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Pós Graduação – Modalidade EAD

Especialização em Engenharia Ambiental e Saneamento Básico.

TRABALHO AVALIATIVO
DISCIPLINA: Hidrologia e Drenagem Urbana

RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO: Conselho Metropolitano de Suprimento de Água e


Esgoto de Hyderabad. De autoria de Jennifer Davis; Sunil Tankha; Henry Lee (2006).
Estudo de Caso Case Program CR14-06-1828.0, de Kennedy School of Government.

EDSON FERNANDO DE SOUZA / Matão – SP.

Ao se dedicar à leitura de um estudo de caso que aborda uma realidade, aparentemente,


deveras longínqua e muito diferente da nossa (brasileira), como o estudo de Davis; Tankha; Lee
(2006), que trata da questão do desenvolvimento (ao menos, do uso adequado) dos recursos
hídricos e de esgotamento sanitário da densamente populosa região de Hyderabad, na Índia; o
que se percebe, ao se ler um texto como o que é presentemente resenhado, é que de fato, apesar
de serem culturas diferentes, com povos diferentes e problemáticas diferentes, Brasil e Índia
têm semelhanças no clima, na questão da desigualdade social, e na complexa temática do uso
racional dos recursos hídricos e de conseguir obter sucesso ao se dar um adequadíssimo destino
final ao material residual oriundo dos esgotos.
Neste sentido, apresenta-se o artigo intitulado “Conselho Metropolitano de
Suprimento de Água e Esgoto de Hyderabad”, que faz parte do célebre rol de artigos que
integram o Estudo de Caso Harvard, se tratando então (neste ad ínterim), de um estudo da
Instituição de Ensino Superior, Kennedy School of Government, catalogado como Case
Program CR14-06-1828.0.
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O estudo resenhado é de autoria de Davis; Tankha; Lee (2006), que são o corpo de
acadêmicos, que é formado pela professora Jennifer Davis (na época, integrante do
Massachusetts Institute of Technology), o autor / professor Sunil Tankha; e a participação de
Henry Lee, (estes últimos – ambos – palestrante sobre políticas públicas da Kennedy School of
Government).
A pesquisa que é presentemente resenhada, ao qual este caso foi baseado, tem o apoio
da John F. Kennedy School of Government de Harvard, e também contribuição da UNDP-World
Bank Water & Sanitation Program, o escritório regional do sul da Ásia, e do governo dos Países
Baixos, Netherlands Partnership Program. Os direitos autorais © do estudo dos autores Davis;
Tankha; Lee (2006) é do presidente da Fellows Harvad College, e são estudos integrantes do
rol de artigos do Case Program.
O estudo trata da região de Hyderabad, que contém mais de quatro milhões de
moradores; de modo que a cidade de Hyderabad é a capital do estado meridional indiano de
Andhra Pradesh; e a localidade é a sétima maior cidade da Índia, e ainda é a cidade que mais
rapidamente cresce naquele país. “Ao longo das últimas duas décadas, a população da cidade
expandiu em uma taxa média de mais de três por cento ao ano; mais recentemente, essa taxa
aumentou para 5,6 por cento ao ano” (DAVIS; TANKHA; LEE, 2006, p. 01).
Os autores Davis; Tankha; Lee (2006) ainda usam ferramentas estatísticas para estimar
que, a cada dez anos, 2,2 milhões a mais de pessoas vão morar em Hyderabad. Sendo que até
2020, espera-se que sua população chegue a 11 milhões.
Todavia, não foi exatamente a este montante numérico / populacional que a cidade de
Hyderabad chegou em 2020. De fato, os dados estatísticos e de densidade populacional na Índia
estão desatualizados, e não se sabe precisar ao certo a quantidade de pessoas que vivam naquela
região, isto de forma categórica e acuradíssima.
Porém, a ONU (2018) apud Época Negócios (2019) diz que até 2030 a região de
Hyderabad haverá se tornado uma das megalópoles mundiais, onde “em um novo estudo, a
ONU prevê que, até 2030, dez novas megalópoles serão estabelecidas. Um ritmo de expansão
bastante acelerado” (ONU, 2018 apud ÉPOCA NEGÓCIO ONLINE, 2019, endereço
eletrônico).
Onde pede ser considerado ainda a questão do fenômeno do êxodo rural ou da
urbanização da vivência em meio social, ou, simplesmente, a tendência da vida social
urbanizada; sendo que até meados do século XX, dois terços da população global não morava
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em áreas urbanizadas, há que se considerar que atualmente 55% da população mundial vive em
cidades (ONU, 2018 apud ÉPOCA NEGÓCIO ONLINE, 2019, endereço eletrônico).

