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Pós Graduação em Coaching Psicológico – 2014-2015

MODELOS / METODOLOGIAS DE
INTERVENÇÃO EM COACHING
PSICOLÓGICO
Trabalho de Reflexão Pessoal:
O questionamento específico nas etapas do
processo do Modelo do Coaching Centrado nas
Soluções (“Solution Focused Coaching”)
2º Semestre 2014-2015

Realizado por: Miguel Villa de Freitas

Metodologias de Intervenção Em Coaching Psicológico – 2ºSemestre


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Pós Graduação em Coaching Psicológico – 2014-2015

INTRODUÇÃO

Pretendo neste trabalho fazer uma síntese das principais etapas de um processo de
Coaching com base no modelo da Terapia Centrada nas Soluções dando destaque à
especificidade e “arte” das perguntas que ajudam a conduzir o processo de forma
eficaz ajudando o cliente a centrar-se na solução e na lógica dos pequenos passos,
ancorado num sentimento de autoconfiança gerado e ‘alimentado’ pela perceção das
suas forças e daquilo que são recursos positivos que na sua história pessoal foram já
evidenciados.

Baseio-me para esta síntese essencialmente no Capítulo 15 – Solution –focused


Coaching do manual entregue na pós-graduação ¹ e no trabalho “Solution-focused
Brief Coaching Essencials”²

COACHING CENTRADO NAS SOLUÇÕES

A versão “breve” do Coaching Centrado nas Soluções (Solution-Focused Brief Coaching


– SFBC) consiste numa metodologia desenvolvida por Peter Szabo e Daniel Meier e
inspira-se no trabalho de Insoo Kim Berg e Steve de Shazer, que desenvolveram a
Terapia Breve Centrada nas Soluções. Esta forma de conduzir o processo de Coaching é
de facto tendencialmente muito breve, e é praticado com recurso a uma metodologia
com etapas muito específicas, uma forma muito estruturada de desenvolver as sessões
e com recurso a uma linguagem cuidada transversal a toda a comunicação. Penso que
a versão mais “ortodoxa” desta metodologia terá de englobar sempre a preocupação
de garantir o desenvolvimento de uma relação de confiança e estar aberta a outras
técnicas e ferramentas normalmente mais conotadas com o mundo da Psicologia
Positiva.

ABORDAGEM “RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS” vs. “CONSTRUÇÃO DE SOLUÇÕES”

Muitas vezes os clientes ou cochees veem com experiências prévias de Coaching ou


outras modalidades de ajuda /acompanhamento pessoal com abordagem centrada na
resolução do problema e revelam que o facto das intervenções anteriores terem
estado muito focadas no problema não ajudou a ultrapassar as dificuldades e não
suscitou mudanças positivas que tenham persistido no tempo.

Nesse sentido é útil fazer uma síntese comparativa entre as duas abordagens:

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ABORDAGEM “CENTRADA NO ABORDAGEM “CENTRADA NA


PROBLEMA” SOLUÇÃO”

Foco nos problemas, causas e barreiras Foco nos desejos, capacidades e


progresso
 Diagnosticar e explorar a natureza e  Imaginar e explorar o futuro desejado
os detalhes do problema. com detalhes concretos.
 Investigar e lidar com as raízes das  Investigar e construir com base nos
causas do problema e com as “percursores”– elementos ou
barreiras que se colocam às soluções. /experiências - já existentes no
coachee reveladoras do seu futuro
desejado.
 -» Emoções negativas -» pensamento  -» Emoções Positivas -» Pensamento
limitado criativo e expansivo

Pressupostos Chave Pressupostos Chave

 A informação crítica para resolver o  A informação crítica para resolver o


problema deve ser procurada no problema deve ser procurada nas
próprio problema “exceções” ao problema:
circunstâncias em que o problema
não se manifestou ou foi menos
intenso.

