse tomada de imediato. Diante de casos tais, esperar pelo longo
procedimento do licenciamento ambiental poderia gerar danos à população maiores do que
os que a obra causaria ao meio ambiente.

RESERVA LEGAL

A Reserva Legal é uma área caracterizada por:

- Preservar vegetação NATIVA;

- Estar localizada em área RURAL;

- Com vistas a assegurar o uso sustentável de recursos naturais, a conservação e a


reabilitação de processos ecológicos e abrigo e proteção da fauna silvestre.

A natureza jurídica da reserva legal é de limitação de uso da propriedade, motivo pelo


qual não é, em regra, devida indenização pelo poder público em favor do proprietário.

É importante que o aluno saiba os percentuais que representam as frações da


propriedade a serem destinadas à reserva legal:

Região da Amazônia Legal 80%

Cerrado 35%

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Campos gerais 20%

As áreas que excederem esses percentuais podem ser utilizadas para fins de
servidão ambiental e Cota de Reserva Ambiental. É válido ressaltar que a Cota de Reserva
Ambiental consiste em um título nominativo representativo de área com vegetação nativa,
expedido quando a área preservada supera o mínimo exigido conforme os percentuais acima.
Esse título pode ser negociado com proprietários que não tenham mantido a reserva mínima
legal a fim de que possam compensar essa falta. Para tanto, faz-se necessário que os
imóveis estejam inscritos no Cadastro Ambiental Rural. O negócio jurídico de aquisição de
Cotas de Reserva Ambiental pode ser oneroso ou gratuito.

Em alguns casos, é possível que a área de reserva legal seja compensada com as
áreas de APP eventualmente identificadas na propriedade. Para isso, devem ser observados
os seguintes requisitos:

a) Propriedade deve ser registrada no Cadastro Ambiental Rural;

b) Não implique conversão de novas áreas para desmatamentos;

c) Áreas computadas estejam conservadas ou em recuperação.

Existem casos, também, em que a reserva legal pode ser dispensada. São eles:

a) Obras para abastecimento de água e tratamento de esgoto;

b) Áreas para a instalação de usinas hidrelétricas;

c) Áreas para a implantação de rodovias e ferrovias.

O regime de proteção da Reserva Legal permite o manejo sustentável, embora vede


rigorosamente o corte raso da vegetação. Essas restrições atingem tanto propriedades
públicas como particulares. Em caso de pequena propriedade, é possível computar o plantio
de árvores frutíferas, ornamentais, exóticas e industriais.

Embora se permita o manejo sustentável, exige-se, em regra, licenciamento para a


sua consecução, salvo nos seguintes casos de diminuto impacto, previstos no próprio Código
Florestal.

Caso a área venha a ser desapropriada, deve haver indenização, visto que, sendo
possível o manejo sustentável, a área de reserva legal é economicamente explorável.
Evidente que, nesse caso, o valor de indenização deve ser diminuído na proporção da menor

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capacidade produtiva e é condicionado à existência de plano manejo sustentável


devidamente aprovado.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

As unidades de conservação são espaços dotados de características naturais


relevantes instituídas pelo Poder Público com o objetivo de conservação e submetidas a
regime especial administrativo. Podem ser criadas por lei ou outros atos normativos, nas
esferas federal, estadual e municipal. A sua supressão somente pode ser feita por lei em
sentido formal. No caso específico da RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), a
criação também pode ser feita por portaria do IBAMA.

Para instituir uma unidade de conservação, não necessariamente é devida a


desapropriação. Sempre que possível alcançar os objetivos através de limitações
administrativas não supressivas de propriedade, merece ser essa a conduta adotada pela
administração pública.