A lista [novo estudo da ONU1] denota, sobretudo, o crescimento econômico de


grandes centros africanos e asiáticos. Na Índia, as cidade de Hyderabad e
Ahmedabad ultrapassarão, até lá, a fronteira dos 10 milhões de habitantes, e se
juntarão a Nova Déli, Mumbai, Kolkata, Bangalore e Chennai. Déli, inclusive,
deverá ser a cidade mais populosa do mundo em 2030, ultrapassando Tóquio, com
nada menos que 39 milhões de pessoas. Com isso, a Índia teria sete megalópoles.
(ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE, 2019, endereço eletrônico).

Ou seja, o estudo de Davis; Tankha; Lee (2006) contém imprecisão, sendo que isto é
notado, por exemplo, quando os autores vêm a afirmar que Hyderabad teria mais de 11 milhões
de habitantes até 2020. Isto pode ter se dado em razão da região geográfica ampliada, que
provavelmente pode ter sido utilizada pelos autores Davis; Tankha; Lee (2006) para
superestimar a população da região de Hyderabad.
Entretanto ONU (2018) diz que até 2030 Hyderabad terá se tornado uma megalópole,
contando então, com mais de 10 milhões de habitantes (ONU, 2018 apud ÉPOCA NEGÓCIO
ONLINE, 2019).
Assim, o artigo de Davis; Tankha; Lee (2006) pode ter algumas imprecisões, em razão
de sua pretensão de tratar de algo tão sério e atual, agora, para as sociedades mundiais de
2020/21, porém este era um assunto ainda pouco discutido na metade da década inicial (de 0’s)
do século XXI. Mas ao mesmo tempo, o artigo traz informações precisas sobre a tomada de
decisão (para dar um vislumbre desta cena de tomada de decisão) da implantação (e da decisão
de escolher um dos três modelos / estratégias de concessões / negócios expostos a seguir e) do
Conselho de Fundos Hídricos, ou melhor posto, da época de formação de Conselho
Metropolitano de Suprimento de Água e Esgoto.
Davis; Tankha; Lee (2006) relatam que as três estratégias para os investimentos em
Fundos Hídricos e para a Formação do Conselho Metropolitano de Suprimentos de Água e
Esgoto, são: primeiramente, a estratégia da concessionária privada que poderia se tornar a única
responsável de fazer a extensão do serviço para a população mais pobres (e que mais
precisavam deste tipo de serviço) a um preço controlado, com a previsão de atuação de um