 Existe uma relação linear entre causas  À solução “não interessa” a razão pela
e soluções qual o problema ocorreu
o Os coachees têm normalmente
alguma experiência associada à
solução

Questões Orientadas para a Solução


Questões Orientadas para o Problema
 Como imagina o futuro sem este
 Qual é o problema ?
problema ?
 Quais são as causas do problema ?
 Quando é que teve uma experiência
vivendo já aspetos desse futuro
 Quais são as barreiras para o resolver
desejado, e o que é que disse ou fez
?
que contribuiu para criar essa
experiência ?

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AJUDAR O CLIENTE A GERAR SOLUÇÕES: 4 PASSOS

PASSO 1 : VISUALIZAR O FUTURO PREFERIDO

Pedir ao cliente para imaginar e descrever o momento futuro em que imagina que o
problema já não existe. Convidar o cliente para orientar a sua atenção para um
horizonte para além dos eventuais obstáculos e explorar as consequências de ter
atingido a meta pretendida.
Ajuda o cliente a distanciar-se da atitude de foco no problema, e suscita o desejo para
se projetar num futuro melhor e para uma oportunidade de crescimento
e sentir assumindo de forma genuina: “É isto que eu quero… “.
É importante investir o tempo necessário para ajudar o coachee a desenhar um
quadro mental tão concreto e especifico quanto possível sobre o que seria/será um
seu dia típico nesse tempo futuro.

No modelo a pergunta típica do Coach é :

“Imagine que acontece um milagre durante a noite que resolve o problema que o trás a esta
sessão. Acorda e descobre que o problema já não existe”

Outras questões exploratórias:

 Como é que na manhã seguinte começa a notar que o milagre aconteceu?


 O que é que passa a ser diferente?.. e que mais ?
 O que mudaria no seu dia-a-dia?
 Como é que se sentiria ?
 Como atuaria de forma diferente... o que mais ?
 Como é que outras pessoas começariam a notar que tinha havido uma mudança em si
?

Por vezes o cliente pode sentir-se desconfortável com o simbolismo do ‘milagre’ –


independentemente do contexto. Nesse caso podemos optar por outras alternativas
para explorar como o cliente se vê no futuro desejado:

 “Suponha que algum tempo passou e que foi capaz de atingir o seu objetivo. O
que é que se vê a fazer de diferente nessa condição“?
 “Suponha que o seu chefe subitamente passa a comportar-se da forma que
você pretende. O que vai acontecer de diferente?

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PASSO 2: IDENTIFICAR RECURSOS E PERCURSORES DA SOLUÇÃO

Aqui o Coach pressupõe que na experiência presente ou no passado recente do cliente


já existem elementos /evidências válidas – momentos de exceção do problema - que
se relacionam com a vivência ou o progresso no sentido do futuro desejado. É
importante identificar a contribuição do cliente que tornou possíveis esses
“percursores” da solução e nomear quais os “skills” pessoais e recursos que @
ajudaram a conseguir isso.

No modelo a pergunta típica do Coach é :

“Que situações no passado recente já lhe permitiram viver ou estar próximo de


experimentar o futuro desejado? Como é que fez isso? / Como é que conseguiu ?

Questionar o coachee sobre os percursores equivale a convidá-lo a mudar a sua


atenção daquilo que falta para aquilo que já existe e que é uma evidência na sua vida.
Isto permite reforçar a sua confiança e constitui um estímulo muito eficaz porque o
coachee tem oportunidade de falar sobre aquilo de que se sente orgulhoso de já ter
feito ou de recursos que possui e que pode estar a subestimar.

Nesta etapa é uma boa oportunidade para usar as perguntas usando escalas subjetivas
para ajudar o coachee a visualizar o caminho já percorrido e o progresso realizado.

Ex:

 Numa escala de 1 a 10, em que grau é que a situação atual está próxima do seu
futuro imaginado / preferido?
 O que é que neste momento faz com que classifique com um 3 (ou outra
qualquer avaliação que o coachee defina) diferente de zero.)?
 Fale-me dum momento quando teve a experiência de algum aspeto/elemento
do seu futuro preferido?
 O que é que disse ou fez para que isso fosse possível?

