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Adoecimento psíquico na sociedade contemporânea: notas conceituais da teoria da

determinação social do processo saúde-doença


Vitória Nassar Viapiana, Rogério Miranda Gomes, Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)1, transtornos mentais como


depressão, abuso de álcool, transtorno bipolar e esquizofrenia se encontram entre as 20
principais causas de incapacidade. A OMS1,2 estima que atualmente a depressão afeta cerca
de 350 milhões de pessoas, sendo que a taxa de prevalência na maioria dos países varia entre
8% e 12%. É a principal causa de incapacitação dos indivíduos no mundo quando se considera
o total de anos perdidos (8,3% dos anos para homens e 13,4% para mulheres) e a terceira
principal causa da carga global de doenças em 2004. A previsão é de que subirá ao primeiro
lugar até 2030.

(...) a relação entre sofrimento/adoecimento psíquico e condições de vida e trabalho seja ainda
um tema de pouca visibilidade (p. 175).

Isso é consequência de uma psiquiatria biologicista, que compreende “‘transtornos mentais’


como entidades autônomas, anistóricas, isoladas do contexto sociocultural em que se inserem
os indivíduos” (p. 175).

Basaglia: psiquiatria colocou sujeito e suas vidas entre parênteses para compreender a doença.

Paparelli, Sato e Oliveira apresentam duas compreensão distintas da relação saúde-doença e


trabalho: (1) causa do adoecimento deve ser identificada no indivíduo; (2) defende e naturaliza
ideia de que trabalho produz sofrimento e que se trata de uma determinação inquestionável e
intransponível.

Saúde mental e trabalho: heterogeneidade conceitual e metodológica. Por vezes utiliza-se


referenciais teóricos antagônicos (ecletismo) para dar conta de apreender o objeto. Por vezes
recai em um dualismo entre subjetividade e corpo, característico da tradição cartesiana.

Estudo parte da teoria da determinação social do processo saúde-doença (Medicina Social


Latino Americana e epidemiologia crítica). Tal referencial rejeita a fragmentação entre as
dimensões corporal e psíquica, assumindo que existe um “nexo biopsíquico” constituidor dos
indivíduos. Estes, inseridos num contexto social, que determina esses processos.

Determinação social do processo saúde-doença: produção social das dimensões biológica e


psíquica humanas. As relações sociais, a história, a cultura etc. determinam o biológico.

Breilh: produção de doenças ocorre no plano coletivo, não podendo desvincular processo
saúde-doença do contexto social inserido.

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