1
Nota do Estudante: Documento da ONU que traz a lista de cidades megalópoles, isto é, cidades com mais de
dez milhões de habitantes. Mais detalhes em endereço eletrônico das UN (United Nations). un.org.
<https://www.un.org/en/ development/desa/population/publications/
pdf/urbanization/the_worlds_cities_in_2018_data_booklet.pdf >. Acesso em 17 de jan. de 2021.
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agente regulador que viesse a garantir que investimentos estritos acontecessem nas agendas de
expansão e melhorias da rede. Já a segunda opção de estratégia seria a de permitir que a
concessionária escolhesse os bairros os quais ela quisesse alcançará as estipuladas metas de
expansão; todavia, sob o viés deste acordo, apenas comunidades pobres, muito provavelmente,
unicamente seriam servidas quando as concessionárias quiserem e também se elas pudessem
fazer investimentos pelas melhorias de serviço (DAVIS; TANKHA; LEE, 2006). Por fim, a
terceira opção era a de dar a responsabilidade financeira primária, pelo serviço de águas e esgoto
para os lares pobres, para os próprios, isto é, para “a corporação municipal de Hyderabad, que
já desempenha um papel de prover serviços de infraestrutura para as favelas da cidade”
(DAVIS; TANKHA; LEE, 2006, p. 03).
E realmente, estas informação dão um deslumbre da tomada de decisão sobre o estilo
de negócios / concessão que deveria ser dado a Água e Esgoto de Hyderabad. E da dimensão
de que além da população, este assunto é algo que interessa para investidores, para as empresas,
para bancos, para governos, para o Conselho e etc. Acompanhe-se este trecho:
O Gopal é uma pessoa (servidor público civil) muito importante nesta negociação,
também. Gopal é o Diretor- Gerente da HMWSSB, isto é o Conselho Metropolitano de
Suprimento de Água e Esgoto de Hyderabad (ou do inglês Hyderabad Metropolitan Water
Supply and Sewerage Board - “o Conselho” / HMWSSB). (DAVIS; TANKHA; LEE, 2006)
Gopal articulava as reuniões com as equipes do Banco mundial, isto para dar um
suporte ao Conselho na preparação para sua estratégia. Mas todos sabem que a estratégia de
privatização é urgente e iminente, mas Gopal precisa avaliar as três estratégias rápido. (DAVIS;
TANKHA; LEE, 2006)
Entretanto, a equipe de banco fazia questão que o Conselho se pronunciasse sobre uma
estratégia clara, principalmente a respeito da entrega do serviço em questão para os pobres, isto
ainda se governo ou conselho estivessem interessados em fazer os esforços para que sucedesse
a privatização. Porque a impressão que havia é que era para privatizar tudo e que o serviço
chegasse onde chegasse, todavia, este não era o ponto. Houvesse suporte técnico pra isto, ou
não (DAVIS; TANKHA; LEE, 2006).
Ou seja, parece que os próprios indianos pouco se importavam coma questão do acesso
dos mais pobres ao serviços de água e esgoto, porém, a pressão dos investidores e do banco
Mundial para que houvesse sim, a inclusão dos mais pobres neste negócio / concessão, acabou
forçando o HMWSSB, e Gopal a repensarem suas estratégias e de fato, incluem uma propostas
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mais robusta, que incluíssem os mais pobres nos planos de negócios iniciais, da expansão da
rede de água e esgoto de Hyderabad.
Por fim, Gopal percebeu que sem uma estratégia colaborativa e admissível, o banco
certamente iria retirar o apoio para o programa de privatização. Assim, Gopal precisaria
rascunhar uma proposta à favor dos mais necessitados, ou “pró-pobres” em que atendesse
completamente as preocupações do banco / investidores (DAVIS; TANKHA; LEE, 2006).
Assim, percebe-se que o artigo resenhado se mostra como um material acadêmico de
alto nível de qualidade, contendo muita informações estratégicas, análises dos autores, além de
anexos com planilhas e demais informações confiáveis sobre a situação exposta.
Mas deve ser lembrado também as deficiências do estudo, principalmente no que se
refere as previsões do mesmo. Por exemplo, sobre divergências entre as previsões dos autores
para a população de 11 milhões de habitantes em Hyderabad em 2020 afirmada por (Davis;
Tankha; Lee (2006), enfim, isto não se concretizou. Assim, tem-se o contraponto do que é
afirmado por ONU (2018) ao dizer que Hyderabad só terá mais de 10 milhões de pessoas entre
2020 e 2030 (ONU, 2018 apud ÉPOCA NEGÓCIO ONLINE, 2019, endereço eletrônico).
Mas é importante ainda que se considere a designação “Hyderabad”, que é usada no
artigo resenhado, para fazer alusão às cidades adjacentes das regiões de Hyderabad e
Secunderabad, localizadas em margens entre opostas do rio Musi. O Conselho de Águas de
Hyderabad abrange toda a área de Hyderabad-Secunderabad. E deve ser considerado, ainda, o
censo dos estados da Índia de 2001, em que é declarada a população de Hyderabad em
3.449.878 pessoas. (DAVIS; TANKHA; LEE, 2006).
Conclui-se disto que, os autores Davis; Tankha; Lee (2006) apresentam um estudo
preciso no sentido de dar uma real dimensão ao leitor da situação complexa e tensa (e por que
não, o jogo de poder?) que envolve as questões ambientais, o progresso, enfim, a natureza, os
fundos hídricos, os recursos hídricos, as populações e etc. em Hyderabad, enfim. E por outro
lado, o artigo estudado ainda contém alguns deslizes, mas que são plenamente compreensíveis,
dada a magnitude de toda a situação pesquisada e descrita.
Predominante, enquanto há preocupações que trazem indagações como “qual a relação
que tem um artigo sobre a formação do conselho Metropolitano de Suprimento de Água e
Esgoto de Hyderabad, e a realidade brasileira?”, certamente, há soluções para estas preocupação
que se apresentam e se delimitam, quando percebe-se que os problemas de saneamento básico,
de desenvolvimento e de sustentabilidade da Índia, e do Brasil, são semelhantes; e se certas
diferenças culturais forçam as pessoas a ver uma determinada situação de formas diferentes,
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soluções eficazes e eficientes atestam que modelos de negócios / gestão, e ideias podem ser
replicadas em outros países (e que assim, realidades diferentes, com problemas semelhantes,
podem sim seguir modelos de soluções análogos, respeitadas certas particularidades,
evidentemente), bastando para tal que haja um ambiente, uma atmosfera propícia aos negócios
(ou concessões) sustentáveis, eu que as negociações se deem; e isto é assim em praticamente
todo lugar. É preciso que se combine os anseios de investidores, com o que diz e o que faz o
poder Público, a sociedade também precisa ser ouvida e deve ser pensado em, no caso, um
sistema de saneamento básico que venha a ser de qualidade para todos, além claro, da influência
de forças políticas, de imprensa, sociedade civil organizada e etc. E estas coisas todas, sem
dúvidas são sim explicadas e tornadas nítidas no texto resenhado, e no mais, a inteligência e a
perspicácia do leitor, permite que demais conclusões sejam tomadas.