Para melhor gerenciar todas as unidades de conservação do Brasil, foi criado, pela lei
nº 9.985/00, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. São órgãos desse sistema o
CONAMA (consultivo e deliberativo), o Ministério do Meio Ambiente (órgão central), o IBAMA
e o ICMBIO. Em se tratando de unidades de conservação, o ICMBio assume um papel
deveras especial, na medida em que lhe incumbe com preponderância a execução da política
de unidades de conservação, cabendo ao IBAMA atuação apenas subsidiária.

As unidades de conservação federais dividem-se em dois grandes grupos: as de


proteção integral e as de uso sustentável.

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PROTEÇÃO INTEGRAL USO SUSTENTÁVEL

I - Estação Ecológica; I - Área de Proteção Ambiental;


II - Reserva Biológica; II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
III - Parque Nacional; III - Floresta Nacional;
IV - Monumento Natural; IV - Reserva Extrativista;
V - Refúgio de Vida Silvestre. V - Reserva de Fauna;
VI – Reserva de Desenvolvimento
Sustentável; e
VII - Reserva Particular do Patrimônio
Natural.

Interessante notar que as unidades de conservação de proteção integral admitem o


uso apenas INDIRETO dos seus recursos naturais, sendo vedado o uso direto. Já nas de uso
sustentável, admite-se a exploração dos recursos, condicionada à garantia de perenidade.

É fundamental que o aluno conheça os conceitos de cada uma das unidades de


conservação, a seguir sintetizados com seus nomes, conceitos e uma abreviatura que
desenvolvemos para facilitar a didática e a memorização.

PROTEÇÃO INTEGRAL:

Estação Ecológica (EE): são unidades de posse e domínio público que servem à
preservação da natureza e à realização de pesquisas científicas. A visitação pública é
proibida, exceto com objetivo educacional. Já as pesquisas científicas dependem de
autorização prévia do órgão responsável;

Reserva Biológica (ReBi): seu objetivo maior é a preservação da sua biota e demais
atributos naturais, sem interferência humana direta ou modificações. Admitem-se medidas de
recuperação de seus ecossistemas e ações de manejo necessárias para recuperar e
preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos;

Parque Nacional (PaNa): tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas


naturais de relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico;

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Monumento Natural (MoNa): objetivam a preservação de sítios naturais raros,


singulares ou de GRANDE beleza cênica;

Refúgio de vida silvestre (ReVis): sua finalidade é a proteção de ambientes naturais


que asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da
flora local e da fauna residente ou migratória;

GRUPO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:

Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): geralmente de pequena extensão, são


áreas com pouca ou nenhuma ocupação humana, exibindo características naturais
extraordinárias ou que abrigam exemplares raros da biota regional, tendo como objetivo
manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível
dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza;

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): de posse privada, gravada com


perpetuidade, objetivando conservar a diversidade biológica;

Área de Proteção Ambiental (APA): são áreas geralmente extensas, com um certo
grau de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas,
e têm como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais;

Floresta Nacional (FloNa): é uma área com cobertura florestal de espécies


predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos
recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para a exploração
sustentável de florestas nativas;

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RedSus): são áreas naturais que abrigam


populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração
dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações, adaptados às condições
ecológicas locais, que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na
manutenção da diversidade biológica;

Reserva de Fauna (ReFau): é uma área natural com populações animais de espécies
nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos
técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos;

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Reserva Extrativista (RExtr): utilizadas por populações locais, cuja subsistência


baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação
de animais de pequeno porte, assegurado o uso sustentável.

Algumas observações finais sobre as unidades de conservação:

1 – Quais delas podem ser instituídas tanto em propriedades públicas quanto em


privadas? MoNa, ReVis e APA.

2 – Quais delas só podem existir em áreas privadas? RPPN.

3 – Quais delas exigem autorização do órgão gestor para que se promova pesquisa?
APA e RPPN.

4 – Quais podem ser habitadas? APA, Arie, FloNa, RExtr e RDSus.