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Se o coachee apresenta um valor muito baixo na escala subjetiva, é importante aceitar,


e tirar partido positivo desse indicador:
 “Esta situação/ momento está a ser sentido por si como muito difícil. Como é
que tem lidado com a situação a este nível na escala?
 “O que é tem dito ou feito para garantir que o valor não é mais baixo na
escala?”

PASSO 3: DEFINIR INDICADORES PARA O PROGRESSO

O próximo passo da conversa de Coaching tem como finalidade aumentar a


probabilidade e mobilizar o coachee para ações concretas e mesuráveis no sentido do
objetivo. Ajudar o cliente a imaginar-se um pouco mais próximo do futuro desejado.

O Coach pode perguntar:

 “Como é que vai notar que está um pouco mais à frente na escala?”
 “Como/o que é que as outras pessoas mais próximas no seu ambiente vão notar
de diferente?”
 “O que é fará nessa circunstância que não está a fazer agora?”
 “Quando sair desta nossa conversa, o que é que poderá ser um pequeno sinal
de que está no sentido de progressão nesta escala? E que mais?”
 “Suponha que está um grau à frente na escala dentro dos próximos dias. Como
é que isso fará diferença? Como é que se vê a reagir de forma diferente?

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PASSO 4: CONCLUSÃO DA SESSÃO

Neste momento é importante que fique claro para o cliente como é que vai proceder
no futuro. Alguns minutos antes do final da sessão , o coach deve procurar criar uma
boa experiência de encerramento que proporcione ao coachee a experiência de valor
acrescentado obtido no decorrer da sessão.

Pergunta aberta:
 Antes de encerrarmos a nossa conversa hoje, há algum assunto de que nos
esquecemos de falar?
 Como é que podemos fechar esta sessão de maneira a que sinta que houve um
benefício para si?

Re-verificar o objetivo:

 “Em relação aos objetivos para esta sessão, onde é que se situa numa escala de
1 a 10 ? Podemos terminar por hoje neste ponto?

Demonstrar apreciação/reconhecimento
 “Pensando em tudo o que disse, fiquei impressionado / admirei…

CONSIDERAR TAREFAS ENTRE AS SESSÕES

 “tenho esta ideia para uma experiência, que pode ter vontade de testar e que
@ pode ajudar a apoiar no atingir do objetivo…

EX:
Experiência de observação:
“durante os próximos dias, observe com detalhe o que acontece e que está ok da
maneira como acontece, e que coisas gostaria que acontecessem mais. Esperamos que
esta informação seja de alguma forma útil para si para atingir o seu objetivo. Pode
também ajudar a tomar notas e fazermos esse balanço no decorrer da próxima sessão.

ACORDAR UMA PRÓXIMA SESSÃO

“Como é que podemos continuar ? É sempre bem vind@ em contatar-me para uma
próxima sessão de follow-up. Alguns dos meus coachees preferem definir uma data
definida para a próxima sessão; outros preferem perceber primeiro como as coisas vão
funcionar a seguir na vida real . Diga-me o que prefere.”

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Resumo aqui de forma gráfica a sequência da dinâmica interior e da tensão positiva do


Coachee no sentido de mudanças positivas. São estes os sinais em relação aos quais o
Coach deve estar atento e parece-me que o coach se deve esforçar por investir o seu
foco e atenção em promover estas transições na relação com o Coachee.

¹ Palmer, S., Whybrow, A (eds) 2007 Handbook of Coaching Psychology: A guide for
practicioners. New York: Routledge/Taylor & Francis Group.
² Szabó, P., Meier, D., (eds) 2008 Coaching Plain & Simple, Solution-focused Brief
Coaching Essentials. Ed. W.W.Norton%Company

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