REFERÊNCIAS

DAVIS, Jennifer; TANKHA, Sunil; LEE, Henry. Conselho Metropolitano de Suprimento


de Água e Esgoto de Hyderabad. © Fellows Harvad College (2006), ® John F. Kennedy
School of Government de Harvard, HKS319, pp. 01-24. Case program CR14-06-1828.0.
Versão online. Versão traduzida. Na tradução de Oscar Javier Celis Ariza (publicado por
Estácio de Sá, em 2017). Esse documento é autorizado apenas para uso de revisão
educacional por Oscar Javier C. Ariza, Universidade Estácio de Sá. Copiar ou postar é uma
violação de direitos autorais. Permissions@hbsp.harvard.edu ou 617.783.7860. Direitos
autorais do Case Program. Para informações de pedidos e permissões de direitos autorais, por
favor visite nosso site www.ksgcase.edu ou envie um pedido por escrito para Case Program,
John F. Kennedy School of Government, Harvard University, 79 John F. Kennedy Street,
Cambridge, MA 02138. Acesso mediante log-in em <http://pos.estacio.webaula.com.br/ead/
disciplineDetails> Acesso em 14 de jan. de 2021. Versão original disponível em
<https://www.comunitas.org/wp-content/uploads/2019/06/7-Hyderabad-Water-case.pdf>

ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE. Mundo terá 10 novas "cidadesgigantes" nos próximos anos;
confira quais são... Site de Época Negócios; Portal Globo (Mundo). Datado de 15 de fev. de
2019. Revista Eletrônica. Versão online. Disponível em <https://epocanegocios.globo.com/
Mundo/noticia/2019/02/mundo-tera-10-novas-cidades-cigantes-nos-proximos-anos-confira-
quais-sao.html> acesso em 15 de jan. de 2021.

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