16. POLÍTICA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE


A lei nº 13.123 cuida da proteção do patrimônio genético, que é um relevante bem
ambiental a ser tutelado pelo direito. O patrimônio genético consiste em informações de
origem genética, incluindo substâncias oriundas do seu metabolismo. A competência material
para exercer essa proteção é da União. A lei, porém, apresenta outros conceitos relevantes,
alguns dos quais (os mais relevantes para a prova) foram listados a seguir:

Patrimônio genético Informação de origem genética de espécies


vegetais, animais, microbianas ou espécies
de outra natureza, incluindo substâncias
oriundas do metabolismo destes seres
vivos;

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Conhecimento tradicional Informação ou prática de população


associado indígena, comunidade tradicional ou
agricultor tradicional sobre as propriedades
ou usos diretos ou indiretos associados ao
patrimônio genético;

Conhecimento tradicional Conhecimento tradicional associado em que


associado de origem não não há a possibilidade de vincular a sua
identificável origem a, pelo menos, uma população
indígena, comunidade tradicional ou
agricultor tradicional;

Comunidade tradicional Grupo culturalmente diferenciado que se


reconhece como tal, possui forma própria
de organização social e ocupa e usa
territórios e recursos naturais como
condição para a sua reprodução cultural,
social, religiosa, ancestral e econômica,
utilizando conhecimentos, inovações e
práticas geradas e transmitidas pela
tradição;

Consentimento prévio informado Consentimento formal, previamente


concedido por população indígena ou
comunidade tradicional segundo os seus
usos, costumes e tradições ou protocolos
comunitários;

Acesso ao patrimônio genético Pesquisa ou desenvolvimento tecnológico


realizado sobre amostra de patrimônio
genético;

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Acesso ao conhecimento Pesquisa ou desenvolvimento tecnológico


tradicional associado realizado sobre conhecimento tradicional
associado ao patrimônio genético que
possibilite ou facilite o acesso ao patrimônio
genético, ainda que obtido de fontes
secundárias tais como feiras, publicações,
inventários, filmes, artigos científicos,
cadastros e outras formas de
sistematização e registro de conhecimentos
tradicionais associados;

Pesquisa Atividade, experimental ou teórica, realizada


sobre o patrimônio genético ou
conhecimento tradicional associado, com o
objetivo de produzir novos conhecimentos,
por meio de um processo sistemático de
construção do conhecimento que gera e
testa hipóteses e teorias, descreve e
interpreta os fundamentos de fenômenos e
fatos observáveis;

Desenvolvimento tecnológico Trabalho sistemático sobre o patrimônio


genético ou sobre o conhecimento
tradicional associado, baseado nos
procedimentos existentes, obtidos pela
pesquisa ou pela experiência prática,
realizado com o objetivo de desenvolver
novos materiais, produtos ou dispositivos,
aperfeiçoar ou desenvolver novos
processos para exploração econômica;

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Condições ​in situ Condições em que o patrimônio genético


existe em ecossistemas e habitats naturais
e, no caso de espécies domesticadas ou
cultivadas, nos meios onde naturalmente
tenham desenvolvido suas características
distintivas próprias, incluindo as que
formem populações espontâneas;

Condições ​ex situ Condições em que o patrimônio genético é


mantido fora de seu habitat natural.

A lei nº 13.123 prevê que as populações tradicionais têm direito de decidir sobre o uso
do seu patrimônio genético, cuja natureza é coletiva, ainda que somente um indivíduo o
detenha. Ademais, são direitos assegurados às populações tradicionais previstos no art. 10
da referida lei:

I - ter reconhecida sua contribuição para o desenvolvimento e conservação de


patrimônio genético, em qualquer forma de publicação, utilização, exploração e
divulgação;

II - ter indicada a origem do acesso ao conhecimento tradicional associado em todas as


publicações, utilizações, explorações e divulgações;

III - perceber benefícios pela exploração econômica por terceiros, direta ou


indiretamente, de conhecimento tradicional associado, nos termos desta Lei;

IV - participar do processo de tomada de decisão sobre assuntos relacionados ao


acesso a conhecimento tradicional associado e à repartição de benefícios decorrente
desse acesso, na forma do regulamento;

V - usar ou vender livremente produtos que contenham patrimônio genético ou


conhecimento tradicional associado, observados os dispositivos das ​Leis nº s 9.456, de
25 de abril de 1997 ​, e ​10.711, de 5 de agosto de 2003 ​; e

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VI - conservar, manejar, guardar, produzir, trocar, desenvolver, melhorar material


reprodutivo que contenha patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado.

Necessário frisar que o acesso ao patrimônio genético é vedado para práticas nocivas
ao meio ambiente (ex: produzir armas bioquímicas) e o acesso ao patrimônio genético em
área indispensável à segurança nacional deve ser autorizado pelo Poder Executivo Federal,
com anuência do Conselho da Defesa. Ademais, a conservação ​ex sito de amostra do
patrimônio genético nacional deve ser feita, preferencialmente, no território nacional.

Por fim, é relevante saber quais entes estão isentos do dever de repartir os benefícios
oriundos da exploração de patrimônio genético:

1 – Microempresa e Empresas de Pequeno Porte;

2 – Microempreendedores individuais;

3 – Agricultores tradicionais e suas cooperativas;

4 – Produto acabado e material reprodutivo de espécie introduzida por ação humana,


salvo se tiver adquirido características distintas próprias na medida em que tiver
formado população espontaneamente.

A infringência das normas de proteção genética pode acarretar sanções administrativas, a


saber:

I - advertência;
II - multa;
III - apreensão:
a) das amostras que contêm o patrimônio genético acessado;
b) dos instrumentos utilizados na obtenção ou no processamento do patrimônio genético
ou do conhecimento tradicional associado acessado;
c) dos produtos derivados de acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento
tradicional associado; ou
d) dos produtos obtidos a partir de informação sobre conhecimento tradicional
associado.

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IV - suspensão temporária da fabricação e venda do produto acabado ou do material


reprodutivo derivado de acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional
associado até a regularização;
V - embargo da atividade específica relacionada à infração;
VI - interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento;
VII - suspensão de atestado ou autorização de que trata esta Lei; ou
VIII - cancelamento de atestado ou autorização de que trata esta Lei.

17. RECURSOS HÍDRICOS E DIREITO AMBIENTAL


As águas são bens públicos que pertencem, em regra, à União. Em alguns casos,
pertencem aos Estados, a exemplo das águas subterrâneas. Em nenhuma hipótese, é
possível falar em águas de titularidade municipal. Nesse sentido, a política nacional de
recursos hídricos considera a água um bem finito, conforme a ciência já atestou. Dada essa
finitude, necessário se faz um especial regime de proteção jurídica.

Importante observação a fazer diz respeito ao fato de que a política de recursos


hídricos não integra o serviço público de saneamento básico. Essa informação é
constantemente cobrada em provas, e merece bastante atenção.

Os principais objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos são promover a


utilização racional e integrada de recursos hídricos e a prevenção de eventos hidrológicos.

Os principais instrumentos da política nacional de águas, por sua vez, são:

a) O plano de recursos hídricos;


b) A outorga do direito de uso;
c) Cobrança pelo uso de recursos hídricos;
d) Sistema de informação.

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é composto pelos


seguintes órgãos:

a) Agência Nacional de Águas, ao qual incumbe exercer o poder regulamentar e de


polícia, além de conceder as outorgas de direito de uso de corpos d’água;
b) Conselho de Recursos Hídricos dos Estados e do DF: autoriza a criação de
Bacias Hidrográficas;

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c) Comitês de Bacias Hidrográficas: órgão colegiado com atribuições normativas,


deliberativas e consultiva, cuja área de atuação é uma ou mais bacias;
d) Agência da Água: elabora o plano de recurso hídrico para o comitê apreciar;
e) Organizações Civis de Recursos Hídricos: podem ser consórcios, associações,
organizações não governamentais, ou outras reconhecidas pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos.

A outorga de uso de água é exigida para atividades de derivação, captação, extração


de aquífero subterrâneo, lançamento de esgoto e resíduos sólidos, aproveitamento de
potencial hidrelétrico e outros usos que alterem o regime. Essa outorga é sempre onerosa e
tem prazo máximo de 35 anos, sendo possível a concessão de outorga preventiva pelo prazo
de 3 anos. Outros prazos especiais são previstos em lei, mas consideramos pouco relevante
memorizá-los para fins de prova, devendo o aluno lembrar-se apenas do prazo máximo (35
anos) e do prazo de outorga preventiva (3 meses).

O pagamento da outorga tem natureza de preço público, e não de tributo. Ademais, é


possível a transferência da outorga para terceiros, desde que mantidas as suas
características originárias.

A renovação da licença deve ser requerida 90 (noventa) dias antes do prazo, de


modo que, feito isso, ocorre a renovação tácita acaso a Agência Nacional de Águas não
examine o pedido. Frise-se que essa situação não pode ser confundida com o prazo para
requerer a licença ambiental que, em geral, é de 120 (cento e vinte) dias.

A outorga para uso de água pode ser suspensa nos seguintes casos:

a) Descumprimento das condicionantes;


b) Caducidade, se não exercida a atividade em 3 (três) anos;
c) Calamidade Pública;
d) Necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
e) Necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os
quais não se disponha de fontes alternativas;
f) Necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo
de água.

18. TUTELA DO MEIO AMBIENTE CULTURAL


O meio ambiente cultural é o conjunto de bens materiais e imateriais considerados
individualmente ou em conjunto que porta referências sobre a identidade, ação e memória.

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Nesse sentido, a preservação do meio ambiente cultural é uma matéria de competência


material comum e de competência legislativa concorrente. Com vistas a concretizar o
federalismo cooperativo no que toca a proteção desse aspecto do meio ambiente, a Emenda
Constitucional nº 42 facultou aos Estados reservar 0,5% da sua receita tributária para destinar
a esse fim, vedada a aplicação desses recursos em despesas com pessoal e encargos
sociais.

São princípios do Plano Nacional de Cultura, segundo a lei nº 12.343:

I - liberdade de expressão, criação e fruição;

II - diversidade cultural;

III - respeito aos direitos humanos;

IV - direito de todos à arte e à cultura;

V - direito à informação, à comunicação e à crítica cultural;

VI - direito à memória e às tradições;

VII - responsabilidade socioambiental;

VIII - valorização da cultura como vetor do desenvolvimento sustentável;

IX - democratização das instâncias de formulação das políticas culturais;

X - responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políticas culturais;

XI - colaboração entre agentes públicos e privados para o desenvolvimento da


economia da cultura;

XII - participação e controle social na formulação e acompanhamento das políticas


culturais.

São mecanismos de tutela do meio ambiente cultural:

a) Os inventários: lista de bens culturais, materiais ou imateriais, que foram alvo de


tombamento, registro ou desapropriação;
b) Àrea de Proteção Ambiental (APA): serve não apenas para proteger o meio
ambiente natural, mas também o cultural;
c) Registros:​ tutela bens imateriais;
d) Tombamento: procedimento administrativo que implica intervenção não
supressiva do Estado na propriedade, restringindo o uso, gozo e disposição de

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bem com relevância cultural, natural ou paisagística. O tombamento está


previsto no art.225, §1º da CF e no decreto-lei nº 25;
e) Vigilância.

19. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS


A Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada pela lei nº 12.305, tem por objeto a
gestão integrada e gerenciamento de resíduos sólidos, alcançando pessoas físicas e jurídicas
que os gerem. Frise-se que essa política não abrange os rejeitos radioativos, que contam com
tratamento jurídico próprio. Sendo assim, é de grande importância, para fins de prova,
conhecer os principais conceitos trazidos pela lei:

1 - área contaminada: local onde há contaminação causada pela disposição, regular ou


irregular, de quaisquer substâncias ou resíduos;

2 - área órfã contaminada: área contaminada cujos responsáveis pela disposição não
sejam identificáveis ou individualizáveis;

3 - ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do


produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e
a disposição final;

4 - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua


constituição ou composição;

5 - ​destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a


reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento
energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do
SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a
minimizar os impactos ambientais adversos;

6 - ​disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em


aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos
à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;

7 - ​gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou


indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação

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final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente


adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos
sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta
lei;

8 - ​gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de


soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política,
econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do
desenvolvimento sustentável;

9 - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado


por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu
ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada;

10 - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a


alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à
transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do
Suasa;

11 - ​rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de


tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente
viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente
adequada;

12 - ​resíduos sólidos​: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem
como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o
seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso
soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível;

13 - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de


atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores
e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos

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e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à
qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta lei;

14 - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua


transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os
padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e
do Suasa.

Dentre as possíveis soluções a serem adotadas na gestão de resíduos sólidos, a lei


nº 12.305 adotou uma ordem de preferência que consiste em:

1º - Não geração;

2º - Redução;

3º - Reutilização;

4º - Reciclagem;

5º - Tratamento de ​resíduos​;

6º Disposição final adequada dos ​rejeitos​.

#SELIGA: ​RESÍDUOS​: tratamento x​ REJEITOS​: disposição final adequada.

A gestão de resíduos sólidos cabe preponderantemente aos Municípios, sem prejuízo


da fiscalização por outros entes, cabendo aos Estados quando a integração, planejamento e
execução se der em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões.

Quanto aos planos de gestão de resíduos sólidos, é relevante saber, nas esferas
federal, estadual e municipal, que os prazos para atualização são de 4 anos, projetando-se
para um horizonte de 20 anos. Ademais, nos municípios com menos de 20 mil habitantes, é
permitido um plano simplificado, salvo se nele houver área de relevante importância turística,
de significativo impacto ambiental ou unidades de conservação. O plano de gestão, inclusive,
é parte integrante do licenciamento ambiental, de modo que, sendo o empreendimento sujeito
a licenciamento, caberá ao ente licenciante a aprovação do plano de manejo.

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No que toca à responsabilidade dos geradores de resíduos sólidos, a lei atribuiu


natureza compartilhada entre o poder público, setor empresarial e a própria coletividade.

Nesse sentido, é relevante atentar para a logística reversa, que consiste, como visto
acima, em instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

São obrigados a ter sistema de logística reversa os produtores dos seguintes bens:

a) Embalagem de agrotóxicos;
b) Pilhas e baterias;
c) Pneus;
d) Óleo lubrificante, seus resíduos e embalagens;
e) Lâmpadas fluorescentes;
f) Produtos eletrônicos e seus componentes.

São medidas úteis para operacionalizar a logística reversa, a implantação de


procedimentos de compra de produtos e embalagens usadas; a disponibilização de postos de
entrega de resíduos reutilizáveis ou recicláveis e a parceria com cooperativas ou outras
formas de associação de catadores.

Cabe aos consumidores, após o uso, devolver o resíduo ao fabricante ou comerciante,


podendo o titular do serviço público de limpeza se encarregar também dessa
responsabilidade via acordo setorial.

Por fim, vale destacar as formas proibidas de destinação dos resíduos sólidos:

a) Lançamento em praias, mar e outros corpos d´água;


b) Lançamento i​ n natura​ a céu aberto;
c) Queima a céu aberto, salvo se autorizada pelo órgão competente diante
de decretação de emergência sanitária;
d) Outras formas vedadas pelo poder público.

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